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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

978 mil pessoas e 96 municípios foram afetados pela chuva em SC

O número de pessoas atingidas pelos prejuízos das chuvas em Santa Catarina chegou a 978.070. Parou de chover no estado vizinho, porém, ainda há 162.237 desalojados (pessoas que tiveram suas residências e foram para casa de parentes ou amigos) e 15.357 desabrigados (pessoas que tiveram suas residências e necessitam de abrigo temporário). O número de residências danificadas chega a 29.593, de acordo com dados divulgados às 18h desta segunda-feira (12) pela Defesa Civil de Santa Catarina.

As cidades de Agronômica, Brusque, Rio do Sul, Ituporanga, Aurora, Presidente Getúlio, Laurentino, Lontras e Taió estão em estado de calamidade pública. Outros 50 municípios decretaram situação de emergência, segundo relatório da Defesa Civil do estado vizinho divulgado às 18h desta segunda.

O número total de municípios atingidos pelas chuvas chegou a 96 de acordo com dados atualizados da Defesa Civil. Três pessoas morreram por causa das tempestades. Muitas cidades atingidas ainda sofrem com falta d'água, desabastecimento de energia elétrica, carência no sistema de transportes e dificuldade com as comunicações.

O nível dos rios está baixando lentamente. Em Blumenau, de acordo com a Defesa Civil, o nível do Rio Itajaí-Açu já estava com 6,7 metros, abaixo da cora de alerta, que é de 8,5 metros para a cidade.

Rodovias

A BR-280, em Corupá, é a única rodovia federal que ainda apresenta problemas nesta segunda-feira (12). O trânsito está interditado entre os quilômetros 93 e 94 por causa de queda de barreiras. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina, não há previsão de quando a rodovia será liberada.

O número de estradas estaduais com trechos interditados e alagados chegava a 16, por volta das 18 horas.

Aulas suspensas

Algumas escolas estaduais no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, suspenderam as aulas nesta segunda-feira em consequência dos estragos provocados pelas chuvas dos últimos dias, segundo a Defesa Civil do Estado. De acordo com a Secretaria de Educação, as escolas estaduais que estarão com as aulas suspensas neste início de semana são: em Blumenau, as escolas de Educação Básica Luiz Delfino, Pedro II, Heriberto Joseh Muller, Max Tavares e Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja); em Ilhota, as escolas de Educação Básica Valério Gomes e Marcos Konder, não terão aulas na segunda-feira, retornando às atividades na terça-feira (13). Nas demais cidades da Regional, as aulas da rede estadual serão normais.

Em Itajaí, as escolas XV de Junho, Henrique Silva Fontes, Afonso Niehus, Nereu Ramos, Maria Nilza Evaristo e Henrique Midon não terão aula hoje, retornando às atividades na terça-feira. Nas demais cidades da Regional, as aulas da rede estadual serão normais.

Na cidade de Brusque, a Gerência de Educação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional na cidade iniciou levantamento dos estragos em escolas. De acordo com o órgão a Escola de Santa Terezinha não terá aulas esta semana porque os estragos foram muito grandes. A água no prédio do colégio chegou a 1,5 metro.

Outras escolas que passaram por mutirão de limpeza retomarão as atividades nos próximos dias. A Escola de Educação Básica Araujo Brusque reinicia as aulas na quarta-feira. Já na escola Grecório Locks, o retorno dos alunos acontecerá na terça-feira.

Na cidade de Lontras, as aulas voltam ao normal na terça-feira e em Presidente Getúlio, as atividades escolares retornam na quarta-feira. A Secretaria não conseguiu contato com as cidades de Ituporanga, Timbó e Rio do Sul.

Mortes

A chuva causa três mortes em Santa Catarina.

Em Guabiruba, um homem de 66 anos morreu. Ele estava trabalhando no telhado de sua casa quando a estrutura desabou. A segunda morte foi registrada na cidade de Laurentino. Inicialmente, a informação era de que a morte teria ocorrido em Rio do Sul, cidade vizinha, mas o dado foi corrigido no domingo (11). De acordo com a Defesa Civil, um jovem de 19 anos morreu eletrocutado. O rapaz se deslocava em uma canoa com o irmão, para deixar a área alagada. Sua cabeça, no entanto, tocou num fio de alta tensão, e o jovem recebeu uma forte descarga elétrica.

O terceiro óbito foi registrado em Itajaí. Antônio José Mendonça, de 50 anos, morreu no bairro São Vicente. Segundo a Defesa Civil, o homem estaria embriagado e se afogou depois de cair na água da enchente que alcançava um metro de altura.

