SELVA

SELVA

PÁTRIA

PÁTRIA

sábado, 31 de março de 2012

Salve 31 de Março de 1964

Revolução Democrática de 31 de Março de 1964


Exército
Exército








A Revolução Democrática de 31 de Março de 1964


Gen Div (Res) Ulisses Lisboa Perazzo Lannes




INTRODUÇÃO




Episódio decisivo de nosso passado recente, a Revolução Democrática de 31 de Março há 48 anos recebe do Clube Militar, singela e justa homenagem.


Em nossos dias, diante da avassaladora campanha há décadas conduzida pelos derrotados de 1964, “Comemorar a Revolução” adquire ainda maior significância, especialmente porque as gerações mais novas, expostas aos ventos da revolução cultural gramcista, foram ensinadas a ver, no 31 de Março, a data do “golpe que implantou no país os anos de chumbo de sanguinária ditadura militar.”


“Comemorar a Revolução” representa, portanto, preciosa oportunidade para refutar falsificações, exageros e mentiras; e, sobretudo, para recordar, compreender, avaliar, exaltar e escutar os acontecimentos, os feitos e os ensinamentos daquela momentosa quadra da História pátria.




31 DE MARÇO: TEMPO DE RECORDAR E DE COMPREENDER


Antecedentes. Nos primeiros anos da década de 1960 o Brasil passou a viver período de crescente instabilidade política, militar e institucional. Após o governo Juscelino Kubitschek, as eleições presidenciais de 1960 haviam consagrado o nome do Sr. Jânio Quadros. Vestido, ao longo da campanha, com a capa da moralização das práticas políticas e do combate à corrupção, desde logo o novo presidente revelou seu temperamento instável e autoritário e passou a assumir atitudes que pouca dúvida deixavam quanto a suas reais intenções de investir-se de poderes discricionários. Cerca de seis meses após assumir o governo, simulou renunciar à presidência, alegando não poder enfrentar as “forças ocultas” que o impediam de cumprir os compromissos assumidos com o povo brasileiro.


Sabedor das sérias objeções e restrições que se faziam ao vice-presidente — o João Goulart (o“Jango”) — contava Jânio que a simulada renúncia não seria aceita e que o clamor público o faria retornar ao Palácio do Planalto com plenos poderes, livre e desimpedido das amarras constitucionais.


O estratagema não funcionou! O Congresso aceitou a renúncia e preparou-se para empossar o vice-presidente, então em viagem pela China Comunista. Visto pela oposição e pelas Forças Armadas como herdeiro da política varguista e simpático ao comunismo, a posse de Goulart enfrentou sérias resistências, dividiu o Exército e colocou o país à beira da guerra civil. Diante do impasse, adotou-se o parlamentarismo, e Goulart, finalmente, assumiu a presidência em 7 Set 1961, como chefe de estado, mas não de governo.


De duração efêmera, o regime parlamentarista foi rejeitado pela esmagadora maioria da população, em plebiscito realizado em janeiro de 1963.


O caos programado. Investido dos plenos poderes presidenciais, João Goulart rapidamente passou a conduzir ações no sentido de implementar projeto golpista que desaguaria em um regime totalitário de esquerda. Insuflado e orientado por seu cunhado, Leonel Brizola, pregava a necessidade de “reformas de base” e a implantação de uma “república sindicalista”. Controlando o aparelho sindical, o governo promovia o grevismo, a anarquia e o caos, e o país passou a viver dias de intranqüilidade, estagnação econômica e inflação descontrolada. Enfrentar e debelar tão graves problemas, afirmavam Jango e seus aliados, impunha a necessidade urgente de “reformas de base”, “com ou sem o Congresso, na lei ou na marra!” A mensagem não poderia ser mais clara!


Os comunistas. Aliado ao esquema governista, porém com seus próprios objetivos, identificava-se ainda um projeto revolucionário marxista-leninista, conduzido pelo Partido Comunista Brasileiro e seu líder, Luiz Carlos Prestes. A manobra revolucionária buscava uma “frente única” e a concretização de uma “Revolução Democrática Burguesa”, ao aliar-se à insurreição “burguesa” de Goulart e Brizola. Ao adotar esse processo, o PCB revelava fiel e rígida observância às diretrizes de Moscou, que recomendavam o “assalto ao poder pela via pacífica”, em contraposição a linhas de ação mais açodadas e radicais (foguistas, trotskistas e maoístas), defensoras da luta armada.


As Forças Armadas. Curiosamente, ambas as correntes — a janguista-brizolista e a comunista — viam na adesão e participação das Forças Armadas e, em especial do Exército, condição imprescindível para a conquista de seus objetivos.


Para isso, fazia-se mister neutralizar, enfraquecer e solapar as lideranças contrárias aos seus desígnios e montar um “dispositivo militar” confiável, capaz de permitir e apoiar a ensandecida marcha no rumo do totalitarismo. Os chefes militares foram classificados em dois grandes grupos: havia os “generais do povo” e os “entreguistas”; as divisões internas foram fomentadas; e criou-se artificial e perigosa cisão entre oficiais e graduados. Os sagrados princípios da hierarquia e da disciplina passaram a sofrer permanente ataque.


Em janeiro de 1964, em viagem a Moscou, Prestes deixou claro o papel e a importância dos militares brasileiros no processo revolucionário vermelho:


... Oficiais nacionalistas e comunistas assegurarão, pela força, um governo nacionalista e antiimperialista... As reformas de base acelerarão a conquista dos objetivos revolucionários... O grande trunfo será o dispositivo militar.




A Escalada e os Cenários Prováveis.


Em março de 1964, a desordem e a intranqüilidade atingiram novos patamares. Sucediam-se as greves, e aumentavam as arruaças e ameaças de intervenção de grupos armados ligados a Brizola. A população sofria com o desabastecimento, os freqüentes e inopinados cortes de energia elétrica e a quase diária paralisação do transporte público.


