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domingo, 30 de setembro de 2012

Ciente do risco de condenação, Dirceu revive agora incertezas dos anos 1960

Fausto Macedo e Felipe Recondo, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO/ BRASÍLIA - Quarenta e quatro anos depois que o regime de exceção o capturou e ele foi obrigado a deixar o País, José Dirceu de Oliveira e Silva está na iminência de ser condenado e corre o risco de voltar à prisão, agora na vigência de democracia, onde instituições como o Supremo Tribunal Federal funcionam sem a tutela do governo.
Dida Sampaio/AE
Um dos principais réus do mensalão, Dirceu defende que é inocente
Um dos principais réus do mensalão, Dirceu defende que é inocente - Dida Sampaio/AEDaquela vez, em 1968, líder estudantil, foi aprisionado em Ibiúna, nos arredores de São Paulo, e seguiu para o exílio no México, depois para Cuba - trocado, ele e mais 13 companheiros da luta armada, pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick.
Aos 66 anos, Dirceu está no banco dos réus. Não é mais Carlos Henrique Gouveia de Mello, nome que adotou na clandestinidade, e a articulação que lhe atribuem agora é outra, a de mentor do mensalão, maior escândalo do governo Lula.
Nos autos da ação penal 470, é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Seu julgamento deve ter início na quarta-feira, com o voto do relator, ministro Joaquim Barbosa.
Entrevistas o ex-ministro não tem dado. Vez ou outra tem uma conversa informal com jornalistas. Experimenta noites de angústia o mineiro de Passa Quatro, onde estudou em colégio de padres franceses nos anos 1950, e que, em 2003, se tornou o ministro mais poderoso do governo petista, no comando da Casa Civil.
Ministros. Com interlocutores de Dirceu é possível constatar que certeza ele tem da condenação - até já ligou para o ex-presidente e trataram do julgamento. Reservadamente, tem comentado sobre o ministro Dias Toffoli, que advogou para o PT e não se deu por impedido. "É questão da consciência dele."
Melancólico, mantém o mesmo perfil contestador. "Não há precedentes no Supremo (da suspeição). Senão, o Gilmar Mendes tinha que se declarar impedido em uns dez casos graves que ele votou no governo Fernando Henrique. Nenhum juiz no STF se declarou impedido por qualquer tipo de relação que teve."
Dez ministros da Corte máxima examinam os termos da denúncia da Procuradoria-Geral da República. "Está suficientemente demonstrado que José Dirceu seria o mentor, o chefe incontestável do grupo, a pessoa a quem todos os demais prestavam deferência", cravou Barbosa, na ocasião em que votou pelo recebimento da denúncia.
Após quase 30 sessões, o Supremo já condenou muitos mensaleiros, até o delator da trama, Roberto Jefferson, deputado cassado, como Dirceu. Agora, chegou a vez do ex-ministro - e de José Genoino e Delúbio Soares que exerciam a presidência e a tesouraria do PT.
A expectativa é que seja condenado por corrupção ativa - a pena de reclusão vai de 2 a 12 anos, acrescida de um terço "se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional".
Mas os votos das ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber abrem uma brecha para que ele seja absolvido do crime de quadrilha - pena de um a três anos.
Difícil saber se ele será condenado a mais de oito anos, o que implicaria regime fechado. O relator tem dito que alguns ministros começam a fazer cálculos para que as penas sejam mais baixas.
O advogado José Luís Oliveira Lima, defensor de Dirceu, entregou memoriais e fez sustentação oral. Categórico, o criminalista de tanto prestígio rechaça o libelo do procurador. "Não há uma só prova de que José Dirceu participou de compra de votos."
Do Supremo ele fala com deferência. Por aí, ora no condomínio fechado de Vinhedo, interior paulista, ora na companhia de antigos militantes, pondera. "Os jornais têm todo o direito de ter posição sobre o processo e pedir até condenação, mas eu tenho o direito também de falar que eles (jornais) estão fazendo isso. Não me queixo da imprensa, se quisesse dava entrevista toda semana."
Acredita que não está isolado. Outro dia, gabou-se. "Eu tenho apoio. Desde o dia que eu fui cassado nunca fui a um Estado sem ser recebido por governador, inclusive da oposição, prefeito, Assembleia. Porque mensalão não é visto como Zé Dirceu."
A quem o aborda sobre a compra de votos no Congresso, mantém a toada. "Não houve mensalão. Eu fui acusado de chefiar uma organização criminosa, o que não é verdade. Eu nunca conversei com Delúbio Soares, com Genoino, com Silvio Pereira, com Marcos Valério sobre isso. Eu nunca conversei sobre finanças. Eu fui ser ministro, eu saí dia 23 de novembro e deixei a presidência do PT."
Enquanto aguarda sua hora, a rotina de Dirceu tem sido protestar contra a acusação que o desconforta. "Não tem ninguém que fala ‘Zé Dirceu me telefonou.’" Em desabafo recente, a indignação: "Eu tive sigilo bancário, telefônico e fiscal quebrado. Passei dois anos sob devassa da Receita. Recebi atestado de idoneidade da Receita. Eu vivi de salário a vida toda. Passou dois meses o Ministério Público entrou com uma ação contra mim por enriquecimento ilícito, agora arquivada no STJ. Como é que pode um País assim, gente? Tem que provar que eu era chefe de quadrilha, provar que eu fiz corrupção, que eu autorizei, eu dei dinheiro. Isso não existe, nem fiz, nem está nos autos."

Aos 83 anos, morre a apresentadora Hebe Camargo

Rainha da TV brasileira lutava contra um câncer e não resistiu a uma parada cardíaca na madrugada deste sábado

Terra
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Morreu na madrugada deste sábado (29), aos 83 anos, a apresentadora de TV Hebe Camargo. Ela teve uma parada cardíaca enquanto dormia em sua casa, no Morumbi, em São Paulo. Hebe lutava desde janeiro de 2010 contra um câncer no peritônio.
No dia 27 de agosto, Hebe Camargo recebeu alta do Hospital Israelita Albert Einstein, onde ficou internada por 13 dias para um tratamento de suporte nutricional e metabólico. Em 2010, Hebe descobriu um câncer no peritônio, a membrana que envolve o aparelho digestivo. Ela retirou o tumor e fez sessões de quimioterapia.
Hebe foi um dos maiores ícones da história da TV brasileira. Filha de Ester e Fego Camargo, ela nasceu no dia 08 de março de 1929, data em que também é comemorada o Dia Internacional da Mulher, em Taubaté, São Paulo. Teve uma infância humilde, mas sua trajetória de sucesso lhe proporcionou grandes contratos nas maiores emissoras do País.
Lembrar da carreira de Hebe Camargo é traçar a história da TV no Brasil. Ela começou a vida artística na década de 40 como cantora no quarteto Dó-Ré-Mi-Fá com sua irmã Estela e as primas Helena e Maria. O grupo acabou três anos depois e Hebe e Estela criaram a dupla caipira chamada Rosalinda e Florisbela. Como a parceria durou pouco, Hebe resolveu seguir carreira solo e ficou muito popular na época.
Hebe foi convidada por Assis Chateaubriand para participar da primeira transmissão ao vivo da televisão brasileira, no bairro do Sumaré, em São Paulo, em 1950. Mas não apareceu no evento, sendo substituída por Lolita Rodrigues, de quem foi amiga sua vida toda. Na época ela alegou estar doente, mas em 2007 confessou em um programa de TV que não quis aparecer porque acompanhou o namorado em uma festa e também porque considerava a letra do hino horrível.
A carreira de cantora continuou e ela gravou um disco em homenagem a Carmem Miranda. Com isso, ganhou o título de Estrelinha do Samba e, posteriormente, A Estrela de São Paulo. Hebe chegou a participar de filmes de Mazzaropi (1912-1981) e contracenou com Agnaldo Rayol em um deles.
Apresentadora
Hebe inicialmente substituiu Ary Barroso num famoso programa de calouros e todos perceberam seu talento como apresentadora. Em 1955, ela mudou radicalmente o seu visual, de cabelos pretos para loiros, como ficou conhecida até sua morte. Passou a apresentar o primeiro programa feminino da TV brasileira, O Mundo é das Mulheres, na TV Paulista, Canal 5, antecessora da Globo. Nessa época, chegou a apresentar cinco programas por semana.
O formato da atração já era semelhante ao programa que teve até a sua morte. Ela recebia convidados famosos em seu sofá. Entre uma das participações mais célebres está a do doutor Barnard, que fez o primeiro transplante de coração do mundo.
Casamento
Em julho de 1964, Hebe interrompeu sua carreira de apresentadora para se casar com o empresário Décio Capuano. Os dois tiveram o único filho da artista, Marcello Camargo.
Mas logo ela retomou seu trabalho, com um programa na rádio Excelsior. Em 6 de abril de 1966, estreou na TV Record o Programa Hebe, tendo como convidado o cantor Roberto Carlos. A atração bateu recorde de audiência, chegando a obter 70% dos telespectadores.
A apresentadora terminou sua união com o empresário Décio Capuano em 1971. Dois anos depois, conheceu Lélio Ravagnani, com quem viveu até 2000, ano em que ele morreu.
Retorno para a TV
Hebe ficou longe da TV quase 10 anos e retornou em 1981 na TV Bandeirantes. Ela ganhou um programa exibido nas noites de domingo e, posteriormente, às sextas-feiras. Depois de quatro anos de sucesso, a direção da emissora decidiu acabar com a atração.
Em 1985 ela recebeu convite do SBT e, em novembro do mesmo ano, assinou contrato. A estréia aconteceu no dia 4 de março de 1986. A artista apresentou também, entre agosto de 1991 e dezembro de 1993, o Hebe Por Elas, programa de entrevistas só com mulheres, e chegou a ter, por curto período, uma atração nas tardes de domingo.
Em 2011, Hebe mudou mais uma vez de emissora e fez sua estreia na RedeTV!, inaugurando uma nova fase na carreira de sucesso. O formato do programa, no entanto, continua o mesmo e o sofá de Hebe acabou se transformando em uma instituição da televisão brasileira.
Discos
A carreira de cantora foi retomada em 1999. Hebe gravou o CD Pra Você. O show de lançamento do disco, realizado no Palace, alcançou enorme repercussão e originou uma turnê pelas principais capitais do País. Já o CD Como é Grande o Meu Amor por Vocês - Hebe e Convidados foi lançado em agosto de 2001, com as participações especiais de Chico Buarque, Caetano Veloso, Zezé di Camargo e Luciano, Simone, Nana Caymmi, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo e Fábio Jr.
Novelas
Hebe fez poucas participações especiais em novelas e programas de comédia. A primeira foi em 1978, em O Profeta da TV Tupi. Depois participou de uma versão de Romeu e Julieta (1990), ao lado de Golias e Nair Bello, que também já morreram. A atração foi regravada em 2003. Hebe participou ainda de Meu Cunhado, de 1999, e Amigas e Rivais (2007).
Confira a lista dos discos de Hebe:
2007: As Mais Gostosas da Hebe
2001: Como é Grande o meu Amor por Vocês
1998: Pra Você
1966: Hebe
1965: Hebe 65
1963: Hebe e Vocês
1960: Sou Eu
1956: Festa de Ritmos

sábado, 29 de setembro de 2012

Intrigas, lobby e sabotagem

Jogo de interesses na Polícia Federal e na FAB coloca em risco projeto de aeronave responsável pela vigilância de fronteiras, que já consumiu R$ 80 milhões

