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PÁTRIA

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terça-feira, 31 de maio de 2011

Sarney recua e mantém imagem de impeachment de Collor no Senado

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recuou nesta terça-feira (31) da decisão de excluir o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) do corredor "túnel do tempo" da Casa painéis com imagens que contam os principais fatos históricos da instituição. Sarney chegou a classificar ontem o impeachment de "acidente", mas recuou um dia depois diante da repercussão negativa da retirada.

Em vídeo postado no blog do Senado, Sarney afirma que não era o curador da exposição de fotos que integram os painéis, por isso não foi sua responsabilidade excluir o impeachment do local.

A galeria, com 16 painéis, fica em um corredor entre os gabinetes dos senadores e o plenário. É um dos lugares mais visitados da Casa. O espaço passou por reforma, sem custos, segundo a Secretaria de Comunicação do Senado.

Em 2007, às vésperas da posse de Collor no Senado, a Casa já havia retirado as referências ao caso, mas recuou e algumas imagens acabaram inseridas no túnel do tempo. O painel que retrata a gestão Collor mostra, por exemplo, a aprovação de projetos como o tratamento gratuito de HIV e o "Estatuto das Micro e Pequenas Empresas".

Collor renunciou momentos antes do Senado decidir pelo impeachment, em 1992. Mesmo assim, os senadores aprovaram a perda do cargo.

Em nota, a Secretaria de Comunicação do Senado disse que a ideia dos painéis era "a partir da Constituição de 1988 destacar os fatos marcantes da atividade legislativa", com "foco na produção legislativa do Congresso Nacional".

REAÇÃO

Líder estudantil e do movimento dos caras pintadas, o hoje senador Lindberg Farias (PT-RJ) rebateu as declarações de Sarney. O petista disse que o fato é uma "página da história que orgulha" os brasileiros.

"É um erro tremendo. Não se apaga as páginas da história. É um erro do presidente Sarney, um grande equívoco", disse Lindberg.

Sarney classificou ontem o impeachment de "acidente" logo após a reinauguração da galeria de imagens do Senado, que conta a história da instituição desde o Império até os dias atuais --mas excluiu as fotos que faziam referencia à aprovação do processo de impeachment de Collor na Casa.

Lindberg saiu em defesa da importância histórica do impeachment para o fortalecimento da democracia no país. "Na história recente do país, o impeachment foi um dos maiores movimentos de mobilização social da nossa história, então, não é acidente. É uma página da historia que muito nos orgulha."

Sarney disse que o episódio talvez "seja apenas um acidente e não devia ter acontecido na história do Brasil". "Não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados que construíram as história e não os que, de certo modo, não deviam ter acontecido', disse o presidente do Senado.

Até quando?

Uma boa regra para governos é eliminar problemas mais rapidamente do que são criados. Governo é barco onde sempre entra água. E as bombas precisam funcionar bem. Para o barco não correr o risco de afundar.

Um foco permanente de encrencas para qualquer governo é o Legislativo. Ali estão os adversários, o pessoal que só pensa no dia de assumir o poder. E estão também os aliados, a turma a um passo de virar inimiga.

No parlamento britânico as bancadas da situação e da oposição sentam-se em fileiras paralelas, uns de frente para os outros, cara a cara. Segundo o lendário premiê Winston Churchill, diante dele estavam os adversários. Do lado dele, os inimigos.

Um modo de evitar a faca pelas costas é manter a tropa permanentemente feliz. Não é impossível, mas líderes não tão fortes costumam pagar caro, orçamentariamente, para garantir a paz dos cemitérios na base de sustentação.

Outra saída é cultivar uma guerra permanente contra adversários externos, mecanismo sempre útil para a coesão das próprias fileiras. Mas é preciso haver uma ameaça externa, nem que fabricada.

E aqui entre nós não se sente nem cheiro dessa ameaça.

Eis por que talvez o governo Dilma Rousseff esteja a recolher um efeito colateral daninho da ampla maioria que conseguiu nas urnas. E da — até agora — descoordenação da oposição.

Sem um oponente ameaçador, fica difícil levantar a bandeira da unidade em defesa dos interesses comuns, da sobrevivência.

Oposição muito forte é problema para qualquer governo. Muito fraca e desarticulada também é.

Outro vazamento no casco deste barco governista é a falta de agenda legislativa. Ou o Executivo entretém o Congresso Nacional ou este arruma uma pauta. Até para mostrar força e descentralizar poder.

De novo, o vácuo na agenda não seria problema se o poder estivesse efetivamente distribuído conforme o peso de cada sócio da coalizão.

O governo Dilma parece desejar o melhor de dois mundos. Nem oferece uma agenda para o Congresso, nem distribui poder com alguma lógica. É uma aposta ousada. Ou talvez seja apenas autossuficiência.

É preciso saber se vai dar certo. Ou até quando vai dar certo.



