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sábado, 29 de abril de 2017

Os segredos que Palocci vai revelar

Crédito: ANDRE DUSEK/AE
TERREMOTO O que Palocci tem para contar deve provocar nova turbulência no País e no PT (Crédito: ANDRE DUSEK/AE)
O ex-ministro Antonio Palocci é um pote até aqui de mágoa. Na última semana, movido por esse sentimento que o consome desde setembro de 2016, quando foi preso em Curitiba, o homem forte dos governos Lula e Dilma deu o passo definitivo rumo à delação premiada: contratou o advogado Adriano Bretas, conhecido no mercado por ter atuado na defesa de outros alvos da Lava Jato que decidiram, como Palocci, romper o silêncio. Lhano no trato, embora dono de temperamento mercurial quando seus interesses são contrariados, o ex-ministro resolveu abrir o baú de confidências e detalhar aos procuradores todo arsenal de informações acumulado por ele durante as últimas duas décadas, em que guardou os segredos mais recônditos do poder e nutriu uma simbiótica relação com banqueiros e empresários. “Fiz favor para muita gente. Não vou para a forca sozinho”, desabafou Palocci a interlocutores.
ISTOÉ conversou nos últimos dias com pelo menos três fontes que participaram das tratativas iniciais para a colaboração premiada e ouviram de Palocci o que ele está disposto a desnudar, caso o acordo seja sacramentado. Das conversas, foi possível extrair o roteiro de uma futura delação, qual seja:
> Palocci confirmará que, sim, é mesmo o “Italiano” das planilhas da Odebrecht e detalhará o destino de mais de R$ 300 milhões recebidos da empreiteira em forma de propina, dos quais R$ 128 milhões são atribuídos a ele.
> Contará como, quando e em quais circunstâncias movimentou os R$ 40 milhões de uma conta-propina destinada a atender as demandas de Lula. Atestará que, do total, R$ 13 milhões foram sacados em dinheiro vivo para o ex-presidente petista. Quem sacou o dinheiro e entregou para Lula foi um ex-assessor seu, o sociólogo Branislav Kontic. Palocci se compromete a detalhar como eram definidos os encontros de Kontic com Lula. Havia, por exemplo, uma senha, que apenas os três sabiam.
> Dirá que parte da propina que irrigou essa conta foi resultado de um acerto celebrado entre ele e Lula durante a criação da Sete Brasil, no ano de 2010. O ex-presidente teria ficado com 50% da propina. Um total de R$ 51 milhões.
> Está empenhado em revelar como foi o processo de obtenção dos R$ 50 milhões para a campanha de Dilma, num negócio fechado entre o PT e a Odebrecht, com a ajuda de Lula e do ex-ministro Guido Mantega. E mostrará como Dilma participou das negociatas e teve ciência do financiamento ilegal.
> Afirmará que a consultoria Projeto foi usada também para recebimento de propinas. Indicará favorecidos. Comprometeu-se ainda a entregar o número de contas no exterior que foram movimentadas por esse esquema.
> Pretende mostrar como empresas e instituições financeiras conseguiram uma série de benefícios dos governos petistas, como isenção ou redução de impostos, facilidades junto ao BNDES, renegociação de dívidas tributárias, etc.
Palocci sabe que uma chave está em suas mãos. Com ela, pode abrir as fechaduras da cela onde está detido, no frio bairro de Santa Cândida, na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Para ajudar a desvendar o megaesquema de corrupção na Petrobras, a memória do ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma será colocada à prova. Ele tem informações que podem explicar como, a partir do início do governo do ex-presidente Lula, organizações criminosas foram montadas para sustentar politicamente o PT, o PMDB e o PP e mantê-los no poder. Tudo à base de propina, dizem os investigadores da Operação Lava Jato, que serviram também para enriquecimento pessoal.
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Há interesse dos procuradores em saber em minúcias, se possível com documentos, dados sobre a gênese do que se convencionou chamar de Petrolão. Um investigador de Curitiba disse que Palocci terá de reunir dados novos e com “fundamentação” se quiser convencer a PF e a Procuradoria a endossar o acordo. Ele entende que o ex-ministro precisa apresentar provas ou, ao menos, indícios “consistentes” e tratar deles num depoimento “de peito aberto”. A julgar pelo cardápio apresentado até agora pelo ex-ministro, isso não será óbice. Segundo interlocutores que conversaram com Palocci nas últimas semanas, o ex-ministro não enxerga problema algum em assumir a clássica postura de delator. Sente-se amargurado. Abandonado por companheiros de outrora. Por isso está “bastante tranquilo” para assumir as consequências dos eventuais efeitos colaterais da colaboração premiada.
DELAÇÃO O novo advogado de Palocci, Adriano Bretas, iniciou conversas com o MPF para fechar o acordo de colaboração premiada
DELAÇÃO O novo advogado de Palocci, Adriano Bretas, iniciou conversas com o MPF para fechar o acordo de colaboração premiada (Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil)
No início das negociações para a delação, o ex-ministro se propôs a fornecer informações detalhadas sobre os R$ 128 milhões da Odebrecht que teriam passado por ele. Embora tenha chamado a atenção, procuradores acharam pouco. Sustentaram que o que já foi reunido a esse respeito seria o suficiente para a elucidação dos fatos. E que as revelações não seriam tão bombásticas assim. Diante do impasse, foi deflagrada uma nova rodada de negociação, que culminou com a renúncia de José Roberto Batochio de sua equipe jurídica. Depois de procurar ao menos três escritórios de advocacia pouco antes da Páscoa, Palocci acertou com uma dupla de criminalistas já ambientada ao mundo daqueles que resolvem colaborar com a Justiça em troca de reduções das penas. Além de Bretas, foi contratado também o advogado Tracy Reinaldet dos Santos.
Após a primeira etapa de conversas com o novo time de defensores, ficou definido que Palocci vai começar a abrir sua caixa de Pandora pelo escândalo da Sete Brasil, uma empresa criada em 2010 para construir as sondas (navios de exploração de petróleo) para a Petrobras. Além do capital da estatal, a Sete tinha dinheiro de bancos, como o BTG e de três fundos de estatais (Petros, Previ e Funcef). As seis primeiras sondas da empresa foram construídas pelo estaleiro Enseada Paraguaçu (com capital da Odebrecht, OAS e UTC). Cada sonda ao custo de US$ 800 milhões. As seis, portanto, estavam orçadas em US$ 4,8 bilhões (ou R$ 15,3 bilhões), embora a Sete Brasil estimasse um investimento de US$ 25 bilhões para construir 29 sondas até 2020. Na delação, Palocci pretende contar que o PT exigiu que a Sete Brasil e as empreiteiras do estaleiro Enseada Paraguaçu pagassem propinas de 1% do contrato de US$ 4,8 bilhões, ou seja, US$ 48 milhões (R$ 153 milhões). Desse total, dois terços, ou R$ 102 milhões, ficariam para o partido e um terço (R$ 51 milhões) para diretores da Petrobras. Sem medo de ser feliz, Palocci vai entregar que Lula exigiu metade das propinas. Não para o partido, nem para a companheirada, mas para ele, Lula.
“Sapo barbudo”

O depoimento de Rogério Araujo, ex-executivo da Odebrecht que acabou de celebrar um acordo com a Procuradoria-Geral da República, fornece o caminho das pedras sobre a tentativa do PT de embolsar ilegalmente R$ 153 milhões desviados da Sete Brasil. Araujo disse que o PT exigiu que 1% do contrato das sondas da Sete Brasil, assinado em 2012, fosse fixado como propina. O valor havia sido pedido pelo “sapo barbudo”, numa referência a Lula. “O Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras e dirigente da Sete Brasil), voltou para mim e falou: ‘Olha, esse 1%… vocês vão ser procurados por um interlocutor do PT, o sapo barbudo deu instrução. Ele me disse que 1% vai ser todo pago para o PT, porque não querem empresas estrangeiras pagando esses dois terços para o PT. Eles têm confiança na Odebrecht”, relatou Araújo na sua delação. A conversa de Araújo com Barusco aconteceu em 2012, depois da assinatura do contrato com o consórcio formado pela Odebrecht, OAS e UTC, além da japonesa Kawasaki. “A conversa foi no Rio. Normalmente eu almoçava com o Pedro Barusco. Só eu e ele”, asseverou Araújo, explicando que as seis sondas da Sete Brasil para a Petrobras custariam US$ 4,8 bilhões. Barusco disse, então, a Araújo que estava acertado que 1% das seis sondas era na proporção de um terço para a “casa” (dirigentes da Petrobras) e dois terços para o PT (R$ 102 milhões). Quem receberia essa propina seria o então tesoureiro João Vaccari, preso em Curitiba. É aí que Palocci entra em cena. O superior de Rogério Araújo, o executivo Marcio Farias disse que o ex-ministro Palocci havia lhe pedido uma reconsideração na propina da Sete Brasil. Ou seja, que os 100% de 1% fossem destinados para o PT, pois Lula entrou no negócio e estava pleiteando a metade do valor.
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Como a operação precisava do aval do topo da hierarquia do esquema, Marcelo Odebrecht foi acionado. Ele, então, mandou chamar Palocci e disse que as comissões da Sete Brasil destinadas ao PT já estavam incluídas na conta corrente do partido no Setor de Operações Estruturadas, o “departamento de propina” da empresa, entre as quais a “Italiano” (Palocci), o “Pós-Itália” (Mantega) e o “Amigo” (Lula). Essa conta, que Palocci atestará que é mesmo dele, chegou a somar R$ 200 milhões em 2012. Se sua delação for aceita pelos procuradores, Palocci irá confirmar não só o encontro com Marcelo como os valores da propina repassada para Lula, dinheiro este derivado da Sete Brasil e que já estava contemplado na planilha da empreiteira – perfazendo um total de R$ 51 milhões.
ESTALEIRO de ILEGALIDADES Os contratos das sondas da Sete Brasil renderam US$ 48 milhões em propinas
ESTALEIRO DE ILEGALIDADES Os contratos das sondas da Sete Brasil renderam US$ 48 milhões em propinas (Crédito:Eraldo Peres/AP Photo)
Como na exuberante movimentação bancária do ex-ministro entre 2010 e 2015, boa parte dos recursos depositados era oriunda de sua empresa, a Projeto, as consultorias de Palocci merecerão um capítulo à parte em sua delação. Os serviços contratados iam além dos conselhos. Muitas vezes, os serviços de consultoria nem eram prestados. Traduziam-se em lobby. Em português claro: tráfico de influência em favor de grandes empresas junto aos governos petistas. Na condição de interlocutor preferencial da banca e da meca do PIB nacional, Palocci teria negociado ajuda a várias empresas e bancos. Por isso, segundo seus interlocutores, ele promete contar os bastidores das concessões de benesses a grupos econômicos.
Quem tem mais a perder, no entanto, é PT. E o próprio Lula. Não por acaso, o partido entrou em parafuso quando Palocci sinalizou que estava disposto a partir para a delação. Nos últimos dias, dirigentes do partido e emissários do ex-presidente foram escalados para ir a Curitiba, onde o ex-ministro está preso. Todos ainda acalentam o sonho de que Palocci volte atrás. A despeito de as ofertas serem muitas, e tentadoras, o ex-ministro já avisou: não pretende recuar. Prevendo um novo infortúnio, petistas que conviveram com Palocci no Congresso já têm até em mente uma daquelas narrativas espertas destinadas a desvincular Lula de todo e qualquer crime que tenha cometido com o testemunho e a cumplicidade metódica de Palocci. Eles mencionam um caráter supostamente “individualista” do ex-ministro, desde que debutou para a política em Ribeirão Preto. Claro, só os convertidos, e inocentes úteis, vão cair em mais essa catilinária.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Greve geral: Entenda os seus direitos e deveres

