SELVA

SELVA

PÁTRIA

PÁTRIA

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Exército comemora missões de paz no mundo

Com participação em missões de paz mundo afora desde 1948, o Brasil comemorou neste mês de dezembro 25 anos do Prêmio Nobel da Paz, concedido, em 1988, às Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, da qual o Exército brasileiro fez parte. A primeira participação do país em uma missão desse tipo aconteceu em 1948, nos Balcãs. Nos 40 anos seguintes, o país enviou tropas também para o Oriente Médio, Nova Guiné, Chipre, República Dominicana, Índia e Paquistão.
Mais recentemente, as Forças Armadas brasileiras estiveram no Timor Leste, onde já encerrou sua missão. Desde 2004, o Exército mantém homens no Haiti, na Companhia de Engenharia e no Batalhão de Infantaria de Força de Paz — Batalhão Haiti. Cada brasileiro passa em média seis meses em missões de tropa e 12 meses em missões individuais. Atualmente, são mais de 1,4 mil brasileiros no país da América Central. A capital haitiana, Porto Príncipe, foi atingida por um forte terremoto em janeiro de 2010, que deixou mais de 200 mil mortos.
O tenente-coronel do Exército Charles Roberto, que atualmente trabalha na formação de militares que são enviados para o Haiti, passou um ano no país caribenho na condição oficial de Patrimônio. Ele destaca a importância do trabalho realizado por brasileiros. "Temos uma tropa que mantém o ambiente seguro e estável. E temos a Companhia de Engenharia, que constrói estradas, escolas. Contribuímos de forma geral para a melhoria da situação de vida dos haitianos", disse Roberto.
A primeira experiência histórica das Forças Armadas do Brasil em missão de paz das Nações Unidas foi o envio do chamado "Batalhão de Suez", com aproximadamente 600 homens que foram para o Egito, entre 1957 e 1967. O grupo foi levado para proteger e supervisionar a cessação de hostilidades em um momento em que forças egípcias e israelenses enfrentavam intensos conflitos.

O Exército mantém homens no Haiti desde 2004: assistência e reconstrução


"Contribuímos de forma geral para a melhoria da situação de vida dos haitianos"
Charles Roberto, tenente-coronel do Exército

Tire suas dúvidas sobre a mudança na alíquota de IOF para gastos no exterior

DE SÃO PAULO

A mudança na alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incidente em gastos no exterior pegou muitos turistas de surpresa.

Editoria de Arte/Folhapress
IOF
IOF
A partir de sábado (28), pagamentos feitos com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem (traveler check) e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira terão incidência de IOF de 6,38%, o mesmo do cartão de crédito. Antes, o imposto pago era de 0,38%.
Com as alíquotas igualadas, vantagens como a obtenção de pontos ou milhas no uso do cartão devem começar a ser pesadas pelo consumidor.
O turista deverá agora levar em conta algumas variáveis antes de fazer sua escolha entre os vários meios de pagamento possíveis:
– a taxa de câmbio usada
– o momento em que é feita essa cotação
– a alíquota de IOF
– outras taxas pagas
– a segurança.
Além da pontuação do cartão de crédito, vale a pena pesquisar outras vantagens, como a possibilidade de ter reduzida ou zerada a tarifa mensal que paga a seu banco.
Outros fatores a pesar são os limites de gastos e saques oferecidos por cada instituição e as possíveis perdas quando for preciso fazer conversões para outras moedas (no caso de moeda em espécie ou de cheque de viagem, por exemplo, quando o país para onde se vai tem uma moeda diferente da que foi adquirida).
Veja as características de cada um dos meios de pagamento:
DINHEIRO EM ESPÉCIE
- cotação usada: varia de acordo com o banco ou a casa de câmbio e costuma ser mais alta. As taxas usadas pelos bancos costumam ser melhores, mas pode ser necessário apresentar comprovantes da viagem
- momento da cotação: quando as moedas são compradas. É possível, portanto, "travar o câmbio", ou seja, garantir a cotação, o que pode ser vantajoso quando se espera uma alta da moeda estrangeira
- IOF cobrado: 0,38%, no momento da compra
- outras taxas: depende de onde for feita a compra. Bancos costumam cobrar uma porcentagem. Nas casas de câmbio, as taxas podem estar embutidas na cotação
- segurança: menor, pois está sujeito a perda, furto ou roubo
CARTÃO DE DÉBITO
- cotação usada: a taxa usada depende do banco; a referência é o dólar turismo, mais caro que o comercial
- momento da cotação: no dia do uso para alguma despesa ou do saque. A cotação, portanto, varia a cada dia. Isso pode ser uma vantagem se o preço da moeda estrangeira cair, ou uma desvantagem, se ocorrer o inverso
- IOF cobrado: 6,38%, no momento do uso do cartão, seja para uma compra ou em um saque
- outras taxas: cada banco cobra uma taxa diferente
- segurança: permite bloqueio em caso de extravio, furto ou roubo. Consulte seu banco sobre a possibilidade de requisitar um novo cartão ou saque emergencial. O prazo para a reposição do cartão varia de acordo com a região ou localidade onde o mesmo deverá ser entregue.
CARTÃO DE CRÉDITO
- cotação usada: a taxa varia de acordo com a administradora do cartão. É comum que a referência seja o dólar comercial, mais baixo que o dólar turismo.
- momento da cotação: no dia do pagamento da fatura. Caso haja diferença entre a cotação no dia da compra e a do dia do pagamento da fatura, haverá uma compensação na fatura seguinte. A cotação flutuante pode ser uma vantagem se o preço da moeda estrangeira cair, ou uma desvantagem, se ocorrer o inverso
- IOF cobrado: 6,38%, no momento da cobrança da fatura
- outras taxas: anuidade do cartão
- segurança: permite bloqueio em caso de extravio, furto ou roubo. Em geral, o cliente pode requisitar um novo cartão ou saque emergencial. O prazo para a reposição do cartão varia de acordo com a região ou localidade onde o mesmo deverá ser entregue.
CARTÃO PRÉ-PAGO
- cotação usada: a taxa varia de acordo com a instituição que emite o cartão. A referência costuma ser o dólar turismo, mais alto que o comercial.
- momento da cotação: no dia da compra do cartão ou no dia em que são feitos novos depósitos (carregamento). É possível, assim, "travar" a cotação, o que pode ser vantajoso quando se espera um aumento da moeda estrangeira
- IOF cobrado: 6,38%, no momento da compra do cartão ou de novos depósitos (carregamentos)
- outras taxas: algumas instituições cobram taxas quando o cartão é usado em saques no exterior
- segurança: permite bloqueio em caso de extravio, furto ou roubo. Em geral, o cliente pode requisitar um novo cartão ou saque emergencial. O prazo para a reposição do cartão varia de acordo com a região ou localidade onde o mesmo deverá ser entregue.
CHEQUES DE VIAGEM (traveler check)
- cotação usada: a taxa varia de acordo com a instituição que emite o cheque. A referência costuma ser o dólar turismo, mais alto que o comercial.
- momento da cotação: no dia da compra dos cheques. É possível, assim, "travar" a cotação, o que pode ser vantajoso quando se espera um aumento da moeda estrangeira
- IOF cobrado: 6,38%, no momento da compra do cheque
- outras taxas: consulte o vendedor
- segurança: em geral, possuem seguro. O turista é reembolsado em caso de perda, furto ou roubo pelo banco emissor, em geral em um ou dois dias.
Tire, a seguir, suas dúvidas sobre a mudança na alíquota do IOF para gastos no exterior.
*
Uma família mandará o filho para estudar numa universidade na Grã-Bretanha e tem que pagar 6.000 libras à escola no início de 2014 (correspondentes à sua matrícula/anuidade). Qual o IOF que incide sobre esse depósito que ele fará? É possível pedir um boleto para pagamento no Brasil?
Se o pagamento da matrícula/anuidade for feito com cartão de crédito internacional há incidência de IOF com alíquota de 6,38%.
Se a quantia equivalente for aportada num cartão de débito pré-pago para fazer o pagamento na chegada à Grã-Bretanha, também haverá incidência de 6,38% (sobre o valor aportado/carregado no cartão de débito pré-pago).
Se for utilizado valor já carregado (antes da medida) em cartão de débito pré-pago, não haverá incidência do IOF, pois essa operação foi tributada a 0,38% de IOF na época em que foi realizada.
Por fim, caso a opção for comprar moeda em espécie para pagamento da fatura lá no local, haverá incidência de 0,38% de IOF sobre o valor quando da aquisição da moeda. Nada mudou também na opção de fazer uma transferências para o exterior.
Com relação ao boleto, sempre que alguém precisa transferir recursos ao exterior, seja para gastos educacionais, doações, compra de produtos ou outro motivo qualquer, é necessário efetuar operação no mercado de câmbio, não sendo possível solicitar a emissão de boleto em reais para pagamento no Brasil.
*
Há possibilidade de isenção de IOF sobre despesas comprovadamente para educação no exterior?
Não há previsão de isenção de IOF sobre despesa com educação.
*
O que acontece com estudantes de graduação e pós-graduação que recebem bolsa para estudar no exterior? Vão pagar mais IOF sobre o valor que recebem?
Não houve alteração de IOF para a remessa de recursos para o exterior, não havendo, por conseguinte, alteração na situação dos estudantes de graduação e pós-graduação que recebem bolsa para estudar no exterior.
*
Envio de dinheiro, para o exterior, pela West Union, teve as taxas alteradas?
Não houve alteração de IOF para a remessa de recursos para o exterior.
*
Compra de bilhete de companhia aérea estrangeira com o cartão de crédito paga IOF de 6,38%?
Se não for uma compra no mercado externo, não há incidência do IOF-Câmbio. Desta forma, adquirir uma passagem na TAP ou Air France aqui no Brasil (e em reais) não implica operação de câmbio, logo não implica incidência do IOF de 6,38%.
*
A pessoa carregou o cartão de viagem com moeda estrangeira, não gastou tudo lá e fora e, na volta, vai vender o que sobrou para o banco/casa de câmbio. Essa operação também estará sujeita a IOF de 6,38%?
Essa operação continua com alíquota de IOF de 0,38%. A alíquota de 6,38% se aplica quando a pessoa vai carregar o cartão de débito pré-pago com moeda estrangeira.
*
Por que o governo aumentou o IOF?
Há alguns motivos para a medida do governo.
Um deles é conter os gastos dos turistas no exterior, pois isso tem aumentado o deficit nas transações do Brasil com o resto do mundo –ou seja, o Brasil tem enviado mais dinheiro para fora do que recebido de fora.
Outro objetivo é decorrente deste primeiro: se compras no exterior ficam mais caras, menos gente procura dólares e, com menos gente procurando dólares, fica menor a pressão para que a cotação do dólar suba. A compra de notas não sofreu aumento de imposto, mas, como normalmente é feita a cotação já maior, não se espera muito aumento na procura pela moeda em espécie.
Um terceiro objetivo é aumentar a arrecadação. O governo espera arrecadar R$ 552 milhões a mais em 2014 com essa alta na alíquota.
*
Quem já tinha cartão pré-pago pagará imposto maior quando for usá-lo em compras a partir de agora?
Não. O imposto incide apenas sobre compra ou carregamento ou recarga do cartão. Logo, se você tinha US$ 1.000 carregados na quinta (26), por exemplo, já pagou todo o IOF devido.
*
Cartão pré-pago que foi comprado antes de sábado (28), quando revendido, continua pagando IOF menor?
Sim. O imposto só incide na compra ou carregamento do cartão.
*
Saques feitos no exterior com cartão pré-pago pagam novo imposto?
Não. Você paga se sacar de sua conta-corrente, como já acontece hoje.
*
O IOF para cheques de viagem é pago na compra dos cheques ou quando eles são usados?
Só quando você compra os cheques.
*
Cheques de viagem comprados antes de sábado terão cobrança adicional de imposto?
Não, só os cheques de viagem comprados depois de sábado.
*
Quem trabalha ou estuda fora do Brasil e recebe dinheiro por transferência bancária também pagará mais imposto?
Não.
*
Há limite para compra de dólar em moeda?
Não.
*
Há limite para que o turista leve dólar em moeda na viagem?
Não, mas valores acima de R$ 10 mil (em qualquer moeda) têm de ser declarados à Receita por meio da Declaração Eletrônica de Bens de Viajante e apresentar-se à fiscalização da Receita no aeroporto.

