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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Lula se reuniu com 5 dos 11 ministros do STF


Lula se reuniu com 5 dos 11 ministros do STF Foto: Montagem/247

Em 2012, ex-presidente encontrou José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Gilmar Mendes; apenas o último citado afirma ter tratado sobre julgamento do mensalão


    A Folha apurou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou em 2012 com pelo menos 5 dos 11 ministros do STF. No entanto, apenas Gilmar Mendes afirma ter tratado sobre julgamento do mensalão. Leia:
Felipe Seligman, da Folha: Pelo menos 5 dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) se encontraram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste ano, mas apenas Gilmar Mendes afirma ter discutido sobre o julgamento do mensalão.
Os outros quatro ministros que encontraram o ex-presidente, todos indicados ao STF por Lula, são: José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto.
Apenas Luiz Fux não respondeu aos questionamentos da Folha. Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello disseram não ter encontrado o ex-presidente.
Mendes relatou um encontro que teve com Lula, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, no qual o ex-presidente teria insistido que o mensalão não poderia ser julgado em 2012.
De acordo com Mendes, ao perceber que a conversa não teria efeito -já que o ministro defende a realização do julgamento ainda neste semestre-, Lula passou a falar sobre episódios que poderiam levar o magistrado à CPI do Cachoeira. Lula e Jobim confirmam o encontro, mas negam o teor da conversa.
OUTROS ENCONTROS
Toffoli e Cármen Lúcia afirmaram ter visitado Lula no hospital Sírio-Libanês em abril, em ocasiões diferentes. Dizem que não trataram do mensalão. Toffoli diz ainda que Lula nunca pediu sua participação no julgamento.
Já Lewandowski não deu detalhes do encontro. Nos bastidores há duas versões.
A primeira é a de que o ministro também foi visitar Lula no hospital. A segunda é a de que teriam se encontrado em São Bernardo (SP). O ministro afirmou apenas que "o presidente Lula jamais falou sobre a AP 470 [ação penal do mensalão] comigo".
O encontro de Ayres Britto com Lula foi público, no Palácio da Alvorada, em maio.

PM começa a substituir tropas do Exército nas favelas da Penha

Troca começou pelos morros da Fé, Sereno e da Chatuba.
Polícia prepara comunidades para receberem as próximas UPPs.

Do G1 RJ
Policiais do Bope no Morro da Chatuba (Foto: Divulgação/Bope)Policiais do Bope no Morro da Chatuba (Foto: Divulgação/Bope)
A Polícia Militar começou, nas primeiras horas desta quinta-feira (31), a substituir os militares da Força de Pacificação que patrulhavam as comunidades do Conjunto de Favelas da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A substituição faz parte do processo de instalação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora na região. Trezentos policiais vão atuar na região nesta quinta.
De acordo com a PM, a troca dos militares por policiais acontece nas comunidades da Chatuba, do Morro da Fé e Morro do Sereno. Desde o fim de 2010, a região é ocupada por militares da Força de Pacificação. Por volta das 6h, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estavam posicionados no Morro da Chatuba. A polícia ainda não divulgou quando começa a troca dos militares na Vila Cruzeiro.
Ainda segundo a PM, logo após a substituição das tropas, a Polícia Militar fará ações de policiamento e revista à procura de criminosos que ainda possam estar na área.
A ação desta quinta conta com policiais do Batalhão de Choque (BPChq ), do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Grupamento Aeromarítimo, além dos policiais do Bope.
A Polícia Militar pede a colaboração da população. Quem tiver informações sobre criminosos deve denunciá-los aos polícias. Além disso, a PM pede que os moradores andem com os documentos de identificação. Motoristas e motociclistas deverão mostras os documentos dos veículos e de habilitação. No caso das motos, também será exigido o uso de capacete.
De acordo com o coordenador do Comando de Polícia Pacificadora, coronel Rogério Seabra, a substituição total dos militares por PMs na região do Alemão e da Penha deve acontecer até o início de julho, quando a sede da CPP passará a funcionar, onde atualmente funciona a sede da Força de Pacificação no Alemão.
Alemão ganha 4ª UPP
Na quarta-feira (30), o Conjunto de Favelas do Alemão ganhou a quarta e última UPP da comunidade. A unidade instalada no Morro do Alemão vai beneficiar 20 mil moradores do próprio Alemão e da comunidade Pedra do Sapo, segundo o Instituo Pereira Passos (IPP). Durante a inauguração da UPP, o governador Sérgio Cabral aproveitou para anunciar que o Alemão vai ganhar as primeiras bases fixas das UPPs da comunidade.
De acordo com a assessoria de imprensa das UPPs, as bases estarão prontas em 15 dias nas comunidades Nova Brasília e na Fazendinha.
Ocupação do Alemão
As Forças de Pacificação ocupam a Penha e o Alemão desde o fim de novembro de 2010 e têm o apoio dos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e de Choque (BPChq).

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Em meio à crise com STF, Dilma homenageia Lula


Sem citar embate entre ex-presidente e ministro do STF Gilmar Mendes, presidente enalteceu figura de padrinho político em solenidade no Planalto

Carolina Freitas
Dilma sobre Lula: "Todos nós temos esse reconhecimento a prestar a ele" Dilma sobre Lula: "Todos nós temos esse reconhecimento a prestar a ele" (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
O Salão Nobre do Palácio do Planalto foi palco, nesta quarta-feira, de uma homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comandada por ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff, sua afilhada política. Reportagem de VEJA desta semana mostra que Lula vem usando sua influência para chantagear ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em troca da oferta de "blindagem" ao ex-presidente do Supremo Gilmar Mendes na CPI, Lula sugeriu que seria "inconveniente" julgar o mensalão - maior escândalo de seu governo - agora.
As declarações abriram uma crise entre o STF e o ex-presidente da República, agravada na segunda-feira, quando Lula sugeriu que Mendes mentira. Em resposta, na terça-feira, o ministro do STF subiu ainda mais o tom e acusou Lula de operar uma central de fofocas para tentar “melar” o julgamento do mensalão, que tem de acontecer ainda neste ano para que os crimes mais graves não prescrevam.
Nesta quarta, foi a vez de Dilma falar. E em defesa de Lula. Na cerimônia de entrega do 4º Prêmio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a presidente não mencionou o embate entre Mendes e Lula. Em discurso, ateve-se apenas a destacar a atuação do antecessor. "Os processos e as pessoas têm uma ligação. As pessoas no lugar e na hora certos mudam processos e transformam a realidade", disse Dilma. Em seguida, a presidente puxou uma homenagem a Lula. Aos gritos de "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula", a plateia, de cerca de trezentas pessoas, aplaudiu de pé.
"Faço essa homenagem pelo desempenho do presidente Lula em se comprometer no Brasil com a questão do desenvolvimento e da oportunidade aos mais pobres. E seu comprometimento internacional com a luta pela erradicação da pobreza. Todos nós temos esse reconhecimento a prestar a ele", explicou a presidente.
Dilma fazia coro às declarações do secretário-geral do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, Rodrigo Rocha Loures. Minutos antes, ele disse que o ex-presidente proporcionou "uma experiência inédita no Brasil e no mundo de articulação inteligente entre empresários, sindicatos, trabalhadores". "Lula presidiu em 2004 uma memorável oficina nas Nações Unidas em que houve articulação pelo desenvolvimento sustentável. Lula teve um papel central nessa tarefa de animar os empresários", afirmou Loures, pedindo uma salva de palmas ao ex-chefe do Executivo.
O prêmio é concedido a vinte entidades que se destacaram em trabalhos para cumprimento das Metas do Milênio. Estavam presentes a administradora do PNUD, Helen Clark e ministros da área da América Latina, Caribe e África.
Desenvolvimento - A presidente também aproveitou para atacar gestões anteriores. "O slogan 'país rico é pais sem pobreza' parece uma obviedade, mas não é. Ao longo da nossa história, para muitas pessoas, o país poderia ser rico e a população, pobre. Nós estamos mostrando na prática que isso é uma mentira", declarou, muito aplaudida. "É possível preservar nossas florestas, nossos rios, nossa biodiversidade. É possível tudo isso e ao mesmo tempo crescer e desenvolver a produção agrícola, industrial e os serviços".
Às vésperas da Rio+20, a presidente afirmou que é preciso "dar passos à frente" sem abrir mão dos objetivos do milênio. "Nossos passos à frente são expressão da tríade de conservar, proteger, crescer e incluir. Isso significa que teremos de criar metas a serem perseguidas e realizadas. Metas dão a diretriz e mostram o caminho. Acreditamos em acoplar metas do milênio com metas do desenvolvimento sustentável", disse. "Aqui no Brasil aprendemos que políticas de inclusão são decisivas para o crescimento econômico, transformam a sociedade".