Dois

Do ângulo do governo, não poderia ser melhor o momento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu dar novo impulso à campanha pela flexibilização da legislação antidrogas.

E depois ainda tem gente com cara de dizer que a oposição aposta no quanto pior, melhor.

Talvez até aposte, mas é no quanto pior para ela, oposição.

Dilma é uma pessoa de sorte. Na primeira grande época de confusão no governo dela está sendo ajudada não apenas pelo último presidente, mas pelos dois últimos.

Aliás, FHC foi reconduzido este fim de semana à Presidência de honra do PSDB. Seria interessante saber o que os políticos do PSDB pensam das ideias propostas pelo seu líder maior sobre o assunto das drogas.



Cosmopolitas
A revista Veja publicou reportagem sobre o que descreve como efeitos econômica e socialmente desastrosos da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Parecem confirmar-se as piores previsões dos críticos a essa experiência laboratorial antropológica, resultado da parceria entre os governos cosmopolitas de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Ou o governo mostra que a reportagem está errada ou então diz o que vai fazer para dar uma vida digna às pessoas atingidas por aquela decisão.

Ou então será legítimo concluir que está mais preocupado em jogar para a plateia, em brilhar nos veículos de comunicação da Europa e dos Estados Unidos.

Mais preocupado até do que com as consequências dos atos dele para a vida de cidadãos brasileiros, pelo menos dos que dão azar de estar no caminho das operações publicitárias do poder.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Número de corpos resgatados do 447 chega a 127, dizem famílias

A Associação de Vítimas Brasileiras do voo AF447 informou nesta segunda-feira (30) que já foram recuperados 127 dos 228 corpos de mortos no acidente aéreo. Segundo o presidente da Associação, Nelson Marinho, comunicado do Escritório de Investigações e Análises da França (BEA, na sigla em francês) informou que 75 corpos foram retirados do Oceano Atlântico nesta fase de buscas.

O acidente ocorreu em 31 de maio de 2009 no Oceano Atlântico e matou 228 pessoas.

Outros 52 corpos haviam sido recuperados em fases anteriores de busca.

"Tenho certeza de que vão tirar todos os corpos. A Justiça francesa havia dado a informação precipitada de que só retiraria os corpos em bom estado. Mas nós não queremos corpos inteiros, queremos os restos mortais, queremos um enterro", disse Marinho, em entrevista ao G1, por telefone.

A Air France e a Airbus foram indiciadas em março por homicídios culposos dentro da investigação judicial sobre a catástrofe.

Relatório preliminar
O BEA divulgou na última sexta-feira, dia 27, um relatório preliminar que descreve o que já se sabe sobre a queda do avião. A análise dos dados das caixas-pretas recuperadas, segundo o órgão francês, mostra que os pilotos viram dois registros simultâneos de velocidades diferentes no painel de controle durante "menos de um minuto" e que um dos registros mostrava uma redução brutal da velocidade.

Isso impediu que a tripulação soubesse a velocidade real do aparelho. A queda do avião no Oceano Atlântico, em alta velocidade, durou cerca de três minutos e meio, de acordo com os dados retirados das caixas-pretas recém-recuperadas do mar. O Airbus caiu de barriga e com o bico para cima.

Governo alemão decide eliminar energia nuclear até 2022

A coalizão da chanceler alemã, Angela Merkel, decidiu no começo da madrugada desta segunda-feira (30) que o país deve desligar seus reatores nucleares até 2022.

Os cristãos-democratas da CDU de Merkel, o partido aliado União Social-Cristã na Baviera (CSU) e o parceiro menor na coalizão, os Democratas Livres (FDP), se reuniram neste domingo (29) depois que uma comissão de ética encerrou suas deliberações nesse final de semana.

Como esperado, eles concordaram com as propostas de fechar dentro de uma década todas as 17 usinas nucleares do país. Em março, após o terremoto seguido de tsunami no Japão, sete reatores alemães foram fechados temporariamente.

O ministro do Meio Ambiente alemão, Nobert Röttgen, comunicou à imprensa no começo da madrugada de segunda (30) que as três usinas nucleares mais modernas atrasarão eventualmente seu fechamento para 2022 no caso de surgirem problemas com a provisão de energia.

“É definitivo: o final máximo para as últimas três plantas nucleares é 2022", disse o ministro depois do encontro. "Não haverá cláusula para revisão".

Essas unidades devem ser vistas como "reserva de segurança", disse Röttgen, que comentou que o acordo entre as três legendas prevê que no ano de 2018 se decida se o blecaute pode ser realizado em 2021 ou um ano mais tarde.

A decisão dos partidos da coalizão dirigida por Merkel supõe um retorno à decisão tomada no ano de 2000 pela então coalizão de social-democratas e verdes às ordens de Gerhard Schröeder que tinha aprovado por lei o fim da era nuclear em 2021.

Merkel e sua equipe se retratam assim da lei que aprovaram no ano passado para prolongar a vida das usinas nucleares em uma média de 14 anos e que atrasava para 2036 o fechamento da última usina atômica na ativa.