Renan devolve R$ 27 mil gastos em viagem para fazer implante capilar

Senador usou avião da FAB para fazer implante de cabelo em Recife; foi a segunda vez que o peemedebista utilizou jatinho da FAB para agenda particular

Gabriel Castro, de Brasília
O Senador Renan Calheiros (PMDB-AL)
SAIU CARO – Renan Calheiros: R$ 27 mil de volta aos cofres públicos (Beto Barata/Estadão Conteúdo )
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RN), devolveu nesta segunda-feira aos cofres públicos o valor gasto indevidamente em viagem para fazer um implante capilar. O parlamentar utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar de Brasília a Recife, onde a cirurgia foi realizada – 10.000 novos fios de cabelo foram implantados. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

A assessoria do peemedebista informou que o valor de 27.390,25 reais, calculado pela Força Aérea Brasileira, foi devolvido por meio de uma Guia de Recolhimento da União (GRU).

Renan é reincidente: em julho, ele também teve de ressarcir os cofres públicos após a revelação de que usou uma aeronave da FAB para viajar a Trancoso (BA) e comparecer ao casamento da filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Na ocasião, o peemedebista se desculpou. O episódio foi um dos motivos pelos quais a Aeronáutica passou a divulgar na internet os voos realizados para deslocamento de autoridades.

O uso de aeronaves da FAB é autorizado apenas em deslocamentos a serviço do mandato.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Tropa da elite

Renan Calheiros, presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, enviam seguranças do Congresso para missões secretas longe de Brasília. O problema é que a ação é ilegal

Josie Jeronimo
Chamada.jpg
EM SERVIÇO
Policiais no Congresso: eles são servidores com atribuições de guarda e proteção de
parlamentares e do patrimônio do Legislativo, mas não podem apurar infrações fora de Brasília
Em pleno feriado natalino, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi a público justificar o uso de jatinho da FAB para ir a Pernambuco fazer um implante capilar. Na virada do Réveillon, o senador será obrigado a dar novas explicações. Desta vez, sobre os motivos que o levaram a enviar seguranças do Senado para missões sigilosas em sua terra natal. ISTOÉ identificou ao menos três dessas viagens, feitas em fevereiro, outubro e novembro, que incluíram diligências ilegais, monitoramento de pessoas e tomada de depoimentos numa delegacia de polícia. Ao menos três servidores foram usados na empreitada: Everaldo Bosco, Gabriel Reis e Floriano Pinheiro. Com o aval do senador alagoano, os policiais não se intimidaram ao bancar “os xerifes” de Renan, violando competências que são exclusivas da Polícia Federal e da Civil.

A chamada “polícia legislativa” não passa de um corpo de servidores do Congresso com atribuições de guarda e proteção dos parlamentares e daquilo que pode ser classificado como patrimônio do Legislativo, como veículos, edifícios, móveis e equipamentos. Esses policiais podem até fazer apuração de infrações penais, desde que tenham ocorrido dentro de seus domínios. A Procuradoria da República, inclusive, já emitiu parecer que veda o uso dessa turma fora das Casas.

Renan, porém, parece fazer vista grossa para o que diz a lei. Mais grave ainda: com suas ações, sugere ocupar um espaço privilegiado acima dela. Protegidos pelo manto do sigilo dessas operações, os servidores do Senado se abstêm de dar explicações, o que dá margem para especular se o trabalho externo seria apenas um exagero administrativo ou uma vexatória ação política contra rivais eleitorais em Alagoas. O presidente do Senado quer eleger Renan Calheiros Filho, o Renanzinho, governador do Estado em 2014.

 
 
2.jpg
Até agora, apenas uma das viagens foi parcialmente justificada sob o argumento de que senadores alagoanos – existem apenas três – estavam sendo vítimas de tentativa de extorsão por meio de telefonemas anônimos. Dessa maneira, os policiais do Senado foram enviados para tentar desbaratar o suposto esquema. O Senado, porém, não abriu à reportagem os autos da investigação. A assessoria de imprensa da Casa garante que a missão teve como objetivo investigar a extorsão e informou que um dos depoentes confessou ter obtido R$ 20 mil com o golpe. Mas não disse qual parlamentar pagou.

Seja como for, o deslocamento dos três agentes custou aos cofres públicos R$ 30 mil, considerando as passagens, diárias e o aluguel de automóvel. Sem distintivo de verdade, sem viatura oficial e sem a autoridade legal, os servidores tiveram que levar os suspeitos para uma delegacia da Polícia Civil, onde tomaram os depoimentos. Não houve autorização judicial para essas ações. Logo, as investidas determinadas por Renan foram ilegais. Depois dessa primeira viagem, o trio de agentes voltou a Alagoas outras duas vezes, mas o Senado mantém os motivos dessas missões em segredo. Pelo que se sabe, foram as únicas investigações da polícia do Senado fora de Brasília.
SEGURANCA-04-IE-2302.jpg
OLHO NA ELEIÇÃO
Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves: missões
policiais inexplicadas em seus redutos eleitorais
 
No lado verde do tapete do Congresso, a polícia da Câmara também se investe de falsa autoridade policial para sair pelo País em missões secretas. Em abril passado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), autorizou dois servidores da Casa, Edilson Brandão e Thiago Elízio, a ficarem dez dias no Tocantins “colhendo provas” para um processo administrativo. Com R$ 7 mil em diárias, passagens e aluguel de carro pago pela Câmara, os servidores percorreram os municípios de Formoso do Araguaia e Gurupi dando carteiradas, realizando interrogatórios e reunindo informações. Para explicar as diligências de sua polícia, a assessoria de imprensa da Câmara alega que o trabalho externo faz parte de uma investigação de fraude previdenciária. ISTOÉ solicitou detalhes da investigação, mas a Câmara se negou a fornecer. Coincidência ou não, em outubro passado o deputado federal Osvaldo Reis, do PMDB de Tocantins, subiu à tribuna para denunciar fraude no Instituto de Gestão Previdenciária do Estado (Igeprev). Na ocasião, Reis entregou um dossiê do caso ao ministro da Previdência, Garibaldi Alves. Desde então, o episódio se tornou um cabo-de-guerra entre oposição e governo tocantinense.

Além dessas investigações não oficiais, as polícias legislativas também têm sido usadas para fazer a escolta de parlamentares. O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) só anda em Brasília acompanhado por uma equipe de segurança da Câmara. No Rio de Janeiro, ele usa seguranças privados. Outro a usufruir do privilégio é o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que tem à disposição três policiais legislativos para acompanhá-lo fora de Brasília. Além das passagens aéreas, a “segurança público-privada” de Mozarildo custou, em 2013, R$ 48 mil só em diárias. Dezesseis servidores se revezam na missão de acompanhar os passos do senador, que alega ser alvo do governador de Roraima, o tucano José de Anchieta Júnior.

