Declarações ditas anteriormente à sua nomeação como ministra, em cultos religiosos, têm sido, segundo ela, retiradas de contexto. “Há uma tentativa de me folclorizar. Estão criando a imagem da ministra maluca que não condiz com a realidade”, reclama. “Isso já não afeta mais somente a mim. Estão mexendo com a imagem do ministério”, protesta. Segundo ela, uma pessoa, a partir da campanha que está sofrendo, pode se sentir desestimulada a, por exemplo, fazer uma denúncia de violência contra mulher por considerar que o ministério não é sério. “Isso é grave e pode ter graves consequências”. A ministra sente que, nesse processo, envolvam a indígena Kayutiti Lulu Kamayurá para atingi-la.
No episódio do convívio com a Kayutiti Lulu Kamayurá, Damares contesta a versão que foi dada pela avó da moça, que hoje tem vinte anos. Segundo a avó, Damares teria levado Lulu da aldeia aos seis anos para fazer um tratamento dentário e, depois, não mais a devolveu. Na verdade, quem foi à aldeia, para participar de um Kuarup, festa típica dos índios da região do Xingu, foi Márcia Suzuki, uma das fundadoras, junto com Damares, da ONG Atini – Voz pela Vida, que atua contra práticas de infanticídio que existem em algumas culturas indígenas. Apesar do sobrenome oriental, Márcia é negra. Ela é casada com um homem de origem nipônica e hoje vive nos Estados Unidos.
Durante um tempo, Lulu morou em uma casa da ONG, com outras crianças que faziam tratamento em Brasília. Foi lá que Damares a conheceu. E acabou estabelecendo com ela uma relação de afeto. Segundo Márcia, a família da menina concordou que ela ficasse na cidade para concluir seus estudos.
Aos 15 anos, Lulu voltou à aldeia. Foi recebida pelos parentes. Chegou a participar de rituais de iniciação na aldeia. Mas não quis voltar a viver lá. Voltou para Brasília e para a casa de Damares. A ministra reconhece que não houve processo formal de adoção, porque Lulu não deixou de ter vínculos com seus parentes na aldeia. Havia, segundo ela, consentimento para a sua permanência em Brasília.
Em entrevista ao site UOL, Kayutiti Lulu Kamayurá confirmou que deixou a aldeia, com autorização de seus parentes, para fazer tratamento dentário. E que conheceu Damares na ONG. Damares teria, segundo conta, se apaixonado por ela. “Foi amor à primeira vista. Ela se apaixonou por mim, e depois eu por ela”, diz Kayutiti. Ela atualmente está em Santa Catarina, trabalhando numa ação missionária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário