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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Estudo mostra alta presença de agrotóxicos em alimentos no Brasil

Quase 60% das amonstras de morango foram consideraras insatisfatórias

AE
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Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que ainda é alta a presença de resíduos de agrotóxicos em muitos alimentos presentes na mesa dos brasileiros. Cerca de 36% das amostras de alimentos de 2011 e 29% das amostras de 2012 apresentaram resultados insatisfatórios nessa questão, de acordo com o relatório de atividades do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA).

No ano passado, por exemplo, 59% das amostras de morango foram consideradas insatisfatórias. Nesse cálculo, pesam quesitos como a presença de agrotóxico não autorizado para o alimento analisado; uso de agrotóxico autorizado, mas acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR); e a detecção, conjunta, de agrotóxico não autorizado e autorizado, mas acima do limite permitido. Das amostras de pepino, no ano passado, 42% foram consideradas insatisfatórias pela Anvisa. Para o abacaxi, o índice foi de 41%. Nas amostras de cenoura, 33% foram classificadas como insatisfatórias no ano passado.

Das amostras insatisfatórias, cerca de 30% se referem a agrotóxicos que estão sendo reavaliados pela Anvisa. Mas uma surpresa foi a presença de pelo menos dois agrotóxicos que nunca foram registrados no Brasil: o azaconazol e o tebufempirade. Eles foram encontrados em amostras de uva. Segundo a Anvisa, isso sugere que os produtos podem ter entrado no Brasil por contrabando.

"Outro resultado de destaque foi a detecção de aldicarbe em uma amostra de arroz. Trata-se do ingrediente ativo de maior toxicidade aguda dentre todos os agrotóxicos de uso agrícola, sendo também o mais empregado, indevidamente, como raticida ilegal, sob a denominação popular de 'chumbinho'. Sua reavaliação toxicológica foi efetuada em 2006, e em decorrência deste processo, diversas medidas restritivas foram recomendadas pela Anvisa e implementadas pelo fabricante do único produto formulado até então registrado no País, que desenvolveu um programa de controle específico para este produto", cita o estudo, referente a dados de 2011.

Na elaboração da pesquisa foram analisadas 3.293 amostras de alface, arroz, cenoura, feijão, mamão, pepino, pimentão, tomate e uva. A íntegra do estudo está disponível para consulta na internet, no site da Anvisa. Em 2012, 36% das amostras puderam ser rastreadas até o produtor e 50% até o distribuidor do alimento. A Anvisa explica que a escolha dos alimentos considerou dados de consumo obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos à disponibilidade desses alimentos nos supermercados das diferentes unidades da federação e no perfil de uso de agrotóxicos.

Em nota, o diretor presidente da agência, Dirceu Barbano, afirma que "a Anvisa tem se esforçado para eliminar ou diminuir os riscos no consumo de alimentos, isto se aplica também aos vegetais. Por esta razão a agência monitora os índices de agrotóxicos presentes nas culturas. Nós precisamos ampliar a capacidade do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária de monitorar o risco tanto para o consumidor como para o produtor para preservar a saúde da população". A Anvisa coordena o PARA em conjunto com órgãos de vigilância sanitária estaduais e municipais, que realizam os procedimentos de coleta dos alimentos nos supermercados e de envio aos laboratórios para análise.

Atuação de Lula na proposta de autonomia do BC contrariou Dilma

VERA MAGALHÃES
EDITORA DO PAINEL
ANDRÉIA SADI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou há algumas semanas as conversas sobre a proposta de autonomia do Banco Central.
Antes de discutir a questão com o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), autor de um dos projetos sobre o tema em tramitação, Lula tratou do assunto com outros senadores e com empresários.
Assessores do Instituto Lula chegaram a pedir subsídios sobre a matéria para parlamentares aliados, após o ex-presidente tratar da ideia de autonomia com empresários. Lula foi convencido a se envolver na articulação de bastidores sobre o assunto por dois ex-auxiliares: Antonio Palocci e Henrique Meirelles.
Preocupado com as dificuldades que a presidente Dilma Rousseff terá na reeleição, Lula teria dito, segundo interlocutores que estiveram com ele nas últimas semanas, que uma proposta que garantisse autonomia formal ao BC teria sobre o mercado efeito parecido ao que a "Carta ao Povo Brasileiro" teve para ele próprio na eleição de 2002.

Pedro Ladeira-30.out.13/Folhapress
Ex-presidente Lula e Dilma participam de evento de comemoração dos dez anos do programa Bolsa Família, em Brasília
Ex-presidente Lula e Dilma participam de evento de comemoração dos dez anos do programa Bolsa Família, em Brasília
Nessas análises, Lula diz que o empresariado e o setor financeiro desconfiam da disposição de Dilma para o diálogo e do caráter estatizante do governo. E pondera que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ampliou seu trânsito justamente nesses meios.
Ao encontrar com Dornelles na terça-feira, durante sua passagem por Brasília, o ex-presidente foi explícito: "Vamos tocar para a frente esse seu projeto". O senador fluminense relatou a conversa a vários colegas no plenário, na mesma tarde.
A Folha ouviu de três senadores que a defesa feita pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), de pautar a votação da matéria na Comissão de Assuntos Econômicos faz parte da mesma iniciativa de Lula.
NEGATIVA
O recuo do ex-presidente, ontem, foi motivado pela reação negativa por parte de Dilma. A presidente mobilizou a equipe logo pela manhã. O ministro Aloizio Mercadante (Educação) telefonou para várias pessoas para reiterar que o governo é contra a ideia de garantir autonomia formal ao Banco Central.
Renan também tratou do assunto em reunião que se estendeu na noite de terça com senadores de vários partidos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

'Provamos a inocência do João Paulo', diz viúva sobre sentença contra BMW

Justiça condenou BMW a indenizar família do sertanejo morto em acidente.
Montadora informou que apresentará recurso de apelação junto ao TJ-SP.

Eduardo Guidini Do G1 Ribeirão e Franca
Viúva de João Paulo falou sobre a decisão da Justiça nesta quarta-feira (30) (Foto: Eduardo Guidini/ G1)Viúva de João Paulo falou sobre a decisão da Justiça nesta quarta-feira (30) (Foto: Eduardo Guidini/ G1)
A decisão da Justiça pela condenação da BMW do Brasil Ltda. e a Bayerische Motoren Werke Aktiengesellschaft (BMW AG) ao pagamento de uma indenização de R$ 300 mil e da pensão pela morte do cantor sertanejo José Henrique dos Reis, conhecido pelo pseudônimo de João Paulo, então parceiro de dupla de Daniel, foi recebida com alegria pela viúva do sertanejo, morto em um acidente automobilístico na madrugada do dia 12 de setembro de 1997. "Conseguimos provar a inocência do João Paulo. Todos esses anos ouvi coisas absurdas', diz Roseni Barbosa dos Santos Reis. Ainda cabe recurso sobre a decisão.
Em nota, a BMW informou que não concorda com a decisão e que apresentará recurso de apelação junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O processo é movido por Roseni e pela filha dela, Jéssica Renata dos Reis, hoje com 22 anos. As duas moram há três anos em Ribeirão Preto (SP), onde atualmente a jovem cursa o terceiro ano da faculdade de veterinária.
O cantor João Paulo morreu quando voltava para casa em Brotas (SP), na madrugada do dia 12 de setembro de 1997, após um show na cidade de São Caetano, no ABC. O acidente aconteceu na altura do km 40 da Rodovia dos Bandeirantes, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. O veículo, uma BMW 328i/A, capotou, invadiu o canteiro central da via e pegou fogo. João Paulo morreu carbonizado.
João Paulo & Daniel em apresentação de 1997 (Foto: Reprodução/TV Globo)João Paulo & Daniel em apresentação de 1997
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Com base em um laudo pericial, a Justiça determinou que um defeito no pneu dianteiro direito do carro dirigido por João Paulo, foi o causador do acidente. A decisão eximiu o cantor de culpa. Segundo o laudo, João Paulo trafegava acima do limite permitido na rodovia, mas a “velocidade encontrava-se dentro dos limites de dirigibilidade". A velocidade não pôde ser precisada pelo perito.
Roseni conta que, apesar de não concordar com o valor da indenização estipulado pela Justiça, considera a decisão uma vitória. "Tive que ouvir todos esses anos que o acidente era culpa do meu marido, que ele estava cansado, que ele estava embriagado. Ouvi coisas absurdas quando, na verdade, foi um problema no carro que causou o acidente. Esse foi o primeiro passo e o objetivo foi alcançado, provar a inocência dele, mas vamos recorrer para aumentar esse valor", disse a viúva.
Ela revela ainda que o marido comprou a BMW, que dirigia quando morreu, para ter mais segurança no trânsito. "Ironicamente, foi por causa desse carro que ele morreu. Ele gostava de voltar pra casa após o show e fazia isso sempre que possível. Ele comprou esse carro pensando na segurança, não foi por status. Foi pra ter um carro melhor, para ter mais segurança", lembra.
Ao falar da filha e das dificuldades enfrentadas por elas após a morte do sertanejo, Roseni se emociona. "A Jéssica tinha 6 anos na época. Teve uma infância muito difícil e toma antidepressivo até hoje. A gente achou que ela nem conseguiria se formar no ensino médio, mas graças a Deus, hoje em dia ela está na faculdade", diz com a voz embargada. Roseni e João Paulo namoraram por cinco anos e ficaram casados por seis anos.
Advogado da família vai entrar com recurso por causa do valor da indenização (Foto: Eduardo Guidini/ G1)Advogado da família entrará com recurso por causa
do valor da indenização (Foto: Eduardo Guidini/ G1)
Recurso
Além da indenização de R$ 300 mil por danos morais (R$ 150 mil para cada uma), a BMW do Brasil e sua matriz alemã foram condenadas a pagar uma pensão mensal à filha e à esposa do cantor referentes a 2/3 da renda média de João Paulo em seus últimos seis meses de vida.
O advogado Edilberto Acácio da Silva, que representa a família do sertanejo, diz que também irá recorrer da decisão da Justiça por causa do valor da indenização. Segundo ele, João Paulo recebia mais de R$ 500 mil por mês na época do acidente. Com isso, o valor total da indenização, acrescido de juros e correção, pode chegar a mais de R$ 500 milhões, de acordo com o advogado.
"O valor que deve ser pago é referente a toda a vida artística que o João Paulo ainda teria pela frente. Ele fazia parte de uma das duplas mais famosas do país e também era um compositor de sucesso. Vamos recorrer para aumentar o valor da indenização", disse Silva.
João Paulo morreu no auge da fama em um acidente na Rodovia Bandeirantes (Foto: Cedoc/EPTV)João Paulo morreu no auge da fama em um acidente na Rodovia Bandeirantes (Foto: Cedoc/EPTV)

