Lava Jato e outras investigações da
Polícia Federal e do Ministério Público mostram como a presidente
afastada institucionalizou a corrupção no governo federal e envolvem
mais de vinte ex-ministros com desvios de dinheiro público, achaque a
empresas e ameaças a testemunhas
Ary Filgueira
Há exatamente um ano, em despacho
redigido em um dos processos que tem como réu o ex-ministro José Dirceu,
o juiz Sérgio Moro escreveu que o País passou a vivenciar um quadro de
corrupção sistêmica sob o comando do PT. Na ocasião, muitos analistas
políticos e observadores das entranhas do Judiciário trataram o alerta
do magistrado responsável pela Lava Jato como alarmista. Hoje, não há
quem discorde de Moro. Depois de dois anos de investigações em diversas
operações da Polícia Federal e de mais de 70 delações premiadas, fica
evidente que as gestões petistas transformaram o governo federal em uma
verdadeira e organizada estrutura de corrupção. Praticamente todos os
ministros de Dilma Rousseff estão envolvidos em desvios de dinheiro
público. Desde aqueles que ocuparam gabinetes no Palácio do Planalto até
os mais distantes. “A corrupção que o PT promoveu foi uma corrupção
institucional, não foi dispersa nem com indivíduos participando
isoladamente”, afirma o professor Álvaro Guedes, especialista em
administração pública da Unesp. “Pessoas foram escolhidas a dedo para
estar em posições estratégicas e promover o desvio de dinheiro”, conclui
o professor.
Um estado dominado
Um dos expoentes desses “escolhidos a
dedo” é Paulo Bernardo, ex-ministro das gestões de Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Rousseff. Na semana passada, ele foi indiciado pela
Polícia Federal na Operação Custo Brasil. A PF diz ter provas
suficientes para assegurar que Bernardo, enquanto esteve no governo,
participou de organização criminosa e praticou crime de corrupção
passiva. No mês passado, ele foi preso após a polícia constatar que
havia recebido R$ 7,1 milhões desviados de uma fraude no crédito
consignado que cobrava uma taxa superfaturada dos servidores federais
que se encontravam endividados. Paulo Bernardo é casado com Gleisi
Hoffmann, uma das líderes da tropa de choque de Dilma no Senado,
ex-ministra da Casa Civil e também acusada de receber propinas do
Petrolão. Gleisi só não foi presa junto com o marido graças ao foro
privilegiado. O casal sempre teve livre trânsito no gabinete e na
residência oficial da presidente afastada. No mesmo esquema que lesou
milhares de funcionários públicos, está o ex-ministro da Previdência
Carlos Gabas, aquele que costumava levar Dilma para passeios de moto aos
domingos. Ainda na semana passada, Edinho Silva, outro ex-ministro
íntimo da presidente afastada, viu-se diante de novas provas que o
envolvem em corrupção e achaque contra empresários que tinham contratos
com o governo. Ele, que já era investigado por intermediar, a pedido de
Dilma, R$ 12 milhões da Odebrecht para o caixa dois da campanha da
petista em 2014, desta vez foi alvejado por investigação promovida pelo
TSE. Peritos descobriram que uma empresa pertencente a um ex-assessor de
Edinho recebeu R$ 4,8 milhões da campanha de Dilma para serviços que
não consegue comprovar (leia reportagem na pág. 38). Em um de seus
despachos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que
prometer facilidades na liberação de obras às grandes empreiteiras em
troca de recursos para o PT era uma medida habitual de Edinho, que antes
de ocupar o ministério foi tesoureiro da campanha da reeleição.
Crimes sob encomenda
Outros ex-ministros próximos à
presidente afastada também agiam dentro da organização criminosa. São os
casos de Fernando Pimentel, Jaques Wagner, Giles Azevedo, Ricardo
Berzoini, entre outros. O Ministério Público investiga ainda amigos da
presidente afastada que não ocuparam cargos no primeiro escalão de sua
gestão, mas comandaram setores estratégicos do governo, como Valter
Cardeal e Erenice Guerra. O primeiro foi diretor da Eletrobrás e é
acusado de ter se beneficiado com propinas nas obras de Angra 3.
Erenice, uma das principais auxiliares de Dilma e ex-ministra de Lula, é
investigada por ter recebido R$ 45 milhões desviados das obras de Belo
Monte. Como quadrilha organizada, expressão que costuma ser usada pelo
ministro do STF, Gilmar Mendes, ao se referir às gestões petistas, a
estrutura criminosa instalada no governo Dilma também locupletou os
ministros que chegaram à esplanada por indicação dos partidos aliados
(leia quadro na p[ág. 37). “O PT unificou diversas quadrilhas que agiam
em setores diferentes”, diz Paulo Kramer, analista e professor da
Universidade de Brasília. “O partido deu um comando central à corrupção,
decidia quem entraria para o esquema de poder”, complementa.
Com o avanço da Lava Jato, o governo
passou a usar ministros para tentar barrar as investigações. A
presidente afastada e o ex-chefe da pasta de Justiça, José Eduardo
Cardozo, procuraram nomear ministros comprometidos para os tribunais
superiores. Sem êxito, Dilma escalou o ex-ministro Aloizio Mercadante
para tentar comprar o silêncio de testemunhas. Ex-ministro da Educação e
da Casa Civil, Mercadante foi um dos principais conselheiros dela.
Acusado de receber dinheiro de propina da UTC em sua campanha de 2010,
ele foi flagrado, em março deste ano, em uma gravação oferecendo
dinheiro e ajuda para tentar melar a Lava Jato. A armadilha foi criada
pelo assessor do ex-senador Delcídio do Amaral a quem o ex-ministro fez a
proposta indecente para tentar impedir que Delcídio fechasse um acordo
de delação. Na ocasião, o processo do impeachment de Dilma parecia
caminhar para um encerramento favorável ao governo. Mercadante não
conseguiu comprar o silêncio de Delcidio e a delação feita pelo
ex-senador, publicada com exclusividade por ISTOÉ, permitiu a retomada
do processo que a cada dia desvenda novas falcatruas protagonizadas pelo
grupo que se instalou no poder a partir de 2003. “Nos últimos anos foi
instalada a cleptocracia em Brasília”, diz o ministro Gilmar Mendes.
Homem ganhou rifa promovida por donos que querem deixar ilha. Mais de 75 mil pessoas, de 150 países, concorreram ao prêmio.
Do G1, em São Paulo
Vista aérea do Kosrae Nautilus Resort, na ilha Kosrae, na Micronésia (Foto: Reprodução/Facebook/Kosrae Nautilus Resort)
Um australiano se tornou o novo dono de um resort na Micronésia
gastando apenas US$ 49. Ele participou de uma espécie de rifa promovida
pelos atuais proprietários e teve seu número, 44.980, sorteado na terça
(26).
Josh, cujo sobrenome não foi divulgado, é de New South Wales, na
Austrália, e foi uma das 75.485 pessoas a comprar uma cota, segundo Doug
e Sally Beitz. Eles garantem que o Kosrae Nautilus Resort, que tem 16
quartos e fica na ilha de Kosrae, é um estabelecimento lucrativo e sem
nenhuma dívida.
Os atuais donos dizem ainda que 16 funcionários trabalham ali há muitos
anos e poderão ajudar na administração caso o ganhador do sorteio não
tenha experiência no ramo.
O sorteio do Kosrae Nautilus Resort foi transmitido ao vivo no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook/Kosrae Nautilus Resort)
Os Beitz justificam o método curioso para escolher quem deve ficar com o
local dizendo que não queriam que o estabelecimento fosse simplesmente
parar na mão de quem tivesse mais dinheiro. Eles afirmam ainda que
queriam dar uma chance para que “qualquer um” pudesse ser o novo
proprietário.
No site do concurso, eles dizem que participantes de mais de 150 países
compraram cotas. O sorteio foi transmitido ao vivo pelo Facebook, no
perfil do resort.
À CNN o casal explicou porque decidiu deixar a ilha. Eles criaram o
resort há 22 anos, quando ainda tinham filhos pequenos. Agora que já são
avós, decidiram retornar à Austrália para ficar perto da família que vive naquele país.
Modelo AF-1B
caiu a cerca de 40 quilômetros da costa de Saquarema, na Região dos
Lagos fluminense. Piloto se ejetou, mas ainda não foi localizado
Por
Da redação
Caça AF-1B (A-4KU-Skyhawk) (Divulgação)
Um caça modelo AF-1B (A-4KU-Skyhawk) da Marinha do Brasil caiu
no mar na tarde desta terça-feira em Saquarema, na Região dos Lagos
fluminense, a cerca de 100 quilômetros do Rio de Janeiro. O piloto se
ejetou da aeronave, mas ainda não havia sido encontrado até a noite
desta terça. A queda ocorreu a cerca de 40 quilômetros da costa, durante
treinamento com outro avião, que pousou sem problemas na Base Aeronaval
de São Pedro D’Aldeia.
Por meio de nota, a Força lamentou o acidente: “A Marinha deu início
às buscas pelo piloto e está prestando todo o apoio necessário à família
do militar. O acidente aconteceu quando a aeronave retornava de
exercícios operativos e suas circunstâncias estão sendo apuradas.” A
operação de busca e salvamento envolve cinco helicópteros e dois navios –
um deles a fragata Liberal.
As causas da queda do caça ainda estão sendo investigadas. O
avião havia passado por processo de modernização na Embraer
recentemente.
