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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Rodrigo Maia assina MP que prorroga Refis até 29 de setembro

Inicialmente, os devedores teriam até esta quinta-feira para ingressar no programa de parcelamento de débitos tributários

O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia, disse na noite desta quarta-feira, em sua conta no Twitter, que editou Medida Provisória (MP) para estender o prazo de adesão ao programa de parcelamento de débitos tributários, o Refis, para 29 de setembro. Inicialmente, os devedores teriam até esta quinta-feira para ingressar no programa.
“Após acordo com líderes, acabo de editar a Medida Provisória que prorroga o prazo de adesão ao Refis até o dia 29 de setembro”, disse.
A edição da MP para estender o prazo é uma tentativa de acalmar parlamentares da base aliada que temiam a interrupção das adesões e, ao mesmo tempo, negociam com o governo condições ainda mais vantajosas de descontos no Refis.
Na terça-feira, essas tratativas acabaram respingando no andamento das votações no plenário do Congresso Nacional em meio à expectativa de apreciação do projeto que autoriza a mudança das metas fiscais deste e do próximo ano para um rombo maior.
A dispersão da base acabou jogando a conclusão da votação dos vetos presidenciais, que antecedem o projeto de alteração nos objetivos fiscais, para esta quarta.
(Com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Refis: pré-acordo prevê desconto de até 90% nos juros

Neste acerto, feito nesta terça-feira, o governo também aceitou estender o prazo de adesão ao programa para 31 de outubro


Lideranças partidárias da Câmara dos Deputados e integrantes da área econômica fecharam nesta terça-feira um “pré-acordo” sobre o texto da medida provisória (MP) que cria o novo Refis, programa de parcelamento tributário de devedores da União. Pelo combinado, empresas poderão ter desconto de até 60% na multa e até 90% nos juros.
O pré-acordo prevê condições mais benéficas para um número maior de devedores. Antes, as condições diferenciadas de pagamento só valeriam para devedores de até 15 milhões de reais. Agora, esse limite foi elevado para 30 milhões de reais, de acordo com o deputado José Rocha (BA), líder do PR na Câmara.
No acerto, o governo também aceitou melhorar as condições diferenciadas. Devedores de até 30 milhões de reais terão de pagar à vista 5% do valor da dívida, ante 7,5% previsto no texto original. Para devedores de valores maiores, a entrada mínima exigida continuará sendo 20%. O governo conta com a arrecadação da entrada para atingir a meta fiscal de 2017.
Pelo combinado entre parlamentares e a área econômica, os descontos nos juros e multas serão escalonados. Na multa, o desconto máximo previsto é de 60% sobre o saldo da dívida após a entrada, desde que o pagamento dessa parte seja feito à vista, 50% para pagamento parcelado desse saldo em 145 meses e 35%, em 175 meses.
Para os juros, o escalonamento começa em 90% para pagamento à vista, passando para 80% no caso de parcelamento em 145 meses e 50%, em 175 meses. Esses porcentuais são menores do que o previsto no parecer do relator, que tinha estabelecido descontos de até 99% para juros e multas, desde que o pagamento fosse à vista.
No pré-acordo, o governo também aceitou estender o prazo de adesão ao Refis para 31 de outubro. Pelo texto original da MP, esse prazo acabaria nesta quinta-feira. Contribuintes que já tinham aderido ao programa pelas regras do texto original poderão fazer retificação.
O pré-acordo foi fechado durante reunião dos parlamentares nesta terça-feira no gabinete da liderança do governo na Câmara. O líder do governo na casa, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), esteve no Palácio do Planalto para fechar o acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Caso o martelo seja batido, o objetivo do governo é votar a MP até esta quinta-feira. Da Câmara, a matéria ainda precisará passar pelo Senado, antes de seguir para sanção presidencial. A medida provisória termina em outubro.
(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Lula no Nordeste: cadê a multidão que estava aqui?

Alardeada pelo ex-presidente, comitiva por estados do Nordeste pode não estar sendo assim tão boa quanto ele gostaria


Quem visita as redes sociais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode chegar à conclusão de que ele está mais popular do que nunca no Nordeste e que a sua caravana pela região refletirá em um gás adicional para sua candidatura à Presidência da República em 2018 – se não for impedido pela Justiça, é claro. No entanto, basta uma mudança de ângulo para ver que não é bem assim.
As imagens transmitidas ao vivo em seu perfil do ato Água e Democracia, em Campina Grande, na Paraíba, mostram uma legião de apoiadores ouvindo as palavras do ex-presidente. Do outro lado do lago, no entanto, é possível ver que o protesto se restringe a um pequeno grupo diante de uma estrutura profissional de show.
Presentes ao local, pedestres não perdoaram e compartilharam nas redes sociais as imagens que mostram que a multidão não é assim tão grande.
Na semana passada, outra parada da caravana de Lula também não refletiu o sucesso alardeado pelos seus apoiadores. Durante a passagem por Penedo, em Alagoas,  a comitiva do ex-presidente virou piada pela pouca quantidade de veículos que o acompanhava no momento. “É só isso aí, é? Ih, caravana fuleira é essa?”, reage um morador da cidade, ao perceber que mal os carros começaram a passar, já acabou!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A delação do decano das propinas

Na negociação da colaboração premiada, os lobistas Jorge e Bruno Luz entregaram documentos que mostram as digitais de Lula no esquema controlado pela “Brasil Trade”, uma organização formada por corruptos, corruptores e operadores de propinas destinada a desviar dinheiro da Petrobras. Os delatores também implicaram Vaccarezza, Renan, Jader, Silas Rondeau e Edison Lobão

A delação do decano das propinas
O ELO Vaccarezza era quem informava Lula sobre as operações; FALTA POUCO Negociações de Jorge Luz com a Lava Jato estão avançadas; DE NOVO ELE O hexa-réu Lula está enredado em escândalo filhote do Petrolão
Lobista com 30 anos de experiência no submundo da Petrobras, Jorge Luz prepara uma bomba de potencial devastador para ser detonada em breve. Ao lado de seu filho Bruno Luz, o operador está em estágio avançado de negociação com o Ministério Público Federal para celebrar um acordo de delação premiada. Nos últimos dias, Jorge e Bruno Luz, presos desde fevereiro, compartilharam com a Polícia Federal informações, documentos e arquivos eletrônicos que compõem o arcabouço daquilo que irão revelar. O MP sabia, até então, que a família Luz era useira e vezeira em operar propinas na Petrobras em favor de expoentes do PMDB, PP e PT. No PT, o elo com o esquema arquitetado pelos Luz era o deputado e ex-líder do PT na Câmara Cândido Vaccarezza, preso pelo juiz Sergio Moro há duas semanas. O material entregue à PF acrescenta personagens de proa da política nacional ao enredo de desvios na estatal intermediados por Jorge e Bruno Luz. O principal deles é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A julgar pelo que contam os lobistas, o petista, hoje réu em seis processos e condenado em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão, coloca suas digitais nessa nova vertente do escândalo do Petrolão: a que apura negócios criminosos operacionalizados pela “Brasil Trade”, uma sociedade composta por corruptos, corruptores e operadores de propinas criada para desviar recursos de contratos com a Petrobras.
Mais um propinoduto
Em material entregue ao MPF, delatores falam de reunião entre Lula e Vaccarezza para tratar do esquema Trafigura/Brasil Trade. Segundo os Luz, ex-presidente avalizou operação

Desde a semana passada, a Polícia Federal tem em seu poder anotações fornecidas pelos lobistas que indicam um encontro de Vaccarezza, o intermediário dos Luz no esquema, com Lula. Na reunião com o então líder do PT, segundo informaram os delatores à PF, o ex-presidente deu aval a uma negociata nada republicana entre a Petrobras e a Trafigura – que, de 2003 a 2015, ou seja, durante a era petista no poder, movimentou US$ 8,6 bilhões em compras e vendas de derivados de petróleo. Segundo a proposta de delação, hoje na mesa do MPF, em 2010, último ano de Lula na Presidência, a “Brasil Trade” de Jorge Luz, com ajuda de Vaccarezza, fazia o diabo para tentar celebrar um dos contratos entre a estatal e a Trafigura, dona de escritórios em 58 países. Para a negociação sair, teve de envolver, segundo os informes da família Luz, as três principais diretorias da Petrobras. Elas eram controladas pelo PT, o PMDB e o PP. Os petistas sustentavam Renato Duque, na diretoria de Serviços. Os peemedebistas Jorge Zelada, que sucedeu Nestor Cerveró, na diretoria Internacional. E a bancada do PP, com as bênçãos dos senadores do PMDB, mantinham Paulo Roberto Costa, na diretoria de Abastecimento.
Pelo acordo, os partidos endossariam a tramóia e, em contrapartida, se beneficiariam financeiramente do negócio. Leia-se: seriam contemplados com polpudas propinas. Para concretizar a operação, Vaccarezza participou pessoalmente da articulação. Mas não agiu sozinho: contou com o sinal verde do ex-presidente Lula. Os manuscritos fornecidos pelos Luz à PF contém relatos de que, no encontro com o ex-presidente Lula, Vaccarezza comunicou-lhe que as três legendas concordaram com a operação ilegal. Ao que Lula aquiesceu. ISTOÉ teve acesso ao documento no qual a PF reproduz a anotação dos delatores. A Polícia Federal ainda tenta arrancar mais detalhes dos encontros com o ex-presidente petista. O que os investigadores já são capazes de concluir é que Vaccarezza atuava como uma espécie de pombo-correio de Lula. Era por meio dele que o ex-presidente, hoje hexa-réu, acompanhava de perto as negociatas na Petrobras de interesse dos partidos integrantes de sua base de apoio.