Quem critica o Bolsa Família é porque nunca passou fome, diz Lula

O ex-presidente disse também que muita gente está incomodada porque os pobres estão evoluindo

A cerimônia de dez anos do programa Bolsa Família realizada nesta quarta-feira serviu de palco para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendesse os êxitos da transferência de renda para os mais pobres e atacasse duramente seus críticos.
Sem citar nomes, o ex-presidente desqualificou adversários políticos, jornalistas e analistas que, ao longo dos anos, criticaram de alguma forma o programa. FOTO: AGENCIA REUTERS/ ARQUIVO  
O petista afirmou que, se estivesse iniciando seu governo agora, com a experiência que conquistou, começaria da mesma forma, combatendo a fome e a desigualdade. Lula lembrou de sua origem pobre e disse que os que criticam o Bolsa Família nunca passaram fome. Disse também que são preconceituosos ao afirmar que o pobre está no Bolsa Família porque não quer trabalhar. "Isso é preconceito. É tentar transmitir para o pobre a culpa pela pobreza", afirmou.
Em resposta a uma crítica recorrente de que o Bolsa Família não ofereceria porta de saída para seus beneficiários deixarem o programa e superarem a miséria por meio do trabalho, Lula disse que a transferência de renda é o início desse processo.
Sem citar nomes, ele desqualificou adversários políticos, jornalistas e analistas que, ao longo dos anos, criticaram de alguma forma o programa. "Chama atenção que as pessoas falam tanto de porta de saída quando as portas de inclusão acabam de ser abertas. Vamos deixar claro que o programa acaba de completar dez anos num país onde as injustiças vêm de cinco séculos", afirmou.
O ex-presidente destacou o impacto multiplicador dos gastos do Bolsa Família ao estimular o consumo e o comércio do país e defendeu que o governo continue destinando recursos para a população de menor renda. Direcionando sua fala diretamente aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), responsáveis pelo Orçamento da União, pediu: "Parem de regatear dinheiro para os pobres!". Exaltado, Lula criticou economistas de bancos que defendem o arrocho fiscal, o aumento do desemprego e a redução dos ganhos salariais como forma de ajustar a economia.
Segundo ele, se isso funcionasse, a Europa não estaria em crise. O ex-presidente citou os gastos dos EUA na guerra do Iraque, que chegariam a US$ 3 trilhões, e disse que isso seria suficiente para bancar um programa de transferência de renda para 1,5 bilhão de pessoas por dez anos.
Lula contou que, em uma conversa sobre a perspectiva de invasão do Iraque pelos EUA com o ex-presidente americano George W. Bush no final de 2002, disse: "Eu moro num país que fica a 14 mil km do Iraque. O Bin Laden nunca me fez nada. Minha guerra é contra a fome".
O ex-presidente disse também que muita gente está incomodada porque os pobres estão evoluindo. "O patrão sai com o carro, quando chega na rua está o jardineiro atravancando o trânsito para ele. O cidadão vai para o aeroporto e a empregada está pegando o avião no lugar dele. Eu sei que é duro. Isso é quem nem perder o namorado", disse, arrancando risos da plateia.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lula compara Sarney a Ulysses em sessão pelos 25 anos da Constituição

'O senhor merece minha homenagem pelo seu comportamento digno.'
Ex-presidente e atual senador discursaram no plenário do Senado.

Juliana Braga e Priscilla Mendes Do G1, em Brasília
O senador José Sarney (esq.) e o ex-presidente Lula durante sessão comemorativa dos 25 anos da Constituição no plenário do Senado (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)O senador José Sarney (esq.) e o ex-presidente Lula durante sessão comemorativa dos 25 anos da Constituição no plenário do Senado (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou uma homenagem nesta terça-feira (29) ao senador e também ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) durante sessão comemorativa dos 25 anos da Constituição de 1988 no plenário do Senado Federal.
Lula comparou Sarney ao deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, por seu comportamento como presidente da República no período em que a Constituição foi elaborada.
"Tenho consciência que o senhor não teve facilidade e muito menos moleza. E eu quero colocar sua presença na Presidência [da República] durante o período da Constituinte em igualdade de condições com o companheiro Ulysses Guimarães porque em nenhum momento, mesmo quando o senhor era afrontado dentro do Congresso Nacional, o senhor levantou um único dedo, disse uma única palavra para criar qualquer dificuldade para os trabalhos da Constituinte, que certamente foi o trabalho mais extraordinário que o Congresso Nacional já viveu", disse Lula a Sarney.
Eu quero colocar sua presença na Presidência [da República] durante o período da Constituinte em igualdade de condições com o companheiro Ulysses Guimarães porque em nenhum momento, mesmo quando o senhor era afrontado dentro do Congresso Nacional, o senhor levantou um único dedo, disse uma única palavra para criar qualquer dificuldade para os trabalhos da Constituinte."
Luiz Inácio Lula da Silva a José Sarney
Sarney e Lula receberam a Medalha Ulysses Guimarães, destinada a homenagear pessoas que se destacaram na promoção da cidadania e do fortalecimento das instituições democráticas.
Lula comentou que, quando deputado constituinte pelo PT, era "muito jovem, muito impetuoso" e "mais ousado do que hoje". Disse que Sarney ouviu "desaforos" sem tentar interferir nos trabalhos da Constituinte.
"Já que Ulysses Guimarães não está entre nós, estão apenas as suas ideias e o seu comportamento, eu quero lhe dizer [Sarney], claramente, que o senhor merece minha homenagem pelo seu comportamento digno, como presidente da República, de permitir que nós disséssemos aqui dentro todos os desaforos que pensávamos que tínhamos direito de dizer ao senhor e, em nenhum momento, o senhor se sentiu afrontado por isso", afirmou.
Parabenizando Sarney, o petista também defendeu que os governantes devem estar preparados “para saber que não são donos do país”.
“Eu acho que para chegar a presidente da República, as pessoas têm de estar preparadas para saber que não são donas do país, são apenas donas de um mandato que tem tempo de validade, hora de chegada e hora de saída. E foi assim que o senhor se comportou. Parabéns”, disse.
Sarney
Antes de Lula, o senador José Sarney falou rapidamente sobre Lula no momento em que dizia que a Constituição Federal deu condições para que o Brasil alcançasse conquistas sociais.
Ele citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmou que Lula ampliou as políticas sociais e disse que a presidente Dilma Rousseff dá continuidade a esse projeto.

Sarney comentou ainda que, quando Lula escolheu Dilma como sua sucessora, muitos diziam que ela era uma “técnica”. “Mas eu posso dizer que ele não só escolheu uma técnica, porque ela esconde muito bem ser uma grande política”, declarou.
O ex-presidente Lula aproveitou o discurso para negar a versão de que o PT não assinou a Constituição. Segundo ele, os petistas votaram contra o projeto aprovado porque tinham um projeto próprio, que não foi adiante.
“Até brinquei outro dia na Ordem dos Advogados do Brasil que, se a nossa Constituição [do PT] tivesse sido aprovada, eu teria tido um pouco de dificuldade de governar o país”, brincou. Segundo ele, no entanto, o PT assinou, “como todos os demais constituintes”, o projeto aprovado.

Suprema Corte da Argentina declara a Lei de Meios constitucional

Texto aprovado em 2009 não havia entrado em vigor por ação do 'Clarín'.
Grupo de mídia terá que se desfazer de várias de suas posses.

