SELVA

SELVA

PÁTRIA

PÁTRIA

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Conexão da Claro é a mais instável em rodovias do CE

O estudo revelou que só o usuário Vivo consegue navegar na internet de forma razoável em mais da metade do trajeto
A Proteste Associação de Consumidores percorreu aproximadente 200 km em rodovias no Ceará para analisar como funciona a conexão 3G oferecida pelas 4 principais operadoras do País - Claro, Oi, TIM e Vivo - e constatou que navegar na internet de forma razoável fora de grandes centros urbanos é tarefa quase impossível. Traçar uma rota pelo Nordeste confiando apenas nas orientações feitas pelo GPS de seu aparelho celular ou tablet podem transformar essa viagem em pesadelo, devido à instabilidade do serviço.

Conexão 3G só atinge bons níveis quando estamos nos centros urbanos, afirma a Proteste FOTO: FABIANE DE PAULA

O estudo revelou que apenas os usuários da Vivo conseguem navegar na internet de forma razoável (acima de 400 kbit/s) em mais da metade do trajeto feito no Ceará. Os técnicos responsáveis pela pesquisa viajaram de Mossoró, no Rio Grande do Norte, até Fortaleza, passando pela BR-304 e CE-040.

Os dados fazem parte do estudo da Proteste, que diagnosticou nas estradas do País uma conexão 3G ainda precária. Entre os dias 4 de março e 25 de abril, os técnicos percorreram, de carro, mais de 5 mil quilômetros em três regiões do Brasil.

Abrangência do teste

No Ceará, o acesso à internet foi testado em 11 pontos. Desse total, a Vivo atingiu a conexão 3G em sete pontos, sendo o primeiro trecho localizado entre os municípios de Icapuí e Aracati, o segundo em Beberibe, o terceiro em Cascavel, o quarto em Pindoretama, o quinto em Aquiraz e os dois últimos em Fortaleza.

Já a TIM conseguiu a conexão 3G em somente cinco pontos, sendo o primeiro no trecho entre Aracati e Beberibe, o segundo em Cascavel, o terceiro em Aquiraz e os dois últimos na Capital. A Oi alcançou a velocidade de download acima de 400 kbit/s em 3 locais, sendo dois em Fortaleza e a terceiro em Aracati. A operadora com o pior resultado foi a Claro, que não atingiu esse tipo de conexão em nenhum dos 11 pontos testados.

A coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, explica que a situação das estradas no Ceará segue a tendência constatada em todo o Brasil. "A conexão 3G só atinge bons níveis quando estamos nos centros urbanos. Quando estamos nas estradas, ou não temos conexão alguma ou o sinal é ruim. Confiar no uso do GPS durante uma viagem pelo Brasil, por exemplo, não é uma atitude confiável, devido a essa instabilidade de sinal", destaca.

Um dos técnicos responsáveis pela pesquisa, Carlos Vieira, ressaltou que o levantamento foi baseado num chamado estudo de cenário. "É preciso destacar que esse panorama foi constatado durante o período em que nós passamos por esses locais. Em outro dia, a velocidade de determinada operadora pode até ser maior, mas no dia em que fizemos o teste, foi feito esse diagnóstico", esclarece.

Maria Inês Dolci garante que o estudo será encaminhado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e lembra que, para ajudar a ampliar esse quadro sobre a cobertura 3G no País, foi lançada a campanha Em busca do 3G perdido. "Criamos um site com o mesmo nome da campanha para receber denúncias sobre problemas com o 3G. Ele ficará ativo por três meses e é muito importante que os usuário denunciem para exigirmos das operadoras as providências a serem tomadas", completa.

Operadoras
A Claro rebateu a pesquisa ao afirmar que está presente com sua rede 3G nas principais rodovias do País. A operadora ainda garantiu que, até 2014, serão investidos R$ 6,3 bilhões no país em infraestrutura de rede, sendo parte desses investimentos destinada especificamente para o reforço da cobertura 3G nas estradas do País.

A TIM irá avaliar os resultados dos testes feitos pela Proteste para verificar oportunidades de melhoria em sua rede 3G ao longo das estradas brasileiras. A operadora, no entanto, ressaltou que as estradas brasileiras são rodeadas por montanhas e outros acidentes geográficos que podem impactar a qualidade da cobertura. A Oi reconheceu que, atualmente, as estradas são cobertas, principalmente, com rede 2G. A operadora, porém, lembra que, de janeiro a junho deste ano, a Oi já levou a rede 3G para mais de 170 novos municípios. A Vivo informou que a empresa está construindo novas rotas para 3G e 4G, para poder oferecer a conexão a novas cidades, no entanto, observa que há áreas que hoje só são possíveis de atender via satélite. A operadora alega que cerca de um terço dos municípios brasileiros têm legislações restritivas, que dificultam ou impedem a expansão da infraestrutura de telefonia móvel.

Teles entre piores no Reclame Aqui
As operadoras de telefonia móvel voltaram a figurar em conjunto nos rankings das piores do site Reclame Aqui. Ontem, as quatro principais operadoras do País estavam entre as sete mais reclamadas da semana, dos últimos 30 dias, dos últimos 12 meses e, inclusive, surgem no topo da lista das "empresas não recomendadas e ruins" de todo o portal.

No mesmo período, em Fortaleza, o número de registros das companhias de telefonia móvel e fixa, internet e TV é proporcionalmente alto. Enquanto contabiliza mais de 5,14 mil reclamações no site em todo o Brasil, a Oi (móvel, fixo, internet e TV) chega a 79 reclamações e tem o topo do ranking na Capital. A TIM vem em segundo lugar em Fortaleza, com 61 protestos contra ela no Reclame Aqui. No País, ela chega a contabilizar pouco mais de 3,3 mil ocorrências.

Pior no Estado, de acordo com o teste da Proteste, a Claro vem em terceiro lugar na lista para a Capital do Ceará. Ao todo, em julho, foram 23 postagens falando de mau serviço prestado pela operadora em Fortaleza. No Brasil, a companhia chegou a pouco mais de três mil no mesmo período.

Na última colocação da lista vem a Vivo, com 10 registros no portal do Reclame Aqui em Fortaleza neste mês, enquanto, no País, liderou os rankings com mais de 5,51 mil reclamações.

ALAN BARROSREDAÇÃO WEB

ENQUETE
Como avalia o serviço prestado?
"Dá pra ver é que em qualquer órgão de defesa do consumidor, as Teles são as mais reclamadas. Acho que a Anatel é omissa em relação a isso, afinal, seguimos uma lógica de mercado e a mediação dela não satisfaz"

Dhenis MacielProfessor

"Em uma escala de zero a 10, o serviço de telefonia móvel tem nota sete, ou seja, atende de forma regular, uma vez que é recorrente o número de vezes que a operadora apresenta falhas durante as chamadas"

Karolina RosaAssistente administrativa

"É muito lento, não carrega serviços mais avançados como vídeo e sites mais pesados, e ainda há redução de velocidade depois de determinado uso de dados, o que faz ser mais difícil de usar o 3G"

Rebecca MedeirosProfessora

Greve de funcionários da Infraero não afeta aeroportos

Paralisação começou à meia-noite em 63 aeroportos do país. Sindicato prevê adesão grande e apenas 30% do efetivo trabalhando em atividades essenciais

Aeoroporto de Congonhas, São Paulo
Aeoroporto de Congonhas, São Paulo (Reinaldo Canato )
Funcionários da Infraero que trabalham em 63 aeroportos do país iniciaram à meia-noite desta quarta-feira a greve programada pelo sindicato nacional dos aeroportuários (Sina). A entidade afirma que a paralisação, decidida há duas semanas e comunicada ao governo federal cinco dias depois, terá grande adesão e apenas 30% do efetivo vai trabalhar em atividades consideradas essenciais, como exige a lei.
Nas primeiras horas da manhã, porém, os principais aeroportos administrados pela Infraero, Congonhas, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro, operavam normalmente. Não há registro de tumultos, filas ou atrasos de voos fora do usual. Durante a madrugada, a direção do sindicato em São Paulo e funcionários da Infraero que aderiram à paralisação colaram cartazes da greve em Congonhas. No Galeão, passageiros relatam grande movimento, mas o fluxo de pessoas é atribuído à presença de peregrinos da Jornada Mundial da Juventude, que retornam para casa após o evento.
Apesar da paralisação dos aeroportuários, também operam sem problemas os aeroportos de Salvador e Curitiba. Em Porto Alegre, o Aeroporto Salgado Filho foi fechado para pousos e decolagens. O motivo, no entanto, não é a greve dos funcionários da Infraero, mas a neblina que atinge a região metropolitana da capital gaúcha. Até as 6h15, três de oito partidas programadas foram canceladas.        
Reivindicações – O sindicato dos aeroportuários quer aumento salarial real de 9,5% e melhorias em benefícios, como o auxílio-creche. Assembleias em todo o país foram convocadas para esta quarta-feira para analisar as propostas apresentadas pela Infraero e decidir se a greve deve ou não se estender por mais de 24 horas. Em nota, a estatal negou que haja salários atrasados e redução de benefícios aos trabalhadores e afirmou que “qualquer afirmação nesse sentido tem o objetivo de confundir a sociedade”.
A Infraero anunciou um plano de contingência e informou que remanejou empregados para reforçar as equipes de atendimento nos horários de maior movimento de passageiros e aeronaves nesta quarta para enfrentar a greve dos funcionários do setor. Guarulhos e Brasília não terão paralisação, pois são administrados pela iniciativa privada.

terça-feira, 30 de julho de 2013

emdireitabrasil- Msg 0367 - Matam-se mais brasileiro em 5 anos que americanos em todas as guerras