Para cumprir a tarefa, Vaccarezza era bem aquinhoado. De acordo com os delatores, o líder petista era contemplado com R$ 400 mil. A propina era entregue a Vaccarezza em espécie, em geral, em restaurantes: um self-service localizado no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo e em um estabelecimento em Campinas, no interior paulista. Segundo os lobistas, Vaccarezza chegou a pedir, em determinado momento, R$ 100 milhões, para fazer deslanchar inúmeros negócios na Petrobras.
DELATADOS PELA FAMÍLIA Luz, Lula e Renan, ao lado de seu filho, trocaram afagos durante caravana em Alagoas. A imagem tem tudo para virar a expressão do abraço de afogados
Nas últimas semanas, a Lava Jato começou a fechar o cerco sobre a “Brasil Trade”, que intermediou a transação entre a Petrobras e a Trafigura, com a providencial contribuição de Vaccarezza e a anuência de Lula. Os investigadores acreditam que a empresa seja uma complexa organização destinada a sangrar a Petrobras – e desviar dinheiro para partidos. De acordo com as apurações preliminares, na distribuição do butim , 40% do total de propinas caberiam a PT e PMDB.
Segundo Cerveró, como o volume de dinheiro envolvido na operação da Trafigura era muito grande, os centavos das negociações rendiam milhões de dólares em propinas
Não é a primeira vez que a área de trading de combustíveis e derivados do petróleo aparece na Lava Jato. Em suas delações premiadas, o ex-diretor Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, e o ex-senador Delcídio Amaral relataram que essa área era um “terreno fértil para ilicitudes”, pois os preços poderiam variar artificialmente gerando uma “margem para propina”. Durante colaboração à Lava Jato, Cerveró disse que a Trafigura era uma das principais empresas atuantes no setor e que como o volume de dinheiro envolvido era muito grande apenas “os centavos” das negociações diárias podiam “render milhões de dólares ao final do mês em propina”. Documentos apreendidos na residência de Paulo Roberto Costa também já faziam referência aos negócios envolvendo a Trafigura. Num dos relatórios que o doleiro Alberto Youssef trocava com Paulo Roberto, ele tece críticas à Trafigura. “Está inadimplente em 2013”, escreveu. “Estou cobrando o Mariano. Disse que resolveu, mas ainda não tive confirmação do banco.” Mariano é o empresário Mariano Marcondez Ferraz, executivo do grupo Trafigura preso em outubro de 2016 pela Lava Jato, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Para solucionar o impasse, Costa recorreu aos lobistas.

Paulo Roberto Costa era mesmo muito próximo da família Luz. A relação se estreitou entre 2005 e 2006, quando Costa (ex-diretor de Abastecimento) e Nestor Cerveró (ex-diretor da área Internacional) estiveram ameaçados nos respectivos cargos. Para mantê-los em plena operação, era necessário o apoio político de cabeças coroadas do PMDB, entre os quais os senadores Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA) e o ex-ministro Silas Rondeau. O apoio só foi alcançado, no entanto, mediante o pagamento de R$ 11,5 milhões em propinas a Renan e seus aliados no PMDB. Em recente depoimento ao juiz Sergio Moro em Curitiba, Jorge Luz admitiu as transações. Na delação, os lobistas se propõem a detalhar como foram efetuados esses repasses. Na última semana, Renan recepcionou Lula em caravana a Alagoas. Trocaram afagos e posaram juntos para fotos. A julgar pelo que vem por aí na delação de Jorge e Bruno Luz, a imagem tem tudo para vir a se tornar o retrato mais bem acabado do abraço de afogados.
PRISÃO Mariano Ferraz, do grupo Trafigura, foi detido em outubro pela Lava Jato (Crédito:Divulgação)
FIGURA CARIMBADA

Aos 73 anos, Jorge Luz é um velho conhecido do mundo político. Sua atuação na Petrobras remonta à década de 80. Para o Ministério Público Federal, a participação do operador não está limitada à Petrobras e inclui outros setores e áreas do governo ainda pendentes de uma investigação mais detalhada. Como os Luz viraram figuras importantes para o desenlace da Lava Jato, são grandes as chances de a delação premiada sair do papel. O acordo ainda não foi assinado, mas conforme apurou ISTOÉ há interesse de ambas as partes, investigadores e defesa, e as conversas avançam a cada átimo de tempo.
Discreto, mas dono de uma sinceridade ímpar, Luz promete delatar pessoas e empresas que ele mesmo angariou para integrar esquemas ilícitos. Pois mais do que um operador financeiro, responsável por fazer o meio-campo entre corruptores e corrompidos, Luz também cooptava participantes para ampliar o alcance das propinas. “Há uma diferença do Jorge Luz em relação ao Alberto Youssef, por exemplo, que era eminentemente um doleiro. Luz tinha um papel maior, de angariar empresas e pessoas para esse tipo de negociata”, resumiu o procurador Paulo Roberto Galvão, integrante da força-tarefa da Lava Jato no MPF do Paraná.
JOGO COMBINADO O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa atuava na estatal afinado com Jorge Luz (Crédito:Domingos Peixoto)
Nesse contexto, conforme apurou ISTOÉ, quem também merecerá um capítulo especial na delação é o senador Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e Energia do governo Dilma. Os lobistas detalharam aos investigadores a atuação de Murilo Barbosa Sobrinho na Petrobras, uma espécie de representante dos assuntos de interesse de Lobão.
Hoje, Jorge Luz é réu em um único processo conduzido pelo juiz Sérgio Moro, mas que está em fase final de julgamento, com a sentença prestes a ser proferida. Na iminência de ser condenado, sujeito a caneta pesada do juiz da 13ª Vara de Curitiba, o lobista não vê outra alternativa senão partir para a colaboração com a Justiça. O interesse aumentou à medida que as investigações avançaram na direção da família. Seu filho, Bruno, também está preso, acusado de atuar junto com ele nos esquemas de repasses de propina. A filha, Fernanda, também é investigada. Jorge, no entanto, tenta minimizar a responsabilidade dos filhos. À Polícia Federal, disse que “Bruno não decidia nada”, apenas cuidava de questões burocráticas e operacionais, como movimentações de contas no exterior, confirmações de pagamentos e confecção de documentos. O lobista assim resumiu a divisão de tarefas na organização: “Jorge era a cabeça. Bruno os braços”. Independentemente de como eles se articulavam, o MPF negocia para que a dupla lance luz sobre fatos até agora obscuros para a Lava Jato. Pelo cardápio apresentado até agora, Luz não será problema.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Proposta feita por Caiado ganha força


