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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Irã anuncia construção de 10 usinas

O governo iraniano anunciou ontem que planeja construir dez novas usinas de enriquecimento de urânio, em um claro gesto de desafio às potências ocidentais após a censura da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na sexta-feira. Segundo a emissora estatal do Irã, a IRIB, as obras para cinco das novas usinas começarão em dois meses. Para as outras cinco, o início demorará um pouco mais, pois ainda é necessário escolher o local de construção.
O presidente Mahmoud Ahmadinejad afirmou que, com as usinas, seu país dever produzir entre 250 e 300 toneladas de combustível nuclear ao ano. "Temos uma abordagem amigável com o mundo, mas não deixaremos ninguém prejudicar os direitos do Irã", disse. Teerã garante que seu programa nuclear tem fins exclusivamente civis, mas grande parte dos países ocidentais acredita que o país está tentando desenvolver bombas atômicas.
O anúncio provocou reações imediatas dos EUA e da Grã-Bretanha. Para a Casa Branca, os planos de expansão do programa nuclear "são mais uma violação" de Teerã a suas obrigações com a comunidade internacional e demonstram que o país "está escolhendo se isolar". O governo britânico classificou o fato como "muito preocupante".
A AIEA, que condenou o Irã pela construção em segredo da usina atômica de Fordow e pediu a paralisação imediata de suas atividades, tentava há meses dissuadir o país de desenvolver tecnologia para enriquecer urânio e propôs que outros países realizassem o processo para o Irã.
O produto final do urânio processado para equipamentos médicos ou produção de energia impossibilita seu aproveitamento na construção de armas atômicas, mas o processo de enriquecimento de urânio para qualquer fim é muito semelhante.
Pela proposta rejeitada pelo regime iraniano, Teerã enviaria 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para ser processado em duas etapas - ao longo de 18 meses - na Rússia e na França. A quantidade de urânio embarcado corresponderia a cerca de 75% de todo o material radioativo do país.
A estratégia era uma tentativa de evitar, ou retardar, a capacidade iraniana de desenvolver armas nucleares, coisa que os EUA temem que possa ocorrer dentro de aproximadamente cinco anos.
O Islã Atômico
Bushehr - Usina de energia atômica ainda em construção, conta com parceria russa para a instalação do reator
Isfahan - Local de processamento inicial do urânio em estado bruto, recebe inspeções regulares da AIEA
Natanz - Grande complexo subterrâneo cuja capacidade total - de 5 mil centrífugas - ainda não está sendo utilizada
Fordow - Recentemente revelada, a usina construída dentro de uma montanha deve operar a partir de 2011

domingo, 29 de novembro de 2009

Menino do MEP-LULA

Vale a pena ler o artigo do César Benjamin em que mostra a verdadeira face do Lula (na sua visão). Escreve que Lula lhe contou, na presença de assessores de campanha eleitoral, que Lula tentara abusar sexualmente de um jovem que compartilhava com ele uma cela na sua decantada prisão de 30 dias.O publicitário Paulo de Tarso confirmou o encontro referido por Benjamin (ZH, 28/11), a Eliane Cantanhêde escreve sobre isso e antecipa a reação do Planalto: a vitimização do “operário rejeitado pelas elites, o líder que é alvo de ex-aliados ressentidos”.O Planalto deveria buscar o “Menino do MEP” e fazê-lo desmentir tal baixeza, tal demonstração de mau-caratismo. É fácil a localização do “Menino do MEP”: basta OS biógrafos do Lula que reuniram todo aquele material para o milionário “Filho do Brasil” encontrarem aquele que foi “cumpanhero” do Lula nos seus poucos dias de cadeia. Caso contrário, eu fico com o César Benjamin que faz acusações gravíssimas contra a cúpula do PT, desde 1995, e nunca foi processado.
Menino do MEP- ELIANE CANTANHÊDEBRASÍLIA - César Benjamin abriu uma guerra de muita paixão e pouca objetividade entre o seu texto na Folha, "Os Filhos do Brasil", e o filme "O Filho do Brasil". Com narrativa serena, mas conteúdo dramático e chocante, Benjamin desvia o foco DA corrupção para uma seara muito mais pantanosa DA política: o caráter dos governantes.O que interessa aqui não é acatar ou rejeitar Benjamin e o que ele relata, mas analisar OS efeitos no debate político. O confronto entre filme e texto, que remete a uma suposta tentativa de Lula de subjugar sexualmente um jovem ("o menino do MEP") na cadeia, acirra ao máximo o maniqueísmo do endeusamento ou DA demonização de Lula. Intelectuais refratários ao atual regime e a oposição vão tentar aprofundar aquela vaga sensação de que Lula, sob o manto DA humildade, é na verdade um megalomaníaco que se sente predestinado: "Eu quero, eu posso, eu devo". Já Planalto e marqueteiros e aliados vão carregar numa fórmula que tem sido infalível quando falta argumento objetivo para defender Lula: o DA vitimização. O operário rejeitado pelas elites, o líder que é alvo de ex-aliados ressentidos. O debate político, portanto, entra numa nova fase de embate, abstrato, difuso, permeado por sentimentos e emoções. No centro, as personalidades, ou, como diz o próprio Benjamin, "a complexidade DA condição humana". Ganha, no grito, quem tem mais meios e mais marketing. Lula tem sido imbatível nisso. CÉSAR BENJAMINESPECIAL PARA A FOLHA
A PRISÃO na Polícia do Exército DA Vila Militar, em setembro de 1971, era especialmente ruim: eu ficava nu em uma cela tão pequena que só conseguia me recostar no chão de ladrilhos usando a diagonal. A cela era nua também, sem nada, a menos de um buraco no chão que OS militares chamavam de "boi"; a única água disponível era a DA descarga do "boi". Permanecia em pé durante as noites, em inúteis tentativas de espantar o frio. Comia com as mãos. Tinha 17 anos de idade. Um dia a equipe de plantão abriu a porta de bom humor. Conduziram-me por dois corredores e colocaram-me em uma cela maior onde estavam três criminosos comuns, Caveirinha, Português e Nelson, incentivados Ali mesmo a me usar como bem entendessem. Os três, porém, foram gentis e solidários comigo. Ofereceram-me logo um lençol, com o qual me cobri, passando a usá-lo nos dias seguintes como uma toga troncha de senador Romano. Oriundos de São Paulo, Caveirinha e Português disseram-me que "estavam pedidos" pelo delegado Sérgio Fleury, que provavelmente iria matá-Los. Nelson, um mulato escuro, passava o tempo cantando Beatles, fingindo que sabia inglês e pedindo nossa opinião sobre suas caprichadas interpretações. Repetia uma ideia, pensando alto: "O Brasil não dá mais. Aqui só tem gente esperta. Quando sair dessa, vou para o Senegal. Vou ser rei do Senegal". Voltei para a solitária alguns dias depois. Ainda não sabia que começava então um longo período que me levou ao limite. Vegetei em silêncio, sem contato humano, vendo só quatro paredes -"sobrevivendo a mim mesmo como um fósforo frio", para lembrar Fernando Pessoa- durante três anos e meio, em diferentes quartéis, sem saber o que acontecia fora das celas. Até que, num fim de tarde, abriram a porta e colocaram-me em um camburão. Eu estava sendo transferido para fora da Vila Militar. A caçamba do carro era dividida ao meio por uma chapa de ferro, de modo que duas pessoas podiam ser conduzidas sem que conseguissem se ver. A vedação, porém, não era completa. Por uma fresta de alguns centímetros, no canto inferior à minha direita, apareceram dedos que, pelo tato, percebi serem femininos. Fiquei muito perturbado (preso vive de coisas pequenas). Há anos eu não via, muito menos tocava, uma mulher. Fui desembarcado em um dos presídios do complexo penitenciário de Bangu, para presos comuns, e colocado na galeria F, "de alta periculosia", como se dizia por lá. Havia 30 a 40 homens, sem superlotação, e três eram travestis, a Monique, a Neguinha e a Eva. Revivi o pesadelo de sofrer uma curra, mas, mais uma vez, nada ocorreu. Era Carnaval, e a direção do presídio, excepcionalmente, permitira a entrada de uma televisão para que os detentos pudessem assistir ao desfile. Estavam todos ocupados, torcendo por suas escolas. Pude então, nessa noite, ter uma longa conversa com as lideranças do novo lugar: Sapo Lee, Sabichão, Neguinho Dois, Formigão, Ari dos Macacos (ou Ari Navalhada, por causa de uma imensa cicatriz que trazia no rosto) e Chinês. Quando o dia amanheceu éramos quase amigos, o que não impediu que, durante algum tempo, eu fosse submetido à tradicional série de "provas de fogo", situações armadas para testar a firmeza de cada novato.Quando fui rebatizado, estava aceito. Passei a ser o Devagar. Aos poucos, aprendi a "língua de congo", o dialeto que os presos usam entre si para não serem entendidos pelos estranhos ao grupo. Com a entrada de um novo diretor, mais liberal, consegui reativar as salas de aula do presídio para turmas de primeiro e de segundo grau. Além de dezenas de presos, de todas as galerias, guardas penitenciários e até o chefe de segurança se inscreveram para tentar um diploma do supletivo. Era o que eu faria, também: clandestino desde os 14 anos, preso desde os 17, já estava com 22 e não tinha o segundo grau. Tornei-me o professor de todas as matérias, mas faria as provas junto com eles. Passei assim a maior parte dos quase dois anos que fiquei em Bangu. Nos intervalos das aulas, traduzia livros para mim mesmo, para aprender línguas, e escrevia petições para advogados dos presos ou cartas de amor que eles enviavam para namoradas reais, supostas ou apenas desejadas, algumas das quais presas no Talavera Bruce, ali ao lado. Quanto mais melosas, melhor.Como não havia sido levado a julgamento, por causa da menoridade na época da prisão, não cumpria nenhuma pena específica. Por isso era mantido nesse confinamento semiclandestino, segregado dos demais presos políticos. Ignorava quanto tempo ainda permaneceria nessa situação. Lembro-me com emoção -toda essa trajetória me emociona, a ponto de eu nunca tê-la compartilhado- do dia em que circulou a notícia de que eu seria transferido. Recebi dezenas de catataus, de todas as galerias, trazidos pelos próprios guardas. Catatau, em língua de congo, é uma espécie de bilhete de apresentação em que o signatário afiança a seus conhecidos que o portador é "sujeito-homem" e deve ser ajudado nos outros presídios por onde passar.Alguns presos propuseram-se a organizar uma rebelião, temendo que a transferência fosse parte de um plano contra a minha vida. A essa altura, já haviam compreendido há muito quem eu era e o que era uma ditadura. Eu os tranquilizei: na Frei Caneca, para onde iria, estavam os meus antigos companheiros de militância, que reencontraria tantos anos depois. Descumprindo o regulamento, os guardas permitiram que eu entrasse em todas as galerias para me despedir afetuosamentede alunos e amigos. O Devagar ia embora.
São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha.Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato.Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço. Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: "Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta". Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos. Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram. O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.
Dias depois de ter retornado para a solitária, ainda na PE da Vila Militar, alguém empurrou por baixo da porta um exemplar do jornal "O Dia". A matéria da primeira página, com direito a manchete principal, anunciava que Caveirinha e Português haviam sido localizados no bairro do Rio Comprido por uma equipe do delegado Fleury e mortos depois de intensa perseguição e tiroteio. Consumara-se o assassinato que eles haviam antevisto. Nelson, que amava os Beatles, não conseguiu ser o rei do Senegal: transferido para o presídio de Água Santa, liderou uma greve de fome contra os espancamentos de presos e perseverou nela até morrer de inanição, cerca de 60 dias depois. Seu pai, guarda penitenciário, servia naquela unidade. Neguinho Dois também morreu na prisão. Sapo Lee foi transferido para a Ilha Grande; perdi sua pista quando o presídio de lá foi desativado. Chinês foi solto e conseguiu ser contratado por uma empreiteira que o enviaria para trabalhar em uma obra na Arábia, mas a empresa mudou os planos e o mandou para o Alasca. Na última vez que falei com ele, há mais de 20 anos, estava animado com a perspectiva do embarque: "Arábia ou Alasca, Devagar, é tudo as mesmas Alemanhas!" Ele quis ir embora para escapar do destino de seu melhor amigo, o Sabichão, que também havia sido solto, novamente preso e dessa vez assassinado. Não sei o que aconteceu com o Formigão e o Ari Navalhada. A todos, autênticos filhos do Brasil, tão castigados, presto homenagem, estejam onde estiverem, mortos ou vivos, pela maneira como trataram um jovem branco de classe média, na casa dos 20 anos, que lhes esteve ao alcance das mãos. Eu nunca soube quem é o "menino do MEP". Suponho que esteja vivo, pois a organização era formada por gente com o meu perfil. Nossa sobrevida, em geral, é bem maior do que a dos pobres e pretos. O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional. Afastei-me dele depois daquela conversa na produtora de televisão, mas desejo-lhe sorte, pelo bem do nosso país. Espero que tenha melhorado com o passar dos anos. Mesmo assim, não pretendo assistir a "O Filho do Brasil", que exala o mau cheiro das mistificações. Li nos jornais que o filme mostra cenas dos 30 dias em que Lula esteve detido e lembrei das passagens que registrei neste texto, que está além da política. Não pretende acusar, rotular ou julgar, mas refletir sobre a complexidade da condição humana, justamente o que um filme assim, a serviço do culto à personalidade, tenta esconder.
CÉSAR BENJAMIN, 55, militou no movimento estudantil secundarista em 1968 e passou para a clandestinidade depois da decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro desse ano, juntando-se à resistência armada ao regime militar. Foi preso em meados de 1971, com 17 anos, e expulso do país no final de 1976. Retornou em 1978. Ajudou a fundar o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 foi candidato a vice-presidente na chapa liderada pela senadora Heloísa Helena, do PSOL, do qual também se desfiliou. Trabalhou na Fundação Getulio Vargas, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora Nova Fronteira. É editor da Editora Contraponto e colunista da Folha.

