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PÁTRIA

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"O Discurso do Rei" é o grande vencedor do Oscar 2011

Não houve grandes surpresas. Em uma cerimônia tépida, sem momentos inesquecíveis, o drama britânico O Discurso do Rei, de Tom Hooper, foi o vencedor do Oscar 2011, na cerimônia que aconteceu no domingo (27), em Los Angeles, Estados Unidos. Ganhou quatro estatuetas, nas categorias de melhor filme, direção, roteiro original e ator, para Colin Firth.
Embora a produção, indicada em 12 categorias, fosse favorita ao prêmio da Academia, acreditava-se que seu maior rival, A Rede Social, daria o Oscar de melhor diretor ao norte-americano David Fincher, mas Tom Hooper, um cineasta menos experiente, oriundo da televisão, acabou levando a melhor. Teve de se contentar com os prêmios de melhor roteiro adaptado, edição e trilha sonora. Foi superado em número de estatuetas por A Origem, premiado nas categorias técnicas de melhor fotografia, efeitos visuais, edição de som e mixagem de som.A vitória de "O Discurso do Rei", mais convencional do que o longa-metragem de Fincher, era prevista – e por vários motivos. O filme conta uma história real e edificante: a de como o rei George VI, da Inglaterra, superou a gagueira com a ajuda de um terapeuta da fala australiano, e exerceu papel fundamental como líder nacional durante a Segunda Guerra Mundial.
Mais tradicional na narrativa, porém repleto de qualidades artísticas e técnicas, do elenco, magistral, à direção de arte e figurino, "O Discurso do Rei" venceu por ter um perfil mais palatável ao grande público.
Nas categorias de interpretação, além de Colin Firth, premiado por seu antológico desempenho como George VI, Natalie Portman confirmou seu favoritismo e deu a Cisne Negro a única estatueta do filme. Venceu o merecido Oscar de melhor atriz por sua grande atuação como a perturbada e dilacerada bailarina clássica do longa de Darren Aronofsky.
Ambos por O Vencedor, Christian Bale e Melissa Leo venceram nas categorias de melhores coadjuvantes.
Documentário
Único representante do Brasil no Oscar, o documentário Lixo Extraordinário, codirigido pela britânica Lucy Walker e pelos brasileiros João Jardim e Karen Harley, perdeu para Trabalho Interno, filme de Charles Ferguson narrado por Matt Damon sobre a crise econômica mundial deflagrada em 2008.O Oscar 2011 aconteceu na noite de domingo (27) e premiou O Discurso do Rei como melhor filme do ano. Confira abaixo a lista completa dos ganhadores:
Melhor filme O Discurso do Rei
Melhor diretor Tom Hooper – O Discurso do Rei
Melhor ator Colin Firth – O Discurso do Rei
Melhor atriz Natalie Portman – Cisne Negro
Melhor ator coadjuvante Christian Bale – O Vencedor
Melhor atriz coadjuvante O Discurso do Rei
Melhor roteiro adaptado A Rede SocialMelhor longa-metragem de animaçãoToy Story 3
Melhor direção de arte Alice no País das Maravilhas"
Melhor fotografia" A Origem"
Melhor figurino" Alice no País das Maravilhas"Melhor documentário (longa-metragem) Trabalho Interno
Melhor edição" A Rede Social"
Melhor filme de língua estrangeira Em um Mundo Melhor (Dinamarca)
Melhor trilha sonora original A Rede Social - Trent Reznor e Atticus Ross
Melhor canção original" We Belong Together", de Toy Story 3
Melhor curta-metragem God of Love
Melhor curta-metragem Strangers no MoreMelhor curta-metragem de animação The Lost Thing Melhor edição de som A Origem Melhor mixagem de som A Origem
Melhores efeitos visuais A Origem
Melhor maquiagem O Lobisomem

EUA reposicionam forças ao redor da Líbia

As Forças Armadas dos Estados Unidos estão reposicionando equipes navais e aéreas nos arredores da Líbia. A medida foi anunciada pelo Pentágono horas depois da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, dizer que nenhuma opção está fora da mesa para encerrar a onda de violência no país africano --o que incluiria uma intervenção militar.
O porta-voz do Departamento de Defesa, coronel Dave Lapan, disse que a equipe de planejamento do Pentágono trabalha com várias opções e planos de contingência e, como parte desses, estava reposicionando suas forças.
Em entrevista a jornalistas, Lapan não quis dizer abertamente se os EUA consideram uma intervenção militar. Os EUA mantêm presença militar frequente no mar Mediterrâneo e tem dois porta-aviões mais ao sul, na área do golfo Pérsico.
"Nós temos planejadores trabalhando e vários planos de contenção e eu acho que é seguro dizer que como parte disso estamos reposicionando nossas forças para sermos capazes de dar esta flexibilidade assim que as decisões forem tomadas", disse.
Apesar do avanço da oposição líbia, que já controla a parte leste do país, Gaddafi se recusa a deixar o poder e atribui os protestos à rede terrorista Al Qaeda. Ele está cada vez mais isolado na capital Trípoli, que apesar da forte segurança registra protestos de oposição.
Mais cedo, Hillary adotou um tom duro no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) ao condenar a violenta repressão à oposição e pedir a saída imediata do ditador líbio, Muammar Gaddafi.
"Muammar Gaddafi e aqueles ao seu redor precisam ser responsabilizados por seus atos que violam leis internacionais e a decência. Por suas ações, eles perderam direito de governar. O povo decretou que é hora de eles irem. Agora, sem atraso", afirmou a secretária de Estado americana.
"Continuaremos a coordenar as ações com os aliados", disse Hillary, que citou as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e pelos Estados Unidos no fim de semana.
"Estas violações de direitos universais são inaceitáveis e não serão toleradas", continuou, dizendo que trabalha com a comunidade internacional e ONGs por uma "resposta humanitária" à crise.
O presidente americano, Barack Obama, assinou uma ordem executiva para congelar todos os ativos de Gaddafi, sua família e membros de seu regime. Medidas similares foram aprovadas por unanimidade pelo Conselho de Segurança. A resolução da ONU também pede que a repressão aos manifestantes seja levada à Corte Internacional de Haia, para posterior investigações de quaisquer responsáveis pela morte de civis.
Pouco antes do discurso de Hillary, a União Europeia também aprovou sanções contra o ditador Gaddafi, incluindo embargo de armas, congelamento de seus bens e proibição de viajar aos países do bloco.
A decisão foi tomada pelos embaixadores europeus que se reuniram para discutir a crise na nação africana.
As sanções serão válidas também para 25 familiares e nomes ligados ao regime Gaddafi. O embargo de vendas inclui não apenas armas como equipamento, como gás lacrimogêneo e escudos antidistúrbios, que possa ser usado para repressão dos manifestantes.
Todas as sanções devem entrar em vigor nos próximos dias, assim que forem publicadas no diário oficial da União Europeia.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O novo avião de Dilma

As amargas lembranças deixadas pelo Sucatão, o carinhoso apelido do Boeing 707 que serviu à Presidência da República entre 1986 e 2005, parecem mesmo ter ficado no passado e na memória daqueles que voaram no avião, fabricado no fim da década de 60. Após quase ter matado de susto o então vice-presidente Marco Maciel quando uma de suas turbinas simplesmente pegou fogo em pleno voo para a China, em 1999, o Sucatão foi finalmente trocado por um moderno Airbus 319. Depois de correr o mundo levando o presidente Lula e sua comitiva nos últimos oito anos, a aeronave, que também ganhou um simpático apelido – Aerolula –, não vai poder voar pelo menos nos próximos 30 dias, por conta de manutenções. Dilma, no entanto, não precisará recorrer aos préstimos do Sucatão nem de seus primos menores, os Sucatinhas, em suas viagens pelo Brasil ou mundo afora. A Embraer emprestou, sem nenhum custo para a Presidência da República, um de seus aviões mais caros, o Lineage 1000, uma aeronave preparada para servir xeques árabes, bilionários russos ou magnatas do mundo dos negócios. Repleto de luxos, extravagâncias e conforto, o avião mais se parece com um palácio voador. Trata-se de uma ação que promove a empresa brasileira no Exterior e ao mesmo tempo não traz gastos ao governo.

Durante a manutenção do Ae­ro­lula, Dilma até poderia usar outros dois jatos executivos da Presidência. Trata-se de duas aeronaves da Embraer, modelo ERJ 190, uma espécie de primo pobre do Lineage 1000. Os dois aviões, no entanto, também estão com manutenção programada para este ano e, em algum momento, terão que ir para o hangar. Para não causar contratempos aos deslocamentos de Dilma, o Grupo de Transporte Especial, uma divisão da Força Aérea Brasileira dedicada a prestar serviços ao governo, ficará com o Lineage 1000, uma aeronave de mais de US$ 50 milhões, por quase um ano. Com este jato executivo, Dilma poderá fazer viagens internacionais de média duração sem escalas. Com os tanques cheios, o Lineage pode levar a presidente e sua comitiva de Brasília a Paris, por exemplo. Com ele, a presidente também poderá participar da abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, sem precisar parar em nenhum país da América Central para reabastecer.

