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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Militares reafirmam críticas a Dilma e afrontam Amorim

Em nota divulgada ontem, 98 militares da reserva reafirmaram recentes ataques feitos por clubes militares à presidente Dilma Rousseff e disseram não reconhecer autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressar opiniões.

A nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão", também ataca a Comissão da Verdade, que apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura. Aprovada no ano passado, a comissão espera só a indicação dos membros para começar a funcionar.

Clubes militares recuam de crítica a Dilma por opinião de ministras
Dilma é alvo de militares por opinião de ministras

"[A comissão é um] ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo", diz o texto, endossado por, entre outros, 13 generais.

Apesar de fora da ativa, todos ainda devem, por lei, seguir a hierarquia das Forças, das quais Dilma e Amorim são os chefes máximos.

O novo texto foi divulgado no site "A Verdade Sufocada", mantido pela mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um dos que assinam o documento.

Ustra, ex-chefe do DOI-Codi (aparelho da repressão do Exército) em São Paulo, é acusado de torturar presos políticos na ditadura, motivo pelo qual é processado na Justiça. Ele nega os crimes.

A atual nota reafirma o teor de outra, do último dia 16, na qual os clubes Militar, Naval e de Aeronáutica fizeram críticas a Dilma, dizendo que ela se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo" sobre declarações recentes de auxiliares e do PT contra a ditadura.

Após mal-estar e intervenção do Planalto, de Amorim e dos comandantes das Forças, os clubes tiveram de retirar o texto da internet.

CRÍTICA A AMORIM

"Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto do dia 16", afirma a nota de ontem, que lembra que o texto anterior foi tirado da internet "por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo".

Agora, os militares dizem que o "Clube Militar [da qual a maioria faz parte] não se intimida e continuará atento e vigilante".

A primeira das três declarações que geraram a nota foi da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade pode levar a punições, apesar da Lei da Anistia.

Depois, Eleonora Menicucci (Mulheres) fez em discurso "críticas exacerbadas aos governos militares", segundo o texto. Já o PT, em uma resolução, disse que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Análise: Entenda como Israel poderia atacar o Irã

Jonathan Marcus

Da BBC News

Entre todos os desafios de segurança de Israel nas últimas décadas, a ameaça de um Irã armado nuclearmente é a principal preocupação nas mentes dos estrategistas militares do país.

Essa preocupação tem orientado todo o desenvolvimento da Força Aérea Israelense nos últimos anos.

A Força Aérea Israelense comprou 125 caças F-15I e F-16I, equipados com tanques maiores de combustível – feitos sob medida para ataques de longo alcance.

Além disso, Israel comprou bombas de penetração especiais, desenvolveu grandes aeronaves não tripuladas e de longa duração, e muito dos treinos estão focados em missões de longo alcance.

Israel tem um histórico de ataques preventivos contra alvos nucleares na região. Em junho de 1981, caças israelenses bombardearam o reator de Osirak, próximo à capital Bagdá.

Mais recentemente, em setembro de 2007, aviões israelenses atacaram um local na Síria que muitos acreditavam que abrigava um reator nuclear em construção.

No entanto, um ataque contra Irã seria diferente das missões no Iraque na Síria. Naquele caso, se tratava de alvos únicos acima da superfície e que vieram de forma inesperada.

Uma tentativa israelense de prejudicar o programa nuclear iraniano teria de lidar com uma série de problemas, como alcance, alvos múltiplos e a natureza dos alvos.

Como chegar lá?

Para começar, Israel está muito distante do Irã. Alguns dos alvos estariam entre 1,5 mil e 1,8 mil km das bases israelenses. Os aviões teriam que primeiro chegar ao Irã, e depois conseguir sair.

Pelos menos três rotas são possíveis:

* Existe uma no norte, onde caças israelenses voariam norte e depois leste, ao longo das fronteiras entre Turquia e Síria, e depois Síria e Iraque.

* No centro, a rota mais provável passa pelo Iraque. Com o Exército americano fora do país, as autoridades iraquianas são muito menos capazes de monitorar o espaço aéreo, o que abriria um caminho para os israelenses.

* A terceira rota, no sul, é pelo espaço aéreo saudita. Será que os sauditas deixariam algo assim acontecer, já que eles próprios estão preocupados com o programa nuclear iraniano? Esta rota pode ser usada para o retorno dos aviões? Essas perguntas não foram respondidas ainda.

O que se sabe é que os aviões israelenses teriam que abastecer no caminho.

Douglas Barrie, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), em Londres, acredita que reabastecimento em pleno voo será fundamental.

"Aviões israelenses precisam não só entrar e sair do espaço aéreo iraniano; eles precisam de combustível suficiente para sobrevoar com bastante tempo os alvos, e o suficiente para qualquer eventualidade que possa surgir em uma missão destas."

Acredita-se que Israel possua entre oito e dez aeronaves de reabastecimento baseadas no modelo Boeing 707.

Quais alvos atingir?

Douglas Barrie também diz que os aviões israelenses terão de achar os alvos onde bombas suas possam fazer o maior estrago possível.

"Eles estarão em busca dos principais gargalos do programa iraniano. Claramente atacar instalações de enriquecimento faz mais sentido, sob o ponto de vista militar", diz o especialista.

As instalações de enriquecimento de urânio em Natanz, ao sul de Teerã, e Fordo, perto de Qom, são as mais conhecidas, e provavelmente estariam na lista israelense.

A usina de água pesada e o reator em Arak, no oeste, e uma unidade de conversão de urânio em Isfahan também estão entre possíveis alvos preferenciais.

Não está claro se Israel tem capacidade de atingir outros alvos associados ao programa de mísseis ou de fabricação de explosivos do Irã.

Outro problema é que as instalações de enriquecimento de Natanz são subterrâneas, e a nova usina em Fordo também está praticamente dentro de uma montanha.

Alvos subterrâneos

Para um ataque do tipo, o especialista da IISS afirma que é preciso ter informação precisa, desde a geologia local até conhecimento sobre a arquitetura das usinas.

Um tipo especial de munição também é necessário. A principal arma de Israel é um arsenal americano conhecido como GBU-28. Esta arma guiada a laser de 2,2 toneladas tem capacidade especial de penetração.

"O GBU-28 é a arma de penetração mais forte disponível para aeronáutica tática, e desde que foi usada pelos Estados Unidos, em 1991, ela foi melhorada", afirma Robert Hewson, editor da revista especializada Jane's Air-Launched Weapons.

No entanto, ele ressalta que Israel não teria capacidade de carregar uma munição tão grande em seus aviões sem uma grande operação aérea, que envolvesse também as aeronaves de abastecimento.

Além disso, há dúvidas sobre o grau de eficácia do GBU-28. Para Douglas Barrie, uma bomba seria insuficiente.

Israel tem alguma alternativa militar?

Até agora só se discutiu a capacidade conhecida das Forças de Israel, mas o país possui uma indústria aeroespacial e eletrônica própria, que pode já ter produzido sistemas relevantes para um ataque ao Irã.

Barrie diz que ainda existem muitas coisas que não se sabe sobre a capacidade militar israelense.

Além disso, o próprio Irã possui sistemas russos de defesa. Entre esses sistemas estão os mísseis AS-5, para ameaças em grandes altitudes. O sistema móvel M1/AS-15 permite o lançamento de mísseis contra alvos em altitudes menores.

A Rússia tem se negado a abastecer o Irã com mísseis de maior alcance – como os S-300. Mas os iranianos dizem que conseguiram outros fornecedores para este tipo de arma.

Os sistemas iranianos podem estar um pouco antiquados, mas eles ainda são relativamente confiáveis. Um exemplo claro disso foi a forma como a Líbia conseguiu se defender de ataques da Otan, mesmo com armas antigas.

Um pequeno submarino israelense também pode desempenhar um papel em um potencial conflito. Douglas Barrie afirma que é grande a probabilidade de Israel lançar mísseis do mar, com seus submarinos alemães Dolphin.

No campo marítimo, especialistas acreditam que o Irã está completamente ultrapassado.

A maioria dos analistas concorda que um ataque israelense a alvos múltiplos tem potencial para causar fortes danos no programa iraniano.

No entanto, isso seria muito menor do que um ataque dos Estados Unidos, que possui muito mais capacidade militar do que Israel.

"Se os israelenses conseguissem fazer algo assim, seria uma demonstração impressionante do seu poderio", diz Barrie.

Segundo ele, poucos países no mundo teriam capacidade de fazer algo deste tipo.

Corpos de militares mortos na Antártida chegam ao Rio

Suboficial e sargento foram promovidos ao posto de segundo-tenente e admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, no grau Comendador

Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
A homenagem aos militares mortos na Antártida

A homenagem aos militares mortos na Antártida (Luis Bulcão)

Os corpos dos dois oficiais mortos no incêndio da Estação Comandante Ferraz, base militar brasileira na Antártida, chegaram ao Rio de Janeiro nesta terça-feira. O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos morreram ao tentar combater as chamas que destruíram 70% da estação. O avião da Força Aérea Brasileira Hércules C-130, que trouxe os corpos, pousou na Base Aérea do Galeão às 8h53. Os caixões foram conduzidos até um hangar da FAB, onde receberam homenagens.