Conquista ameaçada

Nas palestras em que é convidada a participar nos mais distantes rincões do País, a biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes costuma contar a história da mulher que a abraçou e, chorando, lhe agradeceu porque, desde que o marido da vizinha foi preso por espancá- la, seu próprio companheiro, temeroso de destino idêntico, nunca mais lhe bateu.
O caso traduz a essência da Lei Maria da Penha: mais do que punir com rigor os agressores, está modificando a cultura brasileira que tolera e considera normal um marido ameaçar, humilhar e até espancar a mulher. No Brasil, onde muitas leis ficam só no papel, esta surpreendeu por sua aplicação rigorosa e imediata.
Entretanto, corre sério risco de ser praticamente extinta. Tudo depende de um projeto de lei em tramitação no Senado. Se aprovado, modifica o Código de Processo Penal, fazendo com que os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher voltem a ser considerados de menor potencial. Na prática isso significa impunidade.
Esses crimes voltariam a ser resolvidos com penalidades pecuniárias, como pagamento de cestas básicas e indenizações. "Estou apavorada com essa reforma", disse Maria da Penha. A preocupação de Maria da Penha, que vive sobre uma cadeira de rodas devido aos tiros que levou de seu ex-marido, um professor universitário que tentou matála por não se conformar com a separação, é a mesma de juízes, defensores públicos e promotores de Justiça que militam na área da violência doméstica.
"A Lei Maria da Penha basicamente é revogada com esse novo Código de Processo Penal", alerta a juíza fluminense Adriana Ramos de Mello, presidente do Fonavid, o fórum que discute a questão da violência familiar. A ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, também está angustiada. "Esse projeto não pode ser votado da maneira que está porque praticamente acaba com uma lei que a ONU classifica como uma das três melhores existentes no mundo para diminuir a violência contra a mulher", adverte a ministra.
Ninguém é contra a reforma do Código de Processo Penal, que vigora desde 1941. O que aflige é a falta de cuidado da comissão do Senado que redigiu o projeto com a realidade enfrentada pela mulher brasileira. Após a implantação da Lei Maria da Penha, em 2006, as mulheres têm buscado mais os seus direitos.
Dados do Conselho Nacional de Justiça estimam em mais de 150 mil o número de processos instaurados nos Juizados da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher no País, a partir da lei. Desde a sua implantação, mais de 1,8 mil homens foram presos e quase 20 mil mulheres foram beneficiadas com medidas de proteção e segurança. "A minha participação, agora, é coletar assinaturas contra a aprovação dessa reforma", diz Maria da Penha.

Fortaleza oferece diversas opções para estas férias

Dezembro bate à porta e, junto com ele, as tão sonhadas férias. Praia, viagens, passeios ao ar livre ou até ficar em casa na companhia da família podem ser boas oportunidades para momentos de descontração.Neste período, em que as aulas cedem espaço para as brincadeiras e o trabalho é substituído pela diversão, todos, não importa a idade, só querem aproveitar. E Fortaleza, a cada ano, se supera em possibilidades de animação. Além da tradicional combinação sol e mar, há várias opções, algumas inusitadas, como a patinação no gelo.Ao atrair consumidores, as alternativas aquecem a economia local. Segundo a coordenadora do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade de Fortaleza, Cristiane Buhamra, a procura por serviços relacionados a entretenimento aumenta nesta época do ano. "Com as férias, muitos têm tempo livre e reserva financeira para desfrutar dos mais variados programas", opina.AlternativasDistração muito procurada pelos amantes de aventuras, o paintball vem ganhando cada vez mais adeptos na cidade. No jogo, os participantes desenvolvem diversas estratégias para vencer a equipe adversária, utilizando marcadores que disparam bolinhas de tinta.O espírito de competição talvez seja o que estimula muitos jovens a procurarem essa atividade. Segundo o proprietário do No Alvo Paintball, Rodrigo Canuto, meninos e meninas com idades entre 13 e 28 anos são a maioria no jogo e, por conta do período de férias acadêmicas, devem ir ao local, que fica no bairro Edson Queiroz, com mais frequência. "Mensalmente, atendemos a uma média de 700 pessoas. Em dezembro, a expectativa é duplicarmos esse número e recebermos um total de 1.500 jogadores", diz.Para atender a demanda, serão disponibilizados dois campos e sete funcionários. Os interessados gastarão R$ 25,00 por duas horas de jogo com direito aos equipamentos, que incluem capacete e protetores.O crescimento econômico não é perceptível só neste ramo. No Beach Park, por exemplo, 390 novos profissionais foram contratados para servir aos visitantes, somente nas férias. De acordo com a assessoria de imprensa do complexo, cerca de 85 mil pessoas são esperadas ali nos próximos 30 dias.Aberto diariamente, de 11 às 17 horas, o parque aquático oferece brinquedos radicais e moderados, que fazem a alegria de toda a família. A entrada custa R$ 105,00 para adultos e R$ 95,00 para crianças.InovaçãoEmbora Fortaleza disponha de várias alternativas para lazer, Cristiane Buhamra destaca que é necessário inovar, propôr atividades diferentes do habitual. "O público cearense é muito movido à moda. É bom que haja uma diversidade grande para poder atender a todos os segmentos. Portanto, considero importante que os prestadores de serviço sempre busquem novidades para servir o seu cliente e diversificar o máximo possível".Dentre essas novidades, o boliche, esporte que antes não era tão conhecido na cidade, vem atraindo um número crescente de pessoas. Por conta disso mais locais estão investindo no negócio. Neste ano, foi inaugurado no Via Sul Shopping um espaço para jogar.O Via Bowling possui oito pistas com capacidade para até seis pessoas, cada uma. A competição é monitorada por um painel em LCD, onde participantes conferem seu ranking em um software especial. Nas férias, o valor é R$ 50,00 por uma partida de 60 minutos.A patinação no gelo, alternativa inusitada para uma cidade de quente, tem feito sucesso justamente por ser diferente. As pistas estão disponíveis no Iguatemi e North Shopping. Para deslizar durante meia-hora, o preço é o mesmo em ambos os locais: R$ 18,00.EM ALTO-MAR:Um olhar diferente da Capital cearense-Aos românticos que adoram apreciar a natureza, que tal passear pela orla marítima da cidade de caiaque? Os interessados nessa viagem podem alugar o equipamento na Escolinha de Vela da Enseada do Mucuripe (Brothers Wind School), localizada na Avenida Beira-Mar, 4260, por preços que variam de R$ 10,00 a R$ 20,00.O percurso dura uma hora e, no compasso das ondas, é possível relaxar e presenciar um pôr-do-sol deslumbrante.Além do caiaque, outra opção bastante procurada nas férias são as aulas de Windsurf. Segundo Edson Ferreira, proprietário da escola, esta é a época ideal para velejar, já que os ventos são moderados e propiciam um passeio mais seguro. Quem quiser aprender a praticar esse esporte náutico deve pagar uma taxa de R$ 200 para ter direito a um curso básico de 12 horas.Nas primeiras aulas, os alunos são acompanhados de perto por instrutores e, em seguida, tentam treinar sozinhos.Conforme Ferreira, a idade mínima para a prática do windsurf é 10 anos, e a máxima é variável - vai até o limite da capacidade da pessoa. Ele acrescenta que para saber como manusear todas as técnicas é necessário saber nadar e não portar nenhuma complicação física ou psicológica.No esporte, que desenvolve principalmente a resistência muscular, são trabalhados os músculos das pernas, braços e das costas. Gostou dos benefícios? As aulas acontecem entre oito da manhã e cinco da tarde. É só se matricular! Mais informações pelo telefone (85) 9984-1967.OPINIÃO DO ESPECIALISTAExercícios aumentam neste períodoNas férias, devido ao aumento do tempo livre, as pessoas costumam iniciar a prática de exercícios físicos. Essa é uma ótima forma de lazer saudável, um bom caminho para o bem-estar físico e metal. No entanto, cuidado para mão criar expectativas irreais! A maioria dos benefícios só são adquiridos se houver regularidade dessa prática. É necessário que haja continuidade.Antes de fazer algum esporte ou atividade, é imprescindível buscar supervisão de um profissional registrado no Conselho Regional de Educação Física para que ele possa desenvolver um planejamento ideal para suas necessidades e capacidades físicas. Essa medida afastará a possibilidade de exageros e ajuda a evitar danos à saúde como, por exemplo, as lesões musculares. É melhor dar pequenos passos todos os dias que um único e grande passo!Jaina Bezerra de AguiarFiscal do Conselho de Ed. FísicaFique por dentro Universal ParkAutopista, piscina de bolas, carrossel e muitos outros brinquedos fazem a alegria da criançada no parque, que está localizado na Avenida Washington Soares (próximo ao Sítio Colosso). Com um único passaporte, duas pessoas têm acesso a todos os equipamentos do espaço. As entradas variam de R$ 20 a R$ 25, de acordo com o dia da semana.