Por Pedro Valls Feu Rosa - Em 23 jul 2013*
Quem não se lembra do filme "Apocalypse Now", um clássico dirigido por Francis Ford Coppola retratando os horrores da Guerra do Vietnã? Eram cenas chocantes mostrando helicópteros sendo derrubados a tiros de metralhadora e pessoas morrendo como moscas.
Naquela guerra o exército norte-americano lutou ferozmente durante dez longos anos, perdendo 58.198 soldados. Enquanto isso, só no ano de 2003, o pacífico Brasil, que não estava em guerra, perdeu 51.043 filhos assassinados pelas suas ruas.
Há também a Segunda Guerra Mundial, reputada o maior conflito da história. O exército norte-americano lutou praticamente no mundo inteiro – desde os campos da Europa até o Oceano Pacífico. Enfrentou desde os tanques de guerra nazistas até os kamikazes japoneses. Nesta guerra, que durou uns cinco anos, os Estados Unidos perderam 291.557 soldados em combate. Enquanto isso, entre 2002 e 2006, 243.232 brasileiros morreram assassinados em nossas cidades, que vivem em paz.
E que dizermos da Primeira Guerra Mundial? Em uns quatro anos de conflito encarniçado pelas trincheiras da Europa, 53.402 soldados norte-americanos foram mortos em combate. Enquanto isso, só no ano de 2005, a população brasileira assistiu 47.578 homicídios, algo espantoso para um país que vive em paz!
Diante destes dados resolvi fazer umas contas. Verifiquei quantos soldados norte-americanos morreram em combate na Guerra do México, Guerra Hispano-Americana, I Guerra Mundial, II Guerra Mundial, Guerra da Coréia, Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo, Guerra do Iraque e Guerra do Afeganistão. Cheguei a 666.056 baixas ao término de uns 34 anos de batalhas terríveis. Enquanto isso, em apenas 16 anos (1990 a 2006), 697.668 civis brasileiros morreram a tiros, facadas ou pauladas pelas ruas deste tranquilo país.
Já horrorizado diante destes números, fiz mais alguns cálculos e constatei algo assustador: o Exército dos Estados Unidos em guerra perde uma média de 53,67 soldados por dia. Já o Brasil, usufruindo de uma paz absoluta, perde 119,46 habitantes assassinados por dia – mais do que o dobro! Talvez devêssemos nos alistar nas Forças Armadas dos EUA – lá deve ser mais seguro e menos violento!
Voltei às planilhas. Constatei que nos cerca de cinco anos da Segunda Guerra Mundial, a pior de todos os tempos, o número de soldados mortos em combate dos exércitos da Bélgica, Bulgária, Canadá, Tchecoslováquia, Dinamarca, Grécia, Holanda, Noruega, Austrália, Índia, Nova Zelândia e África do Sul somados foi de 166.914. Nós não precisamos de cinco anos de guerra para tanto – só entre 2000 e 2003 enterramos, absolutamente em paz, 193.925 compatriotas!
Durante aqueles cinco anos de guerra a França, invadida pelos nazistas, perdeu 201.568 soldados. A Itália, sob Mussolini, 149.496. E o Brasil, durante cinco anos de paz e sossego (2001 a 2005), viu serem brutalmente assassinados 244.471 civis.
Fico a lembrar da imagem de um helicóptero da Polícia abatido a tiros em pleno Rio de Janeiro. Dentro daquela frase de Victor Hugo, segundo quem "as ilusões sustentam a alma como as asas a um pássaro", ficamos a defender o orgulho nacional dizendo ter sido aquele um episódio isolado. Sustentamos, com o peito inflado por um falso patriotismo, que normalmente este imenso país vive em paz. Em paz? Só se for aquela famosa "paz dos cemitérios".
*Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo

Lembre-se sempre:
"Embora ninguém possa voltar atrás e  fazer um novo começo, qualquer um pode  começar agora e fazer um novo fim".
Esta é uma comunicação oficial do Instituto Endireita Brasil. Reenvie imediatamente esta mensagem para toda a sua lista, o Brasil agradece.
Receba nossas mensagens enviando um email para: emdireitabrasil-subscribe@yahoogrupos.com.br e entrando para o nosso grupo.
Siga-nos no Twitter: @emdireitabrasil
Agora no facebook: http://www.facebook.com/InstitutoEndireitaBrasil



IDH municipal do Brasil cresce 47,5% em 20 anos, aponta Pnud

País estava no nível 'muito baixo' de desenvolvimento humano em 1991.
Com resultado de 2010, divulgado nesta segunda (29), saltou para 'alto'.

Cíntia Acayaba e Mariana Oliveira Do G1, em Brasília
Gráfico do IDHM no Brasil, na comparação entre 1991 e 2010 (Foto: G1)
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil cresceu 47,5% entre 1991 e 2010, segundo o "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013", divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). De acordo com a publicação, a cidade com o IDHM mais elevado é São Caetano (SP), e os municípios que tiveram maior evolução no quesito "renda" são das regiões Norte e Nordeste.
A classificação do IDHM geral do Brasil mudou de "muito baixo" (0,493), em 1991 para "alto desenvolvimento humano" (0,727), em 2010. Em 2000, o IDHM geral do Brasil era 0,612, considerado "médio".
O IDHM é um índice composto por três indicadores de desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda).
O IDHM do país não é a média municipal do índice, mas é um cálculo feito a partir das informações do conjunto da população brasileiras em relação aos três indicadores. O IDH municipal também tem critérios diferentes do IDH global, que o Pnud divulga anualmente e que compara o desenvolvimento humano entre países.
Entre os três indicadores que compõem o IDHM, o que mais contribuiu para a pontuação geral do Brasil em 2013 foi o de longevidade, com 0,816 (classificação "desenvolvimento muito alto", seguido por renda (0,739; "alto") e por educação (0,637; "médio").
Apesar de educação ter o índice mais baixo dos três, foi o indicador que mais cresceu nos últimos 20 anos: de 0,279 para 0,637 (128%). Segundo o Pnud, esse avanço é motivado por uma maior frequência de jovens na escola (2,5 vezes mais que em 1991). No indicador longevidade, o crescimento foi 23% entre 1991 e 2010; no caso de renda, a alta foi de 14%.
Categoria 'muito baixo' encolhe
Em 20 anos, 85% dos municípios do Brasil saíram da faixa de “muito baixo desenvolvimento humano”, segundo classificação criada pelo Pnud. Atualmente, 0,57% dos municípios, ou 32 cidades das 5.565 do país, são consideradas de “muito baixo desenvolvimento humano”.
De acordo com os dados do "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013", 85,8% dos municípios brasileiros faziam parte do grupo de “muito baixo desenvolvimento humano” em 1991. Em 2000, esse número caiu para 70% e, em 2010, despencou para 0,57% .
As faixas classificatórias do Índice de Desenvolvimento Municipal (IDHM) são "muito baixo" (0 a 0,499); "baixo" (0,500 a 0,599); "médio" (0,600 a 0,699); "alto" (0,700 a 0,799) e "muito alto" (0,800 a 1).
Atualmente, 74% das cidades se encontram nas faixas de “médio” e “alto desenvolvimento”, e cerca de 25% deles estão na faixa de “baixo desenvolvimento”. Apesar da evolução, o Nordeste ainda tem 61,3% dos municípios na faixa de “baixo desenvolvimento humano” e no Norte, 40,1% das cidades estão nessa classificação. As duas regiões não têm nenhum município nas faixas de “muito alto” e “alto” desenvolvimento.
Para Jorge Chediek, representante residente do Pnud no Brasil, o país teve "progresso extraordinário".
"O Brasil tem mostrado um progresso extraordinário em termos de saúde, educação e distribuição de renda. Isso mostra que é possível, em pouco tempo, mudar as condições de um país", disse Chediek.
As regiões Sul e Sudeste têm a maioria dos municípios concentrada na faixa de “alto desenvolvimento humano”, 64,7% e 52,2%, respectivamente. No Centro-Oeste e no Norte, a maioria dos municípios é considerada como “médio desenvolvimento”: 56,9% e 50,3%, respectivamente.
Municípios com melhor IDH-M 2013 (Foto: Editoria de Arte/G1)
 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

10 hábitos do motorista que fazem o carro 'beber' mais

Colunista Denis Marum lista maus costumes, como arrancar sempre.
Quer economizar no combustível? Livre-se desses 'vícios'.

