Depois de anos sustentando o regime chavista indiretamente com a compra de petróleo, os Estados Unidos cortam a principal fonte de recursos da Venezuela
Na segunda-feira 28, o governo do presidente Donald Trump impôs um embargo ao petróleo venezuelano. Ele mandou bloquear cerca de 7 bilhões de dólares da Citgo, a subsidiária americana da PDVSA. Isso significa que Maduro não poderá movimentar as contas com o dinheiro da venda de petróleo enquanto não ceder o poder de fato da Venezuela a Juán Guaidó, o chefe da Assembleia Nacional que se declarou presidente do país no último dia 23 e que foi reconhecido por inúmeros governos, inclusive os dos Estados Unidos e do Brasil. Além disso, todo pagamento adicional que refinarias americanas fizerem pela compra de petróleo venezuelano ficarão igualmente congeladas, o que pode representar uma perda de 11 bilhões de dólares para o governo Maduro nos próximos doze meses.
Nem um tostão a mais
“Estamos evitando que Maduro siga desviando os recursos, para preservá-los para o povo” Steven Mnuchin, secretário do Tesouro
Durante a maior parte do gestão Chávez, o país produzia 2,5 milhões de barris diários. No ano passado, a produção estava em 1,5 milhão de barris. Este ano, a previsão é de que cairá para menos de 1 milhão. O único outro grande comprador de petróleo venezuelano que se mantém neutro é a Índia, que absorve cerca de 17% das exportações do país. Mas os indianos não têm capacidade para substituir os americanos como maiores importadores do petróleo venezuelano. E há também um percalço técnico criado pelo governo dos Estados Unidos: Trump decidiu proibir a venda de petróleo leve, que é misturado em menores quantidades ao petróleo mais pesado da Venezuela para possibilitar o seu transporte por oleodutos. Com isso, na prática, a Venezuela não tem como exportar seu produto e também corre o risco de não conseguir produzir combustível para consumo interno. Tudo caminha para um caos ainda maior na economia bolivariana.
Maduro reagiu com ameaças e com um blefe. Primeiro, mandou que a Justiça venezuelana, ainda submissa ao seu regime, autorizasse o bloqueio das contas pessoais de Guaidó e encomendou uma investigação do líder opositor por “atos violentos” nos protestos de duas semanas atrás. Em seguida, disse estar disposto a negociar com a oposição e a convocar novas eleições legislativas. Sempre que se vê acuado, Maduro promete negociações para ganhar tempo. Dessa vez, porém, o que tem a oferecer não satisfaz nem à população, nem à oposição, nem à comunidade internacional. Em breve, não terá mais nada a oferecer sequer aos comandantes militares que sustentam o seu poder na base da bala e da tortura. Nunca o fim de Maduro pareceu tão próximo.
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