Mas o que realmente impressiona no Lineage 1000 não são suas características técnicas, seu desempenho ou mesmo o fato de tudo isso ter sido fabricado aqui mesmo no Brasil. É na configuração interna que o avião que Dilma agora tem a sua disposição se destaca. Com capacidade para apenas 19 pessoas, a aeronave é uma espécie de suíte presidencial voadora. Tendo cinco áreas privativas, a decoração foi feita com o que há de mais luxuoso no mundo: tapetes de lã de carneiro, sofás de lã irlandesa, mesas de madeira de lei e televisores de cristal líquido sensíveis ao toque. São quatro salas, todas com conexão de alta velocidade à internet: uma de jantar, uma de estar, uma apenas para reuniões e até um escritório particular. Quando se cansar de discussões complexas com sua equipe, Dilma ainda poderá dormir em uma cama tamanho king-size ou relaxar tomando uma ducha. Por enquanto, Dilma é a primeira brasileira a desfrutar de toda essa mordomia. Até agora, apenas oito unidades dos Lineage 1000 foram entregues pela Embraer.

Brasileiros chegam a Atenas e relatam terror e ajuda de líbios

Após dois dias presos num navio, os 148 brasileiros que estavam em Benghazi, na Líbia, conseguiram enfim desembarcar em Atenas, na Grécia, às 7h30 (2h30 no horário de Brasília) deste domingo.

São funcionários da empreiteira Queiroz Galvão que trabalhavam em obras de infraestrutura em seis cidades no nordeste da Líbia e seus familiares.

A sensação era de alívio, após duas semanas de medo de que não conseguissem escapar do cenário de guerra que virou a região.

"Agora dá essa sensação de segurança, de que estamos quase em casa. Mas foi horrível. Foram dias de muito medo", afirmou, com lágrimas nos olhos, Maria Cleuda, que morava com o marido em Al Abya, cidade próxima de Benghazi.

Ela embarcou na manhã de sexta-feira, mas o navio teve de esperar o tempo melhorar para zarpar.

Saiu de Benghazi no sábado de manhã e levou cerca de 22 horas para chegar a Atenas.

Maria era uma das 25 brasileiras a bordo. Havia ainda 14 crianças.

"Depois que a gente embarcou, tudo ficou mais tranquilo. Mas até chegar ao porto, foram muitos momentos de terror. Precisamos passar por barreiras. Você via jovens com facas e metralhadoras na cintura. Havia gritaria nas ruas, tiros", afirma Roberto Roche, gerente de segurança da Queiroz Galvão na Líbia.

A maioria deixou muita coisa para trás. "Pegamos o que dava para levar em algumas malas. A gente não sabia o que daria para trazer. Mas viríamos embora com uma mochila se fosse preciso. O que ficou, ficou. Está perdido", diz Erika Canuto, que voltou com o marido e a filha, de 11 anos.

Ninguém afirma que nunca mais voltará para a Líbia. "Não sei. O futuro do país é muito incerto. Fizemos amigos lá, e não sabemos nem o que vai acontecer com eles", afirma Erika, mais uma que enche os olhos d'água ao falar.

Todos contam que os líbios de Benghazi foram muito solidários. "Sem a ajuda deles, não sei o que teria acontecido. Não saíamos às ruas. Eram eles que levavam comida, água, tudo para a gente", diz Erika.

Os brasileiros viajam amanhã cedo para Portugal. De lá, continuam num voo fretado até Recife, onde devem chegar às 22h.

ONU

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou na noite deste sábado (26), por unanimidade, sanções severas contra o líder líbio Muammar Gaddafi, seus familiares e integrantes de seu círculo político. Essas sanções incluem a proibição das viagens de Gaddafi e o congelamento de seus bens.

A resolução aprovada pelo conselho de 15 nações também inclui uma referência a Corte Internacional de Haia a respeito da repressão das forças governamentais contra as manifestações populares, para posterior investigações de quaisquer responsáveis pela morte de civis.

A resolução aprovada tem por objetivo "atingir a ampla e sistemática violação de direitos humanos, incluindo a repressão de protestantes pacíficos". Os membros também manifestaram preocupação pela morte de civis, "rejeitando inequivocamente o incitamento de hostilidades e violências contra a população civil feita pelas mais altas autoridades do governo líbio".

A decisão das Nações Unidas ocorre na sequência de medidas semelhantes já adotadas pelos EUA. Obama assinou uma ordem executiva para congelar todos os ativos de Gaddafi, sua família e membros de seu regime.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou sanções econômicas aos ativos do ditador e seu a família e mais tarde afirmou que Gaddafi teria "de sair do poder agora".

Os governos da Alemanha e Reino Unido e França apoiaram a decisão de Obama e pediram sanções severas ao país em conflito.

GUERRA CIVIL

Em entrevista à rede de televisão árabe Al Arabiya neste sábado, o filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, Saif al Islam Gaddafi, disse que a escalada dos conflitos entre manifestantes e forças do governo podem levar o país a uma guerra civil ou à intervenção internacional na região.

O filho do ditador líbio também reconheceu que há "uma vontade interna de mudança" na Líbia, mas afirmou que os manifestantes estão sendo manipulados.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ex-ministro líbio anuncia formação de um governo opositor

O ex-ministro da Justiça líbio Mustafa Abdul Jalil anunciou neste sábado que a oposição formará um Governo de união nacional integrado por civis e militares, e que em três meses serão realizadas eleições democráticas.

Abdul Jalil, que renunciou seu cargo nesta semana em protesto pela repressão violenta das manifestações contra o regime de Muammar Gaddafi, disse à emissora de televisão "Al Jazeera" que esse Governo terá "um marco democrático".

Em uma conexão por videoconferência com o canal na cidade oriental líbia de Al Bayda, controlada pela oposição, o ex-ministro disse que o gabinete que será constituído "respeitará todos os acordos internacionais".

Acrescentou que, com vistas à formação desse gabinete temporário, se mantém contatos com personalidades políticas do oeste do país, que não identificou.

A parte oriental da Líbia está controlada por Forças da oposição, enquanto Gaddafi se aferra no poder em Trípoli, embora algumas localidades situadas ao oeste da capital também caíram sob controle opositor.

O ex-ministro da Justiça acrescentou que, depois do Governo de transição que se pretende formar, "que representará todos os cantos do país", haverá novas autoridades líbias que serão escolhidas "em eleições transparentes".

"Não esqueceremos o sangue dos mártires. O povo conheceu a verdade e os planos de Gaddafi, que matou gente e torturou líbios só por impor ideias ao regime", acrescentou Abdlyalil.

Kadafi arma civis contra os opositores, denunciam líbios

TRÍPOLI - Vários moradores da capital da Líbia afirmaram neste sábado, 26, que o regime do líder líbio, Muamar Kadafi estaria armando simpatizantes civis para montarem bloqueios nas estradas e atacar os manifestantes.A revolta popular que se espalhou para várias partes do país constitui o maior desafio que Kadafi já enfrentou em seus 42 anos no poder. O ditador tem mantido o controle da capital, Trípoli, com vários atos de violência contra os manifestantes, mas os rebeldes dominam quase metade do litoral líbio.

Forças aliadas à Kadafi abriram fogo contra manifestantes após as orações de sexta-feira dos muçulmanos. O líder líbio, discursando a partir das muralhas de um forte histórico de Trípoli, disse aos aliados para se prepararem para defender a nação.


"No momento apropriado, vamos abrir o depósito de armas para que todos os líbios e tribos se armem e a Líbia torne-se vermelha com fogo", disse Kadafi.


Um empresário de 40 anos, afirma ter visto neste sábado apoiadores de Kadafi saírem com armas de uma das sedes do Comitê Revolucionário do regime.


Ele disse que o governo estaria oferecendo um carro e dinheiro para qualquer aliado que trouxer outras três pessoas para se unirem aos grupos pró-regime. "Eles vão armá-los para dirigirem em torno da cidade e aterrorizar as pessoas", afirmou o empresário.


Outros moradores relataram ter visto caminhões cheios de civis com rifles automáticos, patrulhando as suas vizinhanças. Muitos dos homens são jovens, ainda adolescentes, e usam braçadeiras verdes ou panos na cabeça para mostrar sua filiação ao regime, segundo moradores. As pessoas não quiseram se identificar, por medo de represálias.

Rebeldes. O chefe das Forças Armadas da parte oriental da Líbia, que está sob controle de opositores, brigadeiro-general Abdul Musa Nafa, pediu hoje aos outros oficiais do país que "marchem para Tripoli" e se rebelem contra o regime de Kadafi.

Em uma entrevista coletiva na cidade de Benghazi, o general descartou "por enquanto" uma ação militar dos insurgentes da "zona liberada" em Trípoli.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Gaddafi aparece em praça e pede que seguidores defendam a Líbia

O ditador líbio, Muammar Gaddafi, fez uma rápida aparição nesta sexta-feira na praça Verde, em Trípoli, para pedir à multidão de seguidores no local que "defenda a Líbia", segundo imagens mostradas pela rede de TV americana CNN.

"Defendam a Líbia e os interesses da Líbia. Estamos prontos para triunfar contra os inimigos", disse o ditador.

"Nós derrotaremos qualquer campanha estrangeira, como já fizemos no passado", acrescentou Gaddafi, dizendo que "a força da massa e da juventude é invencível".

"A vida sem dignidade não tem significado, a vida deve ter a glória e a vitória, representada por essas bandeiras verdes. Vivam com dignidade e com moral. Muammar gaddafi é um de vocês! Dancem, cantem e sejam felizes", finalizou o ditador, antes de mandar beijos à multidão de apoiadores.

