Eleições de 2018 será a primeira a ocorrer sob influência direta de prisões, indiciamentos e condenações
Em mais de três anos e meio atuando exclusivamente
nos casos relacionados à Lava Jato, Moro já julgou 35 processos. Nesse
período, condenou 109 pessoas. Entre elas estão o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (9 anos e 6 meses de prisão), os ex-ministros
Antonio Palocci (12 anos e 2 meses) e José Dirceu (32 anos) e o
empresário Marcelo Odebrecht (29 anos e 4 meses).
No
momento em que a operação chega à sua 46ª fase, deflagrada na
sexta-feira passada, Moro ainda tem pela frente 44 processos penais
abertos relativos a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa em negócios da Petrobras.
Um deles, que está em fase inicial, é o que trata
de suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro no caso das obras
do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo - que a força-tarefa diz
que é de Lula, mas ele nega. A ação deve ser julgada - se não houver
imprevistos - em meados de 2018, às vésperas das eleições de outubro.
Lula, que recorre da primeira condenação ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), se declara candidato do PT.
As
investigações já desnudaram esquemas de loteamento de cargos,
corrupção, desvios de dinheiro e superfaturamento de contratos da
Petrobras durante os governos Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff
(2011-2016). Foram constatados desvios de mais de R$ 40 bilhões da
estatal para compra de apoio político, financiamento de campanhas e
enriquecimento ilícito. Agora, a investigação se volta para líderes do
PMDB e do PSDB nos processos que envolvem alvos com foro privilegiado,
em fase inicial no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Em
Curitiba a investigação sempre foi sobre os contratos da Petrobras que
geraram valores e as pessoas que pagavam (propinas). Grande parte já foi
processada. As que recebiam e não tinham foro privilegiado, igualmente.
Daí a minha afirmação de que acredito que está indo para o final em
Curitiba", afirmou Moro no dia 2 deste mês, em São Paulo. "Ainda há
investigações e casos relevantes em andamento", afirmou.
Abertas
Além
das ações penais já em instrução, outras serão abertas em 2018 por Moro
decorrentes de investigações ainda não encerradas pelo Ministério
Público Federal. Responsáveis pelas acusações criminais apresentadas a
Moro, os 13 procuradores da Lava Jato de Curitiba continuarão a
trabalhar em esquema de força-tarefa até setembro de 2018 - quando vence
o prazo aprovado em agosto pelo Conselho Superior do Ministério Público
Federal.
"As penas totalizam mais de 1,7 mil anos de
prisão. É expressivo o montante de pena totalizado nesses três anos de
operação e, talvez, esse fator denote a importância de que a
investigação e os processos se deem em primeira instância, em condições
nas quais o Estado pode melhor responder", afirmou o procurador Roberson
Pozzobon, integrante da força-tarefa de Curitiba.
Para o procurador da República Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa, o interesse público nas investigações deve
continuar mesmo na fase posterior às investigações, para que não se
repita o que aconteceu na Itália, na Operação Mãos Limpas, onde foi
baixo o índice de punições efetivas aos réus.
"O momento em que
vivemos se aproxima muito de um ponto-chave no destino das duas
operações. Depois de alguns anos de Mãos Limpas, as investigações
estavam se encerrando, embora vários processos ainda estivessem
começando. A diferença entre o tempo da mídia e o tempo dos processos
judiciais ficou bastante perceptível. A população começou a se cansar da
sequência de escândalos", afirmou Dallagnol."Nessa mesma época, as investigações já haviam alcançado políticos importantes de todos os partidos, que se uniram para atacar os investigadores", disse o coordenador da força-tarefa.
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