O efetivo da polícia da Câmara é hoje de 220 servidores, um pouco menor do que o do Senado, com 260 agentes. Um projeto de resolução da Mesa Diretora pretende ampliar o número de agentes e criar a figura do “delegado”. O problema é que a medida prevê a existência de 20 delegados para apenas uma delegacia, a unidade da polícia legislativa do anexo I da Câmara. O projeto prevê, ainda, contratação de outros 80 policiais. A remuneração desses agentes legislativos está entre as maiores do País, variando de R$ 13 mil até R$ 20 mil. Fora das dependências do Congresso, as polícias legislativas não têm nenhum amparo legal para investigar ou repreender ninguém. Seu trabalho equivale ao serviço prestado por uma empresa privada de segurança – ou seja, são forças paralelas ao aparato de proteção do Estado.
IEpag26a29Segurança-DEM-2.jpg
No início de 2014, está prevista para entrar na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação declaratória de constitucionalidade que vai limitar as atribuições administrativas da polícia e transformar em crime as ações informais de investigação e repressão realizadas por essas equipes de segurança do Congresso. Na ação, relatada pela ministra Cármen Lúcia, a PGR argumenta que investigações criminais sempre atingem direitos fundamentais dos cidadãos. Por isso, apenas órgãos públicos que estejam formalmente submetidos à fiscalização do Ministério Público podem conduzir inquéritos. “À Polícia Federal é reservada, com exclusividade, a função de polícia judiciária da União”, diz a PGR. Pelas atitudes de Renan e seus colegas, e considerando o início de um ano eleitoral que promete muitos embates, a regulamentação das atividades da Polícia Legislativa é não só urgente como imprescindível para a garantia do equilíbrio democrático.  
fotos: Adriano Machado/AG. ISTOÉ; Alan Marques/Folhapress

Conflito com índios no AM retoma tensão de 125 anos atrás

Após desaparecimento de três homens em reserva, etnia tenharim foge da cidade de Humaitá e se refugia na mata, longe de moradores

Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá atearam fogo na sede da Funasa e da Funai na noite de quarta-feira (25) e destruíram 13 veículos e três barcos usados no transporte de índios. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto - 27/12/2013
Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá atearam fogo na sede da Funasa e da Funai na noite de quarta-feira (25) e destruíram 13 veículos e três barcos usados no transporte de índios. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto - 27/12/2013 (Raolin Magalhães/Folhapress)
Os 45.000 moradores de Humaitá, no Amazonas, declararam guerra aos índios da região. Nessa cidade, a 675 quilômetros ao sul de Manaus, a presença ostensiva de 500 homens do Exército, da Força Nacional e da Polícia Federal (PF) desde sábado tem evitado novas violências, mas não serenou os ânimos. Os indígenas foram banidos da cidade na semana passada. No Natal, cerca de 2.000 pessoas, revoltadas com o desaparecimento de três moradores na reserva Tenharim, incendiaram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Casa de Saúde do Índio, veículos e um barco usado para atender a essa população.
O conflito atual expõe um clima de tensão vivido há 125 anos. No final do século 19, a Freguesia de Humaitá era alvo frequente de ataques de índios e os moradores decidiram mudá-la para o local atual. O tempo arrefeceu os ânimos. Até semanas atrás, os 1.446 integrantes das etnias tenharim, parintintin e mura, que habitam a Terra Indígena Tenharim Marmelos, eram presença constante em lojas, restaurantes, praças e locais de diversão de Humaitá. Apareciam de carro ou moto, faziam compras, iam a restaurantes e lanchonetes. Desde os incidentes, em que também os pedágios feitos pelos índios na rodovia Transamazônica foram queimados, não se vê um índio pelas ruas. Eles estão acuados nas matas da reserva, enquanto um grupo de 140 indígenas permanece asilado no 54º Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá.
Na tarde deste domingo, a Justiça Federal, atendendo a pedido do Ministério Público Federal, determinou que "a União e a Funai" adotem "medidas de segurança, no prazo de 24 horas", para proteger as áreas indígenas. Na prática, as forças de segurança já estão agindo. No comando da 17ª Brigada de Porto Velho, o general Ubiratan Poty diz que "não há um conflito étnico" entre brancos e índios na cidade, mas admite que o desaparecimento das três pessoas "gerou uma reação" que já foi controlada e "tudo tende a voltar ao normal." A Polícia Federal e a Força Nacional estão rastreando a floresta com helicópteros e cães farejadores em busca dos desaparecidos, sem resultados.
O delegado da PF Alexandre Alves, que dirige as investigações, disse que os trabalhos vão continuar até tudo ser esclarecido. "Além do aparato que temos na área, trabalhamos com o serviço de inteligência." A população, no entanto, não faz concessões. "Enquanto não houver uma resposta para o que aconteceu lá, é melhor que os índios não apareçam por aqui", diz o garçom Edemilton Silva Palheta, de 27 anos.
'Seres humanos' - A funcionária pública Marlene Souza conta que muitos índios estão integrados na vida da cidade. "Temos índio aqui que é professor, a gente os respeita como seres humanos, mas como podemos confiar neles depois do que aconteceu? Revoltada, a população é capaz de tudo", alertou. O almoxarife Edvan Fernandes Fritz, de 29 anos, admite que não gosta dos índios. "Eles vêm à cidade, enchem a cara, fazem baderna e fica por isso. Agora que o povo reagiu, eles pegaram o peco [fugiram]", disse. "Índio é protegido pelo governo que nem bicho, então tem de ficar no mato, não tem que viver em dois mundos, no nosso e no deles." Segundo Fritz, o desaparecimento dos três amigos foi o estopim. "O cacique deles caiu da moto porque era um pé inchado [bêbado]."
Para o madeireiro Elias Trepak, de 60 anos, a cobrança de pedágio pelos índios, na BR-230, a Transamazônica, está na raiz do problema. "Temos dois Brasis: um, esse em que a gente vive; o outro, um Brasilzinho que o governo reservou para os índios." Segundo ele, há mais de seis anos os índios controlam a Transamazônica nos 140 quilômetros da reserva e não se faz nada.
As marcas da revolta ainda estão espalhadas pela cidade. Da sede da Funai e da Casa de Saúde do Índio só ficaram escombros. A dona de casa Wilma Oliveira da Paixão, de 24 anos, viu quando a multidão chegou, tombou e incendiou uma viatura e começou a depredar o prédio. "Logo alguém jogou uma bola de fogo, aí começaram a incendiar tudo." A carcaça da viatura continua na rua e o barco afundou no Rio Madeira, após o incêndio.
A assessoria de imprensa do prefeito de Humaitá, José Cidinei Lobo do Nascimento (PMDB), diz que o conflito só acabará com o esclarecimento da morte do cacique Ivan Tenharim e do desaparecimento dos três civis. Procurado, o cacique Ivanildo Tenharim, que acompanha os índios no Batalhão do Exército, disse que não estava em condições de falar com a imprensa. Um índio que está escondido na casa de uma amiga, na cidade, e que se identificou como Damasceno, disse que os indígenas na reserva estão sem energia e passam privações. Segundo ele, a receita do pedágio é fonte de recursos para as famílias indígenas, que não podem explorar a floresta e recebem do governo federal um auxílio insuficiente.
(Com Estadão Conteúdo)

Jovens especialistas formam batalhão de defesa cibernética de grandes empresas

CAROLINE BINHAM
DO "FINANCIAL TIMES"
Em algum lugar na sede da empresa de consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers), em Londres, uma projeção de pontos multicoloridos cintila na parede branca de uma sala de reuniões.
Cada um dos pontinhos lilás ou rosados representa um passo no fascinante percurso da caça aos hackers.
Para os membros da mais nova equipe de segurança da PwC –uma matilha de investigadores cibernéticos, quase todos com idade inferior aos 30 anos–, as luzes coloridas representam sinais de alerta para outras empresas.
Para os detetives da PwC, uma sequência aparentemente aleatória de letras e números pode liberar a entrada em e-mails, permitir acesso a contas bancárias e até –possivelmente– controlar armas a milhares de quilômetros de distância.
Dan Kelly, 28, é investigador forense de códigos de computação. Ele identifica pistas que formam uma chamada "ameaça de inteligência". A equipe dele conseguiu detectar o ataque de um hacker agindo sozinho.
Acompanhando a difusão do malware, Kelly e seu pessoal puderam perceber que ele estava sendo usado contra "ativistas dos direitos humanos, contra governos e contra alvos industriais. Por isso, é muito provável que ele tenha sido criado por ordem ou com ajuda de um Estado".
A equipe de resposta cibernética da PwC, que faz também auditoria, é parte de uma fronteira em expansão na segurança privada. Cada vez mais empresas buscam proteção contra fraudes virtuais.
A PwC decidiu responder na mesma moeda, e nos últimos dois anos promoveu uma onda de contratações para criar um batalhão de mais de 80 jovens especialistas, britânicos e de outros países.
A secretaria do gabinete britânico calcula que o custo do crime cibernético para a economia do Reino Unido chegue a 27 bilhões de libras ao ano, enquanto um estudo da Casa Branca sobre política cibernética, publicado este ano, estima que o roubo de dados de empresas norte-americanas tenha custo da ordem de US$ 1 trilhão.

Richard Nicholson/Financial Times
Integrantes da equipe de defesa cibernética da PwC: Chris Doman, a nova estrela, e Dan Kelly, investigador forense de códigos de computação
Integrantes da equipe de defesa cibernética da PwC: Chris Doman, a nova estrela, e Dan Kelly, investigador de códigos de computação
CERTINHOS NÃO SERVEM
Os especialistas em questões cibernéticas são uma categoria de profissional diferente daqueles que as empresas convencionais costumam contratar. "É preciso saber que esse jovem não é certinho como o mundo dos negócios", afirma John Berriman, da PwC.
muitas das fraudes e ataques cibernéticos que os analistas investigam dependem apenas de antiquadas vulnerabilidades humanas.
O mais recente integrante da equipe digital forense, Chris Doman, 27, contratado depois de seu desempenho excepcional em uma competição do Departamento da Defesa dos EUA, o Digital Forensics Challenge, que reproduz invasões de sistemas.
Na PwC, o salário inicial para um associado sênior como Doman é de mais de 40 mil libras anuais (cerca de R$ 156 mil).
A oferta de adolescentes ou de jovens dotados da capacidade necessária a montar ataques ou defesas cibernéticas é escassa. Mas o mercado para isso –legítimo ou não– está se expandindo.
A crise econômica também pode estar engrossando as fileiras mundiais dos chamados "hackers de chapéu preto", que se envolvem em atividades ilegais.
Da mesma forma que a PwC e outras empresas tiveram de abrir as portas a candidatos menos ortodoxos, o lado criminoso teve de adotar um modelo mais empresarial. As quadrilhas muitas vezes recrutam pessoal em fóruns fechados.

