Ex-ministro
diz em delação que Kadafi, líder líbio morto em 2011, deu 1 milhão de
dólares à campanha de Lula em 2002; ação pode levar à cassação do
partido
Por
Robson Bonin
Amigos - Lula e Kadafi: negócios com empreiteiras e ajuda secreta para a campanha do ex-presidente (Ricardo Stuckert/PR)
A imagem acima foi captada no encontro da Cúpula América
do Sul-África, que aconteceu na Venezuela em 2009. Lula era presidente
do Brasil pela segunda vez e o ditador Muamar Kadafi ainda comandaria a
Líbia por mais dois anos, antes de ser deposto, capturado e executado.
Não é uma cena protocolar, como se observa no aperto de mão informal. A
fotografia retrata dois líderes que se diziam “irmãos”. Durante 42 anos,
Kadafi governou a Líbia seguindo o protocolo dos tiranos. Coronel do
Exército, ele liderou um golpe em 1969. No poder, censurou a imprensa,
reprimiu adversários e impôs leis que permitiram punições coletivas,
prisão perpétua, tortura e morte a quem contrariasse o regime. Dinheiro
líbio também financiou grupos terroristas e movimentos políticos em
vários cantos do planeta. Entre os que receberam recursos da ditadura
líbia estavam, de acordo com o ex-ministro Antonio Palocci, o PT e seu
líder máximo, o ex-presidente Lula.
A revelação de Palocci está contida na sua proposta de delação
entregue ao Ministério Público. Segundo ele, em 2002 Kadafi enviou
secretamente ao Brasil 1 milhão de dólares para financiar a campanha
eleitoral do então candidato Lula. Fundador do PT, ex-prefeito de
Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-chefe da
Casa Civil de Dilma Rousseff, Palocci esteve no centro das mais
importantes decisões do partido nas últimas duas décadas. Condenado a
doze anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, há sete meses ele
negocia um acordo de delação premiada. Em troca de redução de pena,
compromete-se a contar detalhes de mais de uma dezena de crimes dos
quais participou. Um dos capítulos da colaboração trata das relações
financeiras entre Lula e o ditador líbio — e tem potencial para fulminar
o partido e o próprio ex-presidente.
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