Total das despesas foi de R$ 8,8 mi no ano passado – em que Dilma dedicou boa parte do tempo à campanha. Quase 100% dos pagamentos foram sigilosos
Gabriel Castro, de Brasília
Cartões corporativos: segredos do Planalto
(Ueslei Marcelino/Reuters)
Um detalhe chama ainda mais a atenção no gasto: é praticamente impossível avaliar se houve desperdício ou mau uso dos recursos porque 99% das despesas foram declaradas sigilosas.
/VEJA
Cartão de crédito corporativo usado pelo Executivo federal
O site de VEJA procurou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, mas não obteve respostas sobre os gastos.
Os cartões corporativos, oficialmente chamados de cartões de pagamento do governo federal, só podem ser usados para compra de material e contratação de serviços de pequeno vulto, em caráter excepcional. Despesas com passagens aéreas e diárias de hotéis, por exemplo, estão vetadas.
Escândalo – No início de 2008, vieram a público revelações de que o primeiro escalão do governo Lula usava seus cartões de crédito corporativos para fins recreativos. Descobriu-se primeiro que alguns ministros – Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial, Orlando Silva, do Esporte, e Altemir Gregolin, da Pesca - haviam se habituado a usar o cartão para pagar desde tapioca até temporadas com a família em hotéis de luxo. Em seguida, soube-se que o abuso de 11.510 cartões nas mãos de 7.145 funcionários públicos era fato corriqueiro.
Os ministros se defenderam dizendo que haviam sido mal orientados, e o Planalto decidiu apoiar a criação de uma CPI – desde que englobasse os gastos dos cartões na gestão do FHC. Foi a senha para que uma equipe da Casa Civil revirasse os arquivos da pasta atrás de informações desabonadoras para constranger os tucanos, de que resultaria um escandaloso dossiê, que o governo insistiu em chamar de "banco de dados", mas pelo qual se desculpou com o ex-casal presidencial, Fernando Henrique e Ruth Cardoso. Ao fim do escândalo, foram editadas novas normas para disciplinar o uso dos cartões, e Matilde deixou o governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário