Com uso intensivo de tecnologia, as startups financeiras desafiam as instituições bancárias tradicionais oferecendo taxas de juros menores e cartões de crédito sem anuidade
A facilidade de acessar a conta bancária pela internet e
fazer movimentações por meio de aplicativos no celular tem tirado os
clientes das agências bancárias, esvaziando as filas e tornando mais
fáceis e rápidos serviços que antes só eram possíveis na boca do caixa.
Ainda assim, os bancos tradicionais mantêm alguns procedimentos que
exigem a presença física dos clientes. Abrir uma conta, renegociar
dívidas, solicitar empréstimos e outros trâmites burocráticos costumam
demandar a experiência antiga de ir até a agência e assinar inúmeros
papéis. É em parte por eliminar tudo isso que as fintechs avançam. O
nome fintech vem da fusão das palavras em inglês para finanças e
tecnologia. Nascidas na era digital, essas empresas usam recursos
tecnológicos de forma intensiva para oferecer produtos financeiros
inovadores. No Brasil, líder do setor na América Latina, há 250
iniciativas do tipo — muito acima do México, o segundo colocado, com 158
empresas. “O Brasil é hoje um celeiro dessas pequenas empresas fundadas
com o sonho de se tornarem grandes”, diz Newton Campos, coordenador do
Centro de Estudos de Private Equity e Venture Capital da Fundação
Getúlio Vargas.
Ainda que cresçam por oferecer agilidade, é pelo impacto no bolso dos clientes que as fintechs fazem a diferença. O Nubank traz um cartão de crédito sem anuidade, com taxas de juros de financiamento da fatura entre 2,5% e 9,75% ao mês. O valor é significativamente mais baixo que a média do crédito rotativo no mercado, atualmente em torno de 15,89% ao mês. “O Nubank surgiu para resolver um problema real de uma população ainda bem jovem, ligada à tecnologia, e que quer gerenciar seus gastos e usar o cartão de crédito de maneira digital”, diz Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank. “No Brasil são aplicados os juros mais altos e tarifas exorbitantes no cartão de crédito. Em troca, recebemos um serviço abaixo da média”, afirma a executiva. A possibilidade de ter um cartão de crédito nesses moldes tem despertado enorme interesse. Em menos de três anos de operação o Nubank já recebeu mais de 5 milhões de pedidos de cartão. A lista de espera é de 400 mil pessoas.
GRANDES BANCOS ENTRAM NO JOGO
Diante desse novo ambiente de negócios, os bancos tradicionais já começaram a criar estratégias para se manterem no jogo. O Banco do Brasil e o Bradesco lançaram o Digio, plataforma que concorre com o Nubank. Adquirir fintechs também é uma possibilidade para os grandes. Segundo a consultoria Accenture, até 2020 as fintechs poderão dominar 35% das receitas dos bancos em alguns países da Europa e da Ásia e também nos Estados Unidos — ou seja, mais de um terço dos serviços financeiros estarão nas mãos das startups. No Brasil, somente em 2016, o Nubank recebeu U$ 134 milhões em aportes, além de uma linha de crédito de U$ 100 milhões do Goldman Sachs. Outras fintechs de destaque, Guiabolso e Creditas, receberam R$ 60 milhões e R$ 15 milhões respectivamente, segundo o FintechLab. “Um banco tradicional tem cerca de 4 mil produtos diferentes, enquanto uma fintech se concentra em poucos deles e faz isso muito bem”, diz Newton Campos, da FGV. “É difícil uma fintech ameaçar um banco inteiro, mas pode ameaçar um nicho específico”.
Ainda que cresçam por oferecer agilidade, é pelo impacto no bolso dos clientes que as fintechs fazem a diferença. O Nubank traz um cartão de crédito sem anuidade, com taxas de juros de financiamento da fatura entre 2,5% e 9,75% ao mês. O valor é significativamente mais baixo que a média do crédito rotativo no mercado, atualmente em torno de 15,89% ao mês. “O Nubank surgiu para resolver um problema real de uma população ainda bem jovem, ligada à tecnologia, e que quer gerenciar seus gastos e usar o cartão de crédito de maneira digital”, diz Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank. “No Brasil são aplicados os juros mais altos e tarifas exorbitantes no cartão de crédito. Em troca, recebemos um serviço abaixo da média”, afirma a executiva. A possibilidade de ter um cartão de crédito nesses moldes tem despertado enorme interesse. Em menos de três anos de operação o Nubank já recebeu mais de 5 milhões de pedidos de cartão. A lista de espera é de 400 mil pessoas.
“Um
banco tradicional tem cerca de 4 mil produtos diferentes, enquanto uma
fintech se concentra em poucos deles — e faz isso muito bem” Newton Campos, coordenador do Centro de Estudos de Private Equity e Venture Capital da FGV
Faz sentido que tanta gente queira sair do cartão de crédito
tradicional. Desde outubro passado, a taxa básica de juros da economia, a
Selic, teve quatro quedas consecutivas. Em fevereiro, baixou a 12,25%
ao ano, nível de março de 2015. Apesar disso, a taxa do rotativo do
cartão de crédito continuou subindo e bateu um novo recorde em janeiro,
chegando a 486,75% ao ano. A explicação dada pelas administradoras para
continuar elevando suas taxas é o alto nível de inadimplência constatado
no ano passado. “Os bancos não negligenciam nenhuma receita adicional
como forma de compensar perdas com a inadimplência”, diz Roberto Dumas
Damas, professor de economia do Insper. Isso ajudou as fintechs a ganhar
espaço. Muitos clientes decidiram trocar seus antigos cartões pelos que
não cobram anuidade e aplicam taxas de juros mais acessíveis. O gestor
de marketing John Eduardo Dias Faustino, de 31 anos, decidiu cancelar os
cartões que tinha há mais de sete anos depois que o banco não reduziu
as anuidades. “Minha fatura mensal chega a R$ 4 mil reais e ainda assim
eu teria que gastar cerca de R$ 500 reais só em anuidade com meus dois
cartões”, diz. “Hoje tenho um cartão sem taxas, que me dá controle
instantâneo dos meus gastos pelo smartphone e me permite resolver
qualquer problema pelo aplicativo, sem secretárias eletrônicas”.GRANDES BANCOS ENTRAM NO JOGO
Diante desse novo ambiente de negócios, os bancos tradicionais já começaram a criar estratégias para se manterem no jogo. O Banco do Brasil e o Bradesco lançaram o Digio, plataforma que concorre com o Nubank. Adquirir fintechs também é uma possibilidade para os grandes. Segundo a consultoria Accenture, até 2020 as fintechs poderão dominar 35% das receitas dos bancos em alguns países da Europa e da Ásia e também nos Estados Unidos — ou seja, mais de um terço dos serviços financeiros estarão nas mãos das startups. No Brasil, somente em 2016, o Nubank recebeu U$ 134 milhões em aportes, além de uma linha de crédito de U$ 100 milhões do Goldman Sachs. Outras fintechs de destaque, Guiabolso e Creditas, receberam R$ 60 milhões e R$ 15 milhões respectivamente, segundo o FintechLab. “Um banco tradicional tem cerca de 4 mil produtos diferentes, enquanto uma fintech se concentra em poucos deles e faz isso muito bem”, diz Newton Campos, da FGV. “É difícil uma fintech ameaçar um banco inteiro, mas pode ameaçar um nicho específico”.
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