Denis Marum Especial para o G1
gasolina palmas (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Maus hábitos ao volante e falta de cuidado com
carro  aumentam consumo de combustível
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Quando o assunto é consumo de combustível, não podemos perder de vista a manutenção periódica, a maneira de dirigir e o tipo de combustível. Veja a seguir dez principais razões que tornam o motorista um grande cliente do posto de combustíveis.
1) Esquecer das velas do motor
As velas fazem o mesmo papel do acendedor do fogão. Quem já não passou pela experiência de ficar apertando aquele botão e nada do fogo acender? E o cheiro de gás que fica dentro da cozinha?
Com as velas do motor acontece o mesmo: elas são responsáveis pela combustão da mistura ar-combustível que acontece dentro do motor.
Veja nova (à esq) e vela 'vencida'
(Foto: Denis Marum/G1)
velas do motor (Foto: Denis Marum/G1) Quando a faísca (arco voltaico que possui uma tensão de 20 a 30 mil volts) está fraca, parte do combustível não é queimada e acaba sendo expelida pelo escapamento.
Alguns problemas podem diminuir a vida útil das velas, como o desgaste interno do motor ou a correia dentada fora de ponto, mas o mais comum é a má qualidade do combustível.
Na grande maioria dos veículos, as velas devem ser substituídas a cada 20.000 km. No momento da troca, aproveite para verificar os cabos de velas. Consulte o manual do proprietário, para saber a especificação e o prazo recomendado para substituição.
Carrinho com rodas tortas faz a gente se
esforçar mais, certo? Com o carro é igual
(Foto: Denis Marum/G1)
carrinho do supermercado (Foto: Denis Marum/G1)2) Rodar com o carro desalinhado
Quem faz supermercado já viu este filme: o carrinho de compras “desajeitado, que está com as rodinhas tortas e faz você sentir no braço o esforço extra. Com seu carro acontece o mesmo: quando as rodas estão desalinhadas, o consumo aumenta muito devido ao esforço extra do motor, sem falar no pneu que acaba mais cedo.
Este problema ocorre quando você pega muitos buracos ou encosta as rodas na guia durante as manobras. Você percebe que as rodas estão desalinhadas quando o volante puxa para um dos lados.
Se o carro possui direção hidráulica, este sintoma fica menos perceptível. Por isso, é essencial  fazer a verificação do alinhamento da suspensão a cada 10.000 km.
3) Rodar com pneu murcho
Outro dia observava um posto de gasolina: ele possuía cinco bombas de abastecimento e apenas um calibrador de pneus. Este fato demonstra que, infelizmente, não temos o costume de calibrar os pneus. Porém, o consumo de combustível aumenta 15% para 4 libras a menos de pressão. Manter os pneus com a pressão correta, além de economizar combustível, prolonga a vida útil dos pneus e exige menos da suspensão e da direção.
4) Deixar de trocar filtros
Filtro de ar sujo impede a entrada de ar, assim, parte do combustível não será queimada devido à falta de oxigênio na mistura. O mesmo acontece com o filtro de combustível: quando entupido, ele também altera a relação ar-combustível, conhecida pelos técnicos como relação estequiométrica.
Os filtros têm um custo baixo e devem ser substituídos a cada 10.000 km. Se você pega estrada de terra com frequência, é bom verificar o filtro de ar a cada 5.000 km.
5) Fazer do porta-malas uma dispensa
Muita gente faz do porta-malas do carro um “quartinho da bagunça”, transportando peso desnecessário e, consequentemente, fazendo o carro consumir mais combustível. Outros motoristas, quando vão viajar, esquecem que no destino também tem supermercado e lotam o carro com engradados de bebidas, mantimentos, enfim, vários itens que poderiam ser adquiridos na cidade de destino.
Dar carona é uma atitude louvável, desde que seja para deixar outros carros na garagem, pois três pessoas a mais representam, em média, 200 kg de peso extra, gerando um aumento de até 20% no consumo.
Bagageiro no teto pode ser útil, mas prejudica
a aerodinâmica (Foto: Denis Marum/G1)
bagageiro no teto (Foto: Denis Marum/G1)6) Usar 'penduricalhos' no carro
As montadoras investem muito dinheiro para reduzir o coeficiente de aerodinâmica ou coeficiente de penetração (o Cx), que é um numero que indica o quanto a carroceria do seu carro oferece de resistência ao vento.
Alguns acessórios/bagagens que no teto dos veículos devem ser evitados:  racks, bagageiros, pranchas, bicicletas. Eles aumentam a resistência do carro ao vento. Isso também acontece quando deixamos os vidros abertos. Para ter uma ideia do que representa a resistência ao vento, experimente colocar a mão para fora da janela a 80km/h.
Nas picapes, o ideal é instalar uma capota marítima nas caçambas. Quando descobertas, elas também prejudicam o desempenho.
7) Ter 'pé pesado'
Se você fica ansioso pela luz verde no semáforo e se sente um piloto a instantes da largada, trate de mudar de personagem se quiser economizar combustível. Faça como a maioria dos taxistas: não dê arrancadas bruscas. Quando for sair com o carro, imagine que tem um aquário (com água) preso no teto do veículo e vá com calma para não "derrubá-lo".
Não estique as marchas: uma das funções do conta-giros do painel é dar subsídio ao motorista para conseguir a maior velocidade com a menor rotação do motor.
Outro indicador de que se está gastando muito combustível é quando as pessoas reclamam que ficam enjoadas ao andar com você ao volante. Isto acontece quando o motorista acelera e freia constantemente. Administrar o trânsito à frente é uma boa maneira de economizar: quanto menos você tiver que pisar no freio e usar a primeira marcha, menos combustível gastará.
Para fechar o assunto dos "pés pesados", quem possui carro automático deve procurar fazer com que ele mude a marcha com o aumento da velocidade e, não com o aumento da rotação do motor. Como? Ao sair, aperte o acelerador até a metade do curso e mantenha-o nesta posição: você perceberá que o veículo ganhará velocidade e trocará as marchas sem que precise pressionar mais o pedal do acelerador.
Luz de injeção acesa: sinal de alerta
(Foto: Denis Marum/G1)
luz de injeção (Foto: Denis Marum/G1)8) Ignorar a luz da injeção acesa
Se a luz da injeção acender no painel, corra para o mecânico, pois o sistema de injeção entrou em estado de emergência, ele detectou pane de algum sensor.
Para que o motor não apague no meio do trânsito, o módulo da injeção utilizará um valor médio de sua memória  para substituir a informação do sensor danificado, permitindo que você siga viagem. Porém, este recurso acaba gerando alto consumo de combustível.
9) Escolher caminhos com mais curvas e semáforos
Experimente empurrar seu carro com o volante reto, depois faça o mesmo com o volante todo esterçado. No segundo caso, o esforço será muito maior. Se você não mora em cidades grandes e tem a opção de escolher, evite caminhos com muitos semáforos, curvas e trânsito: nem sempre o caminho mais curto é o mais econômico.
Também não precisa passar calor, mas tem gente que anda sempre com o ar-condicionado do ligado: este acessório consome em media 15% a mais de combustível, use com moderação.
densímetro na bomba do posto de gasolina (Foto: Denis Marum/G1)10) Usar combustível de má qualidade e 'confundir' o carro flex
Para economizar ao máximo, evite dividir o tanque entre etanol e gasolina: utilize um ou outro. Quando você mistura, o sistema de injeção perde um tempo para definir a relação ar-combustível ideal e, nesse intervalo, o consumo acaba aumentando. Prefira esperar o ponteiro chegar à reserva e encha o tanque com um deles.
No entanto, ainda que você siga todas dicas anteriores, a má qualidade do combustível poderá resultar em até 30% a mais de consumo.
Densímetro na bomba de etanol
(Foto: Denis Marum/G1)
Se você utiliza etanol, dê preferência para postos que possuam o densímetro ao lado da bomba. Se prefere gasolina, a tarefa é mais difícil: não podemos generalizar, mas via de regra, a gasolina de má qualidade já é percebida na saída do posto. O motor fica com pouca potência, dá a impressão de que o pedal do acelerador fica "borrachudo"...
O mau cheiro nos gases do escapamento é outro indicador. Porém, não prejulgue o posto de combustível: o mau cheiro no escapamento pode ser um problema no catalizador.
Denis Marum coluna Oficina do G1 (Foto: Fábio Tito/G1) Os equipamentos que fazem análise de combustíveis são caríssimos. Meus colegas engenheiros que me desculpem, mas aqui vai uma dica prática: na década de 70, quando íamos com nossos pais abastecer o carro, o cheiro da gasolina era muito forte, as pessoas que estavam dentro do carro ficavam nauseadas... A gasolina boa tem cheiro forte. Então, se você entrar em um posto de combustíveis e notar que o cheiro é forte o suficiente para incomodar, pode encher o tanque.

Dono de oficina em São Paulo, Denis Marum é formado em engenharia mecânica e tem 29 anos de experiência com automóveis. Nesta coluna no G1, dá dicas sobre cuidados com o carro.

Mitos e verdades sobre seus direitos

  Camille Cardoso
Não basta apenas o decorar o Código de Defesa do Consumidor para deixar de ser vítima dos mitos sobre a relação entre cliente e fornecedor. O que se convencionou chamar de “direitos do consumidor” no país é um apanhado de leis que muda com frequência. Desde 2009, cinco novas leis sobre o assunto foram aprovadas pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e 19 pelo Congresso. Há duas propostas hoje em discussão na Alep e outras 115 no Senado.
 / A Torre de Babel criada por tantas novas e antigas normas é um cenário perfeito para as meias verdades circularem de boca em boca. “Posso devolver qualquer produto dentro de uma semana” é uma delas. “O prazo vale apenas para compras feitas pelas internet ou por telefone”, afirma o advogado Levy Lima Lopes Neto, especialista em Direito do Consumidor.
 
A Gazeta do Povo passou a limpo algumas afirmações comuns de consumidores. Confira abaixo.
DEVOLUÇÕES
As companhias aéreas podem cobrar o valor que quiserem como taxa para remarcar uma passagem.
Depende. Na Justiça, há o entendimento de que essa taxa não pode ser tão alta. “A aceitação é de uma taxa de 10% a 20% e as empresas estão cobrando até 90%”, diz Levy Lopes Neto. Nesse caso, vale buscar a Justiça Especial Cível.
O consumidor tem sete dias para devolver o produto, não importando o motivo.
Somente em compras realizadas pela internet, telefone ou catálogos – ou seja, fora do estabelecimento, afirma Lopes Neto. O prazo para devolver produtos que apresentaram defeitos visíveis depois de comprados em lojas físicas é de 30 dias (para serviços e bens não duráveis) a 90 dias.
OS ENDIVIDADOS
Minha dívida será extinta dentro de cinco anos.
Não é bem assim. As dívidas têm prazo de prescrição apenas se o credor não acionar a Justiça. Sendo assim, o prazo é de dez anos, salvo exceções, como as dívidas de hospedagem (um ano) e aluguéis (três anos). Os cinco anos valem para boletos bancários, cartões de crédito, planos de saúde e contas de serviço público, a contar do vencimento. Também é o prazo para a permanência do nome em cadastros negativos.
NO BOTECO OU BALADA
Sou obrigado a pagar couvert artístico por uma banda ou cantor ao vivo que não tenho interesse em ouvir.
Verdade. Desde que a cobrança esteja anunciada de forma visível para a clientela já na entrada e seja para música ao vivo, lembra o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) a “taxa de serviço” é facultativa. O consumidor também não é obrigado a pagar por couvert (petiscos) que não pediu.
Em caso de perda da comanda, o estabelecimento pode cobrar um valor alto pré-determinado.
Depende. Para o Idec, a multa é válida – desde que esteja claro que a perda ocorreu por culpa do cliente. Mas isso não abre permissão para cobranças extorsivas. O Procon-PR avalia que é responsabilidade do estabelecimento controlar o consumo. A orientação é, ao pagar a multa, exigir nota fiscal com o motivo do pagamento descrito, para embasar futura reclamação.
PROPAGANDA
Eu posso denunciar uma loja que anuncia produtos diferentes dos que vende.
Talvez. Há três formas de uma propaganda ser irregular: omitir dados para induzir ao erro, conter informação falsa ou propagar valores criminosos. Em casos como o da lanchonete que mostra um sanduíche enorme nas fotos de divulgação, mas vende uma versão muito diferente, é possível reclamar para o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e o Procon. A famosa mensagem “imagem meramente ilustrativa” não exime a empresa de responsabilidade se a diferença for gritante.
PELA INTERNET
Se faço uma compra no supermercado pela internet e os produtos escolhidos não são do meu agrado (verduras e legumes, por exemplo), posso trocá-los ou devolvê-los.
Sim. O site deve deixar claro já de saída as orientações sobre devoluções e desistências. “Os pedidos deverão ser cancelados imediatamente. Caso o valor já tenha sido lançado na fatura, deverá ser estornado”, explica o advogado Hélio de Abreu. A loja tem prazo de cinco dias para dar a resposta.
É “do jogo” a loja virtual vender produtos que estão em falta, avisando o consumidor do problema só depois.
 / Não. Antes da nova lei, detalhes como formas de pagamento, disponibilidade do produto e prazo de entrega não precisavam ser informados. Agora, todas as condições têm de ser destacadas no ato da compra e cumpridas. “A exceção ocorre quando o estabelecimento virtual informa previamente que a venda do item é sujeita a disponibilidade”, diz o advogado Hélio de Abreu.
DURANTE A COMPRA
É legal fazer liquidações de produtos cuja validade vence no mesmo dia ou no dia seguinte.
Sim. Não há possibilidade de multar estabelecimentos pelas normas sanitárias porque, a princípio, eles estão dentro da lei, afirma a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como não há regra estipulando prazos, cabe ao consumidor verificar a data de validade e assumir o risco.
É chato, mas não ilegal a loja cobrar valores quebrados e não entregar troco ou oferecer outro produto, como balas.
Enriquecimento ilícito e venda casada são as duas irregularidades cometidas por comerciantes que oferecem produtos em vez do troco, alerta o advogado Guilherme Varella, do Idec. A orientação é não aceitar substitutos para o dinheiro e exigir o troco quebrado. Quando o estabelecimento apregoa valores mais baixos, mas não os pratica, está ferindo a lei.

