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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Bombardeios russos matam 10 civis na Síria e regime avança em Idlib

Bombardeios russos matam 10 civis na Síria e regime avança em Idlib
Membro da Defesa Civil síria combate incêndio após bombardeio em Idlib - AFP
Dez civis foram mortos em ataques aéreos russos em uma área onde há uma clínica médica na região de Idlib, onde as forças do regime avançam para tomar a última grande fortaleza insurgente na Síria – relatou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Aliada do regime de Bashar al-Assad, Moscou negou ter realizado esses ataques noturnos, que atingiram a localidade de Ariha, na província de Idlib (noroeste). O Ministério da Defesa afirmou que “a aviação não realizou nenhuma missão de combate nesta região da Síria”.
As paredes da clínica de Al-Shami foram danificadas, e o estabelecimento está fora de serviço, segundo correspondentes da AFP no local.
Toufic Saado, um paramédico da clínica, estava dentro do prédio quando três bombardeios atingiram a área. “Pessoas feridas estão em frente ao estabelecimento médico”, disse ele à AFP.
Na mesma região, três edifícios desabaram. Os gritos de mulheres e crianças eram ouvidos, enquanto as equipes de resgate buscavam corpos enterrados sob os escombros, segundo um correspondente da AFP.
Segundo o OSDH, ao menos cinco mulheres estão entre as vítimas. Este novo balanço eleva para 21 o número de civis mortos nos bombardeios russos na região de Idlib nas últimas 24 horas, de acordo com a organização.
Na quarta-feira, as forças do regime reconquistaram a cidade estratégica de Maaret al-Noomane, a segunda maior da província de Idlib, e continuam avançando na região, dominada pelos jihadistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS, ex-facção síria da Al-Qaeda).
Composta por grande parte da província de Idlib e setores adjacentes das províncias de Aleppo, Hama e Latakia, a região também abriga outros grupos jihadistas e várias facções da oposição armada.
As forças do regime avançam ao norte de Maaret al-Noomae, em direção à localidade de Saraqeb, que está praticamente deserta após bombardeios pesados.
Ariha fica entre Maaret al-Noomane e Saraqeb, que se encontra na rodovia M5, uma rota estratégica que conecta Damasco a Aleppo, a segunda cidade da Síria e antigo centro econômico do país.
Os combates com grupos jihadistas e rebeldes ocorrem a menos de cinco quilômetros de Saraqeb, segundo o OSDH.
A importância estratégica de Saraqeb também reside no fato de que também está no cruzamento entre a M5 e outra rodovia principal (M4), que liga Aleppo à cidade costeira de Latakia.
Após meses de bombardeios e combates, as forças do regime controlam mais de 40% da província de Idlib. No total, Assad controla mais de 70% do território nacional.
Desde dezembro, mais de 388.000 pessoas deixaram suas casas na região de Idlib, segundo a ONU, incluindo 20.000 nos últimos dois dias.
A província de Idlib já havia sido palco de uma grande ofensiva entre abril e agosto de 2019, que matou quase mil civis, segundo o OSDH, e deslocou mais de 400.000 pessoas.
Os combates “devem cessar”, insistiu ontem o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários da ONU, Mark Lowcock, alertando para o agravamento de um “desastre humanitário”.
Deflagrado em março de 2011 pela repressão de protestos pró-democracia, o conflito na Síria deixou mais de 380.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Procuradoria denuncia Lula e Boulos por invasão do triplex no Guarujá (SP)

Crédito: Alice Vergueiro
FICA, VAI TER BOULOS Lula até tentou convencer Boulos a não ser candidato a presidente da República. Ele não obedeceu (Crédito: Alice Vergueiro)
O procurador da República em São Paulo Ronaldo Ruffo denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, pela invasão do triplex no Guarujá, em abril de 2018, em protesto contra a prisão do petista para cumprimento da sentença imposta, à época, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por supostas propinas de R$ 2,2 milhões da OAS – equivalentes às reformas e suposta aquisição do imóvel.
Eles são acusados por violar o artigo 346 do Código Penal: “Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção”.
Além da ocupação, havia ainda um grupo de 70 apoiadores em frente ao triplex, com faixas dizendo “Se é do Lula, é nosso”, “Se não é, por que prendeu?” e “Povo sem Medo”. “É uma denúncia da farsa judicial que levou Lula a prisão. Se o triplex é dele, então o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, precisam explicar porque ele está preso”, disse Boulos, no dia 16 de abril, nas redes sociais. Lula havia sido preso no dia 7 daquele mês.
O ex-presidente chegou a prestar depoimento em investigação sobre a ocupação do imóvel, que já estava bloqueado, por ordem Judicial, a título de reparação dos cofres públicos. Lula negou incitar a invasão. Boulos disse à Polícia Federal que se tratou de uma “ação legítima”.
A Polícia Federal intimou Boulos a prestar depoimento sobre o ocorrido. “Isso era conhecimento público e da própria delegada que eu não estive presente na ação embora considere a ação legítima e me orgulhe, porque é uma ação que ajudou a denunciar uma farsa judicial que levou o ex-presidente Lula injustamente à cadeia como preso político.”
“Não achamos que isso deve ser tratado num inquérito criminal. Isso deve ser tratado no ambiente político”, afirmou.
Após saber da denúncia, Guilherme Boulos afirmou, em suas redes sociais: “Acabei de ser informado que o MPF denunciou a mim, a Lula e a 3 militantes do MTST pela ocupação do triplex do Guarujá, sugerindo pena de prisão de até 2 anos. É a nova farsa do triplex. Que fique claro: a criminalização das lutas não vai nos intimidar nem nos calar!”
Após ser bloqueado, o triplex foi arrematado, em leilão judicial, pelo valor mínimo, de R$ 2,2 milhões.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Presidente do INSS pede demissão; secretário de Previdência assume