O que diz a legislação brasileira sobre o direito à greve e a possibilidade de o patrão descontar do funcionário em casos de falta

“Se eu participar da greve o patrão poderá descontar do meu salário? Eu também posso ser penalizado se não conseguir chegar ao trabalho porque o ônibus e o metrô estão fora de circulação? E o meu direito à greve? E o de ir e vir?” Essas e outras perguntas surgiram nesta semana diante da paralisação geral convocada pelas centrais sindicais e movimentos sociais
para esta sexta-feira. Reportagem de VEJA consultou especialistas em direito trabalhista para esclarecer essas questões à luz da legislação.
Diz o artigo nono da Constituição: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. Por esse trecho, fica claro que o cidadão não deve receber nenhuma punição por exercer um direito assegurado pela lei máxima do país.
Ocorre que a mobilização desta sexta-feira pode não ser entendida como uma greve, já que as reivindicações não têm relação direta com o empregador — como questões salariais, por exemplo — mas a um ato político que visa pressionar o Congresso a rejeitar as reformas previdenciária e trabalhista. Por essa ótica, o patrão teria todo o direito de descontar do salário do trabalhador que cruzar os braços, alegando “falta injustificada”.
“A questão é discutir se isso realmente é uma greve ou um protesto. Há argumentos para os dois lados. Patrão pode alegar que não há motivo, que não fez nada de errado. E o trabalhador que está lutando por uma causa que afeta os seus direitos lá na frente. A Constituição não define isso. É uma resposta que vai depender da interpretação de cada juiz construída partir da doutrina e jurisprudência dos tribunais”, afirma a advogada Juliana Crisóstomo, sócia do escritório Luchesi Advogados.
É importante salientar que, se a Justiça do Trabalho considerar a greve legal, o patrão é obrigado a repor o dia descontado, o que geralmente acontece em paralisações cotidianas de campanha salarial. Da mesma forma, o tribunal também pode classificá-la como ilegítima por ter gerado, por exemplo, grandes prejuízos à empresa ou por ter se alongado demais. Daí os grevistas podem ser punidos com descontos, suspensões, advertências e até demissões — uma dessas punições não pode ser aplicada junta com outra.
Favoráveis ao movimento, o Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou nota, afirmando que a mobilização é “legítima, justa e adequada à resistência dos trabalhadores às reformas”. Por outro lado, diversos governantes, entre eles o
prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que iria cortar o ponto de quem faltasse ao trabalho amanhã. 
Na visão dos especialistas, Doria e nenhum patrão pode aplicar essa punição se não oferecer meios para que os funcionários cheguem ao local de trabalho. Por isso, a gestão tucana anunciou que firmou parceria com aplicativos para transportar gratuitamente os servidores municipais — não foi especificado de quanto será os custos. É preciso deixar claro, no entanto, que a lei proíbe os empresários de “adotarem meios para constranger o empregado a comparecer ao trabalho”.
“É uma greve de certa forma forçada. Ou seja, nem o trabalhador nem o empregador tem culpa caso o transporte público pare. Aí fica inviável ir ao trabalho e o empregado não pode ser punido por isso”, afirmou a desembargadora aposentada e ex-presidente do TRT de São Paulo, Maria Aparecida Pellegrina, hoje sócia do Pellegrina & Monteiro Advogados. Segundo ela, quem não puder comparecer ao trabalho por causa de problemas de transporte não precisa apresentar provas ao patrão, pois já é “fato público e notório” a ocorrência da paralisação.
Apesar de garantida pela Constituição, a greve é regulamentada pela lei 7.783/89. Nela, é determinado que seja mantido em funcionamento as chamadas “atividades essenciais”, aquelas cuja paralisação afeta “necessidades inadiáveis da comunidade” . Entram nessa classificação os serviços de transporte coletivo, funerário, tratamento de esgoto, abastecimento de água, distribuição de energia, controle de tráfego aéreo, compensação bancária, telecomunicações e assistência médica e hospitalar. Para esses casos, a jurisprudência da Justiça do Trabalho costuma determinar que as categorias operem com pelo menos 30% de sua capacidade. Para as forças policiais, é vedado qualquer tipo de paralisação e sindicalização.
Os especialistas ainda ressaltam que o direito à greve não é absoluto, e tem peso menor do que o de ir e vir — por isso, é vedado às categorias de transporte público que paralisem totalmente as suas atividades.
A legislação ainda determina que os empregadores sejam notificados da greve com pelo menos 48 horas de antecedência. Para as “atividades essenciais”, o período é de 72 horas antes.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Trabalhadores dos Correios entram em greve por tempo indeterminado



Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios em Benfica, zona norte da cidade, durante a greve decretada após assembléia geral dos trabalhadores (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios em Benfica, zona norte da cidade, durante a greve decretada após assembléia geral dos trabalhadores (Fernando Frazão/Agência Brasil)Fernando Frazão/Agência Brasil
Os trabalhadores dos Correios entrarão em greve por tempo indeterminado hoje (26) a partir das 22h. As ameaças de privatização e demissões, o fechamento de agências e o “desmonte fiscal” da empresa, com diminuição do lucro devido a repasses ao governo e patrocínios, são os principais motivos para a mobilização, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).
A estatal teve prejuízos de R$ 2,1 bilhões em 2015 e R$ 2 bilhões no ano passado. Em dezembro do ano passado, foi anunciado um plano de demissão voluntária e o fechamento de agências para reduzir os gastos.
“O que tem acontecido é um plano de desmonte próprio da empresa, atacando a própria qualidade e universalização do serviço. Faz parte de um projeto privado com interesse de entrar no mercado”, disse a secretária de Imprensa da Fentect, Suzy Cristiny.
Segundo a entidade, a “privatização” coloca em risco o direito da população aos serviços dos Correios, já que a empresa tem fechado agências em cidades menos lucrativas. “Mais de 200 agências estão sendo fechadas por todo o Brasil. Com isso, muitos moradores do interior e das periferias vão ficar sem o atendimento bancário e postal dos Correios do Brasil”, informou a federação.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, tem dito que é contra privatizar os os Correios, mas que a empresa terá que fazer “cortes radicais” de gastos para evitar a privatização, já que o governo não socorrerá a empresa financeiramente.
Críticas dos grevistas
Além do fortalecimento de franqueados e o fechamento de agências próprias, o que, na opinião da federação, “esvazia os negócios da empresa para a iniciativa privada”, a Fentect critica os repasses da empresa ao governo federal acima do valor estabelecido. “Nos últimos anos, os Correios repassaram para o governo federal R$ 6 bilhões e, desse montante, R$ 3,9 bilhões foram acima do valor estabelecido legalmente, prejudicando as reservas financeiras e investimentos necessários para a modernização da empresa”, informou.
A entidade cita ainda o distrato de R$ 2,3 bilhões do Banco Postal com o Banco do Brasil e a destinação de R$ 300 milhões em patrocínios nas Olimpíadas e pede uma auditoria na contabilidade da empresa.
Os sindicatos de todo o país se reúnem hoje (26) para referendar a manifestação sobre a greve. As entidades e a empresa já promoveram mesas de negociação, mas, segundo a secretária, não houve avanços. Ela disse ainda que os trabalhadores dos Correios se unirão às manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (28) contra as reformas trabalhista e da Previdência.
Além da mobilização pelo fortalecimento institucional dos Correios e universalização dos serviços, os trabalhadores reivindicam melhorias nas condições de trabalho, a contratação de novos funcionários, mais segurança nas agências, o retorno da entrega diária e o fim da suspensão de férias.
Outro lado
Em nota, a empresa informou que, caso o movimento grevista seja deflagrado, os Correios adotarão as medidas necessárias para garantir a continuidade de todos os serviços. “Uma paralisação dos empregados neste momento delicado pelo qual passa a empresa é um ato de irresponsabilidade, uma vez que a direção está e sempre esteve aberta ao diálogo com as representações dos trabalhadores”, informou. Os Correios não se manifestaram sobre as reivindicações dos trabalhadores.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Carne Fraca: 59 investigados viram réus na operação

O juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, recebeu denúncias do Ministério Público contra 59 das 60 pessoas acusadas

A Justiça acatou nesta terça-feira denúncias contra 59 pessoas investigadas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. O pedido atende solicitação do Ministério Público e foi aceito pelo juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba. Com isso, os investigados se tornam réus e passam a responder processos penais.
A investigação da PF, deflagrada no dia 17 de março, apura se houve desvios na fiscalização de produtos de origem animal, como carnes. A operação foi considerada a maior da instituição e envolveu mais de 1.000 agentes. Mais de 30 países adotaram restrições aos produtos brasileiros após a investigação, incluindo suspensão temporária de importação da carne brasileira.
Entre os crimes apontados pela denúncia estão corrupção, prevaricação, concussão, violação de sigilo funcional, peculato, organização criminosa e advocacia administrativa. O magistrado recusou apenas um dos 60 pedidos feitos pelo MP por considerar que a acusada em questão tinha cometido um crime de menor potencial ofensivo.
As denúncias foram separadas em cinco partes e envolvem fiscais do Ministério da Agricultura e funcionários de frigoríficos. Destes, 24 pessoas encontram-se presas preventivamente, segundo registro na decisão do juiz.

Por que o STF soltou três da Lava Jato e mandou Bruno à prisão

terça-feira, 25 de abril de 2017

João Santana confirma: Dilma sabia de caixa dois na campanha

Marqueteiro prestou depoimento em ação que tramita na Justiça Eleitoral e que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer

 
Marqueteiro das campanhas presidenciais dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o publicitário João Santana afirmou nesta segunda-feira, em depoimento à Justiça Eleitoral, que a ex-presidente cassada sabia do esquema de caixa dois utilizado em 2014 em sua campanha à reeleição. Santana fechou acordo de delação premiada na Operação Lava Jato e é testemunha-chave no processo em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai decidir se cassa a chapa Dilma-Temer, vencedora no último pleito.
Santana depôs por cerca de duas horas, por meio de videoconferência, ao ministro Herman Benjamin, relator da ação de impugnação de mandato em tramitação no TSE. Pouco antes das 9h30 desta segunda-feira, a sócia e mulher dele, Mônica Moura, também delatora da Lava Jato, relatou ter tratado pessoalmente com Dilma, em uma reunião no Palácio do Planalto em 2014, do esquema ilegal de arrecadação de recursos para a disputa eleitoral. Na versão apresentada pela publicitária ao ministro Benjamin, os contatos com o PMDB e com o então candidato a vice-presidente, Michel Temer, se resumiam a preparações para os programas de TV.
A delação premiada do casal João Santana e Mônica Moura é considerada a pá de cal em Dilma Rousseff na ação que tramita no TSE. O vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, revelou a existência do acordo com a Justiça após a defesa da ex-presidente ter conseguido que o processo fosse reaberto para a oitiva do ex-ministro Guido Mantega. Mantega, aliás, é apontado pela dupla de marqueteiros como o operador do caixa dois presidencial na campanha de 2014. Na campanha anterior, como o casal já havia admitido ao juiz Sergio Moro, cabia ao ex-ministro Antonio Palocci a tarefa de administrar os recursos não contabilizados, provenientes dos cofres da Odebrecht, para irrigar o caixa eleitoral de Dilma.
Também em depoimento à Justiça Eleitoral, o delator da Odebrecht Hilberto Mascarenhas já havia afirmado que João Santana recebeu, via caixa dois, pelos serviços de marketing político prestados a campanhas presidenciais em El Salvador, Angola, Venezuela, República Dominicana e Panamá.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Macron e Le Pen passam para o segundo turno na França

Pesquisas de opinião apontam vitória do centrista contra a candidata da extrema direita na segunda rodada da eleição, marcada para 7 de maio