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Ronaldo Caiado propõe que o fundo público para custear as campanhas eleitorais use a verba que hoje paga inserções de programas na rádio e TV ( Foto: Agência Brasil )
Brasília. Enquanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu o risco de o Plenário rejeitar, na próxima terça-feira (29), a criação de um fundo público para financiar as campanhas eleitorais na votação da Reforma Política, uma outra ideia ganhou força, ontem, entre parlamentares. Trata-se de uma proposta apresentada pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que recebeu apoio do presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Pelo texto de Caiado, fica estabelecido que os recursos do fundo eleitoral viriam do dinheiro que o governo repassa a emissoras de rádio e TV por transmitirem os programas eleitorais e de multas aplicadas às legendas.
Desta forma, os programas seriam exibidos apenas na TV e rádio públicas, a menos que as legendas comprem espaço nos veículos privados de mídia.
"Acabaríamos com programas partidários, esses que acontecem fora do cenário eleitoral, e essa compensação, falou-se em R$ 2 bilhões, não há um número exato, poderia sim alimentar o fundo eleitoral, sem que haja necessidade de recursos orçamentários para isso", afirmou Aécio.
O líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias (PR), sinalizou ser favorável à proposta do senador goiano. O texto de Caiado ganhou caráter de urgência esta semana e está pronto para votação no plenário da Casa.
"Me parece algo mais saudável, pois desta forma você não sobrecarregaria as finanças públicas. Seria a utilização de um dispêndio já existente", declarou o parlamentar.
Para ele, o projeto de Caiado é positivo porque não mexe com o orçamento, "apenas estabelece a substituição da aplicação desses valores" já utilizados - estimados em pelo menos R$ 1,5 bilhão pelo relator da matéria, senador Ataídes Oliveira.
"Acho que é inteligente e interessante essa ideia", destacou.
Já o líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), afirmou que é contra a criação de qualquer fundo público.
"Não tem nenhuma justificativa criar fundo desse enquanto o Brasil está passando por uma crise econômica".
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a sigla é contra a proposta de Caiado porque vai favorecer os candidatos com mais dinheiro.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Argentino Lionel Messi faz exigência para permanecer no Barcelona

Craque está na mira do Manchester City, que está disposto a pagar sua multa rescisória que gira em torno de R$ 1,1 bilhão

Espanha - Em agosto, o Barcelona perdeu Neymar para o Paris Sain-Germain e poderá ficar sem Messi, estrela principal do time, já que o Manchester City está disposto a desembolsar cerca de R$ 1,1 bilhão para ter o atacante argentino em seu elenco.
Lionel Messi ainda não renovou seu contrato com o Barcelona Efe
Para renovar o seu contrato com o clube até 2021, Messi exigiu que o Barcelona contratasse reforços de peso, segundo o jornal espanhol 'As'. O acordo entre as partes já está apalavrado, mas o jogador aguarda que a exigência seja atendida para finalmente assinar o documento.
O time da Catalunha contratou o volante Paulinho, que estava atuando no futebol da China, mas Lionel Messi espera que outros nomes de peso desembarquem no clube nos próximos dias.
A diretoria do Barcelona tem se esforçado para trazer Ousmane Dembelé, atacante do Borussia Dortmund, e Philippe Coutinho, meia brasileiro do Liverpool.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Maduro solicitará captura de Luisa Ortega à Interpol

Dissidente do chavismo deve participar hoje de reunião do Ministério Público dos países do Mercosul, em Brasília
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Declarando-se uma vítima das perseguições de Nicolás Maduro, Luisa Ortega fugiu da Venezuela após sair uma ordem de prisão contra seu marido ( FOTO: AFP )
Caracas/Brasília. A Venezuela solicitará à Interpol uma ordem de prisão contra a ex-procuradora-geral Luisa Ortega, que fugiu do país denunciando uma perseguição do governo, anunciou, ontem, o presidente Nicolás Maduro.
"A Venezuela vai solicitar ante a Interpol um código vermelho para essas pessoas envolvidas em delitos graves", afirmou Maduro em coletiva de imprensa, em alusão também ao deputado Germán Ferrer, marido da ex-procuradora.
Ortega viajou, ontem, ao Brasil, procedente da Colômbia, aonde chegou na sexta-feira com o marido, informou o departamento de imigração em Bogotá. "Andas com a oligarquia colombiana, com os golpistas brasileiros. Diga-me com quem andas e te direi quem és", acrescentou o presidente, dirigindo-se à ex-funcionária, destituída em 5 de agosto pela Assembleia Constituinte que rege a Venezuela com poderes absolutos.
A ex-procuradora saiu de Bogotá um dia depois de o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, lhe oferecer asilo. A migração colombiana não confirmou de imediato se partiu na companhia de Ferrer.
Ortega, que fugiu da Venezuela burlando uma proibição que lhe foi imposta pelo máximo tribunal, rompeu com Maduro no final de março passado após denunciar uma ruptura da ordem constitucional.
Seu marido enfrenta uma ordem de captura por supostamente liderar uma rede que extorquia empresários petroleiros corruptos dentro da Procuradoria.
O presidente venezuelano denunciou que Ortega "estava trabalhando há tempos com os EUA para fazer mal" ao país. Segundo afirmou, esta colaboração ocorreu depois que as autoridades americanas descobriram os delitos do parlamentar.
"Os EUA conseguiram chantagear o ex-deputado Germán Ferrer, o chantagearam porque descobriram contas suas no mundo inteiro", afirmou.
Maduro também pediu, ontem, ao papa Francisco ajuda para um diálogo com a oposição e para impedir que se concretize a advertência do presidente americano, Donald Trump, de intervir militarmente na Venezuela.
"Que o papa nos ajude no diálogo respeitoso, na verdade, que o papa nos ajude a impedir que Trump lance suas tropas e invada a Venezuela. Peço ao papa ajuda contra a ameaça militar dos EUA", disse Maduro durante a coletiva de imprensa.
Asilo
Na segunda (21), o presidente Juan Manuel Santos, que não descartou romper relações com Maduro em meio à severa crise venezuelana, afirmou que lhe ofereceu asilo.
O hermetismo do governo Santos e da ex-procuradora venezuelana, que não se pronunciou desde que chegou a Bogotá, alimentou as especulações sobre um suposto asilo nos EUA.
Entretanto, o Ministério Público Federal (MPF) brasileiro informou, em um comunicado, que Ortega participará hoje na sede da Procuradoria-geral da República, em Brasília, da 22ª Reunião Especializada de Ministérios Públicos do Mercosul.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Suposto autor de atentado em Barcelona é morto; célula é desarticulada

O marroquino Younes Abouyaaqoub, suposto autor do atentado de Barcelona, foi morto nesta segunda-feira (21), anunciaram as autoridades catalães, considerando desarticulada a célula por trás do duplo ataque que deixou 15 mortos e mais de 120 feridos na Espanha.
“Pouco antes das 17h00, a Mossos d’Escuadra abateu Younes Abouyaaqoub, motorista da van e autor material do atentado que na quinta-feira (17) causou a morte de 14 pessoas”, anunciou em coletiva o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont.
Com o seu falecimento, “os 12 alvos iniciais relacionados aos atentados estão mortos ou detidos”, comemorou a polícia catalã no Twitter.
O corpo policial confirmou que o imã marroquino Abdelbaki Es Satty, figura-chave da célula por ter doutrinado os outros integrantes, morreu na noite de quarta-feira (16) na explosão de uma casa onde o grupo preparava atentados de maior proporção.
– Cinturão explosivo falso –
Alvo de uma intensa busca desde quinta-feira, Abouyaaqoub, de 22 anos, morreu na tarde desta segunda-feira a 50 quilômetros a oeste da capital catalã, em uma área de vinhedos pouco povoada, onde foi visto por dois policiais que passavam por uma estação de trem.
Quando foi confrontado, o suspeito “abriu o casaco e parecia usar um cinturão de explosivos, que eram falsos”, relatou o delegado-chefe da polícia catalã, Josep Lluis Trapero.
Abouyaaqoub gritou “Alá é grande” antes que os agentes “usassem a sua arma” e o matassem, acrescentou.
A polícia enviou um helicóptero para verificar se outras pessoas relacionadas ao suspeito estavam no local, mas Trapero esclareceu que “é bastante factível que ele estivesse sozinho”.
– Epicentro extremista –
Depois de dirigir a toda velocidade a van pela turística avenida de Las Ramblas, em Barcelona, em plena tarde de quinta-feira, atropelando os pedestres, Abayouaaqoub deixou o veículo e percorreu seis quilômetros até o sul de Barcelona.
Lá, esfaqueou um espanhol de 34 anos que estacionava o seu carro e começou a sua fuga passando por um posto de controle policial, explicou Trapero.
Além do ataque em Barcelona, que deixou 14 mortos e 120 feridos, a célula realizou outro em Cambrils, localidade costeira a 120 km ao sul, onde uma mulher morreu e outras seis pessoas ficaram feridas.
Dos 12 integrantes, quatro foram detidos, cinco mortos pela polícia em Cambrils, dois faleceram na explosão de quarta-feira na casa de Alcanar – 200 km ao sul de Barcelona -, e o último do grupo, Abouyaaqoub, foi morto nesta segunda.
Os quatro presos devem ser apresentados na terça-feira em Madri ante um juiz da Audiência Nacional, alto tribunal especializado em casos de terrorismo.
A maior parte dos membros da célula vivia em Ripoll, povoado aos pés dos Pirineus, 100 km ao norte de Barcelona, onde na madrugada desta segunda-feira ocorreram novas operações.
Abdelbaki Es Satty era o imã nesta localidade. O religioso esteve preso na Espanha entre 2010 e 2014 por tráfico de drogas, de acordo com as autoridades catalães. Depois ele morou em Machelen, na periferia de Bruxelas, “entre janeiro e março de 2016”, segundo o prefeito da localidade vizinha de Vilvorde, Hans Bonte.
– “Muçulmanos, não terroristas” –
Em Las Ramblas, centenas de muçulmanos se manifestaram durante a tarde em repúdio ao terrorismo, constatou um fotógrafo da AFP. “Somos muçulmanos, não terroristas”, lia-se em um de seus cartazes.
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, fez um chamado à unidade, em um contexto de divisão entre Madri e Barcelona por conta do desejo do governo catalão de se separar, tendo como objetivo organizar um referendo sobre a independência em 1º de outubro.
“Se queremos ser verdadeiramente eficazes contra o terrorismo, precisamos estar unidos”, escreveu Rajoy em um editorial publicado em jornais espanhóis, antes de reunirem todos os partidos políticos em Madri para mostrar uma condenação unânime ao terrorismo.
Quatro dias após os ataques, as 15 vítimas fatais, sete mulheres e oito homens, já foram identificados: cinco espanhóis, entre eles uma criança de três anos, um hispano-argentino, três italianos, dois portugueses, um belga, um americano, um canadense e um menino australiano-britânico de sete anos.
Continuam hospitalizadas 48 pessoas, das quais oito estão em situação crítica e 12 graves, segundo o último balanço da Proteção Civil na Catalunha.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