Claudio Dantas Sequeira

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Há duas semanas, ISTOÉ trouxe à tona um episódio inconveniente para a cúpula da Polícia Federal. Seu avião não tripulado de última geração, comprado há dois anos para vigiar as fronteiras, sofreu uma avaria e corre o risco de não voar mais. A partir daí o órgão passou a divulgar a informação, até então mantida em sigilo, de que a aeronave estaria parada pela simples ausência de um contrato de manutenção, que não fora previsto no pacote original firmado pela gestão anterior. Admitir o erro foi a saída para não expor as fragilidades que cercam o programa, no qual já foram investidos R$ 80 milhões. Arquivos confidenciais e relatos obtidos pela reportagem indicam que o projeto de veículo aéreo não tripulado (Vant) corre riscos por causa da suposta conivência da atual cúpula da PF com interesses do comando da Aeronáutica, que estaria ligado ao lobby de uma fornecedora de Vants concorrente.
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Para entender esse imbróglio é preciso voltar a 2008, quando o governo lançou a Estratégia Nacional de Defesa. O plano previa o uso de Vants na vigilância das fronteiras da Amazônia e no combate ao narcotráfico. Criado um grupo de trabalho para estudar a aquisição do equipamento, a PF selecionou modelos de três países diferentes, EUA, Alemanha e Israel. Optou-se pela compra do Heron I, considerado o mais avançado dos Vants, da empresa IAI (Israel Aerospace Industry).
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FAVORECIMENTO
Documentos revelam que a empresa que produziu o avião
adquirido pela FAB tinha como diretor um coronel que
seria concunhado do comandante da Aeronáutica
De outro lado, a FAB preferiu lançar um processo de compra independente e optou por uma aeronave mais barata, o Hermes-450, adquirido da Aeroeletrônica (AEL), uma subsidiária da também israelense Elbit. É nesse ponto que os problemas começam a surgir. Durante todo o processo, o comando da Aeronáutica trabalhou para minar a compra da PF. Disseminou que o Vant não poderia voar sem uma doutrina de emprego e autorização expressa da FAB. O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, foi colocado sob suspeita de ter interesses pessoais no caso. A PF produziu um relatório de inteligência, enviado ao Palácio do Planalto, acusando Saito de beneficiar escancaradamente a AEL/Elbit em contratos com a Força Aérea. O documento confidencial cita a contratação do coronel reformado Luiz Guimarães Pondé, concunhado de Saito, para o ­cargo de diretor de relações institucionais da empresa. Questionado por ISTOÉ, o brigadeiro respondeu que a aquisição se deu por “critérios técnicos” e que não houve “qualquer interferência de cunho pessoal”.
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Até 2011, a FAB e a Polícia Federal estavam em lados opostos na briga dos Vants. Mas a atual cúpula da PF passou a trabalhar contra o seu próprio projeto. Era tudo o que a FAB queria. Essa mudança de postura ocorreu em razão de uma briga de poder dentro da própria polícia. Integrantes da PF que, durante o governo passado, tinham interesse em assumir o controle do programa do Vant, mas não conseguiram, passaram a boicotá-lo quando assumiram o poder a partir da nomeação do atual diretor-geral da PF, Leandro Daiello. No ano passado, esse grupo fez uma denúncia sobre supostas irregularidades no projeto ao TCU. Um dos autores da denúncia com e-mails e ofícios internos obtidos por ISTOÉ é o ex-comandante da Coordenação de Aviação Operacional da PF coronel Rubens Maleiner. Antes mesmo da conclusão da análise do tribunal, esse grupo, que hoje ascendeu ao poder na PF, resolveu parar todos os processos de aquisição do programa Vant.

As consequências começam a ser conhecidas agora. Deixaram de ser comprados os pacotes de manutenção e o link de satélite, sem o qual a aeronave não pode ser utilizada em sua capacidade máxima. Também foi suspensa a compra de cinco galpões em São Miguel do Iguaçu. Sem as instalações, o Vant, que estava num hangar antigo, precisou ser transferido depois que uma tempestade danificou a estrutura do local. Sem alternativa, agentes da PF tentaram colocar o avião num galpão menor. Em junho, providenciou-se uma gambiarra, com trilhos e cabos de aço. O improviso não deu certo. A ponta da asa direita da aeronave bateu no portão, o que causou avarias na fuselagem e numa lanterna. Desde então, por recomendação da IAI, o avião não pode decolar até que se faça uma avaliação de dano estrutural na asa. ISTOÉ questionou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre as denúncias e o futuro do programa, mas ele se recusou a responder.

Jefferson diz que é 'vítima de si mesmo'

Em sua primeira manifestação após ser condenado pelo STF, o deputado cassado diz em seu blog que nada tem a reclamar

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, tem alta do hospital Samaritano no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro na manhã deste domingo (05/08/2012)
O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, tem alta do hospital Samaritano no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro na manhã deste domingo (05/08/2012) (Marcelo Fonseca/Brazil Photo Press/Folhapress)
O delator do esquema do mensalão e deputado federal cassado, Roberto Jefferson (PTB-RJ), usou seu blog na manhã desta sexta para se manifestar pela primeira vez sobre a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de condená-lo por corrupção passiva. Ele afirma não ser vítima de ninguém, a não ser de si próprio, e diz que não tem nada a reclamar.
O ex-parlamentar ainda responde por lavagem de dinheiro. Neste caso, cinco ministros já se manifestaram em favor da condenação e apenas o revisor, Ricardo Lewandowski, propôs sua absolvição. Jefferson diz que não concorda com as condenações, mas que recebe com "serenidade a decisão dos ministros".
O presidente licenciado do PTB volta a afirmar que não vendeu seu partido para o PT e que também não fez uso para fins pessoais dos recursos que os petistas repassaram a ele - o próprio Jefferson confirma em depoimentos ter recebido R$ 4,5 milhões em 2004 para viabilizar candidaturas de seu partido às eleições municipais daquele ano. Por fim, ele nega ser um delator.
"A maioria da Corte Suprema do meu País já me condenou pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Embora não concorde com as imputações, recebo com serenidade a decisão dos ministros. E reafirmo: não vendi o meu partido ao PT nem me apropriei para fins pessoais de nem um centavo sequer do dinheiro que a mim chegou para financiar campanhas eleitorais. Muito menos sou delator, alcunha com que tentam à força me marcar", escrever o ex-deputado do PTB, que conclui seu pequeno texto com uma citação em latim: "Dura lex, sed lex" (a lei é dura, porém é a lei).
Recluso na pequena cidade de Comendador Levy Gasparian, na divisa entre os estados do Rio e Minas Gerais, Jefferson está se recuperando de uma cirurgia para extração de um tumor no pâncreas. Realizado em julho, o procedimento também afetou outros órgãos.
Ele levou mais de 500 pontos internos na operação. No dia 12, o ex-deputado voltou a ser internado com problemas gastrointestinais e desidratação. Ficou uma semana no hospital e saiu 9 quilos mais magro. Nos próximos dias, o delator do mensalão começa o tratamento com quimioterapia.
A doença o obrigou a se licenciar da presidência nacional do PTB, na versão oficial divulgada pelo partido no dia seguinte à manifestação de Lewandowski em favor de sua condenação por corrupção. Jefferson deixará oficialmente o comando do partido por pelo menos seis meses. Em seu lugar, ficará o vice-presidente da legenda e ex-deputado federal Benito Gama.
Ao longo do dia de hoje, o blog do ex-parlamentar recebeu muitas manifestações sobre o texto publicado. Algumas o criticavam, outras davam apoio. Havia várias manifestações de repúdio ao PT, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-ministro da Casa Civil e também deputado federal cassado, José Dirceu - este também réu do processo em análise do STF.
(Com Agência Estado)

A organização milionária da mulher de Delúbio

Mônica Valente comanda o escritório brasileiro de associação que recebe R$ 7 mi por ano para representar sindicatos

Josie Jeronimo
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DONA DO COFRE
O ex-tesoureiro do PT (á esq.), Delúbio Soares, diz que depende da mulher,... Mônica Valente,
para honrar suas despesas. Ela cobra um euro por filiado à associação que dirige
Exonerado do cargo de professor da rede pública de Goiás e vivendo oficialmente da renda de uma imobiliária virtual, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares costuma dizer que depende da mulher para honrar suas despesas. Mas não deve ser com os rendimentos do ofício de psicóloga que Mônica Valente tem conseguido ajudar o marido. Desde a militância à frente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na década de 90, Mônica aprofundou sua atuação profissional no mundo dos sindicatos de servidores. Membro do diretório nacional do PT, a mulher de Delúbio comanda o escritório brasileiro da Internacional do Serviço Público (ISP), entidade que desempenha o papel de intermediário entre os sindicatos de funcionários públicos e organismos globais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A adesão das confederações à ISP custa um euro por filiado. Em conjunto, as 26 confederações filiadas à associação comandada por Mônica Valente repassam para ela R$ 7 milhões por ano das receitas obtidas com o imposto sindical. As informações foram confirmadas à ISTOÉ por dirigentes de entidades ligadas a esse braço brasileiro da organização internacional.