O centrista Emmanuel Macron e a candidata da extrema direita Marine Le Pen seguem para o segundo turno das eleições presidenciais da França, apontam resultados preliminares, em uma das corridas eleitorais mais disputadas da história recente do país.
Com mais de 96% dos votos dos inscritos contabilizados, Macron tem 23,7% de votos válidos contra 21,8% de Le Pen, segundo informações do Ministério do Interior publicadas pelo jornal Le Figaro.
O segundo turno está marcado para o dia 7 de maio. Pesquisas de opinião apontam que Macron, numa disputa contra Le Pen, se sairia vencedor e se tornaria o próximo presidente francês. Qualquer um dos dois candidatos fará história: Macron como o presidente mais jovem da França (aos 39 anos) e Le Pen como a primeira mulher chefe de Estado no país.
Dos onze candidatos inscritos na disputa, quatro tinham chances reais de passar ao segundo turno. Além de Macron e de Le Pen, estavam bem cotados Jean-Luc Mélenchon (da extrema esquerda) e François Fillon (conservador).
O resultado representa um revés para os partidos tradicionais que se alternaram no poder durante décadas: o socialista, do presidente em fim de mandato François Hollande, e os conservadores, liderados por Fillon.
A vantagem de Macron contra Le Pen no segundo turno também significa um alívio para a União Europeia (UE). Macron, ex-ministro da Economia do presidente François Hollande, fez uma campanha com um programa abertamente europeísta e liberal.
Já no caso de vitória de Le Pen, a França ampliaria ainda mais as incertezas em torno da UE, devido à defesa por parte da candidata da saída da zona do euro –um golpe fatal a um bloco já enfraquecido pelo Brexit.
A ultradireitista se beneficiou da mesma onda populista que impulsionou a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, com um programa centrado no “patriotismo” e na “preferência nacional”.
 A participação no primeiro turno beirou os 70%, uma das mais altas dos últimos 40 anos. As urnas foram fechadas às 19h locais (14h de Brasília) em boa parte do país; grandes cidades estenderam o voto até às 20h locais.
Na reta final da campanha, o grande tema foi a segurança, já que o país foi alvo de um novo atentado terrorista cometido na noite da quinta-feira 20, na Avenida Champs-Elysées, no centro de Paris. Um policial morreu no ataque cometido por um criminoso reincidente, que foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
A votação na França ocorreu sob forte esquema de segurança. Mais de 50 mil policiais de militares e civis estiveram nas ruas e seções eleitorais para proteger os eleitores.
(Com Estadão Conteúdo, EFE e AFP)

sábado, 22 de abril de 2017

Uma relação espúria e criminosa

Depoimento do dono da OAS, Léo Pinheiro, ao juiz Sergio Moro é arrebatador: sacramenta que Lula se aproximou de empreiteiros poderosos para obter favores pessoais, em troca de vantagens nos governos do PT. O empresário confirmou que o tríplex é do petista e disse que, durante uma reunião secreta em maio de 2014, o ex-presidente pediu para que ele destruísse provas da Lava Jato

Uma relação espúria e criminosa
O REGALO Léo Pinheiro diz que OAS deu tríplex para Lula como parte das propinas da Petrobras. Paulo Okamoto ficou de acertar pagamento

Lula a Léo Pinheiro: “Destrua as provas” 

Se os depoimentos de Emilio e Marcelo Odebrecht tiveram o condão de transformar o ex-presidente Lula num político menor, quase um fantoche, capaz de leiloar a alma a quem sempre chamou pejorativamente de “elite”, o contundente relato do sócio da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ao juiz Sergio Moro na tarde de quinta-feira 20, em Curitiba, consolidou no petista – de maneira indelével – o perfil de um sujeito que nunca teve pudores em cultivar uma relação espúria com empreiteiros em troca de propinas, favores pessoais e benesses aos seus familiares. Na essência, o roteiro é semelhante – face de uma mesma moeda. A exemplo do que ocorreu com a família Odebrecht, Lula também se aproximou de Leo Pinheiro há cerca de 40 anos. O combustível da relação foram os interesses particulares de cada um. A amizade floresceu diante da expectativa de poder gerada pelo petista e das vantagens financeiras e do conforto que o empreiteiro conseguia lhe proporcionar. Até que Lula virou presidente e o público se confundiu com o privado. Como contrapartida às vantagens oferecidas à OAS nos governos do PT, o petista engordou as arcas do partido, financiou campanhas, mas sobretudo embolsou dinheiro, incrementou o patrimônio e deu um “up” na qualidade de vida. O ápice ocorreu entre 2009 e 2010, quando Leo Pinheiro disponibilizou o tríplex defronte ao mar do Guarujá para a família Lula da Silva.
RETA FINAL Agora só falta o juiz Sergio Moro ouvir Lula dia 3 de maio e dar a sentença
RETA FINAL Agora só falta o juiz Sergio Moro ouvir Lula dia 3 de maio e dar a sentença
Segundo o empresário contou a Sergio Moro, o imóvel foi um regalo para o ex-presidente, conforme antecipou ISTOÉ com exclusividade em sua última edição. O apartamento fez parte dos R$ 87,6 milhões em propinas que a construtora pagou ao partido e a Lula, em troca dos R$ 6,7 bilhões em obras que a empreiteira realizou no governo petista, de 2003 a 2015, com estarrecedora dose de corrupção e, claro, com as bênçãos do morubixaba petista. Perguntado por Moro se alguma vez havia falado com Lula sobre o pagamento de propinas, Pinheiro disse que “sim”. O empreiteiro foi além: disse durante o depoimento em Curitiba que, em uma reunião secreta realizada em maio de 2014, foi orientado pelo ex-presidente a destruir provas capazes de incriminá-lo na Lava Jato. Em um dado momento da reunião, o petista perguntou ao empresário se ele efetuou pagamentos para o PT “no Brasil ou no exterior”. Pinheiro respondeu: “no Brasil”, acrescentando que a contabilidade desses valores estava a cargo de João Vaccari, ex-tesoureiro petista. Ao que Lula imediatamente ordenou: “destrua essas provas”.
O empresário foi ouvido por Moro em Curitiba na ação em que tanto ele quanto Lula são réus por corrupção. O processo envolve também o transporte e armazenamento dos bens do ex-presidente de Brasília para São Paulo, quando ele deixou a Presidência em 2011. No total, a OAS deu R$ 3,7 milhões a Lula. Sendo R$ 1,1 milhão para adquirir o tríplex, R$ 926 mil na reforma do apartamento, R$ 350 mil na aquisição da cozinha junto a Kitchens para equipar o imóvel e outros R$ 1,3 milhão pagos à Granero para transportar e armazenar a mudança de Lula – uma parte do material, como uma adega de vinhos, foi levada para o sitio de Atibaia. Ao acusar Lula e Léo Pinheiro de corrupção, o Ministério Público Federal disse que todas essas operações financeiras foram resultado de dinheiro desviado da Petrobras e pagas como propinas ao ex-presidente.
Além de escancarar a relação promíscua com a fina flor do empresariado nacional, as revelações de Pinheiro a Moro a respeito do tríplex devem render a Lula a primeira condenação por corrupção ainda em maio. No próximo dia 3, o petista ficará frente a frente com o juiz, quando mais uma vez abusará do malabarismo verbal na tentativa de se defender do indefensável. As provas colhidas até agora pelos investigadores são irrefutáveis. Mesmo assim, depois dessa etapa, o juiz cumprirá a liturgia usual: abrirá prazo de 15 dias para as teses dos advogados de defesa e do Ministério Público e concluirá a sentença.

protesto contra o imóvel de Lula Em março de 2016, manifestantes protestam contra o tríplex doado a Lula, gritando palavras de ordem
PROTESTO CONTRA O IMÓVEL DE LULA Em março de 2016, manifestantes protestam contra o tríplex doado a Lula, gritando palavras de ordem
O “Brahma”

As relações de Lula com Léo Pinheiro transcendem ao tríplex. Começaram na década de 80, quando o petista despontou em meio às greves no ABC e desabrochou para a política. O empresário foi um dos patrocinadores das primeiras campanhas lulistas, inclusive a que ele disputou contra Fernando Collor de Mello, e perdeu. A eleição para o primeiro mandato de Lula também foi financiada com dinheiro da OAS, mas o relacionamento amadureceu mesmo no segundo governo petista. Depois que o ex-presidente deixou o poder, em 2011, os contatos que já eram frequentes foram intensificados. Segundo pessoas próximas a ambos, Léo Pinheiro gostava de tomar a famosa cachacinha com Lula no cair da tarde. Nos dias mais quentes, não dispensavam a cerveja. Não por acaso, Pinheiro se referia a Lula como “Brahma” nas conversas em que mantinha com outros diretores da OAS e cujas mensagens foram interceptadas pela Polícia Federal.
Em uma das mensagens, Léo Pinheiro disse a um de seus funcionários que iria levar “Brahma” para o Chile, onde a OAS mantinha interesses comerciais. A viagem aconteceu entre 24 e 26 de novembro de 2013. Para aproveitar o programa, Lula fez uma palestra a empresários chilenos. “Léo (diz Cesar Uzeda, diretor da área internacional da OAS), colocamos o avião à disposição de Lula para sair amanhã ao meio dia. Seria bom você checar com Paulo Okamoto (presidente do Instituto Lula) se é conveniente irmos no mesmo avião”. Nessas viagens promocionais da companhia, a OAS oferecia a Lula a possibilidade de encher os bolsos. Em 2011, quando a empresa decidiu ingressar no mercado da Costa Rica, Léo Pinheiro pediu que Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, “encaixasse” o ex-presidente numa palestra para empresários costa-riquenhos. Resultado: Lula recebeu a bagatela de R$ 200 mil pela palestra em São José, capital da Costa Rica. Em outra mensagem interceptada pela PF, em 7 de janeiro de 2014, às vésperas da deflagração da Operação Lava Jato, Pinheiro indica que Lula poderá repetir a agenda no Uruguai, país onde a empreiteira também era muito requisitada. “A viagem pode ser em fevereiro. Veja com o Diego quando seria melhor”.
instituto lula As empreiteiras pagaram R$ 55 milhões ao Instituto Lula e a Luiz Inácio Lula da Silva Palestras de 2011 a 2014. Desse valor, R$ 7,5 milhões foi parar no bolso de Lula. Boa parte desse dinheiro veio da OAS e Odebrecht
INSTITUTO LULA As empreiteiras pagaram R$ 55 milhões ao Instituto Lula e a Luiz Inácio Lula da Silva Palestras de 2011 a 2014. Desse valor, R$ 7,5 milhões foi parar no bolso de Lula. Boa parte desse dinheiro veio da OAS e Odebrecht
Em troca dos préstimos da OAS, Lula se comprometeu a ajudar a empreiteira a abrir novas frentes não apenas no Brasil como além-mar. Como, por exemplo, estreitar laços empresariais com nações africanas, por onde o petista sempre transitou com desenvoltura. Atuando como uma espécie de embaixador da OAS mundo afora, Lula foi bem sucedido. Os números são eloqüentes. Até meados de 2008, a empreiteira engatinhava no mercado internacional. Com a ajuda de Lula, a empresa passou a ter 14 escritórios no exterior e a tocar 20 grandes obras fora do País. Como Lula fez isso quando ainda estava no governo, essa ação é tipificada como crime de tráfico de influência. “Brahma” também ajudou a OAS a fechar um negócio de R$ 1 bilhão na Guiné Equatorial. Trata-se da construção de uma estrada de 51 quilômetros ligando a capital Malabo à cidade de Luba, dois dos principais portos do país africano. A obra estava avaliada em US$ 320 milhões. De acordo com a Polícia Federal, o próprio Léo Pinheiro indica – em mensagem enviada para o então diretor de Relações Institucionais da OAS, Jorge Fortes, em 31 de janeiro de 2013, – que Lula fez lobby pela obra junto ao ditador Teodoro Obiang, no poder há 37 anos. Obiang se aproximou de Lula quando ele virou presidente e decidiu incrementar as relações do Brasil com os países africanos.
Nuances da promíscua relação entre Pinheiro e Lula foram esmiuçadas pelo próprio empreiteiro em agosto de 2016, quando ele esboçou um acordo de delação premiada com o a Procuradoria-Geral da República (PGR). As negociações para a colaboração com a Justiça, no entanto, acabaram sendo descartadas pelo procurador Rodrigo Janot, sob o argumento de que o teor de parte dos setenta anexos havia vazado antes mesmo de o seu conteúdo chegar ao conhecimento do Ministério Público Federal. Agora, com o contundente depoimento a Moro, o sócio da OAS alimenta a expectativa de assinar um novo acordo, que lhe permita reduzir a pena de 26 anos de prisão.
O ARMAZÉM - A OAS pagou R$ 1,3 milhão à Granero para ela transportar e armazenar os bens pessoais do ex-presidente em São Paulo. Os vinhos foram para o sítio de Atibaia
O ARMAZÉM A OAS pagou R$ 1,3 milhão à Granero para ela transportar e armazenar os bens pessoais do ex-presidente em São Paulo. Os vinhos foram para o sítio de Atibaia
Tríplex é prova irrefutável