O acidente é o segundo do tipo no Rio de Janeiro em menos de um mês. No
início de julho, um caça F5-FM Tiger da Força Aérea Brasileira (FAB)
caiu na Base Aérea de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Os dois pilotos que
estavam na aeronave conseguiram se ejetar da cabine, e, com ajuda de um
paraquedas, aterrissaram em segurança. (com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)
Sogra
brasileira de Ecclestone, o todo-poderoso da Fórmula 1, está sequestrada
desde sexta. Criminosos pediram resgate de R$ 120 mi divididos em 4
sacolas
Por
Rodrigo Rangel
Fabiana Flosi e Aparecida Schunck, sogra do empresário da Fórmula-1 Bernie Ecclestone (Reprodução)
Aparecida Schunck , sogra do empresário da Fórmula-1 Bernie Ecclestone,
foi sequestrada na sexta-feira à noite, no bairro de Interlagos, em São
Paulo. Ela é mãe da brasileira Fabiana Flosi, de 38 anos, que é casada
com Ecclestone , de 85. O casal mora em Londres. Os dois se conheceram
em 2009, quando Fabiana trabalhava na organização do Grande Prêmio do
Brasil. Bacharel em direito, ela era casada com um médico e vivia em São
Paulo. Em 2010, Ecclestone, então dono de uma fortuna avaliada em quase
8 bilhões de reais, protagonizou um dos mais ruidosos divórcios da
Inglaterra. Ao final do processo, o chefe da Fórmula 1 concordou em
pagar 1,7 bilhão de reais à ex-modelo croata Slavica Radic, com quem
viveu por 25 anos. Pouco depois da separação, Fabiana deixou o Brasil e,
em 2012, casou-se com Ecclestone em uma cerimônia em Gstaad, na Suíça.
Fontes consultadas por VEJA disseram que o valor do resgate pedido a
Ecclestone é de 120 milhões de reais – o que faria desse o maior
sequestro do Brasil. Os criminosos pediram para que os pagamentos fossem
feitos em libras esterlinas, com o dinheiro dividido em quatro sacolas.
Entre 2001 e 2002, essa modalidade de crime atingiu o auge no país. O
ano de 2002 terminou com 321 casos apenas no Estado de São Paulo – um a
cada 27 horas. A Delegacia Anti-Sequestro (DAS) chegou a monitorar, num
único dia, 43 cativeiros – num deles estava o publicitário Washington
Olivetto, que só foi libertado depois de 53 dias em poder de seus
captores, que haviam pedido 18 milhões de dólares por ele.
Dilma Rousseff não consegue explicar os
privilégios pagos com dinheiro público à sua família, juristas dizem
que ela poderá ser condenada a ressarcir a União e a oposição pede que a
denúncia feita por ISTOÉ seja apurada e a mamata suspensa
LUXO ILEGAL: Presidente do
DEM , senador Agripino Maia,
quer investigação
de mordomias
de filha de Dilma (Crédito: Antonio Cruz/ABR)
por Sérgio Pardellas
Na semana passada, a presidente afastada, Dilma Rousseff, por
meio de nota à imprensa, procurou explicar as mordomias ilegais que,
com dinheiro público, privilegiam sua filha, seu genro e seus netos,
como mostrou reportagem publicada por ISTOÉ. Mais uma vez, ela lançou
mão de argumentos falsos para esconder práticas nada republicanas. Os
privilégios concedidos à família da petista serão agora alvos de
investigações pedidas pelo DEM. O partido vai solicitar ao Ministério
Público e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que apurem quem
as liberou, além de pedir para que sejam suspensas.
Em sua última edição, ISTOÉ revelou que Paula Rousseff, filha da
presidente afastada, e Rafael Covolo, seu marido, têm à disposição, em
Porto Alegre (RS), uma frota de oito carros oficiais de representação
(todos blindados e autorizados a circular com placas frias) e um staff
formado por 16 profissionais, entre motoristas e seguranças. A
reportagem constatou que esse aparato pago pelos contribuintes é usado
pelos familiares de Dilma em atividades corriqueiras, como idas ao
cabelereiro, petshop, além do transporte dos netos da petista à escola.
Cálculos feitos por técnicos do GSI indicam que a mordomia custa cerca
de R$ 300 mil por mês. A reportagem de ISTOÉ constatou que, em junho,
gastou-se mais de R$ 13 mil só em combustível. LEIS DESMENTEM DILMA
“Dilma gosta de exaltar que nunca se beneficiou da coisa pública. É
preciso então que sejam esclarecidas estas graves denúncias”, diz o
presidente do DEM, senador Agripino Maia. Na semana passada, depois da
revelação feita por ISTOÉ, Dilma tentou explicar a mamata. Em nota, ela
não negou que o staff pago com dinheiro público esteja a serviço de sua
filha e de seu genro, mas procurou dar ares de legalidade, citando uma
série de leis e decretos. O problema é que basta uma leitura atenta às
leis mencionadas pela própria presidente afastada para concluir que a
mordomia dada aos Rousseff é ilegal.
A petista diz que o inciso VII do artigo 6º da Lei 10.683, de 28 de
maio de 2003, garante que os familiares do presidente da República e do
vice-presidente tenham segurança fornecida pelo Estado. É verdade. A lei
sancionada pelo ex-presidente Lula garante que os filhos de presidente
tenham direito a seguranças. Mas, ao contrário do que diz Dilma, o texto
não prevê o uso de carros oficiais para fazer o transporte da família
presidencial, muito menos de um presidente afastado de suas funções.
Em tese, só a escolta para segurança seria permitida e ainda assim se
houver risco iminente à integridade. Em outro trecho da nota, Dilma
invoca o artigo 5º do decreto 6.403. Novamente, equivoca-se. O decreto
prevê o uso de veículos de “transporte institucional” aos parentes do
presidente, em ocasiões especiais. Na verdade, Paula Rousseff e o marido
usam outro tipo de serviço, o de “carros de representação.” Os carros
do chamado serviço institucional são veículos comuns, com identificação
de “a serviço do governo federal” nas portas.
Já os veículos de representação são os chamados vips. São carros
blindados com placas frias. Esses últimos, segundo artigo omitido por
Dilma, “são utilizados exclusivamente pelo presidente da República, pelo
vice-presidente”, pelos Comandantes das Forças Armadas e por
ex-presidentes. Categoria que os parentes dela não se encaixam. Para
juristas ouvidos por ISTOÉ na quarta-feira 20, os familiares de Dilma e
aqueles que liberaram a mordomia podem ser responsabilizados nas esferas
criminal e cível. “Uma ilegalidade destas já fez muitos parentes de
prefeitos pelo País responderem pelo crime de peculato”, afirma o
especialista em direito público José Badue Freire, do escritório Peixoto
e Cury.
“Aqueles que se beneficiaram podem ser condenados a ressarcir as
despesas aos cofres públicos acrescidas de multas pelo desrespeito à
lei”. Para quem for designado a investigar o caso, o jornal O Estado de
S.Paulo publicou, na quarta-feira 20, um caminho a ser seguido. De
acordo com a publicação, os veículos usados pela família da petista
foram licitados para atender ao então vice Michel Temer. Depois,
acabaram desviados em uma canetada de mãe para filha à família Rousseff
enquanto Temer permaneceu usando carros mais antigos.
Diante do juiz Sérgio Moro, o
marqueteiro João Santana confessa ter recebido US$ 4,5 milhões do caixa
dois do PT e revela mais um crime da presidente afastada, o que torna
insustentável qualquer possibilidade de seu retorno ao Palácio do
Planalto. O dinheiro é parte da propina do Petrolão
Caixa preta
Santana e Monica tentaram proteger Dilma, mas agora partem para a
deleção premiada e revelam novos crimes da presidente afastada (Crédito:
Geraldo Bubniak / AGB)
Mário Simas Filho
Já em processo de negociação para delação premiada, o
marqueteiro João Santana e sua mulher, Monica Moura, prestaram um
bombástico depoimento ao juiz Sérgio Moro na quinta-feira 21.
Responsável pelas campanhas presidenciais do PT em 2006, 2010 e 2014,
Santana foi taxativo. “Recebemos do caixa dois do PT US$ 4,5 milhões em
uma conta secreta na Suíça”, afirmou o publicitário. Em fevereiro,
quando foram presos pela Lava Jato, Santana e Monica disseram que o
dinheiro era produto de campanhas feitas no Exterior.
Indagado pelo juiz sobre a contradição entre as duas versões, o
marqueteiro respondeu: “Menti para não destruir Dilma”. Agora, destruiu!
Ao admitir o recebimento ilegal dos US$ 4,5 milhões, Santana e Monica
acrescentam mais um crime no currículo da presidente afastada, Dilma
Rousseff. E, ao contrário do que tentaram demonstrar, não se trata
apenas de caixa dois de campanha eleitoral. Trata-se de corrupção. O
depoimento dado pelo marqueteiro confirma que os US$ 4,5 milhões
recebidos na Suíça eram parte da cota petista da propina do Petrolão, ou
seja, dinheiro público desviado da Petrobras.
Santana e Monica disseram ao juiz Moro que para receber o dinheiro
foram orientados pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a
procurarem o doleiro Zwi Skornicki, que foi efetivamente o responsável
pelos depósitos. Skornicki está preso pela operação Lava Jato e, em
processo de fechar uma delação premiada, admitiu ser operador de
propinas da Petrobras. Ele representava os interesses do estaleiro
Keppel Fels em contratos com a estatal e, em fevereiro, confidenciou aos
procuradores da Lava Jato que parte da propina cobrada por Pedro
Barusco (ex-gerente de Serviços da Petrobras) foi destinada a João
Santana. No depoimento da quinta-feira 21, Santana confirmou tudo e
fechou o quebra-cabeças de Moro. Agora, ficou provado quem pagou e quem
recebeu a propina.
Segundo Skornicki, embora a Keppel Fels tenha oferecido preços mais
baixos para a construção da plataforma P-52, a propina foi exigida para
que a empresa pudesse fazer a obra sem atrasos no fluxo de pagamentos.