O destino desse dinheiro todo, porém, é um mistério até mesmo para as entidades que pagam pela filiação. A ISP recebe recursos das confederações que representam os servidores públicos e não presta contas. Por isso, a filiação à ISP gera polêmica na base das confederações. Sindicalistas contrários ao repasse de dinheiro à associação alegam não entender para que serve o dinheiro aplicado na entidade para a representação internacional. Argumentam que os resultados da atuação da organização comandada pela mulher de Delúbio deixam a desejar. Em dez anos de existência, por exemplo, apenas uma denúncia contra cerceamento dos direitos trabalhistas teria sido aceita pela OIT. “Ela não tem participação nas principais causas, não tem programa. É mais uma entidade em que os dirigentes se apegam à estrutura para ter benefícios. Recebe arrecadação das entidades e não tem transparência”, critica Sandro Pimentel, um dos coordenadores da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra). Servidores do Judiciário tentaram impedir na Justiça o desconto nos salários para bancar entidades, que segundo Adilson Rodrigues, diretor do Sintrajud, nem deveriam existir. “É um absurdo descontar um dia do salário do trabalhador para sustentar sindicatos de fachada. Os dirigentes se lambuzam no dinheiro suado do servidor. No dia a dia, a ISP é fictícia. A atuação internacional de um sindicato é algo pontual, não de filiação em tempo integral. Gastamos dinheiro para bancar uma entidade fajuta”, acusa Rodrigues.
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A denominação “internacional” que a associação comandada por Mônica carrega também não combina com a estrutura que o ISP tem no Brasil. Como uma espécie de “franquia” do órgão internacional, a associação registrou CNPJ em São Paulo em 2001, antes da entrada da mulher de Delúbio. Embora tenha mais de dez anos de existência e opere uma verba milionária, a associação que embolsa recursos das confederações sindicais se resume a uma sala no centro da capital paulista e é tocada hoje por apenas duas pessoas. Além de Mônica, a entidade também é representada por Jocélio Drummond. Durante a semana, a reportagem de ISTOÉ procurou a mulher de Delúbio e outros representantes da ISP, mas a secretária da organização insistiu que a entidade não contava com nenhum outro responsável além de Mônica e Jocélio, ambos fora do País, em viagem à Argentina. No papel de representantes dos servidores públicos brasileiros no plano internacional, os dois se revezam realizando palestras, recrutando integrantes das confederações para formar grupos de trabalhos – com o objetivo de discutir temas do funcionalismo – e participando de congressos dos sindicatos filiados. Em eventos da sede da Internacional, eles se apresentam como representantes do escritório brasileiro. Durante a greve dos servidores federais, este ano, a ISP também prestou consultoria às confederações analisando os pleitos dos servidores que seriam apresentados ao governo. “O principal trabalho na ISP é orientar nas demandas do funcionalismo e discutir o direito de greve”, diz João Domingos, presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), entidade que reúne 2,5 milhões de funcionários de órgãos municipais, estaduais e federais.

Mônica Valente não é novata no meio sindical. Antes de assumir a defesa de causas do serviço público, ela militou na ONG Instituto Observatório Social (IOS), ligada à CUT. O IOS atua hoje como parceiro da associação da mulher de Delúbio. Em 2011, o instituto recebeu R$ 200 mil da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e o mesmo valor da Petrobras para ação de comunicação institucional. Agora, no entanto, Mônica manipula um orçamento bem mais polpudo. A maior parte dos recursos milionários que bancam a entidade vem de descontos do contracheque de servidores públicos federais para as confederações.
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­A obri­gação de dar um dia trabalhado por ano aos movimentos sindicais está prevista na Constituição. Mas um processo em tramitação no Tribunal de Contas da União (TCU) questiona a legalidade da transferência de dinheiro para as confederações de representação do serviço público, cujos funcionários não são regidos pela CLT. Servidores também entram na Justiça para questionar o desconto. Mesmo assim, entidades como a administrada por Mônica Valente recebem mais de R$100 milhões todos os anos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Papiro sobre Jesus casado é falso, diz jornal do Vaticano

'L'Osservatore Romano' contesta originalidade do documento apresentado na semana passada pela historiadora de Harvard Karen King

Pergaminho
Pergaminho ( Karen L. King)
O jornal L'Osservatore Romano, publicação oficial do Vaticano, afirmou nesta quinta-feira que o papiro no qual aparece a frase em copta 'Jesus lhes disse, minha esposa ...' é falso. Um breve artigo assinado pelo diretor do jornal, Giovanni Maria Vian, afirma que "razões consistentes nos levam a concluir que o papiro seja uma desajeitada falsificação (como tantas outras provenientes do Oriente Médio)". O papiro, supostamente datado do século 4, foi apresentado na semana passada por Karen King, historiadora de Harvard, em um congresso sobre a língua copta que aconteceu em Roma. A divulgação do documento reacendeu o debate sobre se Jesus Cristo teria ou não se casado.
Reprodução
'L'Osservatore Romano' contesta autenticidade de papiro que sugere que Jesus foi casado
'L'Osservatore Romano' contesta autenticidade de papiro que sugere que Jesus foi casado
A afirmação do diretor do jornal vem acompanhada de um extenso artigo de Alberto Camplani, especialista em copta e professor de história do cristianismo da universidade romana La Sapienza. No texto, o professor faz ressalvas em relação à autenticidade do documento. Segundo Camplani, é preciso adotar numerosas precauções uma vez que o fragmento, ao contrário de outros achados apresentados no congresso, não foi encontrado em escavações, mas veio do mercado de antiguidades. Ainda de acordo com o especialista, estudiosos em copta presentes no congresso levantaram dúvidas sobre a originalidade do papiro após analisarem fotografias e reproduções. Para Camplani, a escritura no fragmento se distancia da maior parte dos documentos conhecidos que datam do século 4.
Além de pôr em xeque a autenticidade do papiro, Camplani questionou a interpretação da historiadora sobre o texto (segundo Karen, o manuscrito mostrava que, logo depois da morte de Jesus, as primeiras comunidades cristãs já debatiam se ele teria ou não sido casado). "A expressão 'Jesus lhes disse, minha esposa...' é metafórica e simboliza a consubstancialidade [mesma natureza humana] entre Jesus e seus discípulos. Ela encontra amplo paralelo nas literaturas bíblica e cristã primitiva", diz Camplini.
O jornal do Vaticano ressaltou também que a historiadora americana preparou o anúncio "sem deixar nada ao acaso" - e enumerou: "imprensa americana avisada e entrevista coletiva prévia para preparar um furo mundial, que, no entanto, foi posto em dúvida pelos especialistas”.
(Com informação da EFE)

'Mão de Deus' salva avião da TAM de acidente nos EUA


Defeito no trem de pouso dianteiro, virado de lado, foi corrigido quando a aeronave estava a apenas 15 metros da pista do Aeroporto JFK, em Nova York

Imagem divulgada pelo órgão de aviação de Nova York mostra trem de pouso do avião da TAM na posição errada
Imagem divulgada pelo órgão de aviação de Nova York mostra trem de pouso do avião da TAM na posição errada (Mark Szemberski/NYC Aviation)
Os passageiros do voo JJ8078 da TAM, que decolou na madrugada desta quarta-feira do Rio de Janeiro com destino a Nova York, podem se considerar salvos por um "milagre". Pelo menos é assim que um funcionário da equipe de resgate do aeroporto JFK explica como as 190 pessoas a bordo da aeronave escaparam de um acidente pouco antes da aterrissagem, perto do meio-dia.
Um defeito no trem de pouso dianteiro, que estava virado de lado e poderia levar o Airbus 330 a aterrissar com o nariz direto no chão, foi corrigido a apenas 15 metros da pista, deixando o trem de pouso travado na posição correta. "Foi como se a mão de Deus virasse as rodas", disse ao jornal New York Post um dos membros da equipe de resgate do aeroporto, colocada a postos diante da possibilidade do acidente.    
"Todos estavam em pânico dentro do avião", revelou a passageira Anna Maria Falcão à rede americana ABC. "Até a tripulação andava de um lado a outro em pânico, dizendo 'Não se preocupem, ninguém vai morrer'. Muita gente estava chorando", afirmou a brasileira, que viajava a Nova York com a mãe, o marido e o filho de um ano.

Segundo um morador de São Paulo ouvido pela emissora o capitão do Airbus procurou manter os passageiros calmos, dizendo que sua equipe "sabia o que estava fazendo". No momento em que a aeronave finalmente tocou o chão, o alívio foi imediato: o pouso acabou sendo perfeito, dispensando as medidas de emergência. Ninguém ficou ferido. 
Procedimentos – O defeito no trem de pouso foi percebido pela torre de controle. Por duas vezes, o avião deu voltas em torno do aeroporto para que os controladores de voo avaliassem se havia condições de aterrissagem. Dentro do Airbus, a tripulação comunicou que nenhum problema havia sido detectado, mas a torre insistiu que o trem de pouso parecia virado 90 graus para o lado. 
Fontes do aeroporto JFK afirmaram ao site especializado The Aviation Herald que a tripulação foi aconselhada pelo setor de manutenção da TAM a resetar uma chave ligada ao manche do trem de pouso. Mesmo depois do procedimento, a torre afirmou que o equipamento parecia não estar funcionando como deveria. Pouco antes de tocar o chão, no entanto, as rodas se endireitaram.  Em nota, a TAM afirmou que "a tripulação tomou todas as medidas de precaução necessárias, e a aterrissagem ocorreu em total segurança, às 11h56". 
Veja imagens do pouso do Airbus da TAM em reportagem da TV americana:

TST determina fim da greve nos Correios

Funcionários terão que compensar dias não trabalhadores; retorno deve ser imediato