A negociação envolvendo o tríplex, contudo, é a demonstração cabal de como Lula não só gostava de embolsar gordas propinas e dinheiro de caixa dois para o PT, como também se refestelava com os mimos ofertados pelos empreiteiros. A história teve início em setembro de 2009, quando a Bancoop quebrou, deixando centenas de famílias, que haviam investido seu suado dinheiro nos imóveis da Cooperativa Habitacional dos Bancários, ao relento. Menos, claro, a de Lula. Na ocasião, a entidade era presidida por João Vaccari, então tesoureiro do PT, hoje preso em Curitiba. Ainda como presidente da Bancoop, Vaccari transferiu para a OAS a incumbência de concluir as obras do Edifício Solaris, no Guarujá, onde Lula e dona Marisa Letícia tinham um apartamento e pelo qual já haviam pago R$ 209.119,73. Numa das reuniões com a empreiteira, Vaccari revelou ao presidente da OAS, Léo Pinheiro, que Lula possuía um imóvel no prédio. Tratava-se da unidade 141, um apartamentinho simples. Para agradar Lula, que na ocasião ainda era presidente da República, a OAS resolveu destinar-lhe a cobertura 164-A, assumindo a diferença de R$ 1,147 milhão que variava de um imóvel para outro. Segundo relatos dos construtores, Lula e Marisa amaram o presente, pois sempre quiseram ter apartamento na praia, “tipo pé na areia”. Na delação premiada entabulada por Léo Pinheiro em agosto do ano passado, e que foi incinerada por Janot, o empresário diz que acertou com Vaccari que o apartamento de Lula seria “abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta das propinas em obras da OAS na Petrobras”. “Perguntei ao João Vaccari se o ex-presidente tinha conhecimento de que o tríplex era fruto dos desvios na Petrobras. Ele respondeu positivamente”, disse Léo Pinheiro num dos sete anexos da primeira delação.
O CAIXA DE LULA Paulo Okamoto participou da operação do tríplex
O CAIXA DE LULA Paulo Okamoto participou da operação do tríplex
A ocultação

O apartamento, no entanto, permaneceu em nome da OAS. O acerto era que a propriedade seria transferida mais tarde para o casal, depois que Lula deixasse a Presidência. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, a partir de 31 de agosto de 2013, com a conclusão das obras no edifício, Lula e Marisa passaram a “ocultar a propriedade”, o que caracteriza crime de lavagem de dinheiro. “Cientes da disponibilização do imóvel ao casal e da necessidade de lhe conferir acabamento, Léo Pinheiro, Paulo Gordilho, Fábio Yonamine e Roberto Moreira (todos executivos da OAS) agiram para que não só a propriedade do tríplex continuasse oculta, como também para que as reformas e decoração fossem realizadas e custeadas pela OAS, permitindo que Lula e Marisa Letícia recebessem tais vantagens de forma encoberta”. As reformas foram feitas em 2014, incluindo a instalação do elevador. As obras foram feitas pela Tallento Construtora e pagas pela OAS, no valor de R$ 926 mil. Engenheiros da OAS disseram aos procuradores que Lula e dona Marisa estiveram no apartamento no começo de 2014, para decidirem as alterações ao projeto original. No dia 2 de fevereiro de 2014, a PF resgatou uma mensagem de texto a partir de uma conversa mantida entre Léo Pinheiro e Paulo Gordilho. “O projeto da cozinha do chefe tá pronto. Se marcar com a madame pode ser a hora que quiser”, disse Gordilho, falando sobre as reformas no sítio de Atibaia. “Vou confirmar. Seria bom também ver se o de Guarujá está pronto”, respondeu Léo Pinheiro, aproveitando para falar também sobre as obras no tríplex.
Todas as reformas no apartamento no Guarujá foram supervisionadas por Marisa Letícia e seu filho Lulinha. O dono da Tallento, Carlos Augusto Curiati Bueno, confirmou ao MPF que ao final das obras, em agosto de 2014, uma reunião foi realizada no imóvel com a participação de dona Marisa, Lulinha e Léo Pinheiro. Os procuradores destacam no processo que a OAS se beneficiou amplamente dos ilícitos praticados contra a Petrobras. “Léo Pinheiro era bastante próximo de Lula. Significativas nesse cenário foram as visitas ao tríplex. Na primeira oportunidade Lula e Marisa Letícia foram acompanhados por Léo Pinheiro e outros executivos da OAS logo que o projeto foi personalizado e executado”, reforça o MPF na denúncia aceita pelo juiz Sergio Moro. No meio jurídico, todos são unânimes em afirmar que o tríplex está para Lula assim como a sonegação de imposto esteve para Al Capone. Ou seja, o petista está bem próximo de ser condenado por um crime menor, entre tantos outros mais graves que indiscutivelmente cometeu.
O sítio dos “laranjas”
Advogado é acusado de fazer contrato frio para reforma no sítio de Atibaia
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O sítio Santa Bárbara, em Atibaia, atribuído ao ex-presidente Lula, é um verdadeiro laranjal. Que o imóvel seria de Lula, mas está em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar, dois amigos de Fábio Luiz Lula da Silva, todo mundo já sabia. Na última semana, o engenheiro Emyr Costa, da Odebrecht, acrescentou elementos bombásticos ao caso. Disse que a Odebrecht lhe deu R$ 500 mil em dinheiro vivo para tocar as reformas no sítio, mas que a empresa não poderia aparecer. Quem tocava os trabalhos era uma empreiteira subcontratada. Ele contou à Procuradoria-Geral da República que chegou a comprar um cofre para guardar a dinheirama em espécie. Segundo ele, Roberto Teixeira redigiu um contrato fictício entre Bittar e Carlos Rodrigo do Brato para que as obras fossem feitas. E colocou o valor de apenas R$ 150 mil para ficar compatível com os rendimentos de Bittar. A delação derrete a tentativa de defesa de Lula. Em seu depoimento, Emílio Odebrecht confirmou que gastou R$ 700 mil na obra a pedido de dona Marisa para fazer uma “surpresa a Lula”.
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Sempre perto da elite
Desde cedo, Lula se aproximou dos empresários para obter benesses
Os depoimentos dos empreiteiros, ao revelar que Lula sempre recebeu favores, quando não foram gordas propinas, expõe o perfil do ex-presidente como um homem afeito à receber mimos de empresários. O primeiro bem-feitor de Lula, que lhe pagava desde festas de aniversário em restaurantes em São Bernardo, à cessão de casa para moradia, sem nada pagar em troca, foi o advogado Roberto Teixeira. O advogado chegou a colocar à disposição de Lula um carro com motorista. Além de Teixeira, também os empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar emprestaram seus nomes para Lula adquirir o sítio de Atibaia. Fernando é filho de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas, e muito amigo de Lula. Mas Lula não recebia só pequenos favores dos empresários. Voava em aviões emprestados por eles e recebia propinas das empresas, como mostraram os empreiteiros Emilio Odebrecht e Léo Pinheiro. Todos financiaram as campanhas do petista com caixa 2. Emílio chegou a dizer em sua delação que Lula sempre pediu favores. A empresa pagava mesada a seu irmão, ajudou seu filho a criar um campeonato de futebol americano e deu dinheiro para seu sobrinho em negócios em Angola. A hábito do cachimbo faz a boca torta.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Odebrecht tinha R$ 700 mil em cofre para reformar ‘sítio de Lula’

Diretor diz que dava semanalmente R$ 100 mil a responsável pela obra e que dinheiro veio do ‘departamento de propina’; ex-presidente nega ser dono do imóvel

O diretor de Engenharia da Odebrecht Emyr Diniz Costa Junior trouxe novos detalhes de como a empreiteira atuou na reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo, cujo real proprietário seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato — o que é veementemente negado pelo petista. As obras teriam sido executadas entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, quando Lula deixou a Presidência no fim do segundo mandato.
Um dos 78 delatores da Odebrecht, Costa relatou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que até comprou um cofre para guardar os 700.000 reais em espécie usados para bancar a reforma – o orçamento inicial era de 500.000 reais, mas depois foram requisitados mais 200.000 reais para cobrir gastos extras. “Nunca tinha manejado uma obra com somas dessa natureza. Então, eu comprei um cofre desses que você compra nesses caminhões. Coloquei dentro do armário da minha sala”. Ele contou que as cifras vieram do setor de Operações Estruturadas, o célebre departamento de propinas da Odebrecht. Um malote com o dinheiro foi entregue em seu escritório após ele dar ao emissário uma senha, da qual disse não se recordar mais.
Costa afirmou que, semanalmente, separava 100.000 reais em envelopes para entregar ao engenheiro da Odebrecht Frederico Marcos de Almeida, responsável pelas obras do sítio, que, por sua vez, repassava os valores a uma pessoa identificada como Aurélio. Posteriormente, ele descobriu se tratar de Rogério Aurelio Pimentel, ex-assessor especial de Lula.
Os recursos, segundo ele, foram utilizados para custear a construção de um alojamento para os seguranças de Lula, uma edícula de quatro suítes, uma sauna, uma adega e o conserto de um vazamento na piscina. “O senhor Aurélio até pediu para fazer mais coisas, como um pomar,  quadra de tênis, mas não foi possível pelo prazo e pelo período chuvoso”, explicou o delator.

Contrato falso

Em maio de 2011, após as obras serem concluídas, o diretor foi chamado a uma reunião presencial com o advogado de Lula Roberto Teixeira em seu escritório em São Paulo. Na ocasião, segundo contou, disse ter sido orientado a produzir um contrato falso para, conforme suas palavras, “regularizar a construção de forma que não parecesse que ela tinha sido feita para benefício de Lula nem tampouco pela Odebrecht”.
Segundo o delator, ele providenciou o documento, que foi redigido em nome de Fernando Bittar, o dono legal do sítio, com uma empreiteira local ao custo de 150.000 reais — “o valor mais baixo para ser com compatível com a renda de Bittar”, disse. A nota fiscal emitida e o contrato falso foram entregues em mãos a Teixeira em um segundo encontro. Ele disse à PGR que nas duas ocasiões se registrou na portaria do prédio do escritório.

