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PÁTRIA

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sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

MPF denuncia presidente da OAB por calúnia contra Moro

Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou hoje (19) o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, pelo crime de calúnia. Na ação, o procurador  Wellington Divino Marques de Oliveira, responsável pelo caso, pede o afastamento de Santa Cruz do cargo.
Segundo o MPF, o presidente da OAB caluniou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em julho deste ano, quando afirmou que Moro “usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe da quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas”.
Na denúncia apresentada à Justiça Federal no Distrito Federal, Marques de Oliveira afirma que Santa Cruz tem conduta “não condizente ao cargo”.
“O atual presidente, Felipe Santa Cruz, utiliza o manto de uma das principais instituições no Estado Democrático brasileiro para agir como militante político e impor sua visão política pessoal ao arrepio dos deveres institucionais da OAB”, disse o procurador.

Defesa

Em nota, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a defesa de Santa Cruz recebeu a notícia da denúncia e do pedido de afastamento “com perplexidade e indignação”. Kakay também disse que vai entrar com uma ação de abuso de autoridade no Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador autor da ação.
“Com todo o respeito que devotamos à instituição do Ministério Público Federal, tal postura é um atentado à liberdade de expressão, de crítica e fragiliza o ambiente democrático, que deve ser a regra num país livre, maduro e com as instituições fortalecidas”, afirmou.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Moraes arquiva ações contra Bolsonaro por suposta obstrução no caso Marielle

Crédito: STF/ Carlos Moura
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, arquivou dois pedidos de investigações contra o presidente Jair Bolsonaro por suposta obstrução de Justiça no caso Marielle Franco. Os processos foram movidos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e questionavam a declaração de Bolsonaro sobre obter áudios da portaria do condomínio Vivendas da Barra “antes que fossem adulterados”.
A declaração foi dita no início de novembro, após o nome do presidente ser implicado no depoimento do porteiro do condomínio. Ele afirmou à Polícia Civil que confirmou a entrada de Elcio Queiroz, suspeito de matar Marielle Franco, com o “Seu Jair”, da casa 58 – mesmo número da residência do presidente no conjunto. As informações foram reveladas pelo Jornal Nacional. No dia 20 de novembro, o porteiro recuou e mudou o depoimento.
À época, Bolsonaro declarou que havia obtido as ligações feitas na portaria do Vivendas da Barra “antes que fossem adulteradas”. “Nós pegamos antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de ano. A voz não é minha”, afirmou.
A oposição acusou o presidente de obstruir o caso por ter se apropriado de provas de um caso ainda em investigação. A ABI se manifestou de forma semelhante, pedindo uma investigação sobre a ação de Bolsonaro. O órgão classificou o caso como “temerário” e solicitou busca e apreensão do computador ou da base de dados em que estariam armazenadas as gravações para realização de perícia.
O ministro Alexandre de Moraes solicitou parecer do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que se posicionou contra a abertura de inquérito contra Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, que divulgou vídeo com supostas gravações do prédio.
“O fato de um condômino ter o eventual acesso à cópia dos áudios da portaria do local onde reside consiste em mero exercício de direito, na medida em que possui o domínio ou posse – embora não exclusivamente – sobre os bens de uso comum (art. 1.335 do Código Civil)”, escreveu Augusto Aras.
O PGR pontuou que os “arquivos de áudio a que alude já se encontram, há muito, sob a guarda das autoridades competentes – Ministério Público e autoridade policial -, tendo havido a análise técnica do seu conteúdo antes mesmo dos fatos noticiados”.
Porteiro
A investigação teve início após reportagem da TV Globo mostrar que um homem chamado Elcio (que seria Elcio Queiroz, um dos acusados pela execução de Marielle) deu entrada no condomínio Vivendas da Barra em 14 de março de 2018, data do crime, dirigindo um Renault Logan prata. Ele teria informado ao porteiro que iria visitar a casa 58, de Bolsonaro, mas se dirigiu à residência de Ronnie Lessa, que vive no mesmo conjunto.
O porteiro relatou ter confirmado a entrada de Elcio Queiroz com o “seu Jair”. Quando o veículo seguiu para a casa de Lessa, ele disse ter ligado novamente para a casa de Bolsonaro para confirmar o destino de Queiroz. Bolsonaro, à época deputado federal, estava em Brasília conforme registros da Câmara dos Deputados.
A versão inicial do porteiro foi dita em duas ocasiões no caso e, como prova, foi levado aos investigadores a planilha de controle de entrada no Vivendas da Barra. O registro apontava a ida de Elcio Queiroz à casa 58. A repercussão levou o presidente a solicitar, via Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, que a PGR apurasse o depoimento.
A solicitação de Moro foi atendida por Aras, que encaminhou pedido à Polícia Federal para abrir novo inquérito para ouvir o porteiro. Na ocasião, ele recuou na declaração inicial e afirmou que se equivocou ao marcar a casa 58 e, por isso, se sentiu “pressionado” pelo próprio erro para dar a versão envolvendo o “Seu Jair”.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Eduardo e mais 25 deputados entram com ação para deixar PSL sem perder mandato

