Relatório prova que manobras do governo forjaram uma economia fictícia para ajudar a reeleger Dilma e aprofundaram a crise
Ludmilla Amaral (ludmilla@istoe.com.br)
Na quarta-feira
6, um relatório do Banco Central mostrou que, se a presidente Dilma
Rousseff participasse de uma competição de pedaladas, ela venceria os
adversários por goleada. Segundo o BC, Dilma pedalou (palavra usada para
designar o ato de atrasar, de forma proposital, o repasse de dinheiro
para bancos públicos e privados a fim de melhorar artificialmente as
contas federais) para valer nos dois mandatos presidenciais. Em 2002, no
governo Fernando Henrique Cardoso, o Tesouro devia para bancos federais
cerca de R$ 950 milhões. Em dezembro de 2015, sob Dilma, a dívida era
de R$ 60 bilhões. Entre os governos FHC e o primeiro mandato de Lula, o
impacto das pedaladas na dívida pública variou de 0,03% a 0,11% do
produto interno bruto (PIB). Com a atual presidente, o valor equivale a
1% de toda a riqueza produzida no País. “O relatório do Banco Central é
uma sinalização clara de que Dilma usou dinheiro do Tesouro para fins
indevidos”, diz Otto Nogami, professor de economia do Insper. “O simples
fato de ter mudado a política de metas demonstra sua irresponsabilidade
fiscal.”
CRISE
Tombini, presidente do Banco Central: documento compromete o governo
As informações do Banco Central, presidido
por Alexandre Tombini desde 2011, são graves por diversos motivos. Em
primeiro lugar, elam desmontam a farsa criada pelo governo que trata as
manobras fiscais – que, é bom lembrar, embasam o pedido de impeachment
da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional – como um mero
deslize contábil. Considerar R$ 60 bilhões (montante oito vezes maior do
que todo o lucro da Caixa Econômica Federal em 2015) um deslize é uma
afronta à inteligência dos brasileiros. O segundo motivo diz respeito a
algo ainda mais grave. O governo petista criou um cenário artificial
para a economia brasileira, maquiando as contas públicas com recursos
que deveriam ter outro destino.
O expediente se intensificou a partir de
2009, ainda na gestão Lula. Para se proteger da crise internacional,
Lula aumentou os gastos federais, iniciativa que mais tarde seria
repetida por sua sucessora. Como uma empresa que forja seu balanço,
Dilma usou dinheiro dos bancos federais em programas de responsabilidade
do Tesouro Nacional. O Tribunal de Contas da União, que rejeitou as
contas de 2014 da presidente, considerou ter ocorrido empréstimos dos
bancos estatais ao Tesouro, crime previsto na Lei de Responsabilidade
Fiscal. O terceiro motivo que escancara a gravidade das pedaladas pode
ser classificado como apropriação imprópria do dinheiro de milhões de
brasileiros. Até recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) foram utilizados nas manobras criativas do governo de Dilma
Rousseff.
FOTO: Sergio Lima/Folhapress
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