Após deixar cenas de
destruição na costa americana, tempestade diminui. Inundação em Nova
York começa a baixar, mas 6,5 milhões estão sem luz
Inundada em diversas áreas ao ser atingida pela
tempestade Sandy,
Nova York começou a observar as águas baixarem na madrugada desta
terça-feira, após terem subido 4,15 metros acima de seu nível habitual
ao sul de Manhattan. "A enchente ocasionada pela tempestade atingiu a
altura de 4,15 metros em Battery. Agora, a altura é de três metros e as
águas estão baixando", disse o prefeito Michael Bloomberg em sua conta
no Twitter. Bloomberg acrescentou que os cortes de eletricidade e outros
problemas continuam afetando a cidade – em todo o país, 6,5 milhões de
pessoas estão sem energia elétrica.
Reclassificado de furacão para ciclone pós-tropical pelo Centro
Nacional de Furacões dos Estados Unidos, Sandy começou a perder força,
diminuindo o volume de chuva sobre a costa leste dos EUA. Poucas horas
depois da gigantesca tempestade atingir o país, às 22 horas de
segunda-feira (20 horas nos EUA), as primeiras mortes provocadas pelo
fenômeno natural foram registradas. De acordo com a rede CNN, pelo menos
treze pessoas morreram nos EUA – a maioria delas em incidentes
envolvendo a queda de árvores sobre casas e carros. São cinco mortos em
Nova York, um em Connecticut, três em Nova Jersey, dois na Filadélfia,
um na Virgínia Ocidental e outro no barco HMS Bounty, que naufragou.
Além disso, uma pessoa morreu no Canadá por causa do ciclone.
Enquanto isso, Nova York vive cenas de caos, com inundações castigando
parte da ilha de Manhattan e enchendo de água estações de metrô e
túneis, colocando em risco toda a sua estrutura de transportes, que
"nunca enfrentou um
desastre tão devastador"
em seus 108 anos de existência, afirmou nesta terça-feira o presidente
da Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade, Joseph Lhota.
Somente no estado de Nova York, cinco pessoas morreram, entre elas um
homem de 30 anos que teve a casa atingida por uma árvore no bairro do
Queens. Autoridades também relataram duas mortes em Nova Jersey, quando
uma árvore caiu sobre um carro no condado de Morris. Duas pessoas
morreram na Pennsylvania, uma atingida por árvore e outra no desabamento
de uma casa. Na Virginia Ocidental, uma mulher morreu em um acidente de
carro provocado pelos doze centímetros de neve despejados pela
tempestade na rua. O estado de Maryland registrou outra vítima de
acidente: uma mulher que bateu o carro em uma árvore durante a
tempestade. Em Toronto, no Canadá, uma mulher morreu ao ser atingida por
escombros carregada pelo vento.
Saiba mais
TEMPESTADE OU FURACÃO
Qualquer tempestade tropical pode ser chamada de ciclone,
termo genérico dado a um sistema de larga escala e baixa pressão
atmosférica que se forma sobre águas tropicais ou subtropicais. Quando a
temperatura do oceano passa de 27º C, a água evapora e forma uma coluna
de baixa pressão atmosférica. Em volta da coluna, ventos começam a
soprar devido à diferença de pressão, fazendo com que a tespestade gire.
Quando os ventos atingem 61 km/h, temos formada uma tempestade
tropical. Se ultrapassam 119 km/h, estamos diante de um furacão.
CICLONE, FURACÃO, TUFÃO
Ciclone, tufão e furacão são nomes diferentes para um mesmo fenômeno –
este último é mais usado em contexto científico. A denominação, porém,
varia conforme a região: costuma-se chamar de furacão quando acontece na
América Central e nos EUA; tufão quando aparece no extremo Oriente; e
ciclone quando ocorre no oceano Índico. Os três termos se referem às
mais fortes tempestades que ocorrem na natureza, podendo chegar a 1.000
metros de diâmetro e ventos de 120 km/h, no mínimo.
NO BRASIL
No Brasil não há furacões, pois o mar subtropical tem águas
relativamente frias – e os furacões só se formam acima dos 27º C. Mas o
país não está a salvo de ventanias como os tornados. Esse tipo de
tormenta é muito mais violenta e pode aparecer em qualquer lugar, mas
costumam durar menos de três minutos. Ela é resultado do choque entre
duas correntes de ar, uma quente e úmida, outra fria e seca. Quando as
duas se encontram em alta velocidade, o ar quente é lançado para o alto,
se condensa e inicia uma tempestade que pode atingir até 800 km/h, o
bastante para destruir todas as construções que encontrar pelo caminho.
