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PÁTRIA

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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Réus da operação Lava-Jato devem devolver R$ 175 milhões

Doleiro Alberto Youssef devolverá R$ 55 milhões até o fim dos processos abertos contra ele

Terra
 
YOUSSEFF.jpgOs réus que decidiram colaborar com as investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, se comprometeram a devolver aproximadamente R$ 175 milhões aos cofres públicos. O doleiro Alberto Youssef devolverá R$ 55 milhões até o fim dos processos abertos contra ele. As informações são do jornal O Globo.

Segundo a publicação, a devolução do dinheiro e dos bens obtidos de recursos ilícitos faz parte do acordo de delação premiada que os réus firmaram e troca de reduções substanciais das penas de prisão a que poderiam ser condenados por desvios de verbas públicas.

O primeiro da fila da delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa - que confessou participar de um esquema de corrupção que envolvia políticos dos partidos PT, PMDB e PP - deve devolver mais de R$ 70 milhões. O executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, também decidiu fazer o acordo e o valor que terá que devolver está em torno de R$ 40 milhões.

De acordo com o jornal, as exigências do Ministério Público Federal para eventuais colaborações das empreiteiras devem seguir parâmetros adotados em processos judiciais americanos. Para isso, as empresas teriam que abrir mão dos lucros obtidos em contratos espúrios, além de pagar multa por danos morais. Se não colaborarem, as punições podem ser ainda mais rigorosas.

O jornal diz ainda que a Petrobras quer ouvir o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Para isso, um pedido foi feito à Justiça Federal do Paraná, visto de Costa cumpre prisão domiciliar. O ex-diretor terá que responder por escrito a 19 quesitos, quase todos relacionados a negócios da diretoria de Abastecimento.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Reeleita, Dilma tira férias em praia na Bahia


A presidente Dilma Roussef, na Praia da Viração, na Bahia durante suas férias de fim de ano
A presidente Dilma Roussef, na Praia da Viração, na Bahia durante suas férias de fim de ano (Ed Ferreira/Estadão Conteúdo/VEJA)
A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) embarcou nesta quarta-feira de Brasília para a Base Naval de Aratu, na Bahia, onde pretende descansar até domingo depois da campanha eleitoral. Ela ficou quarenta dias distante de seu gabinete no Palácio do Planalto. A presidente passará as férias com a filha, Paula, e o neto, Gabriel, no litoral baiano, onde costuma frequentar a praia de Inema. Em entrevista à TV Bandeirantes nesta terça-feira, Dilma disse estar "muito cansada". Segundo Dilma, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lhe recomendou que descansasse por mais tempo no telefonema que fez para cumprimenta-la pela reeleição. "Ele achou muito pouco. Eu acho que lá eles têm o hábito de tirar um tempo maior", comentou a presidente, justificando que "não tem como" seguir o conselho de Obama. "Talvez lá no Natal a gente pegue e emende um pouquinho o Natal com o fim do ano." (Com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dois dias depois da eleição, Câmara derruba decreto bolivariano de Dilma

Projeto era destinado a criar conselhos populares em órgãos da administração

Marcela Mattos, de Brasília
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (Zeca Ribeiro/ABr/VEJA)
A Câmara dos Deputados reagiu e, enfim, derrubou nesta terça-feira o decreto bolivariano da presidente Dilma Rousseff, destinado a criar conselhos populares em órgãos da administração pública. A matéria foi assinada no final de maio em uma canetada da presidente e foi alvo de críticas de juristas e parlamentares. O Senado ainda tem de avaliar o projeto de decreto legislativo para que a determinação do Planalto seja suspensa.
A derrubada da matéria é uma reivindicação antiga da oposição e se deu dois dias após as eleições, indicando a turbulência que Dilma encontrará no Congresso no novo mandato. “Essa derrota é para mostrar que o discurso de conversa com o Congresso não poder ficar só na teoria”, resumiu o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
Tão logo foi apresentado, no início de julho, o projeto que sustava o texto palaciano teve adesão maciça de partidos de oposição e da base, contando inclusive com o apoio do PMDB, maior aliado do governo. Na Câmara, a matéria ganhou regime de urgência, o que permitiu que fosse direto ao plenário antes de tramitar pelas comissões. O projeto de decreto legislativo que pedia a suspensão da canetada de Dilma foi pautado nesta terça por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Casa que saiu derrotado na disputa ao governo do Rio Grande do Norte. Alves credita sua derrota à falta de apoio da presidente Dilma e ao fato de que o ex-presidente Lula chegou a participar da propaganda eleitoral do adversário Robinson Faria (PSD), eleito para o governo potiguar. Durante a sessão, o presidente convocou os deputados para que se mantivessem no plenário e garantissem a aprovação do texto. A derrubada do decreto foi aprovada em votação simbólica.
'Sociedade civil' – O decreto número 8.243/2014 foi criado sob o pretexto de instaurar a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Mas, na prática, prevê a implantação de “conselhos populares”, formados por integrantes de movimentos sociais, vinculados a órgãos públicos. A matéria instituiu a participação de “integrantes da sociedade civil” em todos os órgãos da administração pública. Porém, ao trazer uma definição restritiva de sociedade civil, representa um assombroso ataque à democracia representativa e à igualdade dos cidadãos ao privilegiar grupos alinhados ao governo.
O decreto do Palácio do Planalto é explícito ao justificar sua finalidade: “consolidar a participação social como método de governo”. Um dos artigos estabelece, em linhas perigosas, o que é a sociedade civil: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”. Ou seja, segundo o texto assinado por Dilma, os movimentos sociais – historicamente ligados ao PT – são a representação da sociedade no Estado Democrático de Direito.
A votação, que se arrastou por mais de duas horas, foi marcada por debates acalorados. “Numa democracia, quem escolhe o representante é o cidadão, é o povo. Com esse decreto, a presidente quer que essa escolha seja feita pelo próprio PT. Isso é um regime autoritário”, afirmou o líder do PSDB, deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA). “A Casa tem de se pronunciar. Não há espaço para que haja uma omissão do Parlamento brasileiro tendo em vista um quadro tão grave. A presidente Dilma prega dialogar, chama a nação para uma ampla negociação, mas impõe, via decreto presidencial, um modelo de consulta à população que é definido pelo Poder Executivo. É uma forma autocrática, autoritária, passando por cima do Congresso Nacional. Esse é um decreto bolivariano que realmente afronta o Poder Legislativo”, continuou o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE).
O PT tentou evitar a derrota a todo custo. Sabendo que não funcionaria no diálogo, o partido apresentou uma série de requerimentos, entre eles para adiar a sessão e retirar a matéria de pauta, mas todos foram rejeitados.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Como ser uma nova Dilma

Livre da obrigação de transformar aliados em cabos eleitorais, presidenta promete que, agora, fará tudo do jeito dela, sem ficar refém da troca de favores políticos. Mas, antes, precisará tirar da frente pendências acumuladas nos últimos quatro anos

Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br)
A imagem de Dilma Rousseff segurando uma grossa cartilha nos debates eleitorais da TV ilustra bem o método de gestão adotado por ela nos últimos três anos e 10 meses de mandato presidencial. Leal e metódica - como garante seu mentor e padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva - Dilma evitou imprimir ao governo uma marca pessoal e seguiu o beabá dos primeiros oito anos de administração petista. A adaptação da estratégia lulista, porém, não deu certo. A presidente tentou tratar doenças diferentes com o mesmo remédio. O resultado foi uma rebelião incontida da base aliada, o fracasso da política econômica e reclamações da sociedade civil em relação à qualidade dos serviços públicos. Conciliar soluções com os pitacos de Lula e da cúpula petista foi tarefa impossível, por isso, na reta final da disputa presidencial Dilma avisou: “em um segundo governo, eu farei tudo do meu jeito.”
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ESPELHO MEU
A "nova" Dilma refletida nas urnas quer qualificar a relação com os partidos aliados
Com um País dividido ao meio, sem as amarras da reeleição e sem a obrigação de tratar aliados como futuros cabos eleitorais, as negociações da presidenta com os partidos da base serão diferentes. Dilma prometeu que não ficará refém da intensa rede de troca de favores que tomou conta de seu governo nos dois últimos anos de mandato. Para compor uma base fragmentada em dezenas de partidos políticos, Dilma loteou a Esplanada. A nomeação sem critérios custou o andamento do governo. Desconfiando dos políticos à frente das pastas, Dilma centralizou a execução dos grandes programas na Presidência e sobrecarregou sua Casa Civil.
Especialistas em administração pública apontam que a concentração de poderes e a formação de uma Esplanada de “figuração” comprometeram a qualidade da execução das obras e dos serviços. “Quanto mais centralizado o governo, mais complicada é a tomada de decisão. Os conhecedores de temas específicos que estão nas pontas perdem poder e a qualidade dos serviços é reduzida”, explica a coordenadora do Instituto Brasileiro de Educação em Gestão Pública (Ibegesp), Márcia Walquíria Batista dos Santos.
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PACTO CONTRA A CORRUPÇÃO
Para se reconciliar com a sociedade civil, Dilma terá de promover
um pacto contra os malfeitos e os desvios éticos
O novo mandato, com a cara de Dilma, terá um segundo escalão mais bem cuidado, afirmam seus interlocutores mais próximos. Mas o governo tem dificuldade em atrair para seus quadros profissionais experientes e com boa reputação no mercado, pois a média salarial dos cargos comissionados está abaixo dos valores pagos pela iniciativa privada. A opção apontada por Dilma para melhorar a qualificação no segundo escalão dos ministérios é pouco ortodoxa, em termos políticos: ela diz que vai acionar “headhunters” para selecionar os melhores cérebros já em exercício no serviço público, graças aos disputados concursos.
Mas, diferentemente de Lula, o governo Dilma tem má avaliação junto ao funcionalismo. A baixa popularidade com os servidores federais ficou registrada na votação do PT no Distrito Federal. A rejeição foi fruto de uma política equivocada de recomposição salarial. O governo optou por conceder reajustes fracionados. Apenas as categorias que capitanearam grandes greves ou tinham mais interlocução junto ao governo foram beneficiadas. Para o próximo mandato, Dilma promete um “pacote” de valorização do funcionalismo, com a realização de novos concursos para substituir postos ocupados por comissionados.
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A solução para controlar a pulverização de interesses é convocar a sociedade a pressionar os parlamentares pela aprovação de grandes reformas, como a mudanças no sistema eleitoral. Dilma terá que contar com a população, só assim não será novamente prisioneira do fisiologismo. Um grande pacto nacional pela transparência e combate à corrupção é a única saída, pregam manifestos de grupos apartidários como o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, processos resultantes da Operação Lava Jato devem atingir dezenas de autoridades com foro privilegiado, entre eles, muitos dos parlamentares eleitos. “Se o novo presidente não fizer o enfrentamento para votar reformas, a situação política no Brasil vai ficar insustentável. A presidente precisa priorizar a reforma política assim que assumir. Esses escândalos que afundam o país no processo de corrupção estão todos vinculados ao sistema de financiamento de campanhas”, afirma Jovita José Rosa, diretora do MCCE.
Nos primeiros quatro anos, Dilma falhou na missão de interligar o trabalho das pastas. Ela criou dois novos ministérios, mas só deixou a estrutura do Estado mais onerosa e travada. De acordo com a especialista em gestão pública, nas ciências da administração existem duas grandes correntes que estudam mandatos. O primeiro governo de Dilma pode ser classificado como administração burocrática, em contraposição à administração gerencial. O segundo modelo busca a eliminação de intermediários na execução de tarefas. Assumir os erros e adotar medidas impopulares, esse será o mote dos primeiros meses do novo governo.
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sábado, 25 de outubro de 2014

Uma campanha movida a mentiras

Ao mesmo tempo em que manipula índices e esconde dados desfavoráveis para não prejudicar o governo, a campanha de Dilma, capitaneada pelo ex-presidente Lula, dissemina falsas acusações em série contra Aécio Neves, com o objetivo de se manter no poder


Quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa presidencial de 2002, o publicitário Duda Mendonça, responsável pela construção do ‘Lulinha paz e amor”, fez uma declaração que viria a se tornar uma espécie de mantra do marketing político. “A democracia brasileira amadureceu e agora está provado que quem bate perde”, afirmou o publicitário traçando um paralelo com a eleição de 1989, quando Fernando Collor de Melo promoveu uma campanha de mentiras e ataques pessoais para derrotar Lula. Depois de 12 anos no poder, o PT, o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff, candidata à releição, resolveram desafiar esse mantra e trazem à disputa eleitoral uma sucessão de agressões e mentiras contra seus principais oponentes jamais vista na história recente do País. Também se valem do aparelhamento instalado no governo federal para manipular dados e esconder todos os indicadores que possam prejudicar a candidatura oficial, atentando contra a credibilidade de instituições como o Ipea e o IBGE. “O PT tem promovido uma das campanhas mais sujas da história. O objetivo é se manter no poder a qualquer preço”, afirma a ex-senadora Marina Silva, candidata do PSB derrotada no primeiro turno. “Fui vítima dessa ação difamatória sem precedentes que agora praticam contra o candidato Aécio Neves.”
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SEM LIMITES
Com propósitos eleitorais, a dupla Dilma e Lula tem espalhado
acusações sem qualquer fundamento contra o adversário,
Aécio Neves, em comícios pelo País
Desde o início do processo eleitoral, a campanha de Dilma Rousseff tem se valido da tática do medo e do terrorismo eleitoral para atingir seus adversários. Começou por intermédio das redes sociais e de militantes bem remunerados. Mas, a partir do segundo turno e com as pesquisas indicando a liderança do tucano Aécio Neves, o ex-presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff passaram a ser os principais protagonistas dos ataques caluniosos. No sábado 18, durante comício em Belo Horizonte (MG), Lula acusou Aécio de usar violência contra as mulheres. “A tática dele é a seguinte: vou partir para a agressão. Meu negócio com mulher é partir para cima agredindo”, discursou o ex-presidente, referindo-se ao senador mineiro. No discurso, chamou Aécio de “filhinho de papai” e “vingativo”. “O comportamento dele não é o comportamento de um candidato (...) É o comportamento de um filhinho de papai que sempre acha que os outros têm de fazer tudo para ele, que olha com nariz empinado”.
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No mesmo palanque, Lula, que como presidente da República determinou que o repórter Larry Rohter, do “New York Times”, fosse expulso do Brasil depois de publicar uma reportagem que o acusava de trabalhar sob efeito de álcool, insinuou que Aécio tem o hábito de dirigir embriagado, pois teria se recusado a se submeter ao teste do bafômetro em uma blitz de trânsito no Rio de Janeiro. A questão é que o candidato tucano já tratou desse tema publicamente. Disse que se arrepende de não ter feito o teste e que estava conduzindo o carro com a carteira de habilitação vencida. Ainda em Belo Horizonte, o ex-presidente Lula comparou Aécio a Carlos Lacerda, o histriônico líder da oposição a Getúlio Vargas, e voltou a mentir ao acusar o tucano de perseguir professores. “Não conheço, em nenhum momento da história, nem no regime militar, um momento em que os professores foram tão perseguidos como foram em Minas Gerais”, disse Lula.
É comum que nas campanhas eleitorais os discursos ganhem tons mais enfáticos. Isso, no entanto, não explica as calúnias cuidadosamente elaboradas pelos marqueteiros da campanha de Dilma. No caso do comício em Belo Horizonte, antes de Lula subir ao palanque, o mestre de cerimônias do evento sinalizou em que se transformaria aquele ato. Ele leu uma carta de uma suposta psicóloga atribuindo a Aécio Neves a prática de espancar mulheres. Acusou o tucano de ter “transtorno mental”, chamando-o de “ser desprezível, cafajeste e playboy mimado”. Na verdade, os ataques proferidos pelo ex-presidente fazem parte de uma bem articulada estratégia de campanha. Na terça-feira 21, três dias depois do comício, as ruas do centro de Belo Horizonte amanheceram repletas de grandes cartazes anônimos com os dizeres em letras amarelas em um fundo negro: “Você vota em candidato que agride mulher?”. É assim, insistindo na mentira, que o PT procura induzir o eleitor e desconstruir os adversários.
Na quinta-feira 23, o jornal britânico “Financial Times” publicou uma reportagem criticando o debate político na reta final das eleições no Brasil. O jornal constatou que o PT vem usando “táticas de difamação” contra seus opositores e cita diversas vezes a ex-senadora Marina Silva como a primeira vítima desse estratagema. “Marina Silva acusa o PT de Dilma Rousseff de usar servidores públicos para espalhar mentiras pelas redes sociais e contatos comunitários, como o alerta de que ela, que é evangélica, iria proibir videogames”, diz o texto do “Financial Times”. “Uma coisa terrível que eles (PT) disseram era que eu sou homofóbica e que uma pessoa gay tentou se aproximar de mim e meus seguranças bateram com tanta força que ele morreu”, afirmou Marina ao jornal. “O tom negativo da campanha tem frustrado muitos membros da crescente classe média baixa do Brasil, que estão desesperados para que os políticos debatam as questões críticas para o bem-estar”, conclui o jornal.
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Os exemplos dessa campanha montada em mentiras são inúmeros. Na terça-feira 21, em comício no Recife (PE), Lula usou das calúnias para impor a campanha do medo, apontando o adversário como alguém interessado em dividir o País entre ricos e pobres, Norte e Sul, etc., recurso que, na verdade, o próprio Lula costuma usar sempre que se vê politicamente acuado ou ameaçado de perder o poder. No palanque, o ex-presidente chegou ao cúmulo de comparar Aécio e o PSDB a nazistas. “Eles (Aécio e o PSDB) agridem a gente (nordestinos) como os nazistas na Segunda Guerra Mundial. São mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo.” O discurso provocou indignação. A Federação Israelita de São Paulo e outras entidades judaicas condenaram veementemente as declarações. Alheio às críticas, em seu Twitter, Lula também vem espalhando o terror e na semana passada postou: “O governo do PSDB significa o genocídio da juventude negra”. A escalada das ofensas parece não ter limites para o PT. Na quinta-feira 23, durante ato público no centro comercial de Alcântara, em São Gonçalo (RJ), Lula disse que Aécio nunca trabalhou na vida e que os tucanos gostariam de transformar o Brasil em um país como o da época do Império, quando os pobres não podiam votar. “Antes de terminar o Império só podia votar quem tinha uma determinada quantia de dinheiro. Pobre não votava, índio não votava, analfabeto não votava. É esse o país que eles querem”, disse Lula. No mesmo ato, antes de subir em um carro de som, o ex-presidente voltou a afirmar o que repetidamente vem sendo dito pela candidata Dilma Rousseff: Aécio, se eleito, vai acabar com o Bolsa Família. Na verdade, e Lula sabe muito bem, o senador tucano já apresentou projeto no Congresso que transforma o Bolsa Família em lei, não podendo ser encerrado por qualquer que seja o presidente. Além de Lula, em diversos atos de campanha, a candidata Dilma vem pessoalmente praticando o terrorismo eleitoral. A presidenta já assegurou aos eleitores que Aécio planeja privatizar instituições como Banco do Brasil, Petrobras, os Correios, Caixa Econômica, entre outras, embora o programa de governo apresentado pelo tucano defenda o fortalecimento dessas instituições.
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O vale-tudo do PT na reta final da campanha já pode ser constatado em várias cidades brasileiras. Na quinta-feira 23, no Rio, diversos panfletos apócrifos foram apreendidos com um texto colocando o adversário como um “candidato contra o Rio”. Em São Paulo, surgiram nas proximidades da estação do metrô Ana Rosa e também na região da rua Augusta cartazes com os seguintes dizeres: “Aécio é o atraso para o Brasil”. Outro define o tucano como “o inimigo número 1 da educação”.
Não bastassem as mentiras e o terror, a campanha de Dilma também faz um flagrante uso da máquina pública, inclusive manipulando dados sobre a real situação do País. Por causa disso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vive uma de suas maiores crises. O instituto foi proibido de divulgar um estudo com dados sobre a miséria social no Brasil, levantado a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Os dados revelariam que os números apresentados pela campanha petista não correspondem à realidade. Temendo possíveis reflexos eleitorais, o Ipea só foi autorizado a divulgar a pesquisa depois das eleições. Ação totalitária fez com que o diretor de Estudos e Políticas Sociais, Herton Araújo, pedisse a exoneração do cargo. Não se trata do primeiro estudo preso nas gavetas do Ipea. Em setembro foi engavetado outro levantamento, feito com base nos dados das declarações de Imposto de Renda de brasileiros, que mostrava que a concentração de renda havia aumentado no Brasil entre 2006 e 2012. São dados que contrariam o discurso recorrente dos governos petistas. 
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Também em relação aos indicadores da educação, o governo de Dilma vem usando a chamada prática de Ricupero, ex-ministro do governo Itamar: o que é bom a gente divulga, o que é ruim a gente esconde. As divulgações de dados negativos que poderiam prejudicar a campanha petista foram simplesmente adiadas. Informações atualizadas sobre o desempenho dos estudantes brasileiros em português e matemática e números sobre a arrecadação de tributos só se tornarão públicos depois do segundo turno. Dados sobre o desmatamento e o verdadeiro contingente de miseráveis no Brasil também estão suspensos. No caso da educação, os índices obtidos através de um exame nacional a que são submetidos sete milhões de alunos a cada dois anos tradicionalmente são mostrados até o mês de agosto. Este ano foi diferente. Em setembro, o Ministério da Educação divulgou o indicador que tem como base o ano de 2013, mas não mostrou o resultado em cada disciplina. A divulgação sobre a arrecadação de tributos, normalmente divulgada até o dia 25 de cada mês, também está atrasada.
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Sobre o desmatamento, os números que historicamente são revelados mensalmente seguem o mesmo roteiro. Os indicadores referentes a agosto e setembro só serão conhecidos em novembro, depois de terminada a eleição. ONGs internacionais têm afirmado que o índice teria subido 191% entre 2013 e 2014. É assim, com o uso da máquina pública, manipulação de dados oficiais e uma sucessão de mentiras e falsas acusações que o PT, o ex-presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff procuram se manter no poder. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Polícia canadense divulga imagens de atirador em ação