Dilma nega risco de crise institucional no caso entre Gilmar Mendes e Lula


Revista disse que Lula pressionou ministro do STF para adiar mensalão.
Em nota, ela disse ser 'falsa' informação de que está preocupada com o caso.A assessoria da presidente Dilma Rousseff disse, em nota divulgada na manhã desta quarta-feira (30), "que são no todo falsas as informações contidas" em reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" sobre as consequências da disputa pública entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal - confira a íntegra da nota no fim desta página.

A reportagem do jornal, publicada nesta quarta, diz que Dilma "avalia que a situação é perigosa, tem potencial de estrago que beira a crise institucional nas relações entre Executivo e Judiciário" e que "transmitiu esse recado" em conversa na terça com o presidente do STF, Ayres Britto. O "Estado de S.Paulo" diz que não comentará a nota do Palácio do Planalto.
A disputa entre Mendes e Lula começou no fim de semana. Reportagem da revista "Veja"relatou encontro entre os dois no qual Lula, segundo a revista, pressionou o ministro com o objetivo de adiar o julgamento do mensalão. Em troca, teria oferecido a Mendes proteção na CPI do Cachoeira, em razão de uma viagem do ministro a Berlim, em companhia do senador Demóstenes Torres. Depois, Mendes confirmou o encontro com Lula e o ex-presidente disse que recebeu a reportagem com "indignação".
Nesta terça, Gilmar Mendes voltou a falar sobre o episódio e afirmou que "gângsters" e "bandidos" estão plantando informações contra ele com o objetivo de atingir o Supremo Tribunal Federal.Lula não comentou - veja no vídeo ao lado.
Leia a íntegra da nota de Dilma A Presidência da República informa que são no todo falsas as informações contidas na reportagem que, em uma de suas edições, apareceu com o título "Para Dilma, há risco de crise institucional", publicada hoje no diário O Estado de S. Paulo. Em especial, a audiência de ontem da presidenta Dilma Rousseff com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, tratou do convite ao presidente do STF para participar da Rio+20 e de assuntos administrativos dos dois poderes. Reiteramos que o conjunto da matéria e, em especial, os comentários atribuídos à presidenta da República citados na reportagem são inteiramente falsos."Nota à Imprensa
Contrariando a prática do bom jornalismo, o Estadão não procurou a Secretaria de Imprensa da Presidência para confirmar as informações inverídicas publicadas na edição de hoje. Procurada a respeito da audiência, a Secretaria de Imprensa da Presidência informou ao jornal Estado de S. Paulo e à toda a imprensa que, no encontro, foram tratados temas administrativos e o convite à Rio+20."

Planalto quer se manter longe da crise

Vera Rosa e Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Preocupada com o acirramento dos ânimos às vésperas do julgamento do mensalão, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo não entrará na briga entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Dilma avalia que a situação é perigosa, tem potencial de estrago que beira a crise institucional nas relações entre Executivo e Judiciário, e transmitiu esse recado na conversa mantida nesta terça-feira, 29, com o presidente do STF, Ayres Britto. O encontro durou uma hora e dez minutos, no Planalto.
Embora petistas estejam fazendo desagravos públicos a Lula, a presidente ordenou silêncio aos auxiliares após falar com ele por telefone. A ordem é blindar o Planalto dos torpedos vindos da CPI do Cachoeira e dos ataques de Mendes.
Lula estará nesta quarta-feira, 30, em Brasília, onde fará uma palestra no 5.º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, e vai se encontrar com Dilma. Pela estratégia definida até agora, o governo fará de tudo para se desviar da polêmica e repassará a tarefa das respostas políticas ao PT. O ministro do STF jogou nesta terça mais combustível na crise, ao responsabilizar Lula por uma “central de divulgação” de intrigas contra ele.
Embora dirigentes do PT saiam em defesa de Lula, a cúpula do partido avalia que é preciso calibrar o contra-ataque, porque qualquer reação intempestiva contra o Judiciário prejudicaria os réus do mensalão.
Fora do foco. “Não acreditamos que Mendes nem nenhum integrante do Supremo esteja ligado ao crime organizado de Carlinhos Cachoeira”, disse o deputado Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara. “A CPI não foi instalada para apurar possíveis desvios de conduta de ministros do Supremo, mas, sim, para desbaratar o crime organizado de Cachoeira. Quem alimenta esse tipo de polêmica quer desviar o foco da CPI e vamos dar um basta nisso, encerrando essa polêmica.”
Mesmo ressalvando que não baterá boca com Mendes, o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT, achou “estranha” a versão do magistrado sobre o encontro. “Por que Lula iria falar com um ministro que foi indicado pelo PSDB e não com os oito que ele indicou?”, questionou. “E por que Mendes só divulgou essa conversa um mês depois, às vésperas do depoimento de Demóstenes Torres no Conselho de Ética?”

Fifa e COL apresentam slogan oficial da Copa do Mundo de 2014

RIO - A Fifa e o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 anunciaram oficialmente na noite desta terça-feira, a frase "Juntos num só ritmo'' - "All in one rhythm'', em inglês - como slogan da competição. O anúncio foi feito no Rio de Janeiro, ao fim de um dia de reuniões entre membros da Fifa e do COL. Nesta quarta, às 11 horas da manhã, no também na cidade carioca, será divulgada a tabela da Copa das Confederações de 2013.
'Juntos num só ritmo' foi registrado em um escritório de patentes na Europa - Reprodução
Reprodução
'Juntos num só ritmo' foi registrado em um escritório de patentes na Europa
Das reuniões, realizadas na sede do COL, participaram integrantes do órgão como o ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que chegou pela manhã ao País.
O lançamento do slogan foi seguido de um vídeo (youtube.com/fifatv) produzido pela TV Globo, com 30 segundos, com imagens de pontos turísticos do Brasil, crianças jogando bola e muita alegria, ao som de samba. Ronaldo, Robinho, Neymar, e também o argentino Lionel Messi, aparecem no vídeo.
A frase também terá versões em espanhol, francês e alemão. Todas foram registradas em um escritório europeu responsável por patentes.
O slogan, criado pela agência de comunicação brasileira Aktuell,  é muito mais do que um lema. Ele representa a mentalidade que está por trás de todos os aspectos da organização do torneio. Além disso, influenciará a elaboração das músicas-tema das Fan Fest e as cerimônias de abertura e de encerramento; as reuniões informativas com a equipe e os voluntários do torneio; e as campanhas da Fifa, do COL, das cidades-sede e dos governos estaduais e federal.
"O slogan oficial é o resultado de um esforço conjunto entre o Brasil e o mundo do futebol para encontrar uma mensagem unificadora que represente o toque único que o país oferecerá à Copa do Mundo'', disse Valcke ao site da Fifa. "Com base na ideia central do 'ritmo', ele unirá as torcidas no Brasil e no exterior em torno do que será uma celebração colorida e vibrante em um ritmo exclusivamente brasileiro.''
O slogan oficial representa a essência dos cinco pilares que simbolizam o Brasil: uma sociedade coesa, o poder da inovação, uma natureza extraordinária, um futebol vibrante e a terra da felicidade.
"O slogan é um convite para que todos os brasileiros se unam e celebrem o imenso sentimento de orgulho pela posição que o nosso país ocupa no cenário global e pelo nosso papel como anfitriões da Copa do Mundo'', afirmou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. "Também é um convite a todos, brasileiros e visitantes estrangeiros, para que, ao longo do torneio, encontrem e explorem o novo ritmo do Brasil: o ritmo da união e da diversidade, da inovação, da natureza, do futebol e da cultura brasileira.''
"O futebol é tudo para o povo brasileiro'', lembrou Ronaldo, integrante do Co nselho de Administração do COL. "É por isso que ele tem um potencial tão grande de unir as pessoas e de ser uma influência positiva.'' "Ele mostra a nossa criatividade, a mentalidade aberta, a maneira positiva de encarar a vida e a nossa cordialidade'', acrescentou Bebeto.