Arregimentada pela grande imprensa, pela Igreja católica e por líderes políticos, a opinião pública começara a protestar e a participar, maciçamente, de manifestações contra aquele estado de coisas. Em tão conturbado ambiente, três eram os cenários mais prováveis para a evolução do quadro nacional: a implantação de um regime ditatorial de esquerda; o agravamento do anarquismo sindical; e a eclosão de uma guerra civil com conotações ideológicas. Claramente, a sucessão democrática normal, prevista para ocorrer no ano seguinte (1965) tornava-se a cada dia mais distante e implausível.Confiantes nas “forças populares” e no apoio do “dispositivo militar”, Jango, Brizola e Prestes buscaram escalar a crise, na certeza de alcançar, em curto prazo, desfecho favorável a seus propósitos.


Três episódios caracterizariam essa decisão: o comício realizado em frente ao prédio da Central do Brasil, em 13 de março, marcado pela agressividade e radicalização das posições; o motim de marinheiros e fuzileiros navais, em 25 de março; e o discurso pronunciado por João Goulart no Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército, em 30 de março.


O desfecho: um golpe? Dos três acontecimentos, os dois últimos influenciariam decisivamente a evolução dos acontecimentos, ainda que de maneira diametralmente oposta à imaginada por Goulart e seus companheiros de viagem. A incitação ao motim; o estímulo à quebra da hierarquia e da disciplina; a virulência de Jango; e a clara intenção de aprofundar a anarquia e a desordem despertaram nas forças vivas da nação a necessidade de pronta e enérgica reação, ainda que à custa da quebra da ordem constitucional. A destemida e intrépida decisão dos Generais Mourão e Guedes de iniciar, em Minas Gerais, com absoluta inferioridade de meios, o deslocamento em direção ao Rio de Janeiro e a Brasília, aglutinou e catalisou a resposta da sociedade brasileira aos desmandos e à subversão. A rapidez com que o movimento se fez vitorioso, sem encontrar a menor resistência de nenhum setor da sociedade, constitui a melhor prova do repúdio popular ao esquema golpista engendrado por Goulart e seus aliados.


A momentânea quebra da ordem institucional, respaldada e legitimada pelo Congresso e pelo imenso apoio popular, salvou a democracia, ameaçada pela intimidação do parlamento, pela pressão das massas sindicalizadas e pela anarquia das Forças Armadas. Desse modo, o 31 de Março de 1964... é, primordialmente, um fato político e não uma quartelada, como insinuam seus adversários e detratores...*


Não pode, pois, ser rotulado como golpe militar, como, aliás, atestou o jornalista Roberto Marinho, em editorial do jornal O Globo de 7 de outubro de 1984:


”Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada... Sem o povo, não haveria revolução, mas apenas um “pronunciamento” ou “golpe” com o qual não estaríamos solidários.”


· Gen José S. Fábrega Loureiro e Cel Pedro Schirmer, em “A Revolução de 1964” - Correio Brasiliense, 29 Mar 04.




31 DE MARÇO: TEMPO DE AVALIAR


Uma ditadura? Desencadeada para impedir a implantação do totalitarismo de esquerda, a Revolução demoraria muito mais do que o inicialmente previsto e desejado por seus líderes para devolver o podera um civil eleito democraticamente.


A causa principal do alongamento do regime reside, sem dúvida, na necessidade de enfrentar a subversão e a luta armada, intensificadas a partir de 1968 por organizações comuno-terroristas. Pela mesma razão, viu-se obrigado a lançar mão, em momentos extremos, de recursos amargos para impedir o país de mergulhar em prolongada guerrilha urbana e rural, deflagrada com o claro objetivo de implantar no país a “ditadura do proletariado”. Não obstante o necessário e eventual uso de medidas de força, a Revolução sempre teve como meta o restabelecimento pleno da democracia. Aliás, é bom lembrar que seu último presidente, o General Figueiredo, governou durante seis anos sem nenhum dos poderes discricionários outorgados por atos revolucionários.


Não parece justo, portanto, acoimar de ditatorial um regime que exigiu o rodízio de lideranças, não praticou o culto da personalidade, não adotou o modelo do partido único, manteve os instrumentos de legalidade formais e, por fim, auto-limitou-se. Mais uma vez, a palavra do jornalista Roberto Marinho ilustra e esclarece:


“Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, um regime de força, consolidado há mais de vinte anos, que tenha utilizado seu próprio arbítrio para se auto-limitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa. É esse, indubitavelmente, o maior feito da revolução de 1964.” (Julgamento da Revolução - O Globo - 7 de outubro de 1984)


Os êxitos. Ao restabelecer o clima de ordem e paz e o princípio da autoridade, o período revolucionário propiciou profundas, benéficas e duradouras transformações. Nunca antes, na história deste país (e nem depois), viveu-se tempo de tão acelerado progresso e concretas realizações. O quadro abaixo permite esclarecedora comparação:


Período 1964/84 1985/89 1990/94 1995/02 2003/07


Média/Ano 6,29 4,39 1,24 2,31 3,78


Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Expresso em % do PIB - Fonte: IBGE


Apresentando taxas de crescimento não mais atingidas, o Brasil passou do 49º para o 8º lugar, entre as economias do mundo. Dentre outros feitos, a infra-estrutura do país foi modernizada e ampliada; todas as capitais estaduais passaram a ser interligadas fisicamente, por estradas de muito boa qualidade; incorporou-se efetivamente a Amazônia ao patrimônio nacional; desenvolveram-se as indústrias navais e aeronáuticas; criaram-se a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrária e a Empresa Brasileira de Telecomunicações; multiplicou-se por 9 a potência elétrica instalada, por 6 as reservas de petróleo e por 15 as receitas com exportações; e as fronteiras econômicas expandiram-se, com a adoção do Mar de 200 Milhas.


Iguais êxitos foram alcançados na área social, por intermédio de medidas como, por exemplo, a incorporação à Previdência Social de 20 milhões de trabalhadores rurais; a promulgação do Estatuto da Terra; a criação de órgãos e instrumentos de ação social como o FGTS e o PIS/PASEP; e a instituição do MOBRAL e do Projeto Rondon.


Diante de tão expressivas e incontestáveis realizações, não é exagero afirmar-se que a Revolução modernizou o Brasil e plantou as bases físicas que, ainda hoje, alicerçam a caminhada do país no rumo do pleno desenvolvimento, como sociedade livre e democrática.


Certamente, equívocos foram cometidos. O balanço, todavia, é inquestionavelmente positivo, e a análise isenta do período, “descompromissada com o emocionalismo próprio dos perdedores”, certamente revela resultados extremamente favoráveis, muito diferentes da “versão construída pelas esquerdas, com bases em referências ideológicas inconsistentes e ultrapassadas”.