Vídeo mostra pedestres fugindo ao verem homem com uma arma nas mãos

Imagem de câmera de segurança divulgada pela polícia do Canadá mostra atirador identificado como Michael Zehaf-Bibeau ao invadir o Parlamento
Imagem de câmera de segurança divulgada pela polícia do Canadá mostra atirador identificado como Michael Zehaf-Bibeau ao invadir o Parlamento (CBC via Reuters TV /Reuters)
A polícia canadense divulgou nesta quinta-feira imagens de câmeras de segurança com registros da ação do atirador que levou pânico à capital Ottawa. Depois de atirar contra um soldado que fazia a guarda do Memorial de Guerra, o homem identificado como Michael Zehaf-Bibeau foi de carro até o Parlamento, que fica a apenas algumas centenas de metros de distância.
As gravações mostram o momento em que o veículo se aproxima do prédio e Bibeau aparece com um rifle na mão. Pessoas que estavam no local fogem correndo. Nos momentos seguintes, ele pega outro carro e vai até o bloco central do Parlamento, desta vez já perseguido por policiais.
O vídeo foi apresentado durante uma entrevista coletiva na qual o comissário de polícia Bob Paulson descreveu o atirador como “um indivíduo que pode ter crenças extremistas”. Ele não estava entre os noventa “viajantes de alto risco” monitorados pelas autoridades canadenses por possíveis ligações com grupos terroristas, ao contrário do indicado anteriormente.
A polícia também não identificou ligações entre o ataque desta quarta e o ocorrido na segunda-feira, quando um jovem convertido ao islã atropelou e matou um soldado em Québec. Bibeau, de 32 anos, era um canadense que também podia ter cidadania líbia. Ele foi morto pelo chefe de segurança do Parlamento.
Bibeau, que nasceu em Montréal e viveu em Calgary e Vancouver, queria ir para a Síria. Na quarta-feira, autoridades dos Estados Unidos disseram terem sido alertadas de que ele era convertido ao islã, assim como o atirador de segunda-feira.
“Ele tinha um pai líbio e uma mãe canadense, e precisamos investigar e entender seu processo de radicalização”, afirmou Paulson, acrescentando que o e-mail do atirador foi encontrado registrado no computador de uma pessoa responsável pelo que classificou de delito relacionado ao terrorismo. As autoridades ainda tentam entender qual seria a conexão entre as pessoas.
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O sargento Kevin Vickers, de 58 anos, que matou invasor é aplaudido de pé no Parlamento canadense, nesta quinta-feira (23)
O sargento Kevin Vickers, de 58 anos, que matou invasor é aplaudido de pé no Parlamento canadense, nesta quinta-feira (23)   - Chris Wattie/Reuters
(Com agência Reuters)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

"Laranja" mentiu ao citar propina para líder tucano, diz advogado de Yousseff

Defesa de doleiro envolvido na operação Lava Jato diz que vai pedir acareação

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A defesa de Alberto Youssef informou que vai apresentar ainda nesta quarta feira, 22, à Justiça Federal em Curitiba (PR) um pedido de impugnação do depoimento de Leonardo Meirelles - suposto testa de ferro do doleiro nas indústrias farmacêuticas Labogen. Em depoimento na segunda-feira, 20, Meirelles afirmou que o doleiro mantinha negócios com o PSDB e com ex-presidente nacional do partido e ex-senador Sérgio Guerra (PE), morto em março. O criminalista Antônio Figueiredo Basto, que defende Youssef, disse que pedirá ainda uma acareação entre os dois - o doleiro e Meirelles são réus em um dos processos da Operação Lava Jato sobre superfaturamento nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
"Meu cliente afirma peremptoriamente que nunca falou com Sérgio Guerra, nunca teve negócio com ele e nunca trabalhou para o PSDB", afirmou o criminalista Antônio Figueiredo Basto. "Estamos pedindo uma impugnação do depoimento do Leonardo e uma acareação entre eles."
 
Meirelles é apontado como laranja de Youssef no laboratório Labogen, indústria de remédios que estava falida e que o doleiro usou para tentar conquistar um contrato milionário com o Ministério da Saúde, na gestão do então ministro Alexandre Padilha, para fornecimento de medicamentos. Segundo o Ministério, o contrato não chegou a ser assinado.
 
O negócio teria sido intermediado, segundo a PF, pelo deputado federal André Vargas (sem partido-PR), que foi flagrado usando um jato pago pelo doleiro. Meirelles afirmou à Justiça Federal, em audiência da segunda feira, 20, que Youssef trabalhava também com o PSDB, além dos partidos PT, PMDB e PP.
 
Ele disse ter ouvido o doleiro citar o nome de Guerra em uma conversa telefônica e ainda citou "um outro parlamentar" tucano da mesma região do doleiro.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Embraer apresenta primeiro protótipo do cargueiro KC-390

Maior aeronave desenvolvida e produzida no Brasil é resultado de um acordo de US$ 2 bilhões com a Força Aérea Brasileira (FAB)

Embraer apresentou nesta terça-feira(21), o primeiro protótipo do cargueiro KC-390. Maior aeronave desenvolvida e produzida no Brasil é resultado de um acordo de US$ 2 bilhões com a Força Aérea Brasileira (FAB)
Embraer apresentou nesta terça-feira(21), o primeiro protótipo do cargueiro KC-390. Maior aeronave desenvolvida e produzida no Brasil é resultado de um acordo de US$ 2 bilhões com a Força Aérea Brasileira (FAB) - Nelson Akmeida/AFP
A Embraer apresentou nesta terça-feira o primeiro protótipo do cargueiro KC-390, o maior avião já desenvolvido e produzido no Brasil. A aeronave de transporte de tropas e cargas e de abastecimento em voo, com capacidade de transportar até 26 toneladas de carga a 870 quilômetros por hora, pode realizar missões como busca e resgate e combate a incêndios florestais.
O KC-390 é resultado de acordo de 2 bilhões de dólares fechado em 2009 com a Força Aérea Brasileira (FAB), envolvendo a montagem de dois protótipos. A FAB assinou em maio deste ano contrato firme de 7,2 bilhões de reais por 28 unidades do cargueiro, que substituirão os aviões Hercules C130. "É um projeto de Estado.Tudo aquilo que fazemos com os velhos (cargueiros) Hercules, que estão se aposentando no mundo inteiro, poderemos fazer com o KC-390", afirmou em discurso o ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, referindo-se às aeronaves fabricadas pela companhia norte-americana Lockheed.
A Embraer também tem cartas de intenção para a venda de 32 unidades do KC-390 para Argentina, Portugal, República Theca, Colômbia e Chile, sendo que os três primeiros países são parceiros industriais no desenvolvimento do cargueiro.
"O avião foi apresentado ao mercado hoje e vai fazer o primeiro voo até o fim deste ano. Existe expectativa de que algumas conversas que estamos tendo, vamos transformar em algo concreto", disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider. "Tínhamos aqui (na apresentação do primeiro protótipo do avião) representantes de 32 países. Nossa expectativa é muito positiva, o avião deve gerar exportações importantes para o Brasil". O executivo não deu detalhes sobre o valor da aeronave e acrescentou que o preço depende da configuração definida pelo cliente.
O KC-390 passará por testes em solo antes de realizar os primeiros voos teste até o final do ano. Em seguida, terá início a campanha de ensaios de voo de desenvolvimento e certificação da aeronave. A Embraer estima demanda de 700 unidades de cargueiros do porte do KC-390 ao longo dos próximos 15 anos. A primeira entrega do KC-390 está prevista para o segundo semestre de 2016. A aeronave ajudou a catapultar a carteira de pedidos da Embraer em mais de 20% entre junho e setembro, para o recorde de 22,1 bilhões de dólares.
Outras utilidades - A Embraer avalia a possibilidade de desenvolver versões do KC-390 para outros fins que não militares, especialmente para indústrias de petróleo e de mineração. Cargas civis também poderiam ser atendidas eventualmente. "É muito difícil ter um avião novo competitivo, porque as empresas de carga civil costumam usar aviões de passageiros de meia vida adaptados para carga", disse o diretor do programa KC-390 na Embraer Defesa e Segurança, Paulo Gastão. Ele acrescentou que qualquer uso não militar do KC-390 será avaliado no futuro, já que atualmente a empresa está totalmente concentrada em entregar o avião para as missões militares encomendadas pela FAB.
(Com agência Reuters)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Tesoureiro do PT citado no petrolão é delegado da campanha de Dilma