AE
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O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os funcionários dos Correios em greve retornem ao trabalho nesta sexta-feira (28). A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira, quando o TST julgou o dissídio coletivo da categoria em sessão extraordinária. O tribunal determinou que Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) deve conceder 6,5% de reajuste aos funcionários, retroativo a primeiro de agosto.
Os Correios ofereciam reajuste de 5,2%, mas os funcionários pediam mais. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), que representa 31 das 35 regionais, pedia 43,7% de reajuste. O grupo dos "Sindicatos Unificados", reunindo os trabalhadores dos Correios da capital paulista e região metropolitana; de Bauru, no interior de São Paulo, e dos Estados do Rio de Janeiro e Tocantins, solicitava 10,2% de aumento salarial.
Além de fixar a volta ao trabalho a partir desta sexta (28), o TST estabeleceu que deverá haver compensação dos dias não trabalhados. O início da greve não ocorreu ao mesmo tempo em todas as 35 unidades regionais. Os primeiros pontos entraram em greve em 11 de setembro. Foi firmado também nesta quinta-feira que não haverá desconto dos dias parados. Essa compensação dos dias de paralisação deverá ser feita no prazo de seis meses, determinou o tribunal.
Segundo a assessoria dos Correios, o impacto anual com o reajuste de 6,5% estabelecido nesta quinta é de R$ 602 milhões ao ano. A folha total anual é de R$ 8 bilhões. Também segundo a mesma assessoria, a empresa tem cerca de 120 mil servidores e, desse total, havia 11.825 funcionários parados, ou seja, cerca de 10% do total de empregados.
José Aparecido Gandara, do sindicato dos funcionários dos Correios de Bauru, disse que será automático o retorno ao trabalho, referindo-se ao grupo dos Sindicatos Unificados. Ele informa que esses quatro sindicatos reúnem 40% dos trabalhadores dos Correios e respondem por 68% do tráfego postal. O secretário-geral do Fentect, Edson Dorta, entretanto, informou que primeiro precisará consultar os trabalhadores. Se os funcionários não voltarem ao trabalho, cada sindicato receberá multa diária de R$ 20 mil. Além disso, a greve será declarada abusiva.
Na última terça-feira (25), o TST promoveu uma audiência de conciliação entre os Correios e a Fentect, mas não houve acordo. No ano passado, a greve dos funcionários dos Correios durou 28 dias e só terminou depois de o TST determinar o fim da paralisação.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Bancários encerram greve na maior parte do país

Fim da paralisação prevalece nas instituições privadas e no Banco do Brasil. Servidores da Caixa em São Paulo, Brasília e Rio recusaram proposta patronal

Os bancários de todo o país entraram em greve por tempo indeterminado e a paralisação inclui tanto bancos públicos quanto privados
Bancários de todo o país estavam em greve desde o dia 18 (Tércio Teixeira/Futura Press)
Em assembleias realizadas nesta quarta-feira, a maioria dos bancários optou por encerrar a greve iníciada no último dia 18.  Quase todos os funcionários de instituições privadas e do Banco do Brasil aceitaram a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). As exceções no setor privado foram o estado do Ceará e duas cidades do Rio Grande do Sul. No caso do BB, a paralisação será mantida no Ceará, em Pernambuco, Sergipe, Bahia e Pará.
A maior parte dos bancários da Caixa Econômica Federal, no entanto, rejeitou a proposta patronal. A greve dos servidores da Caixa continua, por exemplo, em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, mas foi encerrada em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso e em Curitiba.
O levantamento está sendo feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que acompanha as assembleias de todo o país, que ocorrem nesta quarta e quinta-feira.
Proposta - Na terça-feira, a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) propôs ao Comando Nacional dos Bancários um reajuste de 7,5% para os salários, o que representa um aumento real de 2%. A oferta dos banqueiros agradou aos sindicalistas que sinalizaram o fim da greve.
As assembleias de funcionários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil ocorrem separadamente, por causa de demanda específicas das categorias.
Em São Paulo, a decisão foi rápida pelo fim da greve. "A proposta foi aprovada por unanimidade pelos bancos privados de nossa região", disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, De acordo com ela, os funcionários dos bancos privados representam quase 90% do total dos bancários de São Paulo. Ao todo, a categoria tem 500.000 trabalhadores no país.

Conflito na Síria tem dia mais sangrento, diz oposição

Comitês de Coordenação Local, que organizam resistência ao regime, dizem que 343 pessoas morreram nesta quarta-feira vítimas das forças de Assad

Combatentes do Exército Livre Sírio carregam homem morto em combate na cidade de Alepo
Combatentes do Exército Livre Sírio carregam homem morto em combate na cidade de Alepo (Reuters)
Mais de 300 pessoas morreram na Síria nesta quarta-feira, no que grupos na oposição ao ditador Bashar Assad chamaram de dia mais sangrento desde o início da revolta contra o regime, em março de 2011. Os Comitês de Coordenação Local, grupo pioneiro na organização da resistência ao governo, afirmaram que 343 pessoas morreram vítimas da repressão das forças de Assad, enquanto a Comissão Geral da Revolução Síria calculou o número de mortos em 313.

Entenda o caso


  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
  2. • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
  3. • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, das pessoas que perderama  vida nesta quarta,  211 eram civis e o restante combatentes rebeldes e membros das Forças Armadas leais ao ditador. O diretor do Observatório, Rami Abdurrahman, confirmou que o dia foi mais sangrento desde o início da guerra civil no país.
Todas as organizações coincidiram que o maior número de mortos foi registrado em Damasco e periferia, embora também haja registros de vítimas em outras províncias do país, como Deir al Zur, Deraa, Hama, Aleppo, Homs e Idlib. A Comissão Geral da Revolução afirmou que nas localidades de Barze e Ziabiya, nos arredores da capital, as forças leais a Assad executaram famílias inteiras, da mesma forma que em Deir al Zur.
Atentado – A escalada no número de vítimas do conflito coincidiu com um duplo atentado realizado nesta quarta contra a sede do Estado-Maior das Forças Armadas em Damasco, no qual quatro guardas morreram – inicialmente, o governo afirmou que a ação havia deixado "apenas danos materiais". O ataque foi reivindicado pelo rebelde Exército Livre Sírio (ELS).
Além disso, o jornalista Maya Nasser, correspondente da televisão oficial iraniana em inglês PressTV, foi assassinado por disparos de um franco-atirador na capital síria, informou a própria emissora. Neste incidente também ficou ferido o responsável do escritório da rede e também da televisão estatal iraniana em árabe Alalam na capital síria, Hussein Mortada.
(Com agência EFE)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Senado decide arcar com impostos atrasados de senadores

Valores referentes ao 14º e 15º salários dos parlamentares não foram recolhidos entre os anos de 2007 e 2011

Plenário do Senado  durante uma sessão do Congresso Nacional
Plenário do Senado durante uma sessão do Congresso Nacional (Ana Araújo)
A Mesa Diretora do Senado decidiu nesta terça-feira que a Casa irá arcar com o pagamento do Imposto de Renda devido pelos senadores sobre o décimo quarto e o décimo quinto salários nos anos de 2007 a 2011. A Receita Federal enviou cobrança dos impostos devidos em agosto passado.

De acordo com o primeiro vice-presidente do Senado, Aníbal Diniz (PT-AC), a mesa diretora reconheceu que a falha não foi dos senadores. O Senado deveria ter retido os impostos na fonte. Quando a Receita enviou a cobrança, o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), explicou que havia o entendimento de que, por se tratar de verba rescisória, não caberia cobrança de imposto de renda sobre 14º e 15º salários.

“A partir da votação pelo fim dessas verbas rescisórias, ficou uma dúvida em relação aos pagamentos anteriores. A própria Casa reconhece que não foi culpa dos senadores e que, se houve falha, foi dela. Então, ela vai arcar [com o pagamento]”, declarou o primeiro vice-presidente. Ainda de acordo com Diniz, o pagamento deverá ser feito até outubro, quando se encerra o prazo de cobrança da Receita Federal.

Nem o senador Aníbal Diniz, nem a assessoria de comunicação do Senado, souberam informar qual será o valor desembolsado para o pagamento dos impostos devidos pelos senadores. Tão logo tenha a informação, a assessoria deverá divulgar uma nota à imprensa. As informações são da Agência Brasil.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

TJ-SP determina mudança da causa da morte de Herzog

Atestado de óbito do jornalista, que apontava morte por asfixia mecânica, deve trazer no lugar 'lesões e maus-tratos' sofridos no DOI-Codi durante a ditadura

Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo
Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou nesta segunda-feira que o atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975 durante a ditadura militar, seja modificado para corrigir a causa da morte. No lugar de "asfixia mecânica", motivo que contribuía para a chamada "tese do suicídio" – defendida na época pelo Exército, mas há décadas afastada pela Justiça – o documento deverá infromar que a morte ocorreu por "lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (DOI-Codi)".
Acervo Digital VEJA:
Caso Herzog: Sob o império da lei
A determinação consta em sentença do juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do tribunal paulista, que atendeu a uma recomendação da Comissão Nacional da Verdade, criada para esclarecer as violações de direitos humanos no período da ditadura militar – violações restritas, no entanto, aos crimes praticados por agentes públicos.
A mudança no atestado de óbito de Herzog é resultado de uma solicitação feita pela viúva do jornalista, Clarice Herzog, à Comissão da Verdade, que encominhou seu pedido à Justiça em 30 de agosto. Para embasar a recomendação, a comissão também enviou uma cópia da sentença da ação declaratória movida pela família Herzog que, ainda em 1978, durante o regime militar, afastou a "tese do suicídio" ao determinar a inexistência de provas de que Herzog se matou na sede do DOI-Codi de São Paulo.
"Quando a sentença rejeita a tese do suicídio exclui logicamente a tese do enforcamento e, então, a afirmação de enforcamento – que se transportou para o atestado e para a certidão de óbito – encobre a real causa da morte, a qual, segundo os depoimentos colhidos em juízo indicam que foi decorrente de maus tratos durante o interrogatório no DOI-Codi", apontou a comissão em parecer.
Em sua decisão, o juiz  Márcio Martins Bonilha Filho destaca que, "à luz do julgado na ação declaratória, que passou pelo crivo da segunda instância, com o reconhecimento da não comprovação do imputado suicídio, fato alegado com base em laudo pericial que se revelou incorreto, impõe-se a ordenação da retificação pretendida no assento de óbito de Vladimir Herzog".
Leia mais no blog de Reinaldo Azevedo:
Comissão dá golpe no próprio texto ao só apurar crimes de agentes do estado

Trairi: Justiça mantém 5 na cadeia e liberta oito

Decisões ocorreram após a operação que desarticulou uma rede criminosa acusada da compra de votos
O juiz de Direito Fernando Teles de Paula Lima, titular da 97ª Zona Eleitoral, no Município de Trairi (124Km de Fortaleza), decidiu, ontem, manter na cadeia cinco gestores públicos e políticos acusados de compra de votos e uso da máquina municipal para beneficiar candidatos. No mesmo despacho, ele determinou a soltura de outras oito pessoas detidas durante a operação ´Trairi Limpo´, realizada, na semana passada, pela Polícia Federal e Procuradoria Regional Eleitoral.

Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, em Trairi, a Polícia Federal apreendeu uma vasta quantidade de alimentos, remédios e até vales-combustível que seriam usados na compra de votos no Município FOTO: RODRIGO CARVALHO

No documento em que prorrogou por mais cinco dias a custódia temporária dos cinco acusados, o magistrado foi enfático ao afirmar que, "as prisões são necessárias a fim de possibilitar a elucidação de fatos relatados pelo Ministério Público, extremamente graves, visto que se trata, em tese, da existência de uma grande e bem estruturada quadrilha possivelmente infiltrada na Prefeitura do Município de Trairi, formada por pessoas do primeiro escalão (primeira-dama, secretário da Administração, vice-prefeito, candidatos e cabos eleitorais)".

Comandava
Conforme a Justiça, a principal acusada de comandar a compra de votos em Trairi, com o uso da máquina da Prefeitura, é a mulher do prefeito afastado, Sílvia Virgínia Aguiar. Além dela, também tiveram a prisão prorrogada as seguintes pessoas, Euclides Andrade de Castro (ex-secretário de Finanças), Elis Regina Vital, Maria Gorete Souto Pinto e Gustavo Aguiar Viana (atual secretário de Administração).

Segundo o juiz, os cinco deverão permanecer presos já que não foram ainda interrogados. Todos estariam envolvidos em "suposto crime de corrupção eleitoral, praticado de forma sucessiva e reiterada, sem o menor constrangimento".

Escutas
As investigações em torno do caso foram feitas pela PF em consonância com a Procuradoria Regional Eleitoral e incluiu a quebra de sigilo telefônico. Nas escutas, os investigadores descobriram ainda que "Sílvia Virgínia Aguiar comandava todo o esquema" e, além do uso da máquina municipal para a corrupção eleitoral, havia a prática de tráfico de influência com o fim de reverter no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), à base da politicagem, o indeferimento do registro de candidatura de Francisco Magno Magalhães, bem como de ingerência junto ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM)para reverter o julgamento de desaprovação de contas de Francisco Magno Magalhães".

O juiz decidiu revogar as prisões de Maria das Graças Barbosa, Francisco Magno Magalhães, Francisco Flávio de Azevedo, José Evandro Cunha, Rebeca de Castro Andrade, Antônio Barros Barbosa, Francisca Oneide Benevides Azevedo e Antônio Eduardo, por terem colaborado com a investigação do MP.

FERNANDO RIBEIROEDITOR DE POLÍCIA

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mensalão: a hora do chefe da quadrilha se aproxima

Ex-ministro da Casa Civil afirma que não há provas contra ele; os autos, entretanto, demonstram o papel do petista na engrenagem do esquema

Gabriel Castro
José Dirceu, o chefe da quadrilha do mensalão
José Dirceu, o chefe da quadrilha do mensalão
"A atuação voluntária e consciente do ex ministro José Dirceu no esquema garantiu às instituições financeiras, empresas privadas e terceiros envolvidos que nada lhes aconteceria, como de fato não aconteceu até a eclosão do escândalo"
O julgamento do processo do mensalão está perto de encerrar o seu segundo mês. À medida em que o Supremo Tribunal Federal (STF) se aproxima do núcleo central da denúncia, ficam cada vez mais claras as digitais do homem que o Ministério Público Federal aponta como chefe da engrenagem de corrupção: José Dirceu.
O petista passou os últimos sete anos dizendo que não há provas do seu envolvimento com o mensalão. Alega que só foi denunciado por razões políticas, repisando a fastidiosa fábula de que o mensalão foi uma tentativa de golpe contra o governo Lula. Mas o discurso, macaqueado por petistas Brasil afora, se desmancha a cada sessão do julgamento no Supremo. E a hora de Dirceu se aproxima no tribunal.
Na derradeira tentativa de escapar da cassação, Dirceu usou a tribuna da Câmara para alardear que não tinha influência na máquina petista: "Não participei das decisões da direção nacional do PT, da Executiva, não era membro. A sede do PT nacional em Brasília e em São Paulo têm paredes, telefones, assessores, funcionários, seguranças, motoristas. Vossas Excelências me conhecem e sabem que, se tivesse participado de tais atos, teria decidido, teria deliberado, todos saberiam da minha participação. Não vou assumir o que não fiz! Não vou".
Mas a verdade é que o todo-poderoso ministro da Casa Civil de Lula era, sim, a figura mais influente dentro da máquina partidária - inclusive porque era o homem mais importante da corrente que dominava o partido, o Campo Majoritário. Centralizador, não ignorava as operações financeiras temerárias realizadas com o esforço da dupla Delúbio Soares e Marcos Valério. Também exercia um rigoroso controle das atividades do governo. Encarregava-se da articulação política com o Congresso, a razão para o advento do esquema de compra de votos.
Além disso, o aval de Dirceu às instituições financeiras envolvidas na denúncia foi essencial para a montagem do mensalão - Delúbio Soares, sozinho, não tinha garantias a oferecer. É o que diz a Procuradoria-Geral da República: "A atuação voluntária e consciente do ex ministro José Dirceu no esquema garantiu às instituições financeiras, empresas privadas e terceiros envolvidos que nada lhes aconteceria, como de fato não aconteceu até a eclosão do escândalo, e também que seriam beneficiados pelo governo federal em assuntos de seu interesse econômico, como de fato ocorreu".
Mas não é só a influência de Dirceu e a chamada teoria do domínio do fato que apontam para a culpa do petista. Há outros elementos concretos ligando o petista à quadrilha - a despeito do que brada o réu.
Favores - Maria Ângela Saragoça é ex-mulher do petista. Mantém até hoje uma estreita ligação com José Dirceu. Em 2003, ela tinha objetivos: queria um emprego, vender seu apartamento e arranjar algum dinheiro emprestado para comprar um imóvel novo. Conseguiu os três por meio da intermediação de Marcos Valério: Maria Ângela passou a trabalhar no Departamento de Recursos Humanos do Banco BMG. Rogério Tolentino, sócio de do publicitário e também réu no processo, comprou o apartamento sem vê-lo. O Banco Rural liberou um empréstimo de 42 000 reais sem demora.
Dirceu também se reuniu duas vezes com a cúpula do Banco Rural. Em uma delas, tratou da liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco - operação com potencial para auferir um ganho bilionário ao banco que ajudou a alimentar, com empréstimos fraudulentos, o valerioduto. E quem agendou as reuniões? Marcos Valério. O ministro ainda se encontrou com a direção do BMG em fevereiro de 2003. Três dias antes, o banco havia repassado 2,4 milhões de reais ao valerioduto. Cinco dias depois, foram outros 12,2 milhões. Quem levou Guimarães à Casa Civil? Marcos Valério.
Segundo o Ministério Público Federal, Dirceu também enviou Valério e Tolentino até a Portugal Telecom para negociar a obtenção de 8 milhões de euros para o pagamento de uma dívida do PT. O petista, por outro lado, esteve presente nas negociações do grupo português para adquirir a Telemig. A negociação com o grupo lusitano fracassou. Antes disso, entretanto, Dirceu ainda recebeu Miguel Horta, presidente da Portugal Telecom, na Casa Civil. Marcos Valério participou do encontro.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal devem analisar as acusações contra Dirceu em duas semanas. Os fatos colocam o petista no cenário do crime, ao lado dos outros integrantes da quadrilha.