As manobras petistas na PGR

Passando por cima da Lava Jato de Curitiba, o grupo de Rodrigo Janot na procuradoria da República montou um esquema para favorecer o PT e prejudicar adversários do partido, em especial, o PMDB

As manobras petistas na PGR
Há duas semanas, a futura chefe do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, foi procurada por emissários da Lava Jato de Curitiba. Na bagagem, os integrantes da maior operação de combate à corrupção da história recente do País levaram uma denúncia. No epicentro do escândalo, a entourage do ainda procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo o relato, há cerca de um ano e meio, Janot e sua equipe desenvolveram um roteiro paralelo às investigações da Lava Jato com o objetivo de favorecer o PT e seus principais líderes. Nos últimos dias, sem a anuência da turma de Curitiba, o grupo do procurador-geral resolveu protelar a homologação da delação da OAS, cujo conteúdo – “nitroglicerina pura” para Lula e o PT – já está à disposição da PGR para ser encaminhada ao STF há mais de 10 dias, para dar prioridade máxima à conclusão de forçados acordos com o ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro operador do PMDB, Lúcio Bolonha Funaro. O objetivo da ação seria o de fortalecer uma suposta nova denúncia contra o presidente Michel Temer. Os aliados de Janot querem, a qualquer preço, que as delações de Funaro e Cunha envolvam Temer e a cúpula do PMDB, mesmo que para isso tenham que agir ao arrepio da lei.
Os interlocutores de Raquel Dodge enxergam nos métodos nada ortodoxos do time de Janot um movimento claro, objetivo e muito bem direcionado, mas de fins nada republicanos: um esquema montado e conduzido pelo procurador-geral da República destinado a favorecer o ex-presidente Lula e os principais líderes petistas nos processos em que são alvos. Ou seja, as delações da OAS que comprometem definitivamente Lula e Dilma e narra detalhes sobre o tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, casos em que o ex-presidente já é réu, ficam para as calendas. Já as delações ainda sem provas concretas que possam comprometer o presidente Temer e seus aliados são aceleradas. Há quinze dias, um dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato sediado no Rio Grande do Sul já havia feito desabafo sobre o esquema do PT no Ministério Público a um ministro do STJ. O encontro ocorreu no saguão de embarque do aeroporto de Brasília. “Agora se sabe que a operação montada por Janot só não dominou completamente a Lava Jato porque houve uma forte resistência do pessoal de Curitiba”, sapecou.
O esquema funciona desde meados de 2015, com momentos de maior e menor intensidade. Ganhou musculatura depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, nas últimas semanas, enfureceu os procuradores e agentes federais hoje mais alinhados com o coordenador da força-tarefa do MPF, Deltan Dallagnol. O estopim foi a maneira como se desenrolaram as tratativas para a delação de Eduardo Cunha. O acordo estava sendo negociado havia mais de três meses. São cerca de 100 anexos, que comprometem 20 políticos entre parlamentares e governadores. Os procuradores de Curitiba sustentam que já têm provas suficientes para apontar Cunha como chefe de uma organização criminosa e afirmam que o que ele está revelando agora já está bem caracterizado nas investigações da Lava Jato. Portanto, são contra oferecer ao deputado os benefícios da delação premiada. Apesar disso, os procuradores ligados a Janot procuram, desde julho, convencer Cunha a informar sobre uma conta ou um truste mantido em paraíso fiscal que pudesse ter ligação com o presidente Michel Temer e chegaram a oferecer ao ex-presidente da Câmara a possibilidade de ser colocado em liberdade até o final do ano. Como o peemedebista não trouxe à luz fatos que se enquadrassem às conveniências do grupo de Janot, na segunda-feira 14, os advogados de Cunha receberam a notícia de que as negociações estavam encerradas. Na última semana, procuradores próximos à futura comandante da PGR manifestaram que delações obtidas pelo esquema de Janot poderão ser alvo de revisões, o que será possível apenas com a anuência do Supremo Tribunal Federal. “Embora tenha sido indicado pelo PT e não esconda suas simpatias pelo partido, não acreditamos que o ministro Fachin, responsável por acompanhar a Lava Jato no STF, compactue com esse tipo de coisa”, afirmou à ISTOÉ um procurador ligado à Raquel Dodge na terça-feira 15.

De acordo com os relatos feitos ao grupo da futura procuradora-geral, no início da Lava Jato, o esquema de Janot procurava dificultar as delações que apontassem para os líderes do PT. Depois de aceito o processo do impeachment de Dilma na Câmara, Janot e seu grupo passaram a facilitar as delações que envolvessem adversários do PT. O objetivo era o de procurar interferir nos votos contra Dilma. “Ficou claro que há um direcionamento das delações”, afirma o procurador do Rio Grande do Sul. “Num primeiro momento para procurar evitar o impeachment colocando os líderes de todos os partidos em um mesmo saco. Agora, o roteiro de Janot é o de levar a pique o governo”.
O problema, para o procurador-geral, é que ele está cada átimo de tempo mais esvaziado na PGR. Desde que a Câmara rejeitou a denúncia contra o presidente e com a ascensão de Raquel Dodge ao posto máximo do MPF, o esquema vem ruindo como castelo de cartas. Escaldados, os procuradores antes unha e carne com Janot já atuam no sentido de se reposicionar internamente. Ninguém quer ficar carimbado como “preposto de Janot” a menos de um mês da troca da guarda na PGR. “Aos poucos, ele vai virando uma rainha da Inglaterra. Ninguém mais o obedece”, afirmou um integrante do MP de Brasília. Diante desse cenário, até a propalada segunda denúncia contra Temer estaria comprometida. “Sem as novas delações, falta substância e até apoio interno para uma nova investida contra o presidente”, acrescentou o mesmo procurador.
Claro há exceções. Uma delas é o procurador Carlos Fernando. Na semana passada, ele declarou que havia sido convidado por Temer, ainda na condição de vice-presidente, para uma conversa noturna fora da agenda, no Palácio Jaburu, para discutir os rumos da Lava Jato. O procurador não tem como provar o que diz e também não consegue explicar por que não fez tão importante revelação no momento em que o convite teria sido feito há um ano.
DELAÇÕES DIRIGIDAS

