Pedro Barusco relatou recebimento de US$ 200 mil da empresa britânica.
Em nota a jornal, Rolls-Royce diz que ‘não tolera condutas impróprias’.
O G1 tentou contato com a representação da empresa no Brasil, mas não conseguiu falar com a assessoria até a última atualização desta reportagem.
“[Barusco diz] Que se recorda que a Rolls-Royce fez alguns pagamentos referentes a contrato firmado para fornecimento de módulos de geração de energia para plataformas da Petrobras, cujo valor do contrato era em torno de US$ 100 milhões; que não se recorda exatamente quem foi beneficiado na divisão das propinas, mas lembra que foi beneficiado com pelo menos US$ 200 mil dólares”, diz trecho do depoimento prestado por Barusco à PF.
As declarações de Barusco foram dadas ao MPF e à Polícia Federal em 21 de novembro de 2014 e divulgadas no andamento processual da Operação Lava Jato em 5 de fevereiro.
Conforme o ex-gerente, o dinheiro era pago pela Rolls-Royce por intermédio de Luiz Eduardo Barbosa, ex-funcionário do grupo de engenharia suíço ABB, em uma conta do Banco Safra, na Suíça. De acordo com Barusco, Luiz Eduardo era operador de Rolls-Royce, SBM e Alusa no esquema de corrupção da Petrobras.
Outras denúncias
O suposto pagamento de propina pela Rolls-Royce repercutiu na imprensa internacional. Jornais britânicos relembraram nesta segunda-feira que a empresa já é investigada por autoridades do Reino Unido por suspeitas de pagamento de suborno na China e na Índia.
As publicações destacaram ainda que o novo escândalo ocorre em um momento delicado para a companhia britânica, que, em novembro, anunciou que demitiria 2,6 mil funcionários em 18 meses.
Diante da repercussão negativa do caso, as ações da Rolls-Royce caíram 0,7% nesta segunda na Bolsa de Valores de Londres.
PT
Na mesma delação ao Ministério Público, Pedro Barusco afirmou que o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina em contratos da estatal. Segundo o ex-gerente, esses valores se referem a suborno em 90 contratos da estatal com grandes empresas fechados entre 2003 e 2013, durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Barusco também citou que havia a participação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no recebimento das propinas.
"[Pedro Barusco] estima que foi pago o valor aproximado de US$ 150 a 200 milhões ao Partido dos Trabalhadores, com a participação de João Vaccari Neto", diz o documento da Justiça Federal que registra o depoimento do ex-gerente.
O PT nega as acusações e diz que entrará com ação penal e civil contra Barusco. No depoimento, o ex-gerente explicou como funcionava o pagamento e a divisão da propina nos contratos. Segundo o delator, o percentual de propina cobrado variava entre 1% e 2%, dependendo da diretoria pela qual o contrato era firmado.
Em todas as diretorias, conforme Barusco, o PT ficava com metade da propina. Ele disse ainda que esse dinheiro irregular que ia para o partido era distribuído ora para Vaccari, ora para Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, ora para o próprio Barusco, que faziam o repasse para outros agentes do esquema.
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