Como melhorar o desempenho da rede Wi-Fi

Veja como otimizar o uso da sua rede sem fio, que hoje conecta uma grande variedade de dispositivos no lar
O roteador pode ser ajustado com configurações voltadas para o perfil dos usuários a casa conectada à internet, disponível para acesso em todos os cômodos e com os mais diversos dispositivos - do computador de mesa no gabinete ao tablet e à smart TV na sala de estar - é hoje uma solução simples e acessível, sem precisar espalhar fios pelos local, graças aos roteadores Wi-Fi. Mas nem todos os usuários sabem quais são as melhores condições de localização do equipamento ou de configuração para oferecer uma melhor conectividade dentro do lar.
O roteador Wi-Fi funciona como um transmissor de ondas de rádio que conduzem no ar o acesso à internet e disponibiliza este sinal, sem fio, para computadores e demais dispositivos dotados de receptores Wi-Fi (muitas vezes com antena embutida, como acontece com notebooks, tablets e smartphones). Para que o roteador wireless jogue o sinal da internet no ar, ele deve estar conectado à rede (por meio de um cabo que geralmente vem do modem fornecido pelo provedor de internet).
O primeiro passo para quem quer tirar o melhor proveito desse tipo de equipamento é definir o tipo de tráfego mais utilizado no ambiente doméstico. Para usuários que utilizam serviços de vídeo sob demanda (streaming) - como o acesso a filmes online do Netflix e YouTube -, que gera um tráfego de dados maior e mais intenso, a dica é adquirir um roteador com padrão Wi-Fi “802.11n dual-band”. Esta tecnologia permite que o aparelho transmita o sinal da internet simultaneamente em duas frequências (2,4GHz e 5GHz), atingindo velocidades até cinco vezes maior e uma distância até três vezes superior aos 100 metros do alcance do que o padrão 802.11g. Uma novidade que começa a chegar ao mercado são os roteadores 802.11ac. Eles atingem velocidade de até 1,3GB por segundo (quase três vezes mais rápida do que o padrão 802.11n).
Descongestionamento
Para que o leitor possa entender melhor, o avanço trazido pelos roteadores “dual-band” é semelhante à solução de tráfego de automóveis nas grandes cidades: é como se fossem abertas duas largas avenidas para solucionar o congestionamento de carros que passam em uma única rua estreita. Os roteadores e aparelhos de rede - incluindo os computadores com acesso Wi-Fi - à venda nos últimos anos, já têm suporte ao padrão 802.11n (inclusive a padrões mais recentes que este), que possibilita o uso do recurso “Mimo” (Multiple-input and Multiple-output), que é a transmissão sem fio com múltiplas antenas na transmissão e na recepção.
Para ambientes com muitas paredes, no entanto, os roteadores que operam na frequência de 2,4GHz (padrões 802.11b e 802.11g e alguns 802.11n) oferecem um melhor alcance do sinal de internet do que aqueles que operam em 5 GHz (802.11a e alguns 802.11n). A desvantagem é a menor velocidade de transferência de dados nessa faixa. Outro “porém” é que a frequência de 2,4 GHz é a mesma utilizada na comunicação via Bluetooth. Se o usuário utiliza dispositivos com alguma aplicação via Bluetooth, o uso dessa frequência pode sofrer interferência. As vantagens e desvantagens de cada faixa de frequência demonstram que, em todos os casos, é melhor o usuário optar por um roteador que atue de acordo com o padrão 802.11n, que está habilitado para ambas os espectros.
Prioridades
Os roteadores mais modernos também contam com um recurso, chamado “QoS” (Quality of Service), que define prioridades de uso da conexão para alguns programas e aplicações que os usuários mais utilizam em sua rede sem fio doméstica. Por exemplo, o usuário pode manter um ligação telefônica via internet pelo Skype sem problemas de conexão enquanto outra pessoa, utilizando a mesma rede, assiste a um vídeo do YouTube em outro cômodo da casa ou, ainda, outro usuário faz o download de um filme.
Os roteadores já vêm de fábrica com alguns ajustes que priorizam os programas mais populares, dedicando a cada um deles uma largura de banda adequada. Isso é feito ao determinar nas configurações do roteador um número de porta TCP/IP apropriada para cada programa que gera tráfego. O usuário pode acrescentar ou remover programas nessa lista, fazendo os ajustes da porta escolhida para cada aplicação na configuração do aparelho.
Para ter uma ideia dos programas que mais pesam na conexão, o usuário pode recorrer a programas como o Netlimiter Lite. Este sofware gera uma lista de todos os programas em execução e mostra o quanto cada um deles utiliza da conexão. O Netlimiter mostra também os endereços IP acessados pelos processos em execução, o que pode ser útil para verificar falhas de segurança no computador.
Localização
Uma outra recomendação básica é quanto à localização do roteador. As ondas de rádio com o sinal da internet transmitidas pelo equipamento se propagam mais horizontalmente do que verticalmente. Outra particularidade é que, à medida que se afasta da antena do roteador, o sinal vai perdendo altura.
Portanto, o recomendável é que o aparelho esteja fixado em um local relativamente alto, sem obstáculos por perto. Usar o roteador escondido atrás do monitor do PC ou em algum compartimento da mesa de trabalho é um erro que enfraquece o sinal de internet que deveria atingir todos os cômodos da casa.
Segurança
Para incrementar a segurança da sua rede sem fio, o recomendável é usar o protocolo WPA2, que usa um processo de encriptação de dados mais moderno, que permite segurança sem comprometer a velocidade da transmissão desses mesmos dados. Somente no caso do usuário contar com equipamentos mais antigos para acessar a rede Wi-Fi, é que se deve usar como opção de segurança o protocolo WPA. Essa configuração pode ser feita no software do roteador ou no navegador de internet, digitando o link de configuração do aparelho (geralmente no formato 192.168.x.1), conforme apresentado no manual.

Recomendações
Localização
O melhor lugar para colocar o roteador sem fio é em um ponto central e elevado da casa. Isso permite que o sinal tenha um melhor alcance, já que ele se propaga mais horizontalmente e perde altura nos pontos mais distantes. Em casas duplex, o ideal é que o aparelho fique no andar de cima.
Padrão mais atual
Prefira aparelhos com os padrões Wi-Fi mais recentes, como o 802.11n dual-band, que utiliza transmissão simultânea em duas frequências, evitando o congestionamento do tráfego de dados da rede doméstica do usuário. Esse padrão mais recente tem capacidade de 65 a 600 Mbps, contra 54Mbps do padrão 802,11g.
Frequências
Cada padrão Wi-Fi utiliza uma determinada faixa de frequência. A de 2,4GHz é mais recomendada para ambientes com muitas paredes grossas, com maior alcance do que a frequência de 5 GHz. A desvantagem é que a faixa de 2,4 GHz tem taxa de transferência mais lenta e está mais sujeita a interferências.
QoS
O recurso QoS permite priorizar o uso da banda larga para algumas aplicações de maior interesse, para que os vários usuários
da rede utilizem seus dispositivos sem prejudicar o acesso do outro.
Segurança
Para incrementar a segurança da rede, use o protocolo WPA2, que tem um processo de encriptação de dados mais moderno, com mais segurança, sem comprometer a velocidade da transmissão.

domingo, 23 de setembro de 2012

Mensalão: agora, Lula se cala - e o PT fica desnorteado

O ex-presidente silencia diante das revelações do empresário Marcos Valério, que o colocou como chefe do esquema. PT, agora, diz que julgamento é golpe

Daniel Pereira e Rodrigo Rangel
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - Lula e Valério: as revelações seriam uma tentativa de “golpe das elites” com a participação dos ministros do Supremo
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - Lula e Valério: as revelações seriam uma tentativa de “golpe das elites” com a participação dos ministros do Supremo (Juliana Knobbel/Frame/Folhapress e Cristiano Mariz)
O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão
Na edição passada, uma reportagem de VEJA revelou com exclusividade parte das confissões feitas pelo empresário Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, sobre as engrenagens do maior escândalo de corrupção política da história do país. Além de confirmar a participação decisiva no suborno a parlamentares dos petistas José Dirceu e Delúbio Soares, que figuram como réus no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Valério implicou o ex-presidente Lula no esquema -- e no papel de protagonista. Valério diz que Lula era o verdadeiro comandante da organização criminosa denunciada pelo Ministério Público. Afirma que a quadrilha do mensalão contava com um caixa de 350 milhões de reais, o triplo, portanto, do valor identificado pela Polícia Federal. Além disso, ressalta que desde a eclosão do escândalo, em 2005, teve Paulo Okamotto como interlocutor no PT. Amigo do peito e pagador de contas pessoais do ex-presidente da República, Okamotto era fiador de um acordo que previa a impunidade em troca do seu silêncio. O empresário desabafou: “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”.
Em VEJA da semana passada: Marcos Valério revela os segredos do mensalão
Valério sempre ameaçou relatar em detalhes o funcionamento do mensalão. E sempre foi contido - segundo contou a pessoas próximas - pela promessa do ex-presidente e do PT de ajudá-lo na Justiça. Esse acordo se manteve de pé até o início do julgamento no STF. Já condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro, crimes que podem resultar numa pena de mais de 100 anos de prisão, Valério resolveu compartilhar seus segredos com um grupo seleto de confidentes. A revelação dessas conversas por VEJA desnorteou o PT, conforme mostra reportagem publicada na edição desta semana. Lula, um notório entusiasta do debate em público, preferiu o silêncio ao ser confrontado com as novas informações. Não rechaçou o que Valério contou nem tentou desqualificá-lo. Dirceu e Delúbio seguiram o chefe. Não foi à toa. Segundo aliados, Lula não quer desafiar Valério, que não teria mais nada a perder. Além disso, teme que o empresário revele mais detalhes se provocado. Rebatê-lo agora, sem saber do arsenal à disposição de Valério, seria uma estratégia de altíssimo risco. A palavra de ordem é não comprar briga com o pivô financeiro do mensalão. Contra-ataques, só em cima dos alvos de sempre, aqueles aos quais os petistas recorrem, como uma conveniente muleta, toda vez que são pilhados em irregularidades.
Essa estratégia foi seguida à risca. Na segunda-feira, o PT divulgou uma nota conclamando a militância para “uma batalha do tamanho do Brasil” - no caso, a defesa do partido e do ex-presidente. O texto não faz menção às confissões de Valério. Ou seja: não explica do que Lula deve ser defendido. Na quinta-feira, outra nota foi publicada. Ela retoma a tese de que o mensalão e seus desdobramentos não passam de uma conspiração urdida pela oposição e por setores da imprensa para tirar o PT do comando do país por meio de um golpe. Esse golpe seria alimentado com a divulgação de denúncias sem provas. Quais denúncias? A redação petista não teve coragem, de novo, de citar as confissões de Valério, providencialmente esquecido. Fala de uma “fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja”. Fantasiosa, por ora, só a nota do PT. Ela foi elaborada pelo presidente da sigla, Rui Falcão. Em seguida, ele ligou para os presidentes de cinco partidos e pediu-lhes que subscrevessem o texto. Não se tratou de uma solidariedade espontânea. Muito pelo contrário. O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, assinou sem ler e nem sequer consultou seus correligionários -- entre eles, o vice-presidente da República, Michel Temer. “Não concordo com a nota, mas não podia recusar um pedido do presidente Lula”, revelou um dos signatários.
Tiago Queiroz/AE, Cristiano Mariz, Caio Guatelli/Folhapress
DEGRADANTE - O mensalão cria constrangimentos à campanha do petista Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, principalmente diante da aproximação da data de julgamento do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os dois serão julgados pelo Supremo por corrupção ativa
  DEGRADANTE - O mensalão cria constrangimentos à campanha do petista Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, principalmente diante da aproximação da data de julgamento do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os dois serão julgados pelo Supremo por corrupção ativa
O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão, tal qual relatado por Valério, depois do julgamento do processo no STF. Os petistas também esperam usar a nota assinada por presidentes de partidos aliados no horário eleitoral gratuito. A ideia é alegar que o PT está sendo vítima de uma conspiração de setores conservadores, os quais estariam pressionando o Supremo -- que teve sete dos seus atuais dez ministros nomeados pelo governo petista -- a condenar os réus do mensalão. O processo no STF tem influenciado de forma negativa o desempenho dos petistas nas disputas municipais. Imposto ao partido por Lula, Fernando Haddad está na terceira colocação na corrida pela prefeitura paulistana. Na semana passada, num recurso à Justiça Eleitoral, a equipe dele disse ser “degradante” a associação da imagem de Haddad à de Dirceu e Delúbio, como tem feito o PSDB. Mais sintomático dos efeitos do mensalão, impossível.
O PT sempre desdenhou dos impactos políticos do caso. Numa conversa com aliados dias antes do início do julgamento no STF, Lula disse que o processo teria “influência zero” sobre o partido e seus candidatos. Com a mesma confiança do líder messiânico que prometera aos réus livrá-los da condenação judicial, Lula lembrou que foi reeleito em 2006, um ano depois de ser acossado pela ameaça de um processo de impeachment, e fez de Dilma Rousseff sua sucessora em 2010. O mensalão seria uma mera “piada de salão”. Piadinha sem graça.

