Mesmo ainda abalado com o acidente de Fukushima, o mundo retoma a construção de usinas atômicas de olho na redução dos gases estufa
Cesar Soto (cesar.soto@istoe.com.br)
Quatro anos
depois do tsunami devastador que destruiu os reatores da Usina de
Fukushima, no Japão, o mundo parece estar se reconciliando com a energia
nuclear. Mesmo ainda sob o impacto do pior acidente atômico desde
Chernobyl, 16 países estão investindo na construção de 72 novas usinas
nucleares, a maior parte delas exatamente na Ásia. O movimento, apesar
de ainda contar com a resistência dos ambientalistas, é um sinal claro
de que a energia atômica está longe de ser aposentada, como previram os
assustados japoneses logo após o tsunami de 2011.
LÍDER
Só na China, 28 novas usinas nucleares estão em construção
Na verdade, a expectativa é de que usinas
nucleares, em número cada vez maior, passem a ser construídas em ritmo
acelerado. De acordo com um relatório conjunto divulgado em janeiro pela
Agência Internacional de Energia e pela Agência Internacional de
Energia Nuclear, seria necessário no mínimo dobrar a capacidade de
geração das usinas atômicas até 2050 para reduzir de forma sensível o
nível de emissão dos gases estufa na atmosfera. Apesar de seus resíduos
serem altamente contaminantes, as usinas nucleares praticamente não
emitem CO2 – a tecnologia produz 70 vezes menos gases de efeito estufa
que o carvão, responsável por 40% da eletricidade do mundo. “São muito
mais baratas e eficientes”, diz Sérgio Malta, presidente do Sindicato
Interestadual das Indústrias de Energia Elétrica (Sinergia).
Hoje, cerca de 400 gigawatts/hora de
energia elétrica são produzidos em usinas nucleares – o Brasil consome
em média 88 gigawatts/hora. As 72 usinas que estão sendo construídas
ampliarão essa capacidade em pouco mais de 10%. Ou seja, apesar de
extremamente perigosa, a energia atômica parece estar longe de ser
aposentada.
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