“Além do empenho em dirigir os depoimentos de Cunha, há duas delações que foram conduzidas pelo esquema de Janot para favorecer o PT”, confidenciou o procurador de Porto Alegre ao ministro do STJ. A primeira delas foi a do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Historicamente ligado ao PMDB, Machado afirmou que líderes do partido como o ex-presidente José Sarney, o ex-ministro Romero Jucá e o senador Renan Calheiros, estariam empenhados em paralisar as investigações da Lava Jato. Como Machado não tinha como provar o que disse, ele foi orientado pela turma de Janot a gravar conversas com Sarney, Jucá e Renan no sentido de tentar obter algo que os comprometessem. A PF chegou inclusive a fornecer equipamentos de gravação e escuta para que o delator dirigido fizesse seu trabalho. As gravações foram feitas, mas não conseguiram elucidar nada. Mesmo assim, Machado teve a delação homologada. Recentemente, a PF reconheceu que a delação do ex-presidente da Transpetro se revelou ineficaz. “Não apenas quanto à demonstração da existência dos crimes ventilados, bem como quanto aos próprios meios de prova ofertados”, resumiu a delegada Graziela Machado da Costa e Silva. A delação dirigida de Machado foi feita em maio do ano passado e gerou notícias negativas para o PMDB e seus principais líderes. A votação do impeachment ocorreu três depois.
O mais flagrante esquema de favorecimento ao PT implantado por Janot na PGR se deu com a delação do empresário Joesley Batista. Nesse caso, além dos procuradores ligados ao grupo de Curitiba, as críticas também partem da Polícia Federal. Os policiais condenam com eloquência o acordo entre os sócios da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, que estão soltos, sem tornozeleira eletrônica, e tiveram até o direito de partir para um exílio dourado em Nova York. “As críticas internas são enormes”, contou um investigador à ISTOÉ. Para a Polícia Federal, os Batista não entregaram o que prometerem e, mesmo assim, continuam usufruindo dos benefícios como se tivessem cumprido o prometido. “Não havia motivo para conceder tantos privilégios a um grupo que cometeu crimes graves”, afirma outro delegado que atua há anos na Lava Jato. Janot é acusado de ter concedido um salvo conduto a Joesley, que não ficou nem um dia preso. Enquanto outros delatores não viveram esse ‘dolce far niente’. Além dos demasiados benefícios, delegados criticam abertamente a falta de provas nos acordos dos sócios da JBS. Eles entendem que apesar de todo o alarde, muito pouco foi documentado, o que fragiliza a delação.
Um dos exemplos da falta de elementos para assegurar a delação da JBS é o das investigações de contratos com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para a Polícia Federal, os trabalhos caminhavam bem antes da assinatura dos acordos. “As investigações já estavam adiantadas, não precisava dessa delação”, disse um delegado na quarta-feria 16. “A gente alcançaria o mesmo resultado sem conceder tantos benefícios a pessoas que lesaram os cofres públicos por anos”, completou outro investigador ouvido por ISTOÉ. O objetivo do grupo de Janot ao acelerar a delação da JBS era o de desestabilizar a gestão de Temer ás vésperas da votação das reformas e obter elementos para forçar uma denúncia oficial contra o presidente.
Diante do escândalo, o grupo de Raquel Dodge já definiu que essa delação vai passar por um pente fino. Em algumas conversas, a futura procuradora- geral já afirmou que será rigorosa numa eventual revisão do caso. Ele terá que comprovar as acusações que fez. Além de facilitar e até incentivar as acusações contra o PMDB, Temer e parte do PSDB, principalmente Aécio Neves, o esquema paralelo montado por Janot dentro do Ministério Público procurou dificultar as delações que envolvem o alto escalão petista e até fez vistas grossas a algumas arbitrariedades. Quando a ex-presidente Dilma tentou nomear Lula para a Casa Civil, por exemplo, Janot cambaleou. No final de março, deu sinal verde dizendo que um presidente teria o direito de escolher seus ministros. Constrangido, foi obrigado a recuar e dez dias depois, em abril, pediu a anulação da nomeação porque o ato estava maculado de desvio de finalidade.

O esquema pró-PT passou a operar de forma mais visível e incisiva a partir de abril do ano passado, quando a Câmara dos Deputados aprovou a abertura de processo de impeachment contra ex-presidente Dilma Rousseff. Até então, a atuação do grupo se dava de maneira discreta, tentando impedir que as delações envolvendo a cúpula petista fossem homologadas. Para tanto, de acordo com um procurador que atua em Porto Alegre, Janot e seu grupo eram absolutamente rigorosos na busca de provas para tudo o que fosse revelado pelos delatores. No caso do ex-senador Delcídio Amaral, por exemplo, as confissões feitas por ele só receberam sinal verde da procuradoria após exaustiva investigação da Polícia Federal, que confirmou suas declarações por intermédio dos sistemas de segurança de restaurantes e cópias de passagens aéreas. Diretores de empreiteiras como Andrade Gutierrez e UTC só obtiveram os benefícios da delação premiada após apresentarem cópias de extratos bancários e de longas perícias feitas na contabilidade das empresas. “As exigências eram muitas e boa parte da investigação só foi avante devido o posicionamento do juiz Sérgio Moro e o respaldo encontrado por ele nos desembargadores do Tribunal Regional Federal”, disse o procurador ao ministro do STJ. Pelo bem do País e do estado democrático de direito, que hoje resvala no estado de exceção, os dias da atual gestão à frente da PGR estão contados.
Colaborou Tábata Viapiana

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A corrupção da bolivariana do PT

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é fisgada pela PF por corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro, radicaliza o discurso e torna-se a voz mais vigorosa no partido em defesa do regime ditatorial de Nicolás Maduro

Crédito: Wenderson Araujo
É DO LEVANTE Para Gleisi, o Brasil poderia se tornar uma grande Venezuela (Crédito: Wenderson Araujo)
A senadora Gleisi Hoffmann não é apenas a representante legal do Partido dos Trabalhadores — enquanto presidente da legenda da estrela rubra. Gleisi é hoje o retrato mais bem acabado do fosso profundo em que se embrenhou a sigla. Como irmãos siameses, ambos podem ser facilmente confundidos. Cordeiro só na epiderme de porcelana, Gleisi é como o PT dos últimos tempos: posa de tolerante, mas nunca apresentou-se tão autoritária. Finge-se de democrata, mas não hesita em franquear apoio a ditaduras — como a instaurada por Nicolás Maduro, na Venezuela. Alega ser vítima de perseguição política, mas é quem melhor encarna o papel de algoz de parcela dos brasileiros. Arvora-se paladina da ética, mas é constantemente flagrada com as mãos sujas da corrupção. É a tal cegueira mental de que falava José Saramago: consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que for suscetível de servir aos seus interesses. Na última semana, a Polícia Federal concluiu um contundente relatório em que imputa a Gleisi os crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro. O relatório congrega laudos técnicos, registros de telefonemas, planilhas e trechos de delações de executivos da Odebrecht e de sócios de uma agência de publicidade da qual a petista se valeu para receber propina. A partir dos documentos é possível traçar o caminho do dinheiro até Gleisi Hoffmann. Uma das planilhas em poder da PF indica as datas de oito pagamentos de R$ 500 mil cada para a campanha de “Coxa” ao Senado em 2014. Segundo a delegada Graziela Machado “existem elementos suficiente a confirmar que o codinome Coxa se refere a Gleisi Helena Hoffmann”. O esquema envolveu também o Ministro do Planejamento no governo Lula e das Comunicações no governo Dilma, Paulo Bernardo — marido de Gleisi e que chegou a preso por desviar recursos de empréstimos concedidos a servidores públicos aposentados. O conjunto de desembolsos à petista perfaz um total de R$ 4 milhões, mas os colaboradores chegaram a mencionar repasses de R$ 5 milhões apenas no ano de 2014.
SOFTWARE DE FACHADA Em 2016, a PF desbaratou o esquema da Consist, chefiado por Paulo Bernardo (Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Setor de propinas

A apuração começou em fevereiro de 2016, quando a PF apreendeu documentos na residência de Maria Lúcia Tavares, secretária do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o já famoso departamento de propinas da empresa. Em dezembro do ano passado, três executivos da Odebrecht detalharam as anotações apreendidas pela PF e as mensagens de correio eletrônico relacionadas a Gleisi e ao codinome “Coxa”: o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, o da unidade infraestrutura, Benedicto Júnior, e o diretor da empresa na região Sul, Valter Lana. Segundo a PGR, o trio narrou “diversos repasses financeiros” nos anos eleitorais de 2008, 2010 e 2014, por solicitação direta de Paulo Bernardo. De acordo com Odebrecht, o acerto para pagar Gleisi passou pelas mãos do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, hoje preso em Curitiba.