A popularização dos importados via internet

Comprar eletrônicos pela metade do preço e cosméticos que não são vendidos por aqui está bem mais fácil. A variedade e os preços baixos popularizaram os sites de fora que entregam no Brasil. Os consumidores que aderiram ao comércio internacional virtual recomendam a prática. Para aproveitar bem as oportunidades, basta saber escolher as lojas confiá­veis e entender a tributação das importações.
O aumento da popularidade das compras virtuais internacionais é consequência do crescimento do comércio on-line brasileiro. Em 2011, o e-commerce movimentou R$ 18 bilhões. Para este ano, a estimativa da consultoria especializada em comércio eletrônico GS&Virtual é de que o mercado chegue aos R$ 24 bilhões. “Não existem dados oficiais, mas calcula-se que as compras internacionais representem 7% deste mercado, movimentando R$ 2 bilhões em 2012”, afirma Mauricio Salvador, sócio-diretor da GS&Virtual.
Alerta
Na hora da compra, consumidor deve olhar câmbio e tributos
Mesmo com preços atraentes na tela do computador, o consumidor precisa prestar atenção ao valor do câmbio e do frete e ao cálculo da cobrança de impostos por parte da Receita Federal, para não ser surpreendido com o valor final da compra.
Quem pesquisa um mesmo produto em muitos sites, por exemplo, deve ficar atento às moedas. Um site europeu pode mostrar o valor em euros ou em dólares. “O sistema eventualmente pode identificar que é uma conexão do Brasil e fazer o cálculo para reais automaticamente também. Nessa conversão, os valores podem mudar radicalmente”, adverte o analista Ronildo Dias, da consultoria especializada em e-commerce Dial-Z.
O consumidor também deve acrescentar ao valor a alíquota básica do Regime de Tributação Simplificada da Receita, que é de 60% para produtos acima de US$ 50. “Somente livros e jornais são totalmente isentos de tributação. Os demais itens, em compras de até US$ 3 mil, estão sujeitos a esse imposto”, afirma o advogado especialista em direito aduaneiro da Boccuzzi Advogados Associados, Rogério Pires da Silva. Nem todos os produtos são taxados, pois a Receita trabalha com vistoria por amostragem, mas, uma vez tributados, eles só são liberados mediante pagamento. “Uma compra como essa é uma importação e está sujeita a esses trâmites. Não tem como fugir”, afirma.
A cobrança do imposto é feita geralmente sobre o valor declarado do bem importado. No entanto, se o valor especificado pelo comprador ou pela loja está muito aquém do praticado no Brasil, a Receita pode aplicar uma taxa sobre o valor médio de mercado. “Caso a cobrança seja indevida, o comprador deve efetuar o pagamento e pedir o ressarcimento para a Receita apresentando a nota ou a fatura do cartão com o valor correto que foi pago”, orienta.
Descoberta
Salvador atribui a popularização desse tipo de comportamento à simples descoberta do serviço. “De dois anos para cá, além de um crescimento na cultura digital, os consumidores descobriram sites japoneses e chineses com frete gratuito, lojas americanas com produtos exclusivos e uma série de outros serviços. Isso foi fundamental para o crescimento do mercado”, explica.
O analista de comércio exterior Ananias Freitas explica que a busca por produtos importados sempre existiu. A diferença é que esses itens se tornaram acessíveis a todos que estão conectados. “Os sites disseminaram esse serviço pelo mundo e a comunidade virtual trouxe segurança para o consumidor. Se uma loja não entrega ou falha no serviço, logo milhares de compradores ficam sabendo”, afirma.
De olho no consumidor brasileiro, lojas estrangeiras estão criando versões dos seus sites em português ou oferecendo frete gratuito para o Brasil. A Amazon, gigante do e-commerce mundial, é uma das que se prepara para abrir sua sede brasileira. “Dos 90 milhões de internautas brasileiros, 40 milhões já realizaram compras online. Quem compra em um site brasileiro é potencial consumidor de outros sites. Existe um mercado imenso a se explorar”, explica Mauricio Salvador, da GS&Virtual.
Vantagens
“Achados” exclusivos e promoções são as principais atrações

O casal Andreza e João Carlos Arias compra on-line com frequência e toda a semana recebe algum pacote. O casal é o exemplo emblemático dos clientes de lojas estrangeiras. Os acessórios de eletrônicos que ele não encontra por aqui, acha nos especializados japoneses. Ela compra a baixos preços maquiagens europeias e americanas. “A síndica já sabe que vai chegar pelo menos um pacotinho semanalmente no nosso apartamento. Sou viciada em maquiagens e, comprando fora do Brasil, consigo produtos até 90% mais baratos”, conta Andreza. Ela descobriu o mercado virtual com o marido, que compra acessórios raros de videogames antigos. “São edições limitadas e artigos exclusivos que só encontro no Japão”, justifica, vestindo a luva interativa de um videogame dos anos 80.
A estudante Cindy Bordin é outra adepta. Depois de ler sobre compras bem sucedidas em blogs especializados, experimentou a aquisição de um acessório para seu celular em um site chinês. A chegada do produto algumas semanas depois, conforme o combinado, encorajou a estudante a virar uma consumidora fiel. “Passei a comprar de tudo”, admite. De bons negócios, ela lembra de uma blusa que achou por R$ 70 na rede e que no Brasil é vendida a R$ 280.
O colecionador de itens esportivos Alexandre Nóbrega só encontra alguns produtos em sites ingleses e americanos. Depois de ter algumas camisetas extraviadas, ele recomenda alguns cuidados básicos. “Para não transformar a compra em dor de cabeça, o ideal é buscar recomendações com amigos, blogs e fóruns da internet”. Na dúvida sobre a tributação, ele diz que é melhor sempre considerar os 60% do valor do produto. Essa é a alíquota básica para produtos importados.

sábado, 22 de setembro de 2012

Joaquim, inabalável

No momento em que as pressões de partidos de governo e oposição voltam a conturbar o ambiente político, o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, garante à ISTOÉ que fatores externos não irão interferir no julgamento

Izabelle Torres
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BLINDAGEM
O ministro Joaquim Barbosa diz que o
relevante está nos autos do processo
Na semana em que o Supremo Tribunal Federal começou a decidir o destino do núcleo político do mensalão, a proximidade das condenações levou réus do processo a orquestrar reações que atiçaram tanto partidos da base do governo como da oposição. O ambiente político conturbado, no entanto, não deve mudar um centímetro os rumos do julgamento, garantiu à ISTOÉ o ministro-relator, Joaquim Barbosa. O ministro diz que os movimentos não surpreendem e que o cenário de pressões não preocupa. “Nada vai interferir. O que é relevante para nós está nos autos do processo”, afirmou Joaquim na quarta-feira 19. Como consequência da atmosfera pesada dos últimos dias, o próprio Barbosa, que fora ovacionado e aclamado como herói num restaurante japonês em Brasília, virou alvo de simpatizantes do PT nas redes sociais. Embora não se sinta confortável com a possibilidade de se tornar personagem de discursos inflamados em palanques eleitorais durante a campanha, o ministro se diz inabalável. A disposição é confirmada pelos votos contundentes que ele proferiu na semana passada.
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A blindagem do processo pregada por Barbosa se faz necessária num momento de maior pressão política desde o início do julgamento em agosto. Nos últimos dias, o ex-presidente Lula voltou com força total à cena política. Liberado pelos médicos para participar das campanhas eleitorais, Lula decidiu comandar a reação às investidas da oposição para envolvê-lo no processo do mensalão. Inicialmente, ele anunciou que permaneceria em silêncio e garantiu não dar prioridade alguma às sessões do Supremo que decidem o destino dos acusados. Mudou de ideia. A condenação do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e os recados emitidos por réus do processo o fizeram adotar uma nova postura. “Ele até pensou em ficar de fora dessa polêmica. Mas quem aguenta? A gente insistiu que ele tem sim de ir às ruas e mobilizar as pessoas. Isso é o que o ex-presidente melhor sabe fazer na vida”, resume o petista Devanir Ribeiro (SP), compadre de Lula. A primeira providência do ex-presidente depois que decidiu reagir foi cobrar do PT e de aliados respostas aos discursos de integrantes da oposição de que ele teve ligações com o esquema operado pelo publicitário Marcos Valério.