Crédito: Reprodução/ Twitter
Vinte e seis dos 53 deputados federais do PSL entraram nesta terça-feira, 17, com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir que seja reconhecida justa causa para que eles deixem o partido. O movimento era esperado desde que o presidente da República, Jair Bolsonaro, começou a se desentender com o presidente da agremiação, Luciano Bivar.
A ação é necessária para que os parlamentares não percam o mandato em caso de desfiliação. Dentre os congressistas citados estão Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Luiz Philippe de Orleans e Bragança e outros integrantes da ala governista da sigla.
A peça, assinada pelo advogado e ex-ministro do TSE Admar Gonzaga, afirma que os deputados citados na ação sofreram perseguição interna no partido por estarem alinhados ao governo. Na ação, os deputados acusam Bivar de ter mantido o controle do partido ao longo de vinte anos, por meio da apresentação de procuração de parte dos convencionais, entre outras táticas.
“É de conhecimento público e é notório que o princípio norteador defendido pela ala bolsonarista foi o de uma mudança sistêmica na estrutura partidária, com ações contrárias àquelas adotadas pela denominada velha política”, diz o documento.
Os deputados também acusam Bivar de agir “em total contrariedade aos princípios partidários estatutariamente definidos e do próprio programa político incorporado pelo PSL”.
A peça de Gonzaga também ressalta que o PSL “mudou de patamar” com a filiação, ano passado, do então pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro que se saiu vitorioso nas eleições.
Antes da filiação do atual mandatário, o PSL elegeu um único deputado federal nas eleições de 1998, 2002, 2010 e 2014. Nenhum candidato da sigla foi eleito para a Câmara em 2006. No entanto, depois do ingresso de Bolsonaro, foram eleitos três governadores, 52 deputados federais e quatro senadores pela agremiação.
Em outubro, Bolsonaro já tinha pedido a Bivar uma relação completa das fontes de receitas, despesas e funcionários da legenda. A intenção era realizar uma auditoria para avaliar como foram utilizados os recursos públicos recebidos por meio do Fundo Partidário

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

‘Todas as alternativas estão sobre a mesa’, diz Bolsonaro sobre nova CPMF

‘Todas as alternativas estão sobre a mesa’, diz Bolsonaro sobre nova CPMF
O presidente Jair Bolsonaro discursa durante cerimônia de promoção de generais das Forças Armadas em Brasília, 9 de dezembro de 2019 - AFP
O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira, 16, que “todas as alternativas estão na mesa”, quando questionado sobre possível volta de um imposto sobre transações financeiras, nos moldes da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O governo só aceitaria criar um imposto se outro tributo for extinto, disse o presidente. “Nós não queremos criar nenhum novo tributo. A não ser que seja para extinguir outros e, assim mesmo, colocado junto à sociedade, para ver qual a reação da sociedade, a gente vai levar adiante essa proposta ou não.”
Bolsonaro afirmou que “nada vai ser feito” se o governo tentar tirar do papel uma reforma tributária “ampla, geral e irrestrita”, que mexa em impostos federais, dos Estados e dos municípios.
O presidente declarou que tem usado o termo “simplificação de impostos”, em vez de reforma tributária em conversas com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Se nós quisermos fazer uma reforma tributária ampla, geral e irrestrita, envolvendo os Poderes, né, Executivo Federal, (tributos) estaduais e municipais, não vai ser feito nada. Tenho falado com Paulo Guedes (a) palavra simplificação de imposto. E focar nos impostos federais”, disse Bolsonaro.
As afirmações de Bolsonaro foram feitas após reunião do presidente com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
Bolsonaro disse a jornalistas que conversará com Guedes antes de definir a data para envio do projeto sobre “simplificação de impostos”. “Ele (Guedes) é o dono da máquina nesse sentido”, apontou.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Revisão da vida toda é reconhecida pelo STJ