Crédito: Agência Brasil
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Renato Rodrigues Vieira, pediu demissão, informou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, em entrevista coletiva. Vieira será substituído pelo secretário de Previdência, Leonardo Rolim.
Segundo Marinho, a saída se deu a pedido de Vieira. O futuro do comando do INSS vinha sendo avaliado entre Vieira e a cúpula da secretaria. “A gente vinha amadurecendo isso com o Renato Vieira, e ele consolidou a disposição de sair do INSS a pedido. Foi amadurecido ao longo dos 15 dias”, disse Marinho.
Na entrevista, Marinho negou que a decisão tenha partido do governo. “O ano passado foi de muitas entregas; este ano será desafiador. Renato acha que deve se dedicar a novos projetos, e nós aceitamos. Amanhã [29] haverá consolidação do ato com indicação do substituto”, acrescentou o secretário.
A saída de Vieira ocorre em meio a buscas de solução para as filas do INSS. Mais de 1,3 milhão de pedidos estão aguardando, há mais de 45 dias, pela análise da solicitação, prazo estabelecido pela legislação. O governo anunciou a contratação de militares da reserva e civis para uma força-tarefa.
Marinho disse que a opção pelo secretário de Previdência para substituir Vieira deveu-se ao conhecimento de Leonardo Rolim sobre o tema e os problemas da pasta, o que contribuirá para evitar dificuldades na transição e na busca de solução para as filas do INSS.
“Quem estamos trazendo tem capacidade operacional e conhecimento técnico, além de ter relação estreita com funcionários do INSS. Para nós, pode ser oportunidade de ganhar mais experiência sem perder todo o escopo do trabalho que foi construído”, ressaltou.
Rogério Marinho não adiantou, contudo, quem deverá assumir o lugar de Rolim. “O substituto teremos um pouco mais de cuidado para buscar o nome. Podemos aguardar mais tempo para achar quem irá assumir, para termos alguém que tenha familiaridade com o tema e não precise reiniciar o processo”, afirmou.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Justiça penhora carro de luxo de Ciro Gomes para indenizar Fernando Holiday

Justiça penhora carro de luxo de Ciro Gomes para indenizar Fernando Holiday
Reprodução/ TV Cultura
A Justiça de São Paulo determinou a penhora de uma pick-up Toyota Hilux do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). A medida foi tomada para que ele arque com parte da indenização à qual foi condenado a pagar para o vereador Fernando Holiday (DEM), de acordo com informações do Valor Econômico.
Segundo a reportagem, o processo em questão diz respeito a quando Ciro chamou Holiday de “capitãozinho do mato” em entrevista à Radio Jovem Pan em junho de 2018. “Imagina, esse Fernando Holiday aqui. O capitãozinho do mato, porque é a pior coisa que tem é um negro que é usado pelo preconceito para estigmatizar, que era o capitão do mato do passado”, disse Ciro na época.
A decisão foi assinada pela juíza Lígia dal Colleto Bueno, da 1ª vara do Juizado Especial Cível. A assessoria de Ciro afirmou ao Valor Econômico que irá recorrer.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A verdade depois de meio século

Ministério Público de São Paulo culpa oficialmente a União pela morte de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político nos anos de chumbo. É uma resposta aos saudosos da ditadura militar e àqueles que elogiam torturadores

Crédito: Divulgação
VÍTIMA Virgílio, que migrou para São Paulo com 16 anos, acabou massacrado na sede da Operação Bandeirante (Crédito: Divulgação)
No momento em que a ditadura militar e seus torturadores são enaltecidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, o Ministério Público de São Paulo tomou uma decisão que reforça os valores democráticos, exorciza os nostágicos dos tempos do regime de exceção e reafirma os princípios do Estado de Direito. Trata-se do atestado de óbito fornecido à família do operário Virgílio Gomes da Silva, no qual, por determinação do MP, consta com todas as letras que a responsabilidade pela sua morte é da União. A ditadura que se instaurou no Brasil em 1964, rasgando a Constituição e apeando do poder o então presidente democraticamente eleito João Goulart, sequestrou, torturou, matou e desapareceu com corpos. Formou-se então no País uma legião de Antígonas, homens-Antígonas e mulheres- Antígonas, buscando dar sepultura digna a seus familiares, sepultura que o Estado-Édipo negou. Pois bem, Virgílio foi o primeiro opositor do regime a ser colocado na fria catalogação de “desaparecido político”.
JUSTIÇA Gregório da Silva junta atestado de óbito retificado de seu pai, Virgílio, aos arquivos documentais da família: alento em meio à dor (Crédito:Gabriel Reis)
Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), comandada por Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira, o operário Virgílio, cujo nome na clandestinidade era Jonas, talvez sonhasse em ver o Brasil comunista, o que significaria uma ditadura tão ruim, sangrenta e cruel quanto a ditadura de extrema direita que vivemos. Nenhuma ditadura presta, ambas reprimem com violência. Virgílio foi preso em São Paulo em setembro de 1969, nove meses após a decretação do nebuloso AI-5, do qual também há gente em Brasília com vontade de vê-lo novamente vigorar. O potiguar Virgílio, então com 36 anos de idade, apesar de sua baixa estatura (um metro e sessenta e seis centímetros) praticava boxe e revidou quando levou os primeiros golpes de seus torturadores. Era um único homem a ser subjugado por muitos outros homens. Virgílio, que migrara para São Paulo com 16 anos de idade fugindo da fome da região em que nascera, acabou massacrado atrás de uma porta na sede da chamada Operação Bandeirantes (Oban), embrião do DOI-Codi, o grande porão da repressão militar. Motivo de sua prisão e morte: como responsável pelo grupo tático armado da ALN, ele teve papel relevante no sequestro do então embaixador americano Charles Burke Elbrick. Foi enterrado clandestinamente em um dos maiores cemitérios públicos de São Paulo, localizado no bairro de Vila Formosa. “Temos o atestado de óbito, mas o corpo jamais foi encontrado”, diz um de seus filhos, o engenheiro Gregório Gomes da Silva. “Meu pai era um homem íntegro e honesto, para sobreviver participou até de baile de resistência carnavalesca. Tinha de dançar sobre um tablado sem parar, os três dias do Carnaval, para ganhar o dinheiro do prêmio”.
“Meu pai foi um homem íntegro e honrado, mas seu corpo foi enterrado como indigente” Gregório Gomes da Silva, filho de Virgílio
Bolsonaro joga contra
A Câmara Municipal de São Paulo concedeu in memorian o título de cidadão paulistano a Virgílio. O trabalho de localização de corpos de desparecidos políticos e de retificação do documento que atesta o óbito ganhou força com a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Com o claro propósito de bloquear a atuação da comissão, Jair Bolsonaro promoveu nela diversas interferências e acabou demitindo a sua presidente, a procuradora Eugênia Augusta Gonzaga. Os procedimentos passaram então à alçada do Ministério Público paulista. O presidente da República também alterou o regimento interno da comissão, praticamente desautorizando as emissões de atestados de óbitos com a informação verdadeira sobre a causa de morte porque isso inevitavelmente acarreta a responsabilização da União.
Diante de tantos obstáculos colocados na esfera federal, o atestado de óbito de Virgílio é uma grande vitória de seus familiares contra a mais dura noite política que caiu sobre o País com a edição do AI-5: além de torturar e matar oponentes do regime, o ato institucional fechou o Congresso, extinguiu direitos políticos e garantias individuais, tornou sem efeito a figura jurídica do habas corpus e censurou a imprensa. Não se sabe onde está a ossada de Virgílio. Mas agora sabemos que a sua morte, ocorrida há 51 anos, se deu sob tortura — isso passou a ser público e a União é oficialmente culpada.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Países vizinhos da Líbia rejeitam interferência estrangeira no país