Ele também afirmou ter pago taxas de corrupção para se favorecer em
contratos com a empresa Sete Brasil e que tratava do assunto
pessoalmente com Barusco. “Há uma relação direta entre as propinas do
Petrolão e o dinheiro entregue a João Santana. Além de caixa dois,
existe um flagrante crime de corrupção. E quem se beneficiou disso tudo
foi a presidente afastada”, disse à ISTOÉ um dos procuradores da Lava
Jato, na sexta-feira 22. O mago de Lula e Dilma
As revelações de Santana e Monica tornam insustentável qualquer
tentativa da presidente afastada voltar ao Palácio do Planalto. E a
reação de Dilma, mais uma vez, mostra sua total impossibilidade de se
defender frente às acusações que lhe são feitas. Acuada, a presidente
afastada recorre novamente à tática do avestruz e repete os gestos de
seu padrinho Lula quando flagrado no Mensalão. “Não autorizei pagamento
de caixa dois a ninguém. Se houve pagamento, não foi com o meu
conhecimento”, escreveu a petista em seu perfil em um microblog, na
manhã sexta-feira 22.
Horas depois de a presidente afastada se manifestar pela rede social,
o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) descreveu com precisão ímpar a
reação de Dilma. “Me pergunto em que mundo a presidente afastada vivia.
Haja óleo de peroba! Ou é amnésia seletiva ou cara de pau mesmo”, disse
Ferraço. Certamente é o que pensa boa parte dos senadores. O
comportamento de negação da realidade tem sido uma constante nas reações
da petista. Ela o adotou, por exemplo, quando foi descoberto o
escândalo com a compra da refinaria de Pasadena, que lesou a Petrobras
em US$ 1,8 bilhão. Na época, Dilma presidia o conselho da estatal,
responsável pela aprovação da negociata.
No início desse ano, ex-diretores da Petrobras disseram, em delação
premiada, que o caso de Pasadena foi acompanhado por Dilma passo a
passo. Entre os principais líderes petistas, as deleções de João Santana
e de sua mulher, Monica Moura, são consideradas como as de maior
octanagem. Santana acompanhou de muito perto as principais campanhas
políticas do partido desde 2006 e, desde o segundo mandato de Lula, teve
acesso direto ao gabinete presidencial. Se realmente contar tudo o que
sabe, poderá implodir definitivamente não só a presidente afastada como
também ferir de morte qualquer pretensão política do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
João Santana
e mulher confessam que US$ 4,5 milhões recebidos por meio de operador
de propinas era dívida da campanha eleitoral de 2010
Por
Da redação
Monica Moura e João Santana: "Caixa dois nunca deixou de haver", disse a empresária (Vagner Rosário/VEJA.com/VEJA.com)
O marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica
Moura, foram interrogados na tarde desta quinta-feira na ação penal em
que são acusados de recebimento de propinas do esquema montado na
Petrobras, e confessaram que, ao serem presos em fevereiro pela Polícia
Federal, mentiram no inquérito. Ao juiz federal Sergio Moro, o casal
esclareceu que 4,5 milhões de dólares recebidos por meio do doleiro e
operador de propinas Zwi Skornicki era dinheiro da campanha eleitoral de
Dilma Rousseff, em 2010.
Segundo Mônica, os valores recebidos por meio do operador eram
relativos a “dívidas da campanha presidencial de 2010 (Dilma) e Zwi lhe
foi indicado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto”. Ela negou,
contudo, que soubesse que o dinheiro tinha origem em propinas do
esquema Petrobras. Afirmou que está disposta a colaborar com a Justiça, mas só o fará com “acordo assinado”.
Ao ser questionada por Moro sobre o motivo de não ter admitido o
caixa 2 logo que foi presa, em fevereiro, Mônica Moura respondeu que
estava tentando “poupar” Dilma em meio ao impeachment. “Primeiro, porque
eu passava por uma situação extrema. E o país estava vivendo um momento
muito grave política e institucionalmente. As coisas acontecendo com a
presidente Dilma, todo o processo, eu não quis atrapalhar esse processo,
eu não quis incriminar, não queria contribuir com uma coisa para
piorar. Acabei falando que (recebeu) de campanha no exterior. Eu queria
apenas poupar (Dilma) de piorar a situação.”
Mônica não quis responder sobre os depósitos e pagamentos da
Odebrecht que fazem parte de outra ação penal – referente ao Setor de
Operações Estruturadas da empreiteira, conhecido como “Divisão de
Propinas”. “Excelência, sobre isso prefiro falar no outro processo. Como
eu disse estou disposta a falar, a colaborar com a Justiça, inclusive
mediante acordo com a Justiça. Pretendo falar tudo sobre isso, não quero
me furtar a falar nada, nenhuma informação, mas no outro processo.”
Mônica Moura foi categórica ao dizer na audiência que o caixa dois é
uma prática corriqueira nas campanhas eleitorais. “Caixa dois nunca
deixou de haver.” Ao final da audiência, desabafou. “Nunca soubemos de
Mensalão, de propinas na Petrobras. Somos publicitários, nunca recebi
propina, sempre recebi pelo meu trabalho. Não sou agente público, não
sou política, não sou empreiteira. Sempre trabalhei para partidos
políticos, fazendo campanha.” (Com Estadão Conteúdo)
Fluxo maior de turistas no período é refletido em diferentes setores, como hotelaria, varejo e alimentação
Conhecida como o maior Carnaval fora de época do País, o Fortal 2016 já
mostra impactos em alguns setores da economia cearense. Na semana da
festa, que começa hoje, a ocupação hoteleira no Estado supera os 90%,
número que está dentro do previsto pelo setor e que se equipara com o
percentual do ano passado, de acordo com o presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis Ceará (ABIH-CE), Eliseu Barros.
Para ele, a festa movimenta consideravelmente o Estado todos os anos e
representa um bom aumento na ocupação hoteleira nos meses de julho. "O
Fortal continua muito forte como o principal evento deste mês, atraindo o
turista. É a melhor semana de julho e vem garantindo ao longo dos anos
uma ocupação (hoteleira) alta", ressalta.
Em consequência da movimentação turística, o segmento de bares,
restaurantes e barracas de praia também sente um incremento financeiro
no período. Segundo Moraes Neto, presidente do Sindicato dos Bares,
Restaurantes e similares do Estado do Ceará, o setor é muito beneficiado
pelo evento.
"Na praia, tudo funciona mais durante o dia e não concorre com o
horário do Fortal. Então, o comércio na praia se beneficia bastante com
esse grande número de pessoas", justifica. "Eu acredito que ¾ do Fortal
são de turistas, o que ajuda muito na movimentação", diz, acrescentando
que o setor espera uma movimentação 25% a 30% maior. Entretanto, Moraes
dá o dado com cautela, explicando que, por ser um ano ainda de cenário
recessivo na economia, os números de expectativa oscilam bastante.
"Está difícil, porque a 'coisa' tá muito estranha", diz. "Hoje, a gente
deve sentir mais o clima, mas já percebemos que há uma movimentação",
acrescenta, frisando que o setor está preparado e atento parar não
perder nenhuma oportunidade.
Apesar da avaliação de Moraes, o vice-presidente da Associação dos
Empresários das Barracas da Praia do Futuro, Flávio Costa, vê um impacto
menor neste ano. "O Fortal sempre impactou muito, mas neste ano foi
menos. A movimentação era como se fosse a última semana de janeiro,
normalmente aumenta muito, mas neste ano realmente foi menor", analisa.
Mesmo assim, Flávio acredita que, em relação à baixa estação, o
movimento na Praia do Futuro deve crescer em torno de 50%. Compras cresceram
Mas a agitação não deve se limitar às praias. No Mercado Central,
também há expectativa de movimentação durante os dias de folia. De
acordo com o presidente da Associação de Lojistas do Mercado Central
(Almec), João Eudes de Oliveira, o aumento no número de turistas no
Estado reflete no Mercado Central. "A gente já sentiu uma melhora desde
segunda-feira e observa que é muita gente que veio pro Fortal mesmo, 80%
dos que estão passeando aqui são turistas", conta, destacando ainda que
espera um fluxo ainda maior durante o fim de semana.
Já para a Av. Monsenhor Tabosa, o período em si não influencia de uma
maneira tão significativa, conforme Antônio Gonçalves, presidente da
Associação dos Lojistas da Monsenhor Tabosa. "Na alta estação, as nossas
vendas melhoram, porque além do consumidor nativo, tem a presença dos
turistas", explica.
Ele relata que, no Fortal, os jovens não deixam de frequentar o
corredor de compras, mas acredita que "eles vão mais direto para lá
(para o Carnaval fora de época)", reafirmando que, em julho, as vendas
da Monsenhor Tabosa sempre melhoram.
As sugestões
foram postadas no canal Ansar al-Khilafah Brazil, criado por
extremistas brasileiros no aplicativo de mensagens Telegram
Por
Da redação
Exército faz treinamento para atuar em caso de ataque durante Olimpíada, no Rio de Janeiro (Tasso Marcelo/AFP)
O grupo extremista brasileiro que declarou lealdade ao Estado
Islâmico (EI) divulgou uma lista com 17 maneiras de cometer um atentado
terrorista durante a Olimpíada do Rio. As sugestões foram publicadas no
canal Ansar al-Khilafah Brazil, criado pelo grupo no aplicativo de
mensagens Telegram, semelhante ao Whatsapp, segundo a especialista
americana em monitoramento de atividades terroristas na web Rita Katz,
do SITE Intelligence Group.
A relação inclui tipos de alvo, localizações e métodos de ataque que
podem ser cometidos pelos chamados lobos solitários – que agem
inspirados ou sob orientação de algum grupo radical, mas sem a
necessidade de uma célula terrorista ou outra organização formal. De
acordo com Katz, a lista menciona atentados em aeroportos e transportes
públicos, ataques com facas, envenenamento, ataques visando mulheres e
crianças, além de ameaças falsas.
Dentro do grupo no Telegram, o Ansar al-Khilafah Brazil comentou que,
“se a polícia francesa não consegue deter ataques dentro do seu
território, o treinamento dado à polícia brasileira não servirá em
nada”, referindo-se ao apoio que agências internacionais de inteligência
têm oferecido ao governo brasileiro na prevenção de ataques terroristas
durante os Jogos Olímpicos do Rio.