Itália não se preparou para terremotos, diz sismólogo da UnB

Especialista destaca fragilidade de construções antigas da região

Do Portal Terra

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Os danos causados pelo terremoto que atingiu a Itália nesta terça-feira, e que deixou um saldo de pelo menos 15 mortos, poderiam ser evitados se o país estivesse preparado para enfrentar os abalos. Essa é a opinião do chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), professor Lucas Vieira de Barros. "Não faz sentido um terremoto dessa magnitude produzir tantos danos. Se os mesmos tremores fossem sentidos no Japão, por exemplo, provavelmente não teríamos nenhum impacto", afirma o pesquisador.
Segundo Barros, a Itália é um país sísmico, ou seja, está em uma região que apresenta falhas geológicas, e que por essa condição deveria se preparar para evitar tragédias maiores. "As construções são antigas e não há empenho em melhorar a qualidade das estruturas", diz o sismólogo ao destacar que os abalos dificilmente acontecem de forma isolada.
"O que vimos semana passada e que teve continuidade hoje foi uma sequência sísmica. Ocorre o que chamamos de pré-abalos, de menor magnitute, depois acontece o sismo maior e posteriormente voltam a ocorrer abalos menores. O tempo de duração dessa sequência depende da magnitude do sismo maior, mas isso pode levar meses e até anos", afirma. De acordo com Barros, ainda não há informações suficientes para prever se o maior tremor desta manhã, que atingiu 5,8 graus, é o maior.
Ele ainda compara o terremoto de hoje na Itália com outro que aconteceu na segunda-feira o norte da Argentina. No caso do nosso país vizinho, embora a magnitude fosse maior, ele não causou danos à população porque ocorreu a uma grande profundidade. "O epicentro foi a mais de 500 km da superfície, já o da Itália foi raso, a cerca de 10 km".
A italiana Ilaria Mameli, que estuda em Milão, concorda com o pesquisador da UnB sobre a falta de preparo do país para enfrentar os tremores. Ela disse que os estudantes do sul da Itália são treinados desde o ensino primário com simulações de emergência para evacuação durante terremotos. "Eu acho que o problema maior não é treinamento. As pessoas são treinadas para isso, mas as construções são antigas e não foram planejadas para enfrentar esses abalos. Se você ver as pessoas que morreram, a maioria são retiradas dos seus locais de trabalho", completou a estudante.
O terremoto de 5,8 graus na escala Richter matou ao menos 15 pessoas e espalhou o pânico entre moradores da região da Emilia-Romagna, que ainda vivem em barracas após o outro tremor que destruiu suas casas há dez dias. Outros dois tremores um pouco mais fracos foram sentidos na sequência: um de 5,3 graus e outro de 5,1 graus, ambos com epicentro na província de Modena. Embora de menor intensidade, os últimos terremotos foram fortemente advertidos devido ao fato de terem ocorrido em menor profundidade, explicou o Instituto italiano de Geofísica. Desde a manhã desta terça, a terra não deixou de tremer e ocorreram cerca de 40 réplicas de menor intensidade.

terça-feira, 29 de maio de 2012

PGR envia à primeira instância representação contra Lula

Reportagem de VEJA mostra que o ex-presidente tem feito investidas junto a ministros do STF para atrasar o julgamento do mensalão

Laryssa Borges
Sem foro: investigação será na primeira instância Sem foro: investigação será na primeira instância (Felipe Dana/ AP)
Sob o argumento de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem mais direito a foro privilegiado, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou nesta terça-feira à Procuradoria da República no Distrito Federal a representação que partidos de oposição no Congresso protocolaram no Ministério Público contra o cerco de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Reportagem da edição de VEJA desta semana mostra que o ex-presidente tem feito investidas junto a ministros da mais alta corte do país para atrasar o julgamento dos réus do esquema do mensalão, o maior escândalo político do governo Lula. O petista procurou pessoalmente o ministro Gilmar Mendes, do STF no final de março para defender que o julgamento fosse realizado apenas após as eleições municipais de outubro. Em troca, Lula ofereceu ao magistrado blindagem na CPI do Cachoeira. “É inconveniente julgar esse processo agora”, disse o ex-presidente do ministro.
Na representação contra Lula, o cerco aos ministros do Supremo é classificado pela oposição como coação, tráfico de influência e tentativa de obtenção de vantagem indevida. A investida contra os magistrados do STF foi classificada como “indevida” pela oposição. Porém, tanto o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), quanto o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), rejeitaram a possibilidade de o ex-chefe do Executivo se explicar à comissão de inquérito, instância sobre a qual o petista alega exercer influência.
Nesta terça, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse ser "inevitável" que debates sobre o julgamento do mensalão sejam levados a autoridades. "O tema do mensalão e as discussões com os ministros do STF são normais. Eu em várias oportunidades tive encontros em que o tema aconteceu. É inevitável", afirmou.

Sobre o encontro revelado por VEJA entre Lula e Gilmar Mendes no escritório do ex-ministro e ex-presidente do STF, Nelson Jobim, Maia resumiu: “É perfeitamente normal que três pessoas que dialogam sobre a política, ao se encontrarem, tratem sobre esse assunto e façam comentários sobre esse tema”.

Gilmar Mendes diz ser alvo de 'intrigas' por parte de Lula

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria a "central de divulgação" de intrigas contra ele e que a tentativa de envolver seu nome no esquema do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tem como objetivo "constranger o tribunal" para "melar o julgamento do mensalão".
"O objetivo [de ligar seu nome ao de Cachoeira] era melar o julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção. Era isso. Tentaram fazer isso com o Gurgel e estão tentando fazer isso agora", afirmou o ministro, fazendo referência às críticas recebidas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ter segurado investigação, em 2009, sobre a relação entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
Mendes diz que, durante um encontro com Lula no escritório do advogado Nelson Jobim, o ex-presidente teria insistido em argumentar que o mensalão não deveria acontecer neste ano. Após ouvir do ministro do Supremo que o julgamento deve, de fato, ser realizado em breve, Lula teria então começado a fazer ilações sobre a possibilidade de Mendes ser investigado na CPI do Cachoeira.
A assessoria de Lula afirma que ele não vai comentar as declarações de Mendes feitas hoje. Ontem, o ex-presidente divulgou nota dizendo estar "indignado" com a versão, que foi relatada pela revista "Veja" e não é corroborada por Jobim.
Nesta terça-feira, Gilmar Mendes diz que desde sempre defendeu a realização do julgamento do mensalão ainda este semestre. "Não era para efeito de condenação. Todos vocês conhecem as minhas posições em matéria penal. Eu tenho combatido aqui o populismo judicial e o populismo penal".

Daniel Marenco/Marcelo Camargo/Folhapress
O ministro Gilmar Mendes (dir.), do Supremo, acusa Lula de comandar 'central de divulgação' de intrigas
O ministro Gilmar Mendes (dir.), do Supremo, acusa Lula de comandar 'central de divulgação' de intrigas
"Mas por que eu defendo o julgamento? Porque nós vamos ficar desmoralizados se não o fizermos. Vão sair dois experientes juízes, que participaram do julgamento anterior, virão dois novos, que virão contaminados por uma onda de suspicácia. Por isso, o tribunal tem que julgar neste semestre e por isso essa pressão para que o tribunal não julgue", completou.
Visivelmente irritado e com o tom de voz alterado, Mendes diz que foi alvo de "gângsteres", "chantagistas" e "bandidos", que estavam "vazando" informações sobre um encontro que teve com Demóstenes, em Berlim, e que a viagem teria acontecido após Cachoeira disponibilizar um avião ao senador.
"Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gângsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos que ficam plantando essas informações", disse o ministro, que apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas emitidas na TAM pelo Supremo Tribunal Federal.
Questionado se o ex-presidente Lula estaria entre os tais bandidos e gângsters, Mendes apenas respondeu que ele está "sobreonerado" com a tarefa de adiar o julgamento do mensalão. "Estão exigindo dele uma tarefa de Sísifo [trabalho que se renova incessantemente]", disse. Ele não disse quem seriam "eles" a exigir a tarefa.
Mendes afirmou ter dito a Lula que vai a Berlim como o ex-presidente vai a São Bernardo, que frequenta a cidade europeia desde 1979 e que possui atualmente uma filha que vive lá.
Segundo o ministro, ele não precisa de "fundo sindical, nem dinheiro de empresa" para viajar. Mendes citou que apenas um livro seu, o "Curso de Direito Constitucional", vendeu mais de 80 mil cópias desde 2007 e que com o dinheiro poderia dar "algumas voltas ao mundo".
"Vamos parar de futrica. Não preciso ficar extorquindo van para obter dinheiro. O que é isso. Um pouco mais de respeito", afirmou.
O ministro, então, relatou que entre 2010 e 2011 viajou duas vezes para Goiânia em aviões cedidos por Demóstenes Torres, mas que tais fatos são públicos. Segundo Gilmar Mendes, mesmo se, na ocasião de Berlim, o senador goiano tivesse oferecido uma carona, isso não seria um problema.
"Eu poderia aceitar tranquilamente. Estava me relacionando com o senador que tinha o mais alto conceito na República. Até pouco tempo nós discutíamos com ele todos os projetos".

Veja frases de Demóstenes Torres no Conselho de Ética

Senador se defendeu em processo que pode levar à cassação.
Ele negou que tenha usado mandato para beneficiar Cachoeira.