31 DE MARÇO: TEMPO DE EXALTAR


Comemorar a Revolução Democrática de 31 de Março de 1964 é também exaltar!


Exaltar e homenagear as lideranças civis e militares que há quarenta e quatro anos demonstraram a visão, o arrojo e o destemor para arrostar os perigos da hora presente e arrastar a nação pelos caminhos que haveriam de possibilitar a preservação da democracia e a preservá-la do comunismo.


Exaltar e homenagear os chefes militares que exerceram a presidência da república com os olhos postos, somente, na grandeza e nos interesses da pátria. Que pautaram suas atitudes pelo comedimento e pelo decoro; que levaram uma vida austera, sem jactâncias ou demonstrações de arrogância; que não se entregaram a conchavos, buscando reeleger-se ou perpetuar-se no cargo; que não permitiram o culto a suas personalidades; que não vacilaram em adotar medidas duras e impopulares, em vez de ceder às práticas do assistencialismo e do populismo voltados para a manutenção de vantagens eleitorais; que selecionaram equipes administrativas com base no mérito, e não para atender interesses subalternos; que se portaram com altivez e independência, sem se preocupar em agradar grupelhos e corriolas ideológicas; que procuraram servir, e não servir-se do cargo para enriquecer ou enriquecer seus familiares; e que, ao término dos mandatos, saíram de cena com a serenidade própria de quem soube cumprir a missão.


Exaltar e homenagear, principalmente, os incontáveis brasileiros, militares e civis, heróis anônimos que travaram e venceram o “Combate nas Trevas” contra a luta armada desencadeada em nossas cidades e no campo por ensandecidos brasileiros cooptados por facções do comunismo internacional.


A expressiva frase cunhada pelo General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque, antigo Ministro do Exército, hoje gravada nas paredes de várias de nossas organizações militares, sintetiza a exaltação e a homenagem devidas a esses compatriotas:


“Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora de agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e terroristas, de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia”


Sim, estaremos sempre solidários, enquanto proclamarmos, com a força e o vigor possíveis, a “Grande Mentira” contida na afirmação de que a luta armada originou-se da opressão exercida pelos governos revolucionários, sobretudo a partir da edição do Ato Institucional Nr 5. Pois, como revela o corajoso e franco depoimento de ex-integrante de um grupo guerrilheiro (sublinhados acrescentados),


Não compartilho a lenda de que no fim de 1960 e no início de 1970 nós (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentem como instrumento da resistência democrática.*


Estaremos sempre solidários, enquanto lembrarmos que o sacrifício supremo feito por tantos brasileiros tombados na defesa da democracia e da legalidade não recebe ou recebeu as vultosas e obscenas indenizações pagas com dinheiro público aos que roubaram, assaltaram, seqüestram e mataram.


Estaremos sempre solidários enquanto repudiarmos as tentativas de opor o “Exército de hoje, democrático e profissional”, ao “Exército de ontem, golpista e torturador”.


Estaremos sempre solidários, enquanto não permanecermos em acovardado silêncio diante da farsa de meliantes que, em vez de se envergonharem de seus crimes ganham redobrada ousadia e organizam-se para difamar e até levar às barras dos tribunais honrados militares que cumpriram o duro dever de combatê-los.


Estaremos sempre solidários, enquanto compreendermos que a democracia impõe a convivência harmoniosa e respeitável entre contrários, mas não exige a bajulação, a subserviência, as homenagens e as condecorações a antigos agitadores e terroristas que, de armas na mão, procuraram levar a Nação à anarquia e ao comunismo.


31 DE MARÇO: TEMPO DE ALERTAR


Comemorar o 31 de Março, finalmente, convida-nos a ouvir vozes de alerta! Alerta, porque (para usar as palavras de respeitado Chefe militar) “No momento em que carece o país de exemplos de lealdade, de prática da verdade, de honestidade, de probidade e de seriedade; no momento em que ventos antidemocráticos sopram na América do Sul; no momento em que se no momento em que se reescreve e distorce a História, com vil visão marxista”, é preciso relembrar e meditar sobre os ideais de 1964.


Depoimento prestado por Daniel Aarão Reis, ex-militante do MR-8, atualmente Professor de História Contemporânea na Federal Fluminense, em entrevista a O Globo reescreve e distorce a História, com vil visão marxista”, é preciso relembrar e meditar sobre os ideais de 1964.


Alerta, porque, apesar de todas as demonstrações de tolerância, respeito à ordem democrática e perdão aos criminosos de ontem, as Forças Armadas continuam marginalizadas e tratadas com descaso e mal disfarçada hostilidade. Alijadas das esferas decisórias da República, em nome da concórdia tudo têm aceito, até o inaceitável, como o pagamento de régias recompensas a traidores e desertores que se levantaram para implantar, em nosso país, ditadura de modelo castrista, maoísta e soviética.


Alerta, porque, na revolução cultural gramcista, “Heróis não são mais os que morreram pela liberdade, mas os que mataram pela escravidão, e as homenagens não são mais para os homens da lei, mas para os homens sem lei”.


Alerta, porque enquanto o banditismo alimentado pelo tráfico de drogas aterroriza cidades, ceifa vidas e enluta milhares de famílias; o país integra foro de países que trata como aliada organização narco-guerrilheira de país vizinho, com claras e evidentes ramificações em nosso território.


Alerta, porque, tolerados e apoiados pelo Estado e pelo estrangeiro, grupos revolucionários atuam livremente em todo o país e com invulgar capacidade de mobilização, invadem terras produtivas, destroem propriedades, incendeiam instalações e depredam preciosos laboratórios, na certeza de que estão acima e além da lei.


Alerta, porque a pretexto de defender etnias indígenas, organizações não-governamentais e entidades com sede no estrangeiro controlam, na prática, ponderáveis porções do território nacional; e, recentemente, conseguiram, até mesmo, proibir um oficial-general do Exército de acompanhar, em área sob sua jurisdição, visita de autoridade ministerial.


Alerta, porque a sociedade, anestesiada por décadas de intoxicante doutrinação, assiste, impassível, a omissão e a cumplicidade criarem, no país, clima de desapreço à verdade e à ética, de desrespeito à justiça, de desmoralização de instituições, de negociatas e escândalos.


