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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Witzel quer usar snipers em ações contra traficantes de drogas no Rio

Crédito: Reprodução/Facebook
O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse nesta terça-feira, 30, que irá pedir ao governo federal a permanência das Forças Armadas no Rio até outubro de 2019. A intervenção federal na segurança do Estado foi decretada em fevereiro, com duração até 31 de dezembro. Outra decisão no campo da segurança que Witzel já tomou foi a de pedir um levantamento nas polícias Civil e Militar sobre o número de snipers (atiradores de elite) que possam ser empregados em ações contra traficantes de drogas armados de fuzil – ele defende o “abate” desses criminosos sem que os policiais sejam responsabilizados por isso.
Para garantir a permanência dos militares no Rio, Witzel disse que ainda irá se encontrar com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para tratar do assunto. Caso seja aprovada, esta nova etapa seria uma espécie de transição para o Rio; a diferença é que o comando será estadual, e não mais federal. Como Witzel pretende extinguir a Secretaria de Segurança (hoje a cargo do general Richard Nunes), os futuros representantes da Polícia Militar e outro da Polícia Civil ficarão vinculados diretamente ao governador. O novo contingente das Forças Armadas ainda será definido, a depender do novo governo federal.
Witzel teve nesta terça-feira a primeira reunião com o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) sobre a transição. Os dez meses de extensão da presença das Forças Armadas seriam para cobrir o período de treinamento dos novos policiais militares que irão recompor a tropa, explicou. “Vou conversar para ter a manutenção por dez meses, com o decreto da Garantia da Lei e da Ordem. Temos a ideia de serem dez meses porque, conversando com o Pezão, ele disse que está contratando mil policiais. Eu tenho a intenção de contratar mais três mil para substituir esse contingente (de militares)”, disse à reportagem.
Pezão instituiu por decreto, publicado nesta terça-feira no Diário Oficial, uma comissão de transição governamental, com os secretários da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, Sérgio Pimentel, Fazenda e Planejamento, Luiz Claudio Gomes, e Governo, Affonso Monnerat. A comissão terá como coordenador geral, por parte do governador eleito, José Luiz Cardoso Zamith.
Ao falar dos snipers, em entrevista à Globonews, Witzel declarou que policiais bem treinados, do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM e da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) da Polícia Civil, agirão para “abater” bandidos com fuzil. Ele voltou a repetir uma frase da campanha: “Prefiro defender um policial no tribunal do que ir ao funeral dele. Atirou, matou, está correto”. O governador eleito afirmou também que os policiais que matarem criminosos terão respaldo do Estado caso sejam levados a tribunais, e, nestes casos, deverão sair absolvidos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Bolsonaro se compromete a respeitar Constituição e diz que cortará privilégios

Bolsonaro se compromete a respeitar Constituição e diz que cortará privilégios
Em pronunciamento feito no início da noite deste domingo, 28, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) comprometeu-se a respeitar a Constituição e assegurou que seu governo respeitará as liberdades individuais. Ao encampar um discurso de unidade, Bolsonaro também se comprometeu a enxugar o Estado brasileiro, eliminar o déficit público e recuperar a imagem do País no exterior.
“Meu governo será defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”, afirmou Bolsonaro. “Este é um País de todos nós, brasileiros natos e de outras nações.” O presidente eleito também fez um chamamento aos agentes políticos que queiram aderir ao governo. “Neste projeto que construímos, cabem todos aqueles que tenham o mesmo objetivo que nós.”
Ao falar sobre a necessidade de um ajuste nas contas públicas, Bolsonaro disse que “o déficit público primário deve ser eliminado o mais rápido possível. E se comprometeu a reduzir o inchaço da máquina pública. “O governo dará um passo atrás, reduzindo estrutura, cortando benefícios e privilégios”, disse o presidente eleito.
Bolsonaro eleito: campanha vitoriosa rompe paradigmas
Ao reforçar o discurso de renovação, Bolsonaro ressaltou que o País hoje precisa de “mais Brasil e menos Brasília”. E prometeu também “recuperar” a imagem do Brasil no exterior, atacando a política externa adotada por seus antecessores. “Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais sui generis a que foram submetidos nos últimos anos”, afirmou o deputado. “Recuperaremos o respeito internacional pelo nosso Brasil.”
Antes de ler seu discurso de vitória, Bolsonaro fez uma oração, atendendo a um pedido do Magno Malta (PR-ES). O presidente eleito também agradeceu aos médicos que o trataram e aos hospitais que o atenderam após a facada que sofreu em Juiz de Fora (MG), em setembro.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Moro afirma que não ‘inventou’ depoimento de Palocci