No fim de semana, milhares de alemães foram às ruas pedir o fim da energia nuclear no país. Ativistas do Greenpeace penduraram banner no Portão de Brandeburgo, cartão postal de Berlim, em protesto contra o uso de energia nuclear na Alemanha.

domingo, 29 de maio de 2011

Tablets cada vez mais baratos

Na semana passada, o governo anunciou a isenção completa do PIS/Cofins, ICMS e IPI para equipamentos eletrônicos como os tablets. Com a medida, os equipamentos vão ficar até 30% mais baratos nos próximos meses. É hora de aproveitar a onda. Confortáveis de usar, fartos na oferta de recursos, portáteis ao extremo (podem ser utilizados, sem fio, em qualquer lugar e cabem em qualquer tipo de bolsa), eles rapidamente conquistaram uma legião de consumidores. A primeira versão do iPad, o tablet da Apple, vendeu um milhão de unidades em 28 dias e encerrou 2010 com 15 milhões de aparelhos colocados na praça. Rivais como Motorola, Samsung e RIM (fabricante do BlackBerry) rapidamente lançaram os próprios modelos, o que no final das contas foi bom para o consumidor. A seguir, dicas que serão úteis na escolha do seu modelo.

Turbulência no voo

Na política os últimos dias têm sido desastrosos para o governo da presidente Dilma Rousseff. O enfraquecimento do seu ministro mais forte, a intervenção direta do ex-presidente Lula, a falta de clareza na comunicação de temas delicados que vão do aumento patrimonial do ministro Palocci à saúde da presidente, tudo está diminuindo a musculatura do governo.

Argumentos como o que a presidente Dilma usou, de culpar a oposição por estar querendo um suposto terceiro turno, não têm valor significativo. Convence apenas os convencidos, é um discurso para dentro. A opinião pública ainda aguarda que o ministro Antonio Palocci saia do seu estranho e prolongado mutismo a respeito das dúvidas levantadas. É difícil entender, por mais boa vontade que se tenha com o ministro, a coincidência de datas. Exatamente no momento em que ele teve mais demanda no seu trabalho de coordenação da campanha presidencial e da sua própria campanha, e na preparação do novo governo, Palocci teve mais faturamento na consultoria.Míriam Leitão

Ele está preparando argumentos para respostas institucionais ao Ministério Público. Isso é relevante, mas não suficiente. Através do Congresso ou da imprensa, Palocci tem de sair do seu casulo e esgotar as dúvidas. Não há outro caminho a não ser esse: explicação clara e convincente.

A entrada excessivamente desenvolta do ex-presidente Lula em cena foi um espanto. Todos se comportaram como se ele fosse ainda o chefe da presidente e o dono da bola e do mandato. Distribuiu ordens, mudou estratégias, deu broncas em ministros e foi ouvido e atendido. Em 24 horas de atuação extravagante - e de sinais de subserviência da chefe de governo - Lula conseguiu trazer de volta o maior temor levantado durante a campanha presidencial: que Dilma fosse ser apenas a segunda pessoa em seu próprio mandato. Tudo virou uma aberração institucional.

Na votação na Câmara do novo Código Florestal, ficou explícita a fraqueza do governo. O mandato começou há cinco meses com cálculos dos analistas políticos de que ela teria uma sólida maioria - até maior do que a do governo anterior - e teve na terça-feira uma derrota desmoralizante. Os grandes perdedores foram os que combateram as mudanças no Código, sejam ambientalistas, cientistas, técnicos, partidos menores de oposição; mas o processo de votação revelou um problema político também. Foi a demonstração de que a base se partiu, a grande maioria dos governistas votou contra a orientação e os sinais enviados pelo governo. Faltou coordenação e sobrou ambiguidade em relação ao tema.

O assassinato dos ambientalistas, as notícias de aumento do desmatamento e os sinais dados pela Câmara montaram um quadro de assustador retrocesso na área ambiental, o pior possível para um país que se prepara para sediar uma reunião de cúpula mundial do clima no ano que vem.

Houve uma sucessão enorme de problemas nas obras do PAC desde que o governo começou, mas no caso da Usina de Belo Monte está em curso um fenômeno estranho: o consórcio que ganhou a concorrência está se desfazendo aos poucos. Primeiro saiu a Bertin que, a propósito, tem um problema por semana com seus credores. "O Estado de S. Paulo" publicou semana passada que estão para sair do consórcio a Galvão Engenharia, Serveng, Cetenco, Contern, Mendes Junior e J.Malucelli. O consórcio montado no Planalto, por interferência direta do governo passado, está se desmontando como um castelo de cartas.
Essa debandada mostra que a entrada da Vale não foi por qualquer avaliação sólida da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, mas a primeira demonstração de que a empresa segue ordens do Planalto. Mas a Vale não foi o suficiente. Agora, outros terão de entrar para salvar o consórcio.