sábado, 28 de novembro de 2009

Unasul faz resolução sobre bases militares

Quito. A pequena participação de titulares marcou a reunião de ministros da Defesa e de Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) aberta, ontem, em Quito. A ausência de ministros colombianos foi duramente criticada pelo representante venezuelano, que reclamou do "desprezo" da Colômbia pela organização.Só a metade dos 12 países integrantes do organismo esteve representada por algum ou pelos dois titulares das pastas.Destes apenas o Brasil, com Celso Amorim e Nelson Jobim, e Equador, com Fander Falconi e Javier Ponce, participam com os dois representantes.Apesar do quorum baixo de ministros, o chanceler equatoriano, Fander Falconi, demonstrou confiança em que o encontro será "frutífero" e considerou necessário que os participantes da reunião tenham "convicção integracionista e flexibilidade nos argumentos".Só essa atitude "nos permitirá tornar a reunião frutífera, adequada e capaz de cumprir a expectativa fundamental traçada pelos nossos chefes de Estado e sobre nossos povos", assinalou o ministro equatoriano.Por causa das recentes críticas ao governo colombiano, o chanceler Jaime Bermúdez e o ministro da Defesa Gabriel Silva não compareceram à reunião.O governo colombiano disse que não era possível prever se as discussões iriam se desenvolver em tom de "respeito, objetividade e equilíbrio temático" e, por isso, enviou um grupo de técnicos ao encontro.Presente à reunião, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que a ausência de ministros colombianos revela um "desprezo" à organização."É um vazio inexplicável, um erro gigantesco, um desprezo pela Unasul", disse Maduro em um diálogo com jornalistas."Temos que exigir que se acabem as bases militares estrangeiras em nosso território", acrescentou o chanceler, referindo-se às sete instalações militares colombianas que ficarão abertas para militares e civis americanos que trabalham no país para combater o narcotráfico e as guerrilhas de esquerda.A Unasul é formada por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