Moro afirma que não ‘inventou’ depoimento de Palocci
Em resposta ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – que pediu explicações suas a partir de representação do PT -, o juiz federal Sérgio Moro afirmou que não “inventou” o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/Casa Civil-Governo Lula e Dilma) e que não houve de sua parte “qualquer intenção de influenciar as eleições gerais de 2018”.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, havia pedido informações ao juiz da Operação Lava Jato, em 4 de outubro, pela retirada do sigilo de trecho da delação premiada de Palocci.
Parte da delação de Palocci foi tornada pública por Moro no dia 1º de outubro, poucos dias antes do 1º turno das eleições, nos autos do processo sobre supostas propinas da Odebrecht ao ex-presidente – um terreno que abrigaria o Instituto Lula e um apartamento vizinho ao do petista em São Bernardo do Campo (SP). Quando deu publicidade ao Anexo 1 da delação de Palocci, Moro anotou que não via “riscos às investigações”.
Palocci incriminou Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff, revelou suposto esquema de arrecadação de “propinas explícitas” pelo ex-presidente na construção de navios-sonda do pré-sal e ainda detalhou “negócios ilícitos” na África.
O ex-ministro está preso desde setembro de 2016, quando foi pego na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato. Moro o condenou em uma primeira ação penal a 12 anos e dois meses de reclusão. O PT e três deputados da sigla representaram contra Moro no CNJ por causa da liberação do Anexo 1.
Ao CNJ, Moro afirmou que “não pode interromper os seus trabalhos apenas porque há uma eleição em curso”. Segundo o magistrado, tirar o sigilo de parte da delação era uma medida “necessária pois caso haja condenação terá este Juízo, na sentença, que dimensionar benefícios decorrentes da colaboração para Antônio Palocci Filho”.
“Foi promovida a juntada apenas de cópia do acordo, da decisão de homologação e do termo de depoimento da colaboração n.º 1, uma vez que, após análise, constatou este Juízo que a sua publicidade não prejudicaria as investigações em curso. Há outros depoimentos, alguns mais contundentes”, apontou.
Moro relatou que as peças não haviam sido juntadas anteriormente, porque “apenas em 24 de setembro de 2018, a autoridade policial peticionou ao Juízo apresentando elementos de corroboração acerca das declarações de Antônio Palocci Filho”.
“Então, este julgador aguardou esse momento processual para prevenir que a divulgação prematura do depoimento comprometesse a colheita da prova de corroboração. Apesar do alegado pelos Requerentes, o Partido dos Trabalhadores e os Deputados Federais Paulo Roberto Severo Pimenta, Wadih Damous e Luiz Paulo Teixeira Ferreira, não houve da parte deste juiz qualquer intenção de influenciar as eleições gerais de 2018”, anotou.
“Oportuno lembrar que Antônio Palocci Filho, no depoimento divulgado, reporta-se principalmente a supostos crimes praticados pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que, condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro, não é sequer candidato nas eleições de 2018. Não há no depoimento qualquer referência ao atual candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores.”
O juiz da Lava Jato afirmou ainda ao CNJ que “caso fosse intenção influenciar nas eleições teria divulgado a gravação em vídeo do depoimento, muito mais contundente do que as declarações escritas e que seria muito mais amplamente aproveitada para divulgação na imprensa televisiva ou na rede mundial de computadores”.
“O fato é que o Juízo não pode interromper os seus trabalhos apenas porque há uma eleição em curso”, registrou.
“Não foi, ademais, o Juízo quem inventou o depoimento de Antônio Palocci Filho ou os fatos nele descritos. Publicidade e transparência são fundamentais para a ação da Justiça e não deve o juiz atuar como guardião de segredos sombrios de agentes políticos suspeitos de corrupção. Retardar a publicidade do depoimento para depois das eleições poderia ser considerado tão inapropriado como a sua divulgação no período anterior. Se o depoimento, por hipótese, tem alguma influência nas eleições, ocultar a sua existência representa igual interferência a sua divulgação.”
No documento, o juiz afirma ainda que “o conteúdo do depoimento sequer se revestiu de grande novidade”.
“O próprio Antônio Palocci Filho já havia, ainda em 2017, divulgado carta pessoal na qual teria afirmado seu desejo de colaboração e admitido a prática de crimes pelo ex-presidente da República”, relatou.
O magistrado apontou ainda ao Conselho uma “linha adotada por alguns agentes do Partido dos Trabalhadores de buscarem criminalizar a atividade jurisdicional” e também “de buscarem cercear a atuação independente da Justiça através de ofensas, mentiras e representações disciplinares junto ao Conselho Nacional de Justiça”.
Moro destacou que já foi “demandado em queixa-crime (rejeitada por unanimidade e com trânsito em julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal)”.
“Antecipando-se a um desejado “controle social da Administração da Justiça”, o que quer que isso signifique, buscam, estes mesmos agentes políticos, através de provocação ao Conselho Nacional de Justiça (cuja composição desejam, aliás, alterar), cercear decisões da Justiça que contrariam os seus interesses partidários, mesmo às custas da aplicação da lei a crimes de corrupção”, assinalou o magistrado.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

PF indicia Temer por corrupção no inquérito dos Portos

PF indicia Temer por corrupção no inquérito dos Portos
(Arquivo) O presidente Michel Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto - AFP
A Polícia Federal indiciou o presidente Michel Temer (MDB) e outros 10 investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no inquérito dos Portos – investigação sobre a edição de um decreto pelo emedebista que teria beneficiado empresas do setor. Na lista estão a filha de Temer, Maristela, o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e o ex-assessor especial do emedebista Rodrigo Rocha Loures – o homem da mala dos R$ 500 mil da JBS.
A PF pediu a prisão preventiva do coronel Lima e de outros três alvos da investigação. O relatório final com os indiciamentos e os pedidos de prisão foram enviados ao ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo.
A reportagem está tentando localizar os citados.
VEJA A LISTA DOS INDICIADOS
1. Michel Miguel Elias Temer Lulia
2. Rodrigo Santos da Rocha Loures
3. Antônio Celso Grecco
4. Ricardo Conrado Mesquita
5. Gonçalo Borges Torrealba
6. João Baptista Lima Filho
7. Maria Rita Fratezi
8. Carlos Alberto Costa
9. Carlos Alberto Costa Filho
10. Almir Martins Ferreira
11. Maristela de Toledo Temer Lulia
VEJA A LISTA DE QUEM A PF PEDIU A PRISÃO PREVENTIVA
1. João Baptista Lima Filho
2. Carlos Alberto Costa
3. Maria Rita Fratezi
4. Almir Martins Ferreira

terça-feira, 16 de outubro de 2018

TSE nega pedido de Haddad para suspender propaganda de Bolsonaro

TSE nega pedido de Haddad para suspender propaganda de Bolsonaro
O ministro Luís Felipe Salomão, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu negar dois pedidos da coligação de Fernando Haddad (PT) para suspender inserções televisivas do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro. As peças publicitárias afirmam que o petista quer “desarmar a população” e o associam ao ex-ministro José Dirceu e ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
As inserções televisivas foram veiculadas na última sexta-feira, 12. Para a coligação de Haddad, a propaganda de Bolsonaro procura atingir sua honra e marcar de forma negativa o projeto de governo e a trajetória do PT.
“O Haddad tem cara de bom moço, mas você parou para pensar o que o Haddad está carregando com ele?”, indaga a propaganda de Bolsonaro, que associa o petista às imagens de Dirceu e Maduro.
Na segunda peça contestada pela coligação de Haddad, a campanha de Bolsonaro diz que “Haddad quer desarmar a população”, enquanto Bolsonaro “acredita que o cidadão deve ter o direito a legítima defesa”. A inserção também afirma: “A esquerda defende a legalização da maconha e do aborto. Bolsonaro é radicalmente contra as drogas e para ele o direito a vida é sagrado”.
Para o ministro Luís Felipe Salomão, as duas propagandas de Bolsonaro veiculam conteúdo inerente “ao debate político-eleitoral e condiz com o horário gratuito, alcançado, portanto, pelo exercício legítimo da liberdade de expressão e opinião”.
“É certo que, no ambiente democrático, as diferenças aparecem por ocasião da campanha eleitoral, e mesmo que a propaganda transmita mensagens provocantes ou desagradáveis ao adversário, é forçoso reconhecer que faz parte do discurso político”, concluiu o ministro, em decisões assinadas no domingo, 14.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A transmutação de Haddad

Como um sabão em pó em que o fabricante muda a embalagem para maquiar o produto, enganando o consumidor, o PT transformou radicalmente a campanha do seu candidato: retirou Lula da propaganda e trocou o vermelho pelo verde e amarelo

