'Braga Netto (interventor no Rio) não tem poder político, é um cachorro acuado e não vai conseguir resolver dessa forma', completou Mourão
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ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - Em entrevista à
imprensa após cerimônia que formalizou a sua ida para a reserva, o
general Antônio Hamilton de Mourão fez críticas à intervenção no Rio de
Janeiro e à classe política. "O general Braga Netto (interventor no Rio)
não tem poder político, é um cachorro acuado e não vai conseguir
resolver dessa forma", disse Mourão, que ficou conhecido por, entre
outras polêmicas, defender intervenção militar no País. "É uma
intervenção meia-sola", emendou ele, acrescentando que todos, inclusive o
governador do Estado, deveriam ser afastados. "Se é intervenção, é
intervenção. Já que há o desgaste, vamos nos desgastar por inteiro."
Questionado se achava que a intervenção não daria
certo, ele respondeu: "Poderemos até reorganizar a Segurança Pública,
que é a tarefa principal. O Rio de Janeiro é o Estado do crime
organizado. Tem o colarinho branco e o ladrão de celular, e os dois
níveis estão representados."
O general Mourão disse ainda que não será candidato a
cargo eleitoral, apenas à presidência do Clube Militar. No entanto,
prometeu ajuda ao deputado Jair Bolsonaro, que é pré-candidato ao
Planalto, em ações de planejamento. "Se tiver que subir no palanque, eu
subo", prometeu.
Mourão justificou que não pretende se candidatar,
alegando que o "quadro político-partidário é fragmentado". "Não sou
melhor do que ninguém, mas falta substância aos partidos. O único
capital que tenho é o moral. E a estrutura hoje mostra a fragilidade do
regime que vivemos."
Ele prosseguiu dizendo que a moral e a virtude foram
"enxovalhadas". "As pessoas entram na política não para servir, mas para
se servir. Esse é o recado. Se não mudar, esse País não tem futuro."
Para o general Mourão, a mudança tem de vir pelo voto
da população que precisa saber escolher os seus representantes. Ele
disse também que o "Judiciário precisa fazer o papel dele e expurgar da
vida pública pessoas que não têm condições de dela participar",
acrescentando que esse entendimento inclui também o presidente Michel
Temer. "Inclui o presidente da República, sim", disse, ao ser
questionado.
Brilhante Ustra
No seu discurso de despedida, Mourão também elogiou o
coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável pelo DOI-Codi entre
1970 e 1974 e reconhecido pela Justiça brasileira como torturador. "É
herói", classificou.
Regras claras
Presente à cerimônia de despedida de Mourão, o
comandante do Exército, Villas Bôas, defendeu regras de engajamento
claras da tropa durante as ações de intervenção no Rio de Janeiro. "São
fundamentais", dizendo que cabe aos órgãos da Justiça e do Ministério
Público darem respaldo a essas ações. "O Exército é uma instituição
democrática, que tem um histórico de preocupação de Direitos Humanos,
sem que haja qualquer tipo abuso em relação à população", destacou.
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