Que “o Brasil de todos” (de todos os brasileiros de bem), o Brasil verde e amarelo azul e branco, o Brasil que soube dizer “Não!” à cor vermelha em 1964, ao ouvir essas vozes de alerta, possa responder como as sentinelas das velhas fortalezas portuguesas, que em suas rondas rompiam o silêncio da noite com o brado: “Alerta estou!”.


CONCLUSÃO


Como qualquer data histórica, comemorar a Revolução de 31 de Março de 1964 requer serena reflexão, para que possamos efetivamente entendê-la, avaliá-la, exaltá-la e dela retirar ensinamentos.


Não se esgota, porém, nesses verbos, a tradicional comemoração promovida pelo Clube Militar.


Porque, ao comemorá-la e proclamar seus feitos e ideais, o que fazemos é buscar a fé e a inspiração para continuar a lutar pela preservação das liberdades democráticas da Nação e a trabalhar pela construção de uma Pátria justa... E pelo bem do Brasil!


XXX...XXX




Cercear a “Liberdade de Expressão” é ferir a Democracia. O Exército está CENSURADO! Qual o FUTURO de um POVO cujo Exército não tem VOZ? Calaram os QUARTÉIS... Mas não podem nos CALAR! A conquista da Democracia é uma luta diuturna, se fraquejarmos, também seremos CENSURADOS. Comemorar o 31 de março é defender a Democracia...




Ajude a Democracia DIVULGUE ESTE MANIFESTO!




E no dia 31, se vista de verde ou amarelo, coloque a Bandeira Nacional na fachada da sua morada ou no carro. Comente com as pessoas a importância deste fato Histórico.





Lembrem-se! Os opositores da democracia estão de volta e trabalham céleres para nos impor a ditadura do proletariado. PENSE NISSO!





Israel x Palestina: dos dois lados do muro

A reportagem do site de VEJA visita cidades palestinas e israelenses para mostrar como é a vida cotidiana num momento em que o aparato de segurança e vigilância de Israel define a vida dos dois povos

Cecília Araújo, de Jerusalém
Cidade Velha, ponto turístico e religioso de Jerusalém, vista de cima

Cidade Velha, ponto turístico e religioso de Jerusalém, vista de cima (Cecília Araújo / VEJA)

O caminho de Jerusalém a Ramallah é em parte ladeado por um muro de mais de oito metros de altura, que termina num emaranhado de arame farpado. Suas dimensões ficam mais claras quando mulheres, apequenadas, passam a pé ao seu lado. A estrutura é um fragmento da barreira que separa Israel da Cisjordânia – território palestino que abriga, no entanto, diversas colônias judaicas. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Defesa de Israel, a barreira tem hoje 515 quilômetros de extensão. Quando estiver terminada, terá 790 quilômetros – 93% de arame, 7% de concreto. Sua construção teve início há dez anos, em meados de 2002, no auge do levante palestino conhecido como Segunda Intifada. Na época, atentados praticados por homens-bomba haviam se tornado um flagelo permanente nas cidades israelenses. Erguidos para impedir a movimentação dos terroristas, muros e cercas cumpriram sua função: em 2002, atentados mataram 450 judeus, contra 25 em 2011. Hoje, a maior parte dos ataques ao território israelense se deve aos morteiros Qassam lançados pelo Hamas, grupo fundamentalista islâmico que controla Gaza, o outro enclave dos palestinos, na fronteira com o Egito e às margens do Mediterrâneo. Arame e concreto são, no entanto, apenas a parte visível do sistema de controle que Israel consolidou na última década - e que hoje define o conflito entre judeus e palestinos.
Antes da Segunda Intifada, que teve início em 2000, o tema das fronteiras entre Israel e uma futura nação palestina era o que mobilizava as lideranças dos dois lados. Em 1993, um acordo foi firmado em Oslo, na Noruega, visando à criação de dois estados e indicando quais seriam os limites territoriais de cada um. As negociações, no entanto, logo emperraram. Nos anos seguintes, assentamentos judeus proliferaram na Cisjordânia. Em paralelo, radicais palestinos lançavam mão do terror, até que a escalada de atentados nas maiores cidades de Israel provocou a construção da barreira de segurança e marcou o fim desse momento no confronto entre os dois povos.
Como têm observado diversos analistas, o fracasso do processo político que pretendia culminar na criação de dois estados teve duas consequências. A primeira foi reforçar, na prática, o controle de Israel sobre toda a terra que se estende da margem ocidental do rio Jordão às praias do Mediterrâneo. Mesmo sem governar formalmente os territórios palestinos de Gaza e da Cisjordânia, é Israel quem define, com uma miríade de passes, autorizações e registros, quem pode entrar ou sair dessas áreas, quem nelas pode fixar residência ou exercer atividades econômicas, quais os bens que nelas podem circular.
Na viagem de Jerusalém a Ramallah, por exemplo, é necessário passar por um checkpoint, onde militares israelenses armados com fuzis fazem a fiscalização das pessoas que transitam por ali. Para quem sai de Israel e entra na Cisjordânia, o controle é um pouco menor, especialmente se os passageiros dos veículos não usam os trajes árabes. Na volta, a fila pode durar horas. "Nas passagens feitas para os colonos judeus, os carros raramente são parados", explica um taxista de origem árabe, mas portador do documento de identidade azul, que lhe dá acesso mais fácil a Jerusalém e outras áreas israelenses. A identidade verde, da maioria dos palestinos que vivem na Cisjordânia, exige de seu portador permissões específicas para cada deslocamento: por motivo religioso, de saúde, de trabalho etc.
O controle militar e burocrático, é óbvio, também se reflete na economia dos territórios palestinos. Em 2011, registrou-se um aumento de 7% no comércio entre Israel e Cisjordânia. Foi significativo o crescimento da compra de produtos palestinos pelos israelenses, segundo dados fornecidos pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel. "Temos trabalhado intensamente nos últimos anos com os palestinos e a comunidade internacional para garantir o desenvolvimento econômico da Palestina e diminuir os obstáculos para seu progresso", diz a diretora do escritório de assuntos econômicos do Ministério de Relações Exteriores israelense, Yael Ravia-Zadok. Mas, segundo Filippo Grandi, maior autoridade da ONU em assuntos humanitários no Oriente Médio, essa evolução econômica é "artificial e inconstante". Diz ele: “O comércio depende de muitas aprovações e restrições.”