Na cerimônia, eles foram promovidos ao posto de segundo-tenente, admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, no grau Comendador, honraria concedida pela presidente Dilma Rousseff, e agraciados com a Medalha Naval de Serviços Distintos, dada pelo comandante da Marinha, almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto. Participaram da solenidade o vice-presidente, Michel Temer, o ministro da Defesa, Celso Amorim, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Juniti Saito.

O silêncio tomou conta da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro no momento em que os caixões eram conduzidos ao hangar da Marinha. Em frente aos familiares das vítimas, o vice-presidente, Michel Temer, fez a admissão dos oficiais na Ordem do Mérito da Defesa e falou sobre o heroísmo e o exemplo que os militares deram à nação.

"Partem dessa vida sem medo, pelo exemplo que deram. Servirão de exemplo para a Marinha e para todas as Forças Armadas. O povo brasileiro lamenta a morte dessas duas preciosas figuras da marinha brasileira", disse Temer em discurso. Um grupo de marinheiros disparou três salvas de tiros em homenagem aos companheiros.

Carlos Carlos Alberto Vieira Figueiredo tinha 47 e havia ingressado na Marinha em 1982. Roberto Lopes dos Santos tinha 45 anos e entrou para a corporação em 1985. O comandante da Marinha, almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto, se emocionou ao falar sobre a experiência de ambos nas missões da Antártida. "Eram dois apaixonados pelo mar e pela Marinha. Nossa instituição também chora porque sabe que perdeu dois heróis", afirmou.

Carlos Alberto será enterrado em Vitória da Conquista Bahia. Roberto será sepultado no Rio de Janeiro. Os corpos foram encaminhados para o IML do Rio, onde passarão pelos procedimentos legais de óbito. Após o processo de perícia, ficarão à disposição dos parentes.

Cadeira de jovem morta no Hopi Hari pode ter saído destravada do chão

A perícia técnica feita no brinquedo do Hopi Hari do qual uma adolescente foi arremessada a 25 metros do chão na semana passada apontou indícios de que o assento onde ela estava já saiu do chão destravado.

Gabriela Yukay Nychymura morreu na manhã de sexta-feira (24) após cair do La Tour Eiffel, no parque de Vinhedo (SP). Nessa espécie de elevador, cada visitante sobe cerca de 70 metros em uma cadeira com trava individual e despenca em simulação de queda livre, podendo chegar a 94 quilômetros por hora.

Segundo testemunhas, apenas a cadeira de Nychymura estava com a trava levantada quando chegou ao chão. Os outros dez visitantes que estavam no brinquedo fizeram a descida normalmente.

De acordo com o perito criminal Nelson Patrocínio da Silva, se o equipamento de segurança estivesse travado antes de o brinquedo subir ele não teria se soltado durante a descida. "Pelos testes que realizamos, não teria chance de isso acontecer. Mas só o laudo final vai dizer se, no caso dela, o brinquedo saiu destravado [do chão]", afirmou. "O problema pode estar na liberação do brinquedo antes de subir."

FALHA HUMANA

Durante quase três horas desta segunda-feira (27), peritos realizaram avaliações no brinquedo acompanhados pelo delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior e do promotor Rogério Sanches Cunha.

"A meu ver, há mais chances de ter havido falha humana do que no mecanismo do brinquedo", afirmou o delegado, ressalvando que ainda é cedo para apontar responsáveis.

Para Cunha, houve negligência no caso. "Agora, quem foi negligente e qual foi o grau da negligência só saberemos com o andar da investigação." Segundo ele, tanto a manutenção do aparelho quanto a fiscalização e o momento de liberar o brinquedo para a subida serão analisados.

O Ministério Público acompanha o inquérito policial que apura o acidente e também instaurou um inquérito civil para investigar a segurança do parque para os visitantes.

O Hopi Hari afirmou que está prestando apoio à família da vítima e aos responsáveis pela investigação.


Jefferson Coppola - 24.fev.12/Folhapress
Funcionários fazem teste no brinquedo Torre Einffel do parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo (SP)
Funcionários fazem teste no brinquedo Torre Einffel do parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo (SP)

O ACIDENTE

Gabriela Yukay Nychymura caiu do brinquedo por volta das 10h20 de sexta (24). Ela foi encaminhada ao hospital com traumatismo craniano, mas chegou sem vida ao local. O acidente ocorreu no brinquedo La Tour Eiffel, um elevador com 69,5 metros.

Gabriela vivia no Japão e estava passando as férias na casa de familiares em Guarulhos (Grande SP). Segundo a polícia, ela estava no parque com a mãe e o pai, que são brasileiros.

"Uma testemunha que estava entrando no parque disse categoricamente que viu o corpo ser lançado depois da trava abrir", afirmou o delegado de Vinhedo, Álvaro Santucci.

O brinquedo foi vistoriado anteontem, mas a prioridade foram os blocos que estavam em funcionamento.

No sábado, o parque de diversões reabriu regularmente, mas a La Tour Eiffel continuava interditada.

Em nota, o parque informou que recebeu os visitantes que, como em todos os finais de semana, se programam com antecedência para visitá-lo.

"No momento da freada brusca, olhei para cima. Vi quando a trava se levantou e ela caiu. O barulho da pancada foi forte. Fiquei muito apavorada", disse a turista mineira Cátia Damasceno, 30, ainda transtornada na porta da delegacia.

Segundo o delegado Álvaro Santucci Jr., outras duas testemunhas que prestaram depoimento disseram ter visto o equipamento de segurança destravado.

O músico Victor Kawamura, 20, foi um dos que presenciaram o acidente. "Fiquei olhando e, na hora da brecada, a menina caiu. Ela chegou a gritar e, depois, deu para ouvir o barulho. A trava estava levantada e ela caiu de cabeça. Foi horrível", relatou.

A professora Lilian Galdino, 29, estava ao lado da vítima, no brinquedo. "Ela estava como todo o mundo fica, mas estava segurando embaixo e não na trava", disse.

O inquérito deve ficar pronto em até 30 dias.


Editoria de arte/Folhapress

Editoria de Arte/Folhapress

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

WikiLeaks: compra de aviões seria 'aposentadoria' de Lula

Funcionários do governo americano dizem a analista da Stratfor que aquisição de equipamentos militares pelo Brasil só poderia ter a ver com propina, revela e-mail

O caça Rafale, fabricado pela francesa Dassault, estava sendo sondado pelo Brasil

O caça Rafale, fabricado pela francesa Dassault, estava sendo sondado pelo Brasil (Tony Barson/Getty Images)

Um dos milhões de e-mails divulgados nesta segunda-feira pelo site WikiLeaks da empresa de inteligência e análise estratégica Stratfor diz respeito à compra de equipamentos militares pelo Brasil durante o governo Lula. Um funcionário do governo americano alocado no Brasil conversa sobre o negócio com um Stratfor chamado Marko Papic.

Um dos milhões de e-mails da empresa de inteligência e análise estratégica Stratfor que o site WikiLeaks começou a divulgar nesta segunda-feira diz respeito a negócios para a aquisição de equipamento militar pelo Brasil durante o governo Lula.

Em outubro de 2010, um funcionário do governo americano alocado no Brasil conversa sobre o negócio com um consultor da Stratfor chamado Marko Papic. Embora afirme não ter provas, ele é devastador no seu parecer: "A compra de submarinos é tão sem sentido que só pode ter a ver com propina. Lula provavelmente está cuidando do seu plano de aposentadoria. E veja só: a compra acontece 'curiosamente' no fim de seu mandato. O mesmo vale para os jatos. Nosso Departamento do Tesouro é vingativo quando se depara com subornos. Não podemos fazer nenhum negócio real num lugar corrupto como o Brasil. Os franceses não têm esses problemas".

Marko Papic ainda acrescenta um comentário: "Não é que eu discorde, mas acredito que a França também tornou a propina ilegal".

O servidor americano finaliza: “Desculpe-me não ter mais informações no que diz respeito à estratégia brasileira. A nossa avaliação é de que isso é puramente suborno. A única diferença é que agora o Brasil tem dinheiro, muito dinheiro, e pode de fato adquirir os equipamentos. Quero dizer, seria mera coincidência eles comprarem tanto equipamento militar da França? Os franceses sabem como realizar subornos”.

Estratégia – Ambos os negócios representam a disposição do governo brasileiro de modernizar suas Forças Armadas. A decisão envolve diplomacia e questões de estratégia militar. Em dezembro de 2008, por exemplo, o Brasil e a França firmaram acordo para construção de quatro submarinos da classe Scorpène, uma base naval e um estaleiro dedicado à produção das embarcações. O tratado de 6,7 bilhões de reais também previa a transferência de tecnologia para a produção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear. Em julho do ano passado, a presidente Dilma Rousseff participou da cerimônia em Itaguaí (RJ) que marcou o início da construção dos submarinos. O primeiro modelo deve ficar pronto em 2016 e ser entregue em 2017. Os demais serão disponibilizados entre intervalos de um ano e seis meses. O estaleiro e a base naval devem ser inaugurados em 2014 e o submarino nuclear, ficar pronto apenas em 2023.