27 Nov 1935 - Intentona Comunista.

Amigos. Nosso país por várias vezes tem sido alvo de países e de pessoas que tentam impor a nossa sociedade ideologias e formas de governo que até a presente data não são aceitas pelo povo brasileiro. Essa tem por finalidade lembrar a todos, um episódio de nossa história, onde brasileiros foram covardemente assassinados por compatriotas que se venderam e/ou se deixaram iludir por agentes inimigos, tornando-se traidores da pátria. Infelizmente hoje esse fato é muito pouco difundido, esquecido completamente nos estabelecimentos de ensino. Nossos atuais governantes querem que não nos lembremos mais.
Dos três levantes comunistas de 1935, o de Pernambuco foi o mais sangrento, resultando, segundo Glauco Carneiro, "em cerca de 720 mortes, só nas operações da frente do Recife". Quando eclodiu a revolta, encontravam-se ausentes do Estado, em viagem no dirigível Hindemburg LZ-129, o Governador Carlos de Lima Cavalcanti, o comandante da 7ª Região Militar, General Manuel Rabelo, e o comandante da Polícia Militar do Estado, Capitão Jurandir Bizarria Mamede. A ausência dessas autoridades poderia ter comprometido a reação legalista. Isto apenas não ocorreu em virtude de algumas circunstâncias favoráveis. A primeira circunstância foi a antecipação da revolta de Natal, que prejudicou a surpresa do movimento em Recife, encontrando a guarnição alerta e pronta para debelá-lo. A imediata resistência desenvolvida no interior do quartel do 29º Batalhão de Caçadores, a presteza da reação das tropas do Exército em Alagoas e na Paraíba e da Polícia Militar de Pernambuco desfizeram em curto prazo qualquer possibilidade de vitória comunista. Outro fator decisivo para sufocar o levante foi sem dúvida a atuação segura do Secretário de Segurança de Pernambuco, Capitão do Exército Malvino Reis Neto.
Prestes considerava Pernambuco de grande importância para os seus planos, por isso ali localizara a sede do secretariado para o Nordeste, designando para dirigi-lo o ex-Tenente do Exército Silo Soares Furtado de Meireles, homem de sua inteira confiança secundado por João Caetano Machado e Wilson de Souza Fonseca. A ação principal do PCB orientava-se para os operários da Companhia Great Western, uma ferrovia com sede em Jaboatão. No dia 17 de novembro, o Capitão Malvino sofrera um atentado ao procurar impedir uma greve.
O tiro desferido atingiu e matou o 2º Tenente Lauro Leão dos Santos, então no comando de um pelotão que garantia o tráfego ferroviário entre Jaboatão e Recife. A morte provocou profunda revolta entre os companheiros do jovem oficial e deu força motivadora para a reação contra os comunistas, alguns dias mais tarde.
O movimento eclodiu na manhã do dia 24 de novembro, simultaneamente no quartel do 29º Batalhão de Caçadores e no quartel-general da 7ª Região Militar. Ao mesmo tempo, civis armados atacavam as delegacias de polícia de Olinda, Torre, Casa Amarela e a Cadeia Pública.
A revolta do 29º Batalhão de Caçadores aquartelado na Vila Militar Floriano Peixoto, em Socorro, foi liderada pelos Segundo-Tenentes Lamartine Coutinho Correia de Oliveira e Roberto Alberto Bomilcar Besouchet e os Sargentos José Avelino de Carvalho, Waldemar Diniz Henriques, Antônio Alves Damasceno e Augusto José Bezerra. Por volta das 9 horas o Tenente Lamartine levantara a 1ª Companhia e procurara prender todos que se lhe opunham, inclusive, após alguma reação, os Capitães Everardo de Barros e Vasconcelos e Frederico Mindelo Carneiro Monteiro. Estes dois oficiais, num golpe de audácia, conseguiram fugir e refugiar-se no Pavilhão do Comando, onde montaram obstinada resistência, fazendo que grande parte das forças rebeldes permanecesse contida no próprio quartel durante o período mais decisivo do combate. Como o 29º Batalhão de Caçadores estivesse a cerca de 18 quilômetros do centro, o Capitão Malvino conseguiu ganhar o tempo necessário para organizar as tropas e impedir a invasão de Recife.
O Tenente Lamartine tentou ainda dirigir-se ao centro da cidade, comandando a vanguarda das forças rebeldes, mas foi detido no Largo da Paz por tropas da Polícia Militar de Pernambuco.No quartel-general da 7ª Região Militar o Sargento Gregório Lourenço Bezerra, chefiando um grupo de amotinados, deu ordem de prisão aos Tenentes Aguinaldo de Oliveira e José Sampaio Xavier.
Ambos reagiram e quando sacavam as armas foram atingidos por descarga de fuzil, sendo o primeiro gravemente ferido e o segundo morto. Gregório também ferido foi preso pouco depois. Em Olinda, um grupo de civis conseguiu apoderar-se dos pontos estratégicos da cidade, depois de prender o prefeito e outras autoridades. Um pequeno contingente de forças policiais dirigidos pelo delegado Rômulo de Oliveira Leite, entretanto, desbaratou-os rapidamente. Na manhã do dia 25, segunda-feira, ainda havia combate no quartel do 29º Batalhão de Caçadores e no Largo da Paz. Os comunistas instalaram algumas metralhadoras pesadas na torre da igreja de Nossa Senhora da Paz, dificultando o ataque legalista. Para o local seguiu um grupo da Brigada Militar, chefiado pelo Capitão Higino Belarmino. Com a chegada de elementos do 29º Batalhão de Caçadores e de uma bateria de Artilharia da Paraíba, os comunistas pressionados começaram a recuar. Na altura do Engenho de Santana tiveram de enfrentar as forças do 20º Batalhão de Caçadores de Maceió, sendo batidos. Aqueles que conseguiram escapar uniram-se aos remanescentes de Socorro e fugiram desordenadamente para o interior, mas foram perseguidos e presos pelas tropas legais, à frente das quais estava o Major Costa Neto. Na terça-feira, 26, cessara praticamente a luta em Recife e proximidades. Neste mesmo dia, com autorização do Congresso Nacional, o Presidente da República decretou a vigência do estado de sítio em todo o país.
O terceiro e mais importante surto subversivo eclodiu no Rio de Janeiro.
Os comunistas prepararam a insurreição em várias unidades militares. Alguns planos que foram posteriormente apreendidos com Harry Berger esclareciam que a rebelião deveria abranger também o Batalhão de Transmissões e o 2º Regimento de Infantaria, na Vila Militar. No Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, no Grupo de Obuses, de São Cristóvão e no Ministério da Guerra realizar-se-iam ações de pequena amplitude, baseadas principalmente na audácia de oficiais especialmente selecionados para empreendê-las. Os civis só participariam do combate quando este se estendesse às ruas.
O 3º Regimento de Infantaria, comandado pelo Coronel José Fernando Afonso Ferreira estava aquartelado na Praia Vermelha, onde até 1904 funcionara a Escola Militar. A unidade possuía armamento moderno e seu efetivo era grande - cerca de 1.700 soldados, além de 100 oficiais e 200 sargentos. Desde algum tempo seus quadros vinham sendo infiltrados por comunistas. O Capitão Agildo da Gama Barata Ribeiro, um marxista notório, para lá fora encaminhado a fim de cumprir uma punição disciplinar de 20 dias, mas certamente esse não era o local mais apropriado para recolhê-lo. Agildo participara ativamente das revoluções de 1930 e 32 e posteriormente aderira ao comunismo, tornando-se um dos seus mais ferrenhos adeptos. Ao ingressar no 3º Regimento de Infantaria, em 8 de novembro de 1935, Agildo recebeu a comunicação de Francisco Moésia Rolim para se articular com o Tenente Francisco Antônio Leivas Otero, que liderava a célula do Partido Comunista. Logo assumiu a liderança dos preparativos para o levante, reformulando planos e redistribuindo missões. Em quase todas as companhias do regimento existia pelo menos um elemento em condições de prender os oficiais e as praças legalistas e de assumir o comando no momento oportuno.
Na tarde de 26 de novembro, o 3º Regimento de Infantaria encontrava-se em prontidão por causa dos acontecimentos no Nordeste. Além disto, o comandante da unidade, ao inteirar-se das atitudes suspeitas de alguns oficiais, "ordenara que as companhias e pelotões estacionassem no pátio do quartel ou ficassem de prontidão em seus próprios alojamentos, prontos para reprimir qualquer levante". Nessa mesma tarde o Capitão Agildo recebeu a ordem assinada por Prestes:"O 3º Regimento Popular Revolucionário deverá levantar-se às duas da madrugada de 27 de novembro e a partir de 3 horas deslocar tropas para as proximidades do Arsenal de Marinha e do Palácio do Catete, devendo outras impedir a ação da Polícia Especial e do Batalhão da Polícia Militar da rua São Clemente."
Na hora prevista ouviram-se tiros no pelotão do Tenente Leivas Otero, um dos revoltosos. Era o sinal esperado. Imediatamente os amotinados passaram a aprisionar os legalistas, que diante da surpresa e da rapidez da ação ofereciam pouca ou nenhuma resistência. Todavia, as companhias de metralhadoras dos I e II Batalhões, comandadas pelos Capitães Alexínio Bittencourt e Álvaro Braga, não se intimidaram e responderam ao fogo, estabelecendo-se cerrado tiroteio que alertava os observadores, escondidos nas vertentes dos morros circunvizinhos ao 3º Regimento de Infantaria. O governo foi imediatamente avisado. Nessa ocasião um oficial legalista, o Major Misael de Mendonça, foi atingido mortalmente.
Em companhia de alguns oficiais, o Coronel Afonso Ferreira ficou isolado na cúpula do pavilhão principal e, como nada pudesse fazer, comunicou-se pelo telefone com o Ministro da Guerra, informando-lhe a situação. Mais tarde, por intervenção dos comandantes dos dois batalhões, querendo evitar maior sacrifício de vidas depois de horas de luta, os núcleos de resistência legalista renderam-se. Os últimos a serem presos foram o Coronel Afonso Ferreira e os oficiais que com ele se encontravam, pois desmoronou a parte do prédio onde estavam abrigados.
Apesar de terem dominado a unidade, os rebeldes não puderam cumprir as ordens de Prestes. É que nessa ocasião tropas da 1ª Região Militar comandadas pelo General Eurico Gaspar Dutra impediam que os comunistas deixassem o quartel.
Intimado a render-se, Agildo Barata negou-se, talvez porque não soubesse que o levante na Escola de Aviação malograra. Diante dessa negativa as tropas legalistas intensificaram os fogos. O quartel converteu-se em enorme fogueira, com o emprego de granadas incendiárias. Era impossível resistir. Pouco depois do meio-dia surgiu uma bandeira branca entre os escombros.
Campo dos Afonsos.
Simultaneamente, na região do Campo dos Afonsos levantou-se parte da guarnição da Escola de Aviação Militar, vinculada à Aviação do Exército, comandada pelo Tenente-Coronel Ivo Borges e que se localizava a margem da antiga estrada Rio - São Paulo. Delimitava-se com o 1º Regimento de Aviação, comandado pelo Tenente-Coronel Eduardo Gomes, antigo revolucionário de 1922. A segurança de ambas as organizações militares era muito deficiente, pois quase não possuíam muros ou cercas de proteção.
Na Escola de Aviação a propaganda comunista procurava aliciar adeptos, dirigida pelos Capitães Agliberto Vieira de Azevedo e Sócrates Gonçalves da Silva, Tenentes Benedito de Carvalho, Ivan Ramos Ribeiro, Dinarco Reis, Carlos Brunswick França e José Gay da Cunha, o Aspirante Walter José Benjamim da Silva, além de graduados e praças.
Desde setembro de 1935 a Escola vivia um clima de crescente inquietação, com o aparecimento, entre os alunos, de boletins de propaganda comunista. Várias sindicâncias foram realizadas, sem descobrir o responsável. Às vésperas do dia 27 de novembro foi encontrado com o Capitão Sócrates Gonçalves da Silva um pacote com panfletos subversivos. O comandante determinou que o capitão fosse recolhido preso, mas ele desapareceu. Admitindo a anormalidade do que ali se passava, o Tenente-Coronel Borges mandou aumentar a vigilância e proibiu a entrada de qualquer veículo no quartel fora do expediente. Pouco depois das 14 horas, o comandante resolveu fiscalizar pessoalmente o cumprimento de suas instruções. Ele percorria com o Major Bento Ribeiro Carneiro e o Capitão Jorge Gomes Ramos os diversos postos de sentinelas quando observou o automóvel do Capitão Sócrates, em alta velocidade, penetrando por um dos portões da Escola. O sargento comandante da guarda, conivente, facilitara sua entrada.
Logo em seguida ouviram-se tiros, gritos e correrias. Eclodira e rapidamente se alastrara o movimento cuja repressão foi dificultada pela escuridão e pela confusão generalizada
Sucederam-se lances dramáticos, com atos de heroísmo e de covardia. De acordo com Glauco Carneiro, "dois oficiais legalistas, Capitão Armando de Souza e Melo e o Tenente Danilo Paladini, foram mortos na ocasião, diz-se que ainda dormindo, por Agliberto e Ivan".
O mesmo Capitão Agliberto assassinou o Tenente Benedito Lopes Bragança, quando este se encontrava preso, desarmado e incapaz de qualquer reação.
Senhores da situação, de posse de todo o armamento e munição retirados das reservas e do paiol, o próximo passo dos comunistas foi ocupar os hangares, a fim de acionar os aviões e com isso alastrar o movimento. O 1º Regimento de Aviação, com o Tenente-Coronel Eduardo Gomes, conseguiu repelir o assalto, retardando os amotinados até que o General José Joaquim de Andrade manobrasse o Regimento Andrade Neves contra os rebeldes. Às 17 horas os comunistas debandavam em fuga.
Os rebeldes prisioneiros foram colocados no navio Pedro l, transformado em barco-presídio.
Intentona Comunista.
Após a derrota da intentona, os agentes soviéticos conseguiram retornar a Moscou, onde escreveram seus relatórios. Foram todos liquidados no Grande Expurgo stalinista de 1937/38. Amleto Locatelli morreu na Guerra Civil Espanhola. A Gestapo matou as agentes Olga Benário e Elise Saborowski. Prestes foi preso no Méier, Rio de Janeiro, em março de 1936, e nessa condição permaneceu até o mês de abril de 1945. Em 1943, mesmo na prisão, foi eleito secretário-geral do Partido Comunista, permanecendo no cargo até 1980.Relação dos herois que deram a vida por sua pátria, combatendo o vil inimigo.Tenente-Coronel: Misael de Mendonça.Majores: Armando de Souza e Melo e João Ribeiro Pinheiro.Capitães: Danilo Paladini, Geraldo de Oliveira e Benedito Lopes Bragança.2º Tenentes: José Sampaio Xavier e Lauro Leão de Santa Rosa.2º Sargentos: José Bernardo Rosa e Jaime Pantaleão de Moraes.3º Sargentos: Coriolano Ferreira Santiago, Abdiel Ribeiro dos Santos eGregório Soares.1º Cabos: Luís Augusto Pereira e Antônio Carlos Botelho.2º Cabos: Alberto Bernardino de Aragão, Pedro Maria Netto, Fidelis Batista de Aguiar, José Hermito de Sá, Clodoaldo Ursulano, Manuel Biré de Agrella e Francisco Alves da Rocha.Soldados: Luís Gonzaga, Wilson França, Pércicles Leal Bezerra, Orlando Henriques, Lino Vitor dos Santos, João de Deus Araújo, Álvaro de Souza Pereira e Generoso Pedro Lima. Na Praia Vermelha ergue-se hoje um monumento em honra das vítimas da intentona comunista de 1935. Transcrito do site do Clube Militar.