Robson Matias/Folhapress

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Autoridades fazem 1.456 voos em jatinhos da FAB em seis meses

O campeão de milhagem é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo

Terra
BrazilAirForceLegacy.jpg
Um levantamento feito pela rádio CBN mostra que, desde julho, quando a Força Aérea Brasileira começou a divulgar as informações sobre o uso de jatinhos da FAB por autoridades, já foram feitas 1.456 viagens, o que representa uma média de 240 voos por mês.

Os destinos são variados e incluem desde um país no exterior, como Venezuela, aos extremos do País, do Oiapoque ao Chuí.

O campeão de milhagem em voos da FAB é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que usou as aeronaves em 76 oportunidades. Em seguida está o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com 74 voos, seguido por Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com 66.

O dia preferido das autoridades para viajar é sexta-feira, com média de 20 voos. No dia 29 de novembro, no entanto, 29 ministros embarcaram numa única sexta. Os voos também ocorrem aos sábados e domingos, num total de 224 decolagens.

Apesar de ser final de semana, a maioria alega que está em trabalho para solicitar o jatinho. Do total apenas 117 justificaram a viagem como sendo de retorno para residência. A FAB informou que por questões de segurança não pode divulgar os custos operacionais dos voos.

Defesa Civil contabiliza 23 mortes em decorrência da chuva no ES

Mais de 61 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas.
Subiu para 52 o número de municípios mais afetados.

Do G1 ES
A Defesa Civil contabilizou 23 mortes em decorrência da chuva que ocorre em praticamente todo o Espírito Santo. Segundo o comando do órgão, até as 23h30 desta quirta-feira (26), foram confirmadas três mortes em Baixo Guandu, quatro em Barra de São Francisco, oito em Colatina, uma em Domingos Martins, seis em Itaguaçu e uma em Nova Venécia. O órgão havia informado 27 mortes, mas, nesta noite, corrigiu o número e alegou que duas pessoas dadas como mortas haviam sido regatadas com vida e outras duas seguem desaparecidas.
Até o início da tarde desta quinta-feira, mais de 61 mil estavam fora de suas casas. A Defesa Civil informou que o levantamento do número de pessoas afetadas continua prejudicado pela dificuldade de acesso a muitas localidades, algumas totalmente isoladas pela intensa inundação, sem comunicação, água potável e energia elétrica.

Em Colatina, nesta quinta-feira, foram retirados dos escombros os corpos de duas crianças que morreram soterradas depois que um barranco despencou na terça-feira. No município de Baixo Guandu, também, no Norte do estado, o Centro da cidade ficou isolado desde a tarde desta quarta-feira (25) e continuava, nesta quinta. Nesta tarde parou de chover no Norte do Espírito Santo. As águas do Rio Doce começam a baixar, mas ainda estão muito acima do nível normal. Em alguns pontos, o rio chegou perto dos telhados das casas perto do município de Linhares.
COMO FAZER DOAÇÕES
Postos por todas as regiões do estado recebem doações. Veja a lista.

*Maiores necessidades são água, cestas básicas e colchões.
Doações também podem ser feitas nas contas bancárias do Corpo de Bombeiros.
Subiu para 52 o número de municípios mais afetados e são eles: Afonso Claudio, Agua Doce do Norte, Águia Branca, Alto Rio Novo, Aracruz, Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Bom Jesus do Norte, Brejetuba, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Colatina, Conceição da Barra, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Ecoporanga, Fundão, Governador Lindemberg, Guarapari, Ibatiba, Ibiraçu, Itaguaçu, Itarana, Jeronimo Monteiro, João Neiva, Laranja da Terra, Linhares, Mantenópolis, Marataízes, Marechal Floriano, Muniz Freire, Nova Venécia, Pancas, Presidente Kennedy, Rio Bananal, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Mateus, São Roque do Canaã, Serra, Vargem Alta, Venda Nova do Imigrante, Viana, Vila Pavão, Vila Valério, Vila Velha e Vitória.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil continua enviando alertas de risco de inundação e deslizamento de terra nas regiões com mais chuvas. O governo decretou Situação de Emergência em todas as áreas afetadas por desastres decorrentes das últimas chuvas.
Força Aérea Brasileira
Em quase uma semana de atuação, a Força Aérea Brasileira (FAB) já resgatou 162 pessoas, vítimas das enchentes provocadas pelas chuvas no estado do Espírito Santo. Além disso, transportou cerca de oito toneladas de suprimentos, entre medicamentos, alimentos e água potável. A FAB atua com dois helicópteros Black Hawk, um Super Puma e mais três aviões, em duas frentes: uma a partir da cidade de Linhares e outra em Vitória, onde foi criado um centro de coordenação conjunto com o Corpo de Bombeiros.
BR-259, em Colatina, na manhã desta quinta-feira (26). (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Medicamentos
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o governo federal enviará na noite desta quinta-feira (26) ao Espírito Santo mais duas toneladas de medicamentos e insumos farmacêuticos - na última segunda-feira (23), o Ministério da Saúde já havia enviado duas toneladas de remédios. O anúncio foi feito após Padilha participar de videoconferência com autoridades do estado, da Defesa Civil e da Coordenação de Urgência e Emergência do Espírito Santo, para tratar de medidas emergenciais de auxílio aos desabrigados e desalojados.
BR-259, entre Colatina e Baixo Guandu, nesta
quinta-feira (26) (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Estradas
As rodovias estaduais seguem com vários pontos de interdição. Na região Serrana, 11 rodovias permanecem interditadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES). De acordo com o órgão,  equipes realizaram trabalhos para minimizar os danos, mas a orientação é que os motoristas  evitem viagens desnecessárias.
Militares do Exército do Rio de Janeiro preparam equipamento para ação no Espírito Santo (Foto: Reprodução/TV Gazeta) Nas federais, após mais de 30 horas de interdição total,  o km 155 da BR-101, na localidade de Linhares, região Norte do Espírito Santo, foi liberado, nesta quinta-feira (26). A rodovia foi interditada por conta das fortes chuvas que atingem o estado, mas apesar dos buracos, segue fluindo com o sistema pare e siga, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Espírito Santo (PRF).
Militares do Exército do Rio preparam equipamento
para ação (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Força militar
Cento e setenta homens do Exército do Rio de Janeiro chegaram ao Espírito Santo nesta quarta-feira (26) para dar apoio às equipes que atuam no estado devido às chuvas. Segundo o major Trisi, 40 homens permanecerão na Grande Vitória e 130 irão para Colatina, na região Noroeste, um dos municípios mais afetados.
Além desses militares, setenta e dois homens da Força Nacional chegaram no domingo (22) de vários estados do país. Desses, 50 foram encaminhados para Linhares, Nova Venécia e Santa Leopoldina, e os demais permaneceram na Grande Vitória. Vinte bombeiros do Rio embarcaram na manhã desta quarta-feira (25) em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), na Base Aérea do Galeão. Eles fazem parte do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) e são especialistas em salvamento em desastres.
Vila Velha
Por determinação da prefeitura de Vila Velha, uma passagem vai ser aberta pela Rodovia do Sol para dar vazão às águas que estão inundando diversos bairros do município, na região do Guaranhuns. O local da abertura da pista vai ficar entre o viaduto e a ponte sobre o Rio Jucu. O prefeito Rodney Miranda se reuniu com representantes de diversas comunidades atingidas pelas fortes chuvas, no final da manhã desta quinta, e anunciou ações emergenciais.
Suspensão nas doações
O governo do Espírito Santo suspendeu temporariamente as doações feitas na Praça do Papa, em Vitória, para as vítimas das chuvas que atingem o estado há 11 dias. A partir desta quinta-feira (26), equipes irão organizar o que já foi doado no local para que nada seja desperdiçado.
A decisão foi tomada na terça (25) pelo governador Renato Casagrande junto com o coordenador da Defesa Civil Estadual e do comandante do Corpo de Bombeiros, por causa do grande número de donativos. “O ponto de doação da Praça do Papa precisou ser parado por um tempo devido a super lotação de alimentos. Mas os outros pontos de recolhimento continuam. As doações mais importantes no momento são cestas básicas e kit dormitório”, disse o governador.
FGTS
Os moradores de municípios atingidos pelas chuvas e que decretarem estado de calamidade ou situação de emergência podem sacar o dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na Caixa Econômica Federal. Os saques são para os cidadãos que tiverem conta e saldo no fundo e que não realizaram o saque do valor pelo mesmo motivo nos últimos 12 meses.
Voluntários na Praça do Papa, organizando as doações que chegam para os desabrigados do Espírito Santo (Foto: Gabriel Lordello/ A Gazeta)Voluntários na Praça do Papa, organizando as doações que chegam para os desabrigados do Espírito Santo (Foto: Gabriel Lordello/ A Gazeta)
Bairro Pontal das Garças alagado por águas da chuva, em Vila Velha, Espírito Santo. (Foto: Vitor Jubini/ A Gazeta)Bairro Pontal das Garças alagado por águas da chuva, em Vila Velha, Espírito Santo. (Foto: Vitor Jubini/ A Gazeta)

Na '40ª rodada', seis clubes vão entrar em campo no STJD

Portuguesa e Vasco sonham em se salvar da queda. Flamengo e Fluminense tentam se manter na Série A. Campeão Cruzeiro espera manter sua pontuação