Do G1, em São Paulo
Página do site do jornal 'Clarín' destaca a decisão da Suprema Corte, nesta terça-feira (29) (Foto: Reprodução/Clarín.com)Página do site do jornal 'Clarín' destaca a decisão da Suprema Corte, nesta terça-feira (29) (Foto: Reprodução/Clarín.com)
A Suprema Corte da Argentina declarou constitucional nesta terça-feira (29) a polêmica lei de imprensa audiovisual, a Lei de Meios, e pôs fim a uma batalha legal de quase quatro anos entre o governo argentino, da presidente Cristina Kirchner, e o grupo Clarín, maior do setor de comunicação do país, informaram fontes oficiais.
Com a sentença, a máxima instância argentina revogou a decisão da Câmara Federal Civil e Comercial que tinha sido expedida contra a constitucionalidade de dois artigos que regulam as transferências de licenças, impedindo que um mesmo operador acumule licenças de TV, rádio e cabo, e os prazos de aplicação da norma, informou a agência oficial "Télam".
Um dos artigos contestados pelo Clarín, o 161, que falava sobre a questão da adequação à lei, ou seja, que obriga o Clarín a se desfazer das licenças que excedem o limite, foi aprovado por quatro votos de juízes contra três.
O máximo tribunal divulgou a decisão dois dias depois das eleições legislativas, nas quais o governo da presidente Cristina Kirchner perdeu os grandes distritos, apesar de manter sua maioria no Congresso.
Entenda
A Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual foi aprovada em 2009 por um grande maioria do Congresso argentino, mas uma medida cautelar outorgada ao grupo Clarín havia deixado sem efeito, até hoje, os dois artigos citados.
Pelo texto, o Clarín terá que se desfazer de várias de suas posses. O grupo tem, por exemplo, 237 licenças de TV por assinatura, quando o limite máximo estabelecido pela nova lei é de 24, e presta serviços desse tipo de TV a 58% da população, quando o máximo permitido de abrangência populacional é de 35%.
Depois de três anos impedido de aplicar a lei aprovada, o governo foi à Corte Suprema pedir um fim para a medida liminar. A Corte definiu, em maio de 2012, que o dia 7 de dezembro seria a data final.
A partir daí, o governo usou a data como o "dia da vitória" e a batizou de 7D. Já o Clarín, com o slogan: "independente do governo, não de você", exibia novos vídeos semanais relembrando a história do grupo e criticando a lei de diversas maneiras.
Havia ainda um temor de que o governo aplicasse a lei de ofício - ou seja, apesar de qualquer decisão da Justiça. Isso provocou reações do meio jurídico e do próprio Clarín, que alegaram que o Executivo estaria atravessando o poder Judiciário no país.
Acabou que, um dia antes do 7D existir efetivamente, um juiz prorrogou a medida cautelar e deu mais tempo ao Clarín - provocando a ira do governo e o fim do 7D.
arte nova leui de meios (Foto: Arte/G1)

Internet banking já é mais usado do que agências no Brasil

Aumento da utilização de meios eletrônicos está levando à redução do ritmo da expansão dos canais tradicionais

AE
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As transações em Internet Banking e POS (Point of Sale, na sigla em inglês) têm registrado crescimento próximo de 25% ao ano e já supera a utilização dos canais mais tradicionais, disse nesta terça-feira, 29, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, durante discurso que abriu o 8º Congresso de Meios de Pagamento (CMEP) que a Federação realiza em São Paulo em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

"No ano passado, a soma das transações via internet e Mobile Banking já ultrapassou as feitas por meio de canais tradicionais, como agências, atendimento telefônico e ATM, na preferência dos clientes para suas transações financeiras", disse Portugal. Segundo ele, em 2012, as transações feitas via Internet Banking representaram 39% do total de transações bancárias, tornando-se o canal preferido pelos clientes.

"As transações por Mobile Banking, que ainda está na primeira infância, representam 2,3% do número total de transações. Contudo, o número de contas correntes com uso desse canal mais que dobrou, chegando a 6 milhões de contas no ano passado", disse o presidente da Febraban.

Portugal destaca que esse aumento da participação das transações não presenciais é marcante nos últimos cinco anos, período em que o volume de transações em Internet Banking aumentou 23,7% ao ano. "O usuário de Internet Banking realiza, em média, 3,2 vezes o volume de transações que os clientes em geral - número que tem crescido 4,1% ano a ano", informou.

De acordo com ele, o número de usuários de Mobile Banking cresceu 2,7 vezes em relação ao ano anterior. "O volume de transações nesse canal também aumentou de maneira vertiginosa, a 223,4% ao ano, ainda que apenas 2,6% das transações realizadas sejam com movimentação financeira", observou o presidente da Febraban.

Estes números e este contexto, de acordo com Murilo Portugal, mostram que os bancos devem investir na maximização do uso de Internet Banking, promover ao consumidor uma experiência cada vez mais amigável nesse canal, ofertar produtos e serviços que melhor se encaixem nesse meio.

Agências

O aumento da utilização de meios eletrônicos nas transações bancárias está levando à redução do ritmo da expansão dos canais mais tradicionais, agências, Postos de Atendimento Bancário (PABs) e Postos de Atendimento Eletrônico (PAEs), disse Portugal.

De acordo com o executivo, depois de ter crescido 6% em 2011, estes canais se expandiram 2% em 2012. "Particularmente, a participação de transações nas agências bancárias, com crescimento hoje de 3% ao ano, perdeu 7 pontos percentuais de participação no volume total de transações desde 2008", disse Portugal.

Ainda assim, segundo ele, como aconteceu ao longo dos últimos anos, esses canais tradicionais, incluindo as agências, tendem a manter um crescimento continuo em função da maior bancarização no Brasil. A evolução da bancarização, de acordo com Portugal, é evidenciada pelo crescimento de contas correntes e cadernetas de poupança. "O número de contas correntes cresceu 6% no ultimo ano, para chegar a 97 milhões, e as cadernetas de poupança tiveram um aumento de 4%, chegando a 102 milhões", afirmou o presidente da Febraban.

Segundo Portugal, no ritmo atual, em uma década o Brasil alcançará níveis de bancarização iguais aos da Grã-Bretanha e da Espanha. "É claro que a bancarização acentuada dos últimos anos foi movida pelo crescimento da renda e do emprego, pela expansão do crédito que a estabilidade monetária e melhorias institucionais ensejaram.

No entanto, a disseminação dos meios eletrônicos de pagamento é, hoje, reconhecidamente também um propulsor da bancarização, entre outros motivos pelo custo muito menor do que os derivados da fabricação, distribuição e processamento do dinheiro em espécie", disse Portugal.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Governo argentino perde poder, mas mantém controle do Congresso

Partido de Cristina Kirchner foi derrotado nos grandes distritos.
Opositor Massa teve mais de 40% dos votos na província de Buenos Aires.

Do G1, em São Paulo
Sergio Massa comemora após os resultados das eleições legislativas em Buenos Aires (Foto: Agustin Marcarian/ Reuters)Sergio Massa comemora após os resultados das eleições legislativas em Buenos Aires (Foto: Agustin Marcarian/ Reuters)
O partido do governo argentino manteve a maioria da Câmara dos Deputados e do Senado, apesar de ter perdido nas maiores províncias após as eleições do domingo (27), de acordo com os primeiros resultados oficiais divulgados, informou a agência de notícias France Presse.
Mesmo com a manutenção da maioria nas casas - que, entretanto, não é absoluta - os resultados, positivos para a oposição, sepultaram as chances de uma eventual reforma constitucional para permitir à presidente buscar um terceiro mandato consecutivo.
Até as 6h (horário de Brasília) desta segunda feira (28), a apuração dos votos para a Câmara dos Deputados estava em 97,34% - com 33,15% dos votos para o partido do governo. Já para o Senado, 98,83% dos votos haviam sido contabilizados - com 32,13% para o partido governante.

Mesmo somando os votos de seus aliados, a aliança de Kirchner não consegue a maioria absoluta nas duas casas - somados, os diferentes partidos de oposição, que não estão alinhados, possuem mais cadeiras.
Cerca de 30 milhões de eleitores foram às urnas para eleger um terço do Senado e metade da Câmara Federal, além de representantes do Legislativo estadual e municipal. O partido de Cristina Kirchner, Frente para a Vitória,  foi derrotado, entretanto, nos grandes distritos da Argentina, como Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé.
Na província de Buenos Aires, a principal do país, o candidato a deputado da oposição Sergio Massa obteve 43,68% dos votos computados por 96% das mesas na província de Buenos Aires, o maior distrito eleitoral com quase 40% do padrão nacional.
Massa, atual prefeito da cidade de Tigre, na província de Buenos Aires, ficou 12 pontos acima de seu principal adversário político, o governista Martín Insaurralde, do partido governante Frente para a Vitoria (FPV), que obteve 31,8% dos votos.
Em um discurso na sede do partido, logo após saber o resultado eleitoral, Massa pediu "o fim da arrogância " na Argentina, além de destacar a necessidade de combater a inflação de 25 % ao ano e insegurança do país.
Este triunfo deixa Massa bem posicionado para pensar em uma eventual candidatura presidencial para as eleições de 2015, embora o prefeito, que conta com o respaldo de vários peronistas dissidentes, não tenha revelado quais são suas ambições políticas.
Já na província central de Córdoba, segundo distrito mais povoado do país, a FPV ficou em terceiro lugar, com 15,2%, da mesma forma que na província de Santa Fé (centro), terceiro maior distrito eleitoral, onde obteve 22,6%. Nesta última província o grande ganhador foi o socialista Hermes Binner, que obteve o segundo lugar nas presidenciais de 2011 e que poderia voltar a concorrer dentro de dois anos.
Já na província de Mendoza (oeste), o quinto maior distrito eleitoral, a FPV ficou em segundo lugar, com 27,13%, muito atrás do partido Unión Cívica Radical, que, com o ex-vice-presidente de Cristina em seu primeiro mandato, Julio Cobos, como principal candidato, obteve 47,7% dos votos, que também o deixa bem colocado para se projetar em nível nacional.
Em um panorama geral, na capital argentina, a força liderada por Cristina Kirchner ficou em terceiro lugar, com cerca de um quinto dos votos, tanto na eleição para deputados como na de senadores. O governo, com esse panorama, ainda garante a sua governabilidade nos últimos dois anos de mandato.
A derrota da presidente termina de vez com a possibilidade de um terceiro mandato, já que para votar uma reforma constitucional, o kirchnerismo precisaria ter a maioria absoluta no Congresso.
Cristina se recupera de uma cirurgia por um hematoma na cabeça, feita em 8 de outubro. De repouso na residência de Olivos, na periferia norte da capital argentina, a presidente não participou da campanha eleitoral e nem votou. Os médicos de Cristina proibiram-na de viajar e determinaram seu descanso absoluto.
Kirchnerismo
Em apenas dois anos, o apoio popular ao kirchnerismo passou dos contundentes 54% que permitiu à presidente argentina, Cristina Kirchner, conseguir um segundo mandato de governo, para apenas 32% conseguidos nas legislativas em nível nacional, segundo os primeiros resultados provisórios.
Este nível de adesão está seis pontos acima dos 26% obtidos nas primárias de agosto e que a Frente para a Vitória (FPV) alcança para conservar sua maioria parlamentar, mas mesmo assim é um dos piores desempenhos eleitorais do kirchnerismo desde sua chegada ao poder, em 2003, com Néstor Kirchner como presidente.
O resultado do governo tanto nas primárias como na eleição deste domingo é, além disso, um dos piores obtidos por uma força no governo em 30 anos desde o retorno da Argentina à democracia, que se completarão em dezembro próximo.
Partidários de Sergio Massa celebram os resultados das eleições legislativas em Buenos Aires (Foto: Enrique Marcarian/ Reuters)Partidários de Sergio Massa celebram os resultados das eleições legislativas em Buenos Aires (Foto: Enrique Marcarian/ Reuters)