A transmutação de Haddad

Na segunda-feira 8, o candidato do PT Fernando Haddad repetiu o gesto que fez durante toda a campanha e foi à sede da Polícia Federal em Curitiba pedir a benção do ex-presidente Lula na sala-cela que lhe serve de prisão. Nessa visita, Lula, que é o coordenador de sua campanha, pediu que fosse a última vez que o candidato o visitasse durante este segundo turno. Na verdade, como em uma sessão espírita, não foi Haddad quem se livrou de Lula. Mas Lula quem se livrou de Haddad. Na sua última recomendação ao candidato que lhe serve de avatar, Lula ordenou que Haddad passasse a tocar a campanha sozinho. O ex-prefeito de São Paulo foi autorizado pelo presidiário a tornar-se, de fato, candidato à Presidência da República. E, rapidamente, transmutou-se. Sumiram as camisetas com os dizeres “Lula livre”. Entraram em seu lugar fotos suas com ternos bem cortados e cabelos aparados. Sumiu a foto de Lula, que dividia espaço de destaque ao lado de Haddad e da sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB). Desapareceram outros gurus petistas, como o ex-ministro José Dirceu. Até a cor vermelha do PT saiu de cena. Agora, Haddad é verde e amarelo, as mesmas usadas por Bolsonaro. Se durante o primeiro turno, Haddad precisou se vincular diretamente à imagem de Lula para conseguir ter uma candidatura com alguma competitividade, agora ele se transforma para se aproximar de Bolsonaro e reverter o quadro que, no primeiro turno, rendeu 46% dos votos ao candidato do PSL contra os 29% dados a ele, diferença de 17% a favor do ex-capitão do Exército. Agora, para crescer, os marqueteiros concluíram que Haddad precisa se descolar do ex-presidente, que tem uma elevada rejeição, e fizeram nele uma maquiagem, com o intuito de engabelar o eleitor.
Nessa estratégia de colocar Haddad como se fosse um novo produto na prateleira com nova embalagem, mas com o mesmo conteúdo, o comando da campanha mudou toda a programação visual. No principal logo da campanha, o 13 do PT, em branco, tradicionalmente era rodeado pela estrela do partido em tons rubros. Agora, o 13 está em um inédito amarelo, rodeado por um círculo. O nome “presidente Haddad” idem. Outra mudança importante é que os materiais de Haddad já não virão mais com as imagens do ex-presidente Lula anexa, nem com a frase “Lula é Haddad / Haddad é Lula”. Os petistas concluíram que a menção a Lula afastaria a imensa maioria dos eleitores, manifestamente antipetista.

Pela primeira vez desde a primeira campanha presidencial em 1989, os símbolos e as cores do PT não prevalecerão mais na campanha de Haddad. Os novos tons objetivam atrair os incautos eleitores de outras legendas e de outros candidatos que não se identifica com as ideias de Bolsonaro. Na quarta-feira 10, começou a circular nas redes sociais petistas um pacote voltado justamente para atrair o eleitor não petista. São imagens de pessoas em diversas situações. Os textos iniciam-se sempre com a frase “Não sou petista”. Uma das peças diz: “Não sou petista, mas tenho sonhos. Entre eles, poder me aposentar e ter 13º salário”, numa alusão às declarações do vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão, que disse que o 13º era uma “jaboticaba”, uma invenção brasileira que prejudicava as empresas. Bolsonaro desautorizou Mourão. Outra peça destina-se aos evangélicos. “Não sou petista, mas sou evangélica. E aprendi que devemos respeitar nossos irmãos e irmãs que estão sofrendo violência nas ruas”. Ou: “Não sou petista, mas sou mãe… e quero educar meus filhos com livros e não com armas”. Todos os textos terminam com: “Por isso, vou de Haddad”.
Haddad mudará, também, as propostas de seu programa. No campo econômico, ele defenderá agora uma mini reforma tributária, de forma a tentar atenuar os impactos da sua proposta de revogação da PEC dos tetos de gastos públicos. Um outro aceno ao Centro é tentar mostrar ao eleitor nesta etapa final que ele é um candidato mais equilibrado que o ex-capitão do Exército. Haddad tentará mostrar ao mercado que ele seria mais previsível que seu adversário, “por jogar dentro das regras”. Do outro lado, a máquina destrutiva de reputações que o PT usa na internet pretende espalhar, por grupos de whatsapp e outras redes sociais, informações sobre o passado de Bolsonaro. O projeto é atacar, principalmente, frases ditas pelo candidato do PSL que supostamente atingiram direitos de trabalhadores e das domésticas, por exemplo. A guerrilha petista pela Presidência continua, desta vez com transmutações orientadas, como sempre, pelo líder máximo do partido aprisionado em Curitiba.
A máquina de ataques que o PT usa na internet pretende
espalhar frases depreciativas atribuídas a Bolsonaro

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Preso, Perillo depõe e nega crimes

Preso, Perillo depõe e nega crimes
“Havendo prévias, vou avaliar me lançar para 2018” Marconi Perillo, governador de Goiás
Após ser preso nesta quarta-feira, 10, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) prestou depoimento em que negou a prática de crimes à Polícia Federal. O tucano foi preso ao chegar na superintendência da PF, em Goiânia, para prestar depoimento sobre as acusações de delatores da Odebrecht Fernando Reis e Alexandre Barradas. Em suas delações, eles citaram repasses de R$ 10 milhões a Perillo – R$ 2 milhões na eleição de 2010 e R$ 8 milhões em 2014.
O tucano é investigado na operação Cash Delivery e já havia sido alvo de busca e apreensão na sexta-feira, 28. Em 28 de setembro, Perillo foi alvo de busca e apreensão. Jayme Rincón, ex-tesoureiro de Perillo e coordenador da campanha ao governo do Estado de José Eliton (PSDB) – aliado do tucano e que busca a reeleição -, foi preso pela PF na ocasião com R$ 900 mil.
Segundo seu advogado Antonio Carlos de Almeida Castro Kakay, “Marconi Perillo prestou longo depoimento enfrentando absolutamente todos os pontos que a Polícia Federal indagou”.
“Ele estava na sede da PF para prestar depoimento quando foi surpreendido com o decreto de prisão. Nenhum fato novo surgiu que justificasse esta prisão. A Polícia Federal agiu com serenidade e profissionalismo e os direitos do Marconi foram preservados”, afirmou.
A defesa confirmou que o ex-governador se encontra na sede da Polícia Federal. “Mesmo considerando injusta a prisão, ele resolveu prosseguir no depoimento pois tem certeza de que não praticou nenhum ato ilícito. Entende a defesa técnica que tudo foi satisfatoriamente esclarecido”.
“É evidente que toda e qualquer pessoa pode ser investigada, ninguém está acima da lei, mas a prisão por fatos pretensamente ocorridos em 2010 e 2014 é teratológica, não encontra amparo na jurisprudência do Supremo Tribunal. Vivemos um momento punitivo e de criminalização da atividade política. Esta tensão desnecessária não faz bem para a estabilidade democrática”, sustenta a defesa.
O advogado faz referência ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1). “Assim como o TRF já concedeu liberdade a outros investigados, afastando o equivocado argumento de necessidade de prisão nesse momento, a defesa acredita na altivez e independência do tribunal, para que a Justiça seja resgatada.”