Documento obtido pelo site de VEJA mostra que João Vaccari Neto tem a função-chave de representar a candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Marcela Mattos, de Brasília
João Vaccari Neto, bancário, tesoureiro do PT, ex-presidente da Bancoop, em 2010
João Vaccari Neto, bancário, tesoureiro do PT, ex-presidente da Bancoop, em 2010 (Sergio Dutti/AE/VEJA)
Desde que o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa veio a público, a campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) entrou em pânico: criou uma força-tarefa para evitar que as novas revelações causassem estrago no projeto de reeleição da petista, redobrou os ataques ao adversário Aécio Neves (PSDB) e barrou o depoimento do tesoureiro João Vaccari Neto à CPI da Petrobras. Não à toa: nove anos após o estouro do escândalo do mensalão, outro homem-forte responsável por cuidar das contas do partido aparece às voltas em um caso de corrupção, agora como o pivô de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. Paulo Roberto Costa afirmou textualmente que parte da propina desviada da estatal chegou às mãos de Vaccari.  “Dentro do PT, a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele”. Ainda segundo o delator, dois terços da propina ficavam para o PT quando a diretoria era comandada pelo PP. Já nos setores diretamente controlados por petistas, a propina seguia diretamente para o caixa do partido.
Em depoimento à Justiça, Costa desvenda engrenagem do petrolão A função de Vaccari, no entanto, vai além de cuidar do financeiro do PT: ele tem posto privilegiado no projeto eleitoral da presidente Dilma. Documento obtido pelo site de VEJA mostra que o tesoureiro foi nomeado delegado da campanha de Dilma e tem a função-chave de representar a candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tamanha é a autonomia que Vaccari, tem, inclusive, a prerrogativa de fazer petições e assinar as credenciais dos fiscais da coligação.
Ao lado dele estão outros quatro delegados – todos ocupam posições no projeto de reeleição de Dilma: o secretário-geral do PT, Geraldo Magela, deputado federal derrotado na única vaga ao Senado pelo Distrito Federal; o ex-presidente do diretório paulista do PT e tesoureiro da campanha, Edinho Silva; o ex-ministro do TSE, Arnaldo Versiani, e Luis Gustavo Severo, ambos responsáveis pela área jurídica da campanha.
Embora tenha sido apontado como a ponte para o recebimento da propina, o PT tem se mostrando reticente a afastar o tesoureiro. Ao contrário: saiu em defesa dele e processou Paulo Roberto Costa por difamação.
Durante debate entre os candidatos à Presidência realizado no último domingo, Dilma evitou se voltar contra Vaccari. Questionada por Aécio se confia no tesoureiro, a presidente tergiversou: “Da última vez que um delator denunciou pessoas do seu partido, no caso do metrô e da compra dos trens, o senhor disse que não ia confiar na palavra de um delator. Eu sou diferente. Eu sei que há indícios de desvio de dinheiro. O que ninguém sabe é quanto foi e quem foi. Isso é muito importante”, disse.
O tucano insistiu na pergunta, ressaltando os tentáculos do esquema de propina podem alcançar outros órgãos, como a hidrelétrica de Itaipu, da qual Vaccari integra o Conselho de Administração. Mas a presidente novamente se esquivou: “Eu mando investigar. Eu faço questão que a Polícia Federal investigue. Eu não transferi nenhum delegado para outro Estado, eu não engavetei processos. É isso que não pode ocorrer no Brasil”, disse.
Conforme mostra o site da Itaipu, também faz parte do Conselho de Administração do órgão o ministro licenciado da Casa Civil e braço-direito de Dilma Aloizio Mercadante, cotado para assumir o Ministério da Fazenda caso a petista seja reeleita. Mas a relação de Mercadante e Vaccari vem de longa data: nas eleições de 2002, quando conquistou a vaga no Senado, o ex-ministro tinha Vaccari como segundo suplente.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dirceu pede ao STF para cumprir pena em regime aberto

Condenado por corrupção ativa no mensalão, ex-ministro da Casa Civil conseguiu abater 142 dias de pena após trabalhar e estudar na cadeia

Dirceu segue rumo a escritório de advocacia onde trabalha
Dirceu segue rumo a escritório de advocacia onde trabalha (Ed Ferreira/Estadão Conteúdo/Estadão Conteúdo)
A defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pediu nesta segunda-feira ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o mensaleiro cumpra o restante da pena em regime aberto. Dirceu foi condenado a sete anos e 11 meses no julgamento do mensalão por corrupção ativa, mas conseguiu abater 142 dias da pena por ter trabalhado e estudado na prisão.
De acordo com a Lei de Execução Penal, o preso pode abater um dia de pena a cada doze horas de frequência escolar e um dia a cada três dias trabalhados. Como no Distrito Federal não existem casas de albergado, o local que, por lei, deveria abrigar detentos em regime aberto, Dirceu deve passar à prisão domiciliar. Para cumprir a pena em casa, o condenado deve, via de regra, assumir o compromisso de morar no endereço declarado e avisar qualquer mudança, permanecer recolhido das 21 horas até as 5 horas da manhã e ficar recluso nos domingos e feriados por período integral nos primeiros meses da pena.
Para que Dirceu seja oficialmente beneficiado com o regime aberto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve dar parecer sobre o caso, e o relator do mensalão, ministro Luís Roberto Barroso, confirmar o benefício. A expectativa é que o ex-ministro receba o aval para a transferência de regime, já que outros dois condenados no mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, conseguiram o benefício sob argumentos semelhantes.
Trabalho – Em junho, por nove votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que Dirceu pudesse trabalhar fora do Complexo Penitenciário da Papuda. Com isso, o mensaleiro foi transferido para o Centro de Internamento e Reeducação (CIR) e passou a cumprir expediente no escritório de advocacia do criminalista José Gerardo Grossi, em Brasília, onde recebe 2.100 reais mensais.

domingo, 19 de outubro de 2014

Dilma, só agora, admite: houve desvios na Petrobras

Desde que estourou o escândalo, a petista tentava desqualificar as informações fornecidas pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef

Laryssa Borges, de Brasília
A presidente Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada
A presidente Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada (Divulgação)
A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) admitiu neste sábado pela primeira vez que houve desvio de recursos públicos na Petrobras. Desde que estourou o escândalo envolvendo políticos e empresários que sangravam os cofres da estatal, a petista tentava desqualificar as informações fornecidas em acordo de delação premiada pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef. No dia em que reportagem de VEJA traz outra revelação de Youssef – o dinheiro do petrolão abasteceu a campanha da petista em 2010 –, Dilma confirmou que houve desvios e disse que “fará todo o possível” para ressarcir o país. Em discurso no Palácio da Alvorada, ela não tratou diretamente do dinheiro do petrolão para sua campanha.
“Eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público nós queremos ele de volta. Se houve, não, houve [desvio]”, afirmou. “Tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos, mas ninguém sabe hoje o que deve ser ressarcido porque a delação premiada, onde tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós”, disse ela. O Palácio do Planalto tentou ter acesso ao conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa, mas tanto o procurador-geral da República Rodrigo Janot, quanto o ministro Teori Zavascki, que conduz o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), negaram o pedido. Ambos alegaram que as informações são protegidas por sigilo.
Em suas principais revelações, Costa afirmou que PT, PMDB e PP participavam do esquema de desvios milionários da Petrobras tanto no governo Lula quanto no governo Dilma. De acordo com Paulo Roberto, também houve o pagamento de propina ao ex-presidente do PSDB Sergio Guerra para que o então parlamentar impedisse investigações de uma antiga CPI da Petrobras. Guerra morreu no início do ano.
De acordo com Dilma, mesmo que agora as revelações apontem para o nome de um tucano no escândalo, não há motivo para comemorações. Ela disse que todos os suspeitos devem ser investigados, mas ironizou a inclusão do PSDB no rol de possíveis envolvidos recorrendo a um ditado popular: “Pau que bate em Chico bate em Francisco”.
“Não acho que alguém no Brasil tem a primazia da bandeira da ética. Todos os integrantes de partido, qualquer um, que tenha cometido crime, delito, malfeito, tem de pagar por isso. Ninguém está acima de qualquer suspeita no Brasil. Todos aqueles que não cumpriram com os princípios éticos e de uso absolutamente limpo do dinheiro público devem pagar por isso”, declarou a presidente-candidata.
Eleições – Apontada como a responsável por iniciar uma campanha presidencial permeada por baixarias sem precedentes, Dilma também tentou neste sábado se eximir de responsabilidade sobre o baixo nível da disputa, mas se recusou a comentar as recentes manifestações do ex-presidente Lula, seu cabo eleitoral mais importante e personagem que tem proferido os discursos mais apelativos. A despeito de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter alterado sua jurisprudência para manter o debate mais propositivo, Dilma tentou desvencilhar sua campanha do alcance da decisão.
“Não concordo que o TSE teve qualquer intervenção na minha campanha. Acredito que o que é baixo nível na campanha é alvo que deve ser completamente superado. Acontece que nós temos propostas. Discuto indústria naval, Pronatec, Minha casa, Minha Vida e um conjunto de políticas. O que acontece com o candidato adversário? Quando é da área social, ele diz que foi o governo do Fernando Henrique [Cardoso] que fez – aí ele gosta de falar no governo Fernando Henrique e não prova que foi Fernando Henrique que fez”, criticou.
Em um raciocínio enviesado, a presidente ainda atacou o adversário Aécio Neves por ele ter chamado ela própria - uma mulher - de “leviana” em debates presidenciais. A equipe do tucano anunciou que, diante da baixaria, processará Dilma por calúnia e difamação. “Quando começa a discussão, o candidato adversário não gosta muito e ele parte para umas atitudes um tanto quanto desrespeitosas. Foram desrespeitosas comigo e foram desrespeitosas com a Luciana Genro. Ele pode inclusive querer processar, mas quem devia processá-lo somos nós porque a nós duas ele chamou de leviana, coisa que não se faz. Não é uma fala correta para mulheres”, disse.

sábado, 18 de outubro de 2014

A mentira como arma

Os dois candidatos fazem ataques e denúncias e usam dados que o adversário tenta desmentir. Mas levantamento de ISTOÉ mostra que, na tática de distorcer dados, a campanha de Dilma tem ultrapassado todos os limites

Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br)
Poucas vezes na história se viu uma campanha eleitoral tão agressiva e repleta de disputas de números distorcidos, acusações e um festival de mentiras. A competição entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) acirrou ainda mais o clima de animosidade dentro das campanhas. O tratamento entre os candidatos nas aparições públicas, especialmente nos debates, deixa claro que a mais aguerrida eleição presidencial transformou os adversários políticos em inimigos ferrenhos. Como aconteceu no primeiro turno, quando o PT investiu na desconstrução da candidata Marina Silva (PSB), o alvo agora é Aécio. Em vez de apresentar projetos para tirar o País da estagnação, Dilma optou por um gesto de desespero para virar o jogo e adota a estratégia da desconstrução do adversário, mesmo que o custo disso seja a divulgação de dados imprecisos e inverídicos. A disputa fica mais acirrada porque as estruturas de campanha cresceram absurdamente, estão mais profissionais e, a cada ano, mais caras. As guerrilhas virtuais contratadas para alimentar notícias, boatos e até calúnias loteiam as redes sociais com o tom da guerra em andamento. Para esclarecer aos eleitores o que há de verdade nos ataques trocados entre os candidatos, ISTOÉ se debruçou nos dados oficiais e em estudos sobre alguns dos temas mais recorrentes nessa disputa. O resultado (ver quadro) é um retrato evidente de que a candidata Dilma Rousseff tem se valido muito mais de informações falsas para acusar seu adversário do que o contrário.
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FRENTE A FRENTE
Candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves elevam o tom na reta final da campanha
Em alguns casos, a adulteração dos fatos de maneira fraudulenta deixa clara a intenção de ludibriar o eleitor. Um vídeo distribuído amiúde pelos petistas é uma prova do estratagema matreiro adotado pela campanha do PT. Na gravação, Aécio Neves aparece votando contra o projeto de valorização do salário mínimo em 2011, na sessão do Senado de 23 de fevereiro daquele ano. O vídeo distribuído nas redes sociais sofreu uma edição, com cortes dos minutos que antecedem a votação. A versão completa conta com o discurso do então líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), e do próprio Aécio Neves, explicando que os tucanos votariam contra a proposta porque o texto estabelecia salário de R$ 545 e eles defendiam um reajuste para R$ 600, um valor maior do que a proposta governista. A oposição foi derrotada por 55 x 17 e o salário fixado foi o valor desejado pelo governo. No debate da quinta-feira 16, Aécio fez referência ao vídeo para ilustrar a campanha de mentiras que ele acusa o PT de fazer.
O debate foi o resumo da guerra travada entre os candidatos. Em vez da disputa de propostas e ideias, o encontro entre os dois envolveu denúncias de nepotismo, corrupção e, também, calúnias. Os presidenciáveis acusaram várias vezes o oponente de mentir. Apesar do tiroteio mútuo, na reta final da campanha, a estrutura de marketing do PT é inegavelmente quem mais investe pesado para desconstruir o adversário e despertar na sociedade um sentimento de medo de futuros tempos difíceis, com inflação descontrolada e desemprego em alta. Dilma afirma, por exemplo, que os governos do PSDB nunca investiram em programas sociais e não priorizaram os pobres, como faz o PT, que tirou 32 milhões de pessoas da pobreza e criou um mercado de consumo de massa. Na verdade, o governo Fernando Henrique Cardoso criou pelo menos 12 programas de transferência de renda. Em 2001, o governo gastou cerca de R$ 1,8 bilhão com os programas Bolsa Alimentação, Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), Bolsa Escola e Brasil Jovem. No ano seguinte, com a implantação do Vale Gás, o gasto foi a R$ 3,5 bilhões. Isso sem contar que o Bolsa Família, carro-chefe da política social do PT, é resultado da fusão e ampliação de todos os programas que já existiam desde os governos do PSDB. A campanha petista, com grande contribuição da presidenta Dilma Rousseff, também investe pesado para reduzir a credibilidade do economista Armínio Fraga, anunciado pelo candidato tucano como futuro ministro da Fazenda, caso ele seja eleito. No discurso eleitoral, Dilma insiste em que a escolha feita por Aécio representa o sinal de que, para controlar a inflação, serão feitos cortes que custarão os empregos dos brasileiros. Os ataques feitos a Fraga são dissonantes do que diziam os petistas em 2002 e 2003, quando herdaram a política econômica do governo tucano. Na época, Lula disse que o então presidente do BC era “competente”. Em seu livro, “Sobre Formigas e Cigarras”, o ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci, reconhece que o PT até cogitou manter Armínio por alguns meses à frente do Banco Central, quando o partido ascendeu ao poder.
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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Com seca em SP, engenheiro planeja popularizar máquina que produz água