O julgamento da Portuguesa no STJD
O primeiro julgamento da Portuguesa no STJD: clube quer reverter derrota (Ale Silva/Futura Press)
Depois de afirmar que o primeiro julgamento foi um jogo de "cartas marcadas", o presidente da Portuguesa acredita numa vitória no tapetão nesta sexta
Ao fim da 38ª rodada do Brasileirão 2013, Fluminense e Vasco da Gama estavam rebaixados para a segunda divisão. Depois de um primeiro julgamento, que passou a ser classificado pelos torcedores de "39ª rodada" do campeonato, a Portuguesa trocou de lugar com o Flu. No final da manhã desta sexta-feira, no Rio de Janeiro, a competição chega à "40ª rodada" - desta vez, com nada menos que seis clubes envolvidos. A sessão marcada para as 11 horas (de Brasília), na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), deverá definir os casos de Héverton, da Portuguesa, e André Santos, do Flamengo, mas ninguém acredita que o assunto terá se encerrado quando os julgamentos terminarem - os clubes já falam em recorrer à Justiça comum caso saiam derrotados. Assim, o Brasileirão deste ano provavelmente terá outras disputas - e elas deverão se estender pelos primeiros meses de 2014. O julgamento no pleno do STJD, última instância da esfera esportiva da Justiça, é cercado de expectativa principalmente em relação ao caso da Portuguesa, que perdeu quatro pontos em 16 de dezembro, na primeira avaliação do caso pelo tribunal. Apesar de seguir com o mesmo advogado, João Zanforlin, o clube paulista pretende utilizar outros argumentos para convencer os nove auditores a mudar os rumos do julgamento.
O novo corpo de auditores, aliás, também é uma das apostas da Portuguesa. Depois de afirmar que o primeiro julgamento foi um jogo de "cartas marcadas", o presidente da equipe paulista acredita numa vitória no tapetão nesta sexta. Manuel da Lupa mostra confiança no fato de ter três paulistas, três cariocas e outros três representantes de estados que não estão envolvidos na disputa judicial. Afinal, a briga para permanecer na elite envolve os gigantes cariocas Fluminense e Flamengo. Depois de terminar o Campeonato Brasileiro fora da zona de rebaixamento, a Portuguesa foi acusada de entrar em campo com um jogador irregular na última rodada. O clube alegou que a CBF não fez a notificação correta da punição - e essa será a principal linha de defesa nesta sexta. O STJD, porém, foi implacável e adotou a punição prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Com a perda dos quatro pontos, o Fluminense, que cairia para a Série B pelos critérios exclusivamente esportivos, conseguia escapar no tapetão pela terceira vez. O tribunal também adotou a mesma punição para o Flamengo, que só não acabou sendo rebaixado por causa da punição à Portuguesa.
Com isso, o novo julgamento nesta sexta abre três possibilidades para definir a degola - pelo menos antes que a Justiça comum seja envolvida no caso. Se Portuguesa e Flamengo conseguirem reverter a derrota inicial e saiam da sessão do pleno com a absolvição, o Fluminense jogará a segunda divisão em 2014. Se não houver mudança, o clube do Canindé será rebaixado. Para o time rubro-negro cair, ele deve ser condenado e os paulistas precisam reverter a pena. Apesar de não participar da confusão envolvendo as escalações irregulares de Héverton e André Santos, o Vasco da Gama também alimenta esperança de se salvar. O clube de São Januário ainda tenta anular a partida contra o Atlético-PR, na qual foi goleado por 5 a 1, resultado que culminou em seu rebaixamento. Com seu pedido negado acatado em um primeiro momento pelo STJD, resta o sonho de ver o cenário mudar no pleno. Poucos acreditam que o clube carioca terá sucesso. Por fim, o campeão Cruzeiro também será julgado, também por escalação irregular de um atleta. Para a equipe mineira, porém, o julgamento é uma mera formalidade para tentar preservar sua pontuação original na competição - não há risco algum de o time perder o título mesmo se for punido no julgamento desta sexta-feira.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Os bastidores de um negócio de US$ 4,5 bilhões

Por que, depois de 18 anos de intensas negociações, o governo, enfim, optou pela compra dos caças Gripen, descartando os concorrentes americano e francês. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, o comandante da Aeronáutica diz que o preço vai baixar

Claudio Dantas Sequeira
CACA-01-IE-2301.jpg
FIM DA NOVELA
Os aviões suecos, fabricados pela Saab, venceram a concorrência com
o francês Rafale, da Dassault, e o americano F/A-18, da Boeing
Foram 18 anos de uma guerra envolvendo os maiores lobbies da indústria aeronáutica. Ao longo de quatro mandatos presidenciais, a compra do caça de combate, que será usado pela Força Aérea Brasileira nas próximas três décadas, mobilizou interesses políticos e empresariais dos mais diversos. Na quarta-feira 18, a presidenta Dilma Rousseff pôs fim à novela e autorizou a divulgação do resultado final da concorrência, antecipado por ISTOÉ com exclusividade em seu site (www.istoe.com.br). Contrariando as especulações em torno dos caças americano F-18 Super Hornet e francês Rafale, sagrou-se vencedor o sueco Gripen NG. A decisão já estava delineada na cabeça de Dilma desde o início do mês e foi comunicada ao comandante da FAB, Juniti Saito, pela manhã. “Vocês levaram!”, disse ela durante almoço no Clube Naval. O anúncio oficial foi feito em coletiva de imprensa convocada à tarde pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, com a presença de Saito. Os fabricantes foram informados pelo próprio Amorim, minutos antes do evento. Para um processo que foi tantas vezes adiado, parecia improvável que Dilma tomasse uma decisão ainda neste mês. Como 2014 é ano eleitoral, já se falava no cancelamento definitivo do programa apelidado de F-X2. Justamente pelo timing eleitoral foi que Saito alertou Amorim em novembro sobre o risco de não haver clima para uma decisão e apelou para a habilidade diplomática do ex-chanceler. A presidenta foi sensível aos apelos de Amorim. Analisou o relatório sintético da short-list com a classificação de cada um dos concorrentes. Entusiasmou-se com a proposta da Saab: um monomotor de alto desempenho combinando tecnologia de ponta e baixo custo. E isso num pacote com condições de financiamento a longuíssimo prazo e ampla transferência de tecnologia. Sem dúvida a equação perfeita para um país que se projeta no cenário internacional como potência emergente, mas carece de recursos e ainda atravessa uma crise econômica renitente.
CACA-02-IE-2301.jpg
MARTELO BATIDO
A decisão foi comunicada ao comandante da FAB,
Juniti Saito, na manhã da quarta-feira 18: “Vocês levaram
!” 
 No início deste mês, Dilma pediu a Amorim um novo relatório, resumido, detalhando os critérios que levaram a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac) a indicar o Gripen como a opção de melhor custo-benefício. No resumo, o comando da FAB ressaltava ainda que o valor estimado de US$ 4,5 bilhões pelo pacote de 36 aeronaves poderia cair até 25%, com a nacionalização de 80% da estrutura do jato – segundo oferta da própria Saab. Também pesou o prazo de financiamento de 15 anos, com início de pagamento após a entrega do último lote de aeronaves. Dilma também foi informada de que a fabricante sueca já entregou os projetos de fuselagem do Gripen à Akae­r, empresa parceira da Embraer sediada em São José dos Campos (SP). Mais importante, porém, foi saber que a Saab está investindo US$ 50 milhões num centro de pesquisas aeronáuticas em São Bernardo do Campo, negócio articulado pelo prefeito petista Luiz Marinho com aval do ex-presidente Lula. O tema foi abordado por Dilma com Marinho e o próprio Lula na visita que fez a São Bernardo, na sexta-feira 13.
2.jpg 
No mesmo dia, Dilma encontrou-se com o presidente da França, François Hollande, que fez o último apelo pelo caça Rafale. Em vão. Diferentemente do antecessor Nicolas Sarkozy, o novo mandatário francês não tem a mesma sintonia com o governo petista. Em 2009, o então presidente protagonizou uma gafe ao anunciar a escolha do Rafale durante visita de Sarkozy. A FAB alertou que o processo de escolha não havia sido concluído e Lula foi obrigado a voltar atrás e “engavetar” o caso. A troca de comando no Palácio Eliseu e na equipe de negociação, além do constrangimento latente, acabou esfriando a relação com a fabricante Dassault. Seus concorrentes, porém, aproveitaram o lapso para fazer o “dever de casa”. A Boeing entrou pesado, firmou parcerias com a Embraer e assinou compromisso de desenvolver um novo caça tático de instrução. Interessada em ajudar a fabricante brasileira, Dilma insinuou escolher o F-18. Nos corredores do Ministério da Defesa e da FAB, era dado como certo o anúncio do acordo durante a visita de Estado que ela iria fazer a Washington em outubro, coincidindo com o Dia do Aviador. Mas o escândalo de espionagem da NSA tensionou o clima bilateral, a viagem foi cancelada e a compra dos Super Hornet tornou-se inviável. Insistir com os EUA poderia ser explorado por adversários durante a campanha eleitoral como um sinal de subserviência. Dilma capitulou.
3.jpg
 A escolha dos suecos tornou-se agora uma conveniência política que vai ao encontro da opção feita pela Copac, no relatório original de 2010. Na ocasião, o Gripen não tinha a simpatia nem de Lula nem do ministro da Defesa Nelson Jobim, que chegou a elaborar uma versão “política” indicando o Rafale como a melhor opção. Nessa guerra de versões, o resultado da avaliação técnica da Copac vazou para a imprensa, o que provocou novo embaraço e uma caça às bruxas dentro da FAB. Embora não se tenha encontrado o “vazador”, os adversários da Saab passaram a questionar a opção “técnica” da Aeronáutica. É que, para emplacar o Gripen, a fabricante sueca contratou um poderoso lobby de oficiais, como o brigadeiro reformado Fernando Cima, ex-coordenador da Copac na primeira edição do F-X, e o engenheiro Anastácio Katsanos, que foi vice-presidente militar da Embraer. Cima é até hoje recebido na FAB com a reverência que sua patente impõe e direito à continência de membros da própria comissão de licitação. Ambos sempre rejeitaram qualquer favoritismo no processo.
1.jpg
A cooptação de oficiais da FAB por empresas do setor aeronáutico é vista pelo mercado como um movimento natural. Seja como for, trata-se de uma brecha muito bem explorada. Quem vai produzir a aviônica (tecnologia eletrônica do avião) do Gripen, por exemplo, é a AEL Sistemas. Subsidiária da israelense Elbit, a companhia sediada em Porto Alegre detém os mais importantes contratos de modernização de aeronaves da FAB e já foi denunciada por ISTOÉ por empregar em cargos estratégicos filhos de brigadeiros ligados ao Alto Comando.
Fotos: Adriano Machado; Jose Cruz /Agencia Brasil;
foto: Michael Buholzer/REUTERS; Alan Marques/Folhapress

Chuva no ES causa oito mortes e deixa mais de 46 mil fora de casa

Defesa Civil confirmou mais três mortes por soterramento em Itaguaçu.
Presidente Dilma sobrevoa regiões afetadas, nesta véspera de Natal.