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

PSDB não apoiará nem Bolsonaro nem Haddad no 2º turno

Crédito: AFP
Após bate-boca entre o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, e o candidato do partido ao governo de São Paulo, João Doria, os tucanos decidiram liberar os correligionários e não vão apoiar nenhum candidato no segundo turno da disputa presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
“Não apoiaremos nem o PT nem o candidato Bolsonaro. O PSDB decidiu liberar seus militantes e seus líderes”, anunciou Alckmin após reunião da executiva nacional que ocorreu na sede do partido, em Brasília. Ele pontuou que a liberação do partido significa neutralidade na campanha.
Alckmin destacou que a posição é coerente com o que ele defendeu ao longo de sua campanha à Presidência da República. “Já vínhamos pontuando que extremos não são a solução”, defendeu.
Discussão
Em reunião acalorada, Alckmin chamou Doria de “temerista”. O candidato tucano ao governo de São Paulo cobrava do partido mais ajuda financeira às campanhas dos candidatos a governos estaduais que passaram para o segundo turno. Alckmin interrompe Doria e diz: “Traidor, eu não sou”.
Questionado sobre a discussão, Alckmin desconversou. “Divergências são naturais e não ocorrem pela imprensa. Não faço política pela imprensa”, afirmou.
Doria, por sua vez, disse que Alckmin está com o “emocional abalado” por causa do “resultado inesperado” da eleição, onde saiu derrotado e recebeu menos de 5% dos votos. “Se Geraldo teve algum dissabor pessoal, da minha parte tem o meu perdão. Não foi nada que possa abalar as nossas relações pessoais”, declarou Doria à imprensa depois de deixar a reunião. Ele saiu antes do encontro terminar.
Questionado sobre o seu resultado na disputa presidencial, Alckmin disse que foi uma campanha “atípica” e que “todos os partidos estão enfraquecidos”. Mencionou ainda o fato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar preso e de Bolsonaro ter sofrido um atentado durante a campanha.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Bolsonaro prega união do País e repreende general Mourão publicamente

Crédito: MAURO PIMENTEL / AFP
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou na noite desta segunda-feira, 8, ao Jornal Nacional, da TV Globo, que pretende unir o País se for eleito ao Planalto. Ele também repreendeu publicamente o vice na sua chapa, general Hamilton Mourão (PRTB).
“Nós vamos pacificar e unir o povo brasileiro”, disse o candidato. Bolsonaro afirmou ainda que vai ser “escravo da nossa Constituição”.
O candidato colocou ainda o vice em saia-justa. Ao comentar declarações polêmicas de Mourão, Bolsonaro disse que “ele é general, eu sou o capitão, mas o presidente sou eu”.
Ele disse ainda que falta tato ao vice e que ele foi infeliz em falas recentes. Bolsonaro errou ainda o nome de Mourão duas vezes – o chamou de Augusto, em vez de Hamilton.
Em um aceno ao eleitorado no Nordeste, Bolsonaro disse que é uma fake news dizer que ele vai acabar com o Bolsa Família. Ele agradeceu ainda os votos “de lideranças evangélicas, do homem do campo, dos caminhoneiros, de membros das forças armadas e policiais”.
Bolsonaro se comprometeu ainda que não pretendem recriar a CPMF e prometeu isentar de pagamento de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Bolsonaro diz que vai ao TSE exigir explicações sobre problemas nas urnas

Crédito: MAURO PIMENTEL / AFP
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, questionou os resultados do 1º turno das eleições 2018 na noite deste domingo, 7. Em uma transmissão ao vivo feita por sua página oficial no Facebook, ele disse que “se tivéssemos confiança no voto eletrônico, já teríamos o voto do futuro Presidente da República decidido no dia de hoje”.
Ao lado do economista Paulo Guedes e de uma intérprete de libras, Bolsonaro disse que vai exigir soluções junto ao Tribunal Superior Eleitoral. “Não podemos esmorecer”, disse ainda o candidato.
As frases do candidato foram vagas e não fizeram menção a um problema específico – na manhã deste domingo, seu filho Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo Rio de Janeiro, publicou tuíte com vídeo que mostrava urna que autocompletava voto para Fernando Haddad (PT). Na tarde do domingo, o TRE-MG publicou vídeo desmentindo as imagens publicadas por Flávio – um técnico fez uma perícia no vídeo indicando edição.
O pronunciamento de Bolsonaro durou nove minutos e treze segundos. No discurso, o candidato do PSL reafirmou diversas bandeiras de sua campanha, como a redução de ministérios – “serão 15”, disse – e de empresas estatais. “Teremos pelo menos 50 estatais a menos, privatizando ou extinguindo”, afirmou.
Também falou sobre segurança pública e fez um aceno às mulheres, eleitorado que foi considerado seu ponto fraco durante boa parte da campanha. “Vamos trazer a paz para as mulheres, para as mães quando seus filhos vão para a faculdade ou para um evento social. Vamos jogar pesado em cima disso.”
Adversário. O candidato do PSL também fez comentários, de forma vaga, ao seu rival no segundo turno, Fernando Haddad. Uma das principais críticas foi a de que o petista buscará se distanciar de Lula. “Você vê nosso opositor dizendo que não vai mais visitar ninguém em Curitiba”, afirmou. “Também quer fazer uma cartinha ao povo brasileiro”, disse, em referência à Carta do Povo Brasileiro, documento assinado por Lula durante a campanha de 2002 e que o ajudou a vencer o pleito na época.
“Não podemos continuar flertando com o comunismo e o socialismo”, afirmou ainda o capitão reformado, dizendo que seus rivais “quebraram grandes empresas brasileiras e arrebentaram com os fundos de pensões”. Fez ainda menção à imprensa, “lamentando” que parte da mídia não tenha “lido o programa de governo deles, com a proposta de controle social da mídia”.
No fim da sessão, Bolsonaro ainda conclamou seus eleitores a permanecerem mobilizados. “Estou aqui porque acredito em vocês e vocês acreditam no Brasil. O objetivo do Executivo e do Parlamento é produzir felicidade. Até a vitória, se Deus quiser.”