Em novembro, uma ameaça ao Brasil foi publicada em conta no Twitter
vinculada a um membro do Estado Islâmico. “Brasil, vocês são nosso
próximo alvo”, dizia o tuíte, publicado dias depois dos ataques
terroristas em Paris. A mensagem foi postada na conta – posteriormente
suspensa – de Maxime Hauchard, um francês que foi para a Síria em 2013
para integrar o grupo jihadista.
O diretor de Contraterrorismo da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), Luiz Alberto Sallaberry, alertou que as autoridades brasileiras
consideram os chamados lobos solitários “a principal ameaça aos Jogos
Olímpicos”.
Criada em São Paulo, há duas décadas, a
principal organização criminosa do País instalou-se no Ceará. Nas
eleições de outubro, pretende financiar a eleição de 10 prefeitos e 50
vereadores
Mesmo preso, Alejandro Herbas Camacho Junior, irmão caçula de Marcola, trabalha para ganhar capilaridade política no Ceará
Em nenhuma capital brasileira, a juventude corre mais risco
que em Fortaleza. O número de assassinatos na faixa etária de 16 e 17
anos supera a de países em guerra. Nos indicadores gerais de violência, a
capital cearense ocupa o vergonhoso 12° lugar entre as piores cidades
do mundo para se viver. A deterioração da segurança pública é mais que o
resultado de uma década de fracasso do governo cearense na gestão de
segurança pública. O Ceará virou a offshore da principal organização
criminosa em atividade no Brasil, o PCC. O sinal mais evidente da
importância do Ceará nas operações do grupo era que o controle da
quadrilha no Estado estava nas mãos de Alejandro Herbas Camacho Junior,
irmão caçula de Marcos Willians Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.
Alejandro Herbas foi preso em março pela Polícia Federal. Considerado o
“CEO” da organização, Herbas é o principal nome depois de Marcola. Além
de cuidar de perto dos negócios na Região Nordeste, ele dava as cartas
em todas as ações do PCC nos demais Estados. Segundo os investigadores
cearenses, ele coordenava uma intrincada rede de empresas de fachada
usadas para lavar a fortuna originada do tráfico de drogas, assaltos a
bancos e das mensalidades cobradas dos presos – hoje estipulada em R$
750. Até ser preso pela PF, há três meses, Herbas viveu uma vida de
fausto no Ceará. Tinha mansões em alguns dos principais cartões-postais
do Ceará: a praia de Porto das Dunas, no município de Aquiraz, na
idílica Cumbuco, em Caucaia, e em Lagoinha, na cidade de Paraipaba. Nada
menos que 40 policiais militares trabalhavam em sua segurança pessoal.
As investigações apontam para as novas ambições do PCC. Os policiais
envolvidos no monitoramento da organização descobriram que a quadrilha
tem aspirações políticas. Sob as ordens de Herbas, o PCC trabalha para
eleger 10 prefeitos e 50 vereadores no Ceará. Com a proibição do
financiamento por empresas privadas, o PCC se projeta como uma
importante força para irrigar as campanhas. As conversas da quadrilha
foram relatadas à polícia por fontes infiltradas na organização. Os
alvos do PCC são as disputas pela prefeitura de Mombaça, Caucaia e
Itatira. A primeira delas é por razões afetivas. O irmão de Marcola
morou na cidade. A segunda é a jóia da coroa. Com a segunda maior
população do Ceará, Caucaia é vista pela organização como estratégica. A
polícia não identificou quem é o candidato do PCC. Atualmente, as
pesquisas apontam a liderança do deputado estadual Naumir Amorim (PMB). O
parlamentar apresenta uma folha corrida de 148 processos, entre os
quais dois por homicídio. O clima político em Caucaia está tão
conflagrado que nos últimos meses os opositores a candidatura de Amorim
têm sofrido uma série de ameaças. O coordenador de campanha do PSDB,
Marcos Correa, foi alvo de três tentativas de sequestro em 60 dias. Para
o delegado Jurandir Braga Nunes, a violência não tem conexões com
crimes comuns. “Esses atentados não são assaltos. São obra do PCC”,
afirma. Em outra cidade, Itatira, a polícia acompanha as movimentações
do PCC para lançar a candidatura de um dos irmãos de Jussivan Alves, o
Alemão, que em 2005 comandou o assalto ao Banco Central em Fortaleza.
Para Francisco Carlos Crisóstomo, chefe do Departamento de Inteligência
Policial(DIP), da Polícia Civil do Ceará, não há dúvidas de que as
candidaturas serão financiadas pelo PCC.
Em micro comícios na Bahia e em
Pernambuco, o ex-presidente Lula mente de forma descarada, ataca a
gestão de Michel Temer e diz que planeja ser candidato em 2018. Antes,
porém, terá que se livrar da Justiça
Mário Simas Filho
Antes de se eleger presidente pela primeira vez, em 2002,
Luiz Inácio Lula da Silva percorreu o País nas chamadas Caravanas da
Cidadania. Na semana passada, Lula novamente colocou os pés na estrada.
Bem no estilo populista, vestiu um chapéu de couro e percorreu cinco
cidades da Bahia e de Pernambuco. O problema é que depois de 13 anos no
poder e de protagonizar ao lado do PT o maior escândalo de corrupção já
registrado em nossa história, a versão moderna das romarias de Lula nada
mais é do que uma caravana de mentiras. Procurando impor um clima de
comícios eleitorais em suas paragens, o ex-presidente desfiou um rosário
de inverdades para defender a afilhada apeada do Planalto, Dilma
Rousseff, chegou a admitir o que chamou de “pequenos erros
administrativos” de sua sucessora, mas em nenhum momento fez menção aos
desvios de dinheiro público que já levou para a cadeia alguns dos
principais líderes de seu partido. E, para se fazer de vítima, insistiu
na irresponsável tese do “nós contra eles”. Na tarde da quinta-feira 14,
um dos principais líderes do PT no Rio Grande do Sul foi taxativo ao
analisar o périplo de Lula: “Desse jeito ele só irá afastar ainda mais o
PT de seu antigo eleitor”.
As primeiras mentiras da caravana de Lula foram proferidas em
Juazeiro (BA), na segunda-feira 11, e tiveram como alvo o presidente
Michel Temer. “Temer quer privatizar porque não sabe governar”, afirmou
Lula, tentando bater a velha tecla de que ele seria o único líder capaz
de preservar o patrimônio nacional e os demais seriam entreguistas de
nossas riquezas. Uma bobagem que pode até ter surtido algum efeito
eleitoral no passado, mas que hoje certamente não encontra ressonância. O
que o ex-presidente não disse é que nos últimos 13 anos, sob a
nomenclatura de “concessões” ou “PPPs”, as gestões comandadas por ele e
Dilma não cansaram de passar para o controle da iniciativa privada uma
série de rodovias, portos, ferrovias, aeroportos etc. A maior parte das
obras do PAC são privatizadas e em 2004 o próprio Lula fez força para
aprovar uma lei que garante uma espécie de seguro para que o empresário
seja ressarcido caso seu investimento nas “concessões” não tenha o
retorno previsto. Na prática, Lula não só promoveu uma série de
privatizações, como instituiu no País uma espécie de capitalismo sem
risco. Sob seu comando, o lucro é privado, mas o prejuízo, se houver, é
público. Ainda em Juazeiro, o ex-presidente afirmou: “Agora eles
(governo Temer) estão tentando desmontar os programas sociais”. Outra
bravata que não encontrou ressonância. Boa parte dos que ouviam Lula
sabiam que em 29 de junho o presidente Michel Temer reajustou em 12,5% o
valor do Bolsa Família, aumento superior aos 9% que Dilma havia
anunciado em março.
Da Bahia, Lula seguiu para Pernambuco e levou na bagagem novas
mentiras (leia quadro ao lado). É difícil afirmar qual delas é a mais
descarada. Em Petrolina e no Recife, o ex-presidente afirmou que o
impeachment de Dilma “só evoluiu por uma vingança do ex-presidente da
Câmara Eduardo Cunha” e que “as pedaladas fiscais foram uma invenção”. O
ex-presidente não explicou a seus ouvintes que o processo de
impeachment no Congresso foi acompanhado passo a passo e referendado
pelo STF. Ele também não disse que as pedaladas fiscais foram reveladas e
condenadas pelo Tribunal de Contas de União e também apontadas pelo
Judiciário como crimes de responsabilidade. Mas, de todas as mentiras
proferidas pelo ex-presidente na semana passada, há duas que chamam a
atenção pelo cinismo contido nelas. Na terça-feira 12 em Carpina (PE),
disse: “estão me investigando há dois anos e duvido que se ache um
empresário a quem eu pedi R$ 10”. Na verdade, o juiz Sérgio Moro tem
diversos indícios de que empresários tenham favorecido Lula com milhões
de reais. O dinheiro teria sido repassado como pagamento de palestras
fictícias. Nesse sentido, há inclusive delações premiadas de
ex-diretores da Andrade Gutierrez e a Odebrecht. Existem ainda as
suspeitas de que Lula tenha ocultado patrimônio através do tríplex no
Guarujá e do sítio em Atibaia. Em delação premiada, o empreiteiro Leo
Pinheiro, da OAS, afirmou que Lula solicitou e recebeu as melhorias nos
imóveis em troca de tráfico de influência a favor da construtora no
Exterior. Em seu último evento, no Recife, Lula disse que “só existe
apuração de corrupção porque o PT permitiu e não interferiu na escolha
do procurador-geral da República”. Mais uma bravata. Na semana passada, o
procurador geral, Rodrigo Janot, acusou Lula e Dilma de tentarem barrar
as investigações da Lava Jato, não só tentando comprar o silêncio de
testemunhas como nomeando para o Superior Tribunal de Justiça ministros
que teriam a tarefa de tirar da cadeia os empresários que pudessem
aderir às delações. Isso sem mencionar a tentativa do Planalto de fazer
de Lula ministro apenas para lhe garantir foro privilegiado. Com tantas
mentiras, Lula pode até se iludir. Mas para ser um candidato forte em
2018 precisará encontrar outro discurso, além de escapar da Justiça.