O processo de aquisição de caças para a Força Aérea Brasileira, avaliado entre 4 bilhões e 6,5 bilhões de dólares, ainda está aberto. O assunto voltou a ganhar fôlego em 2012 depois de anos de avanço lento e adiamentos. Na “batalha dos caças”, os fabricantes têm oferecido ao Palácio do Planalto diferentes combinações de preço e políticas de transferência de tecnologia. Há cerca de dois anos, a Saab, fabricante do Gripen, foi a companhia que obteve a melhor avaliação da Força Aérea Brasileira (FAB).

Só que a opinião do órgão não se mostrou determinante. A venda quase foi fechada em 2009 para a francesa Dassault, que produz o Rafale, porque o ex-presidente Lula vivia uma lua de mel diplomática com o presidente Nicolas Sarkozy. No final de 2010, depois da data em que ocorreu a troca de e-mails entre o consultor da Stratfor e um funcionário do governo americano, as conversas entre ambos azedaram – e os franceses foram parar no ‘fim da fila’.

A Boeing, que participa da licitação com seus F-18 Super Hornet, intensificou seu lobby desde então. Neste ano, outra reviravolta. Em 31 de janeiro, a notícia da negociação para venda de 126 Rafales à Índia, por 12 bilhões de dólares, desviou o foco novamente para Paris. Desde então, fontes do Palácio do Eliseu e do Planalto dão como certo o fechamento do negócio com os franceses. Depois de dezesseis anos de adiamento, a presidente Dilma Rousseff parece estar disposta a fechar o negócio neste primeiro semestre.

Vazamento - A mensagem faz parte de Os Arquivos de Inteligência Global, com mais de 5 milhões de e-mails da companhia Stratfor, no Texas, EUA, divulgados nesta segunda-feira pelo WikiLeaks. Os e-mails datam de julho de 2004 a dezembro de 2011. Entre os clientes da Stratfor estão o Departamento de Segurança Pública dos Estados Unidos, a Marinha americana e grandes empresas.

Eleito melhor filme, "O Artista" é principal vencedor do Oscar

A produção francesa "O Artista", de Michel Hazanavicius, levou a estatueta de melhor filme e tornou-se o grande vencedor da 84ª edição do Oscar --das dez indicações, levou cinco prêmios: melhor filme, ator, direção, figurino e trilha sonora.

O prêmio foi entregue por Tom Cruise e o primeiro discurso foi do produtor Thomas Langmann, que agradeceu a todos "do fundo do coração", enquanto o cachorrinho Uggie, que até então não havia sido convidado para o Oscar, subiu ao palco depois de aparecer no telão. O diretor Michel Hazanavicius falou em seguida, agradecendo três vezes ao cineasta Billy Wilder (1906 - 2002).

Favorito ao Oscar com 11 categorias, inclusive a de melhor filme, "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese, também ganhou cinco prêmios, mas todos técnicos: fotografia, direção de arte, mixagem, edição de som e efeitos visuais.

Também competiram os filmes "Os Descendentes", "Tão Forte e Tão Perto", "Histórias Cruzadas", "Meia-Noite em Paris", "O Homem que Mudou o Jogo", "A Árvore da Vida" e "Cavalo de Guerra".

Um dos mais aclamados da temporada, "O Artista" dominou o Spirit Awards, considerado o Oscar do cinema independente, levou o prêmio do Sindicato dos Produtores, o Goya de melhor filme europeu, o Bafta de melhor filme e o Globo de Ouro de melhor comédia.

"O Artista", que se passa na Hollywood dos anos 20, conta a história de George Valetin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo que se recusa a participar de produções faladas. Ele acaba se apaixonando por Peppy Miller (Bérénice Bejo), nova musa do cinema falado.

ATOR

O ator francês Jean Dujardin, 39, confirmou o favoritismo ao ganhar a estatueta de melhor ator no Oscar por seu papel em "O Artista". É o quarto prêmio do aclamado longa-metragem, que concorre em dez categorias.

O prêmio foi apresentado por Natalie Portman, que venceu o Oscar de melhor atriz no ano passado por sua atuação em "Cisne Negro".

"Eu amo o seu país", suspirou Dujardin no início de seu discurso, que terminou com gritos de "merci, merci!" e "fuck! this shit is crazy!".

No filme mudo e em preto e branco de Michel Hazanavicius, Dujardin vive o astro de cinema mudo George Valentin, que se recusa a participar de produções faladas. Quem o ajuda é a musa Peppy Miller (Bérénice Bejo).

O ator francês enfrentou na categoria Demián Bichir, de "A Better Life", George Clooney, de "Os Descendentes", Gary Oldman, de "O Espião que Sabia de Mais" e Brad Pitt, de "O Homem que Mudou o Jogo".

Dujardin também levou o Spirit Awards, o Globo de Ouro e o Bafta por sua atuação em "O Artista".


Robyn Beck/France Presse
Jean Dujardin recebe a estatueta de melhor ator no Oscar
Jean Dujardin recebe a estatueta de melhor ator no Oscar

DIREÇÃO

O francês Michel Hazanavicius, 45, levou o prêmio de melhor direção pelo filme "O Artista" na 84ª edição do Academy Awards.

"Eu esqueci o meu discurso", disse Hazanavicius ao subir ao palco. "Eu sou o diretor mais feliz do mundo".

Hazanavicius competiu com Alexander Payne ("Os Descendentes"), Martin Scorsese ("A Invenção de Hugo Cabret"), Woody Allen ("Meia-Noite em Paris") e Terrence Malick ("A Árvore da Vida").

O diretor, que também levou o Bafta de melhor roteiro e direção, é o segundo francês a receber o Oscar de direção após o franco-polonês Roman Polanski.

Nenhum filme francês recebeu tantas indicações nem jamais concorreu a uma estatueta de melhor filme desde a criação do Oscar.

Na história recente, os filmes franceses que receberam mais de uma indicação são raros: "Camille Claudel", indicado duas vezes em 1990, "Cyrano de Bergerac" (cinco vezes em 1991), "Indochina" (duas vezes em 1993), "O fabuloso destino de Amélie Poulain" (cinco vezes em 2001) e "A voz do coração" (duas vezes em 2005).

VENCEDORES

FOTOGRAFIA
"O Artista"
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"A Árvore da Vida"
"Cavalo de Guerra"

DIREÇÃO DE ARTE
"O Artista"
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Meia-Noite em Paris"
"Cavalo de Guerra"

FIGURINO
"Anônimo", de Lisy Christl
"O Artista", de Mark Bridges
"A Invenção de Hugo Cabret", de Sandy Powell
"Jane Eyre", de Michael O'Connor
"W.E.", de Arianne Phillips

MAQUIAGEM
"Albert Nobbs"
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2"
"Dama de Ferro"

FILME ESTRANGEIRO
"Bullhead" (Bélgica)
"Footnote" (Israel)
"In Darkness" (Polônia)
"Monsieur Lazhar" (Canadá)
"A Separação" (Irã)

ATRIZ COADJUVANTE
Bérénice Bejo em "O Artista"
Jessica Chastain em "Histórias Cruzadas"
Melissa McCarthy em "Missão Madrinha de Casamento"
Janet McTeer em "Albert Nobbs"
Octavia Spencer em "Histórias Cruzadas"

MONTAGEM
"O Artista"
"Os Descendentes"
"Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"O Homem que Mudou o Jogo"

EDIÇÃO DE SOM
"Drive"
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Transformers: O Lado Oculto da Lua"
"Cavalo de Guerra"

MIXAGEM DE SOM
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"O Homem que Mudou o Jogo"
"Transformers: O Lado Oculto da Lua"
"Cavalo de Guerra"

DOCUMENTÁRIO
"Hell and Back Again"
"If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front"
"Paradise Lost 3: Purgatory"
"Pina"
"Undefeated"

ANIMAÇÃO
"Um Gato em Paris", de Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli
"Chico & Rita", de Fernando Trueba e Javier Mariscal
"Kung Fu Panda 2", de Jennifer Yuh Nelson
"Gato de Botas", de Chris Miller
"Rango", de Gore Verbinski

EFEITOS VISUAIS
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Gigantes de Aço"
"Planeta dos Macacos: a Origem
"Transformers: O Lado Oculto da Lua"

ATOR COADJUVANTE
Kenneth Branagh, de "Sete Dias com Marilyn"
Jonah Hill, de "O Homem que Mudou o Jogo"
Nick Nolte, de "Guerreiro"
Christopher Plummer, de "Toda Forma de Amor"
Max von Sydow, de "Tão Forte e Tão Perto"

TRILHA SONORA
"As Aventuras de Tintim", de John Williams
"O Artista", de Ludovic Bource
"A Invenção de Hugo Cabret", de Howard Shore
"O Espião que Sabia Demais", de Alberto Iglesias
"Cavalo de Guerra", de John Williams

CANÇÃO ORIGINAL
"Man or Muppet", do "Os Muppets", música e letra de Bret McKenzie
"Real in Rio", do filme "Rio", música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, letra de Siedah Garrett

ROTEIRO ADAPTADO
"Os Descendentes", de Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash
"A Invenção de Hugo Cabret", de John Logan
"Tudo Pelo Poder", de George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon
"O Homem que Mudou o Jogo", de Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin
"O Espião que Sabia Demais", de Bridget O'Connor e Peter Straughan

ROTEIRO ORIGINAL
"O Artista", de Michel Hazanavicius
"Missão Madrinha de Casamento", de Annie Mumolo e Kristen Wiig
"Margin Call - O Dia Antes do Fim", de Written by J.C. Chandor
"Meia-Noite em Paris", de Woody Allen
"A Separação", de Asghar Farhadi

