Conflitos entre moradores e refugiados
na cidade fronteiriça de Pacaraima expõem onda de xenofobia e revelam
falta de capacidade e de vontade política dos governos estadual e
federal para lidar com problema migratório venezuelano
Vicente Vilardaga
A crise venezuelana explodiu no território brasileiro da pior forma
possível. Na última semana, Pacaraima, a principal cidade da fronteira
entre o Brasil e a Venezuela, com 12 mil habitantes, escancarou a
situação caótica e o alto nível de tensão que se vive em Roraima.A
população local se rebelou contra os refugiados depois que quatro
venezuelanos foram apontados como autores de um assalto e de tentativa
de homicídio do comerciante Raimundo Nonato, de 55 anos, dono de um
supermercado e muito conhecido na cidade. Nonato recebeu uma paulada na
cabeça, sofreu um traumatismo craniano, foi ameaçado com uma chave de
fenda e perdeu R$ 25 mil no roubo. Os assaltantes estavam mascarados e
falavam espanhol. Nonato tem certeza que eram venezuelanos. Quando a
notícia do assalto se espalhou boca a boca e pelas mídias sociais,
inclusive com boatos de que o comerciante tinha morrido, o que se viu
foi uma batalha campal. A população se armou com paus e pedras e
expulsou cerca de 1.200 refugiados que moravam nas ruas ou que
pretendiam entrar na cidade. Barracas, colchões e pertences foram
queimados e a BR-174, que liga o município à capital Boa Vista, foi
bloqueada por entulho. O movimento foi comemorado com entusiasmo por
vários grupos nas mídias sociais.
Enquanto a população local faz justiça com as próprias mãos, os
governos estadual e federal, enredados numa disputa política, deixam o
caos se alastrar. A governadora Suely Campos (PP), que disputa a
reeleição, insiste em pedir no Supremo Tribunal Federal (STF) o
fechamento da fronteira como primeiro passo para estancar o fluxo de
imigrantes e acusa o governo federal de omissão e o senador Romero Jucá
(MDB), seu adversário político, de tentar prejudicá-la. O presidente
Michel Temer, por seu lado, pouco faz para aliviar a pressão financeira
sobre Roraima, menor e mais pobre estado da Federação, que viu sua
população crescer mais de 20% nos últimos 18 meses por causa dos
estrangeiros. O jogo de empurra-empurra tem causado conflitos cotidianos
e deixado os moradores do estado insatisfeitos com a saturação dos
serviços públicos e a confusão urbana. As manifestações de xenofobia e a
circulação de informações falsas ou imprecisas contra os venezuelanos
têm aumentado. Revolta popular
“Essa situação extrema é o reflexo de uma série de medidas muito mal
executadas pelos governos federal, estadual e municipal, que não deram a
devida atenção ao problema até agora”, diz o professor de relações
internacionais Gustavo Simões, coordenador do laboratório de estudos
sobre a migração, refúgio e apatridia da Universidade Federal de Roraima
(UFRR). “A disputa política está prejudicando o gerenciamento da
crise”. Segundo ele, a sociedade roraimense está dividida em relação à
questão dos refugiados, e ouvem-se, neste momento, muitos políticos do
estado promovendo discursos de aversão ao estrangeiro. Uma parcela da
população coloca a migração venezuelana como bode expiatório de
problemas anteriores. “Apesar da resposta do governo federal de criar um
hospital do Exército, um centro de triagem e dar condições mínimas para
aqueles que chegam no Brasil, a verdade é que o controle ainda é muito
pequeno e a maioria dos imigrantes não recebe qualquer tipo de auxílio,
só restando-lhe ficar nas ruas”, afirma. Cerca de 500 pessoas passam
todos os dias pela fronteira em Pacaraima e muitas delas, sem dinheiro,
não têm condições de prosseguir viagem até Boa Vista, a 210 quilômetros
de distância.Até junho, segundo a Polícia Federal, 128 mil venezuelanos
entraram em Roraima dos quais cerca de 70 mil permanecem no estado, a