Reportagem de ISTOÉ flagra Paula
Rousseff e Rafael Covolo, filha e genro da presidente afastada,
utilizando veículos pagos pelo governo para cumprir compromissos
pessoais
SÉRGIO PARDELLAS
Como tantas outras Paulas filhas deste País, Paula levanta
cedo da cama com o tilintar do despertador. Não raro, o marido, Rafael,
já está de olhos abertos. Pela manhã, ela mantém uma rotina nada
estranha à maioria das pessoas de classe média. Vai ao cabelereiro, faz
compras para abastecer a despensa de casa, reserva uns minutos para o
pilates e uma ida rápida à clínica de estética, e, eventualmente, dá uma
passadinha no pet shop. Depois de almoçar, leva o filho à escola. À
tarde, dirige-se ao trabalho, obrigação já cumprida pelo marido de
manhã. Como tantas outras Paulas filhas deste País, Paula seria apenas
mais uma brasileira se não carregasse em sua assinatura o sobrenome
Rousseff.
Perante à lei, filhos de presidente da República são iguais a todos.
Ombreiam-se aos demais cidadãos. Não deveriam merecer distinção ou
receber tratamento especial, salvo em alguns casos de excepcionalidade.
Mas a filha de Dilma, que hoje se encontra afastada, ou seja, nem o
mandato de presidente exerce mais, não se constrange em cultivar uma
mordomia ilegal. Diariamente, Paula Rousseff Araújo desfruta de uma
regalia. A máquina do Estado a serve, bem como ao seu marido e filhos.
As atividades narradas acima, como uma frugal ida ao cabelereiro, ao
pilates e ao pet shop, são realizadas a bordo de um carro oficial
blindado com motorista e segurança. Em geral, um Ford Fusion.
Acompanha-os invariavelmente como escolta um Ford Edge blindado com dois
servidores em seu interior, um deles um agente de segurança armado. O
mesmo se aplica ao genro de Dilma, Rafael Covolo, e aos dois netos. No
total, oito carros e dezesseis pessoas integram o aparato responsável
pela condução e proteção da família da presidente afastada. Trata-se de
um serviço VIP.
Quem banca essa estrutura é o Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência. Ou seja, o contribuinte. Nas últimas semanas, reportagem de
ISTOÉ flagrou os carros oficiais entrando e saindo do condomínio Vila
de Leon, zona sul de Porto Alegre, onde moram os familiares de Dilma,
para levá-los a compromissos do dia a dia. A rotina dos Rousseff segue
um padrão. O 6 de julho dos descendentes da presidente afastada não foi
muito diferente dos dias anteriores. Às 18h30, uma quarta-feira, o
Fusion blindado escoltado pelo Ford Edge também à prova de balas trouxe a
família de volta ao lar, depois de transportá-la para uma série de
atividades pessoais. No dia seguinte, às 9h da manhã, os mesmos carros
já estavam de prontidão na porta da casa da filha de Dilma para mais uma
jornada por Porto Alegre. No dia 12/07 às 13h40, Rafael Covolo, marido
de Paula, foi buscar um dos filhos na escola. Como de praxe, com o carro
oficial. Um automóvel pago com dinheiro público os escoltou até o
retorno para casa. O Fusion levava a placa IVF – 3267 (normalmente é
esta ou a IVG – 1376) e o Edge IUF – 3085. Se consultados nos registros
do DETRAN, os prefixos figurarão como “inexistentes”. Sim, são placas
frias ou vinculadas, inerentes aos chamados carros oficiais de
representação.
Nos locais freqüentados por Paula Rousseff, em geral, há um alvoroço
quando ela desembarca com o carro oficial e os seguranças em volta.
Embora a filha da presidente afastada tente manter a discrição, não há
como não reconhecê-la. O aparato em torno dela desperta a atenção dos
funcionários. O atendente da unidade do “Bicho Pet Store”, localizada no
bairro Menino de Deus, zona sul de Porto Alegre, diz que Paula é uma
cliente assídua. Costuma levar para procedimentos de banho e tosa um
cachorro de pequeno porte, semelhante a um shitzu. “A filha da
presidente sempre vem ao petshop acompanhada de um monte de seguranças”.
O mesmo serviço de transporte vip bancado pelo governo, composto por
carro oficial e escolta, a conduz até o “Studio Martim Gomes Pilates”,
na Vila Assunção. “Dona Paula vem aqui com freqüência. É nossa cliente”,
atesta um funcionário da clínica. A equipe do salão Oikos Hair, também
no bairro da Vila Assunção, é mais comedida ao falar de Paula.
Questionada por ISTOÉ, uma secretária disse: “A Dilma já veio aqui
também. Parou de vir faz tempo (…) Sobre a dona Paula …por razão de
segurança não posso desmentir nem confirmar nada”.
A mordomia de Paula Rousseff e Rafael Covolo, além de constituir
inaceitável privilégio, é também uma benesse totalmente ilegal. A
legislação é clara. Reza o artigo 3º do decreto 6.403 de março de 2008,
baixado pelo ex-presidente Lula: os veículos oficiais de representação –
como os que transportam a família de Dilma – são utilizados
exclusivamente pelo presidente da República, pelo vice-presidente, pelos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e pelo Chefe do
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e por ex-presidentes da
República. A única exceção que permitira que filhos de presidente
desfrutassem desse privilégio é se fossem usados os chamados carros
oficiais de transporte institucional. Com um condicionante: “se razões
de segurança o exigirem”. Não é o caso, definitivamente. Primeiro porque
carro institucional não possui escolta armada nem placa vinculada ou
fria, como os veículos que servem a família de Dilma. Ainda de acordo
com instrução normativa do Contran, veículo institucional é identificado
com a expressão “governo federal” na cor amarelo ouro e tarja azul
marinho. Nenhum dos carros usados por Paula e Rafael Covolo exibe esta
inscrição. Mesmo que eles utilizassem esse tipo de veículo, haveria uma
outra barreira de cunho legal.
Os Rousseff só poderiam ser enquadrados nessa situação totalmente
excepcional se: 1) Comprovassem a existência de riscos à sua integridade
física e 2) Fossem familiares de presidentes em exercício. Quer dizer,
hoje o deslocamento da filha, genro e netos de Dilma a bordo de veículos
oficiais compõe um mosaico de irregularidades. Se a mamata já seria
desnecessária e ilegal com a presidente Dilma no pleno exercício do
cargo, em se tratando da chefe do Executivo federal afastada a regalia
ofertada à Paula Rousseff, Rafael Covolo e filhos afronta sobejamente a
legislação em vigor. Por ironia, o decreto que estabelece regras para a
utilização dos carros de governo foi reeditado com pequenas alterações
por Dilma em outubro do ano passado, com o objetivo, segundo ela, de
“racionalizar o gasto público no uso de veículos oficiais”. A
racionalização, claro, não alcançou sua família, como se nota.
Os serviços de transporte e segurança dos Rousseff em Porto Alegre
estão a cargo de uma empresa terceirizada contratada pelo Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República: a Prime Consultoria
e Assessoria Empresarial, conforme documentos aos quais ISTOÉ teve
acesso. Todo mês, a Prime encaminha ao Palácio do Planalto um relatório
de abastecimento dos veículos. A última nota foi emitida no dia 1º de
julho. Na prestação de contas estão listados os veículos, suas
especificações, bem como as respectivas placas vinculadas, sem registro
no DETRAN, e os motoristas responsáveis por atender aos familiares da
presidente afastada na capital gaúcha. Em junho, por exemplo, foram
gastos só com combustível R$ 13,8 mil. Os familiares de Dilma não
precisariam de carros oficiais para o cumprimento de suas tarefas
diárias. Paula Rousseff é procuradora do trabalho no Rio Grande do Sul.
Entrou no Ministério Público do Trabalho em 2003 por meio de concurso
público. Atualmente, recebe salário de R$ 25.260,20. Para quê a mordomia
com dinheiro público? Por que o genro de uma presidente afastada
precisa usar carro oficial para a execução dos afazeres cotidianos?
Na política, se não forem estabelecidos limites, necessários à
liturgia do cargo, a família tem grande potencial para gerar
constrangimentos. Sobretudo porque eventuais privilégios desfrutados por
filhos dizem mais sobre os pais do que os próprios herdeiros. No
Brasil, um País de oportunidades desiguais, regalias a parentes de
políticos chamam muita atenção e, em geral, são consideradas
inaceitáveis e despertam indignação e sensação de injustiça na
população. Quando a prática é ilegal, a situação se agrava. Por
constituir vantagem ilícita a terceiros e atentar contra os princípios
da administração pública, o episódio em questão pode até render um
processo contra Dilma por improbidade.
Procurado por ISTOÉ, o Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência afirmou que “permanece realizando a segurança da Presidenta
Dilma e de seus familiares, de acordo com o disposto no inciso VII do
Art 6º da Lei Nr 10.683, de 28 de maio de 2003”. O problema é que o
referido “amparo legal” não prevê o uso de carros oficiais para fazer o
transporte da família da presidente afastada. Em tese, apenas a escolta
para segurança seria permitida.
Diz o inciso VII do Art 6º da Lei Nr 10.683: ao Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República compete zelar, assegurado o
exercício do poder de polícia, pela segurança pessoal do Presidente da
República, do Vice-Presidente da República e respectivos familiares, dos
titulares dos órgãos essenciais da Presidência da República e de outras
autoridades ou personalidades, quando determinado pelo Presidente da
República, bem como pela segurança dos palácios presidenciais e das
residências do Presidente da República e do Vice-Presidente da
República.