MELHOR CURTA
"Pentecost"
"Raju"
"The Shore"
"Time Freak"
"Tuba Atlantic"

DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
"The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement"
"God Is the Bigger Elvis"
"Incident in New Baghdad"
"Saving Face"
"The Tsunami and the Cherry Blossom"

ANIMAÇÃO EM CURTA-METRAGEM
"Dimanche/Sunday"
"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore"
"La Luna" (da Disney)
"A Morning Stroll"
"Wild Life"

DIRETOR
"O Artista", de Michel Hazanavicius
"Os Descendentes", de Alexander Payne
"A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese
"Meia-Noite em Paris", de Woody Allen
"A Árvore da Vida", de Terrence Malick

ATOR
Demián Bichir, de "A Better Life"
George Clooney, de "Os Descendentes"
Jean Dujardin, de "O Artista"
Gary Oldman, de "O Espião que Sabia de Mais"
Brad Pitt, de "O Homem que Mudou o Jogo"

ATRIZ
Glenn Close, de "Albert Nobbs"
Viola Davis, de "Histórias Cruzadas"
Rooney Mara, de "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
Meryl Streep, de "A Dama de Ferro"
Michelle William, de "Sete Dias com Marilyn"

FILME
"O Artista"
"Os Descendentes"
"Tão Forte e Tão Perto"
"Histórias Cruzadas"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Meia-Noite em Paris"
"O Homem que Mudou o Jogo"
"A Árvore da Vida"
"Cavalo de Guerra"

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Morte de militares na Antártida e naufrágio de embarcação mostram a situação de penúria das Armadas

Sem preparo – O chamado céu de brigadeiro está longe do Ministério da Defesa. Algo absolutamente esperado, pois ao longo dos últimos dez anos as Forças Armadas foram vilipendiadas e sucateadas, sem que ao menos um dos seus representantes protestasse contra a atitude de um governo revanchista, que nos dias atuais repete o que condenou com veemência no passado.

A decisão da presidente Dilma Vana Rousseff de entregar a pasta da Defesa ao agora petista Celso Amorim sinalizou as intenções do governo com as Armas. Com atuação pífia como ministro das Relações Exteriores, na era Lula da Silva, Celso Amorim é um antigo desafeto dos militares. Durante a ditadura, Amorim, juntamente com seu inseparável amigo Samuel Pinheiro Guimarães, o Samuca, foi escorraçado da Embrafilmes após financiar com dinheiro público um filme contra os militares.

A morte de dois militares na Estação Antártica Comandante Ferraz, base da Marinha do Brasil atingida por um incêndio, foi confirmada na tarde deste sábado (25) pelo ministro Celso Amorim, depois de um sem fim de evasivas e informações propositalmente desencontradas. Outro militar ficou ferido e foi levado para um hospital de Punta Arenas, no Chile.

Horas antes de confirmar a morte dos dois militares brasileiros, o Ministério da Defesa informou, em nota, que Celso Amorim ficou “consternado” ao ser informado do acidente e está “preocupado” com o sargento Luciano Gomes Medeiros, que sofreu ferimentos, e com os dois militares desaparecidos, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos.

Em seu discurso de posse, em agosto de 2011, quando substituiu o gaúcho Nelson Jobim no comando da Defesa, Amorim disse, sem conhecimento de causa, que o Brasil não é um país indefeso e desarmado. O acidente ocorrido na Antártida é prova maior do estado de penúria em que se encontram as Forças Armadas e compromete sobremaneira o poder de beligerância do País.

Como se esconder a verdade fosse a receita mais adequada para um Estado democrático, o Ministério da Defesa, com a devida anuência do Palácio do Planalto, abafou durante aproximadamente dois meses o naufrágio de uma embarcação no mar da Antártida. Rebocada pela Marinha brasileira, a chata (embarcação de fundo chato usada para transporte de carga) afundou com 10 mil litros de óleo combustível. O produto, altamente poluente e que poderá causar estragos ambientais irreversíveis na região, ainda não vazou, mas está a 40 metros de profundidade e a 900 metros da praia onde fica a Estação Antártica Comandante Ferraz. É importante destacar que o Brasil é signatário de tratados de preservação ambiental na Antártida e, por conseguinte, se comprometeu a não poluir o continente.

Longe de querer duvidar da capacidade dos militares brasileiros, que têm conseguido sobreviver a duras penas sob um governo que dá guarida a terroristas, mas uma Armada que tem problemas durante o reboque de reles embarcação não dá a seus governantes o direito de afirmar que o país está preparado para o confronto bélico. Se Celso Amorim repetir na Defesa o que protagonizou na diplomacia verde-loura, o Brasil em breve será terra de ninguém.

70% da base na Antártida foi destruída, informa Marinha

O incêndio na casa de máquinas da Estação Antártica Comandante Ferraz levou à destruição de 70% da base, informou neste domingo (26) a Marinha. Além disso, foi divulgado que os corpos dos militares mortos no acidente foram encontrados. O acidente, que ocorreu na madrugada de sábado.

"A avaliação preliminar da equipe do Grupo-Base que esteve na estação brasileira indica que aproximadamente 70% das instalações foram destruídas pelo fogo. O prédio principal da base, onde ficavam a parte habitável e alguns laboratórios de pesquisas, foi completamente atingido pelo incêndio, tendo permanecidos intactos os refúgios (módulos isolados para casos de emergência), os laboratórios (de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera), os tanques de combustíveis e o heliponto da estação, que são estruturas isoladas do prédio principal", diz a Marinha, em nota oficial.

Leo Caldas-25.fev.2012/France Presse
Incêndio destruiu base brasileira na Antártida
Incêndio destruiu base brasileira na Antártida

Os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos, que morreram ao tentar impedir o incêndio na estação, foram transferidos para a Base Chilena Eduardo Frei. Permanecerão lá até as condições meteorológicas na região tornarem possível o transporte para a cidade de Punta Arenas, no Chile. Posteriormente, serão trazidos para o Brasil.

O militar ferido, primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros, foi recebido em Punta Arenas por um médico da Marinha e transferido para o Hospital das Forças Armadas do Chile, onde está internado para observação e curativos. Medeiros não corre risco de morte e não há restrições quanto ao regresso ao Brasil.

Os 30 pesquisadores, o alpinista, o representante do Ministério do Meio Ambiente e os 12 funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, devem decolar às 15h deste domingo, com chegada prevista à Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro às 23h50. O Hércules fará escala em Pelotas (RS) para o desembarque de quatro pesquisadores.


Editoria de Arte/folhapress

Dilma agora tem pressa de definir o caça

Depois de muitos adiamentos, novo avião de ataque da FAB pode sair ainda neste semestre

ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo

A escolha do novo caça de múltiplo emprego da Força Aérea Brasileira (FAB), o programa F-X2, entrou na etapa final. O processo está muito atrasado. A primeira versão foi apresentada há 16 anos, em 1996. Depois disso, houve vários adiamentos, o último em 2011.

A presidente Dilma Rousseff está disposta a anunciar a decisão no menor prazo possível, talvez ainda no primeiro semestre deste ano, como disse o ministro da Defesa, Celso Amorim.

Há boas razões para isso. A janela de oportunidade permanecerá aberta apenas por mais seis meses. Depois de setembro, será difícil para qualquer dos três finalistas iniciar a entrega dentro do novo prazo, entre 2015 e 2016.

A contar do momento do anúncio do vencedor, até a assinatura do contrato principal e dos compromissos acessórios, a negociação vai exigir um ano de ajustes. Nesse período o governo não fará nenhum pagamento.

Mais que isso, o negócio, estimado entre US$ 4 bilhões e US$ 6,5 bilhões, está no ponto mais favorável, segundo especialistas em financiamento de equipamentos militares ouvidos pelo Estado. A operação de crédito é um dos pontos sensíveis da escolha. Há vários meses circulam no mercado de Defesa informações de que os concorrentes francês (Dassault, com o caça Rafale) e sueco (Saab, com o Gripen) teriam alongado os prazos de carência e amortização.

A americana Boeing (com o Super Hornet F-18) enfrenta problemas: o Eximbank não pode financiar a venda de produtos militares, levando a operação para os bancos privados e juros altos.

A seleção do Rafale para a encomenda de 126 unidades para a aviação da Índia é um fator considerado na escolha brasileira - todavia, não é decisivo. A transação ainda depende dos acertos financeiros e de transferência de tecnologia. É o viés que interessa na F-X2, cujo fundamento é o acesso irrestrito ao conhecimento.

Há também uma discreta preferência pelos modelos bimotores, o F-18 e o Rafale, principalmente entre os "caçadores". Os engenheiros destacam a possibilidade de desenvolver um projeto completo, oferecida apenas pela Saab.

Fora de forma. O plano da Aeronáutica para a frota de combate fixa a desativação dos 12 Mirage 2000C/B do 1.º Grupo de Defesa Aérea - comprados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em acordo direto com o governo da França, em 2005 -, a partir de 2014 ou pouco além. O limite pode ser estendido, mas o custo de manutenção dos supersônicos vai crescer. Os F-X2 não chegarão a tempo de substituir a frota de superioridade aérea.