Aposentado poderá pedir novo benefício levando em conta todas as contribuições previdenciárias, inclusive as anteriores a 1994

Por MARTHA IMENES
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho reconheceu o direito a isenção de taxa
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho reconheceu o direito a isenção de taxa -
Rio - Uma das revisões que têm, garantido melhoria na aposentadoria do INSS, a revisão da vida toda, foi reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ontem, por unanimidade, a corte decidiu que os segurados do INSS têm direito à revisão da vida toda. A definição vale para todos os processos do tipo sobre o mesmo tema.

A correção consiste em pedir à Previdência o recálculo da média salarial, considerando todos os salários do trabalhador, mesmo os anteriores a julho de 1994, antes do Plano Real. Atualmente, para calcular a média dos salários que será a base de pagamento da aposentadoria, o INSS utiliza apenas as remunerações em reais.

Pela regra vigente no instituto até 12 de novembro deste ano, antes de a Reforma da Previdência começar a valer, a média salarial considerava os 80% maiores salários do trabalhador desde julho de 1994 para quem se filiou ao INSS até 26 de novembro de 1999.

Para os filiados a partir de 27 de novembro de 1999, a média salarial era feita com base nos 80% maiores salários de todo o período contributivo. A partir de 13 de novembro deste ano, houve nova modificação e a média deve levar em conta todos os salários do trabalhador desde 1994, sem descartar os 20% menores. "Só quem se aposentou há menos de dez anos pode pedir a revisão", orienta Murilo Aith, do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados.

Na revisão, o segurado deve pedir para incluir na média salarial os 80% maiores salários de toda sua vida profissional, até mesmo os que foram pagos antes do Plano Real, em outras moedas. A correção beneficia trabalhadores que tiveram altos salários no passado e cuja remuneração diminuiu com o passar dos anos.

Em junho
"O STJ já havia iniciado o julgamento em junho deste ano e com voto favorável do relato, ministro Napoleão Nunes Maia. O maior destaque pra mim, no início deste julgamento, foi quando o ministro ao dar seu voto perguntou aos demais ministros se alguém discordava do que ele dizia. E ninguém discordou. Para mim, nesse dia, tive a impressão de que os demais também seriam favoráveis", acrescentou Murilo.

O caso foi julgado no STJ sob o tema 999 e já havia recebido voto favorável do relator da medida, ministro Napoleão Nunes Maia, em junho deste ano. Em seu voto, o relator afirmou sera favorável à aplicação da regra mais vantajosa ao beneficiário, caso ele tenha condições de optar pelas duas bases de cálculo.

O julgamento havia sido paralisado a pedido da ministra Assusete Magalhães, que solicitou vistas. Com isso, todos os processos sobre o mesmo tema estavam parados (sobrestados) tanto na Justiça Federal comum quanto nos Juizados Especiais Federais (JEFs). Nos Juizados, os casos sem andamento, à espera de decisão, por determinação da Turma Nacional de Uniformização (TNU).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Alcolumbre diz que plenário não vai votar projeto da 2ª instância aprovado na CCJ