Do G1, em Brasília
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) se defendeu nesta terça-feira (29) no Conselho de Ética no processo que pode levar à perda do mandato. Suspeito de usar o mandato em favor do bicheiro Carlinhos Cachoeira, ele negou conhecimento ou envolvimento com atividades ligadas ao jogo.
Veja frases de destaque durante o depoimento:
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no Conselho de Ética (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)O senador Demóstenes Torres, no Conselho de
Ética (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Relação com Cachoeira
"O que eu sabia era que me relacionava com um empresário que se relacionava com cinco governadores, e outras dezenas de políticos e empresários. Sim, ele tinha vida social sim [...] Reafirmo que tinha amizade com ele, sim".
"Acho que todo mundo [se sentiu traído], não é? E todo mundo que se relacionou com ele não tinha conhecimento porque todos nós ficamos na pior situação".
"O governador disse isso, disse a mim também – que ele [Cachoeira] não lidava mais com o jogo. [...] Então, evidentemente, aqui foi realmente jogar verde, tanto é que nenhuma operação acontece".
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no Conselho de Ética (Foto: Wilson Dias/ABr)O senador Demóstenes Torres, no Conselho de
Ética (Foto: Wilson Dias/ABr)
Jogo
"Eu não tenho nada a ver com o jogo. Devo essa explicação principalmente à minha mulher, que suportou comigo todos esses momentos, e aos meus filhos e às senhoras e aos senhores".
"Os procuradores, os delegados, o procurador-geral da República, a subprocuradora podem até brigar, mas em um ponto eles convergem: eu jamais tive participação em qualquer esquema de jogos ilegais".
"Eu indago a qualquer um: se eu procurei qualquer Senador, desta legislatura ou da outra legislatura, para discutir sobre legalização de jogos? Jamais fiz isso."
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no Conselho de Ética (Foto: Wilson Dias/ABr)O senador Demóstenes Torres, no Conselho de
Ética (Foto: Wilson Dias/ABr)
Dinheiro
"É preciso dizer que nem R$ 1 milhão, nem R$ 1 mil, nem R$ 3 milhões, nem nada, em nenhum momento isso entrou na minha conta ou me foi dado de qualquer outra maneira".
"Meu patrimônio [...] é um patrimônio de quinhentos e poucos mil reais e que será quadruplicado – não foi – dentro de trinta anos".

"Podem quebrar [sigilo bancário] em qualquer momento, posso até entregar as contas".
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no Conselho de Ética (Foto: Wilson Dias/ABr)O senador Demóstenes Torres,no Conselho de
Ética (Foto: Wilson Dias/ABr)
Delta
"Como é que eu posso ser sócio de alguém que eu não conheço?".
"O sócio oculto da Delta não sou eu. Se tem algum sócio oculto da empresa Delta procurem com uma lupa maior aí porque efetivamente não sou eu".
Mandato
"Confesso para os senhores que pensei nas piores coisas, pensei em renunciar o meu mandato".
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no Conselho de Ética (Foto: Pedro França/Agência Senado)O senador Demóstenes Torres, no Conselho de
Ética (Foto: Pedro França/Agência Senado)
Vida, Deus, fé
"Vivo o pior momento da minha vida. Vivo um momento pelo qual jamais imaginaria passar".
"Eu passei a enfrentar o que nunca tinha enfrentado na minha vida: depressão, remédio para dormir que não faz efeito, fuga dos amigos e, talvez, a campanha sistemática mais orquestrada da história do Brasil".
"Acho que minha atuação era pautada mais pelos homens do que por Deus. Se eu cheguei aqui foi porque eu readquiri a fé".
"Acho que ninguém pode usar o nome de Deus em vão como estratégia de defesa. Eu sou um carola, senador".

Exército apresenta Centro de Operações da Rio+20

"Não é treinamento, é guerra", afirma general que coordena as ações de segurança para o evento da ONU. Pela primeira vez, Brasil terá ação preparada para conter ataques cibernéticos

Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
O Centro de Operações da segurança da Rio+20, no Comando Militar do Leste: preparaticos contra o ciberterrorismo O Centro de Operações da segurança da Rio+20, no Comando Militar do Leste: preparaticos contra o ciberterrorismo (Ernesto Carriço/AG.ODia)
O Exército apresentou na tarde desta terça-feira o Centro de coordenação de operações da Rio+20 montado no Palácio Duque de Caxias, no centro do Rio, para coordenar a movimentação de 15 mil homens e mulheres das forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, entre outros órgãos, envolvidos na segurança do evento. A sala, equipada com cerca de 50 computadores, um telão e quatro monitores, vai abrigar os chefes de todas as instituições empregadas no planejamento para que decisões possam ser tomadas de forma rápida e precisa. Entre as possíveis ameaças previstas para a segurança dos mais de cem chefes de estado ou governo que já confirmaram presença na conferência estão sequestro, terrorismo e ciberterrorismo.

De acordo com o general Adriano Pereira Júnior, responsável pela coordenação de todas as forças, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal, com o apoio de agências de inteligência de outros países, estão trabalhando para antecipar qualquer ameaça. O general assegura que não há motivos para grandes preocupações, mas afirma que a operação estará pronta para intervir diante de qualquer evento.

"Não é treinamento, é guerra. Nós vamos atuar para colocar em prática", afirmou. "Estamos nos preparando para tudo, mas não há motivos para achar que alguma coisa vai acontecer".

Presente à entrevista coletiva, o ministro da Defesa, Celso Amorim, elogiou o planejamento das Forças Armadas. "Pude constatar que foi feito um planejamento detalhado, com grande número de pessoas e equipamento para que a confêrencia ocorra com tranqüilidade", afirmou. De acordo com Amorim, uma das principais medidas preventivas do planejamento é a antecipação a ataques cibernéticos. "É uma ameaça nova, que pode causar transtorno", afirmou.

Ao todo 44 pessoas estarão sob a coordenação do Centro de monitoramento cibernético, comandado pelo general José Carlos dos Santos. O orçamento para os equipamentos e softwares de defesa cibernética na Rio+20 é estimado em 20 milhões de reais. "É possível interromper o fornecimento de energia através de ataques de hackers, então a energia no Rio Centro virá de geradores", afirmou Santos. "Embora seja fácil derrubar uma página, existem ferramentas que identificam requisições maliciosas que estão sendo preparadas exclusivamente para a Rio+20. Isso diminuirá bastante a possibilidade de derrubar a página principal".

Terrorismo - De acordo com o general Adriano, pelo menos cinco comandos especializados em ações anti-terror estarão de prontidão - Brigada de Operações Especiais do Exército, Fuzileiros Navais, Bope, Polícia Civil e Polícia Federal. "A Abin está fazendo trabalho de inteligência. A probabilidade é baixa. Mas por mais baixa que seja, estamos nos prevenindo", afirmou o general Adriano.
Nenhum aeroporto será fechado durante a conferência. O que pode ocorrer são modificações de horários da aviação civil porque os aviões que estiverem transportando chefes de governo ou de estado terão prioridade de pouso e decolagem. As principais vias por onde vão passar os comboios - avenida Brasil, Linha Vermelha, Aterro do Flamengo -serão monitoradas com tropas do exército, mas nenhuma comunidade será ocupada. "O Rio está em paz. Vamos tentar intervir o mínimo possível no cotidiano da população", garante o general Adriano.

Comissão do Código Penal aprova descriminalização do uso de drogas

Quantidade que irá configurar "uso pessoal" dependeria ainda de regulamentação da Anvisa

Do Portal Terra
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A Comissão de Juristas do Senado, criada para reformular o Código Penal brasileiro, aprovou nesta segunda-feira (28) a descriminalização do uso de drogas no País. De acordo com a proposta, será presumido uso pessoal uma quantidade de entorpecente encontrada com o usuário que represente consumo médio individual de cinco dias, exceto quando se provar tráfico. A informação é da Agência Senado.
Essa quantificação dependerá ainda de regulamentação específica, a ser elaborada pela autoridade administrativa de saúde, exercida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Identificar se a droga sob a posse do usuário se destina a uso pessoal dependerá, não somente da quantidade, mas também da própria natureza da substância. Além disso, outros aspectos deverão ser examinados pelas autoridades no caso de um flagrante de droga, como a conduta do usuário no momento e ainda as circunstâncias sociais e pessoais em que encontre. "Se a pessoa é surpreendida vendendo droga, não importa a quantidade: é tráfico", explicou o procurador regional da República, Luiz Carlos Santos, em entrevista após a reunião.
Para o tráfico de drogas, os juristas mantiveram tratamento rigoroso, com pena de cinco a dez anos de prisão, além de multa. Configura este tipo de crime um amplo conjunto de condutas: importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender ou até mesmo oferecer drogas ilegais gratuitamente. A mesma pena se estende ao cultivo de plantas para a fabricação de drogas.
As propostas feitas pela comissão de juristas devem ser encaminhadas ao Congresso até o final de junho. Apenas após votação na Câmara e no Senado, as sugestões viram lei.