Por algum tempo o trabalho terá de ser feito pelo F-5M, o resultado da revitalização pela Embraer Defesa no velho F-5E americano, hoje o principal caça da FAB. Entretanto, ressalta um brigadeiro do setor tecnológico da Força, esses jatos estão sob risco de entrar em fadiga de célula - o nome do esgotamento físico das máquinas. O empreendimento completo da Defesa estabelece como meta, até 2027, o contrato de 124 caças. Em configurações próprias, sobre a mesma plataforma, vão substituir toda a frota de ataque da FAB.

Ministro da Defesa confirma morte de dois militares brasileiros na Antártida

O ministério da Defesa confirmou que dois corpos foram achados nos escombros da Estação Antártica Comandante Ferraz, base militar brasileira de pesquisas na Antártida destruída após incêndio na madrugada deste sábado. Há indícios de que os corpos sejam do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do sargento Roberto Lopes dos Santos, que estavam desaparecidos.

Leo Caldas/France Presse
Incêndio destruiu base brasileira na Antártida
Incêndio destruiu base brasileira na Antártida

A Força Naval enviará uma equipe de peritos para identificá-los e confirmar os óbitos, diz a nota do ministério.

Outro ocupante da estação, o sargento Luciano Gomes Medeiros encontra-se internado em virtude de ferimentos. Ele será transferido ainda hoje para Punta Arenas e, depois, para o Rio de Janeiro.

Informações preliminares da Marinha do Brasil informaram que um incêndio na "praça de máquinas", local onde ficam os geradores de energia da Estação Ferraz, causou uma explosão que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, base militar brasileira de pesquisas na Antártida.

A base tinha uma infraestrutura que incluía laboratórios científicos bem equipados, dormitórios e cozinha industrial, biblioteca, oficinas e instalações técnicas para embarcações usadas em expedições.

A Marinha disse estar "extremamente consternada" com o ocorrido. A estação, que começou a operar em 1984, atualmente abrigava 59 pessoas.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, divulgou nota de pesar após ter sido informado pelo comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, sobre o acidente.

Segundo o ministério, Amorim recebeu a notícia no início da manhã e, em seguida, informou a presidente, Dilma Rousseff, do ocorrido.

Um Avião da FAB C-130 decolou às 17h30 deste sábado da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, em direção ao Chile para resgatar os brasileiros que estavam na estação.

De acordo com a Aeronáutica, o avião fará um pouso em Pelotas (RS) e deverá chegar a Punta Arenas, no Chile, por volta das 3h de amanhã, já considerado o novo horário nacional. Ainda não há confirmação sobre o retorno da aeronave. A previsão é que isso aconteça na tarde de domingo.


Carolina Daffara/Editoria de Arte

Um esquema bilionário no Denatran

Privatização da gestão das vistorias veiculares no País é considerada irregular pelo Ministério Público. O negócio que movimenta R$ 5 bilhões foi articulado pelo senador Ciro Nogueira

Claudio Dantas Sequeira

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PADRINHO
O senador Ciro Nogueira foi quem indicou o diretor do Denatran, Júlio Arcoverde

Há sete anos, o PP controla o Ministério das Cidades. Mas o partido não é homogêneo. Na lógica partidária de loteamento da pasta, o Denatran tornou-se feudo do senador piauiense Ciro Nogueira. Toda resolução emitida pelo órgão é antes discutida a portas fechadas num escritório de advocacia em Brasília. No fim do ano passado, o senador teve um encontro com o diretor do Denatran, Júlio Arcoverde, o ex-deputado Inaldo Leitão, o coordenador-geral de informatização Roberto Craveiro e o lobista Gil Pierre Herck, afastado em dezembro, após ISTOÉ denunciar que ele trabalhava em benefício de ex-sócios e integrantes da Associação Nacional das Empresas de Perícias e Inspeção Veicular (Anpevi). O objetivo da reunião era discutir a evolução do processo de privatização das vistorias no País. Foram debatidas estratégias para tornar a vistoria veicular também obrigatória para a emissão do licenciamento anual dos veículos e maneiras de garantir o controle sobre a administração de um negócio de legalidade suspeita e que movimenta R$ 5 bilhões por ano, as chamadas UGCs, Unidades de Gestão do Cadastro Veicular.

O negócio, questionado pelo Ministério Público e alvo de investigação da Polícia Federal, foi idealizado no início da gestão do PP nas Cidades e posto em prática a partir da publicação da resolução 282, de 2008, que passou à iniciativa privada a competência para a realização de vistorias – antes exclusivas dos Detrans. Para a gestão dos laudos de vistoria, foi criado um sistema operado pelas UGCs, que passaram a agir como intermediárias entre as empresas de vistoria e o Denatran. Hoje, para a empresa de vistoria operar ela precisa estar credenciada à UGC, que cobra uma taxa pelo acesso ao banco de dados do Renavam. O problema é que, ao criar as UGCs, a turma de Ciro Nogueira, além de não ter recorrido à licitação, como previsto em lei, numa canetada concedeu a um grupo seleto de cinco empresas o direito de comercializar informações do poder público.

Os atos administrativos que criaram as UGCs são questionados na Justiça Federal em vários processos movidos pelo Ministério Público, Detrans e sindicatos de despachantes. Numa ação acolhida pela Justiça Federal em Minas Gerais, por exemplo, o procurador Tarcísio Henriques Filho exige a suspensão das vistorias em território nacional e a intimação da cúpula do Denatran. Alega que vistoria é “exercício do poder policial” e deveria continuar sendo prestado pelos Detrans. O Tribunal de Justiça do DF, em decisão da Quarta Turma Cível, questiona também a concessão do serviço às UGCs sem licitação. Em outra ação que corre na Justiça Federal do DF, o advogado Everton Calamucci, presidente da Federação Nacional dos Despachantes, denuncia que haveria uma única UGC vendendo o acesso a outras quatro. As suspeitas recaem sobre a Oxxy.Net, conhecida no mercado pelo nome AutoConsulta. Ela foi credenciada no ano passado junto com as empresas Compuletra, Praxis, Otimiza e TAN.

A PF tem informações de que a Oxxy teria o lobista Gil Herck como sócio oculto. Um “termo de compromisso” foi assinado em 8 de dezembro de 2008 entre Herck e os empresários Humberto Celina, Vagner Caovila, Marciano Nascimento e Carlo Cigna. Um mês depois, foi constituída no número 404 da rua Sete de Abril, em São Paulo, a Oxxy.Net Consultoria. Curiosamente, no mesmo endereço funcionam a Oxxygenium Digital Technologies, que desenvolve a plataforma usada pela Oxxy para credenciar as empresas de vistoria, e as empresas ClickConsult e ClickAuto. Esta tem como sócios Caovila, presidente da Anpevi e advogado de Herck, e a empresa Checkauto Informações Veiculares, investigada pela PF por venda de dados do Renavam. Apesar de estar na mira do MP, Ciro Nogueira garante que não participa de encontros em escritórios de advocacia e que só passou a ter influência no Denatran com a nomeação de Júlio Arcoverde. “O antecessor era da cota do Mário Negromonte. As investigações são da gestão deles.”

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Após incêndio, aeronave da FAB chega ao Chile para buscar brasileiros

Fogo na base da Marinha na Antártida matou duas pessoas no sábado (25).
Militares e funcionários aguardavam resgate em Punta Arenas, no Chile.

Do G1, em SP

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a aeronave que foi buscar os brasileiros que estavam na base incendiada da Marinha na Antártida chegou a Punta Arenas, no extremo sul do Chile, na madrugada deste domingo (26). O grupo formado por militares e funcionários aguardava no local após ter sido retirado da Antártida por um avião da Força Aérea da Argentina. Ainda não há definição sobre o horário de retorno para o Brasil, de acordo com a FAB.

O incêndio ocorreu, segundo a Marinha, no local onde ficam os geradores de energia da Estação Antártica Comandante Ferraz, por volta das 2h (horário de Brasília) deste sábado (25). O ministro da defesa, Celso Amorim, confirmou na tarde de sábado a morte de dois militares. Um terceiro militar ficou ferido. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar as causas do incêndio.

Ao todo, estão em Punta Arenas à espera de resgate 30 pesquisadores, um alpinista que auxilia nos estudos, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.

Na tarde de sábado, uma aeronave C-130 Hercules partiu do Brasil para fazer o resgate dos brasileiros no Chile. A aeronave deixou a base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, às 17h30 e desembarcou em Punta Arenas por volta de 3h deste domingo (26), de acordo com a FAB.

Vítimas
Em nota, o Ministério da Defesa informou no sábado que há indícios de que os dois corpos encontrados na estação incendiada sejam do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do sargento Roberto Lopes dos Santos, que estavam desaparecidos.

De acordo com a nota, o sargento Luciano Gomes Medeiros ficou ferido e está internado. Ele recebeu os primeiros socorros na estação polonesa de Arctowski e depois foi levado para a base chilena Eduardo Frei.

Segundo o ministro da defesa Celso Amorim, não é possível saber ainda a extensão do prejuízo a equipamentos e pesquisas desenvolvidas pelos brasileiros na região. "Todo o núcleo central, onde estão concentrados os equipamentos, foi perdido. O grau exato do que ocorreu ainda terá de ser objeto de perícia, mas a avaliação é que perdeu-se praticamente tudo", afirmou.