maior parte deles na capital. O número de pedidos oficiais de refúgio ou
de residência no Brasil totaliza 46,6 mil. De olho nas urnas
“O componente eleitoral só torna a situação mais delicada, mas a
governadora não age em função desses interesses”, afirma Marcelo Lopes,
secretário do gabinete institucional do governo de Roraima. “E a prova
disso é que ela, há dois anos, bem antes das eleições, está pedindo
apoio, repactuação de dividas e o aumento do controle da fronteira para o
governo federal.” De qualquer forma, o clima de insatisfação que toma
conta do estado e a pressão sobre a oferta de serviços públicos
prejudica suas chances de reeleição. Segundo a última sondagem do Ibope,
sua administração é reprovada por 63% da população e considerada boa ou
ótima por apenas 9%, o que pode indicar uma insatisfação com seus
métodos para lidar com a crise migratória. A pesquisa mostra a
governadora em terceiro lugar na corrida eleitoral, liderada por José de
Anchieta Júnior (PSDB), apoiado por Jucá, com 36% das intenções de
voto.
Na segunda-feira 20, Suely Campos voltou a pedir ao STF a suspensão
temporária da entrada de imigrantes em Roraima. Na ação cautelar,
protocolada pela Procuradoria-Geral do estado, o governo afirma que
Pacaraima se transformou em “um barril de pólvora” e que “futuros
incidentes violentos de proporções perigosas, inclusive para a Segurança
Nacional do País, poderão ocorrer nos próximos dias”. A governadora
também encaminhou um ofício com nove reivindicações ao governo federal,
entre elas o ressarcimento imediato de R$ 184 milhões correspondentes a
gastos extraordinários com imigrantes nas áreas de saúde, educação e
segurança, e a exigência na fronteira de passaportes para estrangeiros
que venham de países que não compõem o Mercosul. Segundo ela, nenhum
recurso foi transferido para o estado até o momento. O ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha, já adiantou que o valor do ressarcimento pedido
pela governadora é “descabido”. “O Brasil não pode se negar a receber os
refugiados”, declarou o ministro. “Tudo será feito para que não ocorram
mais episódios como esse em Pacaraima. O Brasil é signatário de
tratados internacionais e temos o dever de receber esses refugiados”.
Resta saber como.
O policiamento no município está sendo reforçado. Depois dos
incidentes da semana passada, chegaram mais 60 homens da Força Nacional
para se juntar aos 30 que já estavam na cidade. Outros 60 deverão chegar
nos próximos dias. Também houve a promessa do governo estadual de
duplicar o efetivo policial na fronteira, atualmente de 150 policiais
civis e militares. “O Brasil que está recebendo 100 mil novos moradores
não é o país de 200 milhões de habitantes, mas um pequeno estado com 500
mil pessoas”, diz Marcelo Lopes. “O que a governadora pede é o
fechamento temporário da fronteira, por dois ou três dias, para que seja
implantado um sistema de controle da imigração e a gente saiba melhor
quem são esses refugiados”. Segundo ele, a maioria das pessoas veem da
Venezuela fugindo da fome, “mas junto com gente honesta chegam desde
menores infratores até pessoas envolvidas com o crime organizado”. Na
lista de reivindicações feita ao governo federal, também se inclui o
estabelecimento de uma barreira sanitária na fronteira com um posto de
vacinação. Por causa da imigração, Roraima voltou a sofrer com doenças
que estavam erradicadas, como o sarampo. “Essa situação extrema é o reflexo de uma série de medidas muito mal executadas pelos governos. A disputa política está prejudicando o gerenciamento da crise” Gustavo Simões, professor de relações internacionais da UFRR
A solução do problema que aflige Roraima passa necessariamente pela
interiorização dos imigrantes, que deveriam ser submetidos a algum tipo
de triagem para serem distribuídos entre vários estados. Até agora, 700
venezuelanos foram transferidos para Mato Grosso, São Paulo, Rio de
Janeiro e Brasília. No seu pacote de emergência para Roraima, o governo
federal anunciou que transferirá a partir desta semana mais 1.000
refugiados. Para Gustavo Simões, a interiorização vem sendo executada de
forma precária, tanto em termos qualitativos como quantitativos e a um
custo per capita extremamente alto, já que os venezuelanos estão sendo
transportados em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). “A política de
interiorização não vem sendo aplicada adequadamente”, diz. “As
competências e habilidades dos imigrantes não estão sendo avaliadas
antes do encaminhamento e não há apoio para a inserção sócio laboral
destas pessoas.” “Tudo será feito para que não ocorram
mais episódios como esse em Pacaraima. O Brasil é signatário de tratados
internacionais e temos o dever de receber esses refugiados” Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil A
explosão de violência em Pacaraima surpreende porque a cidade sempre
teve bom trato com os venezuelanos. Pacaraima é dependente, como toda
região Norte do estado, da energia do país vizinho que vem da
hidrelétrica de Guri, no estado de Bolívar. O município não tem postos
de gasolina e a população local abastece seus carros normalmente do
outro lado da fronteira, na cidade de Santa Elena de Uairén, a 15
quilômetros. Dos dois lados, pessoas cruzam naturalmente a divisa para
consumir produtos básicos. Apesar dessa boa relação, alguns brasileiros
perderam a paciência. Foi o segundo caso de revolta popular em Roraima,
neste ano, por causa da imigração. O primeiro aconteceu em março, quando
cerca de 300 brasileiros expulsaram 200 venezuelanos, incluindo
mulheres e crianças, de um abrigo improvisado na cidade de Mucajaí, a 50
quilômetros de Boa Vista. A expulsão aconteceu depois de uma briga que
deixou um venezuelano e um brasileiro mortos. “Uma parte da população
está insatisfeita com a situação e qualquer incidente pode disparar uma
nova revolta”, diz um policial da Pacaraima.
Nas redes sociais, que vem sendo monitoradas pela polícia, se
multiplicam moradores exaltados reclamando da presença dos venezuelanos.
Alguns acusam o Exército de proteger os imigrantes e descuidar dos
brasileiros. Outros falam o mesmo dos serviços de saúde. Pacaraima
passou três anos sem homicídios. Nas mídias sociais, alguns moradores
dizem que os venezuelanos são responsáveis pelo aumento da violência na
região e gozam de privilégios nos serviços de assistência social.
Durante a semana, moradores realizaram uma carreata na cidade para
exigir a proibição de novos acampamentos de refugiados. “O que se viu no
final de semana em Pacaraima foi uma situação de comoção social”, diz o
secretário Marcelo Lopes. “A divulgação de vídeos em redes sociais e a
indignação de duas ou três pessoas não reflete a vontade da maioria da
população”. Plano mirabolante Reforma de Maduro tira cinco zeros da moeda venezuelana, o bolívar, para tentar conter a inflação
Diante de uma inflação que deveria alcançar 1.000.000% no final deste
ano, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o
governo de Nicolás Maduro apresentou, na semana passada, um pacote de
medidas econômicas, que cortou cinco zeros da moeda venezuelana, o
bolívar, e a atrelou ao petro, criptomoeda estatal vinculada ao preço do
petróleo. Dessa forma, produtos que custavam 1 milhão de bolívares
passam a valer 10 bolívares. O plano mirabolante, segundo Maduro, será o
ponto de partida para uma grande mudança na economia local. Sua entrada
em vigor representou uma desvalorização imediata de 96% da moeda
venezuelana em relação ao dólar. A principal federação empresarial do
país, a Fedecámaras, declarou que o plano do governo é improvisado,
causa confusão e coloca a atividade econômica em risco severo.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/
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