Ypióca vai elevar em 20% as vendas do Grupo Diage

Comprador da empresa cearense, produtor das marcas Johnnie Walker e Smirnoff, pagou R$ 900 milhões
A aquisição da marca cearense Ypióca - líder no segmento de cachaças premium no Brasil - e de parte de seus ativos pelo grupo britânico Diageo deverá elevar em 20% o volume de vendas da multinacional no País. O acordo, fruto de uma negociação que começou há cerca de um ano e meio, foi anunciado ontem. A transação custou aproximadamente R$ 900 milhões, conforme site da Diageo - líder no mercado mundial de bebidas alcoólicas premium, e detentora de marcas como Smirnoff e Johnnie Walker. Com o controle da Ypióca, o Nordeste passa a responder por um terço do faturamento do grupo em território brasileiro.


Fac-símile da coluna do jornalista Egídio Serpa (edição do último dia 17 de maio), antecipou o valor de venda da companhia cearense ao grupo britânico reprodução

A compra faz parte da estratégia da empresa de alcançar em mercados emergentes metade de sua receita até 2015. A previsão é de que a transição esteja concluída em mais um mês, atendendo a questões meramente burocráticas, segundo anunciado ontem pelo presidente da Diageo para o Brasil, Uruguai e Paraguai, Otton Von Sothen.

Conforme disse, a operação envolve a aquisição de 100% da marca cearense de cachaça, uma destilaria localizada em Paraipaba - a 100 km da Capital - a unidade de envasamento de Messejana, na Região Metropolitana de Fortaleza, e o centro de distribuição que fica em Guarulhos, em São Paulo. Nesse processo, a Diageo acrescenta mais 700 funcionários às suas operações no Brasil.

De acordo com Von Sothen, na avaliação da compra, o grupo considerou a força da cachaça no País, refletindo a cultura nacional e a posição da Ypióca (terceira em volume e segunda em valor) entre as suas concorrentes. A multinacional também destaca a estrutura de distribuição da empresa pelo Brasil, em especial no Nordeste, com 250 mil pontos de venda.

Expansão

Com a aquisição, a Diageo deseja ampliar a participação da Ypióca no mercado brasileiro, atualmente em 8%. "Existe uma oportunidade muito grande para crescer. Hoje, a Ypióca tem 70% de suas vendas no Ceará e vamos buscar a expansão para o Nordeste e o Brasil, além de fortalecermos nossas marcas na região", adiantou o executivo. De acordo com ele, no ano passado, a Ypióca produziu 6,6 milhões de caixas de nove litros, representando um crescimento de 13% sobre o ano anterior, acima da média do setor.



Operação

Conforme explicou Von Sothen, a ideia, a princípio, é operar a Ypióca de forma exclusiva. "Serão mantidos todos os rótulos e a força de vendas. Mas vemos uma oportunidade de complementaridade", informou, descartando ainda o desligamento de funcionários. "Não temos a intenção de mudar nada no gerenciamento da empresa. Será tratada como uma unidade de negócios à parte. A aquisição se deu exatamente em função do trabalho bem feito, desenvolvido até agora", avalia.

Ainda segundo ele, o atual presidente da Ypióca, Everardo Telles, passa para o Conselho Consultivo, mas sem função executiva. "Compramos 100% da marca e a transição será tranquila e nos próximos dias a família Telles sai totalmente do comando. Foi uma transação com um parceiro competente, que fabrica produtos de qualidade", elogiou Von Sothen. Segundo a Diageo, o negócio, além de expandir a presença do grupo no Brasil, dá mais acesso ao "número crescente de consumidores de classe média que estão puxando a elevação das marcas premium". "Neste ano, nossa meta é crescer dois dígitos em todas as categorias".

Incentivos fiscais serão mantidos para o comprador

De acordo com legislação vigente do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI) do Ceará, todos os benefícios fiscais hoje concedidos às operações do grupo Ypióca serão transferidos automaticamente para Diageo, que passa a controlar a empresa.


Produção de etanol e o Y-Park continuam sob o comando da família Telles, assim como fábrica de embalagens e outros braços do grupo Fotos: Alex Costa/Divulgação
Conforme o FDI, dependendo da atividade, dentre outros quesitos, o investidor pode vir a gozar de até 75% de diferimento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Porém, por conta do sigilo fiscal, o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cede) não divulga os benefícios concedidos às empresas.

Como fica

A Ypióca vendeu apenas um dos seus oito ramos de atuação. Permanecem no grupo os setores de água mineral (Naturágua); papel e papelão (Pecém Agroindustrial Ltda); embalagens e garrafas pet (Yplastic); produção de cana-de-açúcar, etanol, milho, feijão, leite e criação de suínos, caprinos e ovinos; e ainda o Y-Park, com diversas atrações, em Maranguape.

O que foi vendido foi a divisão de bebidas alcoólicas com a marca Ypióca, incluindo ai a unidade de Paraipaba, a fábrica de envasamento em Messejana e o centros de distribuição de Guarulhos (São Paulo). As fábricas em Ceará Mirim (Rio Grande do Norte), Pindoretama, Acarape e Jaguaruana (Ceará) continuam com a família Telles, mas com contrato de produção exclusiva de cachaça para a Diageo.

Atualmente, são gerados cerca de 3,2 mil empregos diretos e 23 mil indiretos.

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Para comunicar a aquisição da empresa cearense, o presidente do Grupo Diageo para o Brasil, Uruguai e Paraguai, Otto Von Sothen, visitou na tarde de ontem o governador Cid Gomes, no Palácio da Abolição.

Perfil

A Diageo é líder mundial na produção de bebidas alcoólicas premium, com uma coleção de marcas nas categorias de destilados, vinhos e cervejas. A multinacional opera em mais de 180 países. Cerca de 60% do volume que é vendido no Brasil são produzidos localmente. Hoje, a Diageo emprega 400 pessoas. (ADJ)

ANCHIETA DANTAS JR.REPÓRTER

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lula diz estar 'indignado' com notícia sobre reunião com ministro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira estar indignado com a reportagem da revista "Veja" na qual o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirma ter ouvido do petista pedido de adiamento do julgamento do mensalão.
"Meu sentimento é de indignação", afirmou o ex-presidente em nota.
Segundo a revista, Mendes relatou que, em encontro em abril, Lula propôs blindar qualquer investigação sobre ele na CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Em troca, o ministro apoiaria o adiamento do julgamento.
De acordo com a nota de Lula, a versão da revista sobre a conversa é inverídica.
Lula afirma que nunca interferiu em decisões do Supremo e da Procuradoria-Geral da República nos oito anos que foi presidente, inclusive na ação penal do mensalão.
"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
Nesta segunda-feira, a oposição informou que vai ingressar com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente.
DEM, PSDB, PPS e PSOL afirmam que Lula cometeu três crimes e precisa ser responsabilizado judicialmente.
A reunião ocorreu no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro do governo Lula e ex-ministro do Supremo.
Lula disse a Mendes, segundo a "Veja", que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o ministro se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado na CPI.
Jobim confirmou o encontro em seu escritório, mas negou o teor.
LEIA A NOTA
Sobre a reportagem da revista "Veja" publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF Gilmar Mendes sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria-Geral da República em relação a ação penal do chamado mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. "O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.
Assessoria de imprensa do Instituto Lula

Editoria de Arte/Folhapress

'Está errado', diz ministro sobre reunião de Mendes com Lula

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello afirmou ontem que nunca deveria ter ocorrido o encontro em que o colega Gilmar Mendes disse ter recebido do ex-presidente Lula pedido para adiar o julgamento do mensalão. "Está tudo errado", afirmou.
Sérgio Lima - 19.dez.2011/Folhapress
Ministro do STF Marco Aurélio Mello
Ministro do STF Marco Aurélio Mello
Segundo reportagem da "Veja" desta semana, Lula ofereceu em troca blindagem na CPI criada para investigar supostas relações criminosas de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários. O ex-presidente nega o teor da conversa.
FOLHA - Como o sr. avalia esse encontro do ministro Gilmar Mendes com o ex-presidente Lula e o pedido de adiar o julgamento?
MARCO AURÉLIO MELLO - Está tudo errado. É o tipo de acontecimento que não se coaduna com a liturgia do Supremo Tribunal Federal, nem de um ex-presidente da República ou de um ex-presidente do tribunal, caso o Nelson Jobim tenha de fato participado disso.
Interfere no funcionamento da Corte?
Precisamos compreender uma coisa: ministro do Supremo não é cooptável. No dia em que for, teremos que fechar o Brasil para balanço
O sr. acha que o mensalão pode ser, de fato, adiado por pressões políticas?
Se eu fosse advogado de algum acusado estaria muito chateado com a situação. Pois parece um gol contra. Mas como julgador, continuo no mesmo patamar de isenção. Nada repercute. É o que eu tenho dito. Esse é um processo como tantos outros. Quando for liberado, será julgado. O que me preocupa é outra questão. Se tem gente que pensa que, diante de um ministro do Supremo, que é o órgão máximo do Judiciário, é capaz de interferir, interceder, influenciar, imagina o que deve acontecer com um juiz de primeira instância.
Na sua avaliação, esse episódio de fato aconteceu?
Não posso presumir que o ministro Gilmar Mendes tenha criado esse episódio. O presidente Lula tem uma forma de tocar as coisas concernente ao mundo privado, que funciona em sindicatos, onde ele cresceu. Agora, no campo público é diferente.