O que eu posso fazer por você?

Com assistentes digitais cada vez mais completos, celulares e tablets diagnosticam e solucionam problemas que o usuário nem sabe que tem

Juliana Tiraboschi
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Os mais modernos celulares sabem muito sobre seus donos. Com seu GPS, eles conhecem o caminho feito diariamente e, abastecidos de informações em tempo real, constatam um congestionamento quilômetros adiante e sugerem rotas alternativas. Graças às pesquisas feitas pelo usuário, um smartphone desses sabe qual é o vinho predileto e avisa quando há uma promoção. Esses são apenas dois exemplos do que os assistentes pessoais digitais – embutidos em celulares e tablets – podem fazer. Os gigantes da tecnologia apostam que o futuro do negócio passa por aí. E nenhum deles quer ficar de fora.
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A Amazon entrou na corrida com o seu novo tablet e leitor eletrônico, o Kindle Fire HDX, que chegou às lojas americanas na sexta-feira 18. O aparelho traz um serviço de assistência ao usuário provido por um batalhão de gente de carne e osso, o Mayday. Essas pessoas estarão à disposição para tirar dúvidas a respeito do funcionamento do aparelho 24 horas por dia, sete dias por semana. “Destaco a facilidade de acesso, que é feita por um botão no tablet”, diz Almir Meira Alves, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap).

A Microsoft também se prepara para lançar seu assistente pessoal para celular em 2014, batizado de Cortana, nome de um personagem de série de games Halo. A expectativa é alta, já que o CEO da companhia, Steve Ballmer, declarou que não iria lançar nada até que a empresa produzisse uma ferramenta melhor do que as dos concorrentes: o Siri, da Apple, e o Google Now. Enquanto isso, essas empresas tentam melhorar seus assistentes para não ficarem para trás. “Queremos responder melhor a qualquer pergunta, no formato de uma conversa mais semelhante à humana, e antecipar o que o usuário precisa saber”, diz Hugo Santana, engenheiro de software sênior do Google. Nesse mercado, responder já não é mais suficiente. É preciso antever.
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Ilustração: Fernando Brum
fotos: Sarah Tew/CBS Interactive; divulgação

domingo, 27 de outubro de 2013

No Twitter, Dilma homenageia Lula pelo dia do aniversário

Ex-presidente completa 68 anos neste domingo.
Dilma lembrou que aniversário de Lula coincide com início do Bolsa Família.

Do G1, em Brasília
A preisidente Dilma Rousseff usou sua no conta no microblog Twitter neste domingo (27) para lembrar do aniversário do seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, nascido em 1945, completa 68 anos.
"Hoje é o aniversário do grande brasileiro e amigo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. #DiadoLula", escreveu a presidente. "Parabéns, Lula!", completou.
Dilma ainda disse que o aniversário de Lula coincide com o início do prgrama Bolsa Família. "O aniversário de Lula coincide com o aniversário do maior programa de inclusão social da história, o #BolsaFamília."
No Twitter, Dilma lembrou do aniversário do ex-presidente Lula (Foto: Reprodução/ Twitter)No Twitter, Dilma lembrou do aniversário do ex-presidente Lula (Foto: Reprodução/ Twitter)
"O #BolsaFamília permitiu que 36 milhões de brasileiras e de brasileiros saíssem da miséria. Um país desenvolvido é um país que tem toda a sua população vivendo com dignidade. #DiadoLula", escreveu a presidente.

Dilma descumpre meta de entregar 130 mil cisternas aos atingidos pela seca no Nordeste

AGUIRRE TALENTO
ENVIADO ESPECIAL AO INTERIOR DO CEARÁ
O governo Dilma Rousseff não cumpriu nem metade da meta de entregar 130 mil cisternas até julho aos atingidos pela seca no Nordeste.
Dos reservatórios de água prometidos pela presidente no dia 2 de abril, em evento com sete governadores em Fortaleza (Ceará), 59 mil foram entregues no prazo.
A ideia de acelerar a entrega de cisternas até meados do ano tem um motivo climático. É nesse período que se encerra a época de chuvas --ainda que escassas-- na região do semiárido.
Os moradores que receberam as cisternas no prazo e tiveram a sorte de contar com alguma chuva conseguiram armazenar essa água para enfrentar mais um período de meses de estiagem.
CARROS-PIPA
Fora do período de chuvas, o sertanejo depende apenas dos carros-pipa para abastecer seus reservatórios. Uma opção são os veículos contratados pelo Exército, nem sempre com equipes e água suficientes.
Outra é pagar pelo abastecimento a carros-pipa de particulares (cerca de R$ 100 para encher o reservatório) ou de veículos da prefeitura, que muitas vezes abastecem apenas as cisternas de seus aliados políticos no município.
Considerada a pior dos últimos 60 anos, a seca já deixou cerca de 1.500 municípios do Nordeste e Minas Gerais em estado de emergência, afetando dez milhões de pessoas. Também arrasou a agropecuária, com perdas de cultivos e de animais.

Editoria de Arte/Folhapress
METAS
O Ministério da Integração Nacional coordena o programa. As cisternas são compradas e levadas aos municípios, onde empresas locais cuidam da instalação. Além da meta de 130 mil até julho, Dilma falava em 240 mil até dezembro e um total de 750 mil até o final do de 2014, ano eleitoral.
De abril até agora, segundo o governo federal, 125 mil reservatórios foram entregues e o governo federal gastou R$ 437 milhões na aquisição das cisternas.
Em municípios do interior do Ceará, como Acopiara (a 355 km de Fortaleza) e Canindé (a 118 km da capital), as cisternas de polietileno já se integraram à paisagem local: elas se acumulam em depósitos a céu aberto à espera de instalação.
Moradores da região se cadastraram desde o início do ano para recebê-las. Sem os reservatórios, eles não podem nem armazenar água dos carros-pipa. A única alternativa é, diariamente, encher baldes nos poucos açudes que ainda não secaram
Leonardo Soares/Folhapress
 
Caminhão-pipa abastece uma cisterna na zona rural de Acopiara, no interior do Ceará
AÇUDES
É o que faz a dona de casa Maria Luciana da Silva, 30, da zona rural de Acopiara. Ela leva uma hora na caminhada para buscar água. "Não vem aqui o carro-pipa", diz a moradora, que reclama por ainda não ter recebido os reservatórios -que já chegaram a algumas das casas vizinhas.
Mas quem já recebeu as cisternas também enfrenta problemas. A Folha encontrou residências com equipamentos entregues há meses, mas que ainda não foram instalados.
A agricultora Silvana de Araújo, 38, de Acopiara, afirma que o reservatório foi deixado em seu quintal há quatro meses, sob a promessa de uma instalação rápida. Até agora está parado. Ela, o marido e os cinco filhos bebem a água de açude.
Em Canindé, o aposentado Mozar Cruz, 65, recebeu só no início deste mês a sua cisterna. Mas ele diz ter pago um carro-pipa particular para enchê-la porque a água dos carros do Exército é pouca. "Não dá pra todo mundo", diz.
LENTIDÃO
A promessa das cisternas faz parte de um pacote de medidas contra a seca anunciadas em abril pela presidente. O governo resolveu priorizar as cisternas de polietileno sob o argumento da rapidez na instalação, em vez de reservatórios com placas de cimento, que continuam a ser feitos em menor escala.
Isso apesar de serem mais caras --custam R$ 5.000 a unidade, enquanto as de placa saem por cerca de R$ 2.200. As organizações não governamentais que participavam da produção das cisternas de placa, porém, passaram a levantar dúvidas sobre a durabilidade do novo tipo.
O governo federal argumenta que o polietileno é resistente ao calor e que o reservatório tem vida útil média de 35 anos.
A lentidão não afeta somente a instalação das cisternas: em junho, reportagem da Folha mostrou que as ações estão demorando a chegar a moradores afetados. Houve atraso, por exemplo, na entrega de milho subsidiado e na liberação de verbas para perfuração de poços.

