Falta de planejamento ou ações equivocadas são apontadas por especialistas como erros graves no setor
Prevenção
"Esses megawatts teriam evitado a crise energética. Em geral, os sistemas, quando funcionam, deveriam ter 5% de folga. O sistema elétrico do Brasil é de aproximadamente 130 mil MW, 5% disso é seis mil e pouco. Esses nove mil megawatts seriam uma folga boa, comparados com os seis mil necessários", afirma, categoricamente, o professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), José Goldemberg.
Considerando as obras que deveriam ficar prontas ao longo de todo este ano, mas que já tiveram a entrega adiada para 2016, ou mesmo para depois, são mais 4.142 MW que poderiam estar no sistema elétrico nacional até o fim de 2015, mas devem demorar fornecer eletricidade. A crise atual, explica o professor, está ocorrendo porque o consumo está maior do que a produção.
Goldemberg acrescenta, ainda, que uma estimativa publicada recentemente previa que, se a crise energética persistir, deve afetar o Produto Interno Bruto (PIB) em mais de 1%.
"Esse atraso é mais do que planejamento, é execução. É preciso mão firme para conduzir a execução dessas obras. Grande parte delas é obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o governo deve pressionar essas empresas", enfatiza.
Prever é necessário
O engenheiro Roberto D'Araújo, diretor do Instituto Ilumina, também levanta a questão do planejamento, que não é feito pelo Operador Nacional do Sistema (ONS): "quando o ONS faz um levantamento de geração disponível, ele faz para quatro anos seguidos. Então, falta agilidade para ele enxergar o atraso e não liberar as águas das barragens, garantindo a capacidade de geração da usina".
Armando de Oliveira Lima/Jéssica Colaço
Repórteres
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