O empreendimento tem problemas de engenharia, de viabilidade financeira, de custo fiscal, de conflitos diplomáticos, de segurança de produção de energia, ambiental, social e agora também é um problema empresarial. Só a teimosia explica por que não é postergado ou suspenso. Belo Monte é um mau negócio e um alto risco, qualquer que seja o aspecto pelo qual se analise a obra. E é um dos dois projetos que a presidente Dilma pessoalmente defende. O outro é o trem-bala, também uma incógnita do ponto de vista de custo para os cofres públicos.

Com projetos de infraestrutura duvidosos, uma base parlamentar rebelada, o ministro mais forte acuado, com dúvidas sobre sua saúde e com o ex-presidente dando demonstração de que quer tutelar sua sucessora, a presidente Dilma precisa urgentemente salvar seu próprio governo.

Primeiro, ex-presidente é como o nome diz, um ex. Ela é a dona do mandato, da cadeira, da caneta. De alguma forma isso tem de ficar mais explícito. Uma semana mais dessa exibição de "quem manda aqui sou eu" do presidente e nada mais sobrará do governo Dilma. Segundo, o ministro Palocci tem de sair do esconderijo onde se escondeu e dar as explicações devidas. Terceiro, respostas sobre a saúde da presidente têm de ser dadas com clareza, porque um dos ônus de ter o cargo mais importante da República é o de perder a privacidade em alguns temas, como por exemplo, a saúde.

Em relação ao Código Florestal no Senado, o melhor a fazer é encontrar um relator que consiga trabalhar pela conciliação; não pode ser um senador que já comece dizendo que concorda inteiramente com o texto aprovado na Câmara. Isso deixará à presidente o ônus político do veto.

Os chineses estão chegando

O primeiro sinal de que as montadoras chinesas passaram a tratar o Brasil como prioridade apareceu na 26ª edição do Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, no fim do ano passado. As fabricantes vieram em peso para o País pouco depois de boicotarem o Salão de Paris. De lá para cá, os automóveis chineses invadiram o País com preços abaixo do mercado, opcionais integrados aos modelos básicos, garantia de longo prazo e, acima de tudo, muito marketing. Além disso, os chineses chegam num momento em que as montadoras japonesas sofrem as conse quências do tsunami e têm dificuldades em distribuir peças. Com os ventos a favor, o crescimento de vendas no Brasil só tem um obstáculo: a desconfiança dos consumidores em relação à qualidade dos veículos. Segundo especialistas, os chineses hoje seguem a mesma trilha que japoneses e coreanos atravessaram no passado e em pouco tempo marcarão presença nas ruas ao lado dos Hondas, Toyotas, Hyundais e Kias.

Golpe no pregão eletrônico

O pregão eletrônico foi criado em dezembro de 2000 para dar maior transparência e proporcionar igualdade de condições nas concorrências públicas. Ele deveria eliminar a corrupção, dando um fim no risco de conluio entre empresas, num jogo de cartas marcadas. Após dez anos, o sistema já movimentou R$ 103 bilhões, mas o propósito inicial de transparência, da isonomia e da lisura está ameaçado. Programas de computadores espiões não autorizados pelo governo, conhecidos como robôs eletrônicos, estão sendo usados para fazer lances automáticos, em fração de segundos, de forma a manter um dos concorrentes sempre com o menor preço e sempre à frente
de seus concorrentes. Quando o pregão acaba, ele, em condição privilegiada, invariavelmente vence a licitação.

O governo federal tem conhecimento do problema. E afirma que vem tentando impedir o uso de robôs, para garantir igualdade de condições entre os participantes da concorrência. No entanto, não vem obtendo sucesso nessa tarefa. Ao mesmo tempo que faz um mea-culpa por não conseguir coibir a artimanha, o Ministério do Planejamento sustenta que a prática não é ilegal e é quase impossível eliminá-la. Posição diametralmente oposta à do Tribunal de Contas da União, que considera o uso dos robôs eletrônicos como uma irregularidade grave, por ferir o princípio da isonomia. O tribunal já exigiu que o governo encontre uma maneira de impedir o uso dos robôs, mas até agora nada.

Depois de perder várias licitações para um robô, um empresário de Brasília resolveu comprar um desses softwares da empresa MAC Control, especializada na comercialização de programas desse tipo. Custou-lhe R$ 5 mil. O empresário (fotografado de costas, à cima) não quer ser reconhecido. Dono de uma empresa de comunicação social, ele descobriu que o programa é capaz de invadir o ambiente virtual do site Comprasnet, do Ministério do Planejamento, e capturar os lances enviados pelas demais empresas. Em milésimos de segundos, o robô faz um lance menor, com a diferença de valor programada. Na prática, ele funciona como uma espécie de interceptador das informações que o próprio Ministério do Planejamento envia para todos os usuários do Comprasnet. Antes mesmo que a mensagem de que um outro concorrente reduziu o preço chegue aos computadores daqueles que não dispõem de um robô eletrônico, o programa reduz o preço ofertado. Muitas vezes, um usuário chega a fazer propostas com valor maior do que a que está em vigor, por conta da diferença de tempo entre seu lance e o lance do robô.