Crédito: Marcos Oliveira/Agência Senado
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o projeto de lei aprovado mais cedo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) prevendo prisão em segunda instância não será votado no plenário.
Ao chegar para sessão conjunta do Congresso Nacional, Alcolumbre disse que vai manter acordo para aguardar a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara para pautar essa proposta – e não o projeto dos senadores – no plenário do Senado.
“Não vai votar. Esse foi um acordo construído. Eu falei para vocês que eu estava buscando uma conciliação”, afirmou Alcolumbre, ao ser perguntado sobre quando pautaria no plenário do Senado o projeto aprovado pela comissão.
Alcolumbre reforçou que a Câmara apresentou um calendário para a PEC da segunda instância e que essa proposta tem maior segurança jurídica do que o projeto do Senado.
Para amanhã, Alcolumbre reforçou que o plenário do Senado deve votar o pacote anticrime na versão aprovada pelos deputados.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Bolsonaro recua, e Mourão participará de posse na Argentina

Bolsonaro recua, e Mourão participará de posse na Argentina
(Arquivo) O vice-presidente Hamilton Mourão - AFP
SÃO PAULO, 9 DEZ (ANSA) – O presidente Jair Bolsonaro mudou de ideia e pediu para o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, participar da cerimônia de posse do líder argentino Alberto Fernández, em Buenos Aires, nesta terça-feira (10). A informação foi revelada pela TV Globo News. De acordo com o site “G1”, Bolsonaro chamou Mourão em seu gabinete para pedir que ele viajasse para a Argentina para representar o governo brasileiro no evento. A ideia do mandatário do Brasil é fazer com que as relações voltem ao normal, informou Mourão à publicação. A decisão foi tomada horas depois que Bolsonaro disse que analisaria primeiro a lista de convidados para decidir quem enviaria. Ele ainda chegou a desistir de mandar o ministro da Cidadania, Osmar Terra. Apesar do Brasil ser representado por um político de alto-escalão do governo, esta será a primeira vez desde 2003 que o presidente da República não irá à posse do novo mandatário da Argentina. O país vizinho é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro defendeu diversas vezes a reeleição de Mauricio Macri e trocou várias farpas com Fernández. (ANSA)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

A tragédia da educação

Nível de desempenho em matemática, ciências e interpretação de texto dos estudantes brasileiros no Pisa está entre os piores do mundo, não evolui há dez anos e compromete o futuro do País