Impostômetro atinge a marca de RS 600 bilhões

Valor foi atingido três dias mais cedo que no ano passado

Reprodução do site www.impostometro.com.br Reprodução do site www.impostometro.com.br (Reprodução)
O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) alcançou na madrugada desta na segunda-feira a marca de 600 bilhões de reais em tributos federais, estaduais e municipais pagos pelos brasileiros desde o dia 1º de janeiro. O valor foi atingido três dias mais cedo que no ano passado.
Segundo a entidade, o ano de 2011 terminou com um total de 1,5 trilhão de reais em tributos pagos, recorde desde a criação do Impostômetro, em 2005. Para este ano, a previsão é de que a arrecadação chegue a R$ 1,6 trilhão de reais.
O presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato, afirma que houve uma desaceleração no ritmo de crescimento do pagamento de tributos pelos brasileiros.
"Embora reduzir impostos setoriais seja uma decisão positiva, ainda que paliativa, é preciso pensar também em reduzir os gastos dos governos para que sobre dinheiro para investir na infraestrutura e reduzir o custo Brasil, sem o que jamais seremos competitivos na guerra comercial que se trava hoje no mundo globalizado", afirma Amato, em nota distribuída à imprensa.
O Impostômetro foi lançado em 20 de abril de 2005. O levantamento considera os tributos arrecadados pelas três esferas de governo: impostos, taxas e contribuições, incluindo multas, juros e correção monetária.
(Com Agência Estado)

domingo, 27 de maio de 2012

PSDB quer interpelar Lula sobre cerco ao STF

Tucanos estudam levar ex-presidente à Justiça ou à CPI. Pressão de petista pelo adiamento do julgamento do mensalão foi revelada por VEJA

STF e Lula (no detalhe)
O PSDB estuda formas de interpelar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem, diretamente ou com ajuda de interlocutores, cobrando de ministros do Supremo Tribunal Federal o adiamento do julgamento dos acusados de envolvimento no escândalo do mensalão – que colocará no banco dos réus figuras de destaque do PT. Setores do partido discutem se a melhor formar de inquirir o petista é na Justiça ou convocando-o para depoir na CPI do Cachoeira. A estratégia será definida nesta segunda-feira, véspera da sessão da CPI em que pode ser decidida a convocação do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB).
A ofensiva de Lula foi revelada por reportagem de VEJA publicada neste fim de semana. Em um dos episódios, Lula abordou diretamente o ministro do STF Gilmar Mendes. Em um encontro em Brasília, ocorrido no escritório do ex-ministro de governo e também do Supremo Nelson Jobim, Lula afirmou a Mendes que detém o controlo político da CPI e, em seguida, propôs um acordo: o adiamento do julgamento do mensalão para 2013 em troca da blindagem do ministro na CPI.
O ex-presidente insinuou que o ministro do Supremo teria viajado para a Alemanha com o senador Demóstenes Torres, cujas ligações com o contraventor Carlos Cachoeira são notórias, às custas do bicheiro. O ministro confirmou a realização da viagem, mas disse que bancou as despesas com dinheiro próprio e que tem como provar isso. "Vou a Berlim como você vai a São Bernando. Minha filha mora lá", disse Mendes a Lula. Por fim, o ministro diz à reportagem de VEJA: "Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula."
À luz da reportagem, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) classificou, neste domingo, como graves as denúncias contra Lula. "Até amanhã (segunda-feira) a gente troca ideias sobre qual vai ser o procedimento. O que houve foi uma afronta a duas instituições: o Congresso e o Judiciário."
Integrante da CPI, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) disse ter conversado com o líder do partido na Câmara, Bruno Araújo (PE), que lhe deu aval para defender a convocação de Lula na CPI. Nesta segunda-feira, a bancada tucana na Casa se reúne para fechar uma estratégia para o caso.
"A denúncia é gravíssima: um ex-presidente dizer que manda na CPI e usar isso para chantagear um ministro do Supremo", disse Francischini. "Se é mentira, o Lula tem de vir a público se explicar. É quase impossível um encontro fortuito entre duas autoridades desse porte", acrescentou.
O PT costura com partidos aliados um acordo para a convocação de Perillo e, possivelmente, do governador de Tocantins, Siqueira Campos, outro tucano citado nos grampos da PF. Um depoimento de Agnelo Queiroz (PT-DF) também pode ser aprovado, embora a oposição não tenha votos suficientes.

Saiba como impedir que ladrões acessem dados no celular após roubo

Guardamos muitas informações pessoais no celular. Está tudo lá, basta um toque. Imagine o risco se tudo isso cair nas mãos de um bandido.

CÉSAR MENEZES São Paulo
Além do trauma e do prejuízo material que um assalto pode provocar, há outro efeito do qual nem todos se dão conta: é o risco de ver dados confidenciais, como senhas ou e-mails, acabarem nas mãos de criminosos.
Marcela guarda todos os documentos na carteira. "Tem habilitação, meu CPF, meu título de eleitor”, lista.
O ideal é levar o mínimo possível. Lembre-se: uma conta de energia tem o endereço de casa. Os extratos mostram o número de conta bancária. E os recibos das compras no cartão são um perigo.
"Caso cair na mão errada, ele sabe quanto a gente gasta, onde a gente frequenta, com o que a gente gasta. É mais uma preocupação para ter depois", alerta Chen Gilad, diretor de empresa de segurança.
Além da bolsa, o ladrão sempre quer o celular, que entregamos com uma quantidade enorme de informações. Faça um teste. Pegue seu telefone e veja a sua lista de contatos, as mensagens que enviou ou recebeu e nunca se lembrou de apagar. As redes sociais, os e-mails. Está tudo lá, basta um toque. Imagine o risco se tudo isso cair nas mãos de um bandido.
Em caso de assalto, a primeira providência é ligar para a operadora para bloquear a linha e desativar o aparelho, informando o 'Imei', que é o registro dele na Anatel. Para saber o seu 'Imei', tecle * # 0 6 #. Anote o seu número. Assim, o telefone não pode mais ser usado para fazer ligações. Mas o que está registrado nele ainda pode ser visto.
Por isso, use um protetor de tela com código. A assistente comercial Carina Teixeira não fazia isso e, quando levaram o celular dela, foi um pesadelo.
"Tinha todas as minhas informações principais, como endereço, troca de e-mail onde tem senha de banco, acesso aos meus e-mails”, lembra.
Não guarde mensagens com dados pessoais. Na agenda de contatos, coloque apenas nomes, nunca o parentesco.
“Podem ligar para as pessoas que você tem relacionamento afetivo ou familiar para fazer chantagem", explica Ricardo Giorgi, professor de segurança da informação.
Depois de navegar nas redes sociais, sempre se desconecte. Colocar a senha dá trabalho, mas é mais seguro.
"Se esse celular for furtado, o atacante ou o ladrão vai clicar lá e vai ser você. E que informações ele vai colocar?", acrescenta Ricardo.
Existem programas que limpam a memória do celular à distância. Mas isso só funciona para alguns modelos. O melhor é ter bom senso.
“Não prepare as informações para o atacante, guarde suas informações privadas de uma forma com responsabilidade e com cautela", finaliza o professor.

Nasce uma usina à prova de terremotos

ISTOÉ teve acesso às obras de Angra 3 e revela os segredos que podem fazer dela uma das usinas mais seguras do mundo

Michel Alecrim

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PROTEÇÃO
Um quebra-mar protege o terreno contra ondas de até 4,5 metros de altura e a
estrutura foi projetada para suportar um terremoto de até 7,5 graus na escala Richter
Quem passa pela translitorânea BR-101, na parte que margeia o sul do Estado do Rio de Janeiro, já vê metade do prédio do reator da usina nuclear Angra 3, pronto para receber sua característica cúpula de concreto. Depois de 30 anos de espera, cercada de sigilo e polêmicas, a expectativa é de que a unidade comece a gerar energia no fim de 2015. A reportagem de ISTOÉ esteve no local e viu um frenético campo de obras tocadas por três mil operários, que trabalham em turnos dia e noite. Para o que se espera de um centro de abastecimento de energia, as dimensões são até modestas, o diâmetro do prédio principal é de 56 metros e a altura chegará a 65 metros. Mas vários detalhes impressionam, como a galeria que formará caminho subterrâneo, inclusive passando dentro de uma rocha, para que as águas do mar entrem e possam resfriar a usina. Paradisíaca, a praia está separada de turistas e moradores de Angra dos Reis apenas por uma montanha, atrás da qual fica um dos resorts mais sofisticados do balneário, o Hotel do Frade. Mas os prognósticos tranquilizam a vizinhança: Angra 3 será uma das primeiras usinas a ser construída após o trágico acidente de Fukushima, no Japão (2011), e pode ser considerada uma das mais seguras do mundo.