Três dias antes de deixar a Presidência, em 2010, Lula fez questão de
assegurar aos seus filhos a dispensável regalia do passaporte
diplomático. Revelada pela imprensa, a esperteza engoliu o dono. Em
novembro de 2013, a Justiça determinou a apreensão dos passaportes e o
recolhimento dos mesmos pelo Itamaraty. Depois do impeachment de Dilma, o
tema voltou à baila com a apimentada discussão sobre eventuais
mordomias a que a presidente teria direito afastada do cargo. Uma ação
civil pública questionou o uso por Dilma de aviões da FAB. A Justiça até
permitiu o deslocamento com os jatos da Força Aérea Brasileira, desde
que custeados pela própria mandatária afastada. Recentemente, apoiadores
do PT se cotizaram para bancar as viagens. Pela trilha da carruagem,
hoje já abóbora, haja crowdfunding militante (a popular vaquinha) para
sustentar os privilégios de petistas e congêneres que ainda insistem em
se refestelar com as benesses do Estado.
“É ilegal, mas eles usam mesmo assim”
Na quinta-feira 14, ISTOÉ conseguiu fazer contato com um dos
responsáveis pela frota de carros oficiais que serve a família da
presidente Dilma Rousseff em Porto Alegre. Com medo de retaliação, ele
pediu para não ser identificado
ISTOÉ – Quantos carros oficiais a família de Dilma tem à disposição?
São oito carros blindados de fábrica. Quatro para o transporte e mais
quatro que fazem a escolta armada. É um serviço VIP. No carro oficial e
no veículo de escolta há um motorista e um segurança. No total, são
quatro pessoas envolvidas para cada dupla de carros. ISTOÉ – Desde quando a filha, o genro e os netos da
presidente afastada contam com o serviço de transporte e segurança pago
pelo governo?
Há pelo menos cinco anos. São carros de representação com placa
vinculada ou placa fria para não serem identificados. Se você consultar
no DETRAN, aparece como placa inexistente. ISTOÉ – Além de se tratar de uma mordomia, a utilização de
carros de representação por familiares de presidente da República é
ilegal.
Sim. É ilegal. Mas eles usam mesmo assim. Eles até poderiam usar uma
escolta. Não sou PMDB nem nada. Mas, por exemplo, a Marcela Temer (atual
primeira-dama) usa a escolta para segurança. É normal. Mas sabemos que,
quando morava sozinha em São Paulo, ela ia para compromissos pessoais
com o carro dela. Não com carro oficial. Isso que a família de Dilma faz
contraria a lei. ISTOÉ – Nossa reportagem apurou que a filha de Dilma leva o
filho à escola, vai para o pilates, pet shop, clínica de estética e até
ao cabelereiro com os veículos pagos pelo governo. O genro também usa os
carros oficiais para atividades semelhantes. O sr. confirma essa
informação?
Confirmo. Os carros oficiais os levam para atividades do dia a dia.
Colaborou Pedro Marcondes de Moura
*Com fotos de Lucas Uebel e Itamar Aguiar
François Hollande decidiu estender o
estado de emergência no território francês; "Nada nos fará ceder na
nossa vontade de lutar contra o terrorismo", afirmou governante
O presidente da França, François Hollande, chegou a Nice, onde se
encontra com autoridades de segurança locais para debater a situação
após o ataque da noite da última quinta-feira (14), que deixou ao menos
84 mortos e 100 feridos.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, também estão na cidade.
Em pronunciamento realizado ontem à noite, Hollande disse que “é
inegável o caráter terrorista do ataque”, acrescentando que entre as
vítimas estão muitas crianças.
“A França foi atacada por essa nova tragédia e está horrorizada com o
que aconteceu. Essa monstruosidade que consiste em utilizar um caminhão
para matar, deliberadamente, dezenas de pessoas que vieram simplesmente
celebrar o [feriado] 14 de Julho. A França chorou, está ferida, mas é
forte, e sempre será mais forte que os fanáticos que a atacaram”,
acrescentou. Estado de Emergência
O presidente decidiu ampliar o estado de emergência declarado após os
atentados de 13 de novembro em Paris, que deixaram ao menos 130 mortos,
por outros três meses.
Ele havia anunciado horas antes do ataque que pretendia extinguir a
medida. “É toda a França que está sob a ameaça do terrorismo islâmico.
Então, nessas circunstâncias, nós devemos fazer uma demonstração de
vigilância absoluta e de determinação contínua”, apontou.
Autoridades de Paris avaliam o envolvimento de membros do Estado
Islâmico no ataque, apesar de o grupo ainda não ter reivindicado
autoria. A polícia também investiga as possíveis ligações do motorista
do caminhão, identificado como um francês de origem tunisiana, com
grupos extremistas.
Além disso, após o massacre, a França vai “reforçar as operações”
contra terroristas do Estado Islâmico “tanto na Síria como no Iraque”.
“Nada nos fará ceder na nossa vontade de lutar contra o terrorismo”,
concluiu Hollande.
“Fomos golpeados no dia 14 de julho, o dia da Festa Nacional e
símbolo da liberdade, pois os fundamentalistas negam os direitos
fundamentais”.
Foram 265 notificações, sendo 24 tiroteios com vítimas fatais e 20 feridos. Programa colaborativo recebe e checa notificação de usuários.
Fernanda Rouvenat*Do G1 Rio
Aplicativo Fogo Cruzado mapeia, em tempo real, os locais onde acontecem tiroteios no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)
A iniciativa de alertar os moradores do Rio de Janeiro sobre tiroteios
que ocorrem diariamente e assustam a população tem tido boa audiência.
Lançado há oito dias, o aplicativo Fogo Cruzado mapeia, em tempo real,
os locais onde estão acontecendo disparos de armas de fogo na Região
Metropolitana do Rio. Somente nesse tempo, foram feitos 15 mil
downloads.
O primeiro relatório, divulgado nesta quarta-feira (13), mostrou que,
em apenas sete dias, 265 notificações de tiroteios foram enviadas para a
ferramenta. A média é de pouco mais de 1,5 tiroteio por hora. Desses
confrontos, 24 tiveram vítimas fatais e, em 20, pessoas ficaram feridas.
Também foram registrados 50 confrontos decorrentes de operação
policial.
A região da cidade com o maior número de registros foi o Conjunto de
Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. Já na Baixada Fluminense, a
cidade de São João de Meriti foi o local que mais cadastrou registros de
violência.
Relatório mostra números de ocorrências em 7 dias (Foto: Reprodução)
Nos três primeiros dias, o aplicativo recebeu 258 notificações. Destas,
28% foram descartadas por serem notificações repetidas, de testes dos
usuários ou entradas de outros estados.
A ideia de criar o aplicativo foi da jornalista e especialista em
Segurança Pública Cecília Olliveira e surgiu a partir da curiosidade de
contar a quantidade de tiroteios que acontecem todos os dias.
“No ano passado eu estava buscando informações sobre feridos por bala
perdida e incidência de tiroteios na cidade e não encontrei, mas me
deparei com uma informação do Voz da Comunidade que dizia muito:
‘estamos há 100 dias sem paz’. Isso me despertou a ideia de começar a
contar os tiroteios - acompanhando via imprensa, boletins da PM que
estão disponíveis no site e alguns amigos/coletivos espalhados pela
cidade - em uma planilha mesmo. Percebi que a realidade era bem maior do
que imaginava e procurei a Anistia para propor o projeto, que foi
aceito", disse Cecília Olliveira, pesquisadora e gestora de dados do
Fogo Cruzado.
Gráfico mostra áreas que tiveram maior número de notificações (Foto: Reprodução)
Ferramenta colaborativa
O aplicativo funciona de maneira colaborativa e recebe notificações de
usuários, mas também tem informações baseadas em dados da Polícia
Militar, que ficam disponíveis no site da instituição, e nas divulgações
da imprensa. No site do aplicativo, é possível fazer uma filtragem e
visualizar as notificações de acordo com as fontes.
De acordo com a gestora de dados do aplicativo, serão feitos relatórios
para mostrar o aumento ou não dos confrontos semanalmente, mensalmente e
trimestralmente. Os dados estarão disponíveis na aba “Relatórios” do
site e do aplicativo.
“Vale pontuar que nem tudo o que é notificado é um confronto, uma vez
que também somos notificados acerca de disparos de arma de fogo”,
explicou Cecília.
O aplicativo pretende ajudar a aprofundar o debate sobre segurança
pública no Rio de Janeiro e permitir que a população dos bairros mais
afetados pelos confrontos se manifeste de forma segura. * Colaborou Matheus Rodrigues
(8 jul) Policial nos arredores da montagem da arena do vôlei de praia, em Copacabana - AFP
AFP
O governo do estado do Rio de Janeiro garante que a segurança
será perfeita nos Jogos Olímpicos Rio2016, mas episódios recentes
levantam algumas dúvidas, entre eles o corpo esquartejado encontrado
pela Polícia perto da Arena de Vôlei de Praia, em Copacabana.
De 5 a 21 de agosto, o Rio de Janeiro receberá cerca de meio milhão de visitantes para o maior evento esportivo do planeta.
“Tenho confiança total nos preparativos para a segurança dos Jogos”,
afirmou, a praticamente um mês da abertura, o secretário extraordinário
de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, Andrei
Augusto Passos Rodrigues, dizendo estar “totalmente sereno”.
A descoberta, nesse mesmo dia, de um corpo esquartejado em Copacabana, talvez tenha afetado essa serenidade.
Os policiais do Rio, que viram cerca de 50 de seus colegas mortos
este ano e protestam contra o atraso no pagamento dos salários, já não
têm tanta calma assim.
Um dos mais perigosos do país, o estado do Rio registrou 2.083
homicídios nos cinco primeiros meses de 2016, um aumento de 14% em um
ano, enquanto os crimes se multiplicam.