Do G1 ES
Três mortes por soterramento foram confirmadas no bairro Barro Preto, em Itaguaçu, Região Noroeste, na madrugada desta terça-feira (24), segundo a Defesa Civil Estadual. Entre as vítimas está uma criança, conforme informou o prefeito Darly Dettman. Com essas, já são quatro mortes no mesmo município e oito em todo o estado, por causa das chuvas.
No estado, mais de 46 mil pessoas precisaram deixar suas casas por causa da chuva, que deixou seis mortos e 49 feridos. Dos 78 municípios, em torno de 50 foram afetados, segundo o governador Renato Casagrande, que criou, nesta segunda-feira (23), um gabinete de crise para reforçar os trabalhos de ajuda às vítimas da chuva.
A presidente Dilma Rousseff chega ao Espírito Santo, na manhã desta terça, para fazer um sobrevoo em áreas de risco.  A agenda também prevê reunião com Casagrande e outras autoridades locais. Esta é a primeira vez que Dilma vem ao Espírito Santo depois de eleita. No domingo (22), o governo federal já havia enviado 72 homens da Força Nacional de Segurança para prestar socorro às famílias em áreas mais isoladas.
Mortes
Além das fatalidades em Itaguaçu, as outras mortes aconteceram no município de Colatina, outra em Nova Venécia, a terceira, em Baixo Guandu e um homem em Parajú, localidade em Domingos Martins.
Segundo o prefeito de Itaguaçu Darly Dettman, um deslizamento de terra atingiu duas casas no bairro Barro Preto. Cinco pessoas já foram resgatadas e estão internadas em hospitais da região. Outras quatro ainda estão desaparecidas. Equipes de resgate trabalham no local nesta manhã.
Volume de chuva
A região Serrana do Espírito Santo desperta a maior preocupação da Defesa Civil Estadual, nesta terça-feira (24), véspera de Natal. Segundo o órgão, a previsão é de que o volume de chuva ultrapasse os 100 milímetros, em 24 horas. As cidades que têm maior risco de enchentes e deslizamentos de terra são Itaguaçu, Itarana e Santa Maria de Jetibá.
Doações
Em meio a tanta tristeza, milhares de capixabas se uniram em uma corrente de solidariedade, na Praça do Papa, em Vitória, e organizam as doações. Até o final da tarde desta segunda-feira, haviam sido distribuídas mais de 2.500 cestas básicas, 62 mil litros de água e 3.500 colchões.
Abrigos
Entre as mais de 4 mil pessoas em abrigos das prefeituras, a esperança de passar o Natal em casa é o que prevalece. “Fico muito feliz em saber que tanta gente está ajudando. Espero poder passar o Natal em casa”, disse a moradora de Cariacica, Edna Bispo. Em Jardim América, Cariacica, 73 pessoas estavam abrigadas em uma escola, nesta segunda-feira.
A auxiliar de limpeza Maria José de Oliveira chegou ao abrigo no domingo. “Moro em Campina Grande e lá ficou tudo alagado. Fiquei com muito medo. Decidi procurar um abrigo. Não saiu a água da minha casa ainda. Perdi tudo na chuva dessa domingo. Não deu pra salvar nada. Se não fossem as doações, a gente estaria perdido. O meu amanhã vai ser melhor do que o hoje”, contou.
Vila Velha
Moradores dos bairros Cobilândia e Jardim Marilândia, em Vila Velha, fizeram um protesto, nesta segunda-feira (23): um churrasco em meio ao alagamento. Eles impediram o trânsito na Rua João Francisco Gonçalves e apenas ambulâncias tiveram a passagem permitida. Os moradores alegaram que, quando os veículos passam, jogam ainda mais água dentro de casas e de estabelecimentos comerciais.
São Gabriel da Palha
O município de São Gabriel da Palha foi atingido por duas enchentes em dois dias. Barrancos deslizaram e paredes de casas caíram. Em todo município, mais de 200 famílias tiveram que sair de casa e foram levadas para abrigos. Os prejuízos passam de R$ 20 milhões
Rodovias federais
Além dos problemas nas rodovias federais que cortam Linhares, Colatina e Domingos Martins, outros pontos em estradas também merecem atenção, de acordo com o DNIT. Os motoristas que passarem pela BR-101, em Cariacica, nos kms 280 e 288, devem ficar atentos ao trânsito em meia pista por causa de erosões no acostamento. Já na BR-381, em Nova Venécia, nos kms 50 e 54, o lado direito da pista está interditado.

Mais de 33 mil presos terão direito a saída temporária no fim do ano

Levantamento foi feito em 13 estados e no Distrito Federal.
Benefício é concedido a quem está em regime aberto e semiaberto.

Do G1, em São Paulo

Ao menos 33.850 presos que cumprem pena nos regimes aberto ou semiaberto vão receber, a partir desta terça-feira (24), o benefício da saída temporária em 13 estados e no Distrito Federal. A permissão segue a Lei de Execução Penal (7.210/84) e normalmente ocorre em datas comemorativas como Natal, Páscoa e Dia das Mães.
Segundo o Ministério da Justiça, somente detentos que cumprem pena no regime semiaberto e que tiveram autorização de trabalho fora dos presídios, ou que já saíram em anos anteriores, podem sair para as festas de fim de ano. Quem estiver sob investigação ou respondendo a inquérito disciplinar não tem direito ao benefício.
Durante o período em que estiver fora do sistema penitenciário, o monitoramento dos presos deve ser feito pelas secretarias de Segurança Pública de cada estado.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) do Rio de Janeiro informou que foram beneficiados para sair no Natal apenas 409 detentos. Em São Paulo, 24.921 terão direito ao benefício neste fim de ano.
Em Goiás, mais de 600 detentos nestas condições vão receber o benefício de saída temporária no Natal e Ano Novo. Conforme a legislação, eles devem ficar em liberdade por sete dias. Apesar de o estado ter tornozeleiras eletrônicas, os presos que receberem a permissão de sair temporariamente não vão usá-las. No ano passado, 336 detentos receberam autorização da Justiça para serem liberados durante as festas de fim de ano. Destes, 59 não voltaram.
Em Mato Grosso do Sul, 1.046 presos serão beneficiados por saídas temporárias de fim de ano, de acordo com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
Em Roraima, pelo menos 260 presos têm direito a sair temporariamente dos presídios. O retorno ao sistema prisional deve ocorrer até as 21h do dia 30.
Em Minas Gerais, 2.131 presos sob custódia da Secretaria de Estado de Defesa Social vão ter o benefício durante o Natal. No estado, os presos já cumprem a medida desde sexta-feira (20).
No réveillon, 783 detentos também vão ganhar a chance de passar o feriado com as famílias. Eles vão começar a cumprir a medida a partir do dia 30 de dezembro.
No Paraná, mais de 2,5 mil detentos do sistema semiaberto deixaram as carceragens em todo o estado desde domingo (22). Os presos que têm família em Curitiba e estão detidos no Complexo Penitenciário de Piraquara, têm de três a 12 dias para viajarem, enquanto aqueles cujos familiares moram no interior do Paraná ou em outros estados podem se ausentar de seis a 12 dias.Em 2012, das 1.450 pessoas que receberam o benefício em Piraquara, 95 não retornaram.
Em Rondônia, 411 presos, que estão em Porto Velho, terão o direito ao benefício de 20 a 27 de dezembro. O direito muda a rotina dos presidiários somente quanto a voltar para a cela e dormir. Em Cacoal (RO), 44 detentos cumprem pena em regime semiaberto e 23 terão o benefício concedido. Os apenados poderão se ausentar do estabelecimento penal para visita à família dos dias 24 ao dia 31.
Na Paraíba, cerca de 1,7 mil presos dos regimes aberto e semiaberto receberam o benefício de saída temporária. Eles devem retornar ao presídio na quinta-feira (26). São cerca de 500 homens e mulheres com o direito assegurado em João Pessoa e aproximadamente 200 apenados recebendo o benefício em Campina Grande.
Na capital paraibana, os presos já saíram nesta segunda-feira (23). Agentes e órgãos de segurança pública vão realizar fiscalizações nas ruas e dentro dos presídios durante o período.
No Distrito Federal, a medida vai beneficiar 1.328 presos, o que corresponde a cerca de 10% da população carcerária do DF, que é de aproximadamente 11 mil detentos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, os presos serão liberados às 10h desta terça-feira e deverão retornar às 10h de quinta-feira. Dos beneficiados, 129 são mulheres. Todos aqueles que não retornarem às penitenciárias no dia 26 serão considerados foragidos.
Em Alagoas, o benefício da saída temporária de Natal não é concedido há anos. O benefício é condedido a quem está no regime semiaberto, mas o estado não tem prédio para presos cumprirem este tipo de pena. A Colônia Agroindustrial São Leonardo foi interditada, em 2011, por determinação judicial. Segundo a Justiça, falta estrutura adequada para a ressocialização dos presos.
Em Sergipe, 180 internos dos presídios tiveram direito ao benefício durante o Natal.
No Acre, 220 presos tiveram o direito, a maioria deles na capital. Também estão confirmadas a saída de 26 presos em Sena Madureira e 21 em Cruzeiro do Sul.
Indulto
Ao menos 200 presos em Mato Grosso devem ter suas penas extintas e vão deixar os presídios neste ano, beneficiados pelo indulto de Natal. São homens e mulheres que tiveram bom comportamento nas unidades prisionais no decorrer de 2013 e que cumprem diversas penas. Contudo, o número é uma estimativa. Os pedidos foram encaminhados ao Tribunal de Justiça do Estado (TJMT) pelos juízes das varas de execução penais das Comarcas, responsáveis por selecionar os reeducandos que terão o benefício.
No entanto, a quantidade poderá ser ainda maior a partir da publicação do decreto da Presidência da República que concede anualmente o direito da extinção total ou parcial da pena a presos no país que não tiverem cometido nenhuma falta grave durante o ano. O decreto deverá ser publicado a partir do dia 20 de dezembro.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Por que o Brasil precisa dos caças?

