Lava Jato chega definitivamente ao caixa dois da empreiteira - e joga por terra linha de defesa adotada até aqui pelo executivo, apontado como comandante do esquema
A nova fase da Lava Jato deve evidenciar ainda que o próprio marqueteiro João Santana, responsável pelas últimas campanhas publicitárias do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, foi beneficiário direto de um esquema paralelo de pagamentos da Odebrecht. Os repasses foram feitos por uma estrutura específica no Setor de Operações Estruturadas da companhia. Nele, um sistema informatizado próprio processava o pagamento de propinas e permitia a comunicação sigilosa entre executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas. Nos papéis coletados pela PF, os beneficiários estão registrados por codinomes. Ao lado, valores elevados relacionados a contratos em todo o país. De todos os codinomes, um dos mais vistosos é "Feira", em referência a Santana e à esposa dele, Mônica Moura.
São pelo menos 14 executivos de diversos setores do Grupo Odebrecht que davam ordens para os pagamentos paralelos do conglomerado. "Essas evidências abrem toda uma nova linha de apuração de pagamento de propinas em função de variadas obras públicas", disse o Ministério Público. Para os investigadores, as evidências de pagamento de propina em escala mostram que repasses de dinheiro sujo eram um "modelo de negócios" da Odebrecht. "Obtiveram-se mais evidências contundentes de que [Marcelo Odebrecht] não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana", diz o MP.
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