Na conversa com um revendedor do software, o empresário perguntou se seria impossível perder caso utilizasse o programa. “A probabilidade de você ganhar é de mais de 95%”. O empresário então questiona se o programa não poderia ser vendido a um concorrente: “A gente vai fazer um contrato de exclusividade”, respondeu o vendedor, que também defendeu a legalidade dessa prática e ofereceu referências. “A Embratel usa o nosso software há dois anos. Você acha que, se fosse ilegal, a Embratel ia se meter com isso?”. O vendedor, porém, não quis explicar como o programa entra no ambiente do Comprasnet. “Isso é o pulo do gato”, explicou. A conversa foi gravada pelo empresário, que forneceu à ISTOÉ uma cópia dos diálogos.

A Embratel, que pertence ao bilionário mexicano Carlos Slim, nega que utilize robôs em licitações e afirma que não contratou os serviços da MAC Control. Na proposta que faz a seus potenciais clientes, a empresa dona do software especifica a facilidade de informática que oferece: “Envio instantâneo de lances baseados no último menor lance, rápida análise e envio instantâneo de lances vencedores e função para cobrir automaticamente microempresa”. Mais adiante, outra informação preciosa. Durante a vigência do contrato, a MAC Control promete atualizações no software, que estaria “diretamente interligado” ao site Comprasnet. O dono da Control, Pedro Ramos, disse que o uso de robô não seria ilegal, mas assegurou que deixou de usá-lo desde janeiro deste ano, quando teria sido fixado um intervalo mínimo de seis segundos entre as propostas, algo que não está sendo cumprido na prática.

ISTOÉ apurou, nos registros do próprio site oficial do governo, vários casos de usos de robôs nos últimos 12 meses. No pregão realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações, em 2 de maio deste ano, a empresa LDC Comunicação fez 10 lances com intervalos médios de um décimo de segundo para a proposta anterior, todos eles com diferença de R$ 30 para menos. Outros dez lances, igualmente supervelozes, tinham variação no deságio. A empresa que perdeu a concorrência, a Clip & Clipping, entrou com recurso, alegando o uso irregular de robô. A LDC sustenta que não usa robôs. Os intervalos reduzidos seriam conseguidos com a utilização de quatro monitores. Mas o dono da LDC, Luís Mendonça, não soube explicar por que os lances rápidos, invariavelmente, têm a mesma diferença de valor para a proposta anterior. O caso está em julgamento na Anatel.

Diante das informações sobre o uso de robôs eletrônicos, o Ministério do Planejamento garantiu que está atento às investidas dessas novas tecnologias. E, quando detectadas, seriam neutralizadas por outras ferramentas, para barrar a vantagem de um dos concorrentes. O problema é que os robôs estão sendo sempre aperfeiçoados. “A gente tenta coibir, mas é difícil”, diz o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Planejamento, Delfino de Souza. “É uma corrida atrás do rabo o tempo todo, mas não há ilegalidade porque (o uso de robôs) não está proibido por lei”, completa o diretor de Serviços do ministério, Carlos Henrique Moreira.

Não é o que entende o Tribunal de Contas da União (TCU). Em julho do ano passado, o tribunal determinou ao Ministério do Planejamento, no prazo de 90 dias, “a promoção da isonomia entre os licitantes do pregão eletrônico, em relação à possível vantagem competitiva que alguns licitantes podem obter ao utilizar dispositivos de envio automático de lances (robôs)”. Em outubro, o Planejamento solicitou ao Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) o desenvolvimento de mecanismos que identificassem a presença de robôs nos pregões. Algumas medidas foram adotadas a partir de janeiro deste ano, mas não resolveram definitivamente o problema. Em 23 de março, o relator do processo no TCU, ministro Valmir Campelo, reafirmou a sua posição em relação ao uso de robôs em pregões eletrônicos. Ele solicitou, então, que os auditores do tribunal fizessem um monitoramento para apurar as providências adotadas pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Planejamento. O monitoramento estava previsto para o segundo semestre deste ano. Diante dos novos fatos, o TCU decidiu realizar o trabalho a partir desta segunda-feira 30.

Carlos Henrique Moreira, o diretor de Logística, diz que não será fácil atender o TCU. “O que eles querem não é trivial. Não temos 100% de certeza do procedimento”, explica. O governo, portanto, ainda não encontrou um antídoto para o ataque tecnológico.

sábado, 28 de maio de 2011

Após 4 anos, Egito reabre fronteira com a Faixa de Gaza

Após quatro anos de bloqueio, o Egito reabriu permanentemente neste sábado a principal porta da Faixa de Gaza para o mundo exterior, levando um longamente esperado alívio para a população do território palestino. Esse foi um acontecimento significativo para o grupo militante islâmico que controla a região, o Hamas.