Países vizinhos da Líbia rejeitam interferência estrangeira no país
Vizinhos da Líbia se reúnem na Argélia para discutir o conflito no primeiro país - AFP
Os países vizinhos da Líbia recusaram nesta quinta-feira (23) “qualquer interferência estrangeira” naquele país, dividido pela guerra civil, durante reunião em Argel, capital da Argélia, em busca de uma solução política para o conflito.
A reunião foi finalizada com um acordo sobre “a necessidade de respeitar a Líbia como um Estado, respeitar a soberania das autoridades legítimas em todo o território”, explicou em coletiva de imprensa o ministro das Relações Exteriores argelinas, Sabri Boukadoum.
Participaram do encontro os ministros do Egito, Mali, Chade e da Tunísia. Integraram a reunião também diplomatas do Sudão e da Nigéria, assim como o ministro de Relações Exteriores alemão, Heiko Maas.
“Esse encontro não é um mecanismo senão uma reunião de consenso e coordenação, para que se possa ouvir as vozes dos países vizinhos nas comissões internacionais”, ressaltou Boukadoum.
Todos os participantes encorajaram “as partes líbias a solucionar a sua crise mediante métodos pacíficos”.
Vários países africanos se queixaram por terem sido mantidos à margem durante a Cúpula em Berlim, na qual participaram os rivais líbios Fayez al-Sarraj, do Governo da União Nacional (GNA, na sigla em inglês), que é reconhecido como legítimo pela Organização das Nações Unidas — e o general Khalifa Haftar.
Ainda assim, os dois se recusaram a se reunir em Berlim.
Embora o GNA tenha assinado o acordo formal de cessar fogo, o general Khalifa Haftar não fez o mesmo.
As áreas rivais concordaram com a criação de uma comissão militar encarregada de definir os mecanismos de instauração de uma trégua durável.
Desde 2011, quando o ditador Muamar Kadafi, a Líbia vive uma guerra civil. A partir disso, milícias e grupos armados disputam pelo território e controle dos recursos petrolíferos.
O Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, França e Rússia suspenderam o apoio diplomático a Haftar, embora a Turquia tenha anunciado recentemente um acordo de apoio militar e estratégico ao GNA, que também conta com o apoio do Qatar.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Bolsonaro embarca hoje para visita oficial à Índia

Bolsonaro embarca hoje para visita oficial à Índia
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em coletiva de imprensa no ministério de Minas e Energia, em Brasília, no dia 15 de janeiro de 2020 - AFP
O presidente Jair Bolsonaro embarca, na manhã de hoje (23), para a Índia, onde é convidado especial para as celebrações do Dia da República, no próximo domingo (26). A viagem deve incluir a assinatura de pelo menos dez acordos bilaterais, em áreas como segurança cibernética, bioenergia e saúde. A previsão é que o avião presidencial chegue a Nova Delhi por volta das 16h desta sexta-feira (24), horário local, sem compromissos oficiais previstos.
No dia seguinte (25), o presidente brasileiro cumpre agenda com protocolo de visita de Estado, que inclui reuniões com o presidente indiano, Ram Nath Kovind, e o primeiro-ministro e chefe de governo do país Narendra Modi, para assinatura de acordos entre os dois países, além de uma declaração à imprensa. Também está programada, no mesmo dia, uma visita ao Memorial em homenagem ao pacifista indiano Mahatma Gandhi. No domingo (26), Bolsonaro participará das comemorações do Dia da República da Índia.
No dia 27, também em Nova Delhi, Bolsonaro participa de café da manhã com empresários indianos para apresentar oportunidades de negócios no Brasil, com foco em investimentos no setor de infraestrutura. Depois, haverá um seminário entre empresários dos dois países. Na sequência, a comitiva brasileira embarca para Agra, cidade que abriga o famoso mausoléu Taj Mahal, um dos principais monumentos da Índia. Será o último compromisso oficial de Bolsonaro no país asiático. Depois disso, ele embarca de volta ao Brasil, onde deve chegar na terça-feira (28), ainda sem previsão de horário. .
A comitiva de Bolsonaro é formada pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Teresa Cristina (Agricultura), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o secretário da Pesca, Jorge Seif, o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (Sem Partido-SP) e o deputado federal Filipe Barros (Sem Partido-PR) também acompanham o presidente.

Vistos

Apesar de o governo trabalhar nesse sentido, Bolsonaro não deve anunciar durante a viagem a isenção de visto de entrada para turistas indianos. Isso porque ainda estão em andamento estudos que permitam viabilizar a medida, segundo o governo.
No ano passado, o Brasil isentou de visto de entrada os turistas provenientes de Japão, da Austrália, do Canadá e dos Estados Unidos. A medida foi tomada sem que houvesse reciprocidade desses países em relação aos turistas brasileiros.
*Com informações de Felipe Pontes

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Ex-presidente da Vale e mais 15 pessoas são denunciadas por homicídio doloso

Crédito: Alan Rodrigues
Rompimento da barragem deixou 270 vítimas (Crédito: Alan Rodrigues)
A denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) engloba o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, 15 pessoas e as empresas Vale e TÜV SÜD. A força-tarefa responsável pelo caso do rompimento da barragem da Vale, na cidade mineira de Brumadinho, distribuiu a denúncia para a Justiça na manhã desta terça-feira (21).
Os denunciados vão responder pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar. A tragédia de Brumadinho aconteceu há quase um ano, em 25 e janeiro de 2019. O rompimento da barragem I da Mina do Córrego do Feijão deixou cerca de 270 vítimas, das quais 259 foram encontradas e 11 ainda continuam desaparecidas.
Ativistas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) decidiram fazer uma caminhada como forma de protesto pela demora dos processos na Justiça. Além disso, a falta de atenção da Vale para com as vítimas e a lentidão dos reparos na região também são alvo de reclamações. A caminhada saiu de Belo Horizonte e deve terminar em Brumadinho no próximo sábado (25).