Ajuda

A Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou no sábado (10) uma operação militar de apoio às vítimas das enchentes dos últimos dias em Santa Catarina. Segundo a FAB, já foram transportadas oito toneladas de água potável, medicamentos, cestas básicas e material de limpeza.

Um helicóptero H-34 Super Puma, do 3º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação, sediado no Rio de Janeiro, foi deslocado para o aeroporto de Navegantes, usado como base das operações, para a realização de transporte de suprimentos para a cidade de Rio do Sul, uma das mais prejudicadas. Um blackhawk do 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação também está sendo utilizado.

O governo do Paraná enviou no sábado (10) um helicóptero e quatro tripulantes do Grupamento Aéreo (Graer) para ajudar a operação de resgate e auxílio às vítimas em Santa Catarina.

O governo catarinense, por meio da Secretaria de Estado da Defesa Civil, liberou R$ 10 milhões, destinados para compras de emergência e limpeza dos 91 municípios atingidos pelas chuvas nos últimos dias. Além desse valor, outros R$ 2 milhões serão liberados pela Defesa Civil Estadual para compra de mantimentos e de produtos que atendem às necessidades emergenciais da população. Os municípios que solicitaram recursos foram: Rio do Oeste, Laurentino, São João Batista, Navegantes, Itajaí, Rio do Sul, Brusque, Apiúna e Ilhota.

O governo federal vai liberar três mil cestas básicas para as vítimas das chuvas que castigam Santa Catarina nos últimos dias, além de R$ 30 milhões para obras de reconstrução em municípios afetados pelas enchentes.

O Ministério da Integração Nacional já destinou R$ 30 milhões para obras de reconstrução em municípios afetados pelas enchentes e, até o momento, foram liberadas pela Sedec três mil cestas básicas, que estão armazenadas na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de Santa Catarina. A Secretaria Nacional de Defesa Civil também já acionou as Forças Armadas, que colocaram de prontidão aeronaves e tropas para resgates e transportes de vítimas e auxílio na distribuição dos primeiros socorros.

Muita água e poucos recursos

Itajaí e Rio do Sul, SC - O corpo do adolescente morto em Rio de Sul – um dos três mortos da enchente em Santa Catarina – foi retirado por helicóptero neste sábado, 48 horas depois do acidente. A demora ilustra o racionamento de recursos de logística adotado pelas autoridades locais. As três aeronaves à disposição do município estavam sendo prioritariamente usadas para o transporte de alimentos e resgate de moradores isolados, assim como a maior parte da estrutura administrativa dessa cidade de 60 mil habitantes, encravada no Vale do Itajaí.

Primeiro município catarinense a decretar estado de calamidade pública, Rio de Sul é particularmente sensível às cheias do Rio Itajaí-Açu. Existem duas represas próximas à cidade – nas regiões de Ituporanga e Itaió, localidades vizinhas a Rio do Sul. Em caso de cheia do rio, as comportas são preventivamente abertas e a torrente gerada encontra o primeiro obstáculo nesse município. Nesta última enchente, cerca de 85% das residências foram atingidas pela água

No final da tarde de sábado, mesmo com a maioria das comportas abertas, ainda havia uma lâmina de água de 1 metro transbordando das duas comportas, segundo a Defesa Civil do município. Com isso, o ritmo de descida do rio era consideravelmente mais lento nesta região. Entre sexta e sábado, o nível da água havia baixado 10 centímetros, enquanto em Blumenau o recuo foi de mais de 1 metro.

Segundo vários moradores ouvidos pela reportagem, a população foi surpreendida pelo volume de águas. Os alertas iniciais indicavam que o rio chegaria a 10 metros acima do nível normal – altura considerada pouco propensa a dano – e foram sendo revistos à medida em que os acontecimentos desmentiam a previsão. O pico do Itajaí-Açu na cidade foi de 14 metros.

Por si

Uma das situações mais graves em meio a uma grave catástrofe estadual, Rio do Sul teve que contar exclusivamente com auxílio interno para superar os dias mais caóticos da enchente. Além das 1,5 mil pessoas cadastradas nos 21 abrigos, havia um impreciso número de famílias em lugares isolados, alcançáveis apenas por barco ou helicóptero. Dispondo de 18 embarcações para resgate, a Defesa Civil montou um call-center voluntário para anotar as direções a ser tomadas pelo resgate.

A auxiliar de limpeza Ma­­rilene Ortiz de Oliveira, 49 anos, caminhou até a sede da Defesa Civil, no centro da cidade, para informar que sua vizinha abrigava 20 pessoas desalojadas e precisava de mantimentos. “Vim comunicar porque o telefone dela não funciona”, explica.