Nesta sexta-feira, milícias atiraram para dispersar milhares de manifestantes antigoverno na capital da Líbia, Trípoli, reduto do ditador Muammar Gaddafi. As agências de notícias internacionais já trazem relatos, não confirmados, de ao menos dois mortos em vários confrontos na capital.

Estes são os primeiros confrontos a chegar a Trípoli em dias, depois que a oposição conquistou boa parte do leste do país, tomou alguns dos principais poços de petróleo e continua fechando o cerco a Gaddafi.

Atendendo à convocação, milhares de manifestantes se reuniram na praça Verde, do lado de fora de uma mesquita no centro de Trípoli, para pedir a queda de Gaddafi. Eles foram confrontados por tropas e milícias ainda leais ao ditador que dispararam para o ar para dispersar a multidão. Os tiros causaram correria.

Em outros bairros da capital, a situação é mais violenta e há relatos de forças de segurança disparando contra os manifestantes.

"As forças de ordem dispararam contra os manifestantes sem fazer distinção. Há mortos nas ruas de Sug Al Joma", indicou um morador desse bairro, citado pela agência de notícias France Presse. Outras testemunhas de bairros do leste da capital, como Ben Ashur e Fashlum, também relataram disparos contra pessoas nas ruas.

"A situação é caótica em partes de Trípoli agora", disse uma testemunha citada pela Associated Press, acrescentando que milícias pró-Gaddafi armadas corriam pelas ruas em veículos.

A emissora de televisão Al Jazeera diz que ao menos duas pessoas morreram nesta sexta-feira em diferentes confrontos registrados em vários bairros da capital líbia. A emissora do Qatar diz ainda que a maior base aérea de Trípoli uniu-se à revolta popular.

Já a agência de notícias Reuters diz que ao menos cinco morreram quando as forças de segurança abriram fogo contra manifestantes no distrito de Janzour, no oeste de Trípoli.

PREPARAÇÃO

A convocação para a marcha de opositores do regime a partir das mesquitas, após as orações, foi a primeira tentativa de realizar uma grande manifestação anti-Gaddafi na capital desde os confrontos da noite de terça-feira (22). Mensagens de SMS foram enviados pedindo aos líbios que transformassem esta sexta-feira em um dia da libertação.

Desde o início da manhã, as milícias de Gaddafi organizaram um forte esquema de segurança em torno de várias mesquitas na cidade, intimidando os fiéis. Jovens armados com braçadeiras verdes (para mostrar seu apoio ao Gaddafi) montaram postos de controle em muitas ruas, parando os carros e realizando buscas.

Tanques e postos de controle foram instalados ainda na estrada para o aeroporto de Trípoli, disseram testemunhas.

Trípoli, onde vive quase um terço da população líbia, é o centro do território que permanece sob o controle de Gaddafi, após a revolta que começou em 15 de fevereiro.

Os rebeldes tomaram controle de uma faixa de território que vai da fronteira com o Egito, passa por metade da costa de 1.600 km no Mediterrâneo ao porto de Breqa, a apenas de 710 km leste de Trípoli. Mas os rebeldes avançam ainda por algumas cidades no noroeste. Milicianos e forças de Gaddafi foram expulsos nesta quinta-feira por rebeldes das cidades de Zawiya e Misrata --nas quais os combates mataram ao menos 30 pessoas.

ONU

A Alta Comissária da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta sexta-feira um crescimento "alarmante" da repressão à rebelião e estimou que pode ter deixado "milhares de mortos e feridos".

"Em aberta e contínua violação das leis internacionais, a repressão das manifestações pacíficas na Líbia se intensifica de forma alarmante, com notícias de massacres, detenções arbitrárias, detenções e torturas de manifestantes", declarou Pillay.

"De acordo com algumas fontes, podem ser milhares de mortos ou feridos", acrescentou, no início de uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que vai examinar a situação na Líbia.

Os 47 membros do Conselho se pronunciarão ao fim da reunião sobre um projeto de resolução que pede a exclusão da Líbia deste organismo da ONU, do qual o país faz parte desde maio de 2010.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Senado mantém projeto do governo e mínimo de R$ 545 é aprovado

O Senado aprovou nesta quarta-feira o salário mínimo de R$ 545. Com maioria folgada dos governistas na Casa, os senadores mantiveram integralmente o texto encaminhado pelo Executivo ao Congresso --e conseguiram derrubar emendas que aumentavam o seu valor.

O texto segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.

A base de apoio da presidente também manteve o artigo que permite o reajuste do salário mínimo, por decreto presidencial, nos próximos quatro anos.

Apesar da pressão contrária da oposição, que acusa o governo de retirar o Congresso da discussão com o reajuste via decreto, o mecanismo foi mantido no texto.

Os governistas conseguiram derrubar emenda que aumentava o valor do mínimo para R$ 560 por 54 votos contra 19, além de quatro abstenções.

A votação mais apertada foi a emenda do decreto presidencial, na qual 20 senadores apoiaram a mudança no texto.

Os governistas, porém, reuniram 54 votos favoráveis. Eram necessários 41 votos para derrubar as emendas.

Cinco senadores do PMDB votaram contra o governo ou abstiveram-se da votação. Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) votou a favor de duas emendas que aumentavam o valor do mínimo para R$ 600 e R$ 560.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) apoiou o mínimo de R$ 560, enquanto Pedro Simon (PMDB-RS), Casildo Maldaner (SC) e Luiz Henrique da Silveira (SC) se abstiveram nas duas emendas.

Ainda entre os aliados, Ana Amélia Lemos (PP-RS) votou a favor das emendas de R$ 600 e R$ 560, enquanto o senador Pedro Taques (PDT-MT) apoiou o valor de R$ 560 --em declaradas dissidências ao projeto do governo.

Na oposição, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) se absteve na votação das emendas que elevavam o valor do mínimo --o que na prática representa que a democrata apoiou o valor de R$ 545 proposto pelo governo federal.

O senador Paulo Paim (PT-RS) votou com o governo. Dilma conseguiu convencer pessoalmente o petista a apoiar o reajuste de R$ 545. O senador havia declarado voto nos R$ 560, mas foi chamado pela presidente esta manhã para discutir a dissidência.

Ela temia desgastes no Senado se não houvesse unanimidade em seu próprio partido na sua primeira votação de peso na Casa.

Paim disse que atendeu à presidente depois que Dilma comprometeu a discutir duas de suas principais bandeiras: o fator previdenciário e o reajuste dos aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

SANÇÃO

A aprovação do projeto representa a primeira vitória de Dilma no Senado desde que assumiu o governo. A presidente deve sancionar o projeto até a semana que vem, para que o salário mínimo de R$ 545 passe a vigorar a partir do dia 1º. de março. O texto foi aprovado pela Câmara na semana passada.

A votação ocorreu sob protestos de sindicalistas, que encheram as galerias do Senado para defender o salário mínimo de R$ 560. Alguns chegaram a usar máscaras com a figura de Dilma, num protesto contra o valor encaminhado pelo Executivo ao Congresso.

Diversos petistas foram vaiados enquanto discursaram em favor do projeto do governo.

A oposição também fez discursos calorosos contra o texto. Em um dos debates, o senador Itamar Franco (PPS-MG) trocou farpas com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Itamar disse que uma família brasileira não tem condições de viver com o valor sugerido pelo governo.

E relembrou o ex-presidente João Figueiredo. "Uma vez perguntaram para um presidente o que faria com um salário mínimo, sabe o que respondeu?", questionou a Jucá. O peemedebista respondeu: "que daria um tiro na cabeça".

Cresce isolamento a ditador da Líbia; Europa teme êxodo árabe

Após perder o controle da região leste do país e também o apoio de pilotos da Força Aérea, o ditador da Líbia Muammar Gaddafi viu-se forçado a enviar mais soldados e mercenários à capital Trípoli e à região oeste, onde a oposição diz já ter conquistado a importante cidade de Misratah. Nos EUA, o presidente Barack Obama fechou o cerco ao regime e chamou o mundo à uma "ação conjunta" enquanto a Europa teme a chegada de até 1,5 milhão de imigrantes ilegais da região.

Em um breve discurso em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, voltou a condenar os atos "ultrajantes" de violência do regime do ditador Muammar Gaddafi contra os civis e disse que seu país estuda várias medidas contra a Líbia --desde sanções unilaterais até ações conjuntas com outras nações.

O presidente americano condenou fortemente o "banho de sangue inaceitável" que ocorre no país após os repetidos ataques militares contra a própria população e disse que o mundo precisa "falar com uma só voz".

As declarações de Obama chegam horas após relatos sobre a perda de controle de Gaddafi da região leste da Líbia --onde está a cidade de Tobruk e grande parte dos campos produtores de petróleo-- e em meio a relatos de que mais de 640 já morreram no país, de acordo com grupos de direitos humanos.

O número representa mais que o dobro do balanço oficial do governo líbio de 300 mortos. A FIDH menciona 275 mortos em Trípoli e 230 na cidade de Benghazi, epicentro dos protestos.

Em Trípoli moradores indicaram que a presença de membros de milícias e mercenários estrangeiros contratados pelo governo aumentou consideravelmente e que as trocas de tiros nas ruas têm ficado mais violentas.
Obama destacou ainda que os protestos na Líbia e na região são gerados pelo próprio povo e que não têm influência alguma de Washington ou de qualquer outro país e destacou uma frase de um líbio como emblemática para caracterizar os motivos das revoltas: "só queremos viver como seres humanos".