Nota da TÜV SÜD na íntegra

“A TÜV SÜD continua profundamente consternada pelo trágico colapso da barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias.
Um ano após o rompimento, suas causas ainda não foram esclarecidas de forma conclusiva.
Como era esperado, as investigações levam um tempo considerável: muitos dados de diferentes fontes precisam ser compilados, apurados e analisados. Por esse motivo, as investigações oficiais continuam.
A TÜV SÜD reitera seu compromisso em ver os fatos sobre o rompimento da barragem esclarecidos. Por isso, continuamos oferecendo nossa cooperação às autoridades e instituições no Brasil e na Alemanha no contexto das investigações em andamento.
Enquanto os processos legais e oficiais ainda estiverem em curso, e até que se apurem as reais causas do acidente de forma conclusiva, a TÜV SÜD não poderá fornecer mais informações sobre o caso”.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Veja como foi a participação do ministro Sergio Moro no ‘Roda Viva’

Crédito: Divulgação
“Verei com pesar eventual revisão da regra que permite a prisão em segunda instância” Sergio Moro, ministro da Justiça (Crédito: Divulgação)
O ministro chega à TV Cultura
Nesta segunda-feira, 20, a IstoÉ acompanha o programa “Roda Viva”, da TV Cultura, com o ministro da Justiça e Segurança Publica, Sergio Moro. Esta edição marca a estreia da jornalista Vera Magalhães no comando da atração, exibida a partir das 22h.
A bancada de entrevistadores é formada pelo diretor de redação do jornal O Globo, Alan Gripp; pela diretora da sucursal de Brasília do Estadão, Andreza Matais; pelo diretor da sucursal de Brasília da Folha de São Paulo, Leandro Colon; pela repórter da revista Piauí, Malu Gaspar; e pelo diretor de jornalismo da Jovem Pan News, Felipe Moura Brasil.
Vamos atualizando aqui, as principais respostas do ministro durante a exibição do programa:
“Como juiz, tive decisões que prevaleceram e outras que foram alteradas. Faz parte do sistema judiciário. Como ministro, nem tudo o que se pretende se consegue. Mas, na minha opinião, foi um ano de vitórias para a Justiça no país. O que aparece mais é o trabalho junto ao Congresso, muitas vezes o trabalho executivo passa despercebido. Estamos melhorando vários setores: separação de líderes criminosos, controle de fronteiras. Nem tudo será aprovado no Congresso. Pontos importantes do pacote anticrime foram aprovados.”
Resposta à apresentadora Vera Magalhães sobre derrotas e vitórias

“Esse é um episódio menor. Nunca entendi a importância daquilo. Foi usado politicamente. Para soltar prisioneiros condenados. Tenho a consciência tranquila do que fiz como juiz.”
Resposta à apresentadora Vera Magalhães sobre Vaza Jato

“Dá-se a esse áudio uma importância que ele não tem. Existe ali uma tentativa de obstrução da justiça naqueles áudios. Foi uma decisão fundamentada e tornei o áudio público. Não houve manipulação. Aqueles áudios revelavam uma tentativa de obstrução da justiça.
Resposta ao diretor da sucursal de Brasília da Folha de São Paulo, Leandro Colon, sobre o vazamento do áudio de conversa entre Lula e Dilma

“Havia uma percepção do presidente de que havia excesso de multas nas rodovias. Eu não contrario publicamente o presidente. Houve a decisão da Justiça e foram retomadas as multas.”
Resposta ao diretor de redação do jornal O Globo, Alan Gripp, sobre decisões contrárias ao seu entendimento no governo

“O episódio do Palocci é superdimensionado. O que ele falou em audiências públicas está no depoimento dele por escrito. No depoimento do Lula, teve toda uma mobilização. Correligionários ameaçavam violência. Aquilo galvanizou a atenção do país. É uma diferença de grau.”
Resposta à repórter da revista Piauí, Malu Gaspar, sobre a influência de vazamentos em eleições

“Defendi que essa era uma investigação prioritária. Quando o caso estava com a Polícia Civil do Rio, havia sido incluída uma testemunha fraudulenta. Demos o apoio, como trabalho da Polícia Federal, para que as investigações retomassem o rumo certo. Eu achava que era melhor levar a investigação da morte da Marielle Franco para a Justiça federal. Mas esse episódio levantou uma série de dúvidas. Quando falei isso, familiares da Marielle disseram que não deveria federalizar. Com medo de que o governo fizesse algo de errado com a investigação. Achei melhor sairmos do caso. O governo federal é o maior interessado em elucidar esse crime.”
Resposta à diretora da sucursal de Brasília do Estadão, Andreza Matais, sobre a investigação da morte da vereadora Marielle Franco

“São várias ações. Existe um controle mais próximo das fronteiras. E um trabalho nas capitais contra drogas e armas. Tivemos um recorde de apreensão de cocaína. Erradicamos plantações de maconha no Paraguai. Isso tudo acaba afetando o crime organizado. Acho muito importante a questão do simbolismo. Transferimos as lideranças do PCC para presídios federais, onde foram isoladas. Sem isso, a mensagem que fica é que o Estado não tem como combater esses criminosos. Criamos no final do ano passado um Centro de Operações e Fronteiras em Foz do Iguaçu. No mesmo teto PF PRF, polícias de outros países, forças armadas compartilham inteligência e dados.”
Resposta ao diretor de jornalismo da Jovem Pan News, Felipe Moura Brasil, sobre a fuga de integrantes do PCC de presídio do Paraguai e a segurança das fronteiras brasileiras

“Não é papel do ministro da justiça comentar tudo. Eu apenas achei um episódio bizarro. E o presidente tomou a decisão certa.”
Sobre o vídeo do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim

“Tô dentro do ministério e oriento meus subordinados. Nas eleições, um grupo disse que iria controlar a imprensa e o judiciário. Por outro lado, o presidente está dando grande liberdade para a imprensa. Não vim aqui para falar do presidente. Ele tem sido criticado e às vezes reage.”
Resposta à apresentadora Vera Magalhães, sobre a violência do presidente contra repórteres.

