Ricardo Pessoa, que cumpre prisão domiciliar em SP, viajou para Brasília.
Ele citou políticos envolvidos em irregularidades investigadas na Lava Jato.
O empresário é apontado pelo Ministério Público como chefe de um cartel de empresas que pagava propina para fraudar licitações e obter contratos superfaturados na Petrobras (veja ao final desta reportagem a lista de quem já fechou acordo de delação premiada na Lava Jato).
O empresário chegou a Brasília pela manhã, oriundo de São Paulo, onde desde o mês passado cumpre prisão domiciliar, monitorado por meio de tornozeleira eletrônica. Ele se reuniu com procuradores da Lava Jato na sede da Procuradoria-Geral da República.
Ao assinar o acordo, o empresário se comprometeu a confessar os crimes que cometeu, a trazer fatos novos e a apontar outros culpados, em troca de uma pena menor. Ele também se comprometeu a devolver valores desviados da Petrobras.
O acordo ainda terá de ser homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Negociação
A colaboração do empresário com as investigações vinha sendo negociada há meses.
Na noite desta terça-feira (12), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ofício ao juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato na primeira instância, solicitando autorização para o deslocamento do executivo a Brasília.
No pedido, Janot diz que Pessoa iria à capital federal para "a prática de atos instrumentais aos inquéritos” relacionados ao caso.
"Não reputo necessário o aporte de escolta policial, nem tampouco providência correlata me foi solicitada pelos advogados. Limito-me a solicitar as providências necessárias para o monitoramento eletrônico do deslocamento”, escreveu Janot no documento.
Ainda na noite desta terça, Sergio Moro informou estar ciente do deslocamento de Pessoa para Brasília. "Sobreveio comunicação a este Juízo de que a Procuradoria-Geral da República ouvirá Ricardo Ribeiro Pessoa na sede da PGR/MPF, em Brasília/DF, na data de amanhã, 13/05/2015”, registrou.
De acordo com a denúncia do MPF, a UTC fazia parte do "clube" de empreiteiras que sistematicamente, e em acordo prévio, frustravam licitações de grandes obras da Petrobras.
Segundo o MPF, as empresas ajustavam previamente qual delas iria sagrar-se vencedora das licitações, manipulando os preços apresentados no certame.
No processo, o MPF cita como investigada a contratação da UTC, em consórcio, para obra no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo a investigação, não houve licitação para contratação.
Veja a lista de quem já firmou acordo de delação premiada na Lava Jato:
1. Lucas Pacce Jr. - operador de câmbio
2. Paulo Roberto Costa - ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
3. Marici da Silva Azevedo Costa - mulher de Paulo Roberto Costa
4. Shanni Azevedo Costa Bachmann - filha de Paulo Roberto Costa
5. Ariana Azevedo Bachmann - filha de Paulo Roberto Costa
6. Márcio Lewkowicz - genro de Paulo Roberto Costa
7. Humberto Sampaio de Mesquita - genro de Paulo Roberto Costa
8. Alberto Youssef - doleiro
9. Júlio Camargo - executivo da Toyo Setal
10. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto - ex-dirigente da Toyo Setal
11. Pedro Barusco Filho - ex-gerente de Serviços da Petrobras
12. Rafael Ângulo Lopez - funcionário da GDF Investimentos, empresa de Youssef
13 Shinko Nakandakari - engenheiro ligado às empresas Galvão Engenharia , EIT Engenharia e Contreiras, segundo o Ministério Público
14. Eduardo Hermelino Leite - vice-presidente da Camargo Corrêa
15. Dalton dos Santos Avancini - presidente da Camargo Corrêa
16. Ricardo Pessoa - dono da UTC
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