Pacote de compras estimado em R$ 20 bi inclui sistema antiaéreo, mísseis, pontes móveis e aviões não tripulados

Com um pacote de compras de R$ 20 bilhões, o QG do Exército, em Brasília, tornou-se ponto de romaria dos exportadores de armamentos. A Força está pesquisando a compra de equipamentos de defesa que vão desde um sistema antiaéreo com mísseis de médio porte, mísseis de pequeno porte, pontes móveis e aviões não tripulados (vants), além de equipamentos de comunicações e radares. O dinheiro será desembolsado nos próximos dez anos.
Na quarta-feira, os russos apresentaram ao Exército um sistema antiaéreo de defesa, conhecido por Tor, com mísseis de médio alcance, equipamento de que o Brasil está completamente desfalcado. Os militares da Força já conheceram sistemas semelhantes de Israel, Suécia, China e ainda esperam uma data para serem apresentados ao francês, que está em fase de adaptação e modernização.
Paralelamente à verificação do sistema antiaéreo, que o Brasil quer adquirir para proteger as unidades militares de Brasília, Sete Lagoas, Praia Grande, Rio de Janeiro e Caxias do Sul, o Ministério da Defesa está consultando Israel, França, Estados Unidos e Alemanha para a aquisição de vants, com câmeras para a vigilância das fronteiras. Equipamentos semelhantes foram comprados pela Polícia Federal de Israel. Mas o Exército quer modelos de menor porte.
RUSSOS
Também está na lista da Força a compra imediata de cerca de 20 mísseis de pequeno alcance. Nesse caso, a escolha deverá mesmo recair sobre os russos Igla, já que se tratará de reposição de material.
As necessidades do Exército passam ainda pela compra de pontes montáveis também empregadas para obras civis, em casos de catástrofes. O Brasil já comprou, anteriormente, este equipamento da Alemanha, mas agora está olhando os produtos ingleses e norte-americanos.
Para modernizar os pelotões de fronteira e colocar em prática o Projeto Amazônia protegida, o Exército vai precisar comprar modernos equipamentos de comunicações via satélite com algum tipo de proteção de criptografia, para proteger as informações produzidas.
Todas estas compras, no entanto, estão envoltas na nova filosofia prevista na Estratégia Nacional de Defesa, que prevê algum tipo de transferência de tecnologia. O governo, no entanto, não pretende apenas comprar equipamentos no exterior, uma vez que há intenção de revitalizar a indústria de defesa do País. Os 150 mil fuzis Fall que precisam ser substituídos - já que os atuais têm mais de 40 anos de uso - deverão ganhar sucessores fabricados pela indústria nacional, por meio da Imbel.
A mesma opção será adotada para alguns radares, que estão sendo desenvolvidos pela Orbisat, com o centro de tecnologia do Exército.
Lula autoriza início da produção de blindados
Depois do anúncio da compra de caças para a Aeronáutica e de submarinos para a Marinha, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinal verde para fabricação de 3 mil veículos blindados de transporte para o Exército. "O presidente autorizou o início do projeto chamado Urutu III, agora rebatizado Guarani, que vai substituir todo o sistema de mobilidade do Exército", disse Jobim, após participar no Rio da troca do Comando de Operações Navais no Porta Aviões São Paulo.
De acordo com o ministro, os investimentos devem somar cerca de R$ 6 bilhões ao longo de 20 anos. Os veículos serão construídos pela Fiat Iveco, em Sete Lagoas (MG). A licitação foi vencida em 2007.
Em abril, a fabricante apresentou maquete em tamanho real da viatura blindada na Feira Latin America Aero & Defense, no Rio. O motor e 60% dos componentes serão nacionais para diminuir o custo de produção.
O blindado terá 18 toneladas, motor diesel eletrônico, tração 6x6, capacidade anfíbia e poderá transportar até 11 militares. O modelo poderá ser equipado com uma torre de canhão automático ou metralhadora operada por controle remoto.
O Guarani terá a opção de ser transportado por avião do porte do Hércules C-130. A previsão da Iveco é que a primeira unidade fique pronta em 2010 e que 16 veículos sejam testados até 2011

Época de animais peçonhentos-Ce

Além das festas natalinas, o fim do ano traz, também, um clima mais seco para o Estado. Por isso mesmo, as pessoas devem ficar cada vez mais atentas ao aparecimento de animais peçonhentos (aqueles que injetam veneno) nas residências. Afinal, com o clima que favorece as queimadas e o desequilíbrio ambiental, aliados ao "jeitinho" na casa que todos querem dar em decorrência do fim do ano, o risco de aparecimento de cobras, escorpiões, aranhas e lacraias torna-se ainda maior.Segundo a assessoria de comunicação do Instituto José Frota (IJF), a unidade médica recebeu, em apenas 72 horas, entre os dias 20 e 23 deste mês, 14 vítimas de picadas de animais peçonhentos. Para se ter uma ideia, em 2009, o número de vítimas já é maior do que o de todo o ano passado.Até o último dia 25, foram registradas, pelo IJF, 2.115 pessoas picadas. Enquanto que, em 2008, o total foi de 1.935.Conforme explica Raul Fritz, técnico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), os meses de outubro, novembro e dezembro são marcados por queimadas. No geral, elas contribuem para que animais, inclusive peçonhentos, migrem do hábitat natural para áreas urbanas.As queimadas, como diferencia o técnico, podem ocorrer devido às altas temperaturas, às baixas umidades do solo e do ar e aos ventos fortes. Ou, ainda, em razão das "brocas", tradição na qual os agricultores costumam queimar a vegetação para limpar o solo por conta da quadra chuvosa, em janeiro."Como os ventos se intensificam, ajudam a espalhar o fogo, que fica sem controle. Ele pode acontecer em terrenos baldios, por exemplo, tanto na Capital quanto no Interior. Nessa época, até o fim de dezembro, a nossa evaporação é grande, deixando a vegetação mais seca. Com essa situação, o solo fica sem qualidade, além de os animais fugirem para as áreas urbanas", esclarece Fritz.Entre os animais no Estado que mais motivam ocorrências, o capitão Warner Campos, do Corpo de Bombeiros do Ceará, cita os escorpiões e as aranhas. Embora a médica Sandra Figueiredo, coordenadora do Centro de Atendimento Toxicológico (Ceatox) do Instituto José Frota, comentar que as cobras, como as jararacas, também são motivos de muitos atendimentos na unidade.Em crianças e idosos, conforme Sandra Figueiredo, os danos das picadas de cobras e escorpiões são piores. A médica cita que, além de uma dor intensa, o veneno pode provocar dormência, vômitos, náuseas, tonturas, diarreias, mal-estar e até desmaios.DICASAjuda médica é importanteEmbora haja muitas "receitas" para lidar com picadas de animais venenosos, a coordenadora do Ceatox do IJF, Sandra Figueiredo, alerta que, na maioria das vezes, elas são "folclore". Isso porque, como avisa, as únicas medidas indicadas para a vítima é lavar o local com água e sabão e ser encaminhada ao Ceatox, para ser tratada por um profissional médico."Não é para chupar a picada e puxar o veneno nem para beber cachaça. Quando a pessoa chega bêbada, não consegue nem nos informar o que aconteceu de fato". Segundo ela, a solução mesmo, além da lavagem, é a ingestão do soro, enviado pelo Ministério da Saúde, que, em Fortaleza, só está disponível do IJF. "Em seis horas, a pessoa já está boa de novo. Porém, só quem pode receitar esse soro é o médico, que saberá indicar a quantidade ideal para cada caso", justifica.De toda forma, como aconselha o capitão Warner Campos, do Corpo de Bombeiros do Ceará, é fundamental que as pessoas não acumulem restos de materiais nem entulhos em casa ou em quintais. Até porque, como esclarece, alguns animais são atraídos e permanecem nos locais, devido à presença de suas presas.Para buscar ajuda, basta ir ao Ceatox, no IJF. Para mais informações: (85) 3255.5012

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ceará é pioneiro na criação em cativeiro

Pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveram peixes marítimos da família Lutjanídeos (ariacó, dentão, guaiúba e cioba) em cativeiro. Esse, diz o coordenador acadêmico do instituto, Luís Parente Maia, é um trabalho inédito não somente no Estado, mas no mundo.O projeto, explica, existe desde 2005 com o objetivo de orientar a criação dos peixes em um curto espaço de tempo e com poucos recursos, para depois revendê-los. "A iniciativa é público-privada", diz.Os pesquisadores tinham em mente que os primeiros peixes teriam de ser locais. "O que facilitaria encontrá-los, e o seu interesse econômico, com certeza, seria grande", afirma. Para isso, os técnicos conversaram com vários pescadores da região e chegaram à conclusão de que a família Lutjanídeos seria a melhor opção.Os peixes foram capturados no ambiente natural. Posteriormente, levados para o Centro de Estudos Ambientais Costeiros (CEAC do Labomar/UFC). A partir dali, explica, eles ficaram em um tanque, para passar pelos processos de desenvolvimento, engorda e maturação.Segundo o coordenador, desde o começo, a espécie ariacó foi a que melhor se adaptou ao ambiente do cativeiro. "Por uma razão simples: eles aguentam um número maior de peixes estocados no mesmo tanque e têm um volume significativo de reprodução. A cioba também obteve bons resultados.Luís ressalta que, em uma desova com 7.500 óvulos, os pesquisadores conseguiram fecundar 95%. "Esse número mostra o quanto nosso trabalho está sendo eficaz", comemora.Ele acrescenta que o custo para se criar o peixe é baixo. Até mesmo nos tanques para camarão, que não custa muito, o ariacó pode ser criado. "A procura por esse peixe é grande, e o Labomar só pode trabalhar até este ponto". Ele espera que o governo ajude na distribuição e na venda do peixe.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ex-dirigente da Petrobras é eleito para presidir PT

SÃO PAULO, 25 de novembro (Reuters) - José Eduardo Dutra, ex-dirigente da Petrobras e da BR Distribuidora, está eleito para a presidência do Partido dos Trabalhadores em primeiro turno. Candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições internas realizadas no domingo, Dutra vai comandar a legenda na campanha de 2010.
O atual presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), oficializa o resultado na tarde desta quarta-feira em Brasília, provavelmente ao lado de Dutra.
Computados quase 70 por cento dos votos (68,26 por cento) dos filiados ao partido, Dutra tem 58,1 por cento, ou 200 mil votos. Para vencer no primeiro turno é preciso ter mais de 50 por cento dos votos.
Ele representa as correntes Construindo um Novo Brasil, majoritária, e também duas outras tendências ligadas à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT de Luta e de Massas e Novos Rumos), todas moderadas.
Em entrevista à Reuters dada antes do resultado, Dutra disse que sua principal missão será articular as alianças para a campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República.
O alvo, disse, são as 15 legendas que apoiam o governo Lula, mas que não necessariamente estarão ao lado da pré-candidata. De forma imediata, ele afirmou que a nova direção deve enfrentar as resistências do PT à aliança com o PMDB nas eleições para governadores nos Estados.
Em segundo lugar na eleição do PT vem o deputado José Eduardo Cardozo (SP) com 17,2 por cento, da Mensagem ao Partido e Democracia Socialista, apoiado pelo ministro Tarso Genro (Justiça).
Na sequência ficaram os deputados Geraldo Magela (Movimento PT), com 12,5 por cento, e Iriny Lopes (Articulação de Esquerda e Militância Socialista), com 10,4 por cento. Markus Sokol (O Trabalho) tem 0,9 por cento e Serge Goulart (Esquerda Marxista), 0,8 por cento.
A posse está agendada para fevereiro. As eleições renovam também os diretórios estaduais e municipais para um mandato de dois anos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saiba como se tornar piloto das Forças Armadas e da PM de SP e RJ