A reabertura da fronteira em Rafah suspende o bloqueio egípcio que impediu que a maioria da população de 1,5 milhão de pessoas da Faixa de Gaza pudesse viajar para o exterior. O bloqueio, junto com um implementado por Israel na sua fronteira com a Faixa de Gaza, alimentou uma crise econômica no território densamente povoado.

Mas o movimento deste sábado levanta receios em Israel de que os militantes sejam capazes de se locomover livremente para dentro e fora da Faixa de Gaza. Destacando esses receios, o exército israelense afirmou que militantes da Faixa de Gaza lançaram um morteiro em direção a um campo aberto no sul de Israel durante a noite. Não houve feridos e Israel não reagiu ao ataque.

Israel e Egito impuseram o bloqueio depois que o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza, em junho de 2007. O fechamento das fronteiras, que também incluiu duras restrições de Israel ao transporte de cargas e um bloqueio naval, pretendia enfraquecer o Hamas, que se opõe à paz com Israel.

Desde a derrubada do presidente do Egito, Hosni Mubarak, em fevereiro deste ano, a nova liderança do país prometeu reduzir o bloqueio e melhorar as relações com o Hamas. Sob o novo sistema, a maioria das restrições será eliminada e um grande número de palestinos poderá cruzar a fronteira todos os dias.

Cerca de 350 pessoas se reuniram em Rafah na manhã deste sábado, quando o primeiro ônibus com passageiros cruzou a fronteira. Duas autoridades egípcias ficaram de guarda perto de uma grande bandeira do país no alto do portão de passagem enquanto o veículo passava. O clima dentro do terminal de ônibus da Faixa de Gaza era tranquilo e os policiais do Hamas pediam que os passageiros registrassem um a um seus documentos de viagem.

Depois de duas horas de operação, Hatem Awideh, diretor-geral da autoridade de fronteira do Hamas, informou que 175 pessoas haviam cruzado a passagem. "Hoje é o marco de uma nova era que nós esperamos que pavimente o caminho para encerrar o cerco e o bloqueio a Gaza", disse

Dilma segue conselho de Lula e investe em agenda positiva

O Palácio do Planalto aposta em uma agenda positiva na semana que vem para voltar à superfície e conseguir recuperar fôlego diante da primeira crise enfrentada pelo governo.

A presidente Dilma Rousseff aprofundará o receituário prescrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: dialogar mais com a base aliada e fazer aparições públicas. O objetivo é mostrar normalidade e tocar agendas fora de Brasília.

Conta-se, também, com a sorte: o governo torce para que não haja fatos novos envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, pivô da atual turbulência política. A Folha mostrou que o ministro multiplicou por 20 seu patrimônio nos últimos quatro anos.

Na segunda-feira, Dilma fará visita de um dia ao Uruguai. Na terça, reúne governadores para uma ampla reunião sobre a infraestrutura da Copa-2014. Na quarta-feira, a presidente recebe senadores do PMDB no Palácio da Alvorada.

APOSTA

A maior aposta da agenda positiva, porém, será o lançamento do programa Brasil sem Miséria, vitrine de Dilma na área social no combate à pobreza extrema.

Interlocutores da presidente admitem não haver nenhuma estratégia montada para resolver o desgaste envolvendo Palocci.

Na semana passada, ninguém cogitava uma eventual saída do ministro; nesta, já há pessoas considerando essa possibilidade. A hipótese, no entanto, apesar de estar no radar da Presidência da República, ainda é tratada como "rumor".

O ex-presidente Lula, em sua passagem de dois dias por Brasília, chegou a comentar que a queda de Antonio Palocci seria muito ruim para o governo.

Em 2006, o mesmo tipo de avaliação fez com que ele mantivesse Palocci por meses à frente do Ministério da Fazenda. Considerado hoje essencial na articulação política de Dilma, o ministro era igualmente visto como peça vital para a estabilidade macroeconômica da administração Lula.

VISITA

Na sexta-feira, Dilma Rousseff volta a viajar. Irá ao Rio de Janeiro para inaugurar a plataforma P-56 da Petrobras. Em seguida, cumpre agenda ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB). Ele pretende aproveitar a visita para lançar a versão estadual do Brasil sem Miséria, evento ainda não confirmado oficialmente.

A ideia é retomar a imagem de gerente do governo conquistada nos primeiros meses de mandato. A crise, tendo Palocci em seu epicentro, acabou arranhando essa percepção. Outra recomendação dada pelo antecessor é a de que Dilma se aproxime mais de sua base.