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Uma extensa ficha corrida

Preposto de Lula na disputa presidencial, Fernando Haddad responde a 32 processos, que vão do recebimento de dinheiro da Lava Jato a denúncias por improbidade administrativa e superfaturamento de obras. O candidato reproduz o modelo petista de malfeitos na gestão pública

Crédito: Marcelo Chello/CJPRESS/Estadão Conteúdo
NAS CORDAS Acossado pela escalada de más notícias, o petista vê disparar seus índices de rejeição (Crédito: Marcelo Chello/CJPRESS/Estadão Conteúdo)
Fernando Haddad não foi escolhido pelo presidiário Lula para substituí-lo na corrida presidencial por acaso. Ele carrega o mesmo DNA dos malfeitos de seu padrinho político encarcerado na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde abril. O candidato do PT à Presidência responde a 32 processos na Justiça, que o colocam como um dos campeões da ficha de ilícitos cometidos na vida pública. Na extensa folha corrida, Haddad, já réu em dois processos, é acusado de receber dinheiro de caixa dois de empreiteira condenada na Operação Lava Jato, denunciado por crimes de Improbidade administrativa, suspeito de superfaturamento de obras e serviços, acusado pelo desvio de recursos e até da aplicação ilegal de dinheiro público. Não bastasse seu envolvimento direto em inúmeras irregularidades, o presidenciável petista se cercou na campanha rumo ao Palácio do Planalto, a mando de Lula, de assessores e coordenadores igualmente processados por crimes no Petrolão, dando indicativos concretos de que o partido reativará – num eventual futuro governo – a máquina de corrupção azeitada durante os 13 anos de PT no poder. Pior. Além do risco de retrocesso ético, a eleição de um novo poste de Lula para o cargo de presidente resgatará a ameaça da ineficiência e da incompetência administrativa que marcou a gestão de Haddad tanto à frente da Prefeitura de São Paulo, como do Ministério da Educação.
Dinheiro de caixa dois
Formado em Direito pela tradicional Faculdade do Largo do São Francisco, Haddad sempre alardeou pautar sua vida pública pelo caminho da retidão. A narrativa, como quase tudo no PT, não pára em pé. Basta jogar uma lupa sobre sua vida pregressa para se perceber que o presidenciável petista é lobo com cútis de cordeiro –ou seja, encontra-se tão encrencado quanto seus padrinhos políticos petistas. A Kurier Analytics, uma empresa de gestão de informações jurídicas, foi quem levantou, a pedido de ISTOÉ, a ficha corrida de Haddad na Justiça e catalogou a existência de 31 processos contra o ex-prefeito, apurando o número da ação, a vara em que está ajuizada a causa e os motivos dos procedimentos. A reportagem acessou um por um dos processos. Na relação, apenas não constava a 32ª ação contra o petista, por correr na Justiça Eleitoral. Versa sobre o recebimento de caixa dois na campanha a prefeito em 2012 e cuja denúncia, formulada pelo promotor Luiz Henrique Dal Poz, foi aceita pelo juiz Francisco Shintate.
Como desdobramento da operação Lava Jato, o ex-prefeito é acusado de ter recebido, em 2013, R$ 2,6 milhões da Construtora UTC para o pagamento de uma dívida contraída junto a gráficas. O dinheiro não foi contabilizado e chegou ao PT por meio do doleiro Alberto Youssef, segundo delação do ex-presidente da empreiteira Ricardo Pessoa. Como contrapartida, a Constran, do grupo UTC, ganhou uma licitação de R$ 417 milhões promovida pelo prefeito para a construção de um terminal rodoviário em Itaquera, segundo denúncia do promotor Marcelo Mendroni.
As contas de campanha de Haddad, na verdade, sempre foram uma espécie de caixa de Pandora do petista. Na campanha à reeleição para prefeito em 2016, Haddad ficou devendo R$ 2,1 milhões para o publicitário Giovane Favieri, da F5BI, em razão da locação de equipamentos de edição de vídeos. Favieri, investigado pela operação Lava Jato por receber dinheiro sujo em campanhas eleitorais, inclusive para o PT, entrou na 6ª Vara Cível com ação para receber o débito. No último dia 16 de agosto, o PT fez acordo para ele receber o dinheiro em parcelas até 2020. O mais suspeito, contudo, é que, no último dia 25, Favieri recebeu outros – ou seriam os mesmos? – R$ 2,1 milhões oriundos do caixa da campanha presidencial de Haddad, conforme registrado no TSE, também a título de locação de equipamentos para edição de vídeos.
Haddad parece mesmo não gostar de jogar às claras com a Justiça Eleitoral. Em declaração de bens obrigatória ao TSE, o presidenciável atesta que o apartamento em que reside em São Paulo vale a pechincha de R$ 90 mil. No Cartório de Registro de Imóveis, porém, consta que ele declarou ter pago R$ 120 mil pelo imóvel em 1998 e realizado um investimento de mais R$ 20 mil na compra de uma garagem, esta não declarada pelo presidenciável. O valor venal do apartamento é de R$ 997,9 mil – mais de 10 vezes a quantia orçada pelo candidato petista ao TSE.
Entre as dezenas de processos aos quais Haddad responde na Justiça, a maioria é composta por pelo menos 15 ações populares e nove por improbidade administrativa. Em uma delas, Haddad é acusado de superfaturar a ciclovia que liga o Ceagesp ao Ibirapuera, ao custo de R$ 54,7 milhões. Cada quilômetro custou para a Prefeitura R$ 4,4 milhões, bem acima do preço pago numa ciclovia na mesma região durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, — R$ 617 mil por quilômetro. Nesse caso, o juiz Kenichi Koyama, da 11ª Vara da Fazenda Pública, já aceitou a denúncia e Haddad virou réu. Ele é acusado também de superfaturar a compra de salsicha para a merenda escolar. O Ministério Público Estadual o acusa ainda de desviar R$ 129,2 milhões de verbas destinadas ao Teatro Municipal. Nesse processo, estão envolvidos ex-assessores diretos de Haddad.
Não bastassem os processos, o candidato do PT ao Planalto acumula uma grande rejeição entre o eleitorado – acima de 40% segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. A reprovação segue em curva ascendente. A aversão ao seu nome por parte do eleitor não constitui propriamente uma novidade. Haddad experimentou o infortúnio em 2016, quando acabou perdendo para João Doria (PSDB) no primeiro turno. Atualmente candidato ao governo do Estado, Doria desenvolve uma explicação para o baixo desempenho do ex-prefeito. Guarda relação com a fama de laborfóbico do candidato do PT à Presidência. “Ele não gostava de trabalhar. Chegava à Prefeitura às 10h e ia embora às 18h. Nos finais de semana não aparecia”, disse o tucano. Num rápido balanço de sua gestão, percebe-se que o petista deixou de cumprir grande parte das promessas feitas ao assumir o cargo. Prometeu construir 243 creches e só entregou 38. Prometeu erguer três novos hospitais, mas nenhum deles abriu as portas. Disse que iria construir 55 mil casas populares e só levantou 10 mil. O déficit de professores aumentou de 1.800 para 4.700 ao final de seu mandato. Um desastre.
Fraudes no Enem
A passagem de Haddad pelo comando do Ministério da Educação também foi marcada por intempéries. Desde a polêmica criação do chamado “kit gay” às fraudes na aplicação do Enem, que provocou um prejuízo de R$ 30 milhões aos cofres públicos. Logo no início de sua gestão, o petista virou alvo das primeiras reprimendas dos órgãos fiscalizadores. Uma ação da Controladoria Geral da União (CGU) detectou uma verdadeira “farra das passagens” no ministério. Conforme o relatório da CGU, em 2005 foram desembolsados R$ 3,3 milhões, um valor R$ 932 mil acima do teto estabelecido. “O gestor (Haddad) não adotou as providências necessárias para limitar os gastos com diárias e passagens, desconsiderando a Portaria da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento – SPO”, descreve a CGU. Ainda segundo a auditoria a qual ISTOÉ teve acesso, a Controladoria fez uma análise minuciosa de gastos de 16 servidores, entre os quais Fernando Haddad, relacionada ao exercício financeiro de 2005 do MEC. O que a CGU descobriu é que o compromisso com a coisa pública não é uma máxima no petista. Para camuflar o péssimo desempenho no ministério, Haddad investia pesado em propaganda. Os gastos saltaram de R$ 9,5 milhões, em 2005, para R$ 30,1 milhões, em 2012.
Mesmo com uma gestão atabalhoada à frente do MEC, Haddad se manteve no cargo por sete anos, dois dos quais já no governo Dilma, que chegou a pensar em substituí-lo por Marta Suplicy. Mas Haddad era intocável. O petista só deixou o ministério em 2012, convencido por Lula a disputar a Prefeitura de São Paulo. Para catapultar Haddad novamente, desta vez ao posto de mandatário do País, Lula fez as vezes de tutor e coordenador informal da campanha. Conforme antecipou ISTOÉ na última edição, Lula montou um verdadeiro QG na cadeia, de onde articulou a cooptação de caciques do Nordeste e determinou até repasses de dinheiro, em troca do apoio de lideranças regionais a Haddad. Para torná-lo mais palatável ao núcleo duro petista, Lula o orientou a se inscrever na corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Depois, destacou petistas de sua confiança para o assessorarem – todos investigados ou processados pela Justiça.
O tesoureiro da campanha petista é Francisco Macena, vereador do PT e que responde ao lado de Haddad pela acusação de recebimento de R$ 2,6 milhões da UTC para o pagamento de dívidas da campanha à prefeitura paulista em 2012. A ex-presidente Dilma Rousseff, uma das acusadas pelo STF como integrante do “quadrilhão do PT, coordena a campanha em Minas Gerais, onde é candidata ao Senado. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, também investigada na Lava Jato, é quem toca a campanha no Paraná. Outro que exerce papel de destaque é ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que responde a duas ações de improbidade por prejuízos à estatal. Completam o time o presidente do Instituto Lula e o mais fiel escudeiro de Lula, Paulo Okamoto, Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula investigado na Operação Zelotes, o ex-presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, e Lindberg Farias, candidato do PT ao Senado pelo Rio – velhos conhecidos das páginas político-policiais que regressarão ao poder, se Haddad eleito for.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