O advogado do casal Rodrigo Mudrovitsch disse à ISTOÉ que as informações levantadas “não autorizam” as conclusões dos investigadores. A PF, no entanto, é taxativa: “Há elementos suficientes para apontar a materialidade e autoria dos crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro praticados pela senadora, seu então chefe de gabinete, Leones Dall Agnol e seu marido, Paulo Bernardo da Silva. Os autos também comprovam que a parlamentar e seu marido, juntamente com Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Valter Luiz Arruda Lana, foram responsáveis pelo cometimento de crime eleitoral”. Agora, o destino de Gleisi está nas mãos da Procuradoria-Geral da República, a quem caberá pedir ou não seu indiciamento ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin.
AFINIDADE ELETIVA Gleisi esteve com Maduro na posse Dilma (Crédito:Divulgação)
Espelho de um PT que deixou as bandeiras históricas de lado para enveredar pelo caminho da indigência moral, Gleisi é alvo da Lava Jato desde os primórdios da investigação. Na ocasião, os policiais descobriram que ela recebera R$ 1 milhão em propinas desviadas da estatal. Para emitir sua versão sobre esse processo em particular, no qual é ré, a senadora será interrogada pela Justiça no próximo dia 28, ao lado do marido Paulo Bernardo. É possível que o julgamento ocorra ainda este ano. O dinheiro, neste caso, foi repassado por doleiros. Seria apenas o fio de um extenso novelo que implicava o até então casal mais influente da Esplanada. A propina era desviada para um escritório de advocacia de Curitiba por meio de uma operação dissimulada: a Consist, empresa originalmente de software, fazia de conta que pagava pelos serviços advocatícios e, sem deixar digitais, os advogados bancavam as despesas do casal. Um dos sócios, o advogado Sasha Reck, depois de acusado de envolvimento na falcatrua, resolveu se mexer. Encomendou uma auditoria independente nas contas do escritório e descobriu aquilo que a Polícia Federal não levaria muito tempo para entender: o contrato de serviços jurídicos com a Consist era de fachada. A empresa também operou no Ministério do Planejamento e irrigou as contas do PT, por meio do ex-tesoureiro João Vaccari — razão pela qual Bernardo amargou seis dias na prisão, em 2016.
Gleisi discursa durante abertura do 23o encontro do Foro de São Paulo (Crédito:Divulgação)
“O PT manifesta seu apoio e solidariedade ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), seus aliados e ao presidente Maduro, frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela”
“Gostando-se ou não de Maduro, ele tem legitimidade, foi eleito na urna, o que não é o caso de quem governa o Brasil”
“Temos a expectativa que a Assembléia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana e que as divergências políticas se resolvam de forma pacífica”
“A vitória da Assembleia Constituinte demonstra claramente que é possível enfrentar e derrotar as novas táticas eleitorais e golpistas da direita”
“No Brasil também defendemos uma Constituinte para implantar as reformas”
Como é possível notar, Gleisi e PT sempre tiveram tudo a ver. Hoje, suas conveniências entrelaçam-se mais do que nunca. Em junho, Gleisi conquistou a presidência do partido com 60% dos votos dos delegados. Em sua primeira declaração, disse que o partido não iria fazer autocrítica de seus atos escabrosos “porque não contribuiria para fortalecer o discurso dos adversários”. “Não somos organização religiosa, não fazemos profissão de culpa, tampouco nos açoitamos. Não vamos ficar enumerando os erros que achamos para que a burguesia e a direita explorem nossa imagem”, discursou Gleisi. Em seguida, na mesma toada de seu padrinho mais ilustre, o ex-presidente Lula, a senadora petista passou a dourar outra narrativa: a de vítima. Foi para exercitá-la que “Coxa” foi guindada ao posto também com a bênção de José Dirceu. Em recente reunião em sua residência, o ex-capitão do time de Lula assim classificou a petista: “Ela é orgânica e focada”.
Além de se esgueirar dos avanços da PF sobre ela, o foco da presidente petista, ultimamente, consiste em tecer loas ao regime ditatorial de Nicolás Maduro, na Venezuela. No PT, a senadora é quem entoa com mais vigor o discurso pró-Maduro. Desde o início da repressão, Gleisi deu toda sorte de demonstrações de solidariedade ao governo venezuelano. No último Congresso do PT, por exemplo, recebeu uma delegação da embaixada venezuelana. Presente ao evento, o ex-presidente Lula não mencionou o tema, como era aguardado, uma vez que na campanha eleitoral ele havia gravado um vídeo em favor de Maduro. Razão: ele e outros petistas seriam contra a Constituinte, em dissonância com o que tem pregado Gleisi. No partido, no entanto, há quem diga tratar-se de uma estratégia. Enquanto Lula é poupado da exposição a um tema para lá de delicado, caberia a presidente do PT, por assim dizer, o “serviço sujo” — o qual ela pratica com convicção e impressionante entusiasmo.
PT ajudou a bancar a ditadura de Maduro
De 2006 a 2014, os governos de Lula e Dilma financiaram, por meio do BNDES, importantes projetos na Venezuela
Sem segredo
Ao abrir o 23º encontro do Foro de São Paulo, dia 16 na Nicarágua, a presidente do PT declarou, em nome do partido, apoio ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela. “O PT manifesta o seu apoio e solidariedade ao PSUV, seus aliados, e ao presidente Nicolás Maduro, frente à violenta ofensiva da direita pelo poder na Venezuela. Temos a expectativa de que a Assembleia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana e que as divergências políticas se resolvam de forma pacífica”, disse. O endosso da Constituinte feito por Gleisi carrega um outro significado: escancara o desejo irrefreável do PT de executar um programa bolivariano no País. Nos 13 anos em que esteve no poder foram inúmeras as tentativas de aplicá-lo, sem sucesso devido à solidez de nossas instituições. Mas o programa de censura a meios de comunicação e perseguição a adversários políticos, caso o partido retorne ao poder, já não constitui mais um segredo de polichinelo no PT, a julgar pelos recentes discursos de Lula.
Independentemente das reais intenções, o apoio à ditadura de Maduro representa, sem sombra de dúvida, a página mais vergonhosa da história do Partido dos Trabalhadores e, consequentemente, de Gleisi. O que se vê por lá é uma catástrofe humanitária sem precedentes. Os números são eloquentes, por desoladores. Em quatro Estados daquele País, a desnutrição infantil já alcança 20% das crianças com menos cinco anos de idade. O País amarga ainda a segunda maior taxa de homicídios do mundo. O índice de assassinatos em Caracas é 14 vezes maior que o de São Paulo, por exemplo. A inflação projetada para este ano é de 2.200%. Para se manter a qualquer custo no poder, Maduro apela para a violência extrema. Só nas últimas semanas, a guerra civil conflagrada no País deixou um saldo de mais de 100 mortes. É para ele que Gleisi bate palmas. Para justificar essa cumplicidade, os petistas, Gleisi à frente, praticam uma desonestidade intelectual: cada denúncia contra o regime é encarada como parte de uma campanha da CIA ou da imprensa “golpista”. Nada mais falso. São os órgãos internacionais de defesa dos direitos humanos, nos quais se escudaram a esquerda latino-americana no passado, quem mais apontam para os descalabros venezuelanos. “Na Venezuela toda a gama de direitos humanos é violentada. Direitos econômicos, sociais, culturais. As liberdades fundamentais, o direito à associação, a liberdade de expressão. Está havendo um contexto repressivo e militarizado diante das demonstrações de descontentamento social, no qual, além disso, são feitas detenções arbitrárias como ferramenta de controle, de calar as vozes da dissidência”, afirmou recentemente Erika Rivas, diretora da Anistia Internacional para as Américas.
Não foram apenas as afinidades eletivas que levaram Gleisi a alcançar a presidência do PT. A senadora se cacifou para assumir o partido quando passou a adotar a postura de líder da tropa de choque de Lula e Dilma no Senado. Na verdade, começava ali a manchar publicamente a própria biografia. Depois do impeachment, para deleite do petismo, ela transformou sua atividade parlamentar em sinônimo da política do quanto pior melhor, promovendo uma oposição inconsequente que em nada contribui para o avanço do País. A postura da presidente do PT ecoou entre os eleitores. Recentemente, Gleisi conversava com um jornalista quando foi abordada por uma cidadã: “Oi, Gleisi, você já está preparada para ser presa?”, perguntou. Ao que a petista replicou com uma resposta atravessada. “Não, querida, mas você pode ir”. Resultado: abriu o flanco para tomar outra invertida. “Eu não. A bandida aqui não sou eu”, sapecou a mulher. O diálogo foi gravado e viralizou nas redes sociais. Internamente no partido, a atitude intempestiva da senadora não foi bem recebida. Houve quem recomendasse recato, no momento em que a sigla experimenta a maior crise de sua história. Ela não aquiesceu.
O PT A CONHECE BEM