As respostas cobradas vieram rapidamente. Na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) deixou de lado a discrição típica de seu posto. Fez duras críticas ao ministro Joaquim Barbosa e aos votos a favor da condenação já proferidos. “Há uma tentativa de afirmar uma coisa que não condiz com a verdade”, disse. Minutos depois, uma fila de petistas se formava no plenário para criticar o Supremo e insinuar que o julgamento estava “combinado” com a imprensa. “É um atentado à democracia”, acusou André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do partido. Também atendendo Lula, a direção nacional do PT divulgou um documento oficial chamando os petistas para se mobilizar. No dia seguinte, outra nota assinada por cinco partidos aliados seguiu o mesmo discurso. No texto, os partidos governistas alegam que a oposição tenta golpear o ex-presidente Lula como aconteceu com Getúlio Vargas e João Goulart, sem levar em conta que a comparação é prejudicada pelo fato de que Lula não está mais no governo. “O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda”, diz a nota assinada pelos presidentes do PT, PDT, PMDB, PCdoB, PSB e PRB.
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As suspeições não alteraram o comportamento de Joaquim Barbosa. Nos seus votos da última semana, o ministro-relator deixou claro que a lógica do julgamento não mudará, independentemente das pressões externas. Barbosa confirmou que houve compra de votos pelo governo Lula e atestou a culpa dos políticos acusados de receber propina em troca de apoio no Congresso. O relator concluiu seu voto com a condenação de 12 réus por terem se beneficiado do esquema. Barbosa declarou que líderes de quatro partidos – PP, PR, PTB e PMDB – venderam a lealdade ao governo Lula por milhões de reais. Em sua avaliação, o governo montou sua base de apoio no Congresso à custa do valerioduto. O próprio revisor, ministro Ricardo Lewandowski, também condenou o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP, por corrupção passiva, apesar de tê-lo absolvido do crime de lavagem de dinheiro.

O desgaste que essas decisões do STF vêm causando na campanha eleitoral em curso também explica o tom ácido dos partidos da base aliada. Candidatos petistas em várias capitais passaram a revelar um desempenho pior nas pesquisas de intenção de voto, o que muitos interpretaram como decorrência da exposição de líderes partidários no julgamento do mensalão. Mesmo assim, o plano de reação do PT aposta no efeito positivo que tem sobre o jogo de poder a disseminação da ideia de que Lula ainda pode ser candidato ao Planalto em 2014. A estratégia foi discutida em reuniões da cúpula petista ao longo da semana. Agora, o combinado é dizer que Lula pode, sim, participar novamente da disputa presidencial. Mais do que a vontade do próprio Lula, o discurso em torno de uma possível candidatura expressa uma tentativa de fortalecer a liderança do ex-presidente e inibir o crescimento de outras candidaturas na base aliada ao governo, como a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Um dirigente nacional do PT avalia que a estratégia pode “salvar” o partido de um fiasco nas urnas, no mês que vem.
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A estratégia petista também insistirá em caracterizar as condenações do STF como resultado de um julgamento político, destinado a atingir o ex-presidente. “Lula tem uma liderança incomparável e ele sabe disso. Nenhum partido tem líder com o poder de mobilização que ele mantém. Isso faz toda a diferença”, avalia o deputado federal petista Paulo Teixeira (SP). A estratégia de espalhar a tese de um retorno ao poder ficou evidente no início do mês, durante o comício de apoio a Patrus Ananias, que disputa a Prefeitura de Belo Horizonte. Antes de subir ao palanque, o ex-presidente disse aos aliados que estava de volta à política. E sorriu diversas vezes quando o chamavam de futuro presidente. Lula tenta refazer o clima de sua campanha de reeleição, em 2005, quando, posto em xeque pelo escândalo do mensalão, fez discursos duros e o uso do poder de mobilização das massas. Minutos antes de embarcar para o México na quinta-feira 20, o ex-presidente pediu aos assessores que acompanhassem todo esse processo atenciosamente, numa referência ao julgamento do mensalão transmitido ao vivo pela tevê. Seu interesse é mais uma prova de que está disposto a atacar os obstáculos no seu caminho e no do PT. No partido, o consenso é de que Joaquim Barbosa é o maior desses obstáculos.
Fotos: Victor R. Caivano/AP Photo; José Cruz/ABr; Adriano Machado/AG. ISTOÉ
Foto: Fellipe Sampaio/sco/stf

A esposa de Jesus

Por que a descoberta de um papiro do século IV que sugere a existência de uma mulher de Cristo pode revolucionar o estudo dos primeiros séculos do cristianismo

Rodrigo Cardoso
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CASAL?
O possível relacionamento entre Jesus e Maria Madalena
volta à baila com a revelação desse novo documento
Jesus Cristo nunca esteve tão próximo do altar dos homens quanto agora. Na terça-feira 18 uma respeitada historiadora da Universidade de Harvard, Karen L. King, especialista em cristianismo antigo, apresentou em um congresso no Vaticano, sede do catolicismo mundial, aquele que seria o texto mais antigo a mencionar que o filho de Deus teve uma esposa. Chamado de Evangelho da Esposa de Jesus, um fragmento de papiro do século IV escrito em copta – um idioma egípcio – traz um diálogo entre Cristo e seus discípulos no qual se lê: “Jesus disse a eles: ‘Minha esposa...’. Outros textos apócrifos (aqueles não legitimados pela Igreja Católica) sobre o cristianismo, como o evangelho de Filipe, do século III, já davam a entender que havia uma relação conjugal entre Jesus e Maria Madalena. Em nenhum deles, porém, Cristo fala em primeira pessoa sobre a sua consorte, como ocorre no Evangelho da Esposa de Jesus, que mede oito centímetros de comprimento por quatro de altura.

No documento nota-se, ainda, um diálogo de Cristo sobre o seu discipulado e o papel de sua esposa entre os homens que o seguiam (leia no alto da página). Na primeira linha do papiro, lê-se “Não (para) mim. Minha mãe me deu vi(da...)” e, na terceira, “negar. Maria é digna de... (ou Maria não é digna de...)”. Como a referência à mãe de Jesus é feita na primeira sentença, o arqueólogo Rodrigo Pereira da Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), afirma que é mais provável que a Maria mencionada no texto seja Maria Madalena e não Maria mãe de Jesus. Silva, que fez pós-doutorado em arqueologia na norte-americana Andrews University, concorda, porém, com a professora Karen, de Harvard. Para ela, o papiro não é prova de que Jesus se casou.
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O documento, segundo ela, seria parte de um livro escrito no século II, ou seja, uma fonte muito tardia em relação aos dias de Cristo na Terra. Corrobora também para a dúvida o fato de, naquele período, uma comunidade de cristãos dissidentes – a maioria de Alexandria, no Egito – ter criado um movimento chamado gnosticismo, marcado pela produção de textos nos quais a figura do Jesus preconizada pelo Novo Testamento pode ter sido modificada para tornar o cristianismo mais palatável ao povo pagão alexandrino. Esse novo Jesus que nascera ali, entre outros traços, não sentia dor nem sofrimento. Ideias como a ressurreição, encarnação e morte expiatória na cruz, que não eram bem-vistas diante dos olhos do mundo grego de Alexandria, ficaram de fora dos textos apócrifos gnósticos, como os evangelhos de Tomé, Judas e Filipe. Também surgiu a necessidade de se criar uma esposa para Cristo para, como pregava o gnosticismo, confirmar a teoria de que espíritos evoluídos estavam sempre em casais e nunca sozinhos.

O evangelho de Filipe, por exemplo, traz fragmentos nos quais se menciona o episódio de um beijo de Jesus em Maria Madalena. “Nessa região e naquela época se discutia muito se era apropriado ao cristão se casar. Por essas evidências, supõe-se que o Evangelho da Esposa de Jesus seja um documento surgido em um ambiente de gnosticismo”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro, da pós-graduação em arqueologia do Oriente Médio Antigo da Universidade de Santo Amaro (Unisa). O fragmento apresentado no Vaticano, portanto, estaria se referindo a um outro Cristo, uma divindade maquiada, e não àquele presente no Novo Testamento. Mas qual é o verdadeiro? Não será esse papiro que irá responder. Mas ele lança lenha na fogueira por ser mais um texto, diferente dos que já se tem conhecimento, que aponta para uma possível relação entre Maria Madalena e Jesus.
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Fogueira que também é alimentada por textos reconhecidos como canônicos pelo cristianismo ortodoxo, como o Evangelho de Marcos, o primeiro entre aqueles aceitos pela Igreja a ser escrito. “De repente, Maria Madalena aparece nele como uma figura do círculo mais íntimo de Jesus, sem nunca sequer ter sido mencionada”, afirma Fabbro. “Ela surge na morte de Jesus, ao lado da mãe e da irmã dele, o vê nu, ajuda a ungi-lo e, depois, não mais recebe citações. Isso sugere um elevado grau de intimidade dela com Jesus, maior do que, à primeira vista, transparece nos evangelhos.” O casamento entre os cristãos do século I, porém, era uma possibilidade abençoada. Paulo, por exemplo, cujos textos fazem parte do cânone oficial, menciona líderes da Igreja casados, como Pedro, os apóstolos e os irmãos de Cristo.

Na Israel do século I, nobre não era apenas a pessoa solteira e celibatária. Assim também seria aquela que, mesmo casada, tivesse a coragem de deixar a família em segundo plano para servir ao trabalho de Deus. “Se Jesus fosse casado, seria uma vantagem para ele. Não haveria motivos para os evangelhos bíblicos negarem o fato”, diz o arqueó­logo Silva. Para ele, o Evangelho da Esposa de Jesus é mais um que reforça o fato de que o Cristo histórico não foi casado, uma vez que, se tivesse vivido uma relação marital, a discussão ou menção sobre isso apareceria em livros mais antigos do que os do século II. “Por outro lado, nota-se um silêncio absoluto no século I sobre o fato e uma grande efervescência sobre ele no século II. E foi assim porque o Jesus casado é uma característica de um Cristo construído pela teologia gnóstica.”

Inferir, então, um relacionamento marital entre Jesus Cristo e Maria Madalena é pura especulação. Fabbro, o arqueólogo da Unisa, lembra que alguns cristãos gnósticos acreditavam que, para estarem próximos do que há de melhor no universo, era preciso rejeitar todos os prazeres relacionados ao corpo, como o contato físico por meio do sexo e a glutonaria. “Pregadores itinerantes dessa comunidade viajavam sempre acompanhados do que chamavam de esposa”, diz ele. “Tratava-se de uma espécie de irmã com quem tinham intimidade de convívio, apoio mútuo, mas com celibato.” O Evangelho da Esposa de Jesus, então, pode ser uma manifestação desse costume. Análises químicas da tinta usada no papiro serão feitas para tentar precisar o tempo em que ele foi escrito. E mais capítulos dessa – fascinante para muitos e improvável para outros – história poderão vir à tona.

Fotos: Karen L. King/Harvard Divinity School/AFP PHOTO; Rose Lincoln/Harvard Staff Photographer