“O governo está indo bem. O ministro Paulo Guedes tem sido fantástico. Providenciou uma abertura e crescimento da economia brasileira. Na minha pasta tem muita crítica, mas apresentamos 22% de queda nos índices criminais. Sempre disse que é um mérito das forças públicas estaduais, federais e municipais, onde existem.”
Resposta à diretora da sucursal de Brasília do Estadão, Andreza Matais

“Estamos discutindo o juiz de garantiaz de forma errada. Tem de analisar os detalhes. A Câmara votou de forma um tanto açodada. Quantas comarcas no interior têm juiz? Nós não sabemos o impacto disso nas comarcas. No texto aprovada encontramos várias inconsistências. Isso precisa de uma avaliação mais profunda. Veio em boa hora a decisão do Toffoli de suspender.”
Resposta ao diretor de jornalismo da Jovem Pan News, Felipe Moura Brasil, sobre a criação do juiz de garantias

“Não posso dizer que houve essa intenção. Talvez uma minoria tenha alguma intenção. Não sou afetado pela medida. Não estou mais na Justiça.”
Resposta à apresentadora Vera Magalhães sobre se a criação do juiz de garantias seria uma forma de impedir o surgimento de outros Moros

“Se tem alguém que não briga com ninguém sou eu. O Ministério da Justiça apresentou um projeto de lei com propostas. Claro que o papel do Parlamento é alterar ou aprovar parte etc. Nunca houve nenhuma espécie de pressão. Talvez eu seja um dos ministros que mais recebeu parlamentares. Meu trato com Rodrigo Maia sempre foi muito cordial.”
Resposta à repórter da revista Piauí, Malu Gaspar, sobre a tramitação do pacote anticrime no Congresso

“O papel do ministro é estrutural e de coordenação. No caso dos hackers, veio uma informação de que autoridades da República haviam sido hackeadas. É meu dever comunicar de imediato. Por uma questão de segurança nacional.”
Resposta ao diretor da sucursal de Brasília da Folha de São Paulo, Leandro Colon, sobre o acompanhamento de investigações da PF

“Se eu discordo de alguma decisão de outro Poder, há limites de até onde eu posso expressar as minhas opiniões. E sempre coloquei minhas opiniões com muito respeito.”
Resposta ao diretor de redação do jornal O Globo, Alan Gripp, sobre até onde vai a paciência de Moro

“Tentaram fraudulentamente colocar o presidente contra a Polícia Federal”
Sobre a interferência de Bolsonaro na troca de superintendente da PF

“Não tem vaga no momento. Acho inapropriado discutir isso. Fui convidado pelo presidente para o ministério. A gente tem o compromisso de ser firmes contra corrupção, crime violento. Meu desejo é aprofundar esse trabalho. O presidente vai decidir quando chegar a hora. Não sou evangélico. Sou católico.”
Resposta à diretora da sucursal de Brasília do Estadão, Andreza Matais, sobre uma cadeira do STF para Moro

“A meu ver seria impor a mordaça.”
Resposta ao diretor de jornalismo da Jovem Pan News, Felipe Moura Brasil, sobre limitar o alcance das declarações dos delatores na Lava Jato

“Tenho uma relação ótima com o presidente. Os boatos sobre a minha demissão foram um tanto exagerados. Nunca tivemos essa situação de gritarmos um com o outro.”
Resposta à apresentadora Vera Magalhães, sobre a relação com Bolsonaro

“Temos de ter bastante o chão. Essas questões de popularidade vêm e vão. Não faz sentido assinar um documento me comprometendo a não me candidatar. Eu não tenho esse tipo de ambição. Minha vida já é suficientemente complicada.”
Resposta à diretora da sucursal de Brasília do Estadão, Andreza Matais, sobre possível candidatura à Presidência

“Existe um hackeamento criminoso. Eu não tenho essas mensagens. Abandonei esse aplicativo em 2016, 2017. Não tenho como fazer esse comparativo. Não orientei Ministério Público nem Polícia Federal. Fizeram sensacionalismo. Não teve ninguém que foi condenado injustamente.”
Resposta à repórter da revista Piauí, Malu Gaspar, sobre os diálogos da Vaza Jato

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Indígenas em risco

O governo Bolsonaro prepara um projeto de lei para autorizar a exploração em terras demarcadas para extração de petróleo e gás, agropecuária, construção de hidrelétrica e até turismo

Crédito: Daniel Marenco
FLORESTA AMAZÔNICA Extração ilegal na maior reserva indígena do Brasil: os Yanomami perderam o seu chão para os garimpeiros (Crédito: Daniel Marenco)
PASTO Currais clandestinos no Mato Grosso: a pecuária desmata e o governo quer permiti-la em reservas indígenas (Crédito:Divulgação)
Ele não desiste. Enquanto houver no País indígenas com seus pedaços de terra, um ex-capitão da reserva vai querer tomar-lhe o chão. Durante a sua campanha presidencial e nos primeiros meses de governo, Bolsonaro pretendia pretendia substituir indígenas por garimpeiros nessas áreas. O desprezo por essa população, no entanto, parece aumentar cada vez mais. Agora, o presidente se prepara para enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que não se limita à mineração, mas prevê também a exploração de petróleo e gás, a construção de hidrelétricas e, embora pareça inacreditável, o governo fala ainda em projetos de pecuária e até turismo.
Aos indígenas, alvo do governo cujas terras são garantidas pela Constituição, o que restará? Apenas as migalhas. O projeto de lei, que possui oito capítulos e 46 artigos, estabelece que a etnia receberá pela exploração de sua área uma porcentagem pequena dos ganhos: da produção de gás natural e petróleo, de 0,5% a 1%; no caso de energia elétrica produzida, 0,7% de seu valor; e 50% do valor da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais. Se tratando de ouro, por exemplo, o ganho é de 1%. Repete-se, assim, os erros da história. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, deram aos indígenas espelhos e facões e em troca ganharam um país inteiro. Em resumo: aos brancos tudo, aos indígenas, nada.
DESTRUIÇÃO Essa imagem revela o quanto o garimpo protege os indígenas, como prega o governo de Jair Bolsonaro (Crédito:Divulgação)
Um projeto que explore economicamente terras indígenas nunca encontrou força para ser aprovado pelo Congresso desde que a Constituição de 1988, chamada de Cidadã ­— e que garante o direito das minorias —, foi promulgada. O artigo 231 da Carta Magna prevê que os povos indígenas têm direito permanente às terras que ocupam, e lhes cabe “o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”. Pela Lei Maior, a exploração dessas terras só pode ocorrer com aprovação do Congresso e pelos próprios indígenas, e por meio de lei complementar. Diante dessa brecha legal, a Presidência quer transformar essas reservas em verdadeiras áreas exploradas economicamente por não indígenas. Seu argumento, pelo menos ao que se refere à extração mineral, é o fato de já existir garimpo ilegal nas reservas. Nas terras do povo ianomâmi, por exemplo, são 20 mil garimpeiros ilegais. O governo acredita que, sem regulamentação, o País está sendo prejudicado, pois não recebe compensações financeiras e tributos pelas extrações. Além disso, os povos estariam expostos a riscos a sua saúde, tradições e costumes, além de conflitos com os extratores.
Preservação Natural
Para conter esses riscos, no entanto, mais eficiente seria combater o garimpo ilegal nas regiões. É sabido que a presença dos povos indígenas nas terras e a sua posse é fundamental para a preservação ambiental dessas áreas. Os indígenas trazem em sua cultura e DNA técnicas sustentáveis de desenvolvimento e manejo das matas. Legalizar a exploração dessas terras é dar um tiro no próprio pé, pois permitirá a degradação da floresta amazônica. Apesar dessas atividades exploratórias darem retorno financeiro a curto prazo, estudos mostram que, em pé, a Amazônia gera ganhos bastante altos a longo prazo, para toda a humanidade.
XINGU Queimadas atingiram níveis alarmantes: 150 mil hectares de floresta amazônica foram destruídos (Crédito:Divulgação)
Apesar de o governo ter encontrado essa brecha legal, o mais arriscado para os povos indígenas — desde sempre colocados à margem da sociedade, é bom lembrar —, é a forma como eles serão ouvidos a respeito da exploração das terras que são suas por direito adquirido. O projeto que está na Casa Civil da Presidência garante que eles sempre serão consultados sobre a implementação de projetos em suas demarcações. Mas atenção: eles não poderão vetar as atividades. Como o governo Bolsonaro não dialoga com Organizações Não Governamentais, nem com grupos que representam as minorias, pelo contrário, os vê como “inimigos”, é certo que com os povos indígenas não será diferente. Além disso, o pouco caso que ele faz da importância da preservação dos recursos naturais faz acender o sinal vermelho sobre a questão.
Diante desse alarmante quadro, surgem como um alento as forças de oposição ao presidente. À sua frente, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que falou no final do ano passado que não pautará projetos no Plenário da Casa que tratem da exploração mineral em terra indígena. A ideia de Maia é sinalizar para o exterior que o Brasil se preocupa com a preservação do meio ambiente e com os povos nativos da Amazônia e, assim, preservar a imagem do País diante da comunidade internacional.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Justiça Militar recebe denúncia contra sargento pego com 37 kg de cocaína em avião da FAB