PT tenta vincular Jair Bolsonaro a Michel Temer

PT tenta vincular Jair Bolsonaro a Michel Temer
O PT desencadeou nesta quarta-feira, 3, parte da estratégia para tentar estancar o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) e evitar uma vitória do capitão da reserva no primeiro turno. A ideia é associar o candidato do PSL à política econômica do governo Michel Temer (MDB).
“Infelizmente o governo Temer termina melancolicamente e o que eu vejo de mais triste ainda é o Bolsonaro querer dobrar a aposta do governo Temer”, disse Haddad em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco.
Na manhã desta quarta-feira, 3, começou a circular a primeira inserção da campanha petista na TV que cita nominalmente o candidato do PSL. Na peça, o PT lembra que Bolsonaro votou a favor de medidas do governo Temer e “contra o trabalhador” como a reforma trabalhista e conclui: “já basta o Temer”.
Em reação ao súbito crescimento de Bolsonaro na Ibope/Estado/TV Globo e da possibilidade de uma derrota ainda no primeiro turno, a campanha petista decidiu antecipar a estratégia de atacar o capitão da reserva, prtevista inicialmente para acontecer apenas no segundo turno.
Segundo fontes da campanha, pesquisas internas mostram que a pauta econômica tem mais potencial de danos ao adversário do que temas como a questão de gênero ou respeito à democracia.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, Haddad tentou demonstrar compromisso com o rigor fiscal ao dizer que está preocupado e pretende repactuar os regimes de previdência dos Estados e municípios. O petista disse que vai deixar em aberto a discussão sobre idade mínima para aposentadoria, assunto considerado um tabu pelo PT.
“Vamos colocar em aberto esta questão para vermos como vamos avançar nessa questão da sustentabilidade”, disse Haddad. Na entrevista, o petista adotou o discurso do “nós contra eles” para tentar associar Bolsonaro aos interesses dos bancos e contra os direitos do trabalhador.
“É que o economista dele, o Paulo Guedes, que é a única pessoa em quem ele confia, é banqueiro e os banqueiros acham que o Brasil só pode voltar a crescer se os pobres ganharem menos e os empresários ganharem mais. Este é o problema que está em disputa hoje na campanha presidencial. Aqueles que estão do lado dos trabalhadores e o Bolsonaro que acha que cortando os direitos do trabalhador a economia vai ser aquecida”, afirmou Haddad.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Haddad diz que Bolsonaro precisa de tratamento psicológico

Candidato do PT também disse que o concorrente do PSL não fez como deputado federal "10%" pelo Estado do Rio do que ele realizou como ministro da Educação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril

Por O Dia
Fernando Haddad, Lindbergh Faria e Jandira Feghali em ato de campanha em Duque de Caxias
Fernando Haddad, Lindbergh Faria e Jandira Feghali em ato de campanha em Duque de Caxias -
Rio de Janeiro - O candidato do PT à Presidência da República nas eleições 2018, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) precisa de tratamento psicológico "Bolsonaro tem algum problema psicológico contra mulher, negro e LGBT. Sou a favor que a Câmara pague tratamento psicológico para ele", afirmou, em discurso para apoiadores no calçadão de Duque de Caxias, na Baixada fluminense.
Ele também disse que o candidato, como deputado federal pelo Rio, não fez "10%" pelo Estado do que ele realizou como ministro da Educação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril, destacando a inauguração de unidades de ensino público federal e a concessão de bolsas do ProUni no período. "Bolsonaro está com boa votação no Rio por ser daqui. O que ele trouxe para cá? Mais ódio. Ele tem 28 anos como deputado. Um patrimônio de R$ 15 milhões, e dizem que é pobre. Só se for na Suíça".
O candidato petista também criticou a fala contra o 13º salário feita pelo vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão, e disse que com eles na Presidência os pobres pagariam mais imposto. "O mundo do Bolsonaro é completamente diferente do mundo que o presidente Lula encarna e que eu represento".
Haddad alertou apoiadores sobre mensagens via Whatsapp que podem difundir fake news. "Tem muito lixo contra a gente, tudo falso. Bolsonaro tem medo do debate olho no olho porque não tem o que dizer. (Ele age) só no Whatsapp. Desejo saúde a ele. Quero que ele viva 120 anos para ver que o mundo que ele tem na cabeça não pode ser de intolerância nem de perda de direitos".
Crimes
Antes, durante uma passagem-relâmpago por Campo Grande, zona oeste do Rio, Haddad tocou nos temas mais sensíveis para a população fluminense: saúde, segurança e educação.
No dia seguinte à pesquisa Ibope/Estado/TV Globo que mostrou sua candidatura estagnada e a do seu principal concorrente, o candidato do PSL Jair Bolsonaro, ganhando vantagem de 10 pontos, Haddad acenou com a federalização de alguns crimes, como tráfico, homicídio e feminicídio, para permitir a atuação da Polícia Federal nas investigações.
"O Exército é bom para algumas coisas, mas não para tudo", declarou, sem se referir diretamente à intervenção do exército no Rio de Janeiro. Ele voltou a afirmar que no seu governo a sociedade não será armada, também se contrapondo a Bolsonaro, mas terá acesso à educação e emprego.
"Não queremos as mãos dos brasileiros armadas. Queremos em uma mão um livro e em outra uma carteira de trabalho", repetiu a afirmação feita mais cedo em sua passagem pela Fiocruz. Ele informou ainda que pretende usar o Exército e outras instituições federais para "adotar" escolas estaduais do ensino médio, mas não deu detalhes.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ibope: convicção de eleitorado de Bolsonaro sobe a 59%; de Haddad fica em 49%