No depoimento, o delator afirmou ter sido informado por seus superiores de que as obras eram destinadas ao ex-presidente Lula, mas ressaltou que não teve nenhum contato com o petista nem com algum de seus familiares. “Às vezes, o Frederico [o engenheiro] ia perguntar algum detalhe técnico da obra e o Aurélio [o assessor da presidência] dizia que iria perguntar para dona Marisa [Letícia, esposa do ex-presidente Lula, falecida em fevereiro deste ano]”, contou ele.
Além de Costa, outros executivos da Odebrecht, como Marcelo, Emílio, Alexandrino Alencar e Carlos Armando Paschoal, relataram à PGR como a empresa se organizou para realizar as obras no sítio de modo discreto e como um presente a Lula, assim que ele deixasse o Palácio da Alvorada, em Brasília.
Em nota, o advogado Roberto Teixeira afirmou que Fernando Bittar era seu cliente e que atuou para formalizar o “pagamento do valor devido pelos serviços”. Ele também ressaltou que “jamais propôs, orientou ou executou qualquer ato ilegal” em seus 47 anos de carreira como advogado. A defesa de Lula sempre frisou que o ex-presidente não é dono do sítio e que, portanto, não pode ser acusado de nenhuma irregularidade.
Confira abaixo a nota na íntegra do advogado Roberto Teixeira.
“Jamais propus, orientei ou executei qualquer ato ilegal na minha trajetória de 47 anos ininterruptos de exercício da advocacia. A delação premiada de Alexandrino Alencar tem sido utilizada por alguns veículos de imprensa para atribuir a mim participação em afirmada emissão de documentos falsos relativos a obras realizadas em um sítio em Atibaia, de propriedade do meu cliente Fernando Bittar. A verdade é que o próprio Alexandrino Alencar afirmou em sua delação o que eu mesmo sempre deixei claro: “que o sítio é do Fernando Bittar” e que minha atuação, enquanto seu advogado, era a de formalizar as obras realizadas como condição para que Fernando Bittar, meu cliente, fizesse o pagamento do valor devido pelos serviços. Reafirmo que minha atuação na advocacia sempre foi pautada pela ética e pela observância às leis”.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

João Santana afirma que mentiu para tentar manter Dilma no cargo

Ao ser preso em 2016, ele disse que dinheiro no exterior era de eleições em outros países; hoje, admitiu caixa 2 para ex-presidente, Haddad, Marta e Gleisi

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância, o publicitário João Santana admitiu nesta terça-feira que mentiu em seu primeiro interrogatório, em fevereiro de 2016, porque estava “atordoado” com a sua prisão e “preocupado” em manter a então presidente Dilma Rousseff (PT) no cargo — ela foi afastada do posto dois meses depois.
Na ocasião, ele disse que os recursos que recebera no exterior se referiam, “exclusivamente”, a pagamentos de campanhas feitas em outros países. Nesta terça-feira, ele mudou a versão: “Na época, [estava] ainda atordoado, um dia depois da prisão, e também preocupado com a própria estabilidade política e manutenção do cargo da presidente Dilma. Eu cometi o equívoco, eu menti para a Justiça sobre isso. Por isso, a primeira versão minha, que esses recursos eram todos de campanhas no exterior. Não estava mentindo de todo, porque boa parte dos recursos provinha disso”, disse Santana, que atuou em campanhas eleitorais em países da África e da America Latina. Ele foi preso na Operação Acarajé após os investigadores rastrearem depósitos da Odebrecht em uma conta sua aberta no Panamá e sediada na Suíça.
O marqueteiro também confirmou que recebeu pagamentos não declarados (caixa dois) em contas no exterior pela campanha presidencial de Dilma, em 2010. Além disso, ele relatou que foi remunerado por fora nas campanhas municipais dos também petistas Fernando Haddad, em São Paulo, e Patrus Ananias, em Belo Horizonte, em 2012; e de Marta Suplicy (hoje no PMDB), em São Paulo, e Gleisi Hoffmann, em Curitiba, em 2008. Os repasses teriam sido feitos pela empreiteira Odebrecht por intermediação do ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antônio Palocci.

Esta foi a primeira vez que o ex-marqueteiro do PT prestou depoimento ao juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba na condição de delator —  ele fechou acordo de colaboração premiada com Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 4.
A Moro, ele deu detalhes de como começou a trabalhar para a campanha (vitoriosa) à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Segundo ele, em agosto de 2005, logo após o estouro do escândalo do mensalão, ele foi convidado a ir a Brasília para uma conversa com o então presidente Lula. “Encontrei ele num momento fragilizado. Ele me convidou para saber se poderia ajudá-lo nesse momento. Eu disse que sim. E ele me disse: ‘Olha, qualquer detalhe mais burocrático, o Palocci depois conversa com você”, contou Santana.
Na mesma noite, segundo o seu depoimento, ele avisou o então ministro da Fazenda que esperava receber os pagamentos de forma legal, principalmente após os desdobramentos do mensalão que atingiram o seu ex-sócio, o marqueteiro Duda Mendonça. Em maio de 2006, no entanto, ele teria recebido o seguinte recado de Palocci: “Infelizmente, não vai poder ser tudo com recursos contabilizados, por causa das dificuldades naturais, da cultura existente, mas nós temos uma empresa que dá total garantia para fazer o pagamento. Você deve conhecer. É a Odebrecht, [empresa] baiana”, detalhou o marqueteiro, natural de Feira de Santana, na Bahia. Nas planilhas apreendidas com a empreiteira, os pagamentos associados a ele aparecem com o codinome “Feira” — esta informação também foi confirmada no interrogatório de hoje.
Nas considerações finais, o marqueteiro disse a Moro que recebia o dinheiro ilícito com a consciência limpa porque havia criado um “duplo escudo mental”, de dizer a si mesmo que o caixa dois era uma “doutrina do senso comum” e que ganhava pelo seu “trabalho honesto”. “Eu construí esse equívoco para mim mesmo sem perceber que, ao fazer isso, eu estava sendo cúmplice de um sistema eleitoral corrupto e negativo. Não estou demagogicamente dizendo que sou vítima, não, fui agente disso”, afirmou ele.
Antes de Santana, quem falou com Moro foi a sua mulher, Mônica Moura, sua sócia na empresa de marketing político, a Polis, e responsável pela área financeira da companhia. Ao juiz, ela disse que “em todas as campanhas políticas” que o casal atuou houve pagamento de caixa dois.”Sempre trabalhamos com caixa dois. Em todas as campanhas. Não acredito que exista um marqueteiro no Brasil que trabalhe só com caixa um”, disse ela, dando como exemplo, inclusive, a campanha presidencial de Dilma em 2014.
Ela também explicou que os valores eram pagos em espécie — “em malas e mochilas entregues em hotéis e flats. Assim como a gente recebia em caixa 1 e 2, a gente também gastava em caixa 1 e 2” — e que “todos os candidatos” sabiam dos pagamentos por fora. “Posso lhe dizer com segurança que todos eles sabiam dos valores exatos e de quanto estavam nos pagando e de quanto era o pagamento”, respondeu ela ao ser indagada por Moro se os políticos tinham conhecimento da prática ilícita.
A assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff informou que não se pronunciará por enquanto sobre o depoimento de João e Mônica Moura e que deve divulgar uma nota nesta quarta-feira. Procurados, as senadoras Marta Suplicy (PMDB-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) não foram encontradas. Em ocasiões anteriores, eles negaram as acusações e reiteraram que as doações às campanhas foram feitas de acordo com a legislação eleitoral.

terça-feira, 18 de abril de 2017

As benesses para a família

Filho, sobrinho, irmão – a todos Lula ajudou com seus trambiques. E eles gostaram

As benesses para a família
LUÍS CLÁUDIO, O FILHO A jogada do futebol americano lhe rendeu mais de R$ 2 milhões
Se tem algo que não dá para negar é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preocupa-se com valores familiares – valores, deixe-se claro, pecuniários; e familiares, no caso, são parentes chegados, assim como ele, em um bom trambique. Lula foi o maior paizão, o maior irmão, o maior tiozão. Bastante generoso ele, desde que tal generosidade viesse em forma de dinheiro dos cofres da empreiteira Odebrecht. Para ajudar o filho Luís Cláudio Lula da Silva, por exemplo, o ex-presidente colocou-se na função de relações públicas numa reunião com o patriarca da empresa, Emílio Alves Odebrecht: “foi uma conversa de pai para pai, Lula como pai do Luís Cláudio, o Emílio como pai do Marcelo”, assim definiu o encontro, em sua delação, o ex-diretor de relações institucionais Alexandrino Alencar. O pai Emílio incumbiu o pai Lula da missão de aplainar as relações entre a ex-presidente Dilma Rousseff e Marcelo Odebrecht, porque as “conversas entre ambos não fluíam”, donos que são de “personalidades muito fortes” – em palavras do andar de baixo e não dá cobertura, o que Alexandrino quis dizer é que os santos dos dois não batiam. Lula imediatamente se prontificou a pavimentar o caminho dessa relação e (cifrão nos olhos) bateu-lhe o instinto da paternidade: pediu então a Emílio que auxiliasse Luís Cláudio em um plano que lhe era muito caro – não caro de querido, entenda-se, caro de grana mesmo.
O comunista que pedia mesada

A ideia era que a Odebrecht apoiasse o projeto Touchdown de Luís Cláudio, que pretendia criar uma liga de futebol americano no Brasil. Alexandrino contou que reuniu-se com o filho do ex-presidente e lhe disponibilizou três suportes: jurídico, contábil e de marketing. A essa altura da delação, o ex-executivo sorri. Motivo: tudo que os advogados faziam, Luís Cláudio mostrava para a sua mulher, dona Fátima, que também é advogada, e ela punha defeito do começo ao fim. Como paciência tem limite, Alexandrino resolveu dizer-lhe para se virar com a advogada que tinha em casa. Quanto ao escritório contábil, o filho do ex-presidente bateu o pé que possuía um “velho e amigo contador”. Também aí Alexandrino irritou-se e mandou ele ficar sob os cuidados desse antigo conhecido. A Odebrecht entrou então com a parte de marketing, e eis que o filho de Lula conseguiu arrecadar R$ 2 milhões. Luís Cláudio também recebeu uma mesada de R$ 50 mil da empreiteira durante anos. Como dissemos, o ex-presidente foi um paizão.
FREI CHICO, O IRMÃO Comunista que é, fez uma expropriação muito peculiar ao receber mesada de R$ 5 mil
FREI CHICO, O IRMÃO Comunista que é, fez uma expropriação muito peculiar ao receber mesada deR$ 5 mil
Pois bem, vamos agora ao Lula tio. É coisa de outro mundo. Seu sobrinho Taiguara Rodrigues, filho do irmão da primeira esposa de Luiz Inácio da Silva (nessa época ele ainda não tinha incorporado Lula ao seu nome), definia-se como um “fechador de varandas” – vidraceiro, digamos, profissão mais do que digna, mas que ele exercia bastante a contragosto, é trabalho duro. O vidraceiro Taiguara, acreditem, da noite para o dia viu os seus sonhos atravessarem o mar e ancorarem no continente africano, mais precisamente em Angola. E, lá, ele tornou-se poderoso empreiteiro sem entender patavina do ramo. Criara a empresa Exergia, e ela foi contratada pela Odebrecht para fazer brotar obras do chão angolano com financiamento do BNDES. O lobby do tiozão (vê-se claramente que bem cabe o aumentativo) rendeu ao sobrinho (sente-se leitor) R$ 20 milhões.
Agora, o irmão. Chama-se José Ferreira da Silva, tem o apelido de Frei Chico, foi militante do Partido Comunista Brasileiro e até hoje acredita na cretinice de que rico tem de ser expropriado. Depende, no entanto, de quem é a riqueza. Ao invés de pegar dinheiro do mano-ex-presidente-endinheirado-propineiro, Frei Chico decidiu aceitar uma expropriação, digamos, privada e muito particular. Lula pediu que a Odebrecht lhe desse mesada, e ele aceitou. Alexandrino novamente dá um sorrisinho maroto quando relata que no início o pinga-pinga “era de R$ 3 mil por mês”, entregue em dinheiro vivo “trimestralmente” – portanto, cada vez, lá se iam R$ 9 mil. Isso assim seguiu até que foi “pedido um reajuste”. Ele passou a receber então, mensalmente, R$ 5 mil. Por quanto tempo? Ao longo de 13 anos. Convenhamos que não é sem motivo que, no rol de codinomes dados pela Odebrecht, o Frei tinha o apelido de Metralha.
TAIGUARA RODRIGUES, O SOBRINHO Saiu do Brasil como vidraceiro e ancorou em Angola com R$ 20 milhões no bolso
TAIGUARA RODRIGUES, O SOBRINHO Saiu do Brasil como vidraceiro e ancorou em Angola com R$ 20 milhões no bolso
Delação de Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, sobre ajuda à família de Lula
“Pagamos R$ 700 mil para a empresa filho de Lula”