Trens e Metrô superfaturados em 30%

Ao analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões

Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
1.jpg
PROPINODUTO
Segundo integrantes do MP e do Cade, seis projetos de
trem e metrô investigados apresentaram sobrepreço de 30%
Na última semana, ISTOÉ publicou documentos inéditos e trouxe à tona o depoimento voluntário de um ex-funcionário da multinacional alemã Siemens ao Ministério Público. Segundo as revelações, o esquema montado por empresas da área de transporte sobre trilhos em São Paulo para vencer e lucrar com licitações públicas durante os sucessivos governos do PSDB nos últimos 20 anos contou com a participação de autoridades e servidores públicos e abasteceu um propinoduto milionário que desviou dinheiro das obras para políticos tucanos. Toda a documentação, inclusive um relatório do que foi revelado pelo ex-funcionário da empresa alemã, está em poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para quem a Siemens – ré confessa por formação de cartel – vem denunciando desde maio de 2012 as falcatruas no Metrô e nos trens paulistas, em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos. Até semana passada, porém, não se sabia quão rentável era este cartel.
2.jpg
Ao se aprofundarem, nos últimos dias, na análise da papelada e depoimentos colhidos até agora, integrantes do Cade e do Ministério Público se surpreenderam com a quantidade de irregularidades encontradas nos acordos firmados entre os governos tucanos de São Paulo e as companhias encarregadas da manutenção e aquisição de trens e da construção de linhas do Metrô e de trens. Uma das autoridades envolvidas na investigação chegou a se referir ao esquema como uma fabulosa história de achaque aos cofres públicos, num enredo formado por pessoas-chaves da administração – entre eles diretores do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, com participação especial de políticos do PSDB, os principais beneficiários da tramoia. Durante a apuração, ficou evidente que o desenlace dessa trama é amargo para os contribuintes paulistas. A investigação revela que o cartel superfaturou cada obra em 30%. É o mesmo que dizer que os governantes tucanos jogaram nos trilhos R$ 3 de cada R$ 10 desembolsado com o dinheiro arrecadado dos impostos. Foram analisados 16 contratos correspondentes a seis projetos. De acordo com o MP e o Cade, os prejuízos aos cofres públicos somente nesses negócios chegaram a RS 425,1 milhões. Os valores, dizem fontes ligadas à investigação ouvidas por ISTOÉ, ainda devem se ampliar com o detalhamento de outros certames vencidos em São Paulo pelas empresas integrantes do cartel nesses e em outros projetos.
3.jpg
Entre os contratos em que o Cade detectou flagrante sobrepreço está o de fornecimento e instalação de sistemas para transporte sobre trilhos da fase 1 da Linha 5 Lilás do metrô paulista. A licitação foi vencida pelo consórcio Sistrem, formado pela empresa francesa Alstom, pela alemã Siemens juntamente com a ADtranz (da canadense Bombardier) e a espanhola CAF. Os serviços foram orçados em R$ 615 milhões. De acordo com testemunhos oferecidos ao Cade e ao Ministério Público, esse contrato rendeu uma comissão de 7,5% a políticos do PSDB e dirigentes da estatal. Isso significa algo em torno de R$ 46 milhões só em propina. “A Alstom coordenou um grande acordo entre várias empresas, possibilitando dessa forma um superfaturamento do projeto”, revelou um funcionário da Siemens ao MP. Antes da licitação, a Alstom, a ADtranz, a CAF, a Siemens, a TTrans e a Mitsui definiram a estratégia para obter o maior lucro possível. As companhias que se associaram para a prática criminosa são as principais detentoras da tecnologia dos serviços contratados.
4.jpg
O responsável por estabelecer o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados pelas empresas nesse contrato era o executivo Masao Suzuki, da Mitsui. Sua empresa, no entanto, não foi a principal beneficiária do certame. Quem ficou com a maior parte dos valores recebidos no contrato da fase 1 da Linha 5 Lilás do Metrô paulista foi a Alstom, que comandou a ação do cartel durante a licitação. Mas todas as participantes entraram no caixa da propina. Cada empresa tinha sua própria forma de pagar a comissão combinada com integrantes do PSDB paulista, segundo relato do delator e ex-funcionário da Siemens revelado por ISTOÉ em sua última edição. Nesse contrato específico, a multinacional francesa Alstom e a alemã Siemens recorreram à consultoria dos lobistas Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira. Documentos apresentados por ISTOÉ na semana passada mostraram que eles operam por meio de duas offshores localizadas no Uruguai, a Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A. Para não deixar rastro do suborno, ambos também se valem de contas em bancos na Suíça, de acordo a investigação.
5.jpg
PEDIDO DE CPI
Líder do PT na Assembleia Legislativa,
Luiz Claudio Marcolino, trabalha pela abertura de inquérito
No contrato da Linha 2 do Metrô, o superfaturamento identificado até agora causou um prejuízo estimado em R$ 67,5 milhões ao erário paulista. As licitações investigadas foram vencidas pela dupla Alstom/Siemens e pelo consórcio Metrosist, do qual a Alstom também fez parte. O contrato executado previa a prestação de serviços de engenharia, o fornecimento, a montagem e a instalação de sistemas destinados à extensão oeste da Linha 2 Verde. Orçado inicialmente em R$ 81,7 milhões, só esse contrato recebeu 13 reajustes desde que foi assinado, em outubro de 1997. As multinacionais francesa e alemã ficaram responsáveis pelo projeto executivo para fornecimento e implantação de sistemas para o trecho Ana Rosa/ Ipiranga. A Asltom e a Siemens receberam pelo menos R$ 143,6 milhões para executar esse serviço.
6.jpg
O sobrepreço de 30% foi estabelecido também em contratos celebrados entre as empresas pertencentes ao cartel e à estatal paulista CPTM. Entre eles, o firmado em 2002 para prestação de serviços de manutenção preventiva e corretiva de dez trens da série 3000. A Siemens ganhou o certame por um valor original de R$ 33,7 milhões. Em seguida, o conglomerado alemão subcontratou a MGE Transportes para serviços que nunca foram realizados. A MGE, na verdade, serviu de ponte para que a Siemens pudesse efetuar o pagamento da propina de 5% acertada com autoridades e dirigentes do Metrô e da CPTM. O dinheiro da comissão – cerca de R$ 1,7 milhão só nessa negociata, segundo os investigadores – mais uma vez tinha como destino final a alta cúpula da estatal e políticos ligados ao PSDB. A propina seria distribuída, segundo depoimento ao Cade ao qual ISTOÉ teve acesso, pelo diretor da CPTM, Luiz Lavorente. Além da MGE, a Siemens também recorreu à companhia japonesa Mitsui para intermediar pagamentos de propina em outras transações. O que mais uma vez demonstra o quão próxima eram as relações das empresas do cartel que, na teoria, deveriam concorrer entre si pelos milionários contratos públicos no setor de transportes sobre trilhos. O resultado da parceria criminosa entre as gigantes do setor pareceu claro em outros 12 contratos celebrados com a CPTM referentes às manutenções dos trens das séries 2000 e 2100 e o Projeto Boa Viagem, que já foram analisados pelo CADE. Neles, foi contabilizado um sobrepreço de aproximadamente R$ 163 milhões.
Não é por acaso que as autoridades responsáveis por investigar o caso referem-se ao esquema dos governos do PSDB em São Paulo como uma “fabulosa história”. O superfaturamento constatado nos contratos de serviços e oferta de produtos às estatais paulistanas Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos [CPTM] supera até mesmo os índices médios calculados internacionalmente durante a prática deste crime. Cálculos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, por exemplo, apontam que os cartéis ocasionam um prejuízo aos cofres públicos de 10% a 20%. No caso destes 16 contratos, a combinação de preços e direcionamentos realizados pelas companhias participantes da prática criminosa levaram a um surpreendente rombo de 30% aos cofres paulistas.