Incêndio em base na Antártida (Foto: Armada de Chile/Reuters)Incêndio em base na Antártida (Foto: Armada de Chile/Reuters)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Horário de verão termina neste domingo

Após quatro meses em vigência, o horário de verão terminará à 0h deste domingo (26). Os brasileiros que moram nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, além do Estado da Bahia, terão que atrasar o relógio em uma hora.

O horário é adotado no país com o objetivo principal de aliviar as redes de transmissão de energia nos períodos do dia em que o consumo é mais intenso.

Na última vez em que foi adotado, no entanto, o resultado da medida foi inferior ao esperado pelo setor elétrico e em relação à edição anterior. A redução de demanda na última edição foi de 4,4%. No ano anterior, a economia foi maior, de 4,7%.

Desde 2008, um decreto presidencial estabelece datas fixas para o início e término do horário de verão. Antes, anualmente, era publicado um decreto para definir o período da mudança.

De acordo com o decreto, a mudança no horário ocorre, todos os anos, entre o terceiro domingo de outubro e o terceiro domingo de fevereiro. Se a data coincidir com o domingo de Carnaval --como ocorre neste ano--, o final do horário de verão é transferido para o próximo domingo.


Editoria de Arte/Folhapress

Depois do descanso...

... presidenta Dilma Rousseff cumpre agenda no Exterior para facilitar acordos comerciais vitais à indústria brasileira em tempos de crise

Izabelle Torres

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ITINERÁRIO
No roteiro de Dilma estão previstos encontros com
Barack Obama, nos EUA, e Angela Merkel, na Alemanha

Depois do descanso na Bahia durante o Carnaval, a presidenta Dilma Rousseff voltou ao trabalho com a firme disposição de consolidar o status do Brasil como estrela de primeira grandeza na cena internacional. Com a experiência acumulada no primeiro ano de governo e o reconhecimento de seus colegas chefes de Estado, ela sabe que estreitar relações comerciais e marcar presença em fóruns multilaterais é uma questão vital para a indústria nacional, principalmente nestes tempos de crise nas economias do Velho Mundo. É com esse pensamento que a presidenta traçou uma agenda estratégica. Inicia o mês de março com uma viagem à Alemanha, de Angela Merkel, e depois segue para a Índia, onde participará de reunião das potências emergentes, os chamados Brics. Em abril, desembarca nos Estados Unidos, a convite de Barack Obama e em seguida visitará o México, para encontro do G-20. Em todo o roteiro, Dilma Rousseff levará na mala a pressão de empresários por acordos que fortaleçam os negócios e facilitem as exportações. Além disso, usará de seu prestígio para atrair atenção para a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, em junho.

Apesar de todos os olhos de economistas e empresários estarem voltados para a visita de Dilma aos EUA, a peregrinação internacional começa pela conturbada Europa. Com a reverência natural ao fato de a economia brasileira navegar ao largo da tempestade que ameaça o euro, a presidenta viaja no dia 5 de março para Hannover, na Alemanha. Vai visitar uma feira de tecnologia, a CeBit 2012, que pela primeira vez terá participação brasileira. O objetivo é ampliar o papel do País nas discussões mundiais sobre desenvolvimento tecnológico. O convite feito à presidenta pela chanceler Angela Merkel demonstra o interesse de empresas alemãs de se aproximar do nosso mercado consumidor de produtos eletrônicos e de usufruir da ascensão da classe média nacional. Mas Dilma e Merkel também terão um encontro a portas fechadas. Na pauta da conversa, a crise europeia e também planos de parcerias entre os dois países, entre eles a inclusão da Alemanha no programa Ciência sem Fronteiras, lançado pelo governo Dilma em 2011. A ideia é firmar um convênio para que o governo mande mais de dez mil estudantes brasileiros para universidades alemãs.

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ÚLTIMOS ACERTOS
Em encontro com o chanceler Antonio Patriota, durante a
semana, Dilma definiu as prioridades do périplo internacional

Em abril, a aguardada viagem aos Estados Unidos, além de sinal de cordialidade com Barack Obama, tem tudo para abrir um novo tempo nas relações com aquele país. Dilma encontra-se numa situação bem mais confortável do que em março de 2011, quando ainda era uma estreante na política e recebeu Obama em Brasília. Agora, a presidenta já impôs seu estilo de comando, possui índices de popularidade inéditos e conquistou o respeito da mídia internacional. Nesse cenário, Dilma pode ter facilitada a missão de celebrar acordos com os EUA, capazes de fazer as exportações brasileiras recuperarem o espaço perdido no mercado americano nos últimos anos.

Mas não será uma tarefa tão fácil. De 2000 a 2011, o saldo comercial com os EUA passou de um superávit superior a R$ 300 milhões para um déficit de mais de R$ 8 bilhões por ano. Segundo o professor Eiiti Sato, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, o grande desafio é reparar antigos erros. “O Brasil é um dos únicos mercados que conseguem um déficit tão grande nas exportações”, avalia. Ciente das dificuldades, Dilma mandou seus ministros adiantarem as negociações. Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, iniciou conversas com os americanos sobre a abertura do mercado de carne in natura e as barreiras impostas à laranja brasileira por conta de um agrotóxico proibido por Washington.

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COM A FAMÍLIA
Dilma (à dir.) desfrutou o feriado de Carnaval na
praia localizada na Base Naval de Aratu, Bahia

Na agenda internacional, há ainda a participação de Dilma no encontro dos Brics, de 20 a 29 de março em Nova Déli. A reunião servirá para aproximar ainda mais Brasil, Rússia, Índia e China. “Além da agenda econômica, o bloco também buscará uma posição sobre desenvolvimento sustentável. O Brasil também será importante para iniciar uma discussão sobre a retirada dos EUA do comando do Banco Mundial”, afirma João Pontes Nogueira, coordenador-geral do Brics Policy Center e diretor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. Os compromissos do primeiro semestre devem incluir ainda a VI Cúpula das Américas, de 9 a 15 de abril na Colômbia, e o encontro do G-20, em junho, no México. Com o prestígio internacional em alta, a prioridade de Dilma Rousseff é resolver pendências comerciais e se aproximar das nações de forma bilateral. Bem ao seu estilo, a presidenta deseja que os brindes de amizade rendam bons frutos para a economia brasileira.

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Governo esconde naufrágio de barco com 10 mil litros de óleo na Antártida

Sergio Torres, de O Estado de S. Paulo

RIO - Uma chata (embarcação de fundo chato usada para transporte de carga) rebocada pela Marinha afundou em dezembro no litoral da Antártida com uma carga de 10 mil litros de óleo combustível.

Poluente, o produto não vazou, mas está a 40 metros de profundidade e a 900 metros da praia onde fica a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira no continente. Um compartimento dentro da embarcação armazena o diesel.

O naufrágio vem sendo mantido em sigilo tanto pela Marinha quanto pelos ministérios que integram o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) – Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores e Minas e Energia e Defesa. Não houve vítimas no acidente.

O Brasil é signatário de tratados de preservação ambiental na Antártida e, portanto, se comprometeu a não poluir o continente.

Sem divulgação oficial por parte do governo, chega na próxima semana à Baía do Almirantado, onde a chata foi a pique, os navios de socorro Felinto Perry, da frota da Marinha, e Gulmar Atlantis, contratado pela Petrobrás. O Felinto Perry é especializado em resgate de submarinos, além de outras operações complexas.

Mergulhadores da Petrobrás, treinados para atuar em acidentes que envolvem vazamentos nas estruturas de exploração e produção de petróleo, participarão da tentativa de resgate.

O planejamento prevê o içamento da chata por boias e guindaste, para que o gasoil artic (combustível anticongelante produzido pela Petrobrás para a ação brasileira na Antártida) possa ser retirado do meio ambiente antes que comece a vazar.

É uma operação considerada de risco, por causa do clima inóspito da região.

Clima. A chata afundou em consequência do mau tempo. Estava sendo rebocada para a terra por quatro embarcações pequenas quando, possivelmente por causa do vento forte e do mar agitado, ela naufragou. Não havia marinheiros a bordo, pois a chata não tem tripulação.

Flutuante sem motor ou qualquer outro tipo de propulsão própria, a embarcação só navega a reboque. Sua função é cargueira. A que naufragou na Antártica tinha fundo reforçado e paredes duplas, para dificultar os vazamentos de óleo.

A chata servia à Estação Antártica. Cabia a ela transportar para a terra os combustíveis líquidos trazidos pela Marinha para o abastecimento da base. O gasoil artic permanece armazenado em 17 tanques.

Por ano, a estação consome 320 mil litros de óleo, empregados em geração de energia e aquecimento interno e da água, indispensáveis em ambientes cuja temperatura pode ficar abaixo de -30°C.

Na estação vivem 15 militares da Marinha, 15 funcionários civis do Arsenal de Marinha (para manutenção, reparos e emergências) e, em sistema de rodízio, 30 pesquisadores (biólogos, biofísicos, geólogos, oceanógrafos e químicos, entre outros) de universidades e instituições científicas brasileiras.

Espera. O resgate da chata não tem data marcada. Dependerá das condições climáticas. Há uma semana, nevascas cobriram com uma camada de pelo menos 1 metro de altura solo da enseada da Ilha Rei George, sede da base nacional. Os ventos superiores a 100 quilômetros por hora impediram os cientistas de realizar trabalhos de campos. Tiveram de ficar confinados.