A tragédia da educação
A educação vai de mal a pior no Brasil. As escolas estão ensinando menos do que o necessário e os alunos não estão aprendendo o suficiente. O modelo de ensino adotado no País vem se mostrando pouco eficaz e improdutivo e vai comprometer o desenvolvimento econômico futuro. A última pesquisa divulgada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que os últimos dez anos foram de estagnação no nível de desempenho escolar dos alunos brasileiros. O levantamento, referente a 2018, envolveu 600 mil alunos do ensino médio de 79 países, todos na faixa etária de 15 anos. Os estudantes foram avaliados em matemática, ciências e em capacidade de leitura. O Brasil, onde 10,7 mil alunos de 638 escolas fizeram as provas do Pisa, perdeu posições em matemática, ficando em 70º lugar, e em ciências, situando-se na 66º posição. Em leitura houve uma ligeira melhora e os estudantes locais ficaram em 57º lugar. Na média geral, o País ficou entre os 20 países com pior avaliação. As notas brasileiras ficaram muito abaixo dos alunos dos países da OCDE, considerados referência em qualidade de educação.
ABANDONO Alunos brasileiros do ensino médio tiveram notas bem mais baixas que estudantes de países da OCDE (Crédito:Divulgação)
Proficiência mínima
Em matemática, enquanto a média dos países desenvolvidos chegou a 489 pontos, o Brasil atingiu pífios 384 pontos. Em ciências, a pontuação brasileira atingiu 404 pontos, ante 489 dos países da OCDE. E em leitura, a nota local foi de 413 e a dos países com melhor desempenho alcançou 487 pontos. Os resultados do Pisa indicam que 43% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível 2, considerado a proficiência mínima da OCDE em matemática, ciências e leitura. Entre os países da OCDE, apenas 13,4% dos alunos apresentaram esse fraco desempenho. As melhores notas da avaliação foram alcançadas por alunos da China, Cingapura, Macau e Hong Kong. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, bem ao seu estilo avacalhador, se eximiu de responsabilidade pela baixa classificação brasileira no Pisa. Segundo ele, a “culpa é integralmente do PT”. “Esse governo não tem nada a ver com o Pisa”, diz.
Escolas públicas
Para o professor do Insper Sérgio Firpo, especialista em economia da educação, os resultados do Pisa refletem a baixa qualidade do ensino no País, especialmente nas escolas públicas. “A gente está muito abaixo de onde poderia estar”, diz Firpo. “Se essa situação se eternizar, boa parte de nossa população estará condenada a trabalhos com baixíssima produtividade, o que afetará nosso desenvolvimento econômico nos próximos anos”. Para Firpo, a precariedade do ensino é uma das razões da desigualdade social. Quatro entre dez adolescentes brasileiros atualmente na escola são incapazes de identificar a ideia principal de um texto, interpretar gráficos, resolver problemas com números inteiros e de entender um experimento científico elementar.
Apesar dos números ruins da educação brasileira e das barreiras para a inclusão escolar dos alunos de baixa renda, a OCDE destacou que o País conseguiu aumentar consideravelmente o número de adolescentes matriculados nas escolas sem que isso tenha levado a uma queda da nota média dos estudantes avaliados. Desde 2000, o Brasil tem apresentado aumento na atração de alunos no ensino fundamental. Entre 2003 e 2012, o País garantiu a permanência de mais de 500 mil estudantes de 15 anos no sistema de ensino. Mesmo assim, os números de evasão escolar ainda assustam. Quatro em cada dez brasileiros de 19 anos não terminaram o ensino médio no ano passado. Mais da metade dessa população que deixou a escola parou de estudar no ensino fundamental. Esses estudantes poderiam, por exemplo, estar fazendo cursos técnicos e se aprimorando em alguma especialidade.
Segundo Firmo, para reverter a situação, o ensino médio deveria ter um currículo mais interessante e um conteúdo mais atraente para os jovens estudantes.“Uma coisa que a gente faz pouco no Brasil é copiar modelos internos de sucesso, como o de Sobral (CE)”, diz o professor. Esse seria um caminho para melhorar a educação no País: copiar as experiéncias que dão certo “Outro grande problema é a falta de estrutura e de gestão das escolas e das redes de ensino”. O Brasil tem que fazer a lição de casa e dar um salto de qualidade na educação. Vamos ver se o atual governo será capaz de melhorar a nota dos alunos brasileiros no Pisa daqui a três anos.
Quatro em cada dez brasileiros de 19 anos não terminaram o ensino médio no ano passado. Mais da metade desses jovens parou de estudar no ciclo fundamental

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Ricardo Salles vira réu por ‘deteriorar’ busto de Carlos Lamarca em SP