Apesar dos transtornos e da ocorrência de óbito, os atendimentos médicos não aumentaram significativamente, segundo a avaliação de Osmar Arcanjo de Oliveira, diretor geral do Hospital Regional do Alto Vale. “Tivemos registro de emergências relacionadas ao impacto psicológico da enchente, como hipertensão, choque e ataque de pânico. Isso ocorre principalmente em pessoas idosas”, destaca.

No comércio, o esforço com a limpeza se aliava à precaução em relação aos saques. Boatos de roubos eram noticiados pela rádio local e repercutidos entre os moradores. Rolf Knaesel, 42 anos e funcionário de uma relojoaria há 28, relata ter retirado todos os produtos mais valiosos assim que o imóvel começou a ser afetado. Ainda assim, reforçou as trancas e manteve o alarme acionado. “Foi a única solução. Então perdemos somente os balcões-mostruário de madeira”, avalia.

Já Antonio Bornelsen, proprietário de uma revenda de celulares e uma loja de perfumes – uma ao lado da outra – não conseguiu salvar nada. Da praça central, ele via os dois imóveis 1,5 metros embaixo d’água. “Acho que foram mais de R$ 100 mil de prejuízo em móveis e estoque”, estima.

O prefeito de Rio do Sul, Milton Hobus, acredita que a mobilização dos moradores será fundamental para tirar a lama e recuperar a autoestima da população. O Ministério da Integração Nacional e o governo de Santa Catarina vão destinar R$ 1,5 milhão em recursos emergenciais para a cidade. “Em todos os lugares, vemos as pessoas com vassoura e balde na mão. Ninguém se entrega”, lembra o prefeito. “O comércio perdeu muito, e a vida econômica do município ficou abalada. Mas, se você voltar daqui a 30 dias, não vai perceber que houve uma enchente aqui”, garante.

Dragagem impediu que tragédia fosse maior

O município de Itajaí, um dos mais atingidos pela enchente ocorrida ao longo do feriado, iniciou ontem a segunda etapa da ação emergencial. A prioridade passou a ser distribuir alimentos para as famílias afetadas e iniciar o desmonte dos abrigos. O nível da água caiu 2 metros entre o meio-dia de sábado e o de domingo e a maior parte das ruas está seca.

O comando unificado de ação – força-tarefa que agrega Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Exército e Universidade do Vale do Itajaí (Univali) – havia arrecadado 4 mil cestas básicas até o meio-dia de ontem. Esses alimentos estão sendo levados em abrigos e nos bairros que ficaram ilhados nos últimos dias. Cerca de 3,5 mil pessoas tiveram de abandonar a casa nos últimos dias.

Na tarde de ontem, a Defesa Civil realizou a entrega de cestas básicas e galões de água na Vila da Miséria, nome dado pelos moradores a um conjunto habitacional à beira do Rio Itajaí-Açu. O auxiliar de produção Cícero Feitosa, de 27 anos, um dos moradores, havia saído da casa com a família e se alojou com um parente. Quando retornou, na manhã de ontem, encontrou muita lama e nenhum alimento. “O que estava faltando agora chegou. Até água”, alivia-se.

No ginásio da Marejada, onde foi instalado o centro de operações, voluntários ajudavam a montar as cestas básicas completas a partir das doações.

Alívio

Os itajaienses comemoram o fato de que as previsões mais catastróficas não se cumpriram. No início das chuvas, a avaliação técnica apontava uma enchente superior à de 2008, quando 80% da área urbana foi atingida. O pico da cheia, no entanto, atingiu 60% das residências – ainda assim uma das mais altas taxas de Santa Catarina. Itajaí foi um dos oito municípios a declarar estado de calamidade pública.

Por estar na foz do Rio Itajaí-Açu, esta cidade litorânea está na região em que a água abaixa por último. Além de o fluxo das marés atrasar o deságue no mar, o Rio Itajaí-Mirim – um afluente que desemboca no Itajaí-Açu dentro do perímetro urbano de Itajaí – traz a chuva de Brusque. Em caso de cheia do Itajaí-Açu, a correnteza forte impede o Itajaí-Mirim “entre” no rio principal. A sobra entra na cidade.

O fenômeno é comparado a artérias entupidas pelo oceanógrafo João Luiz Baptista, diretor do Centro de Ciências da Terra e do Mar da Univali. “Na nossa avaliação, a realização de dragagem no rio evitou que a tragédia de 2008 fosse superada. Após a enchente daquele ano, o calado no porto ficou com 6 metros, quando o normal seria 8. A dragagem aprofundou para 14 metros, o que ajudou o escoamento mais rápido”, analisa.

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