Outra morte aconteceu em alto mar: na direção da Carolina do Norte, a
Guarda Costeira resgatou catorze de dezesseis tripulantes do navio
pesqueiro HMS Bounty. O grupo foi salvo de helicóptero, após abandonar a
embarcação, que afundou, em botes. Um tripulante foi encontrado horas
mais tarde já sem vida enquanto o capitão do barco continua
desaparecido.
Ciclone pós-tropical - A tempestade Sandy atingiu a
costa leste americana no sul do estado de Nova Jersey. O fênomeno
natural foi reclassificado de furacão para ciclone pós-tropical, mas
manteve sua intensidade. Quando atingiu a costa, os ventos superavam os
140 quilômetros por hora – nas últimas horas, porém, a tempestade perdeu
força e sua velocidade caiu para menos de 120 quiolômetros horários.
Foram registradas ondas de 3,7 metros de altura em Kings Point e de 4,15
metros em Battery, ambas áreas de Nova York, e de 2,6 metros em Sandy
Hook, em Nova Jersey.
Localizada na costa de Nova Jersey, a cidade de Atlantic City foi uma
das primeiras afetadas pelo rastro de destruição da tempestade. Os
ventos fortes chegaram a arrancar parte do calçadão de madeira da orla –
um dos cartões-postais da cidade turística.
Caos em Nova York - Na cidade de Nova York, a maior
dos EUA, a tempestade inundou a maior parte do sul da ilha de Manhattan e
provocou uma queda de energia que deixou 250.000 casas sem luz. Ondas
de mais de quatro metros atingiram a costa e os rios Hudson e East
transbordaram por causa da chuva torrencial. Estações de metrô e túneis
ficaram completamente alagados e a inundação também chegou ao centro
financeiro da cidade, alcançando dois metros de altura em Wall Street. A
Bolsa de Valores de Nova York foi fechada pela pela primeira vez desde os atentados de 11 de setembro de 2011 e só deve reabrir na quarta-feira.
Reuters
Água invade estação de metrô em Hoboken, Nova Jersey. Túneis do metrô em Manhattan também foram afetados
Durante a madrugada, mais de duzentos pacientes precisaram ser
removidos do hospital Langone Medical, localizado na Universidade de
Nova York (NYU), após o gerador de emergência do centro médico ter sido
danificado. Em outro incidente, a fachada de um prédio de quatro andares
na oitava avenida desabou com a aproximação da tempestade, sem deixar
feridos. Mais cedo, um
guindaste no topo de um prédio na rua 57 sofreu danos e ficou pendurado, obrigando a polícia a interditar a área para pedestres.
Pelo menos um grande incêndio, provavelmente causado por um
curto-circuito, foi registrado no bairro do Queens, dando muito trabalho
para o Corpo de Bombeiros de Nova York combater as chamas em meio às
ruas alagadas.
Todos os três grandes aeroportos da região - La Guardia, John F.
Kennedy e Newark Liberty - foram fechados e mais de 9.000 voos
cancelados. Em uma entrevista coletiva concedida na noite de segunda, o
prefeito Michael Bloomberg pediu para que a população de Nova York fique
em suas casas e deixe as ruas livres para as equipes de resgate.
Precauções - Considerado uma das mais devastadoras tempestades
a atingir os Estados Unidos, a chegada de Sandy provocou a evacuação de
áreas densamente habitadas da costa leste americana, a
paralisação dos transportes públicos de Nova York e Boston e a suspensão das aulas.
Estima-se que mais de 50 milhões de americanos serão afetadas pela
tempestade. Autoridades apontam que seis milhões de pessoas estão sem
energia elétrica, em onze estados e no Distrito de Columbia. Uma
empresa de prevenção de desastres estimou que os prejuízos podem chegar a
20 bilhões de dólares.
Efeitos - Embora não tenha a força do Katrina, que
devastou Nova Orleans em 2005, o Sandy, que já matou 66 pessoas na
semana passada no Caribe, deve causar inundações, fortes chuvas e ventos
na região. A tempestade ainda pode causar a precipitação de até 1 metro
de neve nos montes Apalaches, de Virgínia Ocidental até o Kentucky.