Com a nomeação de Floriano Peixoto para o lugar de Bebianno na Secretaria-Geral da Presidência, o governo passa a ter oito ministros vindos das Forças Armadas. Trata-se do núcleo mais numeroso e mais coeso do gabinete
A importância do núcleo militar do governo Bolsonaro está mais do que clara, mas há nuances. A mais perceptível é a relevância dos “haitianos”, apelido dos oficiais generais que participaram de missões de paz das Nações Unidas tanto na ilha caribenha quanto na Bósnia e na fronteira do Zaire com Uganda. Desses, o mais importante é o general da reserva Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), visto como conselheiro do presidente. Heleno comandou a Missão de Paz da ONU no Haiti entre 2004 e 2005. Na Secretaria de Governo está o general de divisão da reserva Carlos Alberto Santos Cruz. Ele comandou tropas da ONU no Haiti entre 2007 e 2009. Depois esteve no Zaire. Foi o único general brasileiro que comandou tropas em combate desde a Segunda Guerra Mundial. É Santos Cruz quem deve dialogar com o Congresso, partidos, governadores e prefeitos. Para ajudá-lo chegou Floriano Peixoto, que atuou na crise humanitária após o terremoto no Haiti. Todos têm a credibilidade de saber atuar sob pressão e sempre cumprir as ordens recebidas.
Desagrado com as confusões
A adesão dos militares ao projeto bolsonarista, porém, oferece riscos. Os principais são os desgastes e o fogo amigo. Há os que participam por afinidade ideológica ou vontade de fazer política, mas a qualquer abalo ou decepção podem vir a pedir baixa. Não foi à toa que, no ano passado, o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, salientou que sempre é preciso delimitar o que é governo e o que são as Forças Armadas. A declaração foi entendida como um recado sobre quais seriam as prioridades das turmas da reserva e da ativa em relação ao ex-capitão Bolsonaro. Para garantir lealdades, o presidente manteve os militares fora do projeto de reforma da Previdência enviado ao Congresso.
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