Promotoria denuncia prática de estelionato e associação criminosa. As vítimas sofreram cobranças indevidas em cartões de crédito e prejuízos individuais chegam a R$ 250 mil
Vários alvos já têm ações cíveis contra Laércio e suas empresas, mas, diante da repetição dos fatos, a promotora Celeste Leite dos Santos, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), abriu uma investigação criminal em janeiro deste ano e protocolou terça-feira 27 uma denúncia na 2a Vara de São Paulo contra Laércio e vários de seus familiares, como a mulher Ednalva, e funcionários por estelionato e associação criminosa. Segundo Celeste, Laércio agia em concurso e unidade de desígnios com várias pessoas e usava empresas diferentes para aplicar os golpes e confundir as vítimas. “Estou denunciando os casos de cinco idosos, que já têm provas plenas da fraude”, afirma Celeste. “Várias das empresas de Laércio são só de fachada”. A primeira denúncia do esquema veio de Francisco Abelardo Júnior, um ex-funcionário da Sic Tur, que enviou uma carta ao MP-SP. A investigação revelou posteriormente, de acordo com Celeste, que os recebíveis dos idosos (renovação do título de proprietário do Motel Clube, participação no sistema de bônus, cartão de benefícios etc) foram negociados com o Banco Safra, que move uma ação em segredo de Justiça contra Laércio e suas empresas por causa de R$ 3,89 milhões em créditos que não foram honrados.
Os valores dos prejuízos dos idosos variam. O caso mais grave é o de Ermínia Gravena, de 95 anos, dona de um título do Interpass Club, que sofreu um desfalque de R$ 250 mil entre maio de 2016 e junho de 2018. Laércio entrou em contato com Ermínia propondo a compra de novas cotas de associada e a partir daí foram feitas cobranças em série no seu cartão. Outra vítima, o contador aposentado Hélio Antônio da Silva Ramos, de 76 anos, foi lesado em R$ 22,2 mil. “Quero reaver meu dinheiro, tentei um acordo no Procon, entrei com ação cível, mas eles nunca se manifestam, o que indica má-fé”, diz Hélio. “Inúmeros idosos sofreram o mesmo golpe”. Em entrevista à ISTOÉ, Laércio diz que nada tem a ver com os passivos do Interpass Club ou do Motel Clube Minas Gerais, do qual foi sócio no passado, e que a ação do MP deriva de informações falsas passada pelo ex-funcionário, que tentava chantageá-lo. “Apenas vendo o contrato para renovar o título, mas muitos clientes não entenderam o negócio direito”, afirma. “Não existe promessa nenhuma e o contrato não prevê a devolução do dinheiro” Laércio se diz presidente da Associação dos Amigos do Interpass Club, que reúne pessoas que se sentiram lesadas ou têm créditos a receber em serviços do Interpass Club.
“A própria Interpass briga com a gente há 15 anos”, diz.
Atendimento
“O Avarc abriu um novo canal de denúncias e estamos trazendo mais qualidade no atendimento aos denunciantes”, diz a promotora. “Além de resolver o conflito, nós damos apoio às vítimas pelos traumas causados”. Estelionato é um crime que costuma causar sérios traumas.
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