Ibope: convicção de eleitorado de Bolsonaro sobe a 59%; de Haddad fica em 49%
(Arquivo) O candidato ultraconservador à presidência Jair Bolsonaro - AFP/Arquivos
Além de o candidato Jair Bolsonaro (PSL) ter crescido quatro pontos nas intenções de voto para o primeiro turno da eleição presidencial, a convicção do eleitorado que declara voto no capitão reformado também aumentou. Conforme pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada nesta segunda-feira, 1, 59% dos eleitores do presidenciável dizem que não mudarão sua intenção de voto de jeito nenhum. No último dia 26, esse porcentual era de 55%.
O eleitorado de Fernando Haddad (PT) continua sendo o segundo mais convicto, com 49% dos eleitores declarando que a decisão de votar no petista é firme – o mesmo índice do levantamento anterior. A convicção do eleitorado Geraldo Alckmin (PSDB) também cresceu, indo de 26% para 29%.
Entre os eleitores do candidato Ciro Gomes (PDT), porém, a convicção caiu, de 31% para 27%. Já entre os entrevistados que declaram voto em Marina, 23% dos eleitores afirmam que não mudarão sua decisão. O índice era de 22% na semana anterior.
O Ibope foi a campo no sábado, 29, e no domingo, 30, e ouviu 3.010 eleitores. A margem de erro estimada da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. O levantamento foi encomendado pelo jornal O Estado de S.Paulo e pela TV Globo, tendo sido registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR08650/2018.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Como Lula opera a campanha da cadeia

O ex-presidente transformou a sala-cela em Curitiba no QG da candidatura de Fernando Haddad ao Planalto. De lá, o petista articula a cooptação de caciques regionais e até entregas de dinheiro por meio de jatinhos

