De acordo com o “The Intercept”, Moro deu conselhos, antecipou decisões e cobrou ações da força-tarefa. As reportagens mostram que Dallagnol tinha dúvidas pessoais quanto ao conteúdo da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso triplex. Também acusam uma suposta atuação irregular entre Moro e Deltan.
Segundo
o “Intercept”, Moro orientou ações e cobrou novas operações dos
procuradores. Em um dos diálogos, Moro pergunta a Dallagnol, segundo o
site: “Não é muito tempo sem operação?”. O chefe da força-tarefa
concorda: “É, sim”.
Numa
outra conversa, o site diz que é Dallagnol que pede a Moro para decidir
rapidamente sobre um pedido de prisão: “Seria possível apreciar hoje?”,
e Moro responde: “Não creio que conseguiria ver hoje. Mas pensem bem se
é uma boa ideia”.
Em
outro trecho de conversa, pelo Telegram, segundo o “Intercept”, Moro
passou para Dallagnol pistas de suposta transferência de propriedade
para um dos filhos de Lula.
“Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação”, diz Moro.
“Obrigado. Faremos contato”, responde o procurador.
Mas
a pessoa não quis falar com os procuradores, o que levou Dallagnol a
dizer para Moro que argumentaria ter recebido notícia apócrifa, para
intimá-lo a depor.
“Melhor formalizar então”, aconselha Moro.
Em nota, força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná diz que divulgação de conversas de seu coordenador Deltan Dallagnol com o ex-juiz Sérgio Moro são fruto de ação deu um hacker ‘que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes’.
“Dentre as informações ilegalmente copiadas, possivelmente estão documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança dos integrantes da força-tarefa e de suas famílias. Há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial, em mais de cinco anos de Operação”, afirmam.
“Primeiro, os avanços contra a corrupção promovidos pela Lava Jato foram seguidos, em diversas oportunidades, por fortes reações de pessoas que defendiam os interesses de corruptos, não raro de modo oculto e dissimulado.”
“A violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos pessoais. Ninguém deve ter sua intimidade – seja física, seja moral – devassada ou divulgada contra a sua vontade. Além disso, na medida em que expõe rotinas e detalhes da vida pessoal, a ação ilegal cria enormes riscos à intimidade e à segurança dos integrantes da força-tarefa, de seus familiares e amigos”, afirmam.
“Em face da agressão cibernética, foram adotadas medidas para aprimorar a segurança das comunicações dos integrantes do Ministério Público Federal, assim como para responsabilizar os envolvidos no ataque hacker, que não se confunde com a atuação da imprensa. Desde o primeiro momento em que percebidas as tentativas de ataques, a força-tarefa comunicou a Procuradoria-Geral da República para que medidas de segurança pudessem ser adotadas em relação a todos os membros do MPF. Na mesma direção, um grupo de trabalho envolvendo diversos procuradores da República foi constituído para, em auxílio à Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, aprofundar as investigações e buscar as melhores medidas de prevenção a novas investidas criminosas”, dizem.
“Em conclusão, os membros do Ministério Público Federal que integram a força-tarefa da operação Lava Jato renovam publicamente o compromisso de avançar o trabalho técnico, imparcial e apartidário e informam que estão sendo adotadas medidas para esclarecer a sociedade sobre eventuais dúvidas sobre as mensagens trocadas, para a apuração rigorosa dos crimes sob o necessário sigilo e para minorar os riscos à segurança dos procuradores atacados e de suas famílias”, concluem.
Com informações dos jornais Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo e o site G1.
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