No rastro de uma lavanderia no Ministério do Trabalho

Documentos em posse da Polícia Federal e do Ministério Público revelam que uma transportadora de Betim pode estar sendo usada para esquentar parte dos R$ 500 milhões desviados da União e para o pagamento de propinas

Izabelle Torres
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Uma transportadora de veículos localizada em Betim, Minas Gerais, pode ser a chave para desvendar um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a autoridades ligadas ao Ministério do Trabalho. A AG Log Transportes foi criada em 2010 por Ana Cristina Aquino, uma emergente social que costuma pagar revistas de celebridades para falar quanto gasta com os eventos que promove. Apesar de não prestar serviços a nenhuma grande empresa, a transportadora declarou ter faturado, de junho de 2012 a junho de 2013, R$ 112 milhões, uma enormidade perto do que faturam empresas do setor. Em apenas três anos de funcionamento, período que a maioria das companhias leva para maturar um negócio e não embolsar lucros milionários, Ana adquiriu jatinho, helicóptero e uma dezena de carros de luxo – e tem orgulho de tornar pública a gastança. É a origem desse dinheiro que a Polícia Federal quer descobrir.
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Seria apenas um caso de excentricidade não fossem os detalhes estranhos que envolvem a história. O primeiro deles é a relação entre a AG Log e o advogado João Graça, integrante da cúpula do PDT nacional e assessor especial do ministro do Trabalho, Manoel Dias. Graça, que foi assessor do ex-ministro Carlos Lupi, não aparece em nenhum documento oficial da empresa como sócio ou cotista e nega qualquer participação na sociedade. Entretanto, a sede da transportadora em Curitiba foi registrada no mesmo endereço do escritório de advocacia Graça Associados, do qual é o fundador. Há dois meses, enquanto representava o ministério em um evento promovido pela Câmara dos Deputados, Graça sacou do bolso uma dezena de cartões de visita da transportadora, enquanto explicava que estava sem o cartão do novo cargo no ministério. Não é só. Um e-mail obtido por ISTOÉ traz uma conversa entre Ana Cristina e João Graça. Na mensagem enviada a Graça, Ana se refere à AG Log como “nossa empresa”.
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Outros documentos com detalhes das operações financeiras da transportadora estão sendo analisados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Eles constam do inquérito da Operação Esopo, que há dois anos investiga desvios de recursos do Ministério do Trabalho, sob o comando do PDT, e prováveis pagamentos de propinas a servidores públicos. A operação prendeu 22 pessoas e as suspeitas são de que cerca de R$ 500 milhões tenham sido desviados do ministério nos últimos anos. Agentes que trabalham nas investigações afirmam que o caso não foi concluído ainda porque houve problemas operacionais. Os 11 especialistas que fizeram os primeiros laudos foram substituídos meses antes das prisões por conta de uma greve, que deteriorou o andamento dos trabalhos. Graças à falta de pessoal, a PF enfrenta dificuldades para avançar nas apurações e oferecer a denúncia referente à Esopo. Por isso, a documentação em poder da polícia sobre a transportadora de Ana Cristina e suas despesas ainda não foi inteiramente analisada.
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Alguns fatos, entretanto, chamaram a atenção durante a análise do inquérito. Uma planilha de despesas da AG Log revela que a empresa justificou gastos de R$ 3 milhões como referentes à regulamentação do Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe). Detalhe: a solicitação de registro do Sincepe tramita atualmente no Ministério do Trabalho. De acordo com documentos apresentados ao próprio ministério, Ana Cristina consta como presidente do Sincepe e um de seus filhos integra o conselho fiscal. O escritório de João Graça advogou pela criação do sindicato até março de 2013. Em abril, de acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, a AG Log começou a gastar, mensalmente, R$ 600 mil para a formatação do sindicato. Segundo a planilha de gastos da empresa, foram cinco cheques de R$ 600 mil (que totalizam R$ 3 milhões) depositados de abril a agosto. A última movimentação no processo de criação do Sincepe ocorreu no dia 17 de outubro, quando o coordenador de registro sindical, Cesar Haiachi, encaminhou ofício para Ana Cristina solicitando o envio de documentos para a conclusão do processo de regulamentação.
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CONTATO
O ex-ministro Carlos Lupi: João Graça foi seu assessor
Ana Cristina chamou a atenção das autoridades pelo despudor com que exibe seus dotes econômicos. Ela costuma usar um helicóptero diariamente e, para ir da casa onde mora em Betim (MG) ao escritório, escolhe um entre os seis modelos de carros de luxo estacionados em sua garagem. Entre os bólidos, um Corvette vermelho e um jipe Cherokee. Nos jornais, costuma dar entrevistas falando do gosto por joias e roupas. Na festa de inauguração da empresa, que contou com a presença do advogado João Graça, Ana Cristina fez declarações sobre seu sucesso financeiro. No aniversário da filha, contratou o cantor Gustavo Lima, que até foi buscar a adolescente na escola dirigindo um Camaro amarelo. As contas da festança, de mais de R$ 1 milhão, também constam na planilha de gastos da transportadora. Desde a festa, o cantor sertanejo estreitou os laços com a família Aquino e agora está prestes a se tornar sócio da transportadora.
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Segundo ex-funcionários de Ana Cristina, João Graça se afastou nos últimos meses por discordar da forma como a empresária atua nos bastidores do poder. À ISTOÉ, Graça afirmou jamais ter sido sócio da empresa (leia quadro). “Nunca utilizei e usei do meu cargo para locupletar-me para absolutamente nada”, disse. “Tanto é fato que quaisquer acusações sempre foram refutadas pela minha história. O único patrimônio que possuo é meu nome, e zelo por ele.” Sobre o e-mail trocado com a Ana Cristina em que ela se refere a uma sociedade com ele, João Graça afirma o seguinte: “Nada tenho a dizer porque desconheço seu conteúdo. Reitero que jamais fui sócio da Ana Aquino e ouso a qualquer um provar o contrário.” Entretanto, segundo os registros de mensagens eletrônicas, ele não apenas teve conhecimento dos emails como respondeu uma hora depois, utilizando um celular BlackBerry. Ana Cristina não retornou as ligações da ISTOÉ e não respondeu a nenhum dos quatro e-mails que questionavam as suspeitas em torno da sua empresa. O grande desafio da polícia nos próximos meses será rastrear a origem das receitas da empresa e as operações da transportadora, separando o que podem ser gastos legítimos dos ilegítimos. Até lá, Ana Cristina continuará levando uma vida de milionária.  
foto: RAFAEL MOTTA/NITRO
fotos: CELSO JUNIOR/ESTADO CONTEúDO/AE; Pedro Ladeira/Folhapress

sábado, 26 de outubro de 2013

Major inventor desenvolve veículos anfíbios no interior de SP

IZILDA REIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE ITÁPOLIS (SP)
Quando trafegam pelas ruas de Itápolis (353 km de São Paulo), os seis veículos do major-aviador da reserva Moacyr Zitelli se confundem com carros comuns. Duas características, no entanto, os diferenciam: eles são anfíbios e foram desenvolvidos pelo próprio militar no fundo do quintal de sua casa.
Aos 76 anos, Zitelli e seus carros chamam a atenção dos curiosos quando se aproximam, por exemplo, do rio Jacaré-Pepira, em Ibitinga (347 km de São Paulo), cidade vizinha a Itápolis.
Na última quinta-feira (24), a Folha acompanhou o militar no trajeto com seu buggy anfíbio, o último produzido por ele. É um veículo normal até chegar à represa. Lá, entra na água aos poucos e logo desliza a uma velocidade de até 40 km/h, deslocando-se suavemente sobre a água.
Um dos pioneiros da Academia da Força Aérea Brasileira, Zitelli fabricou seis veículos anfíbios --todos populares. E seguros, garante. "Pode entrar com roupa de festa no meu anfíbio que não vai afundar e nem molhar nada."