Outro motivo de desgaste interno é a maneira imprudente, para dizer o mínimo, com que Gleisi sempre escolheu seus assessores mais próximos. Seu mais lamentável intento foi nomear Eduardo Gaievski (PT/PR) para trabalhar no gabinete contíguo o da presidente deposta Dilma Rousseff (PT), quando ela era ministra da Casa Civil. E, pasme, como responsável pelas políticas da Presidência para Jovens e Adolescentes. Gaievski não tem currículo. Ostenta uma ficha corrida de dar calafrios. Hoje ele é acusado de crimes sexuais, sendo a maior parte deles contra menores. Na sequência, Gleisi escolheu o deputado André Vargas (PT/PR) para chefiar sua campanha ao governo do Paraná, para depois ter de afastá-lo pelo envolvimento com o doleiro Alberto Youssef e o ex-Diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em fraudes investigadas pela PF. A petista não pode alegar que desconhecia a face mais obscura de Vargas. Em 1998, ele foi indiciado por desvio de R$ 14 milhões da Prefeitura de Londrina (PR) para abastecer o caixa 2 da campanha a deputado do seu marido Paulo Bernardo. Na verdade, ela o conhecia muito bem. E era por isso que ele estava lá. É como ela própria, Gleisi: é por conhecê-la a fundo que o PT a alçou ao comando máximo da legenda.
Os malfeitos de Gleisi

• A senadora Gleisi Hoffmann é investigada no STF por ter recebido R$ 1 milhão em propinas da Odebrecht para sua campanha ao Senado em 2010
• No próximo dia 28, ao lado do marido Paulo Bernardo, Gleisi estará sentada no banco dos réus para dar sua versão sobre o caso
• O dinheiro era repassado a Gleisi por doleiros. A propina era desviada por um escritório de advocacia de Curitiba
• O casal Gleisi e Paulo Bernardo usava a empresa de software Consist para simular o pagamento de serviços advocatícios. Na verdade, era por meio dela que o casal tinha suas contas pessoais bancadas. A Consist também mantinha polpudos contratos com o Ministério do Planejamento, comandado por Paulo Bernardo durante o governo Dilma
• No departamento de propinas da Odebrecht foram encontradas planilhas de três repasses de R$ 150 mil cada, no total de R$ 450 mil, feitos à Coxa, o codinome de Gleisi. Os pagamentos foram feitos entre 2008 e 2010
• A senadora está sendo julgada na Comissão de Ética do Senado por quebra de decoro, ao invadir a mesa diretora do Senado, em 11 de julho deste ano
Colaborou Eduardo Militão

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Militares transexuais acionam Trump na justiça

Militares transexuais acionam Trump na justiça
O presidente americano Donald Trump em Bedminster, Nova Jersey, no dia 8 de agosto de 2017 - AFP
Cinco mulheres militares transexuais acionaram o presidente americano, Donald Trump, e ao Pentágono na justiça após o recente anúncio de que as pessoas transgênero não poderiam mais trabalhar no exército.
Nas ações, interpostas nesta quarta-feira ante um tribunal federal, as mulheres -que integram a aviação, o serviço de guarda-costas e o exército- se referem à incerteza sobre seu futuro, assim como sobre a possibilidade de perder seus direitos pós-militares (em especial o de aposentadoria).
Um porta-voz do Pentágono não quis comentar o caso por se tratar de um litígio em curso.
Em uma série de tuítes há duas semanas, Trump voltou atrás sobre uma medida aprovada por seu antecessor Barack Obama mais de um ano antes.
“Após consultas com meus generais e especialistas militares, deem-se por informados de que o governo dos Estados Unidos não aceitará e não permitirá às pessoas transgênero desempenhar alguma função nas Forças Armadas americanas”, afirmou na época.
O anúncio foi feito com pouca ou nenhuma coordenação com o Pentágono e durante as férias do secretário de Defensa, Jim Mattis.
A ação é contra Trump, Mattis e outros altos funcionários militares. Foi interposta pelo Centro Nacional para os Direitos das Lésbicas (NCLR, na sigla em inglês) e pela Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação (GLAAD). Nenhuma das demandantes se identificou.
“A diretriz de Trump de excluir as pessoas transgênero dos serviços das Forças Armadas tem gerado muito dano a nossos militares”, disse Shannon Minter, diretor jurídico do NCLR.
“Os militares transgênero foram tomados de surpresa com este anúncio e têm dificuldades para entender o que significa para seu futuro e para suas famílias”, acrescentou.
De acordo com a demanda, restabelecer a proibição é inconstitucional.
Segundo as estimativas, de 1.320 a 15.000 transexuais servem no exército dos Estados Unidos, com 1,3 milhão de militares em serviço ativo.
Desde o anúncio presidencial, a Casa Branca não detalhou ao Pentágono o procedimento a seguir, motivo pelo qual a política de aceitação de pessoas transgênero se mantém sem mudanças concretas até agora.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Janot tem 'obsessiva conduta' e 'motivação pessoal', diz defesa de Temer

Por meio de seu advogado, presidente pediu a suspeição de procurador-geral da República, que o denunciou por corrupção passiva no caso JBS

Brasília - Ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem "uma obsessiva conduta persecutória". Por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, o presidente pediu a suspeição - e impedimento - de Janot, que o denunciou por corrupção passiva no caso JBS.
Temer disse que preocupação com segurança no Rio 'é de todos os brasileiros' Márcio Mercante / Agência O Dia
"A motivação, tudo indica, é pessoal. Estamos assistindo a uma obsessiva conduta persecutória. O E. Procurador-Geral - em que pese o máximo respeito que devotamos à sua pessoa e à Instituição a que pertence - parece se sentir incumbido de uma missão maior, que extravasaria suas funções protocolares, a autorizar o emprego de medidas não amparadas pelo ordenamento legal", afirmou a defesa à Corte máxima.
A estratégia de Temer, ao pedir a suspeição de Janot, e se antecipar a uma possível nova denúncia do procurador. A primeira acusação formal de Janot foi recusada pela Câmara dos Deputados em 2 de agosto por 263 votos a 227. A autorização para eventual processo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o peemedebista precisava do aval de 2/3 dos deputados, ou 342 de 513.
A denúncia do procurador-geral da República tinha base na delação dos acionistas e executivos do Grupo J&F, que controla a JBS. O ex-assessor especial do presidente e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) também é acusado formalmente.
O procurador afirma que o ex-deputado era "pessoa de mais estrita confiança" de Temer "para tratar dos interesses escusos de Joesley Batista junto ao Governo Federal".
Segundo a acusação formal da Procuradoria-Geral da República, entre os meses de março e abril de 2017, em Brasília e em São Paulo, Temer recebeu, por intermédio de Rocha Loures, vantagem indevida de cerca R$ 500 mil. O dinheiro teria sido ofertado por Joesley Batista.
No pedido de suspeição, a defesa de Temer citou uma fala de Janot em 1.º de julho, no 12.º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Na ocasião, o procurador, afirmou que "enquanto houver bambu, lá vai flecha" e que até o dia 17 de setembro - data em que termina o mandato de Janot - a "caneta" é dele.
"Flechará, pois tem a caneta, se os alvos forem reais ou meramente fruto de sua imaginação, portanto quixotescos, pouco importa. Importa atirar", afirmou Mariz.
"Portanto, provar é de somenos, o importante é flechar. Parece pouco interessar ao Procurador se o alvo a ser atingido, além da pessoa física de Michel Temer, é a instituição Presidência da República; as instituições republicanas; a sociedade brasileira ou a Nação. O fundamental é dar continuidade à sua sanha de arqueiro contumaz."

terça-feira, 8 de agosto de 2017

A desfaçatez de Lula

O petista freqüenta o sítio de Atibaia desde quando era presidente. Esteve no local 270 vezes. Reformas foram realizadas por empreiteiras a seu pedido. Mesmo diante de provas irrefutáveis, Lula insiste no discurso de que nada sabia