Para os organizadores dos Jogos Olímpicos, o incidente mais
constrangedor até agora talvez tenha sido o que aconteceu com as
emissoras de televisão alemãs ARD e ZDF, que tiveram seus equipamentos
eletrônicos roubados. Estimada em 400.000 euros, a carga foi finalmente
recuperada.
Fronteiras porosas
As verdadeiras zonas de insegurança ficam no norte da cidade, onde há
enormes favelas, longe da Barra, de Copacabana e de Ipanema, tomadas de
turistas.
Há oito anos, as autoridades estaduais iniciaram um ambicioso
programa para retomar das mãos de traficantes fortemente armados o
controle dessas comunidades.
A criminalidade tenta recuperar esses territórios, aproveitando a
crise econômica que fez o governo decretar estado de calamidade pública,
escasseando recursos para a polícia.
No mês passado, cerca de 20 homens armados invadiram um hospital do
Centro do Rio para resgatar um de seus chefes, conhecido como “Fat
Family”. A polícia teria matado nove pessoas na caçada aos bandidos, sem
conseguir recuperá-lo.
Considerando-se que o Brasil não está envolvido em nenhuma guerra e
que fica muito distante de países como a Síria, é baixo o risco de ver
se repetirem aqui violentos ataques reivindicados pelo grupo Estado
Islâmico (EI) em Bangladesh, na Bélgica, no Iraque e nos Estados Unidos.
Mas sediar o evento esportivo mais acompanhado do mundo vai,
necessariamente, atrair as atenções, alerta o especialista em segurança
Robert Muggah, do Instituto Igarapé, no Rio.
“Se um grupo terrorista quiser dar um grande golpe em um evento mundial, o Rio seria um bom lugar para começar”, afirma.
A fronteira com o Paraguai é notoriamente porosa, e a com o Uruguai
foi atravessada em junho, sem passar por qualquer controle, por um
ex-detento da base americana de Guantánamo, acolhido como refugiado pelo
pequeno país sul-americano.
E, para conseguir armas de guerra, basta dar uma volta nas favelas.
O ‘próximo alvo’?
Em junho, os Serviços Secretos brasileiros disseram ter detectado
mensagens em Português ligadas ao EI em um fórum de Internet. Ainda mais
explícito, depois dos atentados de Paris em novembro passado, um
jihadista francês do EI tuitou que o Brasil seria “o próximo alvo”.
Cerca de 65.000 policiais e 20.000 soldados – o dobro do efetivo do JO de Londres-2012 – serão mobilizados no Rio.
O Centro de Coordenação Policial incluirá forças de 55 países e
aquela encarregada de antiterrorismo, com agentes de sete países, entre
eles Estados Unidos, França e Argentina.
Verificações já foram feitas com 394.000 visitantes. A meta é chegar a 600.000.
O Brasil enfrentará ainda seus próprios problemas durante os Jogos. A
tensão política poderá deflagrar novas manifestações, enquanto a
presidente Dilma Rousseff, afastada por maquiagem das contas públicas,
corre o risco de sofrer um impeachment logo depois das Olimpíadas.
E, em meio a uma recessão histórica para o país, o estado do Rio
conseguiu um socorro financeiro federal emergencial de R$ 2,9 bilhões.
Esse valor deverá ser usado para pagar os salários atrasados dos
policiais e a falta gritante de material – de combustível para as
viaturas a papel higiênico.
“Bem-vindo ao inferno!”, diz um cartaz levantado por policiais irados
na área de desembarque do aeroporto internacional do Rio, esta semana,
acompanhado da preocupante frase: “Quem vem ao Rio não está seguro”.
Carlos Cortegoso, que serviu Lula na
década de 80 num restaurante do ABC, virou milionário com um esquema de
empresas de fachada nas campanhas petistas
Ary Filgueira
Na década 80, Carlos Roberto Cortegoso era um cara humilde.
Trabalhava como garçom no restaurante “São Judas Tadeu – Demarchi”,
estrela da rota do frango com polenta do ABC Paulista. Um belo dia, ao
contrário da maioria dos colegas de profissão, Cortegoso encontrou a
sorte grande. De bandeja, o garçom ganhou sua mega sena particular:
conheceu o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva. O petista se
apiedou daquele que o servia regularmente com contagiante bom humor e
arrumou uma boquinha no Partido dos Trabalhadores para ele. A partir
daí, sua vida virou do avesso. A conta bancária, hoje rechonchuda,
aumentou proporcionalmente à mudança de personalidade. Hoje, Cortegoso
anda de Porsche, como se nota na foto acima. Por ser o proprietário da
Focal, gráfica de fachada que recebeu R$ 24 milhões da campanha de
Dilma, mas não conseguiu declarar os serviços prestados durante perícia
do TSE, Cortegoso está encrencadíssimo na Justiça Eleitoral. O ex-garçom
do petista também encontra-se enredado na operação da Polícia Federal,
que apura um esquema de desvio de recursos no Ministério do Planejamento
por meio de empréstimos consignados. A humildade do passado espatifou
no chão como copos e pratos mal equilibrados. Ao ser procurado por
ISTOÉ, disparou, em tom esnobe: “Me caracterizaram como ‘garçom do
Lula’. É que o repórter precisa do estereótipo para ficar engraçado,
para vender mais. Eu entendo. Tem cara que tem que limpar banheiro cheio
de m*, tem cara que dá o c*. E tem cara que tem de criar personagem.
Porque o empresário perdeu a graça. Então, tem de arrumar um personagem,
tipo o mordomo, garçom”.
Cortegoso montou sua primeira empresa, a Ponto Focal Comunicação e
Marketing Visual LTDA, graças ao empurrãozinho de Lula. A firma
sobreviveu por uma década. O maior cliente, na ocasião, era, claro, o
PT, para o qual o empresário trabalhava durante as campanhas eleitorais.
Em 2004, na metade do primeiro mandato de Lula, a Ponto Focal decidiu
encerrar suas atividades, justamente um ano antes da divulgação da
denúncia do mensalão. A manobra tinha como objetivo sair do radar da
Polícia Federal. Para investigadores, a ascensão de Carlos Cortegoso
pode ter ganhado impulsão no esquema de corrupção. Em delação do
publicitário Marcos Valério, sócio da SMP&B, o nome de Cortegoso foi
anexado à lista de beneficiário das propinas que o publicitário
apresentou à CPI dos Correios. Segundo Valério, o garçom de Lula havia
recebido R$ 400 mil da organização criminosa. A partir daí, Cortegoso
submergiu.
Embora tenha tirado a empresa de seu nome, continuou, segundo a PF,
beneficiário do esquema, agindo à sombra da filha Carla Regina
Cortegoso. Dez meses depois do encerramento da Ponto Focal, Carla abriu
uma firma no mesmo ramo e deu continuidade aos negócios do pai. Mais uma
vez,quem deu suporte foi o PT. Por descuido ou não, a filha de
Cortegoso optou por pegar emprestada a marca do antigo empreendimento,
excluindo apenas o primeiro nome. Assim, a razão social ficou: Focal
Confecção e Comunicação Visual Ltda.
O partido foi o principal cliente da empresa nas últimas eleições.
Não bastasse ter sido a segunda empresa que mais recebeu recursos da
campanha de Dilma em 2014, de acordo com o TSE, 21 candidatos do PT
declararam que tiveram gastos com a Focal, entre os quais, o candidato
ao governo de São Paulo Alexandre Padilha e a ex-ministra Gleisi
Hoffmann, que em 2014 concorreu ao governo do Paraná. Terminadas as
investigações do TSE, as atividades da gráfica que não conseguiu
comprovar os serviços prestados à campanha de Dilma correm sério risco
de serem encerradas mais uma vez.
Na ficha corrida de Carlos Cortegoso, ainda consta o envolvimento na
Operação Custo Brasil, da Polícia Federal, que investiga o desvio de R$
100 milhões de taxa de empréstimos consignados dos servidores do
Ministério do Planejamento. Ele é suspeito de ter recebido R$ 309 mil de
propina.
Embora suas palavras deixem transparecer o inverso, Cortegoso não
nega que tenha trabalhado como garçom. Mas alega ter largado a profissão
há quatro décadas. Por isso, na lógica peculiar dele, não poderia mais
ser tachado como tal. Ao tentar explicar seu raciocínio, recorreu a mais
um paralelo infeliz, para dizer o mínimo: “Depois disso (ter sido
garçom), me formei em química. Falo três idiomas. Fui executivo. É igual
um menino que faz troca-troca (sexo com pessoa do mesmo gênero) com dez
anos. Aí, aos 59, ele é gay?”, questionou. “Então, eu fui garçom há 41
anos”, concluiu. Cortegoso pode ter largado a antiga atividade. Mas, a
julgar pelas apurações da PF, ele continuou a receber uma gorjeta mais
do que generosa. Em forma de pixuleco.
“Duas coisas no Brasil que dão problema: pensão alimentícia e fiel depositário”
Em entrevista à ISTOÉ, Carlos Cortegoso se recusou a falar sobre as denúncias contra ele e demonstrou irritação: ISTOÉ – Como o sr. era garçom do Lula e conseguiu ficar milionário? Carlos Cortegoso – Tem cara que tem que limpar banheiro
cheio de m*, tem cara que dá o c*. E tem cara que tem de criar
personagem, tipo o mordomo, garçom. Porque o empresário perdeu a graça. ISTOÉ – Mas o sr. não era garçom? Cortegoso – Falo três idiomas. Fui executivo. É igual a
um menino que fez troca-troca com dez anos. Aos 59, ele é gay? Então,
eu fui garçom há 41 anos ISTOÉ – Em 1998, a Vara de Execuções Fiscais Estaduais de São Paulo decretou a prisão do senhor. Por quê? Cortegoso – Eu era fiel depositário de um compressor
(penhorado pela justiça). Fui lá e paguei. E foi tudo resolvido. Tem
duas coisas no Brasil que dão problema: pensão alimentícia e fiel
depositário.