Edson Silva/Folhapress
O inventor e major-aviador da reserva Moacyr Zitelli passeia com um dos veículos anfíbios fabricados por ele em Itápolis (SP)
O inventor e major-aviador da reserva Moacyr Zitelli passeia com um dos veículos anfíbios fabricados por ele em Itápolis (SP)
Segundo ele, quanto maior o carro, melhor para transformá-lo em anfíbio, porque o peso garante maior estabilidade e segurança na água.
O primeiro segredo, ele diz, é a vedação total do carro. O segundo é o motor de popa, que trabalha paralelamente ao do carro. Não é preciso nenhuma alavanca para mudar de um motor para o outro.
O primeiro anfíbio produzido pelo major foi feito após três anos de projetos, no final de 2009, a partir da carcaça de uma Variant 1976. No ano seguinte, veio o Fusca 1972.
Depois foram as vezes do Fiat 147, outra Variant 72, um Corcel 83 e o buggy, que ficou pronto neste mês e foi testado com a reportagem.
'ANFÍBIOS POPULARES'
Segundo o inventor de Itápolis, as diferenças fundamentais entre seus veículos anfíbios e os fabricados em série por algumas montadoras mundiais começam nos custos. Enquanto um veículo montado numa indústria pode chegar ao consumidor por mais de R$ 300 mil, Zitelli gasta no máximo R$ 7.000. Sua produção particular fica estacionada em um espaço próprio no quintal de casa.
A vantagem de suas invenções é que elas são simples. Os carros trafegam normalmente por terra firme e, quando encontram um rio, deslizam pela água. "Tudo que faço parte da simplicidade. É o que funciona", diz. "No caso dos anfíbios, as características [originais do veículo] são preservadas."
Os produtos levam até cem dias para ficarem prontos nas mãos do major. E ele garante: "Faço só por hobby, não para vendê-los".
Consultado pela Folha sobre o trabalho de Zitelli, o professor de engenharia mecânica da UFSCar Jorge Henrique Bidinotto, 32, aprovou os projetos após ver um vídeo do major com o Fusca 72.
Ele disse que o modelo do major poderia se voltar para aplicações agrícolas. "Um fazendeiro poderia inspecionar sua propriedade e se locomover em regiões acidentadas." O professor só faz um alerta: "Recomendaria uma análise detalhada de segurança."
OUTRAS INVENÇÕES
Zitelli diz que a primeira invenção foi aos dez anos, quando ficou fascinado por um projetor de filmes que um colega de classe levou para a escola. "Dois dias depois, eu tinha meu próprio projetor feito com materiais improvisados", lembra.
As invenções não pararam mais. Entre as diversas, projetou sua própria casa e os móveis em madeira maciça que decoram o local.
Há ainda a bike-triturador, equipamento que tem pedais de bicicleta e triturador de milho para alimentar seus passarinhos.
Quando tinha 42 anos, Zitelli também projetou e construiu seu próprio avião. Era um biplano. "Fiz a partir de um motor de Brasília."
Filho de um pedreiro e de uma dona de casa, Zitelli chegou à Aeronáutica, foi piloto de caça e integrou a Esquadrilha da Fumaça. Pela FAB, voou da América Central à América do Norte.
Foi prefeito de Itápolis por duas vezes: de 1977 a 83, pelo MDB, e de 2005 a 2008, pelo PSDB. Na primeira, aproveitou a fama de suas manobras de avião para se eleger. Na segunda, a oposição classificou sua gestão de "morna". Depois, se decepcionou e abandonou a política.

À espera de um milagre

Quadrilhas de pastores ladrões, dívidas milionárias com as tevês, administração amadora e investimentos equivocados na construção de grandiosos templos. O que está por trás da crise financeira da Mundial, uma das mais poderosas igrejas evangélicas do País

Rodrigo Cardoso



 
IstoE_PastorWaldemiro_255.jpgChorar durante a pregação é um dos traços mais marcantes da performance de Valdemiro Santiago de Oliveira, o todo-poderoso da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), no púlpito. Criticado por abusar dessa prática, o autointitulado apóstolo tem motivos mais terrenos para derramar suas lágrimas atualmente. O império neopentecostal construído por esse mineiro de 49 anos, nascido em Cisneiros, distrito de Palma, a 400 quilômetros de Belo Horizonte, vive a maior crise da sua história. O mais recente indício de que a IMPD está fragilizada foi a decisão do Grupo Bandeirantes de encerrar, na semana passada, a parceria que mantinha com Valdemiro, que alugava quase a totalidade da grade da programação do Canal 21 e ocupava cerca de quatro horas diárias nas madrugadas da Band. Motivo do fim do acordo: atrasos no pagamento.
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PASTOR
Valdemiro Santiago criou um império religioso, viu seu rebanho se
expandir por cerca de cinco mil templos e, agora, tenta colocar a
casa em ordem ao ver sua igreja sangrar em milhões de reais
Valdemiro até que tentou impedir o fato. De microfone em punho, o comedor de angu que cuidava de marrecos na roça antes de se converter evangélico usou toda a sua empatia com o povão. No início do mês, pôs o rosto no vídeo, caprichou na voz chorosa e iniciou uma campanha conclamando seus fiéis a ajudá-lo a arrecadar R$ 21 milhões para honrar compromissos com o aluguel de horários na mídia. A Mundial já devia R$ 8 milhões ao Grupo Bandeirantes referentes a setembro. No fim deste mês, outro boleto a vencer: R$ 13 milhões. A emissora paulista não confirma oficialmente, mas a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, concorrente direta da Mundial, teria entrado na disputa por esses horários e conseguido vencer a briga sobre a maior concorrente na disputa por almas. “Pegaram a gente em um momento de fraqueza”, diz uma liderança da IMPD. “Gastamos R$ 300 milhões com templos ultimamente e vivemos um tempo de estruturação e amadurecimento.”
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PODER
Diante da crise, Valdemiro nomeou Jorge Pinheiro (acima), marido da irmã
de sua esposa, para gerir o setor financeiro e administrativo da IMPD no
lugar do bispo Josivaldo (abaixo), transferido para Lisboa
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"Cerca de 30% dos recursos que arrecadamos são desviados
por bispos e pastores. Por mês, R$ 30 milhões saem pelo ralo"
,
afirma um alto dirigente da IMPD do Rio de Janeiro
Quisera Valdemiro Santiago, porém, que seus problemas fossem revezes restritos apenas ao campo administrativo da sua igreja. Em São Paulo, o líder evangélico é alvo de uma investigação do Ministério Público estadual e da Polícia Civil. Desde janeiro de 2013, diligências feitas pelo Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec) e pela Divisão de Investigações sobre Crimes contra a Fazenda, da Polícia Civil, apuram um suposto crime de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, direitos ou valores. O dono da Mundial virou alvo das autoridades quando elas descobriram que a Fazenda Santo Antonio do Itiquira, localizada em Santo Antônio do Leverger (MT), um conglomerado de 10.174 hectares de terras ocupado por milhares de cabeças de gado, foi comprado por R$ 29 milhões à vista pela empresa W. S. Music, cujos representantes são o apóstolo e sua mulher, a bispa Franciléia. O caso, que pode configurar uso do dinheiro de fiéis para enriquecimento pessoal, corre em sigilo.
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A Mundial, fundada em 1998 – antes dela, Valdemiro fora pastor na Igreja Universal por 18 anos (leia quadro) –, viveu um avanço muito grande em um curto espaço de tempo. De 500 templos em 2009, hoje a denominação computa mais de cinco mil unidades, segundo seus membros. Acontece que a vida de uma igreja não se resume ao púlpito ou aos cultos. Administrativa e financeiramente falando, a IMPD não evoluiu. “Cerca de 30% dos recursos que arrecadamos são desviados. Por mês, R$ 30 milhões saem pelo ralo”, afirma um alto dirigente da denominação, lotado no Rio de Janeiro. De acordo com ele, a devoção em torno dos cultos, espécie de pronto-socorro espiritual, onde fiéis garantem ter alcançado a cura divina para alguma enfermidade graças à intercessão de Valdemiro, trouxe notoriedade à igreja e atraiu quadrilhas de pastores que se infiltraram em seus templos para se apropriar das doações. “Há dois anos e meio, por exemplo, o Valdemiro descobriu uma dessas quadrilhas no ABC paulista liderada pelo bispo e por seus auxiliares e os expulsou.”
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PREGAÇÃO
Com fama de milagreiro, Valdemiro fez fama ao se aproximar
dos mais humildes. Abaixo, sua esposa, a bispa Franciléia
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Esse mesmo dirigente lembra do dia em que, ao manobrar seu carro na saída de um culto, uma fiel bateu no vidro para alertar que pessoas traíam a confiança do líder evangélico: “Pastor, está vendo esse carnê da Mundial? A conta corrente aqui escrita não é a da igreja. Estão distribuindo carnês falsos para o povo pagar! Avisa o apóstolo, por favor!” Ou seja, o dinheiro estava sendo desviado num esquema paralelo ao de Valdemiro. Professor da pós-graduação de Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ricardo Bitun se deparou com essa prática ao ir a campo para a confecção de sua tese de doutorado. Intitulado “Igreja Mundial do Poder de Deus: Continuidades e Descontinuidades no Neopentecostalismo Brasileiro”, o estudo defende que Valdemiro foi o único dissidente da Universal que conseguiu alcançar sucesso. E assim o fez graças, principalmente, à remasterização da cura divina, uma prática bastante difundida no Brasil nos anos 1970. “Um bispo me contou que havia pastores infiltrados em igrejas e até mesmo bispos cobrando propinas de pastores”, diz Bitun.
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SUSPEITA
Uso do dinheiro de fiéis para enriquecimento pessoal, como a compra de uma
fazenda de R$ 29 milhões (à esq., o documento  de compra em seu nome),
é investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de São Paulo
Valdemiro é um líder religioso onipresente no altar e nos programas televisivos e demorou a perceber que estava sendo traído por pessoas muito próximas a ele – e do alto escalão da igreja. Havia um grupo próximo a Josivaldo Batista de Souza, que era considerado o número 2 da Mundial, agindo como lobos em pele de cordeiro. “Ele se deu conta de que o problema advinha da concentração de poder em torno dessa turma”, diz um membro da hierarquia paulista da Mundial. “Era gente pedindo avião para fazer não sei o quê, para ter programa na televisão não sei onde, para abrir igreja em um grotão aí...” Segundo esse integrante da IMPD, Valdemiro cometeu erros próprios de líderes que sobem muito e rapidamente. “Ele se cercou de um estafe pequeno que blindava o acesso a ele. E, assim, passou a ouvir pouco outras opiniões. Precisa amadurecer.”
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FLAGRA
Membros da Mundial chegaram a clonar carnês para desviar
o dinheiro que era arrecadado dos fiéis nos cultos
Diante das dívidas, dos calotes e das traições, o líder da IMPD está tentando conter a sangria da sua igreja do jeito que pode. Transferiu para Lisboa o pastor Josivaldo, um ex-membro da Universal que o acompanha desde o começo dos trabalhos da denominação em Pernambuco, segundo Estado onde ele fincou sua bandeira. Para substituir Josivaldo, que era responsável pela gestão administrativa e financeira e cuidava do dia a dia da Mundial, além dos bispos e pastores, Valdemiro achou por bem recorrer a um familiar. Empossou o bispo Jorge Pinheiro, marido da irmã da sua esposa Franciléia. Para tentar se reequilibrar financeiramente, conta um bispo paulista, ele decidiu se desfazer de duas Cidades Mundiais, como são chamados os megatemplos da IMPD, em São Paulo e no Paraná. Elas se encontram fechadas pelos órgãos públicos locais, após pouco tempo de funcionamento, por não preencherem requisitos para receber o público. Um claro erro de avaliação que onerou a igreja. “A Cidade Mundial paulista está fechada desde fevereiro de 2012. Mas Valdemiro, todo mês, tem de pagar R$ 5 milhões das parcelas da compra dela”, diz o bispo. Missionário da IMPD, o deputado estadual Rodrigo Moraes (PSC-SP), que foi designado pela igreja para fazer “a coisa caminhar” junto aos órgãos públicos, segue na sua empreitada. “Não recebi o comando de parar o trabalho ainda. Mas a vontade do apóstolo é que fala mais alto”, afirma. Templos pequenos e mal localizados, que não condiziam com a orientação de Valdemiro, também deixaram de ser usados. “Cerca de 15% deles tiveram de ser fechados ou reestruturados”, diz uma liderança da igreja. Pode ser uma saída para que a fama de caloteiro não suplante a de apóstolo milagreiro.
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NA JUSTIÇA
Faz três meses que a Mundial não paga o aluguel do imóvel (acima),
localizado em Pirituba (SP): ação de despejo e cobrança de R$ 34 mil.
À esq., Cidade Mundial em São Paulo, que será fechada
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Não são poucos os templos ocupados pela IMPD que têm problemas com aluguel atrasado ou ações de despejo em curso na Justiça. Em Pirituba, por exemplo, bairro da capital paulista, o proprietário impetrou na justiça uma ação de despejo contra a igreja por não receber o aluguel de seu imóvel desde julho. E cobra, ainda, o pagamento de R$ 34.538,64. De acordo com um de seus representantes legais, essa é terceira vez que a justiça é acionada desde 2010, quando o local passou a ser ocupado pela Mundial. “Não entendo a falta de organização da igreja. Não acredito que ela não tenha caixa para pagar o aluguel”, diz ele, que prefere não se identificar. “Esses problemas diminuíram 70% nos últimos tempos”, garante Dênis Munhoz, advogado da Mundial. À frente também do cargo de vice-presidente da Mundial, Munhoz refuta a ideia de a denominação viver uma crise, argumentando que a IMPD é a evangélica que mais cresce no Brasil. Sobre as quadrilhas de pastores, afirma: “Se existe esse problema, a igreja sempre tomou as providências rapidamente.” Prefere, no entanto, não comentar a perda dos espaços no Canal 21 e na Band. Quem falou sobre o assunto foi o presidente da IMPD, o deputado federal José Olímpio (PP-SP). “Estamos pagando muitas prestações, os valores de aluguéis aumentaram, temos muitas obras em andamento e acabou atrasando alguma coisa. Aí, deixa de pagar um mês e vira um problema para a mensalidade seguinte”, diz.
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Para se ver livre de mais problemas, Valdemiro, que, procurado por ISTOÉ, não se manifestou, entregou os horários que possuía na Rede TV! e na CNT. Deixou também de alugar espaço em dezenas de retransmissoras de diferentes estados e recuou no projeto de ocupar a programação de tevês da Argentina, Colômbia e do México. “Muitas vezes, é melhor dar um passo atrás para, depois, dar um maior à frente”, diz o alto dirigente da Mundial do Rio. “Valdemiro me disse que estava, inclusive, vendendo a sua fazenda no Mato Grosso.” Essa informação não foi confirmada pelo presidente nem pelo vice-presidente da IMPD. Mas, na atual situação, receber R$ 33 milhões, valor estimado da Fazenda Santo Antonio do Itiquira, seria como um milagre para o líder evangélico.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Gastos de brasileiros no exterior têm maior aumento para meses de setembro