A segunda consequência do colapso dos acordos de Oslo foi trazer de volta para a dianteira o elemento étnico e cultural que sempre esteve no cerne do embate entre judeus e palestinos, mas que parecia ter ficado em segundo plano nos anos em que as negociações versavam sobre terra e fronteiras. Isso, obviamente, é uma péssima notícia. Em lutas desse tipo, há muito pouco espaço para compromissos.
Um sinal do novo peso do elemento étnico no conflito é emitido pelos árabes que vivem em Israel propriamente dito – uma minoria de cerca de 1,4 milhão de pessoas, contra 7 milhões de judeus. Legalmente, eles desfrutam de cidadania – mas reclamam continuamente de discriminação política e de receberem fatias significativamente menores do dinheiro do estado para financiar, por exemplo, educação ou moradia. Segundo um artigo recente da revista britânica The Economist, isse se traduz em descrença nas instituições de Israel e em crescente identificação com os palestinos dos territórios ocupados. Diz a reportagem: “Muitos que costumavam se identificar como árabes israelenses hoje se apresentam como ‘palestinos com cidadania de Israel’.” Conselheiro do gabinete de Ehud Barak, primeiro-ministro de Israel entre 1999 e 2001, o cientista político Menachem Klein, da universidade de Bar Illan, é um dos mais destacados defensores da tese de que segurança e etnia são hoje as questões-chave não somente para grupos minoritários, mas para a maioria da população judaica, num processo que enfraquece as bases da democracia israelense. “Ao contrário do que acontecia na década de 1990, quanto a sociedade israelense se mostrava mais aberta que nunca aos valores liberais, hoje os judeus de Israel se sentem menos inclinados a incluir os palestinos em sua esfera política”, diz ele no livro The Shift: Israel-Palestine from Border Struggle to Ethnic Conflict.
Desde sua fundação, em 1948, Israel foi alvo do ódio irracional da vizinhança muçulmana. Do Hamas na Faixa de Gaza ao regime iraniano dos aiatolás e de Mahmoud Ahmadinejad, o estado judeu permanece na mira de grupos que não aceitam que sua existência é legítima e que declaradamente buscam a sua destruição. Nessas circunstâncias, um sistema poderoso de segurança e vigilância é um imperativo. Mas, a longo prazo, manter sistemas desse tipo representa um ônus para sociedades democráticas - o que Israel sempre foi e continua sendo. É contra esse pano de fundo que o site de VEJA publica a partir deste sábado uma série de reportagens especiais, mostrando a textura da vida cotidiana para judeus e palestinos no momento atual. Em uma cidade israelense, por exemplo, brinquedos de crianças são também abrigos contra ataques com foguetes, e as mulheres não usam saltos nas ruas porque precisam estar prontas para correr a um sinal de perigo. Enquanto em um campo de refugiados palestinos, os moradores precisam de acompanhamento médico e psicológico para superar os traumas de terem suas casas invadidas e parentes presos no meio da noite.

Quem tem medo de cachoeira

Bicheiro preso pela PF ameaça empresários e políticos com material explosivo. Gravações estariam escondidas numa chácara em Anápolis

Claudio Dantas Sequeira

chamada.jpg
DEVASTADOR
Pivô do escândalo que levou à queda de Waldomiro Diniz da Casa Civil em 2004,
Carlinhos Cachoeira diz ter em seu poder novos grampos contra políticos

Nas últimas semanas, a revelação das conexões do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos, empresários e policiais estremeceu a capital federal. O arsenal de informações contidas no inquérito da Operação Monte Carlo foi tão devastador que conseguiu silenciar uma das principais vozes da oposição, o senador Demóstenes Torres (DEM/GO). O parlamentar, porém, pode não ser o único a cair em desgraça sob a acusação de manter ligações perigosas com o contraventor. Para tentar entender por que Cachoeira atemoriza tanta gente, mesmo isolado numa pequena cela do presídio federal de Mossoró, Rio Grande do Norte, ISTOÉ ouviu pessoas ligadas a ele. Os relatos dão conta de um esquema milionário que abasteceu o caixa 2 de diferentes partidos. Os pagamentos eram acertados pelo próprio Cachoeira com os arrecadadores de campanha. E o que mais provoca temor em seus interlocutores e comparsas: a maioria dessas negociatas foi devidamente registrada pelo empresário da jogatina.

Em pouco mais de uma década, o bicheiro acumulou um vasto e explosivo acervo de áudio e vídeo capaz de comprometer muita gente graúda. Na operação de busca e apreensão na casa de Cachoeira no início do mês, a PF encontrou dentro de um cofre cinco CDs avulsos.
No entanto, outra parte do material – ainda mais explosivo – estava escondida em outro lugar, uma chácara em Anápolis (GO). O local sempre serviu como espécie de quartel-general para reuniões do clã Cachoeira, além de esconderijo perfeito para seu acervo de gravações. Conforme apurou ISTOÉ, nos vídeos que ainda estão em poder de Cachoeira não constam apenas reuniões políticas ou pagamentos de propina. Lá há registros de festinhas patrocinadas por ele com a presença de empresários e políticos. Uma artilharia capaz de constranger o mais desinibido dos parlamentares.

img2.jpg
FIM DE LINHA
Flagrado em conversas nada republicanas com o contraventor, o senador Demóstenes
Torres deixou a liderança do DEM no Senado. Constrangido, avalia renunciar ao mandato