Durante auditoria realizada pelo
Tribunal Eleitoral, as gráficas VTPB, Focal e Red Seg, que receberam R$
52 milhões da campanha da presidente afastada, em 2014, não comprovam
que prestaram os serviços declarados
Débora Bergamasco
No dia 20 de abril, a ministra Maria Thereza de Assis Moura,
corregedora-geral da Justiça Eleitoral, autorizou a apuração das
suspeitas de que a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em
2014, havia utilizado gráficas para lavar dinheiro do Petrolão. Na
última semana, o relatório entrou em fase final de redação e uma perícia
deverá ser oficialmente divulgada no próximo mês. ISTOÉ apurou que as
evidências de lavagem de recursos desviados da Petrobras se confirmaram.
As empresas VTPB, Focal e Red Seg não conseguiram comprovar que
prestaram os serviços declarados durante as últimas eleições, o que
reforçam os indícios de que eram mesmo de fachada e serviram de ponte
para o pagamento de propinas do Petrolão. Juntas, elas receberam uma
fábula da campanha de Dilma em 2014: R$ 52 milhões.
A Focal foi a segunda que mais recebeu recursos do PT, só ficando
atrás do marqueteiro João Santana. Um total de R$ 24 milhões. Mas a
gráfica, assim como a VTPB e a Red Seg, simplesmente não apresentou
notas fiscais, comprovantes de pagamento, ordens de serviço, contratos
trabalhistas ou de subcontratação de terceiros, além de extratos de
transferências bancárias que justificassem as atividades exercidas para a
campanha de Dilma a um custo milionário. Esses documentos eram
fundamentais para provar que as gráficas não foram usadas como laranjas
pelo PT para esquentar dinheiro ilegal. A ausência da papelada
compromete a campanha de Dilma e incrementa o caldo político que pode
levar ao seu afastamento definitivo em agosto, no derradeiro julgamento
do impeachment. “A ausência da devida comprovação de gastos eleitorais,
principalmente quando envolver altos valores, pode indicar a ocorrência
de graves fraudes e até lavagem de dinheiro, com sérias consequências”,
afirmou o presidente do TSE, Gilmar Mendes.
Os peritos do TSE visitaram as três gráficas entre maio e junho. Seus
donos contaram histórias mirabolantes na tentativa de atestar que
colocaram seu maquinário a serviço da petista em 2014. Por isso, teriam
sido aquinhoadas com os R$ 52 milhões declarados pela campanha de Dilma.
As versões, repetidas também à ISTOÉ, não param em pé. Para
comprová-las, as empresas tinham até o dia 24 de junho para entregar a
farta documentação exigida pela Justiça Eleitoral. O não fornecimento
das provas exigidas pela Justiça Eleitoral torna muito difícil a
absolvição das gráficas pela perícia do TSE.
Quem for hoje às dependências da Focal vai se deparar com uma
estrutura ínfima. A empresa de Carlos Cortegoso, ex-garçom de Lula, fica
localizada em São Paulo e exibe uma portinha que seria incompatível com
o volume de produtos que ela declarou ter fornecido à campanha de Dilma
em 2014. Dividida em dois pisos de cerca de 40 metros quadrados cada
um, a empresa conta com apenas duas impressoras e só três funcionários
trabalham por lá. Os proprietários argumentam que, durante o período da
campanha, a empresa chegou a ter 200 funcionários, quando ainda estava
sediada em São Bernardo do Campo, cidade vizinha à capital paulista, em
um espaço bem maior. Entretanto, não foram apresentados ao TSE contratos
de trabalho desses colaboradores. Como desculpa, argumentaram que eram
prestados serviços semanais, sem vínculo trabalhista. Alegaram ainda que
os equipamentos de offset utilizados para atender ao PT estariam
acondicionados em outro imóvel de Cortegoso. Todavia, o empresário não
apresentou as notas fiscais das máquinas, nem comprovou ainda que a
tralha estava registrada nos ativos da companhia em 2014. “Existem
algumas pequenas irregularidades no sentido fiscal, mas no sentido de
criminal não tem nada”, jurou Cortegoso, abordado pela reportagem da
revista. Carece de explicação ainda como uma gráfica, sediada em São
Bernardo, poderia ter erguido palanques para a campanha à reeleição de
Dilma Rousseff Brasil afora, conforme declarou ao TSE. Até a última
semana, porém, mais essa atividade suspeita não havia sido justificada
aos peritos do tribunal.
As dependências da empresa VTPB são ainda mais inacreditáveis, em
termos de estrutura física. É uma gráfica muito engraçada, não tem
impressora, não tem nada. Nem scanner, sequer máquina de xerox. O
endereço fiscal fica registrado em uma kitnet no bairro da Casa Verde,
zona norte de São Paulo. Os donos da empresa dizem sem corar a face que a
estrutura micro não é conflitante com os R$ 22,9 milhões repassados
pela campanha da presidente afastada nas últimas eleições. A empresa,
segundo suas explicações, trabalha fazendo a intermediação entre os
políticos que precisam de santinhos, por exemplo, e as gráficas que os
produzem. Contudo, não foram apresentadas notas fiscais ou contratos que
comprovem essas subcontratações. Tampouco comprovantes de pagamentos ou
ordens de serviço.
Mas quem lacrou mesmo foi a Rede Seg. Abastecida com R$ 6,15 milhões
da campanha de Dilma, a gráfica sequer entregou cópias ou originais do
livro contábil, porque ele simplesmente não existe. A gráfica – 8ª maior
beneficiária de dinheiro da campanha que reelegeu a presidente da
República em 2014 – não faz contabilidade escriturada da empresa. Isto,
por si só, já configuraria, no mínimo, um “ilícito fiscal”, segundo
advogados ouvidos pela ISTOÉ. A Red Seg também está lotada em um imóvel
que abriga somente uma guilhotina de papel e uma impressora, que também é
filha única. Os documentos do estabelecimento apontam como proprietário
Vivaldo Dias da Silva. Um ano antes da campanha, de acordo com dados do
Ministério do Trabalho, ele era motorista e ganhava salário de R$
1.490.
As suspeitas de que o montante repassado à Focal, VTPB e Red Seg era
oriundo do esquema do Petrolão foram levantadas a partir da delação
premiada de donos de empreiteiras presos em decorrência dos
desdobramentos da operação Lava Jato. O mandatário da UTC, Ricardo
Pessoa, que assinou a colaboração com o Ministério Público, afirmou que
repassou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT). E que o
dinheiro teve origem no Petrolão. O mesmo empresário contou que realizou
três repasses de R$ 2,5 milhões. Ao que tudo indica, uma dessas
parcelas serviu para saldar notas fiscais da VTPB e Focal. O repasse
ocorreu em 27 de agosto ao tesoureiro Edinho Silva, ex-ministro das
Comunicações, que realizou quatro depósitos na conta da VTPB no total de
R$ 1,7 milhão. Outros R$ 672,6 mil irrigaram os cofres da Focal.
Aproximadamente R$ 1,8 milhão teve como destino a gráfica Red Seg. Esses
não foram os únicos repasses feitos pela campanha de Dilma às
fornecedoras suspeitas de lavagem de dinheiro. Os maiores montantes
destinados à Focal e à VTPB também são de 2014 e da ordem de R$ 24
milhões e R$ 23 milhões, respectivamente.
Chamou a atenção do TSE o volume gasto pelo comitê eleitoral de Dilma
com serviços de confecção de faixas e santinhos. No dia 29 de julho do
ano passado, o ministro Gilmar Mendes, que ocupava a cadeira de
vice-presidente da corte eleitoral, pediu à Polícia Federal que
investigasse as três empresas. No documento, Mendes recomendou que os
agentes concentrassem as atenções na empresa Focal. A PF aproveitou e
relacionou a VTPB no bojo da apuração. Um relatório do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já apontava para a existência
de crime de lavagem de dinheiro praticado pela VTPB uma vez que havia a
comunicação de movimentação atípica nas contas da empresa.
Outro indício de que as empresas fornecedoras possam fazer parte do
esquema de lavagem de dinheiro, por meio de serviços gráficos, refere-se
à prestação de contas da campanha da petista. Há centenas de recibos
eleitorais de doações de materiais e serviços. Parte deles está em nome
dos mesmos financiadores diretos da campanha. Ou seja, o “produto” doado
é produzido pelas mesmas empresas suspeitas, mas leva o carimbo de
outra campanha. É o caso do deputado Vicentinho. Ele encomendou à Focal
Comunicação a produção de centenas de faixas para a campanha da
presidente. O que intriga a investigação é que o petista, que arrecadou
pouco mais de R$ 1,4 milhão, tenha ainda contribuído materialmente para a
reeleição de Dilma com R$ 350 milhões.
Também intrigou os técnicos do TSE o fato de valores declarados nos
recibos de doação de materiais serem muitas vezes bem abaixo do valor
praticado no mercado. Do total da produção de santinhos pela Axis
Grafica, de São Caetano do Sul (RS), o Comitê Financeiro do PT doou para
a campanha de Dilma 6,5% de um total de 30 mil, ou 1.950 itens. O valor
declarado pela campanha foi de apenas R$ 14,62. Mas uma no mercado
gráfico o valor médio é de R$ 1,8 mil para a quantidade total
encomendada e de R$ 121 equivalente ao percentual doado.
A ministra Maria Thereza, relatora do pedido de cassação de Dilma no
TSE, ainda está pedindo o compartilhamento de provas e informações
obtidas pelas investigações da PF. À ISTOÉ, o ministro Gilmar Mendes
ponderou que “nem todas as diligências foram cumpridas pelo TSE e há
outras em curso, de modo que há de se aguardar uma maior quantidade de
elementos para elaboração do relatório final da perícia”. O prazo é de
90 dias, que alcançará meados de agosto. Até lá, é possível que o
afastamento definitivo de Dilma Rousseff já tenha sido julgado pelo
Senado.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/