Crédito: Divulgação
Preso há seis meses numa sala-cela da PF em Curitiba, o ex-presidente Lula está apenas no início do cumprimento de uma pena de 12 anos e 1 mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Teoricamente, o cárcere deveria servir para o réu se regenerar dos crimes cometidos, não voltar a delinqüir e deixar o presídio após o final da pena apto a se reintegrar à sociedade, devidamente recuperado. Mas Lula parece não se emendar. Ao exercer sem qualquer cerimônia ou pudor o papel de coordenador da candidatura do presidenciável Fernando Haddad (PT), o petista transformou a sala-cela num QG da campanha, onde acontecem manobras pouco ortodoxas no vale-tudo para eleger o petista. Sob as barbas das autoridades, Lula vale-se da estrutura carcerária para operar a estratégia eleitoral petista, colocando em prática métodos nada republicanos no esforço para cooptar apoios de partidos como MDB, PR, PP e PDT para o “projeto Haddad”. Conforme apurou ISTOÉ, além de promessas de cargos no futuro governo do PT, Lula articula vantagens financeiras destinadas a irrigar as campanhas dos que se dispõem a serem convertidos a novos aliados. A máquina eleitoral é comandada por meio de bilhetinhos, à la Jânio Quadros, só que de dentro da cadeia, os quais o petista faz chegar às mãos de assessores de altíssima confiança. Integram o time de pombos-correios de Lula o ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho, o advogado Cristiano Zanin, o deputado José Guimarães (PT-CE) e do próprio Haddad, que o tem visitado na condição de advogado. O teor das mensagens é repassado pelos assessores aos políticos aos quais se destinam as determinações.
Nas últimas semanas, o objetivo do ex-presidente tem sido ampliar a vantagem de Haddad no Norte-Nordeste do País. Não à toa, intensificaram-se as mensagens remetidas para caciques da região e velhos parceiros dos tempos da era petista no poder, caso dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE), Fernando Collor (PTC-AL) e o ex-senador José Sarney (MDB-MA), que até então marchavam ao lado de Henrique Meirelles (PMDB) ou de Ciro Gomes (PDT). Para que mudassem de lado na atual corrida presidencial, robustecendo o palanque de Haddad, Lula prometeu-lhes participação no novo governo e até compensações financeiras. Outro destinatário preferencial dos bilhetinhos de Lula é o também presidiário Valdemar Costa Neto, que por determinação judicial dorme no Presídio da Papuda, em Brasília, mas está autorizado a sair durante o dia para trabalhar. Apesar de não ser mais o presidente do PR, Valdemar ainda manda e desmanda no partido, que desde o governo Lula transformou o Ministério dos Transportes no seu latifúndio, digamos, mais produtivo. O operador financeiro de Valdemar é o ex-ministro Maurício Quintella, atualmente candidato ao Senado pelo PR de Alagoas. Como Lula sabe que o caixa do PR é poderoso, por comandar grandes obras em rodovias no País, o petista tem acionado Valdemar quando precisa fazer chegar recursos às mãos de algum neo-aliado.
O VELHO FISIOLOGISMO Lula prometeu cargos para raposas do MDB num futuro governo (Crédito:Fernando Bizerra Jr)
Foi o que aconteceu no Maranhão. Lula havia recebido informações de que a candidatura de Ciro Gomes ganhava corpo no Estado. Afinal, o governador Flávio Dino (PCdoB), apesar de integrar a base aliada do PT, trabalhava com afinco para empinar a candidatura de Ciro. Até que Dino foi procurado pelo deputado José Guimarães, a quem coube repassar-lhe a orientação de Lula: que ele passasse a se dedicar a Haddad. “Dino tem que deixar de apoiar Ciro”, ordenou o petista da cadeia. Não parou por aí. Ao descobrir que um dos motores da candidatura de Ciro no Maranhão era o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), candidato ao Senado, Lula, por meio de Gilberto Carvalho, destinou uma importante mensagem a Valdemar Costa Neto. “Faça chegar dinheiro à campanha de Weverton Rocha”. O deputado, conforme informações colhidas por Lula da prisão, precisava de R$ 6 milhões para deslanchar sua campanha. Com o apoio de Quintella, Valdemar deflagrou a operação para o envio do dinheiro ao Maranhão.
Avião com R$ 6 milhões a bordo caiu em Boa Viagem (CE). Mas os recursos chegaram no destino: a campanha de Weverton Rocha, PDT
Conforme apurou ISTOÉ, um avião experimental Cirrus, da Vokan Seguros, a serviço da empreiteira CLC (Construtora Luiz Carlos), foi quem cuidou do transporte do dinheiro do Ceará com destino a São Luis. A CLC faz um trecho da BR-222, na região de Sobral (CE), uma obra do Ministério dos Transportes. No trajeto, percorrido no dia 14 de setembro, uma quase-tragédia: o avião acabou caindo com o dinheiro a bordo na cidade de Boa Viagem. Os recursos eram escoltados por um policial. Com o acidente, outros agentes foram ao local imaginando que a aeronave pudesse transportar drogas. Coube ao policial a bordo do Cirrus a tarefa de tranquilizar os colegas, dizendo-lhes que não se preocupassem com a ocorrência, pois ninguém havia ficado ferido. O dinheiro, contudo, chegou ao destinatário final, cumprindo os desígnios de Lula: a campanha do pedetista Weverton – convertido a empedernido cabo eleitoral de Haddad.
Mas ainda havia uma ponta solta no novelo da costura feita por Lula no Maranhão. Era preciso atrair para seu arco de alianças o ex-senador José Sarney e sua filha Roseana, candidata do MDB ao governo do Estado contra Flávio Dino. A família Sarney vinha trabalhando pela eleição do presidenciável do partido, Henrique Meirelles, mas a conduta mudou quando Sarney recebeu o recado de Lula, transmitido por meio de Gilberto Carvalho: “Quero a família Sarney na campanha do Haddad”, determinou Lula da cadeia. Os Sarneys fecharam também com Lula. Resultado: Haddad cresceu no Maranhão de 4% para 36% e Ciro estagnou nos 13%.
Em contrapartida, o cacique maranhense conta com a ajuda de eventual governo petista para sacramentar um negócio que envolve a TV Mirante, pertencente à família. Sarney deseja vender a emissora para o grupo Integração, de Minas Gerais.
Lula montou uma estratégia para beneficiar Haddad também em Alagoas. Para isso, contou com os préstimos do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em mensagens transmitidas por Gilberto Carvalho a Renan, candidato à reeleição, Lula pediu para que o senador convencesse o também senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) a desistir da disputa ao governo de Alagoas contra Renan Filho (MDB), candidato à reeleição. Àquela altura, Renanzinho ostentava 46% das intenções de voto e Collor 22%. Os dois rumavam para o segundo turno. A idéia acalentada por Lula era que Renanzinho fosse eleito no primeiro turno, reservando o segundo turno para se dedicar de corpo e alma a Haddad. Em troca, o filho de Renan se comprometeria a aumentar as verbas da mídia do governo dos atuais R$ 300 mil por mês para R$ 800 mil mensais para a TV de Collor em Maceió. O acerto, pelo visto, foi bem azeitado. Collor renunciou, Renanzinho saltou para 65% e deve ser reeleito na primeira etapa das eleições alagoanas.
Quem sabe, faz a hora. Agora, o PT espera que Renan Filho cristianize Meirelles em favor de Haddad. Há, no Estado, quem diga que isso já aconteceu. Na última semana, Haddad subiu de 2% para 28% em Alagoas. Avalista do acerto, Renan sonha em voltar a comandar o Senado, a partir de 2019, com o apoio de Lula.
FANTOCHE Haddad, ao lado de Manuela D`Ávila, faz campanha pelo país, mas quem dá as cartas é Lula (Crédito:Mauro Pimentel)
No mapa eleitoral que estende sobre a solitária mesinha de sua cela na PF, Lula vislumbra que Haddad reúne chance de se eleger presidente se obtiver uma ampla vantagem no Nordeste, onde detém o apoio de quase 35% do colégio eleitoral brasileiro (mais de 50 milhões de eleitores). Foi graças à expressiva votação no Norte/Nordeste que Dilma Rousseff conseguiu superar Aécio Neves (PSDB) na disputadíssima corrida eleitoral de 2014. Lula espera repetir a dose. Desde que ativou o QG eleitoral na cadeia, há um mês, os resultados já se fizeram sentir. Haddad ascendeu nas pesquisas de intenção de voto de 4% para 22%, índices impulsionados pelo duplo twist carpado empreendido pelo petista na região, onde atingiu 34% – o dobro de Jair Bolsonaro. O avanço vermelho no Nordeste, operado por Lula da cadeia, acabou por minar a candidatura de Ciro Gomes. O pedetista chegou a ter mais de 20% na região, com tendência de alta, mas recuou.
Valdemar teria oferecido R$ 2,4 milhões para que candidatos a deputado pelo PR apoiem Haddad
O esforço de Lula no sentido de solapar, da sala-cela em Curitiba, candidaturas adversárias de seu poste ousou beliscar o ninho tucano no Piauí. Lá, o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, que apoiava oficialmente a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, virou casaca depois de receber um bilhete de Lula levado pelo deputado José Guimarães. “Ciro Nogueira tem que trocar Alckmin por Haddad”, determinou Lula. A intervenção do petista fez com que Haddad subisse de 6% para 38% no Piauí e Alckmin estacionasse no Estado. Até o Ceará, dominado pelo ex-governador Ciro Gomes, sentiu a mão pesada de Lula. O emissário também neste caso foi José Guimarães, um de seus maiores interlocutores no Nordeste. Por meio do aliado, Lula mandou um recado furioso ao governador Camilo Santana (PT), que fez coligação com o PDT no Estado. Camilo pedia votos também para Ciro no Ceará. Lula determinou, então, que se bandeasse para Haddad. Paralelamente, articulou com o senador Eunício Oliveira (MDB-CE), seu desembarque da candidatura de Meirelles, em prol do candidato do PT ao Planalto. Não para a surpresa de quem lê, a estratégia montada por Lula no Estado também envolve muito dinheiro – e , nesses casos, quem se apresenta para jogo é Valdemar Costa Neto. Para fazer Haddad decolar no Ceará, Valdemar estaria oferecendo R$ 2,4 milhões, recurso do fundo partidário do PR, para cada candidato da legenda a deputado federal. No meio penitenciário, policiais costumam dizer que os presos, por não trabalharem, utilizam o tempo ocioso para arquitetar novos crimes. Costumam repetir a velha máxima: “mente vazia, oficina do diabo”. E é o que parece que Lula está fazendo na cadeia: articulando estratégias suspeitas de novos ilícitos eleitorais. Para dizer o mínimo.