Crédito: AFP
(Arquivo) O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Crédito: AFP)
A juíza Gabriela de Oliveira Thomaze, da 1ª Vara de Jacupiranga (SP), aceitou denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) na segunda-feira passada, dia 2, e colocou o ministro Ricardo Salles no banco dos réus por ter, enquanto Secretário do Meio Ambiente do Estado, “inutilizado e deteriorado” o busto do guerrilheiro de esquerda e ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, que ficava no Parque Estadual Rio Turvo, no Vale do Ribeira.
A Procuradoria atribui ao chefe da pasta de Meio Ambiente do governo Bolsonaro crime contra o Patrimônio Cultural. Segundo a denúncia, em agosto de 2017, durante visita ao parque, Salles determinou que a estátua, seu pedestal e um painel contendo fotografias e informações acerca da passagem de Lamarca pelo Vale do Ribeira fossem retirados do local. Os objetos estavam ali desde 2012, por decisão do Conselho do Parque.
Ex-capitão do Exército Brasileiro, Lamarca liderou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização de luta armada que combateu a ditadura militar (1964-1985). Ele foi condenado pelo Superior Tribunal Militar como desertor e caçado pelo regime. Comandou assaltos a bancos e o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher no Rio, em 1970, em troca da libertação de 70 presos políticos.
Entre 1969 e 1970, Lamarca e outros 16 guerrilheiros fizeram treinamento de guerrilha em grutas no meio da Mata Atlântica, no Sítio Capelinha, onde hoje fica o parque. Em 2017, o site da Secretaria do Meio Ambiente, indicava que a passagem do guerrilheiro pelo local era um “grande atrativo histórico” do parque.
Após determinar a retirada do busto do Parque, em 2017, Salles informou à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, por meio de nota: “Narrar fatos é uma coisa. Erguer bustos com dinheiro público e em parque público é bem diferente. Carlos Lamarca foi um guerrilheiro, desertor e responsável pela morte de inúmeras pessoas. A presença desse busto no local inadmissível”.
Nomeado para a pasta do Meio Ambiente em 2016 pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), Salles deixou o cargo dias depois da visita a Cajati.
Em dezembro de 2017, quase cinco meses após a determinação, a Promotoria instaurou um inquérito para apurar se o ex-secretário havia cometido improbidade administrativa ambiental.
Após o início da investigação, Salles informou que já havia prestado as informações ao Ministério Público e indicou: “recurso de compensação ambiental não foi feito para colocar busto em parque, como fizeram lá. Ainda mais de uma pessoa que era um criminoso, independentemente do lado ideológico. Seria o mesmo que uma comunidade como a da Rocinha, no Rio, usar dinheiro público para fazer uma estátua do Fernandinho Beira-Mar. Seria usar o dinheiro público de forma inadequada. Mesmo não sendo mais o secretário, continuo achando que não é a melhor coisa ter um busto de Lamarca num parque público.”
Defesa
A reportagem entrou em contato, por e-mail, com a assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente, mas não havia recebido resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestações.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

STF define regras para compartilhar dados sem autorização judicial

Crédito: Rosinei Coutinho/ STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu hoje (4) as regras para o  compartilhamento total de dados financeiros da Receita Federal e da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), do Banco Central, antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com o Ministério Público (MP) e com a polícia sem autorização judicial.
Na semana passada, a Corte autorizou o envio dos dados, mas faltou a definição da tese do julgamento, que servirá de base para os demais casos em tramitação no Judiciário.
Pela decisão, o compartilhamento somente poderá ser feito por pedidos formais. Além disso, a Receita Federal e a UIF só poderão enviar dados que estejam na sua base de dados, não podendo quebrar o sigilo de dados bancários.
Pela decisão dos ministros, foi aprovada a seguinte tese: “É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil que define o lançamento do tributo com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional”.
As informações financeiras são usadas pelo MP para investigar casos de corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e movimentações financeiras de organizações criminosas. De acordo com a legislação, a Receita e o antigo Coaf têm a obrigação de enviar informações suspeitas ao MP.
Com a decisão, foi anulada a determinação do presidente da Corte, Dias Toffoli, que suspendeu, em julho, processos que estavam em andamento e que tinham dados da Receita e do antigo Coaf compartilhados sem autorização judicial.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Justiça homologa delação de um dos investigados por hackear Moro e autoridades

Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A Justiça Federal do Distrito Federal homologou acordo de colaboração premiada do estudante de direito Luiz Henrique Molição, de 19 anos, um dos presos na Operação Spoofing, deflagrada em julho, que investiga a invasão de celulares de autoridades da República incluindo procuradores da Lava Jato e o ministro da Justiça, Sergio Moro.
Molição foi preso na segunda fase da Spoofing e teria participado pessoalmente de conversa com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, referente à entrega dos conteúdos obtidos por meio das invasões. Ele tinha ligação com Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, que confessou ter hackeado autoridades e repassado o conteúdo a Greenwald.
A decisão de homologar a delação foi proferida na noite da segunda-feira, 2, pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. A tendência é que, a partir de agora, Molição deixe a prisão e continue a responder em liberdade.
O magistrado também concedeu mais 15 dias para que os investigadores encerrem o inquérito. O prazo encerra no dia 19 de dezembro. Após a conclusão pela Polícia Federal, caberá ao Ministério Público Federal decidir se oferece ou não denúncia.
No acordo, sob sigilo, Molição se comprometeu a trazer revelações sobre as ações relacionadas ao hackeamento das autoridades por meio das contas do aplicativo de comunicação Telegram. Ele também poderia entregar informações sobre diálogos que ainda não estão de posse dos investigadores.
Procurada, a defesa de Luiz Molição não atendeu telefonemas nem respondeu mensagens.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Pela 2ª vez, aras se manifesta a favor de Bolsonaro bloquear usuários no Twitter

Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF
Procurador-geral da República, Augusto Aras, durante a sessão plenária (Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF )
O procurador-geral da República, Augusto Aras, emitiu, pela segunda vez, parecer a favor de o presidente Jair Bolsonaro ter a liberdade de bloquear usuários em seu perfil no Twitter. Desta vez, a manifestação foi declarada em processo movido pelo jornalista William de Lucca Martinez. No mês passado, o PGR opinou sobre o assunto em ação levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela deputada Natália Bonavides (PT-RN).
No caso em questão, William de Lucca afirma ter sido bloqueado pelo presidente após responder Bolsonaro em um tweet sobre a repercussão internacional das queimadas na Amazônia. Segundo o jornalista, a ação teria ferido a lei, visto que Bolsonaro utiliza o Twitter como meio de comunicação da Presidência da República, “pelo qual são transmitidas inúmeras informações de interesse público”.
O caso está sob relatoria da ministra Cármen Lúcia, do STF.
Em sua manifestação, Aras declara que a conta do presidente não tem caráter oficial e, apesar de veicular informações de interesse social e repercutir determinadas políticas públicas, não gera direitos ou obrigações que poderiam classificar a ação de bloqueio como ato administrativo.
“É certo que a distinção entre esfera pública e privada não é estanque, principalmente quando se trata do ambiente virtual. Contudo, o mero fato de as publicações do impetrado repercutirem no meio social não constitui fundamento idôneo para sua caracterização como ato administrativo”, opina o PGR.
Aras destaca que a possibilidade de bloqueio, neste cenário, serve para “apaziguar ânimos mais acirrados” para evitar a propagação de “comentários desqualificadores e de discurso de ódio” nos ambientes “político e religioso”.
Nos autos, a Presidência da República alega que o bloqueio é parte de ato da vida privada do presidente e que o ato não foi feito como ato de ofício do presidente.
Aras destacou que o caso não se assemelha à determinação judicial de um tribunal de apelação nos Estados Unidos que proibiu o presidente americano, Donald Trump, de bloquear usuários na rede social. Lá, a Justiça classificou a conta de Trump como de interesse público e por isso ele não poderia impedir outras pessoas de acessá-la.
Na opinião de Aras, a conta de Bolsonaro serve de caráter informativo, “despido de quaisquer efeitos oficiais”, e portanto, um perfil pessoal. “Nessa medida, a ele deve ser conferido o direito, como o é garantido a qualquer cidadão, autoridade pública ou não, de bem administrar suas plataformas de comunicação virtual, permitindo ou recusando seguidores”, alega.
No início de novembro, Aras se manifestou pela primeira vez em processo de caráter semelhante movido pela deputada Natália Bonavides (PT-RN). Ela também foi bloqueada por Bolsonaro no Twitter e exigia seu desbloqueio.
O procurador-geral da República alegou as mesmas justificativas em seu parecer, destacando que a conduta do presidente em bloquear a deputada “não pode ser enquadrada como ato de império, por não ter sido efetuado no exercício da função pública”.
“Inviável a aplicação do princípio da publicidade às postagens efetuadas na rede social privada do Presidente da República, que não pode ser enquadrada como veículo oficial de publicidade dos atos administrativos”, concluiu o procurador-geral da República.
Com a palavra, o jornalista William de Lucca

Procurado pela reportagem, o jornalista William de Lucca afirmou que vê a manifestação de Aras “sem muita surpresa” e espera que o STF tenha “sensibilidade” ao julgar o caso. “Mesmo que o presidente diga que é um perfil privado, a gente sabe que lá [no Twitter] Bolsonaro fala como presidente, dá anúncio como presidente e por isso é um espaço onde o debate deveria ser público, inclusive para quem discorda dele.”