Especialistas avaliam as razões de o país investir US$ 4,5 bi nos aviões.
Para analistas, aparato de defesa pode desenvolver indústria nacional.

Da BBC Brasil
Além de visar a substituição dos sucateados jatos Mirage e incrementar os mecanismos de defesa do território nacional, a compra de 36 caças anunciada pelo governo – após mais de uma década de consultas e negociações – teve, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o objetivo, mais ambicioso, de desenvolver a indústria nacional de defesa e dar um impulso à cooperação militar sul-americana.
O governo decidiu pela opção preferida dos militares, os caças Gripen, da fabricante sueca Saab, por US$ 4,5 bilhões. Foram preteridas duas gigantes do setor, a americana Boeing, que tem os aviões considerados os mais modernos, e a francesa Dassault, a mais cara.
A longa negociação e os custos em jogo, entretanto, levaram muitos brasileiros a questionar a necessidade da aquisição. Por que o Brasil, que é um país pacífico e há mais de um século não vê conflito em suas fronteiras, precisa gastar tanto em aparato militar?
"Para continuar a ser um país pacífico, o Brasil precisa respeitar e ser respeitado", explicou à BBC Brasil o especialista em relações internacionais da Universidade Federal do ABC Giorgio Romano. "E é por isso que o Brasil precisa ter aparato de defesa".
Com uma fronteira de mais de 8 mil quilômetros, a maior floresta equatorial do mundo e agora uma das maiores reservas de petróleo, o país precisa, segundo especialistas, mostrar que tem o que chamaram de "poder de dissuasão".
Para continuar a ser um país pacífico, o Brasil precisa respeitar e ser respeitado"
Giorgio Romano, professor da Universidade Federal do ABC
Indústria
Mas os interesses econômicos estratégicos por trás das compras não são menos importantes.
O fato de ser com a Suécia também é positivo. Se fosse fechado um acordo com os Estados Unidos, haveria contestação. Se fosse com a França, também haveria contestação. Com a Suécia, só vão falar que é inferior"
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos
Após o anúncio surpresa da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, ressaltaram que uma das razões cruciais pela escolha foi a disposição dos suecos em transferir tecnologia. Essa transferência daria impulso à indústria de defesa nacional.
Segundo Saito, o conhecimento sobre a fabricação desses aviões será passado à Embraer, que vai tomar parte na montagem das aeronaves no Brasil.
"Quando terminar o desenvolvimento, nós teremos propriedade intelectual desse avião, isto é, acesso a tudo", disse Saito.
Com isso, o Brasil almeja impulsionar a sua hoje modesta indústria de Defesa, que chegou a ocupar lugar de destaque no começo dos anos 1980, no fim do regime militar, perdendo força na primeira década da redemocratização.
Na ocasião, o Brasil foi um grande produtor e exportador de aparato militar. Um dos sucessos de venda foi o tanque Urutu. Ele foi usado, por exemplo, na invasão do Kuwait pelo Iraque nos anos 1990 e durante a Guerra do Golfo.
"Aí veio a crise do petróleo, outros fatores. Acabou tudo. Agora o Brasil tem uma política para retomar essa indústria. E uma série de infraestrutura vai nascer com os caças", segundo o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa.
Para o diplomata, os caças suecos "cabem nas nossas necessidades, de um país sem conflito", e a opção fazia sentido mediante a resistência de americanos e franceses em transferir tecnologia.
"O fato de ser com a Suécia também é positivo. Se fosse fechado um acordo com os Estados Unidos, haveria contestação. Se fosse com a França, também haveria contestação. Com a Suécia, só vão falar que é inferior", diz, lembrando que não se trata de uma simples compra, mas de uma decisão que pode causar movimentações nos bastidores da diplomacia internacional.
Reflexo geopolítico
"A transferência de tecnologia tem um reflexo geopolítico importante", diz Romano, da Universidade Federal do ABC. "O Brasil já não é só um país que compra (aparato militar). O Brasil já desenvolve o submarino nuclear. Agora poderá produzir caças aqui. Já não é mais um país pão e água".
Romano diz que "poucos países tem poder de compra desse tamanho" e esse fator, por si, será observado por outros países, embora não necessariamente aumente o status do Brasil no sistema internacional de segurança.
Mas para o diretor do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional da Unesp (Univesidade Estadual Paulista), Samuel Soares, um dos principais reflexos pode se dar na vizinhança sul-americana. E não se trata nesse caso de impor respeito, mas de conquistar um mercado para os futuros caças produzidos no Brasil.
"Quem sabe esse não seja o pilar de uma indústria de defesa subregional sul-americana, que pode reforçar a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que prevê isso", diz Soares.
"Além disso, com quem se coopera não se faz dissuasão", diz Soares, salientando que caso esse mercado regional se estabeleça, a tendência é um ambiente ainda mais pacífico no cenário regional sul-americano, que seria outro objetivo da política externa brasileira.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Lobby inconveniente

Franceses se reúnem com Lula para pressionar Dilma a comprar os caças Rafale, mas o governo praticamente descarta essa possibilidade


1.jpg
A presença do presidente da Dassault, Éric Trappier, na comitiva do francês François Hollande durante visita ao Brasil na semana passada poderia passar como um fato absolutamente normal, já que em eventos como esse é necessário que ocorram encontros de empresários de ambos os países em busca de acordos comerciais. Também seria natural que nos encontros oficiais, com a presidenta Dilma Rousseff e seus auxiliares, Hollande e Trappier procurassem retomar os entendimentos com o Brasil para vender o Rafale, caça supersônico produzido pela Dassault e que já foi tido como o favorito na disputa pela modernização da Força Aérea Brasileira. No entanto, o empenho dos franceses em vender seu peixe passou dos limites e se tornou inconveniente quando a questão deixou os gabinetes e passou para as salas de visitas em conversas particulares com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma evidente tentativa de buscar pressionar a presidenta Dilma, pois, como é sabido, Lula foi o principal defensor do Rafale.
2.jpg
Apesar do apoio do ex-presidente e da prometida transferência de tecnologia, o avião francês nunca contou com a aprovação da FAB e dos setores econômicos do governo, por ser o mais caro entre os concorrentes tanto na aquisição como na manutenção. Além disso, caso optasse pelo caça francês, o Brasil teria de refazer boa parte de seus hangares. Apesar dos acertos com a França, Lula deixou a decisão para Dilma, que tem outros planos. Até dois meses atrás, era dada como certa a compra dos caças americanos F-18. Um acordo com o presidente Barack Obama havia assegurado a transferência de tecnologia desejada pelo Brasil. O negócio só não foi anunciado por causa do escândalo das espionagens americanas, e Hollande busca agora se aproveitar disso. Na Aeronáutica, porém, nossos aviadores avaliam que chegou a hora de o governo considerar a compra do sueco Gripen, um avião que poderá ser desenvolvido em boa parte no Brasil. Mário Simas Filho

A segunda morte de JK

A Comissão da Verdade da Câmara de São Paulo quer que o País troque a polêmica versão do acidente que matou o ex-presidente por uma implausível hipótese de assassinato político sem comprovação

Alan Rodrigues
Chamada.jpg
ACIDENTE OU CONSPIRAÇÃO?
O carro em que o ex-presidente Juscelino Kubitschek viajava, destruído na via Dutra, em 1976
Guimarães Rosa tinha uma frase impecável para expressar a sua relação cética, mas enxerida, com os mistérios do mundo: “Não sei de nada, mas desconfio de muita coisa”. Uma interpretação linear dessa frase do escritor mineiro parece ter inspirado a Comissão da Verdade da Câmara de Vereadores de São Paulo em sua investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Passados 37 anos da tragédia, os vereadores produziram um relatório que se proclama conclusivo: “A Comissão declara o assassínio de Juscelino Kubitschek de Oliveira, vítima de conspiração, complô e atentado político”. O calhamaço montado pelos vereadores paulistanos junta, segundo eles, “90 indícios, provas, testemunhos, controvérsias e questionamentos” para chegar à conclusão de que houve o crime. A leitura da papelada mostra, porém, que ali há realmente quase tudo isso. Exceto “provas”. O que a Comissão Municipal da Verdade está sugerindo é que o País troque a plausível (embora mal documentada) versão de um acidente automobilístico pela inverossímil hipótese de um assassinato político que ainda carece de provas. Embora a remodelação incerta não ofereça nenhuma vantagem para a história brasileira, ela faz barulho por carregar a atração fácil das teorias conspiratórias.