O governo brasileiro negocia a compra de caças e helicópteros para as Forças Armadas Brasileiras e, para operar essas aeronaves, são necessários profissionais qualificados. Para quem está interessado em pilotar esses equipamentos, o G1 preparou um guia de como ser piloto das Forças Armadas e da Polícia Militar de São Paulo e Rio de Janeiro, já que as PMs também fazem operações com helicópteros. Para pilotar essas aeronaves, o caminho é longo e leva, no mínimo, cinco anos.
Os salários dos oficiais ultrapassam R$ 5 mil, mas variam de acordo com gratificações e planos de carreira de cada corporação. Na Polícia Militar de São Paulo, o salário de um comandante, cargo necessário para ser piloto de helicóptero, é de R$ 6 mil, mais as gratificações. Confira abaixo o passo-a-passo para ser piloto em cada corporação:

POLÍCIA MILITAR DE SÃO PAULO
Vestibular
É preciso fazer o Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar de São Paulo. O curso, que é de nível superior, tem duração de quatro anos e é feito na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, na Zona Norte de São Paulo. Para ingressar, os candidatos devem ter ensino médio completo e precisam prestar o vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest). Mais informações podem ser obtidas no site www.fuvest.br. Experiência Após concluir o curso, o candidato é aprovado com o título de aspirante a oficial e precisa trabalhar por dois anos em atividades operacionais da PM, como bombeiros, policiamento de rua e Tropa de Choque. Passados os dois anos, o oficial recebe o título de tenente e pode prestar o processo seletivo interno da PM de SP para ser piloto de helicóptero. Seleção para piloto O processo seletivo dura de três a quatro meses e é composto de exames de aptidão física, psicológico e médico, além de entrevista com pilotos e psicólogos. Aulas teóricas e práticas Após ser aprovado, o oficial frequenta dois meses de aulas teóricas na escola de aviação da PM paulista. Depois das aulas teóricas, os oficiais recebem a instrução básica de voo no helicóptero. A formação básica dura de dois a três meses. Adaptação ao voo policial A fase de adaptação pode durar até cinco anos. Os pilotos tripulam os Águias como co-pilotos, voando com todos os comandantes, acumulando experiência nas ocorrências policiais atendidas. Depois, após ter feito cerca de 500 horas de voo como co-piloto, o policial faz um curso avançado de voo, onde aprende a operar todos os equipamentos do helicóptero e gerencia missões especiais como pousos em áreas restritas, voos policiais noturnos, emergências e panes. Comandante Após o curso avançado, o candidato a comandante de aeronave policial é submetido a um conselho de voo formado por pilotos mais experientes e, se aprovado, recebe a promoção de co-piloto a comandante e passa a pilotar o helicóptero. Rotina Os pilotos dos helicópteros da PM de São Paulo atendem a ocorrências policiais como resgates, salvamentos, combate a incêndios e perseguição a criminosos. As tripulações agem em conjunto com as equipes dos bombeiros e da saúde. Com médico e enfermeiro a bordo, em muitos casos, os helicópteros são garantia da chegada rápida para atender às vítimas de traumas nos acidentes.

POLÍCIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO
Vestibular
É preciso fazer a Academia de Polícia Militar Dom João VI, que fica no Campo dos Afonsos, no Rio. O curso é de nível superior e dura quatro anos. Para ingressar, os interessados devem ter ensino médio completo e prestar o vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mais informações podem ser obtidas no site www.ufrj.br. Seleção para piloto O primeiro grau hierárquico após a conclusão do curso é aspirante a oficial. Após oito meses, o oficial torna-se 2º tenente e pode se candidatar ao curso de piloto. Para isso, deve encaminhar um requerimento para a Diretoria de Ensino e Instrução da Polícia Militar. O processo seletivo é composto por três fases: exame intelectual, exame físico, exame médico (psicológico e clínico), além de entrevista com pilotos e psicólogos. Curso de piloto Após aprovado, o oficial passa pela formação teórica que leva em torno de oito meses. A formação prática dura cerca de um ano. Os alunos recebem treinamento teórico em todas as disciplinas ligadas à aviação, aulas de inglês técnico, psicologia, treinamento de combate a incêndio, treinamento na Unidade de Treinamento de Escape em Aeronave Submersa na Marinha do Brasil, sobrevivência em alto mar e outros treinamentos. Rotina Os pilotos passam por treinamentos de emergência, voos de radiopratrulhamento, apoio a operações de meio ambiente e planejamento em terra de operações em áreas de alto risco.

AERONÁUTICA
Concurso público
Para ser piloto da aeronáutica é preciso ingressar na Academia da Força Aérea (AFA) de Pirassununga (SP), por meio de concurso público. A duração da academia é de quatro anos.
Os interessados em ser pilotos devem escolher o cargo de aviador no concurso (há também cargos de infantaria e inteligência). Para o ano de 2010 as inscrições estão encerradas. Os interessados devem monitorar a abertura de novos concursos no site www.afa.aer.mil.br. Para homens maiores de 14 anos e menores de 18 anos, é possível ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epicar), que fica em Barbacena (MG), por meio de concurso público. A escola serve como ensino médio e serve como iniciação à Aeronáutica.
Os alunos saem da Epicar e vão automaticamente para a AFA, sem precisar passar por outro concurso público. As inscrições para o exame de seleção para o ano de 2010 já foram encerradas. Os interessados devem monitorar a abertura de novas inscrições pelo site www.barbacena.com.br. Curso de iniciação Após terminar a AFA, os candidatos saem com o título de cadete. Durante a AFA, os alunos passam por treinamentos de voo no segundo e no quarto ano. Quando saem da escola, os alunos são indicados pelos instrutores para as escolas de aviação de caça, de helicóptero ou de transporte. Os alunos com as melhores notas nas aulas de voo durante a AFA são indicados para a aviação de caça. Os demais, de acordo com a classificação das notas, escolhem se preferem ir para curso de helicóptero ou transporte (tropa, reconhecimento ou patrulha). Os cursos de piloto de helicóptero e de caça acontecem na base aérea de Natal (RN) e têm duração de um ano. Treinamentos Após o curso de iniciação, o aluno recebe o título de piloto básico de helicóptero e escolhe em qual região do país pretende atuar (há unidades em Manaus, Belém, Recife, Porto Velho, Santa Maria (RS) e Campo Grande).
A escolha é feita por ordem de classificação no curso. Após a escolha, os pilotos passam por treinamentos para usar os helicópteros na região de escolha e ficam em atividade no local de quatro a cinco anos. Depois de dois anos de atividades, o piloto recebe o título de 2º tenente. Carreira Com o passar do tempo, os pilotos podem escolher mudar a região de atuação e fazer treinamentos em outros tipos de helicópteros da Aeronáutica (cada região tem um tipo diferente de helicóptero).
De acordo com o plano de carreiras da Aeronáutica, o 2º tenente trabalha por seis anos para receber o título de 1º tenente. Com mais cinco anos, ele recebe o título de capitão, com mais cinco, o de major e, com mais cinco, o de tenente coronel. Após mais cinco anos, ele recebe o título de coronel. Rotina Os pilotos de helicóptero da Aeronáutica participam de operações de buscas e resgates, além de treinamentos de infiltração em florestas. Os helicópteros também auxiliam no treinamento de combate da infantaria do Exército, como descida de rapel da aeronave. A FAB também promove ações sociais em benefício da população brasileira.

EXÉRCITO
Concurso público
É necessário ser oficial de carreira nas especialidades de infantaria, cavalaria, artilharia ou comunicações. Para isso, é preciso ser formado na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio. O curso, de formação superior, tem duração de quatro anos. Para ingressar na academia é preciso fazer um curso preparatório na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. O curso tem duração de um ano. Para entrar na escola é preciso prestar concurso público. É preciso ser do sexo masculino e estar cursando ou ter concluído o segundo ano do ensino médio. Seleção de pilotos A partir do segundo ano após a formação na academia, o oficial de carreira do Exército pode requerer a inscrição no curso de piloto de helicópteros. A seleção inclui exames físico, médico e psicológico, além de análise curricular. O processo dura de seis meses a um ano. Curso O curso de piloto de helicópteros tem duração de um ano no Centro de Instrução de Aviação do Exército, sediado em Taubaté (SP). Treinamento Após a conclusão do curso, o militar é destinado a uma organização militar da Aviação do Exército, onde permanece por um período de cinco anos. Rotina Os pilotos do exército têm o objetivo de auxiliar a força terrestre, tornando-a mais rápida, moderna e eficiente nas missões de combate. Além de apoiar a força militar terrestre, a aviação do Exército auxilia a comunidade em ações de cunho cívico-social, em resgates, buscas e salvamento, além do apoio em desastres climáticos e acidentes.

MARINHA
Concurso público
É necessário ser oficial da Marinha (Corpo da Armada ou de Fuzileiros Navais). Há dois tipos de concursos públicos para ingressar nessas carreiras: um é a Escola Naval (que corresponde ao nível superior), para candidatos com nível médio. Para candidatos com nível superior, há o Curso de Formação e o Estágio de Aplicação de Oficiais. Informações sobre os concursos podem ser encontradas no site www.ensino.mar.mil.br. Curso de aviação Após ingressar na carreira, o militar poderá fazer o Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais (CAAVO). O curso habilita os oficiais para a condução e operação das aeronaves da Marinha, para utilização dos seus sistemas de armas e para o desempenho de funções técnicas e administrativas relacionadas com a Aviação Naval. Para fazer o curso é preciso passar por um processo seletivo que inclui exames médicos, físicos e psicotécnicos. Treinamento O curso tem duas fases: tecnologia aeronáutica e pilotagem. A tecnologia aeronáutica é a parte teórica, com disciplinas fundamentais para passar para a fase prática de pilotagem. Por meio do curso é possível conseguir habilitações para pilotar avião e helicóptero. O curso completo para piloto de avião tem duração média de três anos e meio e de helicóptero, um ano e meio. Rotina Ao final do Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais o oficial da Marinha está habilitado a trabalhar como piloto. Os pilotos das aeronaves cumprem missões a bordo dos navios da Marinha, como operações de resgates, buscas de desaparecidos no mar e treinamentos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Família de Jean Charles diz estar satisfeita com indenização