Entre as medidas concretas que o governo americano já tomou em reação à crise estão o alerta às suas embaixadas e consulados para dar total assistência aos americanos que tentam deixar a Líbia; o envio do sub-secretário do Departamento de Estado, Bill Burns, a diversos países da região e da Europa para debater as revoltas; e a presença de Hillary Clinton em Genebra na segunda-feira (28) para debater uma "ação multilateral" junto a outros países que integram o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

PILOTOS DESERTAM

Moradores da capital relataram clima de tensão em meio às novas investidas do regime contra os civis. "Muitas pessoas estão com medo de deixar suas casas em Trípoli já que atiradores de milícias pró-Gaddafi estão nas ruas ameaçando qualquer um que se junte em grupos", disse o tunisiano Marwan Mohammed, logo após cruzar a fronteira com a Tunísia.

As manobras de Gaddafi, que chegam horas após dois pilotos terem se ejetado de um jato de guerra que caiu em Benghazi, são vistas pela mídia internacional como "desesperadas" e indicam que a perda de controle do país tende a aumentar.

Um avião da Força Aérea da Líbia caiu perto de Benghazi (leste) depois que sua tripulação se recusou a obedecer as ordens de bombardear a cidade e se ejetou da aeronave --uma Sukhoi-22 de fabricação russa--, caindo em segurança em terra firme com a ajuda de paraquedas.

A recusa dos militares mostra que o ditador Muammar Gaddafi está cada vez mais isolado até mesmo dentro das suas Forçar Armadas.

ÊXODO

O governo italiano revelou nesta quarta-feira o temor de que a queda do ditador líbio Muammar Gaddafi possa estimular a partida de milhares de imigrantes ilegais rumo à Itália e outros países europeus como a Grécia. Já a Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas (Frontex) estima que entre 500 mil e 1,5 milhão de líbios possam pedir refúgio do outro lado do Mediterrâneo.

O chanceler da Itália Franco Frattini alertou em entrevista ao jornal "Corriere della Sera" que a fuga de líbios pode se converter num "êxodo bíblico", sendo uma onda até dez vezes maior do que a crise registrada em 1997 quando refugiados da Albânia migraram rumo ao país.

"Na Líbia, um terço da população não é originária do país, mas subsaariana. Estamos falando de 2,5 milhões de pessoas que, no caso da queda do sistema do país, escaparão porque ficarão sem trabalho. Nem todos [virão] à Itália. Grécia está muito mais perto de Cirenaica e Benghazi", avaliou o chanceler, acrescentando que a parte leste do país é "terra de ninguém".

"Na Cirenaica, como se sabe, existem tribos e nós não temos ideia de quem são", revelou, destacando que o que se sabe deles é que são perigosos e contam com integrantes da rede terrorista Al Qaeda, e que por isso no fim de 2006 a Itália decidiu fechar seu consulado na região.

EUROPA EM ALERTA

A agência da União Europeia (UE) encarregada de guardar as fronteiras do bloco manifestou preocupação com o êxodo de imigrantes ilegais que pode ser ocasionado em meio à crise no norte da África.

"Trata-se de pessoas de origem subsaariana que trabalham na Líbia e o norte da África" e que "se dirigiriam principalmente à Itália, Malta e Grécia", alertou a Frontex em comunicado.

Os ministros de Interior da UE se reunirão na quinta-feira em Bruxelas para debater pela primeira vez as consequências na imigração das revoltas do norte da África.

Além disso, a Comissão Europeia, Frontex e o governo italiano informarão ao resto dos estados-membros sobre a operação Hermes em Lampedusa.

A agência dedica atualmente a maior parte de sua capacidade nessa operação após as revoltas na Tunísia chegaram ao redor de 5,5 mil imigrantes.

"Será a primeira oportunidade que terão os 27 [países integrantes da UE] de discutir em conselho a crise da imigração e avaliar os seguintes passos a serem dados", informou um porta-voz da Presidência húngara que atualmente comanda o bloco.

LAMPEDUSA

Após a queda do ditador da Tunísia Zine el Abidine Ben Ali, na metade de janeiro, mais de 5.000 imigrantes já tentaram entrar na ilha de Lampedusa, na Itália, e barcos com egípcios também já foram apreendidos.

A Itália, porta de entrada por questão geográfica, quer dividir a responsabilidade com o resto da Europa e já pediu a criação de fundo de 100 milhões de euros para cuidar do problema.

O país alega que esses imigrantes não desejam ficar na Itália, mas ir para a França, onde têm família. Há também a facilidade da língua: o país foi colônia francesa, e a maioria dos tunisianos fala o idioma.

Acordo entre os países da União Europeia determina que imigrantes em busca de asilo devem ficar no país a que chegaram até a solução de seu caso.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Violência na Líbia já matou 640, diz grupo de direitos humanos

Ao menos 640 pessoas morreram na Líbia nos protestos contra o regime do ditador Muammar Gaddafi desde 14 de fevereiro, anunciou nesta quarta-feira a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH).

O número representa mais que o dobro do balanço oficial do governo líbio de 300 mortos. A FIDH menciona 275 mortos em Trípoli e 230 na cidade de Benghazi, epicentro dos protestos.

Intensos tiroteios foram registrados nesta quarta-feira em Trípoli, enquanto forças leais a Gaddafi apertam o cerco na capital do país. Manifestantes antigoverno também dizem terem assumido o controle de diversas cidades, um dia depois de o mandatário ter afirmado, em discurso, que morrerá em solo líbio como "mártir".

Enquanto moradores de cidades na região leste do país celebravam, levantando bandeiras da antiga monarquia, o clima em Trípoli era de desânimo. Habitantes estavam com medo de sair de casa, afirmando que forças pró-Gaddafi estavam abrindo fogo aleatoriamente nas ruas.

A indignação internacional aumentou um dia depois de o ditador ter prometido defender seu regime e pedir para partidários que reprimam os manifestantes de oposição. Mesmo antes da ameaça, a retaliação de Gaddafi já era a mais forte no mundo árabe, desde que começaram a tomar as ruas revoltas antigoverno no Oriente Médio.

O ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou que estimativas de que cerca de 1.000 pessoas foram mortas na Líbia era "crível", apesar de sublinhar que informações sobre vítimas são incompletas. A ONG baseada em Nova York Human Rights Watch põe o número de mortos em quase 300, de acordo com uma contagem parcial.

Os confrontos em Trípoli ocorreram no momento em que relatos indicam que a oposição teria assumido o controle de Misrata, com testemunhas afirmando que pessoas buzinavam e levantavam bandeiras da monarquia pré-Gaddafi para celebrar.

Misrata seria a primeira grande cidade no oeste a ser tomada por forças antigoverno, que têm se concentram principalmente no leste. Faraj al Misrati, um médico local, afirmou que seis moradores foram mortos e 200 ficaram feridos desde 18 de fevereiro, quando manifestantes atacaram escritórios e prédios ligados ao regime.

Segundo ele, moradores formaram comitês para proteger a cidade, limpar as ruas e tratar dos feridos. "A solidariedade entre as pessoas aqui é incrível, até mesmo os inválidos estão ajudando", afirmou por telefone à agência de notícias Associated Press.

EM BAIXA

Gaddafi aparenta ter perdido o apoio de ao menos uma importante tribo do país, de diversas unidades militares e de seus próprios diplomatas --incluindo o embaixador líbio em Washington, Ali Adjali, e o vice-embaixador na ONU (Organização das Nações Unidas), Ibrahim Dabbashi.

Oficiais do Exército líbio na zona de Al Jabal al Akhdar, no nordeste do país, anunciaram nesta quarta-feira que já fazem parte da "revolução do povo", em um vídeo divulgado pelas emissoras de televisão árabes Al Jazeera e Al Arabiya. O apoio mostra que a revolta popular contra o regime do ditador Muammar Gaddafi continua ganhando força, apesar da violenta repressão e confrontos que deixaram ao menos 300 mortos.

A crise soou o alarme internacional após os preços do petróleo terem atingido o nível mais alto em mais de dois anos na terça-feira e iniciaram uma corrida em diversos países para retirar seus cidadãos da nação do norte da África.

O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência ontem que terminou com um comunicado condenando a repressão, expressão "séria preocupação" e pedindo por um "fim imediato da violência" e passos para atender as legítimas demandas do povo líbio.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, também pressionou a União Europeia nesta quarta-feira para aplicar sanções contra o regime líbio, levantando a possibilidade de cotar todos os laços econômicos e de negócios entre o bloco e o país.

"A repressão brutal e sangrenta contra a população civil líbia é revoltante", Sarkozy afirmou em um comunicado. "A comunidade internacional não pode continuar como espectadora dessas massivas violações de direitos humanos."

Oficiais do Exército líbio se unem a manifestantes no nordeste da país

Oficiais do Exército líbio na zona de Al Jabal al Akhdar, no nordeste do país, anunciaram nesta quarta-feira que já fazem parte da "revolução do povo", em um vídeo divulgado pelas emissoras de televisão árabes Al Jazeera e Al Arabiya. O apoio mostra que a revolta popular contra o regime do ditador Muammar Gaddafi continua ganhando força, apesar da violenta repressão e confrontos que deixaram ao menos 300 mortos.