Os historiadores registram que JK viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro ao anoitecer do domingo 22 de agosto de 1976. Ia ao encontro da bela Lúcia Pedroso, uma paixão semissecreta que havia 28 anos entrara em sua vida e o ajudava a suportar o “irrespirável” ambiente doméstico, como anotou em seu diário. Ele ia no banco de trás do Opala dirigido por Geraldo Ribeiro, que JK chamava de Platão, seu motorista por mais de três décadas. Na curva do quilômetro 165 da via Dutra, o Opala ultrapassou, indevidamente pela direita, um ônibus da Viação Cometa que acabou tocando-o na traseira esquerda. Desgovernado, o automóvel atravessou a pista e colidiu com uma carreta Scania-Vabis de 12 rodas que trafegava em sentido contrário. O carro foi arrastado por 30 metros, ficou destruído e seus passageiros estavam irreconhecíveis.
JK-02-IE-2300.jpg
DEFINITIVOS
Vereadores de São Paulo levantam contradições da
versão oficial, mas não apresentam provas de crime
 
A Comissão Municipal da Verdade propõe um cenário distinto. Levantando contradições em perícias, testemunhos controversos, elucubrações políticas e doses de pura especulação, joga sobre a fatídica curva da Dutra mais alguns veículos e um magnífico atirador. O carro de JK teria sido perseguido e empurrado por uma Caravan de agentes da ditadura militar brasileira. De dentro da camionete, a 90 quilômetros por hora, o atirador acertou a nuca do motorista Geraldo Ribeiro. Sem controle, o Opala atravessou a pista até ser abalroado pelo caminhão que vinha no sentido oposto. Tudo armado meticulosamente pelo general João Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI).

O problema básico da nova hipótese da Comissão Municipal da Verdade tem o tamanho de uma carreta Scania carregada de gesso. A Comissão aponta engodos da versão oficial e tentativas de suborno e intimidação por parte dos militares, arrola testemunhos que negam o choque do Opala de JK com o ônibus da Cometa, ouve gente que vislumbrou Geraldo Ribeiro desabado entre o volante e a porta do carro que cruzava as pistas e apresenta até um perito que diz ter visto um buraco de bala no crânio do motorista de JK. Mesmo que tudo isso se confirme, os membros da Comissão não resolveram um detalhe fundamental para que a tese da conspiração criminosa fique em pé: o Scania. Quem planejaria um assassinato que, para dar certo, dependeria de um caminhão que, trafegando desde o Rio de Janeiro, atingisse a curva do quilômetro 165 da Dutra no local preciso e no momento exato em que um Opala desgovernado estivesse atravessando a pista? Quem seria capaz de prever êxito numa empreitada dessas? Sem a carrreta não haveria morte, o carro de JK poderia ter passado direto para o outro lado da Dutra. E se, em vez do Scania, o Opala tivesse batido num Fusca, talvez Juscelino lastimasse apenas uma perna quebrada. Não havia, afinal, um modo mais simples de cometer um assassinato?
4.jpg 5.jpg
 O aparelho de repressão da ditadura militar brasileira não ficou afamado por expertise em inteligência nem ostenta histórico de sofisticação técnica. Sua rotina se resumia basicamente em moer de pancadas os militantes presos e, com auxílio de equipamentos baratos de tortura, arrancar nomes e endereços de encontros. Ações que se pretenderam mais espetaculares acabaram em tragédia e vexame, como no caso do Rio Centro, quando a bomba destinada a aterrorizar uma plateia de estudantes explodiu no colo do sargento que a carregava. Em inúmeros casos já comprovados a repressão também deixou marca de incompetência na armação de cenários destinados a esconder execuções sumárias de adversários. No caso de JK a Comissão Municipal da Verdade apurou vários indícios de que a documentação da tragédia sofreu manipulações e de que houve algum teatrinho. E é com base nesses achados que vereadores se animaram a seguir adiante para afirmar que a causa da morte de JK foi forjada. Circunstâncias que embasam a conclusão, entretanto, também são historicamente imprecisas.
2.jpg
Segundo a Comissão, Juscelino Kubitschek, presidente de 1956 a 1961, se articulava para disputar a presidência quando o País retornasse à democracia. E era isso que os militares queriam evitar. Os historiadores mostram, porém, que naquela época Juscelino já não fazia qualquer movimento que pudesse ser chamado de articulação. A ditadura ainda duraria mais nove anos e a última ação política de JK remontaria a 1968, quando ele tentou unir uma frente ampla, destroçada logo depois pelo AI-5. Aos 74 anos, com problemas de saúde, ele achava que não duraria muito. “O construtor de Brasília era um cassado, banido da vida pública havia 12 anos, intimidado por um processo em que a ditadura o acusava de enriquecimento ilícito. Sentia-se exilado em seu próprio País”, relata o jornalista Elio Gaspari em “A Ditadura Encurralada”, um dos quatro livros de sua monumental obra sobre os anos de chumbo. Em 1976, os projetos do ex-presidente eram mais singelos, circunscritos aos 300 alqueires da fazenda em Goiás. Costumava dizer que sua “escala de grandeza” havia se reduzido: “Em lugar de planejar a prosperidade do Brasil, planejo a construção de uma cocheira na fazenda”. O presidente Ernesto Geisel só foi informado sobre a morte de JK um dia depois, na segunda-feira, e reclamou dos assessores. O funeral de JK, oito anos após a edição do AI-5, trouxe o povo de volta às ruas, reunindo três mil pessoas numa passeata pelo Rio e 350 mil nos cortejos em Brasília. “Tanto pedi a Deus que esse homem não morresse no meu governo!”, lastimou Geisel.

Outra peça-chave do relatório da Comissão Municipal da Verdade deriva de inquirições feitas em 1996. Naquele ano, o ex-secretário particular de Juscelino Kubitschek, Serafim Jardim, questionou judicialmente a versão oficial da morte do antigo amigo e conseguiu a abertura de novas investigações. Por determinação da Justiça, o corpo do motorista do presidente, Geraldo Ribeiro, o Platão, foi exumado e a partir daí foi que surgiu uma das principais suspeitas sobre o caso. Um perito em balística, Alberto Carlos de Minas, que acompanhava a exumação, disse ter visto um furo de bala no crânio de Ribeiro. O perito prestou um novo depoimento à Comissão Municipal da Verdade em novembro. “Quando eles tiraram a caixa ossária eu vi o crânio”, disse Minas. “Vi um provável orifício provocado por entrada ou saída de arma de fogo”. O perito alega que “fecharam imediatamente a caixa e não me deixaram fotografar”. O laudo oficial da exumação acabou apontando a presença no crânio do motorista de um “pequeno fragmento metálico de forma cilindro-cônica, medindo sete milímetros de comprimento e diâmetro médio de dois milímetros”. A Secretaria de Segurança de Minas Gerais concluiu que o metal era “fragmento de prego enferrujado e corroído”. O vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão Municipal da Verdade, se inquieta com essas conclusões: “Prego de caixão vai entrar dentro do crânio de um cadáver? Isso é conto da carochinha. Não sei como o País pode ter acreditado nisso. Vamos pedir uma nova exumação”.
3.jpg 
A ideia da nova exumação desagrada Maria de Lourdes Ribeiro, filha do motorista de JK. Advogada, ela diz que não permitirá a exumação, pois considera “primária” a tese do tiro. “Seria mais confortável para mim se eu comungasse com essa tese”, afirma Maria de Lourdes. “Eu até poderia pedir indenização do governo, mas meu pai me ensinou que a mentira prende e a verdade solta. Meu pai não levou um tiro.” Com a posição firme e exemplar da filha de Platão, é bem provável que o relatório da Comissão Municipal da Verdade não tenha o poder de reescrever a história brasileira como pretendia. Pelo menos até que alguém decida patrocinar uma terceira morte de JK.  
Foto: Marcos Arcoverde/estadão conteúdo
Foto: Gutemberg Gonçalves/Futura Press/Folhapress)

Ex-executivos da Siemens incluem delator em conluios

Ex-diretor Everton Rheinheimer teria participação em cartel da CPTM

AE
METRO-03-IE-2297.jpg
Ex-executivos da Siemens disseram à Polícia Federal que Everton Rheinheimer, delator do cartel metroferroviário, tinha participação no conluio entre multinacionais do setor. Em depoimento à PF, de 7 de novembro, o engenheiro eletricista Peter Andreas Gölitz atribuiu a Rheinheimer atuação nos acordos com empresas para as licitações em São Paulo.

Gölitz é um dos seis lenientes que assinaram o acordo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 22 de maio, para revelar os movimentos do cartel nos governos do PSDB em São Paulo, entre 1998 e 2008. Ele afirmou que "era feita uma simulação dentro da Siemens sobre o preço mínimo que a empresa poderia fazer sem levar prejuízo".

Depois, disse Gölitz, esse estudo era repassado para Rheinheimer, seu superior hierárquico, então diretor da divisão de transportes da Siemens que, por sua vez, se reportava a Newton José Leme Duarte, também do escalão superior da companhia. Gölitz disse acreditar que "Rheinheimer se encontrava com diretores de outras empresas para ajustar a conduta de todas as empresas."

Rheinheimer fez delação premiada na PF em 14 de outubro. Ele fez revelações em cinco páginas sobre pagamento de comissões a políticos. Afirmou que as "contribuições" eram acertadas com diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô.

Segundo ele, "às vezes os repasses eram mensais, em outros casos ocorriam durante a execução do contrato". Contou que "os diretores" das estatais é que disseram a ele que as "contribuições" iam para políticos.

Rheinheimer declarou que um lobista "represava" parte dos repasses, o que "desagradava os políticos". Falou, ainda, sobre um jantar na casa do lobista, que reuniu políticos.

Outro leniente, o administrador Daniel Mischa Leibold, que trabalhou na multi alemã entre 1990 e 2008, disse à PF que Rheinheimer fazia "negociações com outras empresas do setor para a formação de consórcios ou subcontratação".

Ronaldo Cavalieri, que trabalhou na Siemens entre 1978 e 2008, relatou à PF que autorizou pagamentos para a Procint e a Constech, consultorias de Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira. As autorizações, segundo ele, sempre tinhas as assinaturas de Rheinheimer.

Segundo a PF, a Procint e a Constech eram intermediárias no pagamento de propinas a autoridades. O criminalista Eduardo Carnelós, que defende Arthur Teixeira, dono da Procint, rechaça com veemência a suspeita policial. "O sr. Arthur é um profissional de reputação, jamais foi lobista ou pagador de propinas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.