A família do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia de Londres, em 2005, chegou a um acordo com a Scotland Yard para uma indenização, anunciaram as duas partes em comunicado publicado nesta segunda-feira. Os familiares de Jean Charles estão "satisfeitos" com o acordo, "que lhes permite deixar para trás o acontecimento e seguir adiante com suas vidas", acrescentou o documento.
O texto, assinado durante as negociações que ambas as partes realizaram semana passada, não indicou valor e destacou que nenhuma das duas partes vai fazer comentários sobre isto. No entanto, o jornal britânico "Daily Mail" publicou nesta segunda-feira que a família poderia receber somente um terço das 300 mil libras (R$ 858 mil) que seus advogados sugeriram. "O pagamento final pode ser de 100 mil libras (R$ 286 mil)", publicou o jornal, destacando ainda que a quantia está submetida a uma cláusula confidencial.
Segundo o "Daily Mail", a indenização será reduzida porque "a família Menezes é pobre e não podia esperar muito apoio financeiro do eletricista". Também pesa o fato de que Jean Charles não era casado nem tinha filhos.
A indenização, aponta o jornal, contrasta com as 400 mil libras (R$ 1,1 milhão) pagas ao então chefe da Polícia Metropolitana, o criticado Ian Blair, após deixar o cargo em 2008.
Até hoje, a família de Jean Charles recebeu apenas US$ 15 mil da polícia para pagar os custos do traslado do corpo e do funeral em sua cidade natal de Gonzaga, no Estado de Minas Gerais.
Erro trágico
Jean Charles foi morto depois que agentes policiais o confundiram com Hussain Osman. Ele e outros três cúmplices tinham escapado depois dos ataques terroristas frustrados de 21 de julho de 2005, uma ação que tentava repetir os atentados de 7 de julho, que mataram 52.
No inquérito sobre o caso, o júri apontou uma sucessão de erros da polícia --entre eles, a falha em avisar Jean Charles verbalmente antes de atirar contra o brasileiro. A versão policial de que o brasileiro teria corrido contra os policiais também foi descartada. No entanto, o júri considerou que não havia provas suficientes de que Jean Charles foi morto em ação ilegal.
O julgamento de três meses ocorreu após investigação da IPCC (Comissão Independente de Queixas da Polícia) que custou 300 mil libras (R$ 859 mil) e um julgamento de custo estimado em 1 milhão de libras (cerca de R$ 2,8 milhões), no qual a polícia foi considerada culpada e multada em 175 mil libras (cerca de R$ 500 mil). Os custos do julgamento são estimados em 8 milhões de libras (cerca de R$ 22 milhões).

Justiça dá ganho a poupadores

São Paulo. O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) fez um estudo em que mapeia todas as decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), incluindo os votos de cada um dos ministros membros, em ações que reivindicam a diferença da correção da caderneta de poupança nos Planos Bresser (1987), Verão (1989) e Collor (1990). Segundo o instituto, o objetivo é demonstrar que não há divergência no STF, que já criou uma jurisprudência sólida, definitiva e favorável à reivindicação dos poupadores. E que, portanto, não cabe a contestação dos bancos no STF, que tentam derrubar de uma só vez todas as cerca de 700 mil ações em curso, com o argumento de insegurança jurídica no país.As ações reivindicam a diferença de índice de correção das cadernetas no mês em que entraram em vigor esses planos. No Bresser e no Verão, teriam direito as poupanças com aniversário na primeira quinzena, porque ambos os planos entraram em vigor no dia 16.Os bancos, porém, aplicaram o novo índice de correção (que era menor) para todos os aniversários do mês, incluindo os com data anterior ao plano. As entidades de defesa do consumidor afirmam que os bancos só deveriam aplicar o novo índice a partir do dia 16, porque a regra não retroage.Já os bancos argumentam que os decretos desses planos diziam, explicitamente, que o novo índice valeria para todo o mês, independentemente do aniversário. Ou seja, a discussão é se o novo indexador retroage ou não à data do plano.No estudo, o Idec identificou 303 decisões do STF. As ações relativas ao Plano Bresser já tiveram 19 decisões 18 favoráveis ao poupador e só uma contrária. No Plano Verão, foram 152 decisões todas favoráveis aos poupadores.Por outro lado, só 17 das 133 decisões sobre o Plano Collor foram favoráveis ao poupador. Isso porque o STF entendeu que, como o dinheiro excedente a 50 mil cruzados novos foi confiscado e ficou retido no Banco Central, caberia à autoridade monetária e não aos bancos corrigir esse valor.Em março, os bancos pediram no STF a suspensão de todos os processos em curso e uma posição definitiva sobre o assunto, alegando manter uma instabilidade jurídica no País e ameaçar a solvência do sistema financeiro nacional. "Parece uma chantagem os bancos dizerem que a conta ficará para o governo ou que a Caixa pode quebrar", disse Marilena Lazzarini, coordenadora do Idec.

domingo, 22 de novembro de 2009

6 horas na agência. e 24h na selva

Em uma verdadeira operação de guerra, o Banco do Brasil está ajudando o governo a ocupar as fronteiras do país na região amazônica. O banco está investindo R$ 2 milhões para abrir 28 postos bancários em 14 localidadeschave bem no meio da selva.
A maior delas, Iauaretê, tem seis mil habitantes, entre eles militares e indígenas. A menor é Estirão do Equador, onde vivem 400 pessoas. Maturacá, Vila Bitencourt, Palmeiras de Javari e Ipiranga também serão contemplados na primeira fase do projeto, que deve atingir 25 localidades da jurisdição do Comando Militar da Amazônia nos próximos meses.
Hoje, em várias destas localidades — nas fronteiras com Venezuela, Peru e Colômbia — só tem acesso a banco quem se dispõe a gastar 14 horas de barco para sacar a aposentadoria no município mais próximo.
Ou de avião das Forças Armadas, o único meio de transporte para a maioria destes locais. O sucesso da empreitada depende da sorte, que muda com chuvas e secas, ou ainda com alguns dos vários imprevistos amazônicos.
Em pleno século XXI, não é raro encontrar municípios que não tenham qualquer tipo de atendimento bancário, ainda mais em um país com a diversidade e o tamanho do Brasil. De acordo com dados do Banco Central (BC), até julho deste ano, 549 (9,8%) dos 5.580 municípios em todo o país não contavam com qualquer tipo de dependência bancária.
Em Maturacá, tartaruga é moeda
E é difícil fazer com que os bancos privados se lancem nestes grotões em operações dispendiosas, de logística complicada e retornos duvidosos, apesar da capilaridade de instituições como o Bradesco. Normalmente, a chegada do banco muda a vida de uma localidade, que passa a desenvolver seu próprio comércio, recolher impostos e crescer.
O projeto Fronteira Integrada transformou 30 soldados do Exército em sargentos agrários que serão obrigados até a falar dialetos indígenas para trabalhar com as comunidades.
Outros 20 serão preparados todos os anos. Os profissionais estão sendo treinados para ajudar a população ribeirinha a buscar novos negócios com linhas de crédito voltadas à agricultura familiar e empreendimentos de pequeno porte que permitam sua sobrevivência sem prejudicar a vida na floresta.
Mais 15 funcionários estão sendo contratados nos próprios locais pelo BB para cuidar da atividade bancária.
Farão o trabalho de gerentes, cobradores e caixa.
Seis mil soldados, além dos civis, terão acesso aos terminais eletrônicos.
A estratégia é dar cidadania aos habitantes da região, muitos deles índios, que negociam majoritariamente por meio de escambo ou dólares. Em Maturacá, três tartarugas pequenas são usadas como moeda de troca para quem quer aproveitar algumas horas do televizinho — como os locais chamam os vizinhos que têm televisão em casa. É difícil ver os reais brasileiros circulando em operações locais.
O próprio efetivo do Exército, que passa meses a fio no meio da selva, enfrenta problemas graves. Para sacar o salário, soldados mandam seus cartões com as respectivas senhas pelas mãos de outros colegas encarregados da tarefa. A confusão já desencadeou todo o tipo de dificuldade e há quem diga que já deu até alguns dias de detenção para espertalhões.
Mais do que levar homens armados para garantir a segurança da fronteira do país — sob ameaça iminente, na opinião de populações locais —, a ideia é garantir que brasileiros tenham acesso a serviços e dinheiro brasileiros.
Para realizar este projeto em conjunto com o Exército, que se responsabiliza pela logística e segurança da empreitadas, o BB se viu obrigado a mudar as regras de transporte de numerário, para adequá-las às dificuldades amazônicas. Normalmente, a instituição contrata empresas terceirizadas para transportar dinheiro. Mas, na selva, não é qualquer companhia que se dispõe a enfrentar todos os riscos e a imprevisibilidade.
As notas levadas para as 14 localidades do projeto serão transportadas em voos regulares — quando não são cancelados de última hora — do Exército e da Aeronáutica.
Em geral, deverão ser usados voos mensais, que aproveitam a carona das missões de transporte de suprimentos para os pelotões.
Projetos de desenvolvimento sustentável devem acompanhar os novos postos de atendimento do BB. Os sargentos agrários, que também têm formação de técnicos agrônomos, devem estimular o extrativismo e as culturas temporárias em parte dos 30 milhões de hectares de terras que se abrem todos os anos, pelas contas do BB, para o cultivo às margens do Rio Solimões quando a maré está baixa.
— Daria para alimentar o planeta com o cultivo temporário de milho ou feijão, por exemplo, nestes locais, tão férteis quanto o Rio Nilo.
São áreas que podem ser exploradas sem que se destrua a floresta — sonha o superintendente do BB em Manaus, Rui Ruas.
Em todo o país, há 19.228 agências bancárias. Além disso, existem 6.570 Postos de Atendimento Bancário (PABs), que oferecem os serviços de uma instituição financeira dentro de empresas ou órgãos públicos, e os Postos de Atendimento Avançado (PAAs), que trabalham com um funcionário do banco em localidades mais difíceis. Há 1.464 municípios com uma única agência em operação
Imprevistos ditam o ritmo
Mesmo sem chuvas, o acesso é difícil
MANAUS. Por maior que seja o planejamento das missões para a instalação das máquinas do Banco do Brasil (BB) na selva, uma coisa é certa: tudo pode acontecer. A Amazônia impõe um ritmo de trabalho no qual o imprevisto é uma constante.
Voos cancelados pelo mau tempo, por problemas nas aeronaves que a Aeronáutica empresta ao Exército — que, por sua vez, dá carona ao BB —, alagamentos ou nevoeiros estão sempre no radar.
Mesmo quando não chove, as dificuldades são imensas. Há algumas semanas, a região de São Gabriel da Cachoeira está inacessível por causa da seca. Sem chuva, o volume de água do rio diminuiu, impedindo a passagem das balsas que carregam o combustível que abastece a região. Não há como reabastecer. Portanto, as poucas aeronaves que chegam aos grotões mais afastados não saem e esperam a chuva cair. Esta é uma das razões para os trabalhos lentos no local.
Os idiomas indígenas oferecem dificuldades adicionais. Em Maturacá, há uma importante população ianomâmi. Em Iauretê, os locais falam 20 dialetos. Muitos destes indígenas são analfabetos. Alguns não leem nem escrevem porque não enxergam bem. O BB tem investido no tratamento destas pessoas.
O desafio de fazer estes povoados amazônicos usarem os terminais do BB parecem não ter fim. O banco teme a falta de abastecimento de notas nas máquinas, diante das inúmeras dificuldades de acesso e a imprevisibilidade das missões. Por isso, decidiu manter dois terminais por localidade. Assim, há mais dinheiro disponível, e aumentam as chances de as pessoas continuarem usando o banco, ainda que uma máquina falhe.
As missões podem ser mais curtas ou mais longas, mas isso é algo que só se sabe de última hora. Estes aviões também carregam os suprimentos para os pelotões do Exército no interior da Amazônia.
Este que ainda não saiu deve levar duas toneladas de alimentos, além de equipamentos do BB.
Os imprevistos não pouparam a inauguração dos terminais do banco. Os atrasos e problemas de logística não permitiram marcar nova data. Diz-se que a queda do avião Caravan da FAB na Amazônia, no mês passado, teria prejudicado ainda mais os trabalhos do Exército. Mesmo quando saem voos com suprimentos, não dá para saber quando voltam.