O modus operandi de Cachoeira não é novidade. Em 2004, uma dessas gravações deflagrou o escândalo que levou à queda de Waldomiro Diniz, ex-assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Depois do escândalo, ele foi para a Argentina, de onde passou a operar. No Brasil, quem gerenciava o jogo para o bicheiro, num esquema que movimentou R$ 170 milhões em seis anos, era seu braço direito Lenine Araújo de Souza. Cachoeira também contratou arapongas bastante conhecidos em Brasília, como Jairo Martins, o sargento Dadá e o ex-delegado Onésimo de Souza. Consta do inquérito da PF que pelo menos 43 agentes públicos serviam a Cachoeira.“Quem detém informação tem o poder”, dizia o bicheiro. Antes de ser preso, ele recebia mensalmente gravações e um relatório dos monitoramentos dos alvos e dava novas diretrizes de ação, inclusive a elaboração de perfis de autoridades de interesse. Boa parte disso está guardada em seu QG, a chácara em Anápolis. Este mês, dois novos vídeos circularam na imprensa. Neles, o bicheiro conversa com o deputado federal Rubens Otoni (PT- GO) sobre pagamentos para a campanha do petista. Até agora, Otoni não se explicou. A divulgação da conversa com Otoni, porém, foi uma pequena amostra do poder do bicheiro. Apenas um dos vários recados que ele enviou a Brasília desde que foi preso em fevereiro. Pessoas próximas a Cachoeira dizem que ele ainda tem muita munição. As mensagens foram captadas pela cúpula petista, que acionou o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Ele reuniu-se com a mulher de Cachoeira, Andressa, no último dia 21, e pediu que convencesse o marido a se controlar, com a promessa de que conseguiria retirá-lo da cadeia em breve. Andressa voou para Mossoró e deu o recado de Thomaz Bastos ao bicheiro. Desde então, ele silenciou à espera do habeas corpus.

Ao mesmo tempo, porém, Carlinhos Cachoeira mandou espalhar que possui gravações contra políticos de um amplo espectro partidário. É o caso, por exemplo, dos integrantes da chamada bancada do jogo que defendia a regularização dos bingos no País. Além do deputado goiano Jovair Arantes (PTB), arrolado no inquérito da Operação Monte Carlo, mantinham contatos frequentes com Cachoeira os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Lincoln Portela (PR-MG), Sandro Mabel (PR-GO), João Campos (PSDB-GO) e Darcísio Perondi (PMDB-RS). Todos têm mantido silêncio absoluto sobre a prisão de Cachoeira.

img1.jpg
ALVOS
Segundo a PF, Cachoeira teria alimentado campanhas do governador
de Goiás, Marconi Perillo (acima), e do deputado petista Rubens Otoni (abaixo)

img.jpg

A lei do silêncio foi seguida também pelo senador Demóstenes, que, além de presentes, teria recebido pelo menos R$ 1 milhão do esquema do bicheiro. Para investigar essas e outras, Demóstenes teve seu sigilo bancário quebrado pelo STF na quinta-feira 29. Outro que em breve terá de se explicar é o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Segundo o inquérito da PF, Cachoeira indicava pessoas para cargos de confiança no governo Perillo. A PF suspeita ainda que o dinheiro repassado por Cachoeira às campanhas de vários políticos viria não só da contravenção, mas de contratos entregues a empreiteiras para quem o bicheiro serviu de intermediário.

img3.jpg

sexta-feira, 30 de março de 2012

Brasil envia helicópteros para o resgate de dez reféns das Farc

Aeronaves vão hoje ao norte do AM; operação deve ser na segunda

ISABEL FLECK

DE SÃO PAULO

Os helicópteros e militares brasileiros que ajudarão no resgate de dez reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) partem hoje de Manaus para São Gabriel da Cachoeira, norte de Amazonas, de onde seguem para a operação na Colômbia.

A expectativa é que o resgate seja realizado na segunda-feira, de acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, um dos responsáveis pela operação.

Segundo as Farc, os dez reféns -quatro militares e seis policiais- são os últimos em seu poder.

Serão usados na ação dois helicópteros Cougar do Exército brasileiro, que têm capacidade para até 24 pessoas cada um -mas devem voar com menos passageiros por questões de segurança.

O governo brasileiro também enviará à Colômbia um avião cargueiro médio com peças de reposição dos helicópteros e equipe de mecânicos. No total, mais de 20 militares foram destacados.

Em São Gabriel da Cachoeira, os helicópteros brasileiros serão caracterizados com emblemas da Cruz Vermelha.

O cronograma inicial prevê que os dois helicópteros e o avião cheguem no domingo a Villavicencio, a 75 km de Bogotá. Nesta cidade, aguardarão o sinal verde das Farc para a operação, por meio da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz, da ex-senadora Piedad Córdoba.

O acordo prevê que o local exato do resgate só seja divulgado horas antes. A maioria dos reféns está em poder das Farc há mais de dez anos.

Queremos atos e não mais só palavras, diz Blatter sobre Copa-2014

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi duro com o Brasil na manhã desta sexta-feira ao afirmar que é hora do Brasil agir para preparar-se para a Copa-2014. Sua fala está no contexto da irritação da entidade com os atrasos nas obras de estádios, aeroportos e infraestrutura no Mundial.

Tolga Bozoglu - 22.mar.12/Folhapress
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, em entrevista coletiva
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, em entrevista coletiva

"Convidamos o Brasil a continuar o desenvolvimento do que eles começaram [Copa]. Pelo menos votaram a lei no Congresso. A bola está no campo deles agora para jogar. Queremos atos e não mais só palavras", afirmou o dirigente.

Sua resposta foi após uma pergunta ao secretário-geral Jérôme Valcke sobre suas declarações de que o país deveria levar "um chute no traseiro" para acelerar as obras. Blatter não permitiu que ele respondesse e falou sobre o assunto.

Ele afirmou que Valcke já pediu desculpas pela declaração e entende que este caso está encerrado com as autoridades brasileiras. "Situação encerrada", disse ele, que confirmou que Valcke continua a ser o encarregado da Fifa para o Mundial.

Em uma reunião na Suíça nesta semana, membros da Fifa já tinham cobrado o Brasil por causa dos atrasos nas obras para o Mundial.

Na ocasião, integrantes do COL (Comitê Organizador Local) projetaram mais gastos para aprontar estádios até a Copa das Confederações de 2013, evento que servirá de teste. Oficialmente, o comitê negou.

Além da preocupação com obras em alguns estádios, as críticas ao andamento da modernização de aeroportos, ao número reduzido de hotéis e ao transporte interno local, também já tinham sido feitas.

LEI GERAL DA COPA

Só na quarta-feira, os deputados aprovaram nesta quarta-feira a Lei Geral da Copa, sem a liberação explícita da venda de bebidas alcoólicas durante o Mundial e a Copa das Confederações.