Militar está preso em Sevilha na Espanha após desembarcar no país no dia 25 de junho, transportando cocaína pura, com valor calculado em 1,4 milhões de euros, correspondente a cerca de R$ 6,3 milhões

Por O Dia
Segundo-sargento da Aeronáutica é investigado por tráfico de drogas
Segundo-sargento da Aeronáutica é investigado por tráfico de drogas -
Rio - A Justiça Militar recebeu, no fim da tarde de quarta-feira, uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar contra o segundo-sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues por tráfico internacional de entorpecentes. O militar foi detido em junho de 2019 no aeroporto de Sevilha, na Espanha, acusado de transportar 37 quilos de cocaína em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que integrava comitiva do presidente Jair Bolsonaro. 
O militar foi preso por autoridades da Espanha após desembarcar no país no dia 25 de junho, transportando cocaína pura, com valor calculado em 1,4 milhões de euros, correspondente a cerca de R$ 6,3 milhões. À época do crime, foi divulgado que a quantidade transportada era de 39 quilos, mas o número foi corrigido após perícia para 37 kg.
O promotor de Justiça Militar Jorge Augusto Caetano de Farias, da 2ª Procuradoria da Justiça Militar, em Brasília (DF), denunciou o sargento junto à Justiça Militar da União pelo crime de tráfico internacional de drogas.
Apesar do tráfico internacional de drogas não estar previsto no Código Penal Militar (CPM), o caso se enquadra na hipótese de crime de natureza militar por extensão e o agente é um militar em situação de atividade que supostamente atentou contra a ordem administrativa militar.
Ao receber a denúncia, o juiz federal da Justiça Militar Frederico Magno de Melo Veras, titular 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar (11ª CJM), em Brasília, sustentou que o documento estava revestido das formalidades legais e designou o dia 21 de maio de 2020, às 14h, para inquirição das testemunhas, data que leva em consideração a circunstância de o acusado ser citado por meio de pedido de cooperação jurídica internacional, por meio do Ministério da Justiça. Ele está preso em Sevilha, na Espanha. 
Ainda segundo o magistrado, não foi necessário avaliar a aplicação de medidas cautelares restritivas de liberdade, pois o acusado ainda se encontra preso por decisão da Justiça espanhola.
Denúncia do MPM
Segundo a denúncia do Ministério Público Militar, no dia 24 de junho de 2019, a bordo da aeronave VC-2 da Força Aérea Brasileira (voo FAB 2590), o sargento Manoel Silva Rodrigues, de forma consciente e voluntariamente, transportou e exportou o montante total aproximado de 37 kg de cocaína, sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar.
Ele desembarcou com o produto ilegal na cidade espanhola de Sevilha em 25 de junho de 2019, conduta tipificada como tráfico internacional. Ainda de
acordo com a promotoria, o denunciado viajou na condição de passageiro da aeronave, no trecho Brasília - Sevilha, porém estava escalado para a função de comissário no trecho Sevilha - Brasília - voo FAB 2591, previsto para 26 de junho de 2019.
Na ocasião, o sargento se apresentou para embarque na aeronave antes mesmo da tripulação, fato que causou estranheza às duas comissárias e ao
mecânico da aeronave. Conforme apurado nas investigações feitas pela Aeronáutica, o militar, mesmo na condição de passageiro, embarcou juntamente com as comissárias, sem pesar sua bagagem (mala de mão, mochila e transterno – uma bolsa para transporte do fardamento).
Já a bordo da aeronave, posicionou sua bagagem junto à última poltrona, perto do armário, tendo permanecido durante todo o voo na guarda do respectivo material. Ao desembarcarem em Sevilha, os passageiros fizeram o procedimento de imigração e passaram suas bagagens pelo raio-x do aeroporto, ocasião em que ele foi flagrado na posse da substância entorpecente, acondicionada em sua mala de mão, no transterno e na mochila, conforme depoimentos e o auto de prisão em flagrante lavrado pela polícia espanhola.
A droga foi submetida a exame definitivo pelo órgão espanhol de "Sanidad", confirmando-se a suspeita inicial de que se tratava de cocaína.
Ao ser ouvido por ocasião do auto de prisão em flagrante o sargento nada declarou. Ele também foi interrogado no curso do Inquérito Policial Militar (IPM) em Sevilha (Espanha).
Para o promotor Jorge Augusto, a demonstração da autoria do crime se estabeleceu dos depoimentos de testemunhas e do próprio auto de prisão em flagrante, além  da materialidade do laudo pericial que confirmou se tratar de cocaína.
“Com a conduta descrita, o 2° Sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, agindo livre e conscientemente, incorreu nos delitos de transportar
cocaína em aeronave sujeita à administração militar (VC2 do GTE/ALA 1) e exportar a mesma substância em desacordo com determinação legal e regulamentar, na medida em que trasladou o entorpecente de Brasília/Brasil para Sevilha/Espanha, prevalecendo-se da condição de militar em missão
oficial militar, configurando o crime", sustenta a acusação.
Segundo o Ministério Público Militar, a competência da Justiça Militar da União para julgar o caso decorre da Constituição Federal que fixa a competência dos juízes federais para processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar.
“Note-se que o transporte da droga foi realizado em aeronave militar, por militar em missão oficial, tendo se iniciado no Brasil e se protraído em solo Espanhol. Assim, além de o flagrante ter ocorrido quando o militar já se encontrava no exterior, a aeronave em que o denunciado viajou até ser surpreendido no desembarque partiu de Brasília-DF, restando configurada a competência dessa 11ª CJM para o processo e julgamento do feito”, sustenta.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