Pedro Paulino criou equipamento que usa ar e fabrica até 5 mil litros por dia.
Vendas subiram durante estiagem, mas preço 'salgado' dificulta uso caseiro.

Fernando Pacífico Do G1 Campinas e Região
Engenheiro Pedro Paulino quer popularizar máquina que produz água (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas)Engenheiro Pedro Paulino quer popularizar máquina que produz água  (Foto: Fernando Pacífico / G1)
'Quer um pouco de água?'. A pergunta em tom de brincadeira feita pelo engenheiro mecatrônico Pedro Ricardo Paulino poderia soar como ironia para quem lida com torneiras secas no interior de São Paulo, não fosse o resultado do invento capaz de produzir até cinco mil litros por dia, quando ligado à tomada. O desafio dele é popularizar a máquina, uma vez que cada litro custa R$ 0,17 de energia e a produção sob encomenda deixa o preço 'salgado'.

Sem formalidades na fábrica instalada no Jardim Paulista, em Valinhos (SP), ele apresentou ao G1 as opções já disponíveis no mercado desde 2010. A primeira, com visual que se assemelha a um bebedouro com visor colorido e moderno, custa R$ 8 mil e pode 'fabricar' 30 litros de água potável por dia. Tudo isso com um diferencial: temperatura de 10º C a 90º C. "É preciso apenas que a umidade relativa do ar esteja igual ou superior a 10%", falou ao comentar que ela não funciona em nível inferior, por tratar-se de percentual mínimo indicado pela Organização Mundial da Saúde, e a umidade retirada do ambiente não é significativa.

A produção envolve 12 processos de filtragem, entre eles, quatro para inserção de sais minerais que permitem o consumo do líquido. "Adicionamos magnésio, cálcio, potássio e silício e, além disso, tem quase zero de sódio. Se houver alguma falha na purificação, ela trava atuomaticamente. Não existe no mercado água com este nível de pureza", destacou Paulino.
 Popularização e lucros na estiagem
Segundo o inventor, um modelo portátil capaz de oferecer 15 litros por dia, ao custo de R$ 6 mil, é a aposta para que as máquinas sejam popularizadas, em três anos, quando estima criar uma linha de produção para 1 mil peças por mês para cogitar falar em 'economia'.
"Tenho ciência de que o valor é alto, mas quero que as pessoas de baixa renda também possam ser beneficiadas no futuro. É uma questão emergencial e  sobrevivência", afirmou. Segundo ele, o custo é elevado por causa da necessidade de comprar peças em oito países no exterior, incluindo China e Estados Unidos. Cada metro cúbico custa R$ 170 (energia), enquanto que a Sanasa - empresa responsável pelo abastecimento em Campinas - distribui a mesma quantidade para um residência padrão ao valor R$ 4,48. Na cidade, entretanto, a tarifa mais baixa - para até dez metros cúbicos, incluindo esgoto, custa R$ 11,89.
"A produção a partir de condensação é amplamente divulgada, mas a questão 'potável' eu desconheço. No Brasil há uma dificuldade técnica porque raramente encontramos alguns componentes", frisou. Segundo ele, desde janeiro foram vendidas 40 máquinas, entre elas, 25 capazes de produzir 1 mil litros por dia, cada uma pela bagatela de R$ 195 mil. Uma delas, embalada para entrega na fábrica, será enviada a um restaurante de Brasília nos próximos dias. Além disso, negocia a instalação de quatro máquinas capazes de produzir 5 mil litros por dia em Crateús (CE), ao preço de R$ 350 mil, com o governo do estado.
'Pólvora' e solução
Paulino lembrou que o projeto começou a ser desenvolvido na década de 90, quando estava na França e atuava por uma empresa multinacional. À época, o intuito era criar um sistema que alimentasse um equipamento de hemodiálise, contudo, o projeto foi engavetado anos depois por causa da limitação tecnológica disponível e a falta de interesse. "O diferencial foi eu ter acreditado nesta ideia. Foram muitas pesquisas durante esse tempo, morei um tempo na China e investi apenas recursos próprios, em torno de US$ 1 milhão", explicou. Segundo ele, a máquina tem garantia de um ano, mas por enquanto não houve relatos de problemas
Máquina criada por engenheiro pode produzir até 5
mil litros de água (Foto: Fernando Pacífico / G1)
Máquina criada por engenheiro pode produzir até cinco mil litros de água, em Valinhos (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas) O sistema foi patenteado em 2010 e, de acordo com o engenheiro, tentativas de parcerias foram negadas por diversas instituições que atuam no segmento de peças e componentes usados na máquina. "Achavam que eu queria inventar a pólvora", divertiu-se. O engenheiro contrata até 12 técnicos temporários para ajudar no desenvolvimento das máquinas e projetos.
Crise hídrica
Ao comentar sobre viagens feitas como a Dubai, Pedro Paulino defendeu que a máquina e investimentos na dessalinização da água do mar em grande escala são alternativas que o país poderia investir para reverter a crise hídrica, sobretudo em São Paulo. "É preciso investir. Os Emirados Árabes, por exemplo, pediram em 2012 um projeto de uma turbina que possa gerar água purificada no deserto. Estamos conversando."

Sobre o racionamento que começou em janeiro na cidade onde mora, o engenheiro deu um sorriso discreto ao comentar que criou um sistema híbrido, a partir da ligação entre a caixa d´água da residência e uma máquina. "O nível é constante. Vizinhos visitam e demonstram interesse. Por causa da estiagem, neste ano as vendas multiplicaram por cinco", frisou.
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Visor de máquina que produz água indica umidade do ar (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas)Visor de máquina que produz água indica umidade do ar  (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas)

Aécio e Dilma seguem com tiroteio verbal em novo debate na televisão

Tom agressivo repetiu o do primeiro confronto do segundo turno, na terça.
Debate foi transmitido pelo SBT e organizado por UOL e rádio Jovem Pan.