Diante das denúncias, na última semana o PT e outros partidos oposicionistas em São Paulo passaram a se movimentar para tentar aprovar a instalação de uma CPI. “O governador Geraldo Alckmin diz querer que as denúncias do Metrô e da CPTM sejam apuradas. Então, que oriente a sua bancada a protocolar o pedido de CPI, pelo menos, desta vez”, propôs o líder do PT na Assembleia paulista, Luiz Cláudio Marcolino. “É flagrante que os contratos precisam ser revisados. Temos de ter transparência com o dinheiro público independente de partido”, diz ele. Caso a bancada estadual do PT não consiga aprovar o pedido, por ter minoria, a sigla tentará abrir uma investigação na Câmara Federal. “Não podemos deixar um assunto desta gravidade sem esclarecimentos. Ainda mais quando se trato de acusações tão contundentes de desvios de verbas públicas”, afirmou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). O que se sabe até agora já é suficiente para ensejar um inquérito. Afinal, trata-se de um desvio milionário de uma das principais obras da cidade mais populosa do País e onde se concentra o maior orçamento nacional. Se investigada a fundo, a história do achaque de 30% aos cofres públicos pode trazer ainda mais revelações fabulosas.
Queima de arquivo
Uma pasta amarela com cerca de 200 páginas guardada na 1ª Vara Criminal do Fórum da cidade de Itu, interior paulista, expõe um lado ainda mais sombrio das investigações que apuram o desvio milionário das obras do metrô e trens metropolitanos durante governos do PSDB em São Paulo nos últimos 20 anos. Trata-se do processo judicial 9900.98.2012 que investiga um incêndio criminoso que consumiu durante cinco horas 15.339 caixas de documentos e 3.001 tubos de desenhos técnicos. A papelada fazia parte dos arquivos do metrô armazenados havia três décadas. Entre os papeis que viraram cinzas estão contratos assinados entre 1977 e 2011, laudos técnicos, processos de contratação, de incidentes, propostas, empenhos, além de relatórios de acompanhamento de contratos de 1968 até 2009. Sob segredo de Justiça, a investigação que poderá ser reaberta pelo Ministério Público, diante das novas revelações sobre o caso feitas por ISTOÉ, acrescenta novos ingredientes às já contundentes denúncias feitas ao Cade pelos empresários da Siemens a respeito do escândalo do metrô paulista. Afinal, a ação dos bandidos pode ter acobertado a distribuição de propina, superfaturamento das obras, serviços e a compra e manutenção de equipamentos para o metrô paulista.

Segundo o processo, na madrugada do dia 9 de julho do ano passado, nove homens encapuzados e armados invadiram o galpão da empresa PA Arquivos Ltda, na cidade de Itu, distante 110 km da capital paulista, renderam os dois vigias, roubaram 10 computadores usados, espalharam gasolina pelo prédio de 5 mil m² e atearam fogo. Não sobrou nada. Quatro meses depois de lavrado o boletim de ocorrência, nº 1435/2012, a polícia paulista concluiu que o incêndio não passou de um crime comum. “As investigações não deram em nada”, admite a delegada de Policia Civil Milena, que insistiu em se identificar apenas pelo primeiro nome. “Os homens estavam encapuzados e não foram identificados”, diz a policial. Investigado basicamente como sumiço de papéis velhos, o incêndio agora ganha ares de queima de arquivo. O incidente ocorreu 50 dias depois de entrar em vigor a Lei do Acesso à Informação, que obriga os órgãos públicos a fornecerem cópias a quem solicitar de qualquer documento que não seja coberto por sigilo legal, e quatro meses depois de começarem as negociações entre o Cade e a Siemens para a assinatura do acordo de leniência, que vem denunciando as falcatruas no metrô e trens paulistas. “Não podemos descartar que a intenção desse crime era esconder provas da corrupção”, entende o deputado Luiz Cláudio Marcolino, líder do PT na Assembleia Legislativa do Estado.
7.jpg
Além das circunstâncias mais do que suspeitas do incêndio, documentos oficiais do governo, elaborados pela gerência de Auditoria e Segurança da Informação (GAD), nº 360, em 19 de setembro passado, deixam claro que o galpão para onde foi levado todo o arquivo do metrô não tinha as mínimas condições para a guarda do material. Cravado em plena zona rural de Itu, entre uma criação de coelhos e um pasto com cocheiras de gado, o galpão onde estavam armazenados os documentos não tinha qualquer segurança. Poderia ser facilmente acessado pelas laterais e fundos da construção.

De acordo com os documentos aos quais ISTOÉ teve acesso, o governo estadual sabia exatamente da precariedade da construção quando transferiu os arquivos para o local. O relatório de auditoria afirma que em 20 de abril de 2012 - portanto, três dias depois da assinatura do contrato entre a PA Arquivos e o governo de Geraldo Alckmin - o galpão permanecia em obras e “a empresa não estava preparada para receber as caixas do Metrô”. A comunicação interna do governo diz mais. Segundo o laudo técnico do GAD, “a empresa não possuía instalações adequadas para garantir a preservação do acervo documental”. Não havia sequer a climatização do ambiente, item fundamental para serviços deste tipo.

O prédio foi incendiado poucos dias depois da migração do material para o espaço. “Não quero falar sobre esse crime”, disse um dos proprietários da empresa, na época do incêndio, Carlos Ulderico Botelho. “Briguei com o meu sócio, sai da sociedade e tomei muito prejuízo. Esse incêndio foi estranho. Por isso, prefiro ficar em silêncio”. Outra excentricidade do crime é que o fato só foi confirmado oficialmente pelo governo seis meses depois do ocorrido. Em 16 páginas do Diário do Diário Oficial, falou-se em “sumiço” da papelada. Logo depois da divulgação do sinistro, o deputado estadual do PT, Simão Pedro, hoje secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, representou contra o Governo do Estado no Ministério Público Estadual. “Acredita-se que os bandidos tenham provocado o incêndio devido o lugar abrigar vários documentos”. Para o parlamentar, “esse fato sairia da hipótese de crime de roubo com o agravante de causar incêndio, para outro crime, de deliberada destruição de documentos públicos”, disse Simão, em dezembro passado. Procurados por ISTOÉ, dirigentes do Metrô de SP não quiseram se posicionar.
Fotos: PEDRO DIAS/ag. istoé
Fotos: ADRIANA SPACA/BRAZIL PHOTO PRESS; Luiz Claudio Barbosa/Futura Press; NILTON FUKUDA/ESTADÃO
Foto: Rubens Chaves/Folhapress

domingo, 28 de julho de 2013

Luta pela memória da ditadura está em perigo

Conspiração sabotagem e estrelismo atrapalham as apurações da comissão da verdade

Josie Jeronimo
Chamada.jpg
LONGE DE UMA RESPOSTA
O atentado à bomba no Rio-Centro, em 1981, ato terrorista dos militares
contra a democratização, é um dos vários episódios à espera de investigação
Nascida há 14 meses como um dos mais nobres projetos do governo Dilma Rousseff, de uns tempos para cá a Comissão Nacional da Verdade transformou-se num ambiente de disputas internas, conspirações permanentes e mesmo atos de sabotagem entre seus membros. Ciente disso, a presidenta Dilma decidiu intervir na comissão e planeja convocar o colegiado de coordenadores para uma conversa reservada, em que pretende cobrar explicações e discutir caminhos, na esperança de salvar uma ideia que custou meses de negociação com familiares de desaparecidos, militares aposentados, ministros e forças políticas de várias famílias ideológicas.

Sempre se soube que a investigação sobre a memória do regime militar seria alvo de críticas por parte de generais de pijama e de cobranças dos familiares de vítimas e iria mobilizar atenções no País inteiro. Estava claro também que os membros da comissão, escolhidos em maio de 2012, teriam de se empenhar, acima de tudo, em cumprir a obrigação de conhecer cada crime, cada violência, em todos os detalhes. Episódios terríveis da história do País, como o atentado à bomba no Rio-Centro, o mais ambicioso ato de terrorismo militar contra a democratização, até hoje aguardam explicações completas e definitivas sobre seus autores e as responsabilidades da cadeia de comando.

O trabalho de uma Comissão da Verdade, em qualquer parte do mundo, é assim mesmo. Consiste em pisar em terreno áspero, ouvir os contrários, dar voz a quem nunca teve – e depois construir, palavra por palavra, uma narrativa que não foi escrita. A questão é que era preciso encontrar um método de trabalho coerente para dar conta de tarefa tão nobre e delicada – e os membros da comissão nunca se entenderam a respeito disso.
Untitled-1.jpg
Pouco a pouco, aquela atividade, que deveria buscar a consulta externa, o depoimento jamais obtido e o episódio nunca esclarecido, transformou-se numa disputa típica de posições, uma pequena guerra de prestígio e força – em reuniões e embates a portas fechadas. É possível traduzir o exíguo trabalho externo da comissão por sua contabilidade. Com orçamento de R$ 10 milhões para tocar o serviço, até agora ela gastou uma modesta quantia de R$ 200 mil.

Vários fatores ajudam a explicar essa situação. Um deles envolve a forma de organização. Em vez de estimular acordos e pactos construtivos, a ideia de estabelecer um sistema de coordenação por rodízio, através do qual cada membro da coordenação assumiria o comando dos trabalhos por três meses, logo passando o bastão para um novo sucessor, só contribuiu para acirrar disputas, contradições e conflitos. Inicialmente, a indicação do antigo corregedor do Conselho Nacional de Justiça, o juiz Gilson Dipp, para integrar a comissão, trazia um propósito positivo. Esperava-se que, com sua liderança e capacidade de composição, Dipp pudesse garantir uma certa ordem aos trabalhos. Mas, primeiro coordenador, Dipp adoeceu e teve de licenciar-se. Acabou substituído por Claudio Fontelles, procurador-geral da República entre 2003 e 2005, que acabaria acumulando dois mandatos consecutivos. Primeiro, como reserva de Dipp e, depois, como coordenador pleno. Quando Dipp recuperou a saúde, preferiu pedir para ir embora, deixando uma vaga em aberto, que até agora não foi preenchida. Com uma postura diferente da do antecessor, Fontelles colecionou brigas internas e acabou pedindo demissão. Saiu batendo a porta. Mas admite retornar, sob determinadas condições.