"Nós, os oficiais e os soldados das forças armadas na zona de Al Jabal al Akhdar, anunciamos nossa união total à revolução popular", disse um porta-voz militar das Forças Armadas líbias na região. O porta-voz anunciou ainda o compromisso desses militares em trabalhar para proteger as instalações públicas e privadas na região.

Fontes citadas pela cadeia Al Jazeera na terça-feira já anunciavam que os opositores do regime tinham tomado o controle de Al Baida, situada entre Benghazi e a fronteira com o Egito.

Já o responsável de relações gerais do Ministério do Interior líbio, Naji Abu Hrus, advertiu que em Al Baida foi proclamada a criação de "um emirado islâmico".

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, informou na manhã desta quarta-feira que a província líbia de Cyrenaica (leste) já não está mais sob controle do governo de Gaddafi. Ele afirmou que ouviu a informação da Embaixada da Itália em Trípoli.

Uma grande faixa de território na fronteira leste do país, que faz fronteira com Egito e o mar Mediterrâneo, é considerada sob controle opositor.

O chanceler italiano também afirmou que os mortos podem chegar a mil. "Não temos informações completas sobre o número de pessoas que morreram", declarou Frattini a repórteres em Roma. "Acreditamos que a estimativa de cerca de mil seja confiável."

Nas últimas horas, pelo menos oito embaixadores líbios e outros diplomatas de alto nível renunciaram a seus cargos insatisfeitos com a repressão dos protestos populares contra o regime Gaddafi, segundo a Al Jazeera.

Além disso, o ministro do Interior líbio e general do Exército, Abdul Fatah Yunis, pediu demissão na terça-feira e incentivou as forças armadas a se unirem ao povo em sua luta por legítimas reivindicações, informou a Al Jazeera.

ONU

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) condenou nesta terça-feira o uso de violência na Líbia e apelou para que os responsáveis pelos ataques a civis sejam punidos, manifestando ainda destacada preocupação com a segurança dos estrangeiros que se encontram no país.

O chamado foi feito em comunicado aprovado pelos 15 países membros do Conselho, presidido neste mês pelo Brasil, depois de uma reunião sobre os confrontos e a repressão no país do norte africano.

O Conselho de Segurança se reuniu por mais de uma hora para discutir o assunto a pedido do representante permanente adjunto da Líbia e anunciou uma sessão de emergência em aberto a partir das 17h de Brasília para obter o parecer de cada país-membro. Há indícios de que as Nações Unidas possam emitir sanções ao regime líbio.

O Brasil está atualmente na presidência rotativa do órgão, representado pela embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti. Fontes diplomáticas indicaram que China e Rússia "não colocaram impedimentos e querem seguir adiante" com a advertência ao regime do ditador líbio.

Mais cedo a agência de refugiados da ONU pediu aos vizinhos da Líbia para que não recusem os que estão fugindo da violência. Centenas de refugiados chegaram ao Egito em tratores e caminhões descrevendo uma onda de mortes e bandidagem provocada pela revolta.

DISCURSO

Gaddafi foi à TV nesta terça-feira tentar reverter o avanço da oposição, que disse estar aliada à rede terrorista Al Qaeda. Ele pediu ainda pena de morte aos opositores.

"Muammar Gaddafi é o líder da Revolução, sinônimo de sacrifícios até o fim dos dias. Esse é o meu país, de meus pais e meus antepassados", afirmou. Ainda durante o pronunciamento, e em meio a gritos e socos no pódio, prometeu lutar contra os manifestantes que pedem o fim de seu regime e disse que irá "morrer como um mártir", já que abandonar o poder "não está entre as suas opções".

O ditador disse ainda que "os que instigam a guerra civil" serão punidos com morte e execução".

O tom do ditador e os alarmantes indícios de um massacre ao estilo do que ocorreu na China na praça da Paz Celestial, quando o governo abriu fogo contra os civis, repercutiu entre líderes internacionais e na própria região.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Gaddafi aparece na TV estatal e reitera que ainda comanda o país

O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, fez uma breve aparição na TV estatal líbia há pouco e reiterou que ainda está no comando no país. As declarações chegam após rumores de que ele teria fugido para a Venezuela e no mesmo dia em que jatos de guerra foram enviados a Trípoli com ordens para atirar contra os manifestantes --o que o filho do líder, Seif al Islam, negou horas depois.

As declarações de Gaddafi à TV chegam também horas após militares terem desertado para Malta, após rejeitarem ordens de atirar contra civis. Mais cedo também houve indicações de que um grupo de soldados emitiu um comunicando chamando a cúpula do Exército a voltar-se contra o ditador.

O pronunciamento, no qual Gaddafi aparece sentado no banco do passageiro de um carro amarelo segurando um guarda-chuva, durou menos de um minuto. As imagens foram ao ar por volta das 2h na Líbia (21h no horário de Brasília).

"Estou em Trípoli e não na Venezuela", disse o ditador.

RUMORES

Mais cedo o governo líbio já havia refutado informações divulgadas pelo chanceler do Reino Unido, William Hague, indicando que Gaddafi teria partido para a Venezuela.

"O líder está na Líbia, assim como todos os responsáveis do governo [federal] e [dos governos] locais", disse o vice-chanceler da Líbia, Jaled Kaim.

Mais cedo uma fonte da cúpula do governo do presidente venezuelano Hugo Chávez também reiterara que Gaddafi não estava a caminho de Caracas, indicando que até o momento "nenhum contato" com o ditador líbio tinha sido feito.

Ainda na tarde desta segunda-feira o chanceler britânico afirmou ter tido acesso a informações que sugeriam que Gaddafi --que enfrenta desde a semana passada protestos contra seu governo em diversas cidades do país-- teria deixado Líbia a caminho da Venezuela.

DESERÇÃO

Dois pilotos da Força Aérea da Líbia desertaram na tarde desta segunda-feira e levaram seus caças para Malta, onde disseram às autoridades que haviam recebido ordens para bombardear manifestantes, segundo fontes do governo maltês.

As fontes disseram que os aviadores --ambos com a patente de coronel-- decolaram de uma base perto de Trípoli. Eles estão sendo interrogados pela polícia local, e um dos dois pediu asilo político.
Os dois disseram que decidiram voar para Malta após receberem ordens para atacar manifestantes em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, epicentro dos protestos contra o regime de Muammar Gaddafi.

A polícia maltesa também está interrogando sete passageiros que chegaram da Líbia a bordo de dois helicópteros com matrícula francesa.

Fontes do governo disseram que os helicópteros deixaram a Líbia sem autorização das autoridades locais, e que só um dos sete passageiros -- que afirmam ser cidadãos franceses-- tinha passaporte.

A chancelaria francesa disse que estava analisando o caso.

NEGAÇÃO

Após os relatos de ataques com jatos de guerra sobre a capital da Líbia, Seif al Islam, filho de Gaddafi, afirmou à TV estatal que os aviões das Forças Armadas do país bombardearam depósitos de armas situados em regiões afastadas das zonas urbanas e não abriram fogo contra os civis que protestavam nas ruas de Trípoli.

A televisão líbia assegurou que al Islam refutou "as informações segundo as quais as Forças Armadas bombardearam as cidades de Trípoli e Benghazi".

A emissora reproduziu o comunicado do filho do ditador. "As Forças Armadas bombardearam depósitos de armas situados em regiões afastadas das concentrações urbanas para evitar que os grupos que participam dos distúrbios possam conseguir armas", assegurou Seif al Islam à agência oficial líbia "Jana", segundo a TV estatal.

"A missão das Forças Armadas é proteger o país e não disparar sobre o povo", acrescentou o al Islam, que no domingo tinha advertido que o Exército "permanecerá fiel à Líbia" e que "destruirá aos que realizarem um complô contra o país".

Em discurso televisionado que desencadeou ainda mais a fúria dos manifestantes, o considerado até agora provável sucessor de Gaddafi disse na noite de domingo que "se o caos chegar, em vez de chorar pelos 80 mortos nos últimos dias, choraremos por centenas de milhares de nossos irmãos e seremos obrigados a fugir de nosso país".

REPERCUSSÃO

Mais cedo, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que é hora de o regime de Gaddafi interromper o "banho de sangue inaceitável" no país, ao qual "o mundo observa alarmado".

"O mundo observa alarmado a situação na Líbia" e os Estados Unidos "se unem à comunidade internacional para condenar firmemente a violência", afirmou.

Já o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira por telefone ao ditador líbio que "cesse imediatamente" a escalada de violência que está ocorrendo no país.

Ban manteve "uma extensa conversa telefônica" com Gaddafi, a quem expressou sua "profunda preocupação pelo aumento da violência e ressaltou que deve parar imediatamente", indicou a ONU por meio de um comunicado de imprensa.

BRASILEIROS

O Itamaraty emitiu nesta segunda-feira uma nota em que cobra das autoridades da Líbia medidas para preservar a segurança e a livre circulação de estrangeiros.

"O governo brasileiro insta as autoridades líbias a tomarem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país. O governo brasileiro tem a expectativa de que as autoridades líbias deem atenção urgente à necessidade de garantir a segurança na retirada dos cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Bengazi", diz o Itamaraty.

Os telefones de contato da Embaixada do Brasil em Trípoli são: 00xx218 (91) 881-2437 ou 729-3460 ou 322-3151.