TSE dá nova chance para concorrentes de licitação das urnas corrigirem falhas

TSE dá nova chance para concorrentes de licitação das urnas corrigirem falhas
(Arquivo) Urnas eletrônicas são vistas em Brasília, no dia 22 de setembro de 2010 - AFP/Arquivos
Por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na tarde desta quarta-feira, 8, dar uma nova chance para que as duas empresas concorrentes de uma milionária licitação para a compra de novas urnas eletrônicas (a serem utilizadas nas eleições municipais de 2020) corrijam as falhas apresentadas até aqui. A decisão da Corte Eleitoral foi tomada em uma sessão extraordinária convocada em plenas férias dos ministros, às pressas, em que os magistrados mantiveram a desclassificação do consórcio liderado pela Smartmatic.
A outra concorrente da licitação, a Positiva, já havia sido desclassificada anteriormente pelo TSE. Dessa forma, o tribunal decidiu nesta tarde não abrir uma nova licitação, mas voltar à fase anterior da mesma disputa, permitindo que as mesmas empresas que haviam sido desclassificadas se adaptem novamente – dentro de um prazo de oito dias – às exigências do edital.
Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira, 7, o TSE corre contra o tempo para garantir a compra de novas urnas para o pleito deste ano. As duas empresas que se inscreveram no certame (a Positivo e um consórcio formado pela Smartmatic e Diebold) foram desclassificadas por não atenderem aos requisitos técnicos exigidos. “Ambas as licitantes, em correção às falhas detectadas, poderão reapresentar os respectivos projetos”, disse o ministro Tarcísio Vieira.
O atraso na definição de quem vai fabricar as novas urnas fez o TSE mudar todo o cronograma da licitação. A entrega de todas as urnas, prevista para ocorrer inicialmente em 14 de agosto, deve ser estendida para 31 de agosto, de acordo com o secretário de tecnologia da informação do TSE Giuseppe Janino. As eleições municipais estão marcadas para 4 de outubro.
A Positivo não atendeu o período mínimo de autonomia de bateria da urna, de dez horas, e não cumpriu exigências impostas à impressão de relatórios, de acordo com parecer da comissão de assessoramento do TSE. O consórcio liderado pela Smartmatic, por sua vez, foi desclassificado por não obedecer a critérios técnicos da licitação.
Convocação pegou de surpresa integrantes da Corte
A convocação da sessão extraordinária pegou de surpresa integrantes da Corte, muitos dos quais se encontravam longe de Brasília – em viagem pelo País ou até mesmo no exterior. Ministros substitutos foram chamados para garantir que o tribunal tivesse quórum suficiente para discutir o caso, que gira em torno de um contrato estimado de até R$ 696,5 milhões.
“O rigor do sistema licitatório que nos conduziu até essa fase, com testes em modelos apresentados, fez com que ambas as empresas falhassem por motivos distintos. Aqui, se trata apenas do típico de uma disputa de duas licitantes sobre um contrato milionário e estratégico, tendo para ambas a oferta de um prazo para reacomodar os seus modelos”, frisou o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques.
“Estamos diante de uma típica competição em que competidores, disputando contrato milionário e estratégico, tentam, com as regras da disputa, chegar à vitória, não necessariamente pelo caminho da excelência, mas pelo caminho da não participação do seu adversário”, acrescentou Jacques.
O vice-procurador-geral eleitoral afirmou que o Ministério Público Eleitoral acompanhava a discussão na condição de “observador externo”, sem emitir pareceres ou opinião, por se tratar, neste momento, de uma questão administrativa do próprio TSE.
O Estadão/Broadcast apurou que o tribunal precisa de ao menos 60 mil novas urnas para promover com folga as eleições de outubro, mas possui planos de contingência para se adaptar aos mais variados cenários, caso nem todas fiquem prontas a tempo.
O impasse começou em julho do ano passado, quando o TSE publicou um aviso de licitação que previa a aquisição de até 180 mil urnas para as eleições municipais a um custo de, no máximo, R$ 696,5 milhões. O edital tinha o objetivo de substituir os equipamentos produzidos em 2006 e 2008 – atualmente são 470 mil. Até hoje, porém, o processo não terminou.
Procurada antes da sessão desta tarde, a Positivo não quis se manifestar. Ao TSE, a empresa havia alegado que possui “todo o know-how” para participar da licitação e reiterou que seu modelo atende “satisfatoriamente a todos os requisitos técnicos obrigatórios para fins de avaliação da proposta técnica”.
Já a Smartmatic alegou, também antes da sessão desta tarde, que discorda das razões técnicas que levaram à sua desclassificação e, por isso, apresentou um recurso ao TSE. “Inicialmente, o consórcio foi classificado pela comissão de avaliação técnica do tribunal. Porém, após recurso da empresa concorrente, foi desclassificado sem a realização das devidas diligências”, afirmou a empresa.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Trump recua de ameaça de atacar patrimônios culturais do Irã