"A interlocução talvez não esteja sendo feita de uma forma adequada", reconheceu o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO) diz que ao menos 8 dos 20 senadores já apresentaram queixas e cobram mais atenção do Executivo. "Eu já tinha falado que a presidente iria precisar fazer um pouco mais de política.Mas ainda está em tempo essa aproximação [com a base]", ponderou Raupp.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Queda do voo 447 durou 3 minutos e meio, dizem investigadores franceses

O órgão francês responsável pela investigação do acidente com o voo 447 divulgou nesta sexta-feira (27) um relatório preliminar que descreve o que já se sabe sobre a queda do avião, que matou 228 pessoas em 2009.

A análise das caixas-pretas recuperadas, segundo o BEA (Escritório de Investigações e Análise), mostra que os pilotos viram duas velocidades diferentes no painel de controle durante "menos de um minuto" e que uma delas mostrava uma redução brutal da velocidade.

A queda do avião no Oceano Atlântico durou cerca de três minutos e meio, de acordo com os dados retirados das caixas-pretas, recém-recuperadas do mar.

O acidente em 31 de maio de 2009 começou com um pequeno alerta duas horas e meia após o início da viagem e pouco depois de o capitão deixar brevemente a cabine para descansar.

O relatório transcreve diálogos da tripulação na cabine e conclui que "a composição da tripulação estava em conformidade" com as regras.

Antes da queda, os pilotos tiveram dificuldades por mais de quatro minutos, segundo o relatório. Um dos pilotos advertiu a tripulação que o avião entraria em uma zona de fortes turbulências.

"Em dois minutos devemos atacar uma área mais agitada do que agora e devemos tomar cuidado lá", disse um dos pilotos.

O Airbus A330 subiu para cerca de 11.600 metros de altitude, e começou uma rápida descida de três minutos e meio, girando de esquerda para direita, até tocar o mar.

O mais jovem dos três pilotos entregou o controle ao segundo piloto mais experiente um minuto antes do acidente e um minuto e meio após a retirada do piloto automático, sempre segundo o BEA.

'Informações fragmentadas'
O BEA não entra em detalhes sobre o que teria provocado a inconsistência nem sobre como ela teria influenciado no acidente do voo entre Rio e Paris.

A divulgação deste relatório parcial, segundo o escritório francês, ocorreu por causa do que o órgão chamou de "rotina de liberação de informações fragmentadas e muitas vezes aproximadas", pela imprensa europeia, dos resultados da investigação das caixas-pretas, iniciada em 14 de maio.

A nota, segundo o BEA, descreve "de maneira factual" os acontecimentos que levaram ao acidente, mas não apresenta análises.

Isso só acontecerá, segundo o BEA, no relatório de etapa, que será publicado em final de junho, conforme anunciou Thierry Mariani, secretário de Transportes da França.

Até agora, o único fato estabelecido sobre o que poderia ter causado o acidente é uma falha no funcionamento das sondas Pitot, que servem para medir a velocidade da aeronave.

Mas isso não basta para determinar o que causou o acidente.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lula lá

Numa espécie de intervenção branca no governo Dilma Rousseff para conter a base aliada e a crise envolvendo o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chefiou uma reunião de três horas e meia com líderes e presidentes de partidos aliados ontem, na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). No encontro, Lula prometeu resolver reclamações de falta de interlocução com o governo, pediu apoio para Palocci e alertou para o risco de uma crise institucional de consequências imprevisíveis. Sua próxima missão é se reunir com ministros para cobrar deles mais atenção aos aliados. O que já fez com Palocci, no jantar de anteontem com Dilma no Palácio da Alvorada.

Segundo relatos dos participantes do café da manhã na casa de Sarney, ao pedir solidariedade e apoio para segurar o chefe da Casa Civil, Lula disse que Palocci estava "muito estressado", mas não podia ser desamparado porque dá uma contribuição enorme ao governo Dilma e ao Brasil. E contou, segundo um líder presente, como foi o puxão de orelhas no ministro:

- No jantar com o Palocci ontem à noite eu disse a ele: tome cuidado, porque sua situação no Congresso é péssima. Há uma imensa insatisfação com sua conduta. Você tem que se aproximar mais, atender as bancadas, marcar jantares políticos.

Na véspera, Lula se reuniu com senadores do PT, que desfiaram um rosário de queixas contra a falta de interlocução com o Planalto, inclusive com Palocci, que nunca atende ninguém. Nem nos momentos de crise.

A atuação de Lula nos dois últimos dias, elogiada pelos aliados, já produziu os primeiros efeitos: hoje Dilma almoçará com a bancada do PT no Senado e, semana que vem, com os líderes dos demais partidos aliados que se reuniram ontem na casa de Sarney.

E, ontem mesmo, Dilma e Palocci já botavam em prática as orientações de Lula: o ministro telefonou para marcar jantares e para antecipar a aliados a decisão da presidente de recolher o kit contra a homofobia, que tanto incomodava a bancada evangélica. A própria Dilma telefonou para o líder do PRB, senador Marcelo Crivella (RJ).