EMPRESAS BRASILEIRAS

A empreiteira brasileira Odebrecht, que emprega 5.000 funcionários líbios e de variados países em diferentes obras em andamento na Líbia, afirmou em comunicado que trabalha para retirar 187 brasileiros atualmente impossibilitados de deixar o país. O resgate deve ocorrer por meio de voos de carreira e aviões fretados. Não há indicação de prazo para a chegada do grupo ao Brasil.

Ao menos 600 brasileiros encontram-se atualmente no país, que vive intensos protestos contra o ditador Muammar Gaddafi, há 42 anos no poder, e que até o momento já deixaram 233 mortos.

Além da empreiteira, a construtora Queiroz Galvão mantêm 130 funcionários brasileiros no país e a Petrobras também tem empregados na Líbia.

A assessoria de imprensa da petroleira estatal limitou-se a informar que um comunicado sobre a situação deve ser emitido ainda nesta segunda-feira.

Já a Queiroz Galvão relatou mais cedo à agência Brasil que todos os funcionários "estão bem" e aguardam para seguir viagem em direção a Trípoli, capital líbia. O grupo trabalha em Benghazi, cidade que registra os protestos mais violentos.

Desde ontem (20), o embaixador do Brasil na Líbia, George Ney Fernandes, aguarda autorização, pedida ao governo do ditador Muammar Gaddafi para um avião fretado pela construtora pousar no aeroporto de Benghazi. Porém, a autorização ainda não foi concedida.
"A Queiroz Galvão informa que atualmente tem 130 colaboradores brasileiros trabalhando em projetos e obras na Líbia. Todos estão bem e está sendo providenciada sua transferência de Benghazi para Trípoli, capital do país", diz a nota da construtora.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Manifestantes líbios ateiam fogo a sede do governo em Trípoli

Manifestantes antigoverno que pedem a queda do regime do ditador Muammar Gaddafi na Líbia atearam fogo à sede central do governo líbio e ao prédio que abriga o Ministério da Justiça na capital do país, Trípoli. A informação foi dada pelo jornalista líbio Nezar Ahmed à rede de televisão Al Jazeera no mesmo dia em que a ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou que 233 pessoas já morreram desde o início das manifestações populares.

Da capital líbia, Ahmed também assegurou que as forças de segurança praticamente se retiraram da cidade e que várias delegacias e outros prédios públicos também foram saqueados ou incendiados.

"Praticamente não há forças da ordem. Não se sabe aonde foram. Esta situação favorece os rumores alarmantes", explicou o jornalista, que mencionou como um deles a possível fuga de Gaddafi do país e divergências entre altos dirigentes do Exército e de outros corpos de segurança.

Segundo Ahmed, há apenas um cordão policial em torno da sede da rede de televisão estatal Libya TV.

Testemunhas disseram à agência de notícias France Presse que o prédio que servia de sede para um canal de televisão e uma rádio pública foi saqueado no domingo à noite por manifestantes em Trípoli.

"Um local que abrigava o canal Al-Jamahiriya 2 e a rádio Al-Shababia foi saqueado", afirmou uma testemunha, que pediu anonimato. A programação do canal e da emissora de rádio foi retomada nesta segunda-feira.

A Al-Jamahariya 2, segundo canal público, e a rádio Al-Shababia foram criadas por um dos filhos de Gaddafi, Seif al Islam, em 2008, antes de serem nacionalizadas.

Confrontos entre manifestantes e forças de segurança se espalharam no domingo até a capital líbia. O filho de Gaddafi foi à TV estatal para afirmar que seu pai continua no poder --com apoio do Exército-- e que irá "lutar até o último homem, a última mulher, a última bala".

Até mesmo durante o pronunciamento de Seif al Islam Gaddafi, na noite de domingo, confrontos foram registrados nas proximidades e na praça Verde, no centro de Trípoli, durando até a madrugada de segunda-feira, segundo testemunhas.

Elas informaram que atiradores abriram fogo contra a multidão que tentava assumir o controle da praça, e partidários de Gaddafi passavam pelo local em veículos a altas velocidades, atirando e indo para cima dos manifestantes.

Os protestos e a violência foram os mais fortes até agora na capital, um sinal de que a revolta está se espalhando após seis dias de demonstrações anti-Gaddafi em cidades do leste do país.

Na segunda maior cidade da Líbia, Benghazi, manifestantes tinham assumido, na manhã desta segunda-feira, as ruas depois de dias de confrontos sangrentos e invadiam os escritórios das forças de segurança, saqueando armas.

Um avião da Turkish Airlines que tentava aterrissar em Benghazi foi forçado a sobrevoar o aeroporto e retornar a Istambul.

Os manifestantes em Benghazi tiraram a bandeira líbia que ficava no prédio do principal tribunal da cidade e, em seu lugar, colocaram a bandeira da antiga monarquia do país, derrubada em 1969 em um golpe militar que levou Gaddafi ao poder.

A Líbia tem sido palco da mais sangrenta repressão na onda de protestos que atingiu diversos países árabes e que derrubou os ditadores do Egito e da Tunísia.

PRONUNCIAMENTO

Apesar dos sinais de que os protestos antirregime estão se espalhando, o filho de Gaddafi afirmou na TV, na noite de domingo, que seu pai irá prevalecer. "Não somos a Tunísia e o Egito", afirmou Seif al Islam. "Muammar Gaddafi, nosso líder, está liderando a batalha em Trípoli e nós estamos com ele."

"As forças armadas estão com ele. Dezenas de milhares estão estão vindo para cá para estar com ele. Iremos lutar até o último homem, a última mulher, a última bala", disse ele em um muitas vezes confuso discurso de que quase 40 minutos.

O filho do líder líbio prometeu ainda "reformas políticas significativas" --mesmo criticando os manifestantes antirregime-- e admitiu que a polícia e o Exército cometeram "erros" na repressão aos protestos, mas disse que o número total de mortes é muito menor do que o que tem sido divulgado.

Seif al Islam é frequentemente apresentado como a face do regime de reforma. Muitos dos filhos de Gaddafi têm posições de poder no governo e, nos últimos anos, têm competido por influência.

O filho mais novo de Seif, Mutassim, é o conselheiro para segurança nacional, com um impostante papel entre os militares e forças de segurança. Outro filho, Khamis, lidera a 32ª brigada do Exército que, segundo diplomatas dos Estados Unidos, é a força mais bem treinada e melhor equipada.

Países ocidentais expressaram preocupação com o aumento da violência contra manifestantes antigoverno na Líbia.

O chanceler britânico, William Hague, disse ter conversado com Seif al Islam por telefone e que lhe disse que o país deve começar um "diálogo e a implementação de reformas".

GOLPE

A rebelião dos líbios frustrados com os 42 anos de governo autoritário de Gaddafi se espalhou para mais de meia dúzia de cidades no leste do país.

Em um revés para o regime, a maior tribo líbia --a Warfla-- teria se virado contra o ditador e anunciado que irá se juntar aos protestos, segundo informou o exilado Fathi al Warfali, que vive na Suíça.

Embora tenha uma animosidade de longa data com Gaddafi, a tribo vinha se mantendo neutra nas últimas duas décadas.

O representante líbio da Liga Árabe anunciou que estava renunciando ao cargo para protestar contra a decisão do governo de atirar contra manifestantes em Benghazi.

A internet continua não funcionando no país e moradores não conseguem fazer ligações internacionais. Jornalistas também são impedidos de trabalhar livremente.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Submarinos na mira do TCU

O Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou três falhas no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) — elaborado pela Marinha em parceria com a França —, que giram em torno de problemas contratuais. Os entraves detectados por técnicos da Corte referem-se a itens sem uso comprovado ou preços sem justificativa.O Probsub prevê a construção do Estaleiro de Itaguaí (RJ), da Base Naval de Submarinos e da Unidade de Fabricação de Estrutura Metálica (Ufem). Concluídos esses projetos, a Marinha, com a tecnologia francesa, construirá quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear. As obras tiveram início no ano passado. A previsão dos militares é que o estaleiro seja finalizado em 2014, enquanto a estimativa para o submarino de propulsão nuclear é 2021.Como o programa tem contrapartida internacional, há um cronograma de liberação de verbas até 2024, o que, pelo acordo Brasil-França, prevê multa para os casos de atraso na obra ou contingenciamento de recursos. O Prosub, que tem R$ 2,1 bilhões previstos no Orçamento deste ano, sofre com a ameaça de corte de pouco mais de R$ 4 bilhões que afetará o Ministério da Defesa. O TCU já abriu quatro processos — chamados de levantamento de auditoria — com o objetivo de conhecer o programa. No ano passado, o tribunal recomendou que o governo evitasse a diminuição dos recursos da iniciativa para evitar a sanção financeira prevista no acordo internacional. Os outros três procedimentos analisam a dinâmica financeiro-orçamentária do Prosub, fazem acompanhamento amplo do projeto e, por último, detalham a estrutura de gestão. Todos são relatados pelo ministro substituto do TCU André Luís Carvalho.O ministro classificou as falhas no projeto de “pontuais” e, por isso, não podem ser consideradas irregularidades. O TCU ainda aguarda que as partes interessadas — Marinha do Brasil e Odebrecht, empreiteira que toca a obra — apresentem suas manifestações sobre os problemas encontrados. Carvalho, entretanto, evitou dar detalhes das “falhas”, argumentando que o processo corre em sigilo. Ele também disse que, mesmo que a irregularidade seja confirmada, não significa que haverá recomendação pela interrupção do projeto. Segundo o ministro, os problemas contratuais são sanáveis. “O projeto é muito grande para se prender a coisas pontuais”, afirmou o ministro.O Correio ouviu de uma fonte da área técnica que existem poucos documentos apresentados pelos órgãos envolvidos no projeto. O ministro André Luís Carvalho, no entanto, enfatizou que a Marinha do Brasil e o Ministério da Defesa têm contribuído com o bom andamento do projeto, jamais sonegando informações quando requisitados. Ele prevê que, em duas semanas, os processos terão o parecer técnico concluído e estarão em sua mesa para uma análise detalhada. Até 2029, o Prosub deverá movimentar 6,6 bilhões de euros (R$ 18,7 bilhões). A construção do primeiro submarino convencional está prevista para ser iniciada neste ano, com estimativa de ser entregue em três anos. No ano que vem, o desembolso previsto é de R$ 2,3 bilhões para, em 2013, começarem os trabalhos do segundo submarino convencional, com entrega em 2017. Os submarinos são espelhados no modelo Scorpène, da França.
Reator nuclear-O reator nuclear que servirá como propulsor do último submarino construído em parceria com a França não faz parte do acordo e está sendo desenvolvido em paralelo. A Marinha iniciou o programa nuclear em 1979 e só agora está próxima da tecnologia. Apenas cinco países possuem submarinos nucleares: Estados Unidos, China, Rússia, França e Inglaterra. Por acaso, justamente os cinco com cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, posto almejado pelo Brasil.A redução de R$ 4,024 bilhões no orçamento da Defesa neste ano representa 8% do total de R$ 50 bilhões a ser excluído pelo governo. O valor atingirá investimentos e custeio das Forças Armadas, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Infraero.
Defesa do petróleo-O ministro da Defesa, Nelson Jobim, tem dito que os submarinos que serão construídos servirão para patrulhar o litoral brasileiro, especialmente em um momento em que o país se prepara para explorar as megarreservas dos campos de petróleo da camada pré-sal. Fontes militares dizem que, apesar de o Brasil não sofrer ameaça imediata de conflito bélico, essa hipótese existe num plano de 20 a 25 anos, quando as reservas de petróleo no mundo diminuírem.

Após confrontos, manifestantes voltam a se reunir na Líbia

Testemunhas disseram à Associated Press que centenas de manifestantes se reuniram na manhã deste domingom na Líbia, no edifício do tribunal de Benghazi após mais um dia de derramamento de sangue, durante o qual as forças libanesas abriram fogo contra os protestantes, deixando ao menos 15 mortos --a estimativa de mortes é de 99 em cinco dias de turbulências no país.
Inspirados no Egito, os protestos têm como objetivo tirar do poder Muammar Gadaffi, que governa o país há 42 anos. As forças governamentais também cortaram o acesso à internet na Líbia no sábado.
Gadaffi vem adotando uma linha dura contra a onda de revoltas, que entra no quinto dia, após tomar conta do Oriente Médio e da África com a queda dos ditadores do Egito e da Tunísia.
Atiradores dispararam contra milhares de pessoas reunidas em Benghazi, ponto central dos protestos, para manifestar seu luto pela morte de 35 manifestantes atingidos por tiros na sexta-feira, segundo um funcionário de um hospital.
"Agora nós temos jovens vindo ao hospital para doar dinheiro", disse o homem. "Estamos ficando com pouco suprimento." Como muitos líbios que falaram com os jornalistas durante a revolta, o funcionário falou em condição de anonimato por medo de represálias.
Antes da violência deste sábado, a organização Human Rights Watch (HRW) havia estimado que pelo menos 84 pessoas já foram mortas durante os protestos. Ontem, o balanço voltou a subir. A internet no país também foi cortada por volta das 2h de sábado (horário local), retirando uma das poucas maneiras disponíveis para que os líbios divulgassem informações sobre a onda de protestos antigoverno em uma das mais isoladas e repressivas nações da África.
A informação é bastante controlada na Líbia, onde jornalistas não podem trabalhar livremente, e ativistas postaram na internet nesta semana vídeos que foram importantes fontes de imagens da revolta. Outras informações sobre os protestos foram divulgadas por oposicionistas que vivem no exílio.
As autoridades egípcias tentaram cortar a conexão de internet durante a revolta que levou à renúncia de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro, mas não tiveram sucesso. A Líbia, porém, é mais isolada e a internet é uma das únicas ligações com o mundo exterior.
Na manhã de ontem, forças especiais do governo atacaram centenas de manifestantes, incluindo advogados e juízes, acampados em frente ao tribunal de Benghazi, a segunda maior cidade do país.
"Eles jogaram gás lacrimogêneo nas tendas dos protestantes e limparam as áreas depois que muitos fugiram levando os mortos e feridos", disse um manifestante por telefone.
Médicos em Benghazi afirmaram na sexta-feira que 35 corpos foram trazidos ao hospital após os ataques das forças de segurança, apoiadas por milícias, após a morte de mais de 12 pessoas no dia anterior. Uma testemunha afirmou que os ferimentos dos mortos ficavam na cabeça e no tórax.
A população da cidade organizou patrulhas nas vizinhanças neste sábado, após a polícia deixar as ruas. "Nós não vemos nenhum policial nas ruas, nem guardas de trânsito", disse um advogado em Benghazi.
Além disso, o ativista líbio Fathi al-Warfali, baseado na Suíça, afirmou que diversos outros ativistas foram presos, incluindo Abdel-Hafez Gougha, um conhecido manifestante que foi preso após as forças de segurança invadirem sua casa durante a noite. BAHREIN
Milhares de manifestantes voltaram a ocupar neste sábado a praça da Pérola, em Manama, epicentro da mobilização antigoverno no Bahrein, depois que a polícia e o Exército se retiraram do local em um aparente gesto de conciliação. Hoje, a situação parece mais calma.
Na sexta-feira, pelo menos 50 pessoas ficaram feridas após militares terem disparado contra grupos que tentavam voltar ao local.
A volta dos manifestantes neste sábado ocorreu após o príncipe herdeiro do país, Salman Bin Hamad al-Khalifa, ter ordenado a retirada do Exército das ruas de Manama e sua substituição por forças policiais.
A retirada do Exército era uma das exigências feitas pela oposição para aceitar a oferta de diálogo apresentada na sexta-feira pelo rei Hamad Isa al-Khalifa.
A retomada da praça neste sábado ocorreu apesar de a polícia ter tentado conter os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha antes de se retirar do local. Segundo alguns relatos, cerca de 60 pessoas ficaram feridas.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia telefonado ao rei Hamad na sexta-feira para pedir comedimento. Obama afirmou que o Bahrein precisa respeitar os "direitos universais" de seu povo e promover "uma reforma significativa".
O Bahrein é um dos principais aliados dos Estados Unidos na região e abriga uma base naval americana.
DJUBUTI
Em Djibuti, um policial e um manifestante morreram neste sábado, durante os violentos confrontos que se seguiram a uma massiva manifestação da oposição, que teve três dirigentes presos, segundo fontes oficiais.
"Duas pessoas, incluindo um policial, morreram após a manifestação organizada na sexta-feira pela oposição, que questiona o atual e legítimo poder e exige o adiamento das eleições presidenciais de 8 de abril", indicou o ministério do Interior em um comunicado.
"Um policial morreu após violentos choques entre as forças da ordem pública e grupos de manifestantes que saquearam, destruíram e queimaram várias propriedades", acrescenta o texto, que não esclarece as circunstâncias da morte do agente das forças de segurança. "A segunda vítima é um manifestante, que foi atropelado por uma viatura da polícia", segundo o ministério do Interior.
Além disso, a nota oficial informa que "nove policiais ficaram feridos, e um deles está internado em estado crítico".
Por outro lado, três dos principais líderes opositores do país foram detidos neste sábado em represália ao que aconteceu nas passeatas da sexta-feira, indicou a justiça de Djibuti.
Foram presos Aden Robleh Awaleh, do Partido Nacional Democrata, Mohamed Daoud Chehem, do Partido Democrata de Djibuti, e Ismail Guedi Hared, cuja formação, a União pela Alternância Democrática (UAD), organizou a manifestação de sexta-feira.
Os enfrentamentos entre partidários da oposição, que protestam pelo fim do regime do presidente Ismael Omar Guelleh, e membros das forças de segurança recomeçaram neste sábado em um subúrbio popular de Djibuti.
Um dia depois da grande manifestação da oposição na capital, violentamente reprimida, novos choques foram registrados em Balbala, localidade da periferia da cidade. Pequenos grupos de manifestantes perseguiam os policiais, lançando pedras e outros objetos. A polícia, por sua vez, respondia com bombas de gás lacrimogêneo.
Os confrontos ocorriam simultaneamente em vários pontos de Balbala, e com mais intensidade perto do hospital italiano. O número de manifestantes não para de aumentar desde a manhã deste sábado, apesar da ação da polícia.
IÊMEN
A polícia do Iêmen matou um manifestante contrário ao governo e feriu outros cinco neste sábado, quanto o corpo policial abriu fogo em milhares de pessoas que marchavam no 10º dia de protestos no país. O líder do país creditou os protestos a "conspiração estrangeira".
Os manifestantes querem desempossar o presidente Ali Abdullah Saleh, um importante aliado dos EUA em relação ao combate à Al Qaeda. Eles marcharam da Universidade de Saana até o Ministério da Justiça, entoando frases como "as pessoas querem a queda do regime".
Saleh governa o Yemen há 32 anos.
Trata-se do 10º dia de protestos no país, que foram inspirados pelo Egito e pela Tunísia. Desde então, sete pessoas já morreram no país.
Uma fonte médica disse que o homem morto recebeu um tiro no pescoço.
"A nação está diante de uma conspiração estrangeira que ameaça o seu futuro", disse Saleh, sem dar mais detalhes sobre qual seria, exatamente, essa conspiração.
ARGÉLIA
Centenas de policiais nas calçadas e nas ruas próximas à praça Primeiro de Maio, no centro de Argel, capital da Argélia, tentaram impedir neste sábado que a população inicie uma manifestação reivindicando reformas no poder. Ao menos dois manifestantes ficaram feridos.
A polícia argelina tenta dispersar os grupos de centenas de pessoas e impedir que alcancem a praça.
Entre as palavras de ordem dos manifestantes estão "poder assassino", "abaixo a opressão" e outras palavras contra o regime e o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika.
Fontes da Liga Argelina de Direitos Humanos informaram que o serviço de trens nos arredores de Argel foi cortado e policiais instalaram controles policiais nas estradas para impedir a chegada de muitos cidadãos à capital.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Horário brasileiro de verão termina neste sábado