O terceiro reator da central instalada em Angra será totalmente controlado com equipamentos digitais e terá condições de se manter funcionando, mesmo se uma catástrofe parecida com a de Fukushima – terremoto seguido de tsunami – ocorrer no Brasil. Em qualquer processo industrial, 60% das falhas têm como motivo fatores humanos. Com a tecnologia digital, a operação fica mais independente e mais segura, diz o pesquisador Aquilino Senra, vice-diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ. Senra ressalta que o Brasil não está sujeito a tragédias naturais como as ocorridas no Japão, mas aprendeu com a tragédia do país asiático. O prédio principal é o que vai abrigar o reator. É a estrutura mais protegida do complexo, por ser o local onde o combustível nuclear ficará armazenado e onde ocorrerá a fissão que gera energia. A proximidade de Angra 3 com o mar requer cuidados especiais para que nem o movimento das marés nem qualquer onda cause acidente. Por isso, um quebra-mar protege o terreno contra ondas de até 4,5 metros de altura. A estrutura também foi projetada para suportar um terremoto de até 7,5 graus na escala Richter. Neste caso, no entanto, a hipótese é mais do que remota, pois não há registro desses fenômenos no País.

Outra inovação na usina está sendo avaliada junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Tendo em vista o colapso no fornecimento de energia em Fukushima, que causou o superaquecimento do reator, estuda-se a introdução de um sistema móvel em Angra 3, que seria acrescido aos já projetados. Numa hipótese remota de um maremoto que danificasse todos os sistemas de emergência, geradores a diesel externos entrariam em ação. “Os sistemas de refrigeração do núcleo do reator em Fukushima e em Angra são diferentes. Mas aquele acidente nos obrigou a fazer uma extrapolação nas avaliações de risco”, afirma Alexandre Gromann, coordenador-geral de Reatores Nucleares da Cnen.
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DIGITAL
O reator de Angra 3 será controlado com equipamentos digitais
e terá condições de funcionar, mesmo em caso de catástrofe
Ao caminhar por dentro do prédio de concreto, vê-se já a montagem das chapas de aço que formarão a cápsula para envolver o reator. Mas a etapa que está mais avançada é a do prédio do gerador, uma das quatro obras que vão rodear o central, cujas paredes de concreto estão praticamente prontas. Nele é que o vapor produzido pelo reator movimentará as turbinas que geram energia. Quem entra no setor percebe a importância das variações de temperatura da água para a produção de energia elétrica. Imensas galerias na parte baixa dessa estrutura terão ligação com o mar, cuja função será resfriar o sistema. A vazão de água marinha prevista equivale a uma vez e meia à da estação de tratamento do Rio Guandu, que abastece a Região Metropolitana do Rio.

O superintendente da construção Eletronuclear, José Eduardo Costa Mattos, é o principal responsável por conciliar todas as exigências de segurança com o rigoroso cronograma. Segundo ele, a estrutura do prédio anexo da turbina, onde a energia efetivamente é gerada, está quase pronta, com 35% das obras civis realizadas. “Por conta de uma greve de operários no início do ano, teremos que fazer um ajuste no cronograma, mas o prazo final não será alterado”, afirma o engenheiro, que participou da construção das duas usinas anteriores.

A questão que ainda não está resolvida no projeto é seu licenciamento ambiental. O Ibama concedeu a licença de instalação em 2009, o que permitiu o início das obras. No entanto, uma série de condicionantes teriam que ser cumpridas até a licença definitiva. Uma delas é a construção por parte da Eletronuclear de uma rodovia entre Paraty (RJ) e Cunha (SP). A pavimentação da estrada é necessária para criar uma nova rota de fuga, em caso de acidente nuclear. A obra, estimada em R$ 66 milhões, ainda depende de finalização de estudo do próprio Ibama. Os responsáveis pela obra, no entanto, estão otimistas. Estão convencidos de que a parte burocrática não irá atrapalhar o início do funcionamento da usina pós-Fukushima tida como uma das mais seguras do mundo.
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A derrota do atraso

Ao sofrer dois reveses, a aprovação da lei do Trabalho Escravo e os vetos de Dilma Rousseff ao Código Florestal, a bancada ruralista se vê acuada e perde força política

Izabelle Torres
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PLANO B
Com a aprovacão da PEC do Trabalho Escravo, os ruralistas
agora tentam remediar as perdas elaborando um novo projeto
Nos últimos anos, a bancada ruralista agiu como um trator no Congresso e conseguiu impor sua força na pauta de votações e nos textos de projetos de seu interesse. Formado por 120 deputados, 16 senadores e mais de uma dezena de simpatizantes, o grupo de defensores do agronegócio ditou as regras, argumentando que é responsável pela produção de alimentos do País e banca mais de 22% do PIB brasileiro. A influência foi ampliada graças aos repasses das empresas do setor para financiamento de campanhas eleitorais. Diante de um cenário tão favorável, a bancada acumulou vitórias contundentes, atropelando a ala ambientalista e a onda verde que toma conta de todos os países. Mas tudo começou a mudar na última semana, quando os ruralistas sofreram duas dolorosas derrotas em embates que já consideravam ganhos. Apesar do esforço para obstruir a votação, não conseguiram evitar a aprovação da PEC do Trabalho Escravo, que prevê a desapropriação de terras onde forem encontrados trabalhadores em condições precárias. E, na sexta-feira 25, tiveram de engolir os vetos da presidenta Dilma Rousseff ao novo Código Florestal, que havia sido aprovado de acordo com seus desejos.

Foi justamente durante a votação da PEC do Trabalho Escravo, na terça-feira 22, que a maré começou a mudar para os ruralistas. Depois de impor o adiamento das discussões por oito anos, a bancada se viu acuada pela ofensiva do governo e pressão de entidades não governamentais que defendiam a proposta. Para não se desgastar votando contra o projeto, os parlamentares tentaram no primeiro momento esvaziar a sessão da Câmara que discutia a matéria, numa tentativa de evitar quórum. Não adiantou. Apenas o núcleo linha dura do agronegócio se ausentou, enquanto os mais moderados faziam coro por mais um acordo para adiar a votação, sob o argumento de que o texto não deixava claro o que seria considerado trabalho escravo. Segundo os parlamentares, a falta de definição poderia permitir que fiscais abusassem da autoridade ou cobrassem propinas. Os argumentos foram derrotados e agora a bancada tenta remediar as perdas elaborando um projeto complementar para tentar redefinir o conceito. “Não somos contra a matéria. Nosso temor é de que qualquer autoridade possa interpretar de forma distorcida o cenário e punir um agricultor indevidamente. Era contra isso que estávamos protestando”, diz Moreira Mendes (PMDB-RO), que preside a Frente Parlamentar da Agropecuária.
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TRIUNFO VERDE
A ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente,
anuncia 32 alterações no texto do Código Florestal
A derrota dos ruralistas foi uma surpresa até para quem acreditava no apoio de última hora à PEC do Trabalho Escravo. “Foi a vitória sobre o setor retrógrado, que defende a qualquer custo o direito da propriedade. Essa foi nossa primeira vitória contra o núcleo duro do ruralismo”, comemorou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), logo depois que o placar mostrou 360 votos a favor da proposta e 29 contra. A bancada do agronegócio também viu seus planos ruir com a publicação dos vetos do Código Florestal, cuidadosamente elaborados pela presidenta Dilma e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Depois de impor mais de 30 modificações ao texto negociado pelo governo, os ruralistas conseguiram aprovar o projeto na Câmara concedendo diversas regalias ao setor, como a anistia a desmatadores e a liberação da obrigatoriedade de recuperar áreas de preservação. Mas esbarraram na caneta presidencial e na pouca disposição do Planalto de permitir que a força das motosserras se sobreponha à preocupação ambiental. Dilma decidiu vetar trechos da proposta aprovada pelo Congresso e editou uma medida provisória regulamentando os pontos vetados. Na MP explica-se como vai funcionar a regra de recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs). Em vez de liberar propriedades de até quatro módulos, foi criada uma regra gradativa para que todos sejam obrigados a replantar nas margens de rios e lagos. A presidenta também cancelou a anistia de multas para quem desmatou. O texto aprovado pelo Congresso beneficiava pelo menos 30 políticos e grandes doadores eleitorais.