“Lula pede para o Emílio (Odebrecht) ajuda para Luís Cláudio (filha caçula de Lula) iniciar carreira empresarial. Apresentou para mim e Emílio um projeto dele: criar uma liga de futebol americano profissional no Brasil”
“Fui encarregado disso. O que ficou de pé foi o apoio de marketing, uma empresa chamada Concept, que já trabalhava conosco. Pedi que trabalhassem com o rapaz.Combinei que pagaríamos 90% do custo da Concept e ele, 10%.
A Concept foi remunerada em R$ 700 mil por ano, por nós. Durante três anos”
“Mantive uma mesada para Frei Chico (irmão de Lula) durante os treze últimos anos. Pagávamos R$ 5 mil por mês para ele”

segunda-feira, 17 de abril de 2017

O fim da alma mais desonesta

Revelações da Odebrecht arrastam Lula para o centro do esquema de corrupção e põem fim ao mito. A condenação em primeira instância, agora, é uma questão de tempo. A pá de cal será o depoimento de Leo Pinheiro, da OAS, ao juiz Sérgio Moro nesta semana

O fim da alma mais desonesta
Sob os escombros das delações da Odebrecht, o personagem regente de nossas transformações políticas por quase 40 anos submerge ferido de morte. Luiz Inácio Lula da Silva nunca mais será o mesmo. Talvez, um Silva. Ou um Luiz Inácio. Nunca mais um Lula. Aquele Lula, nunca mais. Acabou. É como o Edson sem o Pelé. Para o petista, as delações dos executivos da Odebrecht foram acachapantes. Restaram claro que a autoproclamada “alma mais honesta”, a quem um dia milhares de brasileiros confiaram a missão de mudar radicalmente a maneira de fazer política no País, se beneficiou pessoalmente dos ilícitos – e estendeu as benesses aos seus familiares. Sem sequer corar a face, o petista abandonou ao léu sua principal bandeira, a da ética – se é que um dia foi verdade.
Os fatos –, e eles são teimosos, deles não há como escapar, – nos conduzem à crença na impostura lulopetista como uma espécie de dogma de ação. Senão vejamos: segundo Marcelo Odebrecht, Lula chegou a registrar um saldo de R$ 40 milhões de reais em sua conta-propina, administrada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Desse total, Lula sacou, no mínimo, 30 milhões de reais. Em dinheiro vivo, conforme antecipou ISTOÉ com exclusividade em reportagem de capa de novembro de 2016. Gravíssimo. Como explicar tanto dinheiro na conta ante o povo sofrido do Nordeste? “Nós contra eles”? “Nós” quem, cara pálida? Também teve mesada em espécie para o irmão, o Frei Chico, pixuleco para o sobrinho, Taiguara Rodrigues, e pedido de apoio aos negócios do filho caçula, Luís Cláudio, em troca de azeitar a relação da Odebrecht com o governo de sua pupila, Dilma Rousseff. Sem falar no pagamento de despesas estritamente pessoais, como a reforma do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, a aquisição de imóveis para uso particular e do dinheiro para a instalação do Instituto batizado com o seu nome. Nem mesmo as palestras ministradas pelo petista sobrevivem incólume ao escrutínio da Justiça. Tido como homem de Lula na Odebrecht, Alexandrino Alencar contou aos procuradores que as palestras de US$ 200 mil – padrão Bill Clinton – a Lula foram uma maneira de compensar a ajuda do petista à Odebrecht durante seus dois mandatos. E que ajuda!
Atuando com se fosse um embaixador da Odebrecht, o petista chegou a impedir que a Petrobras adquirisse ativos da Ipiranga para garantir que o grupo permanecesse com a hegemonia do setor, em detrimento dos interesses da estatal. “Compreendo que nossa presteza e o nosso volume de pagamentos feitos a pretexto de contribuição para a campanha contribuíram nas decisões que tanto o ex-presidente Lula quanto integrantes do PT tomaram durante sua gestão, coincidentes com nossos interesses”, sapecou o patriarca da família, Emílio Odebrecht. A promiscuidade era tanta que Emílio pediu a Lula que segurasse sua turma: “Eles têm a goela muito grande”, afirmou.
Os negócios pessoais do ex-presidente se confundiam tanto com as decisões de governo que nem o próprio petista conseguia distingui-los mais. Hoje, há quase um consenso entre procuradores e agentes federais de que quase todo dinheiro amealhado pelo petista, nos últimos 13 anos, foi produto de crime. Para a imagem do ex-presidente, a constatação é nitroglicerina pura.
Pá de cal

Nos bastidores da Lava Jato, a condenação de Lula em primeira instância é tida como questão de tempo. Conforme apurou ISTOÉ, na quinta-feira 20, em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-sócio da OAS, Leo Pinheiro, irá jogar a pá de cal sobre o processo do tríplex, no Guarujá, no qual Lula é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. O empreiteiro confirmará que o imóvel foi, sim, um regalo ao petista em troca de benefícios fraqueados por Lula à construtora. O ex-presidente insiste na cada vez mais inverossímil versão de que não é o dono do apartamento – um argumento incapaz de se equilibrar em pé. O depoimento de Pinheiro somado às mais recentes revelações do ex-zelador do tríplex, publicadas com exclusividade por ISTOÉ, sacramenta a tempestade perfeita em torno do ex-presidente. De acordo com José Afonso, ele viu, numa das visitas ao tríplex, dona Marisa pedir aos funcionários da OAS para que instalassem o elevador privativo no imóvel. “Quem pediria para construir um elevador num apartamento que não é seu?”, questiona o arguto zelador. O aparelho ascensor constituiu apenas um item da reforma empreendida pela OAS no imóvel. A pedido do petista, o quarto de empregada e uma área da sala viraram um escritório, o piso foi revestido de porcelanato e uma generosa área gourmet foi erguida no último andar, onde há um deck e uma pequena piscina. O acerto envolveu ainda a compra, junto à Kitchens, dos eletrodomésticos que equiparam a cozinha, com instalações pré-fabricadas, geladeira e microondas, avaliadas em mais de R$ 200 mil. Tudo isso aconteceu no ano de 2014, sob a coordenação de Leo Pinheiro, sócio-presidente da OAS. Ou seja, enquanto se dizia vítima das elites, em palanques País afora, Lula tinha um apartamento reformado pelas mãos da quintessência dessa mesma elite. Quem, nesse País, desfruta do privilégio de ter um imóvel remodelado por um presidente de empreiteira e, ainda por cima, de graça? Nós? Ou ele?
Três fases de Lula
Da glória no movimento sindical à ameaça de prisão por corrupção
A derradeira fase do processo do tríplex será o depoimento de Lula a Sergio Moro no dia 3 de maio, quando os dois ficarão tête-à-tête pela primeira vez. O interrogatório tem tudo para virar um espetáculo. Militantes da CUT, UNE e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, pretendem se revezar em discursos inflamados do lado de fora. Há mais de um mês, Lula depôs na 10ª Vara Federal de Brasília, no processo que investiga a tentativa de compra do silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da Petrobras. Como tudo o que envolve Lula, a audiência virou um comício. Como dizia Marx, guru ao qual o petismo nutre fidelidade quase canina, a história se repetirá. Como farsa. Sergio Moro, que já foi criticado e agora é adulado por Lula, não parece exibir um perfil de quem cairá nessa.
O BANQUEIRO O empresário Marcelo Odebrecht confirmou que Lula era o “Amigo” da planilha da propina montada pela empresa
O BANQUEIRO O empresário Marcelo Odebrecht confirmou que Lula era o “Amigo” da planilha da propina montada pela empresa
Nem todas as ações penais dependem de Moro. Além de responder pelo apartamento de três decks, Lula é réu em mais quatro processos: por obstrução de Justiça, por tráfico de influência e corrupção passiva, acusado de usar sua influência em órgãos do governo e no BNDES para beneficiar a empreiteira Odebrecht em contratos de obras em Angola, organização criminosa, por integrar um esquema de venda de vantagens no governo em benefícios de empresas, e por lavagem de dinheiro, pelo fato de ter recebido propina da empreiteira Odebrecht na forma da compra de um terreno (avaliado em 12,5 milhões de reais) para a construção do Instituto Lula. Diante das revelações dos delatores, não há muita escapatória. A briga da defesa de Lula residirá no ringue da segunda instância, onde os processos desaguarão em 2018. Condenado, terá como destino a cadeia e se tornará automaticamente um político ficha-suja, razão pela qual ficará impedido de concorrer a qualquer cargo eletivo. Por isso, estrategicamente, Lula antecipa sua candidatura ao Planalto. Trabalha para transformar uma decisão eminentemente jurídica numa contenda político-ideológica. A ideia é constranger o Judiciário sob o pretenso argumento de que ele está sendo vítima de táticas de lawfare (guerra jurídica) e, por isso, “quem deve julgá-lo é o povo”. Nem uma nem outra. Mais uma vez, o petista quer colocar-se acima das leis. A era dos privilégios, no entanto, parece ter acabado. Assim como o encanto da população, em quem um dia depositou as mais sinceras esperanças, se quebrou.
FIM DA LINHA O dono da OAS, Léo Pinheiro, pretende dizer ao juiz Sergio Moro, nesta quinta-feira 20, que doou triplex para Lula
FIM DA LINHA O dono da OAS, Léo Pinheiro, pretende dizer ao juiz Sergio Moro, nesta quinta-feira 20, que doou triplex para Lula
Se as eleições fossem hoje, o petista poderia até alcançar o segundo turno, a julgar pelas recentes pesquisas, mas com uma rejeição acima de 50% estaria impossibilitado de regressar à Presidência. E a repulsa tende a aumentar, com o acréscimo dos fatos novos. O ex-presidente da Câmara dos Deputados e conhecido político mineiro José Bonifácio de Andrada, tetraneto do Patriarca da Independência, costumava repetir pelos corredores do Congresso: “Em política, todos os compromissos e determinações devem ser cumpridos, menos quando surgem o fato novo e o fato consumado.” Os dois fatores, combinados ou não, justificaram as mais importantes reviravoltas políticas ao longo da história. Aqui, o fato novo, representado pelas delações dos executivos da Odebrecht, encontra-se associado ao fato consumado, a morte política de Lula.
Não foi sempre assim. Nas últimas quatro décadas, a expectativa do poder pessoal de Lula serviu como uma bússola da política nacional. Guindou-o, aos olhos do regime militar, ainda em meio às greves do ABC, a um adversário mais empedernido do que muitos dos inimigos tradicionais da ditadura como Miguel Arraes e Ulysses Guimarães. Fundador de um PT que ainda engatinhava, soube alimentar, durante a campanha das Diretas-Já e o governo José Sarney, uma dicotomia em que era tratado, pelo resto da oposição, ora como potencial aliado, ora como virtual adversário. Saiu da primeira eleição direta, em 1989, como uma grande força política, sofreu duas duras derrotas eleitorais, mas ressurgiu como uma fênix para dois mandatos consecutivos e a ascensão a mito. Em 2010, elegeu a sucessora e o resto já é história.
A farsa do caixa 2