Crédito: AFP/Arquivos
Donald Trump (Crédito: AFP/Arquivos)
WASHINGTON, 07 JAN (ANSA) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou atrás nesta terça-feira (7) em sua ameaça de atacar patrimônios culturais no Irã em resposta a eventuais retaliações pela morte do general Qassem Soleimani.
“Você quer saber? Se a lei é assim, eu gosto de obedecer à lei”, disse o mandatário em uma entrevista coletiva na Casa Branca. No último sábado (4), Trump havia dito que os EUA tinham identificado 52 alvos no Irã, incluindo locais “importantes para a cultura” do país persa, para serem atacados de forma “rápida e dura”.
A ameaça gerou críticas – inclusive internas – contra o presidente, já que bombardear patrimônios culturais é considerado crime de guerra por convenções internacionais. Os secretários americanos da Defesa, Mark Esper, e de Estado, Mike Pompeo, já haviam contrariado o próprio chefe e negado a possibilidade de ataques contra áreas culturais no Irã.
“Pense nisso: eles matam pessoas, explodem nossos cidadãos e nós temos de ser muito gentis com suas instituições culturais. Mas estou ok com isso”, disse Trump nesta terça, mostrando sua contrariedade com a restrição.
Apesar disso, o presidente reiterou que Teerã vai “sofrer as consequências” se fizer “algo que não deveria”. O país persa já ameaçou retaliar os EUA por causa da morte de Soleimani, seu militar mais poderoso e vítima de um bombardeio americano em Bagdá, capital do Iraque.
UE dividida – A União Europeia tenta se colocar como mediadora na crise entre Irã e Estados Unidos por causa da morte de Soleimani, mas uma fonte citada pela agência italiana AGI disse que o bloco está dividido.
“Alguns países estão abertamente do lado dos EUA por causa das relações transatlânticas. Outros são compreensivos com o Irã, onde têm interesses econômicos”, afirmou.
Alemanha, França e Reino Unido, signatários do acordo nuclear de 2015, criticaram Soleimani por seu papel de “desestabilização” do Oriente Médio, mesma linha adotada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Já o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell, disse que Teerã não quer uma escalada da tensão e deseja respeitar o acordo nuclear, enquanto a Itália prega um papel de equidistância.
Em conversa por telefone com o secretário Mark Esper nesta terça, o ministro da Defesa italiano, Lorenzo Guerini, pediu “moderação, diálogo e senso de responsabilidade”. Segundo Guerini, as prioridades de Roma são a “estabilidade da região e do Iraque e a necessidade de praticar qualquer esforço que preserve os resultados da luta contra o Daesh [um dos nomes do grupo Estado Islâmico]”. (ANSA)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Falando com robôs

A inteligência artificial e a robotização invadem o cotidiano, viram prioridade de investimento para empresas e ampliam a comunicação entre humanos e máquinas

Chegou o momento em que ficou difícil distinguir se estamos conversando com uma pessoa ou com uma máquina. Ao telefone, nas redes sociais, nos aplicativos e em todo tipo de situação cotidiana, os robôs estão aptos a tratar sobre qualquer assunto, desde fornecer informações básicas, como para onde ir ou quanto pagar, até cobranças automáticas e relacionamentos afetivos. Estão diuturnamente conosco. A pesquisa e o desenvolvimento em inteligência artificial (IA) nos fez chegar ao ponto de caracterizar esse momento tecnológico como a 4º Revolução Industrial. Essa imensa transformação proporciona uma simbiose entre o homem e interfaces digitais que vão além da imaginação. E é um caminho sem volta. Segundo o Instituto Gartner, especializado em pesquisas de tecnologia, em 2020, o investimento em IA se converterá em uma das cinco prioridades de negócios para 30% das empresas no mundo.
Nas ciências da computação, no universo dos algoritmos, as máquinas aprendem sozinhas com os dados já existentes, estabelecem padrões e buscam resultados. Já podemos falar em reconhecimento facial muito acima da capacidade humana de identificar um rosto, por causa dos algoritmos. No varejo, as empresas criaram aplicativos e personagens virtuais que reconhecem textos, falas, gírias, interagem com o consumidor e estimulam as compras. A Magalu, robô do Magazine Luiza, já se tornou uma celebridade. Empresas aéreas, como a Gol, e bancos, como o Bradesco, apostam em atendentes eletrônicos. No campo e na cidade cresce a aplicação de inteligência em equipamentos e veículos autônomos. Na medicina, são colocados sensores acoplados a computadores para detectar ondas cerebrais em pessoas acamadas, imóveis e com dificuldade de fala, que podem indicar em que parte do corpo estão sentindo dor. Em casa, eletrodomésticos e outros aparatos do cotidiano estão conectados e resolvem problemas corriqueiros.
Na indústria, graças a sensores e computadores embutidos nos equipamentos, é possível digitalizar e compilar as informações de todo processo produtivo. Quanto aos trabalhadores, também há tecnologia para detectar emoções e prever comportamentos. A evolução parte de um equipamento parecido com um fone de ouvido, mas com componentes que permitem a captura de sinais, equivalentes aos do eletroencefalograma (EEG), que mostram o quanto a pessoa está concentrada, dispersa ou fatigada e enviam mensagens que alimentam uma base de dados que permite deslocar ou não esse funcionário.
Impacto no Trabalho
Para o engenheiro Manuel Cardoso, professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas e CEO da empresa de tecnologia MapInnovation, essa nova tecnologia pode gerar bens e produtos novos, máquinas que a humanidade ainda não foi capaz de inventar. Com a ajuda da inteligência artificial é possível armazenar e processar todo conhecimento produzido até hoje. “O potencial é incalculável”, afirma. A Robótica de Processos (RPA) permite que empresas executem processos de negócios de 5 a 10 vezes mais rápido e com 37% menos recursos, em média. Este impacto positivo impulsiona a indústria e o setor de serviços e a estimativa é de que, até 2050, 80% das atividades humanas sejam automatizadas. Com a tecnologia disponível, 45% das tarefas podem ser realizadas por robôs e adequações no mundo do trabalho estão se impondo. Segundo Cardoso, surgirão outras profissões e muitas vão acabar. “Não devemos temer o futuro, mas realizá-lo a partir do presente”, diz. A médio e longo prazos, o Ministério da Educação tem papel estratégico para que o País possa se desenvolver com a velocidade necessária. A implementação de políticas públicas que melhorem o ensino, principalmente de matemática, é imprescindível. Os estudantes brasileiros pecam pela falta de conhecimentos básicos, como mostrou o último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), referente a 2018. Sem matemática não há futuro. Algo precisa ser feito para que o Brasil não fique para trás nessa nova revolução industrial.