sábado, 21 de novembro de 2009

Lula avalia chances de Dilma

Natal. Em entrevista ontem a rádios de Natal (RN), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que quer a ministrachefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata petista à Presidência da República em 2010 e avaliou que ela tem uma "perspectiva enorme de vencer"."É importante todo mundo saber que quero a Dilma como candidata, estou trabalhando para isso, porque trabalho com a Dilma há oito anos e sei da competência gerencial e política dela. Ela iria apenas colocar o estilo dela no governo e fazer as coisas novas que não conseguimos fazer."Lula disse também que se a simpatia for importante para ganhar as eleições, a ministra não sai perdendo. "Tem adversário dela que é muito menos simpático do que ela, então, se for por simpatia, ela já está eleita", disse ele após afirmar que muitos alegam que Dilma não tem a simpatia e a desenvoltura necessárias para enfrentar uma campanha eleitoral.Lula também avaliou o potencial que tem de transferir votos para os candidatos que apoia. Para ele, é mais difícil transferir votos para cargos como os de vereador e prefeito, por se tratar de políticos que estão mais próximos das pessoas em seus bairros e cidades. Já no caso de presidente da República, o presidente avalia que seu apoio teria mais peso."Acho que o governo tem possibilidade de repassar muito voto, claro que tudo isso é relativo, porque vai depender muito da performance da nossa candidata, do desempenho dela durante a campanha eleitoral, nos debates", disse.Terceiro mandatoLula disse que a oposição tentaria o terceiro mandato caso estivesse ocupando a Presidência da República no momento positivo que o Brasil atravessa atualmente."Se fosse o lado de lá e eles estivessem na situação que estou, eles teriam levantado a tese do terceiro mandato´´, disse. Lula avalia que não levantou essa tese por considerar ser um risco para a democracia e disse ter convencido seu partido, o PT, a "parar com a brincadeira de um terceiro mandato´´.Segundo ele, quem tem um terceiro mandato pode querer um quarto, um quinto, o que ameaça a democracia do país. "Se a gente começa colocar na cabeça, eu sou insubstituível, imprescindível, começa a nascer um pequeno ditador´´.O presidente procurou minimizar a polêmica com o cantor Caetano Veloso, que o chamou de grosseiro e mal-educado: "Como cantor, ele é excepcional. Agora, como político, o Caetano nunca esteve do nosso lado. Então, não tenho o que reclamar se ele gosta ou não gosta de mim, porque ele acha (isso) ou aquilo de mim. Eu disse, noutro dia, que eu me vinguei do Caetano: no dia em que ele disse isso, cheguei em casa, peguei um CD do Chico Buarque, o Chico Político ("O Político"), e ouvi duas vezes, e lavei a minha alma".Lula descartou a possibilidade de ceder à pressão das oposições pelo fim do fator previdenciário, fórmula usada no cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição. Ele disse que está disposto a negociar um acordo com as centrais sindicais, mas não admite que o assunto seja tratado com "hipocrisia" às vésperas de ano eleitoral. "O que eu não posso, em sã consciência, é aprovar alguma coisa que seja, como diria o Magri, "incumprível".

Nova regra para a casa própria

Rio - Os bancos terão que oferecer a seus clientes pelo menos duas seguradoras na hora de conceder financiamento habitacional. A nova medida faz parte de resolução aprovada quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Hoje, mutuários não têm escolha e são obrigados a aceitar o seguro oferecido pelas instituições financeiras.Os contratos habitacionais cobram por dois seguros: Morte e Invalidez Permanente (MIP) e Danos Físicos ao Imóvel (DFI). Esses encargos representam de 0,5% a 30% do valor da prestação. A base de cálculo leva em conta a idade do mutuário, o valor do imóvel e o prazo de financiamento. Para um contrato de R$ 120 mil na Caixa Econômica Federal, por exemplo, a prestação inicial será de R$ 1.021,08 — embutidos R$ 23,62 (MIP) e R$ 12,96 (DFI). Isso levando em conta uma renda familiar de R$ 5 mil e a idade de 40 anos.
Agora, com a decisão do CMN, os bancos terão que oferecer pelo menos duas seguradoras aos mutuários, e uma delas não poderá pertencer ao mesmo grupo de empresas da instituição financeira. Além disso, os bancos serão obrigados a aceitar sugestão de terceira seguradora apresentada pelo próprio mutuário na hora da assinatura do contrato.
A nova regra, no entanto, só vai vigorar para os contratos habitacionais assinados daqui a 90 dias. É o prazo para os bancos se prepararem operacionalmente para seguir a nova determinação do CMN.
Decisão pode baixar valores dos seguros
A decisão do CMN vai estimular concorrência e queda nos preços dos seguros habitacionais. Em agosto, a Caixa Seguros reduziu em 40%, na média, as apólices. A empresa detém 73% desse mercado de seguros.
A ideia da empresa é oferecer o produto direto ao consumidor final. Vale lembrar que quando o mutuário apresentar uma seguradora não conveniada, o banco pode cobrar taxa de R$ 100 para análise da nova apólice.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

EUA reconhece documento que cita chance de operações na América do Sul

RIO - O Departamento de Estado dos EUA confirmou ontem ser verdadeiro o documento da Força Aérea americana apresentado na quarta-feira, em Brasília, pelo deputado federal José Genoino (PT-SP), que cita a base militar colombiana de Palanquero, a ser usada por Washington, como “uma oportunidade para a realização de operações no âmbito total da América do Sul”. Baseado no documento, Genoino acredita que o polêmico acordo militar que garante o acesso dos EUA a sete bases no território colombiano poderia abrir caminho para as forças armadas norte-americanas atuarem em outros países, além da Colômbia. Opinião semelhante tem o diretor do Programa de Segurança para a América Latina do Center for International Policy, em Washington, Adam Isacson, que analisou não só o documento da Força Aérea, mas também o texto final do acordo, que veio a público em 5 de novembro no site do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, ao qual o JB teve acesso.
– Eu não gosto do texto do acordo. Ele não fala explicitamente que operações do Exército americano fora das fronteiras colombianas estão proibidas. Ou seja, não proíbe explicitamente as operações extraterritoriais. Só estabelece que o acordo obedecerá aos “princípios de não-intervenção em assuntos internos de outros Estados”. – diz Isacson. – Na prática, isso significa que, se os EUA alegarem o direito de auto-defesa, por exemplo, poderão operar em outras regiões da América Latina, a partir das bases colombianas.
O acordo, entende Isacson, deveria detalhar melhor as restrições a serem impostas à atuação das forças americanas nas bases colombianas. Mas o ponto que trata da ingerência de forças estrangeiras no continente sul-americano, tema considerado crucial por líderes do Mercosul, inclusive pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tem apenas duas linhas – no Artigo Terceiro, parte 4 – em um documento de 15 páginas.
– Acho que há claramente um motivo para a ambiguidade do acordo, talvez para que ele possa ser favoravelmente interpretado, na eventualidade de ser necessária uma uma operação mais abrangente dos EUA na região – alega Isacson.
Procurado pelo JB em Miami, o porta voz do Departamento de Estado americano, Gregory Adams, disse que, de fato, a única parte do acordo a inibir operações americanas no Mercosul seriam as duas linhas do Artigo Terceiro, parte 4.
– Este é um acordo bilateral destinado a reforçar a nossa cooperação em segurança na luta contra o tráfico de drogas internacional e o terrorismo na Colômbia. Não há nenhuma outra questão regional ou de abrangência extraterritorial – garantiu Adams.
Mas a polêmica foi aguçada a partir do documento oficial da Força Aérea – apresentado por Genoino – datado maio de 2009. Elaborado antes do texto final do acordo, com o objetivo de fundamentar a destinação do orçamento de US$ 46 milhões para as operações na Base Aérea de Palanquero, no centro da Colômbia, o texto afirma que a base “fornece uma oportunidade para a realização de operações no âmbito total da América do Sul”.
Ainda no documento da Força Aérea americana, que justifica o orçamento já aprovado pelo Congresso, a América do Sul é chamada de “Sub-Região crítica”, onde a “segurança e a estabilidade estão permanentemente ameaçadas pelo narcotráfico patrocinado por organizações terroristas, governos antiamericanos, pobreza endêmica e desastres naturais recorrentes”.
Adams defende que o texto deveria ser interpretado apenas como uma proposta de orçamento, e não como um documento a definir a política americana nas bases colombianas.
– O orçamento da Força Aérea foi elaborado no início deste ano e apresentado em maio de 2009, isto é, antes de Colômbia e EUA assinarem o acordo de defesa, em 30 de outubro – reforça Adams.
Mas para Isacson, o texto mostra, “no mínimo, como os EUA retrataram seu papel militar na Colômbia para o Congresso americano, há poucos meses”.
– Esse documento revela que a amplitude estratégica das bases é muito maior que o simples combate ao narcotráfico – reforça José Genoino. – O objetivo maior da utilização das bases é permitir operações em todo o continente sul-americano e controlar o espaço aéreo da região. O combate ao narcotráfico é apenas uma coisa a mais.