O conflito da Comissão da Verdade já havia produzido vários episódios desgastantes que lembram guerras de poder numa firma, num partido político ou num sindicato, mas chegou a um ponto máximo no final de maio. Empossada na coordenação, a advogada Rosa Cardoso, que defendeu Dilma e o deputado José Genoino durante o regime militar, enviou uma mensagem à própria presidenta da República. Rosa queria, simplesmente, que a presidenta demitisse três de seus adversários internos da Comissão – o advogado Paulo Sérgio Pinheiro, tarimbado integrante de missões de direitos humanos da ONU, a psicanalista Maria Rita Kehl e o advogado e escritor José Paulo Cavalcanti. A presidente respondeu através do assessor Giles Azevedo, que telefonou a Pinheiro e lhe disse que Dilma estava satisfeita com os trabalhos e com a atuação de seus membros. Mas a tensão não terminou. Em nova mensagem endereçada à presidenta, ainda sem resposta, Rosa solicitou a Dilma que fizesse uma opção definitiva, escolhendo quem deve ficar e quem deve sair.
4.jpg
RODÍZIO IMPRODUTIVO
O juiz Gilson Dipp, primeiro comandante dos
trabalhos que se perderam com a troca de direção
Até hoje é mais fácil relatar as brigas entre os integrantes da comissão do que oferecer uma explicação racional para tantas divergências. A composição da coordenação mostrava um esforço para agrupar personalidades que, por vários caminhos, expressam o universo democrático brasileiro. Há coordenadores com sólida biografia tucana, mas também petistas e pelo menos uma voz que simpatiza com o Movimento Sem-Terra. Mas eles estão separados por uma divergência que não tem relação direta com suas linhagens políticas. Resumindo de forma simples um debate mais complicado, pode-se dizer que Rosa e Fontelles pretendem transformar os trabalhos da comissão numa etapa preparatória para uma revisão da Lei da Anistia que permita colocar os acusados por tortura e mortes no banco dos réus. Os outros, que têm como maior expoente Pinheiro, consideram que a comissão deve contar uma história do período, a mais completa que já foi escrita, e deixar a decisão para o conjunto da sociedade. Se a Lei de Anistia deve ser revista, esse não é um problema da comissão, raciocinam.

Como era de se imaginar, a cada visão corresponde um método de trabalho. Quando assumiu a coordenação, Pinheiro procurou agir de acordo com seu ponto de vista. Preferiu a consulta a arquivos, a coleta de depoimentos reservados, quando esse era o desejo da testemunha. Rosa e Fontelles, que acumularam um período mais longo na coordenação dos trabalhos, também agiram, mas pelo outro lado. Fiel à ideia de que seria conveniente criar “comoção” e exercer um “papel pedagógico” junto à população, Fontelles tentou divulgar denúncias de grande impacto. Como ideia, era uma solução tentadora. Mas não se possuía matéria-prima correspondente a tanta ambição.
3.jpg
Durante uma audiência pública com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi paulista e um dos símbolos do período, Fontelles criou um impacto apenas passageiro. Disse que trazia um documento inédito sobre a morte de 50 presos ocorrida na repartição militar sob o comando de Ustra. O documento, além de não ser inédito (havia sido reproduzido pelo próprio Ustra em seu livro), era repleto de imprecisões. Em outro momento, Fontelles anunciou em entrevista que possuía revelações relevantes sobre a morte do deputado Rubens Paiva, sequestrado em casa, na frente da mulher e dos filhos. Nada havia, porém, que não fosse do conhecimento de quem pesquisa o assunto.

A Comissão da Verdade tentou queimar etapas e foi assim que acabou chegando a essa encruzilhada complexa. Antes de mergulhar nos arquivos disponíveis – que são mais numerosos e férteis do que se supõe –, seus integrantes ingressaram no debate posterior, sobre o destino de eventuais descobertas. Elas podem ficar nos livros ou podem mudar a história. Mas esse é um debate posterior, para o País resolver. A Comissão da Verdade deve ao Brasil um pedaço de sua história que jamais foi contado. Em posição intelectualmente privilegiada, seus integrantes dispõem da chance única de ouvir testemunhas, confrontar versões e restabelecer o fio interrompido de um passado que convém conhecer para que nunca seja repetido. Basta isso e estará muito bem-feito.
Foto: Aníbal Philot/ag o globo
Fotos: Bruno Peres/CB/D.A Press; Sergio Lima/Folhapress;
Carlos Ivan/Ag. O Globo; Sergio Lima/Folhapress; MARCELLO CASAL JR

Fortal 2013- Animação total no sábado de folia

Apesar do atraso, o corredor da folia ficou pequeno para conter a animação do público no terceiro dia do evento

Não é novidade que no Fortal os foliões fora de época desfilam alegria, empolgação e aproveitam a noite com muito beijo na boca. No terceiro dia do evento, que chega a 22ª edição neste ano, a animação não foi menor. Da pipoca ao corredor da folia, passando pelos camarotes, os participantes aproveitaram o terceiro dia de festa ao som de grandes sucessos do axé.

O cantor Saulo Fernandes, do bloco Eh Loco, sacudiu os foliões dos camarotes e das arquibancadas ao som de grandes sucessos da axé music Foto: Fabiane de Paula

A Cidade Fortal começou a noite ao som da banda Chicabana, que entrou com mais de uma hora de atraso no corredor da folia. Nada que diminuísse a empolgação que se seguiu com a apresentação de Saulo Fernandes que levou a multidão ao delírio. Essa é a primeira vez do ex-vocalista da Banda Eva, na micareta, em carreira solo, após 11 anos à frente do grupo.

“Sinto todas as borboletas no estômago, apesar de não ser estreante. Sou amarradão pelo Fortal, que é muito bem organizado. Acho isso aqui maravilhoso. O bloco Eh Loco tem uma afinidade extraordinária comigo”, afirmou o cantor, em entrevista antes do início do show.

Saulo e os brincantes cantaram os sucessos da Banda Eva em uma só voz, como as músicas “Circulou”, “Lugar da Alegria”, “Toda Linda” e “Diz que Vai Voltar”. Também aproveitou para apresentar novas músicas.
Para acompanhar Saulo, Trícia Alencar, 21, levou outras duas amigas para a micareta. “Gosto muito de axé e venho há dez anos, desde o tempo em que a Eliana veio se apresentar”, comentou. Acompanhada dela, Riane Lopes, 21, veio de Roraima para aproveitar as férias e “correr atrás do trio”.

Para as duas, o cansaço não tinha vez e o objetivo é aproveitar todos os dias do evento. Já a amiga Juliana Lozano, 20, foi pela primeira vez, com o intuito de acompanhar o cantor Bell Marques, com o Chiclete com Banana. A banda foi a terceira da noite de ontem, seguida por Asa de Águia.

Em família

Acompanhada do marido, dos três filhos e de dois sobrinhos, Vilian Mendes, 45, foi pela primeira vez à Cidade Fortal. Ela, que conheceu o marido em um Carnaval, não perdeu tempo em apresentar aos filhos o caminho da animação.
“Quando o Fortal acontecia na Beira-Mar, eu participava todos os anos, desde o tempo de solteira. Ficava esperando o trio passar. Na última vez, estava grávida do mais filho novo (que hoje tem 8 anos de idade). Ia desde o tempo de solteira”, lembra.

Beleza e falta de ordenamento contrastam na Praia do Futuro

Frequentadores apontam problemas em um dos cartões-postais mais importantes de Fortaleza
Feira no calçadão, obras sem fim, 2 mil ambulantes sem qualquer normatização, lixo, esgotos a céu aberto, insegurança, barracas abandonadas, estacionamentos irregulares e falta de escoamento adequado de água são alguns dos gargalos enfrentados por um dos cartões-postais de Fortaleza: a Praia do Futuro.

Visitantes admitem que podem deixar de ir ao local por conta do abandono Fotos: Kid Júnior
Quem é morador ou visitante tem queixas recorrentes. E, pior, aponta a aposentada Maria Antônia Oliveira, entra ano e sai ano, entram férias e saem férias, e tudo continua como está. "Aliás, está ficando cada vez mais complicado", afirma.

É a praia das barracas opulentas em contraste com aquelas abandonadas e "pontos de encontro" de dependentes químicos e marginais, lamenta o empresário Geraldo Diniz, morador do bairro há 22 anos. "A falta de fiscalização e critérios vem transformando a Praia do Futuro num lugar de horrores e do deus-dará", lamenta.

O empresário Paulo Roberto de Aquino, natural do Rio Grande do Sul, conta que é o décimo ano que passa férias em Fortaleza e que tem se impressionado com a situação cada vez mais alarmante da Praia do Futuro. "No próximo ano, talvez não venha mais, porque você não fica sossegado um minuto na areia. É ambulante para todo lado", diz.

A questão dos ambulantes é um capítulo à parte. De acordo com dados extraoficiais da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, de 2011 a 2013, houve uma verdadeira "invasão" do comércio informal que toma conta do calçadão, prejudicando a mobilidade humana. São mais de 2 mil informais que ficam em frente às barracas mais conhecidas.

Além da concorrência desleal, apontam os donos de barracas, eles comercializam de tudo, inclusive bebida alcoólica para crianças e adolescentes e comida sem o controle da Vigilância Sanitária.

Sobre o assunto, a Associação adianta que deve firmar parceria com a Secretaria Executiva Regional (SER) II com o objetivo de ordenar o comércio ambulante na orla da Praia do Futuro. A ideia, confirma a Regional, é, primeiro fazer um cadastro dos informais para, no segundo passo, ordenar, treinar e aumentar a fiscalização. A parceria começará a obter resultados em agosto, logo após o período de férias.

Um dos ambulantes, Francisco da Silva, garante que, se a Prefeitura iniciar o cadastramento, tem interesse em participar. "Quero trabalhar honestamente e ter a garantia de não ser escorraçado", diz.

Requalificação

Sobre as obras do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) para a requalificação do sistema viário, de competência da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), o órgão não divulga o percentual dos trabalhos de requalificação, somente o da Praça 31 de Março, com 35% de concluído.

A Setfor prevê investir na Praia do Futuro R$ 86 milhões, sendo R$ 80 milhões para a requalificação e R$ 6 milhões para a 31 de Março. A previsão é de que tudo será entregue até dezembro deste ano. "Vamos rezar para que isso se confirme, senão será mais um ano que se vai e o local do mesmo jeito", diz a professora Julieta Sabrino.

ENQUETE
Qual é o maior problema do bairro?