Depois disso, o tempo melhorou, com o surgimento do Sol. Antes negativas, as temperaturas chegaram a 5°C. Como o verão está no final, são esperadas para breve quedas bruscas nas temperaturas e tempestades de neve. Daí a necessidade de o resgate ser feito o mais rapidamente possível, para que ocorra em condições de segurança.

Alívio. As observações feitas após o naufrágio por um robô de inspeção submarina mostraram que o diesel não vazou, para alívio dos profissionais da estação e do governo brasileiro, preocupado com a repercussão internacional que um derramamento de poluentes na Antártida pode representar.

Conhecido como Protocolo de Madri, o Tratado da Antártica para Proteção ao Meio Ambiente, em vigor desde 1998, torna o continente reserva natural destinada à ciência. O tratado proíbe até o ano de 2047 a exploração econômica dos recursos minerais e regulamenta e controla a presença humana no local.

O artigo 3.º do protocolo estabelece que as atividades na Antártida sejam “organizadas e executadas com base em informações suficientes que permitam avaliações prévias e uma apreciação fundamentada de seu possível impacto no meio ambiente antártico e dos ecossistemas dependentes e associados”.

Caso o diesel vaze, o acidente com a chata poderá ser interpretado pela comunidade internacional como um desrespeito ao protocolo, por falta de planejamento e pelo uso de processo tido como obsoleto.

Para os cientistas, um sistema de dutos – que não foi implantado na base brasileira – seria o ideal para transportar combustível entre as embarcações e os tanques.

O artigo também estabelece que deverão ser evitados impactos negativos sobre a qualidade do ar e da água; modificações significativas no meio ambiente atmosférico, terrestre, glacial e marinho; riscos para as espécies animais e vegetais; e degradação de áreas com especial significado biológico, científico, histórico, estético ou natural.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dilma intervém em crítica de militares a ministras

Os presidentes dos Clubes Militares foram obrigados ontem a publicar uma nota desautorizando o texto do "manifesto interclubes" que criticava a presidente Dilma Rousseff por não censurar duas de suas ministras que defenderam a revogação da Lei da Anistia.

Dilma não gostou do teor da nota, por não aceitar, segundo assessores do Planalto, qualquer tipo de desaprovação às atitudes da comandante suprema da Forças Armadas.

A presidente convocou o ministro da Defesa, Celso Amorim, para pedir explicações e este se reuniu com os comandantes das três Forças, que negociaram com os presidentes dos clubes da Marinha. Exército e Aeronáutica, a "desautorização" da publicação do documento, que foi colocado no site do Clube Militar, no dia 16, como revelou o Grupo Estado. O episódio deverá servir para acelerar a nomeação dos integrantes da Comissão da Verdade, sancionada em novembro pela presidente e que está em banho-maria no Planalto.

Apesar de terem sido obrigados a recuar, para não criar uma crise militar, os presidentes dos Clubes não se conformam com as críticas que as Forças Armadas têm recebido e temem que a comissão da verdade só ouça um dos lados na hora de trabalhar. Os presidentes dos Clubes da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, e da Marinha, almirante Ricardo da Veiga Cabral, disseram que em momento nenhum quiseram criticar a presidente Dilma e que a nota foi uma "precipitação", no momento em que os principais assuntos para a categoria, são a defasagem salarial e a necessidade de reaparelhamento das Forças Armadas.

O almirante Veiga Cabral, no entanto, classificou como "provocação" as falas das ministras das Mulheres, Eleonora Menicucci, e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. "É uma provocação. Não podemos ficar parados. É natural que haja uma reação porque não é possível ficarmos sendo desafiados de um lado e engolirmos sapo de outro. A vida é assim, a cada ação tem uma reação", comentou o almirante, que disse ter havido "uma coincidência de interesses" neste momento, de se tirar a nota do ar. O almirante ressalvou que embora os militares, mesmo na reserva estejam sujeitos ao Estatuto dos Militares, "os clubes não estão subordinados ao Poder Executivo".

A nota dos Clubes Militares foi publicada no site do Clube Militar, que representa o Exército, quinta-feira que antecedeu o Carnaval e reproduzida pelo jornal O Estado de S. Paulo na edição de terça-feira. No dia seguinte, houve a reunião do ministro da Defesa com os comandantes e uma conversa com a presidente Dilma. Paralelamente a esta movimentação, os comandantes das três forças telefonaram para os presidentes dos três clubes para que a nota fosse suprimida. Ontem, o "comunicado interclubes" produzido a partir da reunião da semana passado foi retirado do site no início da tarde e por volta das 16 horas, colocada no ar um outro, dizendo que os presidentes desautorizavam o texto. Este desmentido, no entanto, não chegou a ficar meia hora no ar. O Clube do Exército, para tentar encerrar a polêmica, retirou a nota e o desmentido da nota, mas a polêmica já estava criada no meio militar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Supremo aceita denúncia contra senador por trabalho escravo

Em sessão nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por 7 votos a 3, que o senador João Ribeiro (PR-TO) será réu em um processo que irá investigar as acusações de que tenha empregado 35 trabalhadores em regime de escravidão.

O Supremo aceitou denúncia do Ministério Público que, entre outros, acusa o senador dos crimes de redução à condição análoga à de escravo, aliciamento de menor e submissão a condições degradantes de trabalho em uma fazenda de sua propriedade no município de Piçarra, interior do Pará.

Sergio Lima - 10.nov.10/Folhapress
Senador João Ribeiro (PR-TO)
Senador João Ribeiro (PR-TO)

De acordo com a Procuradoria, os trabalhadores não tinham acesso a água potável e luz, trabalhavam aos finais de semana e em jornadas acima de 12 horas diárias, dormiam em chão de terra e não tinham liberdade de locomoção.

A denúncia afirma ainda que os trabalhadores tinham que comprar a comida e instrumentos de trabalho na fazenda, o que implicava em escravidão por dívidas.

O julgamento da denúncia começou em 2010 no Supremo, mas foi interrompido por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. A ministra Elle Gracie (já aposentada), relatora do caso, votou pelo recebimento da denúncia à época.

Na sessão plenária de hoje, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Marco Aurélio votaram pela rejeição da denúncia, afirmando que as condições a que eram submetidos os trabalhadores, apesar de degradantes, não configuravam o regime de escravidão. Segundo os ministros, não ficou provado que tenha havido restrição de liberdade

"Se for dada à vítima a liberdade de abandonar o trabalho e rejeitar as condições supostamente degradantes, não é razoável pensar em crime de redução à condição análoga ao trabalho escravo", afirmou Mendes.

O ministro afirmou que muitas das condições degradantes mencionadas na denúncia são problemas comuns do trabalho rural, e não necessariamente trabalho escravo.

Para ele, também não ficou provado o crime de aliciamento de menor -- de acordo com o Ministério Público, um adolescente de 16 anos foi contratado para roçar um terreno durante 25 dias.

"Qual alternativa oferecemos aos jovens no campo? [depois da fiscalização] Ele foi encaminhado a algum programa de assistência? Foi dada a ele alguma vaga em uma escola ou curso profissionalizante?"

O ministro Ayres Britto rejeitou o argumento de Mendes. "Essa é uma espécie de raciocínio que eu queria traduzir com as seguintes palavras: 'o trabalhador miserável que se submeta a uma condição de trabalho miserável'. Se por um acaso eu encontrar um pássaro preso em uma arapuca, eu vou soltá-lo imediatamente, eu não vou perguntar se ele corre o risco de cair em outra arapuca."

Votaram pelo recebimento da denúncia, além de Ellen Gracie e Britto, Luis Fux, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Celso de Mello e o presidente da corte, Cezar Peluso, que acolheu parcialmente o pedido. Não votaram Rosa Weber, por ter entrado no lugar de Ellen Gracie, e Ricardo Lewandowski, que estava ausente.

Ribeiro é réu em outra ação penal no STF, acusado pelo crime de peculato. Há contra ele ainda dois inquéritos, que investigam crimes ambientais e estelionato. Contatada, a assessoria do parlamentar afirmou que ele se manifestaria por meio de nota a ser publicada.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Receita anuncia mudanças na emissão de boletos para IR devido

A Receita Federal não vai mais permitir, a partir deste ano, imprimir todos os boletos das cotas em caso de parcelamento do Imposto de Renda Pessoa Física devido.

Segundo a secretária-adjunta da Receita Federal, Zayda Manatta, até então, quando o contribuinte optava pelo parcelamento do imposto devido, o programa emitia todas as guias de pagamento. Porém, esse documento não vinha corrigido pela taxa Selic e isso fazia com que o contribuinte fizesse o pagamento com o valor sem a correção.

"Nós percebemos que o contribuinte acaba pagando sem fazer o recálculo, já que o programa não faz. Então, para evitar esse tipo de erro, o programa não irá mais emitir todos os boletos, apenas a primeira cota ou o total. Ao longo do ano, ele [o contribuinte] vai ter que entrar no site da Receita para fazer o cálculo do DARF e emitir o documento", afirmou.