A diminuição do poder da bancada do agronegócio começou a abalar a confiança do grupo, sempre disposto a jogar duro para defender os próprios interesses. Agora, o foco dos defensores do agronegócio está em outros dois projetos que tramitam no Legislativo e podem facilitar a vida dos grandes produtores. Os ruralistas querem garantir a possibilidade de venda de terras a estrangeiros, o que inclui a anistia para quem já comercializou terrenos. Simultaneamente, avançam na tentativa de garantir ao Congresso o poder de decidir, sem a influência do Executivo, a demarcação de terras indígenas. Os parlamentares do agronegócio já davam como certa a vitória e a aprovação dos dois projetos. Mas, daqui para a frente, vão baixar o tom. Os ruralistas já não têm terreno fértil no Congresso.
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sábado, 26 de maio de 2012

Revista diz que Lula pressionou ministro do STF para adiar mensalão

 Segundo 'Veja', ele sugeriu adiar julgamento e 'blindar' Mendes na CPI.

Assessoria do Instituto Lula afirmou que ex-presidente não comentará.

Do G1, em Brasília
Reportagem publicada na edição deste final de semana da revista "Veja" relata um encontro no último dia 26 de abril entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No encontro, segundo a publicação, Lula sugeriu o adiamento do julgamento do mensalão em troca de proteção ao ministro na CPI do Cachoeira. A assessoria do Instituto Lula informou que o ex-presidente não comentará a reportagem.
O STF prepara o julgamento dos 38 réus do mensalão, escândalo de suposta compra de apoio político para o governo Lula no Congresso. Gilmar Mendes defende o julgamento ainda neste semestre, mas a definição da data depende do ministro Ricardo Lewandowski, que ainda trabalha na revisão do relatório sobre o caso, elaborado pelo ministro Joaquim Barbosa.
De acordo com a revista, o encontro ocorreu no escritório de advocacia de Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo e ex-ministro do governo Lula. "Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula", disse Gilmar Mendes, segundo declaração reproduzida pela revista.
No encontro, Lula teria afirmado a Mendes: "É inconveniente julgar esse processo [do mensalão] agora". Segundo a reportagem, o ex-presidente também disse a Mendes que detém o controle da CPI do Cachoeira, que apura a ligação do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e autoridades, e que o ministro do STF não precisaria se preocupar com eventuais investigações que o envolvessem. Cachoeira foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, apontado como chefe de uma quadrilha que explorava o jogo ilegal em Goiás.
Durante a conversa, afirma "Veja", Lula perguntou a Mendes sobre a "viagem a Berlim". De acordo com a publicação, a referência diz respeito a boatos de que o ministro teria viajado para a Alemanha com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), com despesas pagas e em um avião cedido por Cachoeira. Em razão do vínculo com o bicheiro, Demóstenes é alvo de processo disciplinar no Senado que poderá resultar na cassação do mandato do senador.
"Vou a Berlim como você vai a São Bernardo. Minha filha mora lá", respondeu Gilmar Mendes, segundo Veja". O ministro confirmou à revista o encontro com Demóstenes em Berlim, mas disse que pagou as próprias despesas e que tem como comprovar a origem dos recursos usados na viagem.

O jeito Thomaz Bastos de advogar

Pela primeira vez na história do País, um ex-ministro da Justiça acoberta o silêncio de um contraventor perante os holofotes de uma CPI. Márcio Thomaz Bastos joga sua força no caso Cachoeira e levanta polêmica sobre seu modo de atuar

Claudio Dantas Sequeira e Izabelle Torres
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ALCANCE POLÍTICO
Nos últimos anos, Thomaz Bastos deu suporte jurídico ao
ex-presidente Lula, à presidenta Dilma Rousseff e a integrantes do PT
Na última semana, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos protagonizou dois episódios capazes de gerar sérias controvérsias no mundo político e jurídico do País. Em um, exerceu pressão pública sobre o Supremo Tribunal Federal. Em outro, o mais visível e polêmico deles, colocou-se como um obstáculo para o trabalho que o Congresso Nacional pretendia realizar. Em ambos os casos, não praticou ilegalidades ao contrapor-se a dois poderes da República. Mas suas ações também não podiam ser vistas como meros atos rotineiros de um advogado criminalista. As atitudes do ex-ministro da Justiça estavam imbuídas de uma inegável e estrondosa conotação política. Márcio Thomaz Bastos e a maioria de seus clientes sabe que ele ainda é um homem poderoso, com influência sobre partidos, parlamentares e tribunais. Nos últimos anos, ele foi conselheiro de dois presidentes da República e deu suporte jurídico a vários integrantes da PT. Além disso, teve papel decisivo na nomeação de sete dos 11 atuais ministros do STF.

No caso mais emblemático, Márcio Thomaz Bastos, por vezes, parecia zombar do Congresso e dois contribuintes. Ele se postou ao lado do bicheiro Carlinhos Cachoeira durante audiência na CPI que investiga o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado pelo contraventor. Orientou seu cliente a ficar calado, para evitar produzir provas contra si mesmo, e com isso provocou a ira de deputados e senadores, que viam no depoimento uma esperança de avançar nas investigações. É indiscutível o direito constitucional de qualquer réu à plena defesa, independentemente da acusação ou malfeito que tenha cometido. Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Também é dever do advogado defender um acusado perante a Justiça, até mesmo quando este não dispõe de recursos. No entanto, a CPI é norteada por um processo muito mais político do que jurídico. E, como era sabido por todos os parlamentares presentes, Thomaz Bastos não permaneceu durante toda a sessão acomodado ao lado de um contraventor somente como um grande criminalista. Ele era o retrato de um ineditismo: pela primeira vez na história do Congresso, um ex-servidor público que ocupou a mais alta esfera do Judiciário nacional, dava cobertura e amparo ante os holofotes a um bicheiro, notório criminoso, que já se provou pernicioso ao erário. “Espero nunca mais encontrar o ex-ministro numa situação como essa”, disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
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O CONTRAVENTOR E O EX-MINISTRO
Impávido, Thomaz Bastos permaneceu ao lado de
Carlinhos Cachoeira durante toda a sessão da CPI
Na mesma semana, Thomaz Bastos apareceu junto a outros nove advogados de réus do mensalão como signatário de um documento em que se dizem preocupados com a onda de cobranças contra o Supremo Tribunal Federal no caso. Temem que o julgamento seja inundado por seu caráter político e se transforme num “juízo de exceção” e assim sugerem à corte um rito com limite de sessões semanais. O fato de ter, em alguns casos, indicado, em outros, ajudado a escolher a maioria dos atuais membros da Suprema corte não parece constranger o ex-ministro. “Fui advogado por 45 anos consecutivos, passei quatro anos no Ministério da Justiça, do qual saí há seis anos”, disse Thomaz Bastos à ISTOÉ.

O ex-ministro também negou que tenha entrado no caso Cachoeira por orientação política e não fala em honorários – embora circule a informação de que teria cobrado R$ 15 milhões, em três prestações mensais, para defender o contraventor. A Polícia Federal e membros da CPI suspeitam da origem dos recursos de Carlinhos Cachoeira. O líder do PPS, Rubens Bueno, chegou a questionar, durante sessão da CPI em que estava Thomaz Bastos, de onde vinha o dinheiro para custear a defesa, pois, segundo a Receita, os rendimentos oficiais do bicheiro não chegariam a R$ 200 mil.
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CASO FRANCENILDO
Thomaz Bastos foi quem montou toda a estratégia
de defesa do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci
Não é de hoje que Thomaz Bastos se vê envolvido em casos rumorosos. Ficou famoso seu auxílio, ainda como ministro, na defesa do então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, no escândalo da violação do sigilo do caseiro Francenildo. Bastos também assessorou a montagem da defesa de Delúbio Soares e Zé Dirceu no caso do mensalão. Até hoje, Thomaz Bastos é consultado por Lula, que, quando presidente, o chamava ao Palácio do Planalto até cinco vezes por dia. O advogado também deu suporte jurídico à campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Pela ligação com o PT e Lula, Tomaz Bastos consolidou na esfera política uma ampla e complexa rede de influências. Todas as indicações para a cúpula do Judiciário, desde 2003, são atribuídas ao ex-ministro, ainda que indiretamente. Quando Joaquim Barbosa foi indicado para o Supremo, Thomaz Bastos ligou para ele em Los Angeles, avisando-o. O mesmo ocorreu com Dias Toffoli, advogado do PT, que foi para o STF com as bênçãos do ex-ministro. Toda essa influência no Judiciário alimenta especulações de que os nomeados não teriam plena autonomia. A mesma impressão ocorre dentro da Polícia Federal, órgão turbinado na gestão de Bastos. A equipe de advogados coordenada por ele agora procura falhas processuais e erros que possam ter sido cometidos pela PF na Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira. Para o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), não dá para ignorar essa contradição. “É lamentável que isso esteja sendo feito e orquestrado por quem chefiou a Polícia Federal e sabe como poucos como ela funciona”, diz Alencar.
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