Destaques que pediam a inclusão no texto, de forma explícita, a proibição da venda de bebidas, foram rejeitados pelos deputados.

O projeto agora segue para análise do Senado. Se a redação for mantida, a Fifa poderá ter que negociar diretamente com os 7 dos 12 Estados-sede da Copa que vedam o consumo em suas arenas.

A cúpula da Fifa se irritou com o fato de não ter sido liberada a venda de álcool na Lei Geral da Copa. Mas não deve ter dificuldade para impor a comercialização de bebidas aos Estados.

O contrato entre as cidades-sedes do Mundial e a entidade (chamado de "Host Agreement") impõe a facilitação de todas as necessidades dos parceiros da Fifa, segundo apurou a Folha.

"A palavra está com Demóstenes", diz Agripino

Presidente do DEM cobra resposta do senador sobre ligação com Carlinhos Cachoeira e diz que o caso precisa ser resolvido de forma rápida

Gabriel Castro
Com Demóstenes sangrando, torna-se mais evidente a falta de quadros de peso no DEM para reerguer o partido

Com Demóstenes sangrando, torna-se mais evidente a falta de quadros de peso no DEM para reerguer o partido (AE)

A situação de Demóstenes Torres (DEM-GO) dentro de seu partido se agrava a cada dia. O silêncio do senador e a enxurrada de novas denúncias têm minado o apoio ao parlamentar. O presidente da legenda, José Agripino Maia, ainda espera a resposta que o colega prometeu dar na tribuna assim que tivesse acesso ao inquérito, o que já foi garantido: a defesa do senador terá o material em mãos nesta sexta-feira.

"Agora, a palavra está com ele, para cumprir aquilo que disse", afirma Agripino. Demóstenes, que tem se mantido em silêncio, havia prometido subir à tribuna para se defender assim que fosse informado das acusações.

De acordo com o comandante do DEM, as novas revelações tornam mais grave a situação do senador: "São fatos pesados que exigem esclarecimentos". Agripino espera que Demóstenes apresente, já na semana que vem, sua versão dos fatos. A expectativa é de que, logo depois, a executiva da legenda se reúna para discutir o caso. O encontro estava marcado para a próxima terça-feira, mas foi cancelado porque, com o feriado de Páscoa, muitos parlamentares estarão fora de Brasília.

Agripino diz que o veredito sobre Demóstenes deve ser dado nas próximas semanas. "É preciso que haja uma decisão rápida", afirmou. Ele acredita que, dessa forma, não haja reflexos do caso sobre a imagem do partido nas eleições municipais – o primeiro passo da legenda na tentativa de se reerguer depois de sucessivos revezes nos últimos anos. Ainda segundo o presidente do partido, o DEM não vai titubear se for preciso expulsar da sigla o senador, um dos nomes mais promissores do partido antes do surgimento do escândalo.

Acusações - Demóstenes Torres foi atingido em cheio pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal. As autoridades desmontaram uma extensa rede criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira, empresário e controlador da máfia dos caça-níqueis no estado de Goiás. Foram presos policiais militares, civis e federais que tinham participação no esquema. Mas a maior surpresa veio de conversas entre Demóstenes Torres e Cachoeira, interceptadas pelos policiais. Além de ter recebido do criminoso um presente de casamento no valor de 30 000 dólares, o senador foi flagrado pedindo auxílio financeiro e negociando o uso de um jatinho de Cachoeira. O parlamentar também usou sua influência para facilitar negócios do chefe de quadrilha, que está preso.

Conversas reveladas pelo Jornal Nacional nesta quinta-feira tornaram a situação do senador ainda mais complicada. Cachoeira aparece negociando recursos com comparsas e, em vários trechos, cita o nome do parlamentar. Carlinhos Cachoeira chega a falar em "um milhão do Demóstenes". Horas antes, o PSOL entregou ao Conselho de Ética do Senado um pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o parlamentar.

Brasil é denunciado na OEA por caso Vladimir Herzog

O Brasil foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) por não apurar as circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do Exército, em São Paulo, em 1975.

Segundo a denúncia, o "Estado brasileiro não cumpriu seu dever de investigar, processar" e punir os responsáveis pela morte de Herzog.

Jornal do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
Foto do jornalista Vladimir Herzog morto em uma cela, em 25 de outubro de 1975
Foto de Herzog morto em uma cela, em 25 de outubro de 1975

O Itamaraty confirmou ter recebido a comunicação da OEA no dia 27 de março e está preparando uma resposta.

O caso foi levado ao organismo internacional, que já condenou o Brasil por omissões nos crimes da ditadura militar (1964-85), por entidades de direitos humanos, como Cejil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional), FIDDH (Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos), Grupo Tortura Nunca Mais e Instituto Vladimir Herzog.

O caso Herzog voltou a ser discutido no início de fevereiro, após a Folha revelar em reportagem a identidade de Silvaldo Leung, fotógrafo que foi usado pela ditadura para registrar a morte do jornalista.

Segundo depoimento de Leung, a cena do suicídio foi forjada. O fotógrafo, então aluno da Academia da Polícia Civil de São Paulo, disse que não teve liberdade para fotografar o cadáver do jornalista, como normalmente fazem os peritos fotográficos, e alega que foi perseguido.

Após a revelação da Folha, autoridades do governo envolvidos com o tema, como é o caso do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), defenderam que o assunto fosse novamente investigado.

Apresentado como suicida pelo Exército, a versão começou a ser contestada logo no dia da morte de Vlado, como o então diretor de jornalismo da TV Cultura era chamado.

Segundo testemunhas, após comparecer espontaneamente no DOI-Codi de São Paulo para prestar depoimento, Herzog morreu após ser barbaramente torturado. Depois, os agentes da repressão armaram a cena para tentar simular o suicídio.

Um inquérito militar instaurado ainda em 1975 confirmou que o jornalista se matou. Mas em 1978 a Justiça condenou a União pelo assassinato de Vladimir Herzog.

Nos últimos 20 anos, contudo, duas ações foram propostas para apurar as circunstâncias do assassinato, mas em ambos os casos a Justiça arquivou as investigações com base na Lei da Anistia e no argumento de que o crime prescreveu.