Do G1, em Brasília
Os candidatos à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) durante intervalo de debate presidencial em São Paulo (SP) (Foto: Thiago Bernardes/Frame/Estadão Conteúdo)Os candidatos à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) durante intervalo de debate presidencial em São Paulo (SP) (Foto: Thiago Bernardes/Frame/Estadão Conteúdo)
Os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) voltaram a trocar agressões verbais nesta quinta-feira (16) no segundo debate entre presidenciáveis do segundo turno, transmitido pelo SBT e também organizado pelo portal UOL e pela rádio Jovem Pan. O tom foi semelhante ao do debate anterior, na última terça-feira, em que ambos se atacaram mutuamente. O G1 acompanhou em tempo real .
No debate desta quinta, o presidenciável tucano disse em várias passagens que Dilma "mente" e que a campanha dela produz ofensas contras os adversários. "Quem mente é o senhor", respondia a presidente, candidata à reeleição, que após o debate sentiu um mal estar e teve de interromper uma entrevista.
Em um dos momentos mais tensos do debate, os candidatos trocaram acusações devido ao emprego de irmãos no serviço público. Dilma questionou o fato de a irmã de Aécio, Andreia, ter atuado no governo de Minas Gerais na época em que ele foi governador. "Ela era responsável pela gestão das verbas em todas as questões relativas a propaganda", afirmou a petista, que, a exemplo do debate anterior. destacou que o rival também empregou tia, tio e três primos no governo mineiro.
 
Aécio reagiu dizendo que a irmã assumiu o serviço de voluntariado de Minas Gerais, trabalhando sem remuneração, e fez referência ao irmão de Dilma, Igor Rousseff. "A senhora conhece o sr. Igor Rousseff? Seu irmão foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel [do PT, que governou Belo Horizonte entre 2002 e 2009] e nunca apareceu para trabalhar. A diferença é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada. O seu irmão recebe e não trabalha", respondeu o tucano.
Os candidatos começaram a atingir um ao outro logo na abertura do debate, quando responderam à pergunta "Por que quer ser presidente da República?"
Aécio iniciou, dizendo que é candidato "para encerrar um ciclo de governo que fracassou". Disse que a educação e a saúde pioraram e que o Brasil é um "cemitério de obras inacabadas". Dilma devolveu afirmando que é candidata de um projeto contra a "exclusão", referindo-se aos governos do PSDB. "Faço parte de um projeto que construiu as bases para um Brasil moderno, mais inclusivo, mais produtivo", declarou.
No debate, os dois voltaram a discutir sobre corrupção na Petrobras. Na primeira pergunta que formulou, Aécio Neves mencionou uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) e apontou irregularidades de R$ 18 bilhões na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Dilma afirmou que a diferença entre os dois é que ela manda investigar. "Onde estão os corruptos da compra de votos para a reeleição, do metrô de São Paulo, do Sivam, da privataria tucana? Todos soltos", disse, em referência a casos que envolveram integrantes do PSDB.
Aécio reagiu: "Onde estão os corruptos do seu partido? Estão presos", disse, em referência a petistas condenados no julgamento do mensalão. Ele disse que falava de denúncias "de agora". "Não é possível que a senhora não se sinta responsável. Ou foi conivente ou incompetente", declarou.
A petista citou denúncia de que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoimento ao Ministério Público, teria afirmado que deu propina ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra – que já morreu – para esvaziar uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a Petrobras em 2009.
Na resposta, Aécio disse que, pela primeira, vez a presidente reconheceu denúncias de Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada e, em troca de prisão domiciliar, passou a colaborar com a Justiça nas investigações sobre corrupção na Petrobras. "Se a sra. não tem receio, por que seu partido impediu que o sr. Vaccari fosse à CPI"?, disse Aécio, referindo-se ao tesoureiro do PT, que, segundo depoimentos de Costa, também se beneficiou de propinas de contratos na estatal.
Dilma declarou que Aécio tem "dois pesos e duas medidas" e prometeu que investigará "sem constrangimento tudo e todos". O tucano também defendeu a investigação de "todos" e criticou o que chamou de tentativa do Planalto de impedir o funcionamento da CPI da Petrobras.
No primeiro bloco, Aécio levantou o tema inflação, questionando Dilma sobre medidas que ela pretende tomar para controlar os preços dos produtos. A presidente disse ter "certeza" de que a inflação está “sob controle” e afirmou que há “choques de oferta” de energia e de alimentos por causa da seca. Aproveitou para criticar o desabastecimento de água em São Paulo, estado governado pelo PSDB. O tucano replicou e disse que Dilma "não tem nenhuma solução" para enfrentar a alta de preços. "Você compra com o mesmo dinheiro hoje o que comprava seis meses atrás?", questionou o candidato. A petista afirmou que o PSDB entregou o governo com mais de 11,4 milhões de desempregados e disse que não combaterá a inflação “com métodos de arrochar salário, desempregar e não investir".
Noutro momento, Dilma questionou o tucano sobre a importância de se realizar o teste do bafômetro. "Eu tive um episódio em que parei numa blitz da Lei Seca com a licença vencida e não fiz o exame. Me arrependi disso", respondeu o tucano. Para a petista, o assunto da Lei Seca tem que ser tratado "com mais cuidado". "Eu não dirijo sob efeito de álcool ou droga", afirmou a petista. "Seja correta, seja séria. Mentir e insinuar ofensas como essa é indigno para uma presidente da República", afirmou.
Aécio perguntou se a candidata "mente tanto" porque não tem "nada a apresentar". Dilma afirmou que a gestão do tucano em Minas deixou de investir R$ 7,8 bilhões na saúde e R$ 8 bilhões na educação. "Como o senhor acha que pode se sentar aqui e se furtar a explicar porque teve que assinar um termo de ajustamento de gestão?", questionou a petista. Aécio disse que Dilma desrespeita Minas e elogiou a gestão da saúde e da educação no estado. Disse que o Tribunal de Contas aprovou as contas do governo dele por unanimidade. Dilma afirmou que Minas não se confunde com Aécio e que nasceu no estado antes dele. "Eu nasci em Minas, saí de Minas não fui para passear no Rio de Janeiro", afirmou.
A exemplo do debate anterior, Dilma voltou a indagar o rival sobre a construção de um aeroporto no município de Claudio (MG), em uma fazenda que pertenceu ao tio do tucano. "Uma das coisas mais importantes do país é que não podemos tolerar uso de bens públicos para beneficiar A, B ou C", declarou. Aécio afirmou que é "muito triste ver uma presidente da República mentindo" e cobrou a entrega de aeroportos prometidos pela petista na Presidência.
Considerações finais
Nas considerações finais, Dilma afirmou que os governos passados "só viam as elites", mas que a gestão dela "olha para todos os brasileiros". Disse que o Brasil enfrentou a crise internacional "de peito aberto" e prometeu saúde e educação de qualidade e manter a "trajetória de conquistas sociais a todos".
O tucano afirmou que quer ser presidente porque, segundo ele, o Brasil "não pode viver mais quatro anos de tanto desgoverno". Ele disse que não quer dividir, mas ser presidente da "integração nacional" e afirmou que não tratará "o adversário como inimigo a ser batido a qualquer custo" e em favor da "verdade".
Leia abaixo a íntegra das considerações finais dos dois candidatos.
Dilma - considerações finais (Foto: Arte/G1)
Aécio - considerações finais (Foto: Arte/G1)