Presidente eleito também disse que deu 'carta branca de 100%' para o futuro ministro Sergio Moro, defendeu a punição individual de integrantes do MST e o fim da demarcação de terras indígenas
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O Dia
Rio - O presidente
eleito, Jair Bolsonaro (PSL), disse nesta segunda-feira que pretende
aprovar uma reforma da Previdência até o início de seu governo. O
capitão da reserva concedeu entrevista em sua casa na Barra da Tijuca,
Zona Oeste do Rio, ao jornalista José Luiz Datena da TV Bandeirantes.
Ele criticou a proposta inicial do governo Michel Temer que previa idade
mínima comum para aposentadoria, e disse que a reforma de seu governo
vai verificar especificidades de determinadas categorias.
"Não tem cabimento querer que um policial de 65 anos
continue na ativa. Nós, das Forças Armadas, ao longo de 30 anos de
serviço não ganhamos hora extra, trabalhamos domingo e não tem ninguém
brigando por direito trabalhista. Se quiser pagar a mesma coisa, nos dê
todos os direitos", defendeu.
O presidente também rechaçou a proposta de recriar uma
espécie de CPMF para substituir a contribuição patronal da Previdência.
"Tudo está sendo muito bem conduzido pelo (futuro ministro da área
econômica) Paulo Guedes."
Bolsonaro não quis defender nenhum nome para a
Presidência da Câmara dos Deputados para não se indispor com os
parlamentares, mas disse que a Câmara precisa de um presidente 'que não
faça corpo mole' para pautar as reformas.
Segurança Pública
Bolsonaro disse ainda que deu "carta branca de 100%"
para o seu futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
mas que em situações de discordância, eles terão de chegar a um
"meio-termo". Como exemplo, citou a questão da redução da maioridade
penal, que defende.
"Na conversa que tive rapidamente com Sérgio Moro, de
40 minutos, dei carta branca para ele tratar de assuntos de corrupção e
crime organizado, 100%. Não vai ter indicação na Polícia Federal. É
carta branca, 100%", declarou, em entrevista à Band concedida ao
jornalista José Luiz Datena em sua casa na Barra da Tijuca, lembrando
que muitos dos assuntos controversos ainda passarão pela Justiça.
"Naquilo que nós somos antagônicos, vamos buscar o meio-termo. Sou
favorável à posse de arma; se a ideia dele for o contrário, tem que
chegar a um meio-termo", afirmou.
Ele citou bandeiras de campanha, como a redução da
maioridade penal e a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, e disse
que elas não serão deixadas de lado mesmo que Moro pense de forma
oposta. Ao falar do direito à posse de arma, disse: "Nunca deixei de
dormir com arma de fogo do lado".
Bolsonaro comentou políticas para redução da violência
urbana e declarou ser favorável ao uso de drones com armamento acoplado,
defendido pelo governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSL). "Vocês da
mídia dizem que vivemos em guerra. Sou a favor porque não tem outro
caminho. Do outro lado tem alguém atirando à vontade. Como você põe um
ponto final?"
MST
O presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a falar
em criminalização do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST) e no fim
de demarcações de terras indígenas para defender a segurança jurídica
dos fazendeiros. Ele defendeu a punição individual de integrantes do MST
que ocuparem terras ociosas. "Tem que punir efetivamente quem invadiu e
ponto final, caso contrário vai virar um pique-nique, tem que ver isso
aí."
Ele acrescentou que defende que 'o índio tenha
liberdade para vender ou explorar sua terra'. "Como índio é um ser
humano igual nós, ele quer evoluir, ele quer energia elétrica, carro,
viajar de avião. Quando ele tem contato com a civilização, vai se
moldando a essa maneira de viver que é bem diferente e melhor."
Bolsonaro também disse que seu governo vai revogar a
estação ecológica de Angra dos Reis, na Costa Verde do Estado do Rio.
"Queremos que a baía de Angra se transforme em polo turístico. O Brasil é
o país que mais preserva", defendeu.
Imprensa
Bolsonaro voltou a criticar o jornal Folha de S. Paulo.
Ele disse que espera uma retratação do jornal que denunciou que o
deputado federal mantinha uma funcionária fantasma em Angra dos Reis,
onde tem casa. Sobre a primeira coletiva de imprensa após as eleições,
em que os jornais de maior circulação do país foram barrados, Bolsonaro
disse que houve limitação de espaço."Não podia entrar mais gente aqui,
se não ia ter bagunça, tinham 30 repórteres aqui dentro."
Enem
O candidato disse que há uma 'doutrinação exarcerbada'
na formulação da prova do Enem e chamou de 'vexame o que caiu na prova',
referindo-se à questão em que abordava um dicionário criado somente
para o vocabulário usado por travestis: "Meu Ministério da Educação não
vai 'supervalorizar' questões de minorias."
Bolsonaro reafirmou que respeita a Constituição Federal
e o Supremo e comentou a fala do filho, deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP), que disse que para fechar o Supremo bastava um soldado e um
cabo. "O garoto lá deu uma escorregada. Adverti, chamei a atenção dele e
ele entendeu que não poderia aceitar provocações. Uma pessoa
inexperiente acaba respondendo questões que dão apenas pano pra manga",
minimizou.
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