Viajantes gastaram US$ 2,168 bilhões, contra US$ 1,703 bilhão no mesmo mês do ano passado

Agência Brasil
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Os gastos de brasileiros em viagens internacionais chegaram a US$ 2,168 bilhões em setembro, de acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados hoje (25). É o maior resultado para meses de setembro, na série histórica do BC, iniciada em 1969.
No mesmo mês do ano passado, essas despesas ficaram em US$ 1,703 bilhão. De janeiro a setembro de 2013, os gastos somaram US$ 18,937 bilhões, contra US$ 16,339 bilhões.
As receitas de estrangeiros em viagens no Brasil chegaram a US$ 505 milhões no mês passado, contra US$ 441 milhões em setembro de 2012. No acumulado até setembro, o resultado ficou em US$ 5,041 bilhões, ante US$ 5 bilhões em igual período do ano passado.
Os dados de viagens internacionais estão incluídos na conta de serviços (transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros). No mês passado, houve saldo negativo das receitas e despesas dessa conta, no total de US$ 4,529 bilhões. Nos nove meses do ano, o déficit ficou em US$ 34,812 bilhões.
Por sua vez, a conta de serviços faz parte das transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços do país com o resto do mundo. No mês, o saldo negativo das transações correntes ficou em US$ 2,629 bilhões, contra US$ 2,599 bilhões em setembro de 2012.
De janeiro a setembro, o déficit em conta corrente chegou a US$ 60,416 bilhões, bem maior que o resultado de igual período do ano passado (US$ 34,139 bilhões). Em todo o ano passado, esse saldo negativo chegou a US$ 54,230 bilhões.
Além de serviços, nas transações correntes também está incluída a conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), com déficit de US$ 406 milhões em setembro e de US$ 26,213 bilhões nos nove meses do ano.
A balança comercial (exportações e importações), que também integra as transações correntes, apresentou superávit de US$ 2,146 bilhões em setembro e déficit de US$ 1,608 bilhão no acumulado do ano até o mês passado.
O ingresso líquido de transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) ficou em US$ 161 milhões no mês passado e em 2,217 bilhões de janeiro a setembro deste ano.

Decreto eleva limite de participação estrangeira no BB de 20% para 30%

'É do interesse do governo a participação estrangeira de até 30%', diz.
Aumento da parcela de investidor de fora no BB vale a partir desta sexta.

Do G1, em São Paulo
Banco do Brasil (Foto: Reprodução GloboNews)
Banco do Brasil - GNews (Foto: Reprodução GloboNews) Decreto presidencial publicado nesta sexta-feira (25) eleva o limite permitido de participação estrangeira no capital total do Banco do Brasil. A fatia que pode ser destinada a investidores do exterior foi elevada de 20% para 30%, de acordo com o publicado no "Diário Oficial da União".
O decreto entra em vigor a partir desta sexta-feira, o que significa que a partir de hoje a parcela de investidores de fora que podem adquirir na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) ações do BB já pode atingir 30% do total do capital do banco.
Às 14h25, os papéis do banco eram destaque entre as maiores valorizações do Ibovespa (principal índice da bolsa paulista), com elevação de 1,24%, a R$ 28,69.
A informação também foi divulgada em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No "Diário Oficial da União", o texto diz que "é do interesse do governo brasileiro a participação estrangeira de até 30% no capital ordinário do Banco do Brasil."
Segundo o documento assinado pela presidente Dilma Rousseff, o Banco Central tomará as providências necessárias para executar essa decisão.
O vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil, Ivan Monteiro, disse nesta sexta-feira (25) ao G1 que, apesar de decreto ter aumentado de 20% para 30% o limite de participação estrangeira no BB, é impossível que esse patamar seja atingido.
Ele explicou que a parcela de ações disponíveis para compra e venda na bolsa de valores é de 30%, pois o Tesouro Nacional (mais fundos) e o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) já possuem, juntos, aproximadamente 70%.
"É impossível que ele [o investidor estrangeiro] tenha [30% de participação], por quê? Porque os investidores nacionais também são grandes acionistas do banco. São pessoas físicas e investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras. Então, é impossível o estrangeiro deter mais do que 30%, que é o limite, ou deter 30%, porque você estaria dizendo, nessa hipótese, que nenhum investidor nacional comprou ações do banco, que é uma hipótese pouco razoável. Não há nenhum indicativo ou nunca houve de que o governo queira reduzir sua participação atual e de que a Previ queira reduzir sua participação também.

Composição acionária
As ações do BB listadas na bolsa são ordinárias (que proporcionam participação nos resultados da empresa e conferem ao acionista o direito de voto em assembleias gerais).
Atualmente, a Secretaria do Tesouro Nacional é detentora de 50,73% das ações do banco, de acordo com informações disponíveis no site da BM&F Bovespa.
O restante da composição acionária ocorre da seguinte forma: Caixa FI Garantia Construção Naval (3,69%), Fundo Fiscal de Inv. e Estabilização (3,86%), Fundo Garantidor para Investimentos  (0,26%), Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (10,38%), BB FGEDUC (Fundo de Investimento Multimercado), com 0,22%, BB FGO (Fundo de Investimento em Ações), com 0,33%.
O campo "outros" (ações disponíveis para o mecado) atualmente possui participação de 29,82%.
A ainda a parcela de ações da tesouraria  (0,70%).
Limite subiu em 2009
Em setembro de 2009, o banco havia informado a elevação do limite de 12,5% para 20%. Na época, a participação de investidores estrangeiros no BB estava em cerca de 11%, de acordo com dados que constavam no último balanço divulgado pela instituição financeira pública.

