Luís Cláudio Laviano pediu que militares 'levantassem a cabeça e honrassem a farda'. Em sua despedida, Wolney Dias disse que policiais 'também são vítimas' da violência
Por
Bruna Fantti
Rio - "Levante a
cabeça, olhe para o futuro, honre a sua farda. A Polícia não é imune a
erros, nem formada por santos, mas é a instituição que está na linha de
frente no combate ao mal e o mal não merece as nossas lágrimas". A
afirmação foi feita pelo coronel Luis Cláudio Laviano, em seu primeiro
discurso como Comandante-Geral da Polícia Militar, na tarde desta
quarta-feira. O tom motivador à tropa foi o que restou ao oficial, que
espera medidas práticas do governo federal, como o envio de recursos.
Em entrevista a jornalistas, o coronel confirmou a
expectativa. "A força de intervenção está fazendo justamente visitas nos
batalhões para conhecer toda essa questão administrativa e operacional,
vivenciando esse dia a dia das unidades e está buscando esse recurso. O
governo federal já anunciou que os recursos vão chegar, estamos
aguardando", explicou.
Passados 27 dias do anúncio da intervenção federal na
segurança, até agora somente um policiamento intensificado do Exército
ocorreu na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio.
O decreto prevê as Forças Armadas até o final do ano no
estado, no entanto, o prazo poderá ser menor. O presidente Michel
Temer, durante um evento na Associação Comercial de São Paulo, afirmou
que a intervenção poderá acabar em setembro, quando espera que a Câmara
dos Deputados dê início à avaliação da reforma da Previdência. "Não é
improvável que até setembro as coisas estejam entrando nos eixos no Rio e
eu possa cessar a intervenção", revelou.
Enquanto as medidas práticas não são realizadas, o
secretário de Segurança, general Richard Nunes, voltou a falar sobre
ética. "O país não suporta mais o desrespeito às instituições. Ética
profissional-militar impõe respeito à hierarquia e disciplina. É
respeitando a sociedade que seremos respeitados", disse o secretário,
retomando o discurso feito na véspera, durante a solenidade de posse do
chefe da Polícia Civil.
Por ser a autoridade mais alta presente, coube a ele
passar em revista a tropa, ação que marca o início da cerimônia. A
última vez que essa tarefa foi realizada por um general foi no governo
Marcello Alencar (1995-1998) e era prática comum na Ditadura, quando a
PM foi comandada por oficiais do Exército. Ao som do dobrado Batista de
Melo, o general marchou até o encontro do coronel Wolney Dias, que foi
substituído.
Dias frisou conquistas da sua gestão, entre elas a
licitação que dará 250 carros para a corporação em abril. "Entrego o
cargo com a esperança de que daqui pra frente a turbulência seja menor.
Conclamo a população para que não aceite a informação simplificada de
que a solução está em um policial em cada esquina. Somos vítimas. Não
somos culpados". Para Chefe do Estado Maior foi escolhido o coronel
Henrique Pires, que até então era chefe operacional da PM. Outros nomes
da nova cúpula ainda serão divulgados.
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