O argumento das organizações de direitos humanos para o caso ser investigado, baseado na própria jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, diz que "são inadmissíveis as disposições de anistia, as disposição de prescrição e o estabelecimento de excludentes de responsabilidade, que pretendam impedir a investigação e punição" de quem cometeu graves violações aos direitos humanos, como torturas e assassinatos.

Após análise da comissão e da manifestação do Estado brasileiro, o caso provavelmente será levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, instância superior que poderá condenar o Brasil --como o fez em dezembro de 2010 por causa dos mortos e desaparecidos na guerrilha do Araguaia.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Manifestação no Centro do Rio acaba com confronto e detidos

Grupo protestou contra evento que lembrava o Golpe de 64.
Até as 17h30 havia pelo menos duas pessoas detidas.

Do G1 RJ, com informações da Globo News

Policiais jogam spray em direção direção de manifestantes (Foto: Celso Pupo/Foto Arena/AE)Policiais jogam spray em direção direção de manifestantes (Foto: Celso Pupo/Foto Arena/AE)

A manifestação que era prevista para ser pacífica no Centro do Rio, na tarde desta quinta-feira (29), acabou em pancadaria e com a detenção de duas pessoas. O ato, contra evento que relembrava no Clube Militar o Golpe de 1964, aconteceu na Avenida Rio Branco.

Militares foram abordados ao entrar e sair do clube e eram chamados de "torturadores" pelos manifestantes. Muitos saíram por uma porta lateral para não passar pelo ato. A PM montou um cordão de isolamento da saída do clube até uma das entradas d a Estação Cinelândia do Metrô.

O confronto começou no momento em que a polícia tentava liberar a avenida, tomada pelos manifestantes que levavam faixas, bandeiras e gritavam palavras de ordem.

Mapa (Foto: Editoria de Arte/G1)

O grupo jogou ovos nos policiais, que revidaram com gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Até as 17h30, pelo menos duas pessoas tinham sido detidas.

De acordo com a polícia, a Avenida Rio Branco chegou a ficar fechada por sete minutos. Pouco antes das 18h, apenas duas faixas seguiam tomadas pelos manifestantes, que fechavam ainda a Rua Santa Luzia. O trânsito - já tumultuado no Centro do Rio de Janeiro no fim da tarde - ficou ainda mais complicado.

O protesto ocorreu contra um evento agendado para esta quinta por militares que queriam relembrar o Golpe de 64 no Clube Militar. De acordo com o site do clube, o evento “1964- A Verdade” estava marcado para as 15h desta quinta, no Salão Nobre da sede. Os painelistas convidados eram o jornalista Aristóteles Drummond, Dr. Heitor De Paola e o general Luiz Eduardo Rocha Paiva.

Nas redes sociais, os organizadores do chamado Ato Contra a Comemoração do Golpe de 64 afirmaram que o protesto seria pacífico.“Não se trata de revanchismo mas apenas de esclarecimentos que não podem ser apagados na história da política brasileira”, afirma o aviso do protesto na internet, que defende a Comissão da Verdade, criada para investigar os crimes ocorridos durante o regime militar.

Manifestantes queimam cartaz em protesto no Centro do Rio (Foto: Fábio Motta/AE)Manifestantes queimam cartaz em protesto no Centro do Rio (Foto: Fábio Motta/AE)

Supremo autoriza quebra de sigilo bancário de Demóstenes

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou na tarde desta quinta-feira, a pedido da Procuradoria Geral da República, a quebra de sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O pedido é referente a um período de aproximadamente dois anos, época em que ele foi flagrado em diversas ligações telefônicas com o empresário Carlos Augusto Soares, o Carlinhos Cachoeira, investigado por suspeita de contravenção. O empresário está preso preventivamente desde o dia 29 de fevereiro, em meio à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou uma quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis.

O senador aparece em conversas telefônicas, interceptadas com autorização judicial, com Cachoeira. Demóstenes admite que recebeu do empresário um telefone especial para conversas entre os dois. A investigação policial gravou cerca de 300 diálogos entre o senador e o empresário de jogos por pelo menos oito meses.

O democrata também ganhou de Cachoeira um fogão e uma geladeira, presentes que segundo Demóstenes foram oferecidos por um "amigo" quando se casou no ano passado.

O ministro do Supremo, que é relator do inquérito sobre o senador, também enviou pedido ao presidente do Senado, José Sarney, para que ele informe a relação de emendas ao Orçamento da União apresentadas por Demóstenes.

As informações sobre o inquérito foram passadas pelo próprio Lewandowski, após uma série de pedidos da imprensa para ter acesso aos autos do inquérito do STF. Ele disse que não poderia prestar informações detalhadas sobre o caso, pois trata-se de uma investigação sob segredo de Justiça baseada em conversas telefônicas protegidas pelo sigilo.

Ao requisitar a lista das emendas apresentadas por Demóstenes, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, indica que uma de suas linhas de investigação será analisar se o senador utilizou prerrogativas de seu cargo para favorecer Cachoeira.


Sérgio Lima - 27.mar.2012/Folhapress
Demóstenes Torres deixa o Senado na última terça após passar o dia em seu gabinete
Demóstenes Torres deixa o Senado na última terça após passar o dia em seu gabinete

Em relação à quebra de sigilo bancário, a mesma decisão foi proferida em relação a outros investigados, mas seus nomes não foram informados por Lewandowski.

O ministro ainda disse ter determinado o envio de ofícios a órgãos públicos, federais e estaduais, que deverão enviar cópia de contratos celebrados com empresas que aparecem nos diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização judicial. Ele não informou, no entanto, quais são os órgãos e as empresas citadas.

PEDIDOS NEGADOS

Nem tudo o que foi pedido por Gurgel, no entanto, foi autorizado. O procurador-geral queria o acesso automático a dados financeiros do Banco Central, para agilizar as investigações. Lewandowski, no entanto, afirmou que todas as informações requisitadas pela PGR deverão passar pela aprovação do Supremo.

O ministro também negou pedido para a realização de um depoimento de Demóstenes Torres, por entender que o momento ainda é prematuro.

Além disso, Gurgel havia pedido a abertura de outro inquérito, no Supremo, para investigar deputados que foram citados nas conversas. Lewandowski, porém, requisitou que o procurador-geral explique melhor qual é o seu objetivo.