A reputação ilibada do petista começou a ruir no longínquo ano de 2005. Ainda está bem viva na memória da maioria a célebre entrevista em Paris em que Lula, cândida e calmamente, diante das câmeras, tentou justificar o mensalão, reduzindo-o a mero caixa dois: “O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente. Se o partido cometeu erros, tem de explicar para a sociedade onde errou, porque errou e o que vai fazer para consertar o erro. Mas não é por causa do erro de um dirigente ou de outro que você pode dizer que o PT está envolvido em corrupção”. Ali, brasileiros concederam a ele e ao PT o benefício da dúvida. A presunção da inocência. Anos depois, descobriu-se que tudo não passava de uma tentativa de dourar mais uma narrativa. Concomitante ao mensalão, veio o aparelhamento da máquina do Estado a serviço de um projeto de perpetuação no poder. O Petrolão representou a sofisticação do escândalo anterior. A ele, foi embutido, além do projeto de poder, o benefício pessoal e o enriquecimento próprio, por meio de uma corrupção institucionalizada responsável por sangrar estatais. A farsa se materializou. “A corrupção deveria ser considerada crime hediondo. E, quem saqueia o Estado, merece ir direto para a cadeia”. A frase é da lavra de um autor conhecido: o ex-presidente Lula, em entrevista concedida a um jornal operário ainda na década de 80. Aquele Lula acabou.
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Delação de Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht
“Remuneramos Lula pelo que ele fez para o nosso grupo”
“ Nosso objetivo inicial foi conseguir um projeto que pudesse remunerar o ex-presidente Lula, face o que ele fez durante muitos anos para o grupo. E que fosse de uma maneira lícita, transparente.
Buscamos, então, algo que é uma prática comum com ex-mandatários, de vários países, inclusive do Brasil.
Usaram como referência (para pagar US$ 200 mil para palestras de Lula) os valores pagos para o presidente americano Bill Clinton. Aliás, subiram um pouco a régua. Até porque era um novo player no mercado”
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O organograma do propinoduto de Lula
O ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar, mostra os tentáculos da propina para o petista
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quarta-feira, 12 de abril de 2017

A delação do fim do mundo

Acusações feitas pelos executivos da Odebrecht atingem ministros do governo, deputados, senadores e governadores; confira todos os nomes citados

O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira o fim do sigilo de todos os inquéritos abertos para apurar irregularidades contra políticos a partir de delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht.
No total, as investigações envolvem nove ministros do governo Michel Temer (PMDB), 28 senadores – incluindo o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE) – e 42 deputados federais – incluindo o presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os inquéritos foram pedidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e incluem governadores, ministros, senadores, deputados federais e outros políticos. A VEJA teve acesso aos pedidos de inquérito.
Confira abaixo os nomes dos políticos que serão investigados em inquéritos abertos pelo STF. A lista inclui ministros de Temer, senadores e deputados:
Aécio Neves, senador (PSDB-MG)
Antônio Anastasia, senador (PSDB-MG)
Alfredo Nascimento, deputado (PR-AM)
Milton Monti, deputado (PR-SP)
Aloysio Nunes, senador (PSDB-SP)
Arlindo Chinaglia, deputado (PT-SP)
Arthur Maia, deputado (PPS-BA)
Bruno Araújo, ministro das Cidades (PSDB-PE)
Carlos Zarattini, deputado (PT-SP)
Cândido Vaccarezza, deputado (ex-PT-SP)
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda (PT)
Eduardo Braga, senador (PMDB-AM)
Omar Aziz, senador (PSD-AM)
Cacá Leão, deputado (PP-BA)
Cássio Cunha Lima, senador (PSDB-PB)
Celso Russomanno, deputado (PRB-SP)
Ciro Nogueira, senador (PP-PI)
Dalírio Beber, senador (PSDB-SC)
Napoleão Bernardes, prefeito de Blumenau (PSDB-SC)
Daniel Elias Carvalho Vilela, deputado (PMDB-GO)
Maguito Vilela, ex-governador de Goiás (PMDB)
Daniel Gomes de Almeida, deputado (PCdoB-BA)
Décio Nery de Lima, deputado (PT-SC)
Ana Paula Lima, deputada estadual (PT-SC)
Edison Lobão, senador (PMDB-MA)
Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil (PMDB-RS)
Moreira Franco, secretário-geral da Presidência (PMDB-RJ)
Fábio Faria, deputado (PSD-RN)
Robinson Faria, governador do Rio Grande do Norte (PSD)
Rosalba Ciarlini, prefeita de Mossoró (PP-RN)
Fernando Collor de Mello, senador (PTC-AL)
Fernando Bezerra, senador (PSB-PE)
Gilberto Kassab, ministro das Comunicações (PSD-SP)
Heberte Lamarck Gomes da Silva (Betinho Gomes), deputado federal (PSDB-PE)
José Feliciano de Barros Júnior, advogado
José Ivaldo Gomes (Vado da Farmácia), ex-prefeito de Cabo do Santo Agostinho (PTB-PE)
Helder Barbalho, ministro da Integração Nacional (PMDB-PA)
Paulo Roberto Galvão da Rocha, senador (PT-PA)
Heráclito Fortes, deputado (PSB-PI)
Humberto Costa, senador (PT-PE)
Ivo Cassol, senador (PP-RO)
João Carlos Gonçalves Ribeiro, ex-secretário de Planejamento de Rondônia
João Carlos Paolilo Bacelar Filho, deputado (PR-BA)
Jorge Viana, senador (PT-AC)
Tião Viana, governador do Acre (PT)
José Carlos Aleluia, deputado (DEM-BA)
José Carlos Becker de Oliveira e Silva (Zeca Dirceu), deputado (PT-PR)
José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil
José Orcírio Miranda dos Santos (Zeca do PT), deputado (PT-MS)
Blairo Maggi, ministro da Agricultura (PP)
José Reinaldo Carneiro Tavares, deputado (PSB-MA)
Ulisses César Martins de Sousa, ex-procurador-geral do Estado do Maranhão
Renan Calheiros, senador (PMDB-AL)
Renan Calheiros Filho, governador do Alagoas (PMDB)
Fernando Bezerra de Sousa Coelho, senador (PSB-PE)
Júlio Lopes, deputado (PP-RJ)
Jutahy Magalhães Júnior, deputado (PSDB-BA)
Kátia Abreu, senadora (PMDB-TO)
Moisés Pinto Gomes, marido da senadora Kátia Abreu
Lídice da Mata, senadora (PSB-PE)
Lindberg Farias, senador (PT-RJ)
Marco Maia, deputado (PT-RS)
Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil (PMDB)
Humberto Kasper, ex-presidente da Trensurb
Marco Arildo Prates da Cunha, ex-presidente da Trensurb
Paulo Bernardo Silva, ex-ministro do Planejamento (PT)
Marcos Antônio Pereira, ministro da Indústria, Comércio e Serviços (PRB-ES)
Maria do Rosário Nunes, deputada (PT-RS)
Mário Negromonte Júnior, deputado (PP-BA)
Milton Monti, deputado (PR-SP)
Valdemar da Costa Neto, ex-deputado (PR-SP)
Nelson Pellegrino, deputado (PT-BA)
Ônix Lorenzoni , deputado (DEM-BA)
Paulo Henrique Ellery Lustosta da Costa, deputado (PP-CE)
Paulo Pereira da Silva, deputado (SD-SP)
Pedro Paulo Carvalho Teixeira, deputado (PMDB-RJ)
Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio de Janeiro (PMDB)
Ricardo Ferraço, senador (PSDB-ES)
Rodrigo Maia, deputado (DEM-RJ)
César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro (DEM)
Rodrigo Garcia, deputado (DEM-SP)
Romero Jucá Filho, senador (PMDB-RR)
Eunicio Oliveira, senador (PMDB-CE)
Lúcio Quadros Vieira Lima, deputado (PMDB-BA)
Rodrigo Maia, deputado (DEM-RJ)
Rodrigo Jucá, advogado e filho de Romero Jucá (PSD-RR)
Valdir Raupp, senador (PMDB-RO)
Vander Loubet, deputado (PT-MS)
Vanessa Grazziotin, senadora (PCdoB-AM)
Eron Bezerra, marido da senadora Vanessa Grazziotin
Vicente Cândido, deputado (PT-SP)
Vicente Paulo da Silva, deputado (PT-SP)
Vital do Rêgo Filho, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
Yeda Rorato Crusius, deputada (PSDB-RS)