A declaração poderá ser enviada pela internet, por meio da utilização do programa de transmissão da Receita Federal (Receitanet), ou via disquete, nas agências do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal, durante o horário de expediente. A entrega do documento, via formulário, foi extinta em 2010.


Editoria de Arte/Folhapress

Estão obrigadas a apresentar a declaração as pessoas físicas que receberam rendimentos tributáveis superiores a R$ 23.499,15 em 2011.

PROGRAMA PARA PREENCHIMENTO

O programa do Imposto de Renda Pessoa Física 2012, ano-base 2011, estará disponível para download na página da Receita Federal a partir de amanhã (24), às 8h. Com isso, o contribuinte poderá preencher a declaração antes do início do envio dos documentos, que começa no dia 1º de março --quando o programa necessário para fazer o envio poderá ser baixado.

Também nesta sexta-feira, será possível acessar um tutorial sobre as regras do tributo. O modelo, que é o mesmo utilizado no ano passado, se parece com uma "linha de metrô", e o contribuinte poderá tirar dúvidas sobre várias fases da declaração.

Segundo a secretária-adjunta da Receita, no ano passado, a "linha de metrô" teve 26,36 milhões de acessos. "Os contribuintes aprovaram e utilizaram bastante o tutorial sobre o Imposto de Renda. Dessas 26 milhões de pessoas, 80 mil responderam aos questionários. Dessas respostas, 89% nos responderam que encontraram o que buscaram e 95% consideraram de fácil compreensão as respostas", afirmou.

Argentina: vítimas são reconhecidas; governo descarta falha técnica

Apesar das autoridades se esquivarem de relacionar o acidente a problemas no trem, os usuários insistem nas falhas que ocorrem diariamente na linha

Do Portal Terra

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O ministro de planejamento da Argentina, Julio De Vido, informou na coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (23) que já foram identificadas todas as 50 vítimas fatais do acidente ferroviário ocorrido ontem em Buenos Aires. Pouco depois, no entanto, o Ministério de Desenvolvimento Social corrigiu a informação dizendo que uma vítima ainda não foi reconhecida. O ministro assegurou que serão disponibilizadas novas linhas telefônicas para oferecer ajuda aos familiares dos envolvidos que tiveram inconvenientes para receber informações.

De Vido também destacou que o estado se apresentará "como querelante para defender o interesse público e acompanhar os prejudicados que também se apresentem como litigantes". Segundo ele, depois que as causas do acidente forem determinadas, o que deve acontecer em breve, o administrativo vai acompanhar a investigação judicial para salvaguardar o interesse público e aplicar as sanções correspondentes.

Por outro lado, o secretário nacional de transportes, Juan Pablo Schiavi, afirmou que não há problema se precisar comparecer ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. O comentário se deve a solicitação por parte dos deputados para que o governo federal compareça ao legislativo. Schiavi pediu, porém, que isso não aconteça agora, no meio da confusão. "Não achamos que este seja o momento, estamos esgotados e a secretaria de transporte está com toda a equipe num só tema que é elucidar as causas e dar ao juiz toda informação disponível", declarou.

Além disso, esclareceu que, quando disse que horário da ocorrência provocou a transformação do acidente em tragédia, "não estava minimizando o ocorrido, mas sim sugerindo um exemplo de como um acidente num momento determinado se transforma numa tragédia de conseqüências imprevisíveis como esta".

Schiavi informou também que "a composição acidentada não começou o percurso com esta viagem (a que resultou na tragédia)". Segundo ele, o trem começou a operar às 2h45min da madrugada. Levando em consideração que o acidente ocorreu às 8h30min, se tratava do "décimo percurso deste trem". Analisando todo o material que se tem até o momento, "não temos hoje detecção de falha, freios ou inconvenientes registrados por esta composição", esclareceu o secretário.

Apesar das informações oficiais estarem se esquivando de relacionar o acidente a problemas técnicos, os usuários insistem nas falhas que ocorrem diariamente na linha. Pouco mais de 24 horas após a tragédia registrada em Once, outra composição da mesma linha, operada pela empresa TBA S.A., apresentou problemas nos freios.

Passageiros que chegaram à estação final da linha, localizada no bairro portenho de Once, relataram que o trem no qual viajavam ficou detido por 20 minutos na estação Ramos Mejía. A detenção estaria relacionada a um problema nos freios do trem. Eles indicaram também que outra composição da mesma linha permaneceu parada por alguns minutos na estação Liniers devido a problemas técnicos.

Sindicatos reclamam de precariedade dos trens na Argentina

Líderes do sindicato ferroviário apressaram-se em denunciar que o veículo acidentado é um Toshiba importado há pelo menos 40 anos e disseram que a deterioração do sistema de trens argentino acontece por falta de investimentos e manutenção.

Pelo menos 49 pessoas, entre elas uma criança, morreram nesta quarta-feira e 600 ficaram feridas em um acidente de trem ocorrido em uma das estações ferroviárias mais movimentadas de Buenos Aires.

A tragédia aparentemente foi causada por uma falha nos freios, mas as causas ainda estão sendo investigadas. Às 8h30 locais (9h30 de Brasília), o trem, composto por oito vagões, entrou na estação de Once a uma velocidade de 26 km/h e se chocou contra o sistema de amortecimento da plataforma.

O comboio, procedente da cidade de Moreno, na província de Buenos Aires, levava entre 800 e 1.000 passageiros que, em sua maioria, estavam a caminho do trabalho em Buenos Aires.

Autoridades apontaram a possibilidade de uma falha nos freios como causa do acidente, mas esperam o depoimento do maquinista, que ficou ferido, para esclarecer as circunstâncias em que ele ocorreu.

A empresa de TBA (Transporte de Buenos Aires), responsável pela operação do trem, divulgou um comunicado no qual afirma que o acidente "aconteceu por motivos não esclarecidos e que estão sendo feitos trabalhos de investigação".

SUCATAS

Mónica Slotauer, responsável pela limpeza da linha Sarmiento, afirmou que "os freios falharam por causa da falta de investimento" nesta linha férrea.

Os serviços ferroviários sucateados e lotados, operados por empresas privadas e fortemente subsidiados pelo Estado, são marcados por acidentes e atrasos.

"É responsabilidade da companhia que é conhecida por manutenção insuficiente e improvisação", disse o representante do sindicato dos funcionários ferroviários, Edgardo Reinoso.

"Por outro lado, há uma falta de controle por parte dos organismos estatais, incluindo a Comissão Nacional para Regulamentação do Transporte e a Secretaria do Transporte", disse Reinoso à rádio estatal.

Editoria de Arte/Folhapress

PASSAGEIROS

"Estávamos nos preparando para sair porque o trem estava diminuindo a velocidade, mas sentimos que ele freou de repente e o segundo vagão subiu sobre o primeiro. As pessoas caíram por em cima de mim, fiquei aprisionado", disse um dos sobreviventes, que se identificou como Marcelo.

"Estava em pé e de repente todos caíram, todo mundo estava desesperado, querendo sair, mas não era possível. Foi como um terremoto", relatou outra passageira.

Mais de cem ambulâncias e dois helicópteros participaram dos trabalhos de resgate para levar os feridos a hospitais da região. Equipes trabalharam por mais de quatro horas na estação e tiveram que cortar os tetos dos vagões para evacuar as vítimas.

Veja galeria de fotos do descarrilamento

Pelo menos 200 feridos continuam em estado grave, segundo fontes oficiais. Os hospitais da cidade se declararam em alerta e suspenderam consultas marcadas para atender casos urgentes.

Apesar dos esforços das autoridades de saúde e da polícia para evitar tumultos, centenas de familiares dos passageiros fizeram uma dolorosa peregrinação pelos diversos hospitais de Buenos Aires para localizar parentes.

O governo da cidade disponibilizou um telefone para informações sobre o paradeiro dos passageiros, e a imprensa local divulgou listas com nomes dos feridos internados para facilitar sua localização.

O Arcebispado de Buenos Aires expressou condolências aos familiares das vítimas, e a presidente argentina, Cristina Kirchner, suspendeu sua única atividade pública prevista para hoje, embora o Executivo não tenha informado se a decisão está ligada ao acidente.

SEM FREIOS

Autoridades dizem acreditar que a composição --que colidiu com a plataforma de embarque da estação Once-- possa ter perdido os freios. A suspeita se baseia nos primeiros testemunhos dos passageiros, que relatam que o trem entrou na estação em velocidade muito elevada.

"O trem entrou na estação a uma velocidade de 20 km por hora", afirmou o secretário de Transportes, Juan Pablo Schiavi, em coletiva de imprensa no terminal ferroviário, acrescentando que pode haver mortos.

"O acidente é muito grave. Há vagões sobre vagões, e um deles entrou seis metros dentro do outro. Tudo está filmado e será investigado", acrescentou Schiavi.

Fontes policiais também informaram que a composição -- que levava 2.000 passageiros-- ficou sem freios e se chocou contra a plataforma.

O mais recente acidente ferroviário ocorrido na Argentina foi em 18 de dezembro passado, quando uma locomotiva se chocou contra um trem repleto de passageiros parado em uma estação da periferia sul da capital, deixando 17 feridos.

Em 13 de setembro de 2011, nove pessoas morreram e 212 ficaram feridas no choque de dois trens e um ônibus em uma passagem de nível do bairro metropolitano de Flores (oeste), em um dos episódios mais graves dos últimos anos.