"É um lugar lindo, mas que precisa de muitos cuidados. Falta mais segurança, limpeza e combate aos camelôs que, muitas vezes, chateiam os visitantes"Mariana Mendonça
Estudante

"Fortaleza é linda, e um lugar como a Praia do Futuro deveria ter mais cuidados. As obras demoram muito, a poluição sonora é desregrada e isso é ruim"
Francisco José Resende
Comerciante

"É a oitava vez que venho de férias para Fortaleza. Acredito que os ambulantes aqui na praia incomodam demais e isso deveria ser mais combatido"
Fabiano Wusuf
Empresário

Cenário
Problemas à vista

O mau cheiro causado por esgotos a céu aberto, os cerca de 2 mil ambulantes que trabalham na área e as barracas abandonadas, que viram abrigo para dependentes químicos, são algumas das reclamações de quem frequenta o ponto turístico

Esgoto incomoda população
Esgotos nas areias da Praia do Futuro, a céu aberto e no meio das barracas, onde crianças brincam e adultos se alimentam, são apontados como um dos principais problemas do bairro, sendo motivos de reclamações.

Associação de Empresários teme que a Praia do Futuro fique poluída como a Beira-Mar, devido a galerias pluviais que serão construídas no local

A dona de casa Maria Joaquina Sampaio conta que, durante a quadra chuvosa, o problema aumenta, pois as águas da chuva carregam a sujeira para o mar.

Em março passado, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) fez a limpeza do coletor de esgoto situado ao longo da Av. Zezé Diogo, na Praia do Futuro. A operação teve como objetivo remediar o assoreamento dos tubos, prevenindo transbordamento de esgoto. Segundo o órgão, a área é quase totalmente coberta com rede de esgoto.

Os donos de barracas temem as próprias galerias pluviais. Segundo eles, as intervenções de requalificação incluem essas construções com desemboque no mar, e isso representa perigo. A Associação dos Empresários da Praia do Futuro já entrou com representação junto ao Ministério Público do Estado do Ceará questionando as obras. Se nada for feito, apontam os donos de barracas, será uma futura Beira-Mar, poluída.

A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) declarou que a poluição na Beira-Mar existe devido às ligações clandestinas de esgoto. No caso das galerias da Praia do Futuro, o órgão diz que a situação não vai se repetir, pois haverá reuniões com a Cagece para garantir a fiscalização.

LÊDA GONÇALVESREPÓRTER

sábado, 27 de julho de 2013

Chuva não apaga animação dos foliões na segunda noite do Fortal



Os fãs das bandas Asa de Águia, Tomate e Chiclete com Banana lotaram o corredor da alegria durante a festa
Enquanto no primeiro dia do Fortal 2013 o destaque foi o forró e o sertanejo, ontem, no segundo dia da micareta, o axé tomou conta de toda a Cidade Fortal. As bandas Asa de Águia, Tomate e Chiclete com Banana usaram o ritmo para fazer os foliões dançarem e pularem.

O primeiro bloco a se apresentar foi o Cerveja & Coco, com o Asa de Águia Foto: Fabiane de Paula
O primeiro a entrar no corredor da alegria foi o Asa de Águia, no bloco Cerveja & Coco. Nem mesmo a forte chuva desanimou os brincantes que dançaram muito ao som de “Quebra Aê” e fizeram todos que estavam nos camarotes entrarem na festa. Em seguida a banda ainda tocou “Vale Nigth”, “Não tem lua”, “Cocobambu” e “Com amor”. Depois foi a vez de Tomate, no Eh Loco, fazer centenas de pessoas se divertirem com as suas principais músicas. Para o seu repertório, o cantor usou as músicas “Te espero no farol” e “Cuida de Mim”.

O Chiclete com Banana, no bloco Siriguella, ficou encarregado de fechar a segunda noite da micareta. Mais uma vez, uma multidão de fãs acompanhou o trio comandado por Bel Marques. “Não vou Chorar”, “100% Você” e “Amor perfeito” foram as mais cantadas pelos foliões.

Ritmos
Para a agente de cobranças Vanessa Rodrigues, o sertanejo e o forró são importantes, pois levam ao Fortal fãs de outros ritmos. Mas, é o axé que leva o maior número de pessoas ao evento. “Fortal sempre foi axé. São as bandas de axé que fazem muitas pessoas de fora do Ceará vir para a micareta”, disse.

Já a comerciante Marilia Rolim Menezes acredita que o axé empolga muito mais os brincantes, pois as músicas das bandas já viraram clássicos. “Todo mundo conhece as músicas do Chiclete com Banana e do Asa de Águia”, avalia.

Thiago Rocha / Renato BezerraRepórteres


ENQUETE
O que a festa tem de melhor para os brincantes?
“Micareta é bem melhor do que os shows convencionais. Fiz questão de vir de Natal somente para a festa. Por isso, o Fortal se diferencia dos outros eventos do Brasil”Diogo BezerraAdministrador

“Gostei tanto da primeira vez que eu vim para o Fortal que fiz questão de vir novamente. Aqui, a gente encontra muita gente bonita e ainda se diverte muito com os amigos”Bruna AguiarEmpresária

“O que eu mais quero é poder acompanhar o trio, pois é o que tem de melhor no Fortal. Além disso, a festa é boa para podermos conhecer novas pessoas”Patricia CostaRadiologista


Espaços para todos os gostos e estilos
Estar fora do corredor da folia não significa ficar longe da alegria proporcionada pelo Fortal 2013. Com diversos espaços temáticos, música e diversão é o que não falta para os que curtem a 22ª edição da maior micareta do Brasil. A Arena Vip, por exemplo, também foi dominada pelo axé music, na noite de ontem, com apresentações de Fabinho Varela, Ivo Brow e o grupo Harmonia do Samba, fechando a programação da noite.

O primeiro a se apresentar na Arena Vip, na noite de ontem, foi o cantor Fabinho Varela. Músicas conhecidas do grande público, como “Ziriguidum”, “Não Precisa Mudar”, “Gatinha Assanhada”, entre outras, embalaram os foliões FOTO: BRUNO GOMES

No espaço, o público contou, também, com a tenda eletrônica, onde DJs promoveram som para os fãs das batidas. Antes mesmo do primeiro bloco sair na avenida, foliões já dançavam embalados pela melodia de Fabinho Varela. Músicas conhecidas do grande público, como “Ziriguidum”, “Não Precisa Mudar”, “Gatinha Assanhada”, entre outras, embalaram a noite de grupos de amigos, famílias e casais apaixonados.

Estreia
A promotora de vendas Samara Elayne Cardoso, 20, chegou cedo com a mãe e algumas amigas para curtir toda a programação do espaço. Pela primeira vez no Fortal, a jovem diz ter aprovado a festa e ressalta que a volta nos demais dias já está garantida. “É maravilhoso isso aqui, bom demais”. Para a secretária executiva Valéria Pereira, 40, que não parava de dançar durante a apresentação, vir ao Fortal foi uma surpresa, já que não havia programado. Contudo, diz ela, superou as expectativas. “Uma amiga me chamou de última hora e vim no impulso. Estou gostando muito, até porque não tenho muito tempo livre. A ideia é a gente curtir a vida do jeito que vier. Se você não aproveitar ela já passou”, destaca ela.

Os amigos Rodrigo Guedes, 18, e Maira Martins, 21, ambos estudantes, também estiveram, ontem, sem um bloco ou camarote, mas nem por isso com menos animação do que os demais foliões. “Aqui é tudo muito eclético, por isso eu gosto”, disse ele.


SAIBA MAIS
Sábado - Entrada 18h30Chicabana
Trio Nova Schin Folia
Eh Loco
Saulo
Siriguella
Chiclete com Banana
Cerveja & Coco
Asa de Águia

Domingo - Entrada 18h30Siriguella
Chiclete com Banana
Cerveja & Coco
Ivete Sangalo
Eh Loco
Wesley Safadão

Dilma deixar que Lula mande em seu governo é inédito — e também humilhante e ridículo. É útil um presidente avistar-se com antecessores — mas não receber ordens de um deles

Coluna do Ricardo Setti

Dilma em mais uma "consulta" ao co-presidente Lula, em Salvador (Foto: Margarida Neide / Agência A Tarde / Agência O Globo)
Como sabem os leitores mais assíduos, venho há algum tempo chamando Lula de ex-presidento.
Na verdade, o correto seria designá-lo pelo que, na prática, é: co-presidente.
Nunca, em quase 124 anos de República — “nuncaantezneztepaiz”, portanto, pelo menos no já longo período republicano — se viu nada igual: uma presidente, como Dilma Rousseff, que, a cada passo mais importante, a cada crise mais aguda, sai correndo se consultar com seu guru e antecessor.
Às vezes, em postura que já passa do respeito à auto-humilhação, pegando o avião presidencial em Brasília para ir ao beija-mão em Lula em São Paulo, em vez de convocá-lo para o Palácio do Planalto.
É interessante, útil e produtivo para o país que o presidente de turno se consulte com ex-presidentes, uma prática democrática raríssima em estas paragens. (FHC chamou os candidatos à sua sucessão, um por um, em 2002, para explicar em detalhes o acordo com o FMI que o governo estava prestes a assinar. É uma das poucas exceções em muitos anos.)
Em países civilizados, chefes do governo, em determinadas circunstâncias, se avistam, trocam ideias, buscam a experiência de antecessores, mesmo que, politicamente, sejam adversários ferrenhos.
Não só em ocasiões, digamos, sociais, tal como ocorreu logo após a posse de Barack Obama, em janeiro de 2011, quando todos os ex-presidentes vivos dos Estados Unidos — Jimmy Carter e Bill Clinton, democratas, e os republicanos George H. Bush e o filho, George W. Bush, antecessor de Obama — conferenciaram cordialmente com o novo presidente e posaram para fotos.
Na posse, Obama com os ex-presidentes George H. Bush, George W. Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter: encontros entre presidentes e antecessores não apenas em ocasiões sociais, como era o caso (Foto: The White House)
Ficou célebre a reunião do então jovem presidente John F. Kennedy, democrata, com o antecessor republicano, Dwight D. Eisenhower, em abril de 1961, quando a remessa de mísseis soviéticos para Cuba quase provoca um confronto nuclear entre as duas então superpotências.
Eisenhower não apenas era um ex-presidente, mas, como general de cinco estrelas, havia sido o comandante supremo das forças dos Aliados na II Guerra Mundial (1939-1945). Tratava-se de uma experiência imensa que não poderia ser descartada naquele momento. Depois do encontro, ambos trocaram vários e longos telefonemas.
22 de abril de 1961, na Casa Branca: com semblante sério, Kennedy recebe o ex-presidente Eisenhower para consultá-lo sobre a crise dos mísseis de Cuba (Foto: AP)
Na França, para ficar em mais um exemplo, todos os presidentes depois do general Charles de Gaulle (1959-1969), que não consultava ninguém, mantiveram reuniões com antecessores. Eram fatos corriqueiros, com resultados positivos para os interesses gerais do país.
Jacques Chirac, conservador, que devido a peculiaridades da Constituição francesa fora primeiro-ministro sob o presidente socialista François Mitterrand (1981-1995), reuniu-se várias vezes com ele durante sua própria presidência de dois mandatos (1995-2007).
Nicolas Sarkozy (presidente de 2007 a 2012), ex-ministro do Interior de Chirac, manteve linha direta com o antecessor até romperem politicamente.
Chirac, presidente, conservador, com o antecessor, Mitterrand, socialista: reuniões e encontros corriqueiros e produtivos (Foto: AFP)
Na Espanha, chefes de governo de um lado e outro do espectro político não apenas se consultaram, mas adotaram posições conjuntas, especialmente na questão gravíssima do combate ao terrorismo da organização separatista basca ETA.
Nenhum deles, porém, ia receber ordens. No caso da presidente Dilma, a impressão que cada encontro com Lula transmite é exatamente essa, indesejável e humilhante: ela vai a Lula, escuta as opiniões de seu tutor e, sem que jamais se tenha sabido de uma única discrepância real, segue as diretrizes emitidas.
Vejam o que acaba de acontecer na Bahia, notem o título (“Dilma decide com Lula…”) da reportagem do Estadão:

Peregrinos vão caminhar 9,5 km da Central do Brasil até Copacabana

Trajeto foi montado após cancelamento de vigília e missa em Guaratiba.
Caminhada é tradicional na Jornada Mundial da Juventude.

Juliana Cardilli e Mariucha Machado Do G1 Rio
mapa_peregrinação (Foto: Editoria de Arte/G1)
Os peregrinos que participarão da vigília e da missa de envio nos dois últimos dias da Jornada Mundial da Juventude, sábado (27) e domingo (28), irão caminhar 9,5 km para chegar até Copacabana, às 7h do sábado, onde está montado o palco principal, anunciou nesta sexta-feira (26) a Prefeitura do Rio de Janeiro. Pela manhã, o prefeito Eduardo Paes havia afirmado à rádio CBN que o percurso seria de 12 km.
Os jovens iniciarão a caminhada – tradicional na JMJ – na Central do Brasil, no centro da cidade. Inicialmente, a peregrinação, a vigília e a missa de envio seriam realizadas em Guaratiba, na Zona Oeste. A transferência para Copacabana foi feita após as chuvas dos últimos dias alagarem o terreno.
A caminhada feita pelos jovens até a vigília é uma tradição das Jornadas, e a manutenção dela, fazendo com que os peregrinos andem um longo percurso, foi um pedido feito pela organização à Prefeitura do Rio, segundo o prefeito Eduardo Paes.
O prefeito pediu novamente a compreensão da população de Copacabana, que “terá um grande evento nesta sexta, sábado e no domingo. Nós sabemos dos constrangimentos que isso gera para os moradores, faremos o possível para minimizar os efeitos da transferência para Copacabana.”
O percurso seguirá da Central do Brasil pela Avenida Presidente Vargas, Avenida Rio Branco,  Aterro do Flamengo, Enseada de Botafogo, Rua Lauro Sodré, chegando a Copacabana pelo Túnel Novo na Rua Princesa Isabel, segundo Carlos Roberto Osório, secretário de transportes do Rio.
Bloqueio em Copacabana
O bairro de Copacabana será fechado totalmente a partir das 12h de sábado, com 24 pontos de bloqueio, conforme é feito no réveillon, e do mesmo modo que foi feito na quinta e nesta sexta-feira.
“Vamos trabalhar o tempo todo tentando flexibilizar, se a gente sentir que o fluxo de pessoas ainda não é suficiente grande que justifique impedir o acesso de carros, a gente pode adiar um pouco. Mas as pessoas devem se basear nesses horários”, disse Paes sobre os bloqueios.
O prefeito também pediu que os peregrinos sigam as vias disponibilizadas para a peregrinação. A partir das 7h da manhã as vias da rota serão bloqueadas, e haverá faixas em todas elas dedicadas aos pedestres. A Avenida Presidente Vargas ficará fechada entre a Central do Brasil e a Avenida Rio Branco.
Mapa de interdição em Copacana: dia 26 e 27 (Foto: Arte G1)
Apesar de o caminho para o Aeroporto Santos Dumont, que fica no Centro, não ser bloqueado, a prefeitura pede que quem precisar ir ao aeroporto que antecipe ao máximo seu trajeto para evitar atrasos, devido à grande quantidade de pessoas no local.
Durante o sábado, não haverá bolsão de estacionamento em Botafogo, que será o ponto de chegada da peregrinação. Entretanto, a partir das 21h do sábado, serão disponibilizados ônibus no local para que os peregrinos que não queiram dormir em Copacabana voltem para seus alojamentos.
Os ônibus fretados que levariam peregrinos a Guaratiba serão desviados e informados que devem se dirigir à ilha do Fundão, onde haverá um ponto de estacionamento. De lá, ônibus urbanos levarão os peregrinos à Central do Brasil.Na volta, se houver uma quantidade de peregrinos que queira voltar de ônibus fretado – o que a Prefeitura acredita que não irá acontecer – haverá ônibus da prefeitura.
Mapa de desvios de trânsito em Copacana: dia 26 e 27 (Foto: Arte G1)
No domingo, após a missa, haverá o caminho inverso – ônibus da Prefeitura sairão da Enseada de Botafogo e levarão os peregrinos até a Ilha do Fundão para os fretados.
Acesso a Central do Brasil será feito por trem, metrô e ônibus. Quem sair da Zona Oeste deve usar preferencialmente o trem. O BRT Transoeste trabalhará em plena capacidade para ligar Santa Cruz ao Terminal Alvorada, na Barra, de onde sairão outros ônibus para a Central ou a Zona Sul.
Os sistemas de ônibus, trem e metrô funcionarão 24 horas. Pode haver um movimento de volta para casa na noite de sábado, e a prefeitura prevê um grande movimento de chegada a Copacabana no início da  manhã de domingo, para a missa de envio.
Após o fim das atividades em Copacabana, prevista para 12h, a Prefeitura prevê o escoamento dos peregrinos até as 18h, com liberação total das vias às 19h.
Entre outros bloqueios de trânsito, está prevista a proibição de estacionamento no Saara, para a passagem dos peregrinos, no sábado. Nos bairros de Ipanema e Leblon, a área de lazer será montada a partir de 12h no sábado e no domingo. Um total de 1600 agentes da CET-Rio farão a orientação do trânsito.
Metrô
Não haverá pré-venda de passagens para o metrô, e quatro estações estarão fechadas - Presidente Vargas, Cinelândia, Catete e Cantagalo - serão fechadas para atender aumento do fluxo em direção a Copacabana. Metrô recomenda que quem for usar o Metrô antecipe sua ida porque poderá haver retenção de passageiros dependendo do fluxo de pessoas.
Segundo Paes, a Prefeitura está fazendo um reforço na estrutura de saúde, banheiros e postos de informação em Copacabana – a estrutura que estava em Guaratiba está sendo transferida.
Questionado sobre as grandes distâncias que as pessoas tiveram que andar para deixar Copacabana após os eventos, Paes disse que isso é natural em um evento com tantas pessoas.
“Não há infraestrutura no mundo que receba 1,5 milhão de pessoas, e que as pessoas saiam juntas, que não vai ter fila. É inviável, impossível. Nós tivemos ontem (quinta-feira) uma saída ordeira. É diferente de Réveillon, que alguns saem depois dos shows, dos fogos. Não estamos falando de 70 mil pessoas saindo do Maracanã, que em uma hora estava livre”, afirmou. “A gente tem reaberto Copacabana todos os dias muito antes do previsto. Tem que entender que vai ter que andar, se deslocar a pé.”
Sobre a escolha de Guaratiba
O prefeito foi questionado novamente sobre os custos da construção do Campo da Fé em Guaratiba e da transferência de Copacabana, e de quem foi a decisão de fazer o campo em Guaratiba.  Paes voltou a lembrar que a presença do Papa é uma alegria para a cidade, e não pode ser resumida em gastos, e que a realização de parte dos eventos fora da Zona Sul da cidade, em áreas mais carentes, foi um pedido da Igreja Católica e da organização da JMJ.
O prefeito também ressaltou que não houve gastos públicos no terreno de Guaratiba, apenas na infraestrutura do entorno.

“Nós procuramos em conjunto, comitê e poder público, áreas para levar para a Zona Oeste. Não há área nessa cidade que tenha dois lugares para juntar 2 milhões de pessoas. Tínhamos Copacabana e o Parque do Flamengo, mas ia ficar burguês demais, vocês iam reclamar que é só na Zona Sul. E a vigília tem a característica de pernoitar, e quanto mais você cercar, melhor. A decisão foi do comitê organizador respaldada pela prefeitura”, disse Paes.

O prefeito também questionou a informação dada de que o Exército já havia alertado há alguns meses sobre os problemas no terreno de Guaratiba. “Se alguém avisou, não teve força suficiente para fazer valer sua opinião.”
“A vigília vai ocorrer, a peregrinação vai ocorrer, a missa com o Santo Padre vai ocorrer. Só num lugar diferente. Eu diria que num ponto de vista de logística e infraestrutura é muito mais fácil que em Guaratiba”, disse Paes. “É possível ficar [para a vigília], mas não vai ter o mesmo conforto, no padrão do peregrino, que teria em Guaratiba.”
“A infraestrutura de Guaratiba foi preparada para receber esses jovens. Em Copacabana não teremos de tempo de trazer tudo”, disse o Padre Renato Martins, do comitê organizador.