Fora do STF

Dezenas de outros inquéritos foram enviados por Fachin a outros tribunais porque os envolvidos não têm direito a foro no Supremo Tribunal Federal, como os governadores de estado, que têm de ser julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.
Nesta lista estão, entre outros, os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Na lista também está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que precisam ser julgados na primeira instância, ou seja, pela Justiça Federal de São Paulo.
Confira a lista:
Abelardo Lupion, ex-deputado federal (DEM)
Adolfo Viana de Castro Neto, deputado estadual (PSDB-BA)
Adrian Mussi, suplente de deputado (PHS-RJ)
Agnelo Queiroz, ex-governador (PCdoB-DF)
Alcebíades Sabíno dos Santos
Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e Petrobras
André Gustavo Vieira da Silva, publicitário
Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde (PT-SP)
Aloísio dos Santos Júnior
Aloizio Mercadante, ex-ministro (PT-SP)
Aluísio Teles Ferreira Filho, ex-diretor da Petrobras
Anderson Braga Dorneles, ex-assessor de Dilma
André de Souza
Andréia Légora, afilhada de Eduardo Cunha
Helil Cardozo (PMDB-RJ)
Anthony Garotinho, ex-governador do Rio (PR-RJ)
Antônio Carlos de Campos Machado, deputado estadual (PTB-SP)
Antônio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador (DEM-BA)
Antônio Duarte Nogueira Júnior, prefeito de Ribeirão Preto (PSDB-SP)
Antônio Egício Rufino de Carvalho, candidato a vereador de Uruguaina (PSDB-RS)
Antônio Palocci Filho, ex-ministro da Fazenda (PT-SP)
Arthur Virgílio, prefeito de Manaus (PSDB-AM)
Benjamin Steinbruch, empresário
Carlito Merss, ex-deputado federal (PT-SC)
Carlos Alberto Grana , ex-prefeito (PT-SP)
Beto Richa, governador do Paraná (PSDB-PR)
Carlos Busatto Júnior, prefeito de Itaguaí-RJ (PMDB-RJ)
Carlos Chagas
Carlinhos Almeida, ex-prefeito de São José dos Campos (PT-SP)
Carlos Roberto Casteglione Dias, ex-prefeito de Cachoeiro do Itapemirim (ES)
Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho (PDT-RJ)
Clécio Luís Vilhena Vieira, prefeito de Macapá (PSOL-AP)
Colbert Martins da Silva Filho, vice-prefeito de Feira de Santana-BA (PMDB)
Cristina Conceição Bredda Carrara, prefeita de Sumaré-SP (PSDB-SP)
Delcídio do Amaral, ex-senador, sem partido
Demerval da Fonseca
Demóstenes Torres, ex-deputado federal (DEM)
Diga Salomão
Dilma Rousseff, ex-presidente da República (PT)
Donisete Braga, ex-prefeito de Mauá (PT-SP)
Edinho Silva, prefeito de Araraquara (PT-SP)
Edson Aparecido dos Santos, ex-deputado federal (PSDB-SP)
Eduardo Celso de Araújo Marinho
Eduardo Cunha, ex-deputado federal (PMDB-RJ)
Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio (PMDB-RJ)
Eliseu Daniel, ex-candidato a prefeito de Limeira (PSDB-SP)
Eronildes Teixeira de Queiroz
Estilac Martins Rodrigues Xavier, conselheiro do TCE-RS
Everaldo Dias Pereira (pastor Everaldo), ex-candidato a presidente (PSC-RJ)
Fábio Cleto, ex-diretor da Caixa
Felipe Montoro Jens
Fernando Antônio Falcão Soares, Fernando Baiano, operador do PMDB
Fernando Capez, deputado estadual (PSDB-SP)
Fernando Pimentel, governador de MG (PT-MG)
Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo (PT-SP)
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República ( PSDB-SP)
Firmino da Silveira Soares Filho
Flávio Dino, governador do Maranhão PCdoB-MA)
Francisco Azambuja Barbará, suplente de vereador em Uruguaiana (PSDB-RS)
Francisco Chaves
Francisco de Assis Pereira de Campos, deputado estadual (PT-SP)
Waldir Pires, vereador de Salvador (PT-BA)
Frederico Cantoni Antunes
Geddel Vieira Lima, ex-ministro PMDB-BA)
Geraldo Alves Ferreira Júnior, vereador de Salvador (SD-BA)
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo (PSDB-SP)
Geraldo Simões de Oliveira, ex-deputado federal (PT-BA)
Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul (PMDB)
Gleise Hoffmann, senadora (PT-PR)
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda (PT-SP)
Gustavo Falcão Soares, irmão de Fernando Baiano
Hélio de Oliveira dos Santos, Dr. Hélio, ex-prefeito de Campinas ( PDT-SP)
Henrique Alves, ex-ministro do Turismo (PMDB-RN)
Henrique Santana Carballal, vereador de Salvador (PV-BA)
Hugo Napoleão, ex-senador (PSD-PI)
Humberto Costa, senador (PT-PE)
Ideli Salvatti, ex-senadora (PT-SC)
IIson Mauro da Silva Brum, ex-candidata a prefeito de Uruguaiana (PMDB-RS)
Inaldo Leitão, ex-deputado federal (PL-PB)
Iris Rezende, prefeito de Goiânia (PMDB-GO)
Jairo Jorge da Silva, ex-prefeito de Canoas (PDT-RS)
Jaison Cardoso Souza, ex-prefeito de Imbituba (PSDB-SC)
Jaques Wagner, ex-governador da Bahia (PT-BA)
Jean Jackson Kuhlmann, deputado estadual (PSDB-SC)
Jean Vieira de Lima
João Almeida dos Santos, ex-deputado federal (PSDB-BA)
João Santana, marqueteiro
João Leão, vice-governador da Bahia (PP)
João Paulo Cunha, ex-deputado federal (PT-SP)
João Paulo Rillo, deputado estadual (PT-SP)
Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina (PSD)
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT
Jonas Lopes de Carvalho, conselheiro do TCE-RJ
Gim Argello, ex-senador (PTB-DF)
Jorge Bittar, ex-deputado federal (PT-RJ)
Jorge Khoury, ex-deputado federal (DEM-BA)
Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio (PMDB-RJ)
José Aníbal, ex-senador (PMDB-SP)
José Antônio Barros Munhoz, ex-deputado estadual (PSDB)
José Eduardo Siqueira Campos, ex-senador (DEM-TO)
José Genoíno, ex-deputado federal (PT-SP)
José Marcelo do Nascimento Nilo, deputado estadual (PSL-BA)
Jose Maria Eymael,ex-deputado federal (PSDC-SP)
José Ricardo Franco Montoro, ex-deputado estadual (PSDB-SP)
José Roberto Arruda, ex-governador do DF (PR)
José Severiano Chaves, ex-deputado (PTB-PE)
Josefina Soares Bruggemann, vereadora (PP-RS)
Juçara Feitosa de Oliveira, suplente de senador (PT-BA)
Jussara Osório de Almeida, ex-vereadora (/Rede-RS)
Laurez da Rocha Moreira, prefeito (PSB-TO)
Lázaro Noé da Silva, candidato derrotado a prefeito (PPS)
Valtimir Ribeirão, candidato derrotado a prefeito (PMDB-SP)
Leur Antônio de Brito Lomanto Júnior, deputado estadual (PMDB-BA)
Luciano Santos Rezende, prefeito (PPS-ES)
Lúdio Frank Mendes Cabral, ex-vereador (PT-MT)
Luis Cláudio Lula da Silva, filho de Lula (SP)
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente (PT-SP)
Luiz Augusto Fuhrmann Schneider, prefeito (PSDB-RS)
Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, ex-diretor do BNDES
Luiz Fernando Pezão, governador do Rio (PMDB)
Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo (PT)
Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-deputado federal (PSDB-ES)
Luiz Roberto de Albuquerque, depuado federal (PSB-RS)
Lusenrique Quintal, empresário (PSD)
Manuela d’Ávila, deputada federal (PCdoB-RS)
Marcelo Miranda, governador do Tocantins ( PMDB)
Marcelo de Lima Lélis, ex-deputado estadual (PV-TO)
Márcio Araújo de Lacerda, ex-prefeito (PSB-MG)
Marconi Perillo, governador de Goiás (PSDB)
Maria da Conceição Caldas Rabha, ex-prefeita (PT-BA)
Mário de Melo Kertesz, ex-prefeito (PMDB-BA)
Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades (PP-BA)
Mariton Benedito de Holanda, ex-deputado federal (PT-RO)
Dermeval Fonseca Nevoeiro Junior, candidato derrotado a prefeito (DEM-SP)
Nilson Bonome, candidato derrotado a prefeito (PMDB-SP)
Osmar Dias, ex-senador (PDT-PR)
Oswaldo Baptista Duarte Filho, ex-prefeito de São Carlos-SP (PT)
Othon Luiz da Silva Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear
Palminio Altimari Filho, ex-prefeito (PMDB-SP)
Paulo Altomani, ex-prefeito de São Carlos-SP (PT)
Paulo Bernardo, ex-ministro (PT-PR)
Paulo César de Melo Sá, deputado estadual (PMDB-RJ)
Paulo Hartung, governador do Espírito Santo (PMDB)
Paulo Ferreira, ex-deputado federal (PT-SP)
Paulo Hadish, ex-prefeito (PSB-SP)
Paulo Magalhães Júnior, vereador (PV-BA)
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras
Paulo Rubem Santiago Ferreira, ex-deputado federal (PSOL-PE)
Paulo Sérgio de Sá Bittencourt Câmara, vereador (PSDB-BA)
Paulo Skaf, presidente da Fiesp (PMDB)
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula (PT)
Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras
Pedro Eurico de Barros e Silva, candidato derrotado a deputado federal (PSDB-PE)
Pedro Ramos de Miranda, assessor do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB)
Raimundo Coimbra Júnior, ex-deputado federal (PMDB-TO)
Renata Anchão Braga, ex-prefeita (PSDB-SP)
Renato Casagrande, ex-governador do Espírito Santo (PSB-ES)
Ricardo Fortunato de Oliveira, ex-prefeito (PMDB-GO)
Riverton Mussi Ramos, ex-prefeito (PMDB-RJ)
Robério Bandeira de Negreiros Filho, deputado distrital (PMDB-DF)
Roberto Carlos de Souza, ex-prefeito (PSDB-SC)
Roberto Massafera, deputado estadual (PSDB-SP)
Rogerio Pascon, prefeito (PTB-SP)
Ronaldo Dimas, prefeito (PR-TO)
Ronnie Peterson Colpo Mello, prefeito (PP-RS)
Rosângela Garotinho, ex-governadora do Rio (PR-RJ)
Rosely Nassim Jorge Santos
Rubens Merguizo Filho, prefeito (PMDB-SP)
Rubens Moreira Mendes Filho, ex-deputado federal (PSD-RO)
Saldanha Leivas Cougo, candidato derrotado a deputado federal (PRB-SP)
Sandoval Lôbo Cardoso, ex-governador do Tocantins (SD)
Sandro Antonio Scodro, ex-deputado federal (PMDB-GO)
Sebastião Almeida, ex-prefeito de Guarulhos-SP (PDT)
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB)
Tiago Brandão Correia, vereador (PTN-BA)
Valmir Queiroz Mariano, ex-prefeito (PSD-PA)
Vanessa Damo, ex-deputada estadual (PMDB-SP)
Wayner Fajardo Gasparello, secretário municipal de Obras do Rio
Wilma Faria, vereadora (PT do B-RN)
Wilson Carlos Cordeiro, ex-secretário municipal de Governo do Rio
Confira algumas das acusações feitas pelos delatores e clique em leia mais para saber o que pesa contra cada um:
GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DE SÃO PAULO (PSDB) – governador usava cunhado para receber propina
AÉCIO NEVES, SENADOR (PSDB-MG) – senador teria recebido mesada de até 2 milhões de reais
DILMA ROUSSEFF, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA (PT) – ex-presidente teria recebido 150 milhões para campanhas
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA (PT) – participou das discussões sobre a divisão da propina da Odebrecht
ROMERO JUCÁ, SENADOR (PMDB-RR) – senador recebeu propina para defender interesses da Odebrecht
RENAN CALHEIROS, SENADOR (PMDB-AL) – com Jucá, recebeu R$ 5 milhões para aprovar MP 
EDISON LOBÃO, SENADOR (PMDB-MA) – senador levou R$ 5,5 milhões de reais da empreiteira
FERNANDO COLLOR, SENADOR (PTC-AL) – recebeu 800 mil reais na campanha eleitoral de 2010
LINDBERGH FARIAS, SENADOR (PT-RJ) – recebeu 4,5 milhões de reais em propinas nas eleições de 2008 e 2010
CIRO NOGUEIRA, SENADOR (PP-PI) – recebeu 1,6 milhão de reais nas eleições de 2010 e 2014
EDUARDO CUNHA, EX-DEPUTADO (PMDB-RJ) – ex-deputado teria arquitetado plano para sepultar a Lava Jato
BLAIRO MAGGI, MINISTRO DA AGRICULTURA (PP-MT) – ministro recebeu R$ 12 mi para ajudar a liberar crédito da empresa
VICENTE CÂNDIDO, DEPUTADO (PT-SP) – deputado federal recebeu 50 mil reais para viabilizar Itaquerão
JORGE PICCIANI, DEPUTADO ESTADUAL (PMDB-RJ) – recebeu caixa dois da Odebrecht nos anos de 2010 e 2012
PAULO HARTUNG, GOVERNADOR DO ESPÍRITO SANTO (PMDB) – recebeu 1 milhão de reais nas eleições de 2010 e 2012
HÉLDER BARBALHO, MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL (PMDB-PA) – recebeu 1,5 milhão  de reais  em três parcelas
RICARDO FERRAÇO, SENADOR (PSDB-ES)  executivos dizem que repassaram a ele 400.000 reais via caixa dois 
ALDEMIR BENDINE, EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS – ex-presidente do BB e da Petrobras, recebeu dinheiro para ajudar a Odebrecht
ALFREDO NASCIMENTO, DEPUTADO (PR-AM) – ex-ministro de Lula e Dilma, recebeu 200 mil reais via caixa 2 
JOÃO BACELAR FILHO, DEPUTADO (PR-BA) – recebeu 250 mil reais da Odebrecht para ajudar em MP 
CELSO RUSSOMANNO, DEPUTADO (PRB-SP) – deputado federal recebeu 50 mil reais na campanha de 2010 
ZECA DIRCEU, DEPUTADO (PT-PR) – filho de José Dirceu teria recebido 250 mil reais para campanha
CARLOS ZARATTINI, DEPUTADO (PT-SP) – líder do partido recebeu propina para atuar em favor de MPs 
PAULINHO DA FORÇA, DEPUTADO (SD-SP) – presidente da Força Sindical recebeu 200 mil para campanha de 2010