O horário brasileiro de verão, em vigor desde 17 de outubro de 2010, termina à meia-noite deste sábado (19) para domingo (20). Relógios de moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste devem ser atrasados em uma hora. O horário de verão é adotado em dez estados do país e no Distrito Federal.
A medida, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), visa reduzir a demanda por energia elétrica em horários de pico por meio do aproveitamento da luz solar. Por isso, o período escolhido para o horário de verão no Brasil, assim como em outros países no hemisfério sul, é o segundo semestre, entre a primavera e o verão, quando os dias são mais longos.
"O horário de verão é adotado entre a primavera e o verão, quando os dias são mais longos. Sua função é levar a um maior aproveitamento da luz solar, com menor necessidade de uso de iluminação artificial", diz Claude Cohen, professora do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora do Programa de Planejamento Energético (PPE), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Aderiram à mudança de horário, ainda segundo o MME, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Desde 2008, a mudança no horário ocorre sempre no terceiro domingo de outubro e termina no terceiro domingo de fevereiro.
De acordo com dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), resultados preliminares da edição 2010/2011 do horário de verão apontam para uma redução de 4,4% da demanda no horário de pico em relação à demanda máxima, o que representa uma redução de 2.376 megawatts.

Governo da Líbia corta internet; mortos em protestos somam 84

As forças de segurança líbias mataram 84 pessoas durante os últimos três dias de protestos em várias cidades do país para reivindicar mudanças políticas, informou o último comunicado da Human Rights Watch (HRW).
Segundo a organização, que baseia seus números em consultas telefônicas com hospitais e testemunhas, "as forças de segurança de Muammar Gaddafi dispararam contra os cidadãos, que simplesmente pedem uma mudança", disse Joe Stork, responsável da HRW no Oriente Médio e no norte da África.
A internet no país também foi cortada por volta das 2h da manhã (horário local), retirando uma das poucas maneiras disponíveis para que os líbios divulgassem informações sobre a onda de protestos antigoverno em uma das mais isoladas e repressivas nações da África. Milhares de protestantes pedem a saída de Muammar Gaddafi, ditador líbio há 42 anos no poder, especialmente em cidades no Leste, região mais pobre do país. As manifestações têm sido brutalmente reprimidas por milícias armadas e forças de elite.
Em Benghazi, as forças de segurança mataram ontem 35 pessoas durante as manifestações de luto pela morte no dia anterior de 20 manifestantes nessa mesma cidade, 23 em Al-Baida, três em Ajdabiya e três em Derna, segundo a HRW.
A Anistia Internacional conta 46 pessoas mortas durante os protestos registradas na Líbia durante os últimos três dias e acusou as autoridades de 'excessivo' emprego da força contra 'manifestantes que pedem uma mudança política'.
Segundo a AI, que cita fontes do hospital Al Jala, em Benghazi, 28 pessoas morreram ontem durante o "Dia da Fúria" nessa localidade e outras 110 foram feridas. Às vítimas fatais somam-se outras três em dias anteriores.
A organização conta ainda outras 15 vítimas na sexta-feira em Al-Baida, a 100 quilômetros de Benghazi.
A onda de distúrbios no mundo árabe --e o temor de que ela se espalhe para a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo-- levou na quinta-feira o petróleo tipo Brent à sua maior cotação em 28 meses, US$ 104 por barril. Na sexta-feira, ele era cotado a pouco mais de US$ 102 em Londres.
Sabri Elmhedwi/Efe
Simpatizantes do governo da Líbia protestam na capital Trípoli durante a semana; 84 morreram, segundo ONG

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Exército renova a tropa para mais três meses de ocupação no Complexo do Alemão

A Força de Pacificação que atua nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, desde novembro do ano passado começou a renovar a tropa para mais três meses de ocupação. Os cerca de 1.700 militares da Brigada de Infantaria Paraquedista começaram nesta sexta-feira (18) a ser substituídos por uma nova equipe da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, que passará a ocupar a região e a manter o patrulhamento a cada duas horas.A substituição está sendo feita de forma gradual, segundo informou ao UOL Notícias o porta-voz da Força de Pacificação, major Fabiano de Carvalho. “A estrutura da Força de Paz permanece com a mesma tática de realizar patrulhamento ostensivo tanto no complexo da Penha como no do Alemão, que somam 22 comunidades.”Após uma série de ataques criminosos que assolaram o Rio no final do ano passado, o Exército ocupa atualmente cinco bases no Alemão e quatro na Penha, e os patrulhamentos são feitos 24 horas por dia por soldados a pé e por equipes motorizadas. “Nós inclusive dormimos no local”, afirmou Carvalho. Segundo o porta-voz, a ação no Rio tem semelhanças com a tática utilizada pelas tropas brasileiras no Haiti, país caribenho onde o Brasil participa da missão de paz desde 2004.A previsão é que a Força de Pacificação permaneça na localidade até outubro, mês definido pelo governo do Rio para a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) nas comunidades.A troca de contingente será formalizada na manhã de hoje (18) numa solenidade com a presença do comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral.Segundo Carvalho, a troca acontece para cumprir um cronograma de treinamento do Exército estipulado para todo o ano. Para ele, os três meses da primeira tropa foram suficientes para “estreitar os laços” com a população. “Tanto que todos os líderes comunitários estarão presentes à solenidade de passagem de comando”, afirmou.Apesar de os índices de criminalidade terem reduzido na região, o porta-voz da Força de Pacificação admitiu que ainda não é possível afirmar que o tráfico de drogas foi eliminado.“A nossa patrulha ostensiva coibiu o tráfico armado, mas seria uma pretensão acabar com todo o crime. O Alemão e a Penha tem 12 km² e 400 mil habitantes, maior que muitas cidades do país. Antes existiam barreiras e bloqueios nas ruas, isso sim acabou”, declarou.
Antiga Faixa de Gaza no RioAs favelas do morro do Alemão faziam parte de uma região que passou a ser conhecida como a “Faixa de Gaza do Rio”, numa referência ao território onde ocorrem frequentes conflitos entre israelenses e palestinos no Oriente Médio. A área concentrava cerca de 40% dos crimes cometidos no Rio de Janeiro e eram comuns os confrontos entre traficantes de quadrilhas rivais e também com a polícia.O Alemão era responsável por concentrar uma taxa de cerca de 60 homicídios para cada 100 mil habitantes, padrão semelhante ao de países em guerra. Hoje, segundo a polícia, os índices de criminalidade são menores que os da zona sul da capital fluminense.O balanço da segunda fase de pacificação –período em que os dois complexos da Penha e Alemão foram efetivamente ocupados, no dia 23 de dezembro– mostra que foram apreendidos quase 30 quilos de drogas, a maior parte de cocaína (mais de 17 quilos), oito fuzis, mais de 2.000 munições para diversos calibres e cerca de R$ 17.300.Um total de 72 pessoas foram detidas para averiguação e 13, presas, sendo que nove por tráfico de drogas e uma por tentativa de suborno.
Ainda falta muito para a pacificação, diz ONGApós quase três meses de presença do Exército no Complexo do Alemão, o clima é de tranquilidade nas ruas e vielas e de aparente segurança para os moradores, no entanto, ainda “falta muito para que a comunidade esteja pacificada”, segundo o coordenador de comunicação e um dos fundadores da organização não-governamental Raízes em Movimento, David da Silva das Graças.“Não é adequado agora usar o termo pacificado, ainda não vejo a paz. Isso aqui é ocupação pela polícia e pelos militares e não a pacificação. Não me sinto num local pacificado, falta muito para isso acontecer”, disse David, que critica a realização das patrulhas. “Parece que se está num campo de guerra.”Desde 2001, a ONG Raízes em Movimento atua na região e, segundo David, um dos caminhos para a paz no Alemão é retomar a economia local. “O objetivo é criar uma grande rede de economia solidária. A economia solidária aqui ainda é muito informal e latente”, afirma.