A desfaçatez de Lula
Dezembro de 2010. Lula ainda era presidente. Dona Marisa, falecida no início deste ano, procurou Emílio Odebrecht, dono da Construtora Odebrecht, e pediu para que a empreiteira reformasse o sítio de Atibaia, onde o então presidente passaria a descansar depois que deixasse a Presidência. “Vou para o meu sítio”, contou Lula a amigos. O patriarca da empreiteira ordenou, então, que Alexandrino Alencar, diretor da companhia, se encarregasse das benfeitorias. Com a propriedade moldada a seu feitio, o petista e sua família passaram a frequentar o local religiosamente. Em seis anos, esteve no sítio por 270 ocasiões. Até a eclosão das denúncias contra ele, ao se manifestar sobre o paradeiro do ex-presidente, sua assessoria emitiu pelo menos 12 notas oficiais em que afirmava com todas as letras que o petista passaria os fins de semana “em sua casa de veraneio em Atibaia”. Ou seja, até ser acossada pela Lava Jato, a família Lula não tinha o menor constrangimento em reconhecer o imóvel como seu. A retórica se ajustou à luz dos novos fatos. Agora, perto de ser condenado de novo em primeira instância, Lula, que se tornou réu pela sexta vez na última semana, recorre a subterfúgios para negar o óbvio ululante: que o sítio lhe pertence e foi repaginado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht como contrapartida a obtenção de contratos na Petrobras.
No total, as empreiteiras gastaram R$ 1,025 milhão nas reformas do sítio, conforme concluiu o juiz Sergio Moro, ao aceitar, na terça-feira 1, a denúncia contra Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Em seu despacho, Moro afirmou que o ex-presidente “teria participado conscientemente do esquema criminoso. Como parte de acertos de propinas destinadas à sua agremiação política, o grupo Odebrecht e o grupo OAS teriam pago vantagem indevida ao ex-presidente Lula consubstanciada em reformas no sítio de Atibaia por ele utilizado”. Formalmente, o sitio está registrado em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios de Lulinha. Mas extraoficialmente, “a propriedade é de Lula”, diz o juiz. “O sítio passou a sofrer significativas reformas ainda em 2010, durante o mandato presidencial e que prosseguiram até 2014”, lembrou Moro. Lá, foram feitos investimentos “sempre com o conhecimento de Luiz Inácio”.
Para comprovar que Lula é o verdadeiro dono do sítio, o MPF anexou ao processo mensagens eletrônicas trocadas entre o caseiro da propriedade, conhecido como Maradona, com seguranças do ex-presidente. Uma delas falava que “um pintinho” havia sido atropelado pela “perua”. O MPF ainda incluiu na denúncia que, quando a PF fez buscas no local, roupas e bens pessoais do petista e de dona Marisa estavam guardadas no quarto do casal. Até uma camisa do Corinthians, escrito Lula nas costas, foi apreendida. Também foram encontradas notas fiscais de compra de material de construção – em nome de Marisa. Em outra devassa feita no imóvel de Lula em São Bernardo, a PF apreendeu uma minuta da escritura de compra e venda do sítio. Estava lá a digital do advogado de Lula, Roberto Teixeira, a quem coube preparar o documento de compra e venda em nome de Fernando Bittar. Um verdadeiro “batom na cueca”, como se diz no jargão policial quando há provas irrefutáveis de um crime.
A reforma de R$ 1 milhão

• O MPF afirma que Lula é o verdadeiro dono do sitio de Atibaia
• A propriedade, no entanto, está em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de seu filho Lulinha
• O imóvel está avaliado em R$ 1, 5 milhão
• Mas, a pedido de Lula, a Odebrecht, a OAS e seu compadre José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,025 milhão para reformar a propriedade
• Lula diz que não é dono do local, mas nos últimos 6 anos esteve lá 270 vezes
• Em emails, o caseiro do sítio, Maradona, comunicava os seguranças de Lula até sobre a morte de “pintinhos” na propriedade
• Em buscas em seu apartamento, a PF encontrou uma minuta da escritura do sítio

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

MPF denuncia 16 suspeitos de integrar quadrilha que trouxe fuzis pelo Galeão

quadrilha que trouxe fuzis pelo Galeão

Organização foi descoberta após a apreensão de 60 armas de guerra no terminal de cargas do aeroporto, em junho deste ano

Rio - O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro denunciou, nesta quarta-feira, 16 suspeitos de integrar a quadrilha de tráfico internacional de armas descoberta em junho deste ano, quando 60 fuzis de guerra foram encontrados pela polícia no Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão).
Armas apreendidas no setor de cargas do Galeão WhatsApp O DIA (98762-8248)
Segundo o MPF, entre 2014 e 2017 os acusados importaram armas ilegalmente 75 vezes. Fuzis, carregadores e munições eram disfarçados nas declarações de importação como aquecedores e bombas de água. Os objetos eram trazidos de Miami, nos Estados Unidos.
As autoridades estimam que, durante três anos, quase 300.000 munições e cerca de 1.000 fuzis com carregadores tenham sido trazidos para o Brasil pela quadrilha. As armas eram compradas por valores entre US$2,5 mil e US$3,5 mil (aproximadamente entre R$7,8 mil e R$10,9 mil na cotação atual) e vendidas por entre R$37,5 mil e R$53 mil.
Barbieri Divulgação
Os denunciados Frederik Barbieri, Ana Cláudia Santos, João Filipe Cordeiro Barbieri, Alexandre Cláudio Duarte Pires, Edson da Silva Ornellas, Mrcus Garrido Lourenço, Cláudio Alves Mendonça, Márcio Pereira e Costa, João Victor Silva Roza, Gil dos Santos Almeida, José Carlos dos Santos Lins, André Callil Assen, Victor Hugo Ferreira dos Santos Cardozo, Francisco Souza Siqueira e Luciano de Andrade Faria são acusados de organização criminosa, tráfico internacional e comércio ilegal de armas de fogo, munições e acessórios de uso restrito. Quatorze denunciados tiveram a prisão preventiva decretada.
As investigações revelaram a existência da quadrilha, chefiada por Frederik Barbieri, que tem dupla nacionalidade (brasileira e americana), sua esposa Ana Cláudia Santos e seu filho João Filipe Cordeiro Barbieri. As armas eram distribuídas a facções criminosas do Rio de Janeiro.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aumenta satisfação com o Aeroporto de Fortaleza

Índice passou de 4,30, no primeiro trimestre deste ano, para 4,32 no segundo trimestre, segundo pesquisa
O grau de satisfação geral dos passageiros do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, melhorou no segundo trimestre de 2017 em relação ao primeiro trimestre, passando de 4,30 para 4,32, segundo a última pesquisa realizada pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) divulgada ontem (31) pelo Ministério dos Transportes.
No ranking geral dos 15 aeroportos brasileiros pesquisados, o Aeroporto de Fortaleza ficou em 10º lugar, na frente dos terminais de Manaus (4,29), Porto Alegre (4,23), Congonhas (4,17), Cuiabá (4,07) e Salvador (3,86). O Aeroporto de Viracopos, em Campinas, aparece na primeira colocação com nota de 4,90, seguido dos terminais de Curitiba (4,74), Brasília (4,58), Recife (4,49), Confins (4,47), Santos Dumont (4,47), Natal (4,42), Guarulhos (4,41) e Galeão (4,34).
Indicadores
No resultado por indicador de satisfação, o Aeroporto de Fortaleza ganhou destaque nos seguintes quesitos em relação aos demais terminais: Tempo de fila na emigração (4,83), Disponibilidade de assentos na sala de embarque (4,80), Cordialidade e prestatividade dos funcionários do check-in (4,63), Qualidade da informação prestada pela cia aérea (4,58), Disponibilidade de tomadas (4,35) e Disponibilidade e localização de bancos/caixas eletrônicos/casas de câmbio (4,01).
Na outra ponta, as piores notas na comparação com os demais foram: Custo-benefício do estacionamento (2,57), Custo-benefício dos produtos de lanchonetes e restaurantes (2,98), Custo-benefício dos produtos comerciais (2,99), Tempo de fila da aduana (3,00), Qualidade da internet / wi-fi disponibilizada pelo aeroporto (3,15), Facilidade de Desembarque no meio-fio (3,90) e Cordialidade do funcionário da aduana (3,93).
Resultados gerais
Neste segundo trimestre foram entrevistados 13,1 mil passageiros, sendo que quase metade dos viajantes (49%), deram notas 5 (muito bom) para o indicador de satisfação geral avaliado na pesquisa. O resultado foi a maior porcentagem registrada da série histórica desde o início da coleta de dados, em 2013. Outros 43% avaliaram com notas 4 (bom), 7% com notas 3 (regular) e apenas 1% com notas 2 (ruim).
Além disso, entre os 15 terminais avaliados, 14 tiveram nota acima de 4 - média estipulada pela Conaero (Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias), - e todos eles apresentaram melhoria em relação a si mesmo na comparação com o segundo trimestre de 2016.
Pela segunda vez consecutiva, o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Cuiabá, apresentou a maior evolução no índice de satisfação geral de um aeroporto em relação a si próprio. O crescimento desta vez foi de 21,1%, considerando o segundo trimestre de 2016 e de 2017.