Na mesma ocasião, foi autorizada pelo governo a emissão de American Depositary Receipts (ADRs) da instituição financeira, que são recibos de ações negociados no mercado norte-americano.

A emissão dos recibos de ações ocorreu em dezembro de 2009, quando o banco informou que a iniciativa permitiria a diversificação da base acionária e o aumento da liquidez da ações, diz a agência Reuters.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Petrobras trabalha 'alucinadamente' para orgulhar investidor, diz Graça

Graça Foster participou de evento em SP nesta quinta-feira (24).
Executiva falou de petróleo, mas também de gatos, samba e futebol.

Fabíola Glenia Do G1, em São Paulo
A presidente da Petrobras, Graça Foster, fala em evento nesta quinta-feira (Foto: Fabiola Glenia/G1)A presidente da Petrobras, Graça Foster, fala em evento nesta quinta-feira (Foto: Fabiola Glenia/G1)
A presidente da Petrobas, Maria das Graças Foster, disse nesta quinta-feira (24) que a estatal trabalha "alucinadamente" para dar orgulho ao investidor.
“A Petrobras sabe que tem um compromisso com o país, tem um compromisso com os [acionistas] minoritários. Nós trabalhamos alucinadamente para que vocês tenham muito orgulho de nós, em especial aqueles que investem em ações de Petrobras”, disse a presidente da estatal, Graça Foster.
Ela fez a declaração durante apresentação para uma plateia lotada de empreendedores e falou sobre trabalho, mas também da vida pessoal – incluindo seu amor pelos gatos, samba e futebol.
A executiva disse que chegou à presidência da estatal “num momento muito especial”, em que a Petrobras “precisava sair do planejamento e partir muito forte para a execução”. “De dois anos para cá, é o momento muito forte de fazer acontecer”, afirmou.
Parte deste “fazer acontecer” pode se materializar em breve, com a entrega de nove novas unidades de produção. “Este ano nós vamos colocar em produção, ou já na locação para começar a produção no ano que vem, nove unidades de produção – isso aí é mais de 1 milhão de barris de petróleo de capacidade instalada”, disse.
Segundo ela, na manhã desta quinta também chegou à locação a plataforma P-55 – a maior plataforma do Brasil – em Roncador, na Bacia de Campos, com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo.
Libra
Ao falar sobre a reserva de Libra, Graça Foster, disse que se trata de “um campo espetacular, não espetaculoso”. “Eu não gosto disso. Estou falando que ele é espetacular sem exagero, trabalhando numa base bastante técnica, muito realista.”
Na segunda-feira (21), o consórcio formado pela Petrobras em parceria com a Shell, Total, e as chinesas CNPC e CNOOC, arrematou o campo de Libra e foi o vencedor do primeiro leilão do pré-sal sob o regime de partilha – em que parte do petróleo extraído fica com a União.

Único a apresentar proposta, contrariando previsões do governo, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo – percentual mínimo fixado pelo governo no edital.

Política
Graça Foster participou do CEO Summit 2013 em São Paulo, e apresentou o painel “Liderança e estilo de gestão: história de protagonismo dentro da Petrobras”. Ao ser questionada pela moderadora, Sonia Hess – presidente da Dudalina – sobre como lidava com o lado institucional e político, a presidente da estatal disse que uma empresa como a Petrobras teria uma interface política bastante grande, ainda que fosse privada.
“É preciso ter posição firme, é preciso ouvir, ser permeável. Da política vêm coisas muito importantes, mas é preciso ter habilidade para lidar com o lado político”, disse, garantindo ainda que não tem “jeito nem ambição para a política, embora respeite os grandes políticos”.
Graça Foster, que assumiu a presidência da estatal há pouco menos de dois anos e está na empresa há  mais de três décadas, disse que não consegue ficar muito tempo fazendo a mesma coisa. “Dois, três, quatro anos já está bom.”
Segundo ela, chegar ao posto mais alto da hierarquia não necessariamente aumentou sua responsabilidade. “Não tem essa de a responsabilidade aumentar. Você é ou não é responsável. Quando você começa, tem seu primeiro trabalho, você é tão responsável quanto”, afirmou.
A moderadora quis saber como Graça conseguiu chegar ao topo numa empresa em que cerca de 85% dos trabalhadores são homens. “Trabalhando”, respondeu, arrancando risadas e aplausos da plateia.
“O tempo todo que estou com o olho aberto estou pensando no meu trabalho, me  preparo sempre para as minhas reuniões. A pior coisa que pode ter numa reunião interna é ela terminar e não ter desdobramento. (...) Nunca deixe uma pessoa entrar na sua sala e sair sem saber por que entrou. Nem que seja para levar uma bronca. A tal da ‘agenda oculta’ custa muito caro para as empresas e retarda bastante o alcance do objeto.”
Graça Foster admitiu que para dar conta de tudo o que precisa, tem uma agenda “profundamente disciplinada”. “Só não resisto quando sou chamada pela presidenta Dilma, pelo ministro Mantega ou pelo ministro Lobão”, revelou.
Ansiedade
Ela confessou que sua maior ansiedade em relação ao trabalho é ter certeza de que tudo o que foi decidido pela cúpula da empresa vai chegar à ponta final – “porque é a ponta que faz”.
“Ter absoluta certeza que a companhia inteira sabe que é um momento importante de otimização dos custos, que isso tem que ser cumprido e quem cumpre é a ponta. Esse passar de informações é o que me deixa ansiosa, que todos nós saibamos o que estamos querendo, para onde estamos caminhando”, comentou, lembrando que além de otimizar custos, o momento é de aumentar a produção de petróleo. “Essa é a prioridade.”
Gatos, samba e futebol
A executiva mais poderosa fora dos Estados Unidos, segundo ranking da revista “Fortune”, contou que tem – e “adora” – quatro gatos; que gosta de beber vinho – “uma, duas, três taças todos os dias” – ; e que gosta de cozinhar – mas só quando tem vontade.  Ela revelou ainda que desfila praticamente todos os anos pela União da Ilha, sua escola do coração, mas que também gosta do Salgueiro, por onde também desfila eventualmente.
Descontraída, Graça falou ainda sobre futebol. “Ontem foi de matar. Eu sou a única botafoguense na minha casa. Os outros são daquele time que nem falo o nome”, disse, referindo-se ao Flamengo que, na véspera, derrotou seu time por quatro a zero.

Dilma libera R$ 13,5 bi para PAC 2 e diz que investimento não tem tom de campanha

TAI NALON
JULIA BORBA
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta nesta quinta-feira (24) a liberação de R$ 13,5 bilhões a municípios para a realização de obras do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento).
Dilma falou a uma plateia de ministros, prefeitos, senadores e deputados no Palácio do Planalto, ao anunciar R$ 10,5 bilhões a obras de saneamento. O restante, será destinado a pavimentação para 1.198 municípios. A promessa havia sido feita em março deste ano, durante evento com novos prefeitos em Brasília.
Em resposta a adversários, a presidente também destacou que o anúncio do investimento não tem viés de campanha. Segundo ela, obras de saneamento "ficam enterradas", não é "magnífico em sua aparência".
"O que eu acho importante nesse processo é que é um processo que de fato não pode olhar nem deve olhar se nós vamos deixar ou não uma obra com um grande volume e magnífica em sua aparência. O esgoto não é magnífico em sua aparência. Esgoto tem de estar enterrado no chão e deve ser tratado, bem coletado e de fato deve se produzir projetos técnicos de alta qualidade", disse Dilma.
Todos os Estados e o Distrito Federal devem receber recursos, que deverão ser aplicados em 7,5 mil quilômetros de vias e recapeamento, além da implantação de ciclovias. Os recursos também irão para 15 mil quilômetros de calçadas, sinalização, acessibilidade e faixas de pedestres. Em saneamento, a verba irá para obras de sistemas de drenagem de águas pluviais, redes de abastecimento de água e esgoto sanitário.

Sergio Lima/Folhapress
No Palácio do Planalto, Dilma anuncia investimentos em obras do PAC 2
No Palácio do Planalto, presidente Dilma anuncia investimentos em obras do PAC 2
Segundo Dilma, foram priorizadas propostas com projetos de engenharia, para que sejam viabilizadas com mais rapidez. A presidente também negou, por meio de sua conta no Twitter, o viés eleitoreiro do anúncio. "Saneamento é obra escondida. Depois que você faz, ela desaparece, mas ela aparece nos dados de saúde pública."
Em seu discurso, a presidente disse também "que o governo federal considera o investimento em pavimentação legítimo". "Um calçamento de rua não é algo que a gente acha que adorna a cidade. Adorna. Mas é, sobretudo, um local que garante que as crianças não vão brincar misturadas com esgoto ou com a água da chuva", disse Dilma.
O ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) também fez discurso no mesmo tom. Segundo ele, as ações da presidente fazem parte de um "novo" caminho para o país, enquanto o Brasil, sob comando de partidos adversários, praticava uma política 'velha', que apenas se preocupou em deixar como legado "obras faraônicas", espécie de "pirâmides", que eram feitas sem considerar a necessidade ou o tamanho dos gastos.
"Definitivamente não estamos anunciando nenhuma pirâmide. Essas obras que estamos anunciando não caberão no cartão postal. Estarão pulverizadas pelo país", disse. "Pavimentar ruas com calçadas não é faraônico, mas é nessas ruas, nessas calçadas, que o Brasil real caminha".