Na conversa na casa de Sarney, que contou também com a presença do vice-presidente Michel Temer, o ex-presidente pediu que todos os presentes colocassem suas pendências, que ele as levaria para Dilma e para os ministros da área. E fez uma avaliação da crise provocada pela revelação de que o patrimônio de Palocci aumentou substancialmente no período em que ele atuou como consultor, entre 2007 e 2010, quando era deputado.

- O presidente Lula tem uma sensibilidade política mais aguçada e deu sinais claros de que a crise do Palocci é muito grave, não sai da mídia, e que pode caminhar para uma crise institucional de dimensões preocupantes e futuro imprevisível - contou um dos senadores presentes.

Enquanto ocorria a reunião de Lula com aliados, Palocci telefonou para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), para confirmar o almoço de hoje. Ligou também para o líder do PTB, Magno Malta (ES), um dos mais revoltados com a falta de atendimento no Planalto. Magno teria se recusado a falar com Palocci naquele momento.

- Lula disse que ia conversar com os ministros, que se recusam até a devolver telefonema, para que eles acordem. Eu disse sobre o caso do Palocci: a arrogância precede a ruína! Não estou aqui para ser desrespeitado por ninguém. Lidero cinco senadores. E quando o pau quebra descobrem que existe base? - disse Magno Malta, após a reunião com Lula.

Segundo ele, Lula concordou com as reclamações e disse que os ministros deveriam receber os parlamentares.

- O café foi bom. O presidente Lula é jeitoso. Não tem a síndrome de Mercadante - completou Malta, referindo-se ao ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.

Nesses encontros, Lula vem fazendo uma defesa intransigente de Dilma, repetindo muito que ela teve um período difícil com a pneumonia, passou os primeiros meses cuidando da gestão e que só agora está fazendo o ajuste fino da articulação política.

O presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), sugeriu a Lula que aconselhasse Dilma a aparecer mais, para ocupar o espaço político e evitar vazios que são ocupados com notícias negativas.

- Se a crise tem um lado positivo, foi ter trazido Lula para o protagonismo político. E ele se apresentou, não foi chamado. Foi aplaudido! Fala como irmão. Senti nele uma saudade, uma melancolia, uma vontade de abraçar os companheiros! - disse Crivella.

Segundo relatos, ao ouvir as críticas sobre ministros e propostas do governo, Lula, no seu estilo bem humorado, disparou:

- Desse jeito vamos ter que criar o MVDM, o Ministério do Vai Dar Merda.

Sérvia anuncia prisão de acusado de genocídio

O presidente sérvio, Boris Tadic, anunciou nesta quinta-feira (25) a prisão de Ratko Mladic, o homem mais procurado da Europa, que atuou como chefe do exército da Sérvia durante a guerra da Bósnia.

"Detivemos Ratko Mladic hoje [quinta-feira] de manhã. O processo de extradição está em curso", afirmou Tadic, aludindo à transferência do ex-comandante para ser julgado pelo tribunal de Haia. Até a prisão desta quinta, Mladic era o principal acusado de crimes de guerra foragido desde o conflito dos Bálcãs, nos anos 1990.

Segundo o presidente, Mladic foi preso na Sérvia. "Isto remove um fardo pesado da Sérvia e fecha uma página infeliz da nossa história", disse.

Comandante das forças sérvias durante a guerra da Bósnia (1992-1995), Mladic foi indiciado pela corte internacional de crimes de guerra em 1995 sob a acusação de genocídio no massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica e o cerco de 43 meses a Sarajevo.

União Europeia
A demora na prisão do ex-general sob acusações de genocídio era tida como um entrave aos esforços da Sérvia para ingressar na União Europeia.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, disse nesta quinta, no entanto, que a prisão de Mladic é uma importante condição para a entrada da Sérvia no grupo, mas não significa sua automática adesão.

A Holanda foi um dos principais países membro da União Europeia a exigirem a prisão de Mladic antes da Sérvia ser aceita como parte do grupo.

Igreja Universal é condenada por agressão à idosa em templo

A Igreja Universal do Reino de Deus de Rio das Ostras (RJ) terá que indenizar a aposentada Edilma Alexandre de Oliveira em R$ 51 mil por agressão.

Em agosto de 2004, Edilma, na época com 71 anos, levou um chute de um auxiliar de pastor dentro do templo e foi lançada a uma distância de três metros. Ela sofreu fratura na perna com lesões irreversíveis.

A idosa passou por duas cirurgias para colocação de parafusos de platina. Ela ficou impossibilitada de fazer seus serviços domésticos e os doces que vendia para ajudar no sustento.

O advogado de Edilma, Francisco Afonso da Silva Carvalho. disse à Folha que sua cliente está muito adoentada e que provavelmente não voltará a andar.

"Ela foi convidada por uma amiga para participar de um culto. No dia tinha a chamada sessão do descarrego. Ao seu lado sentou um homem que, ao receber algum tipo de espírito, acabou atingindo sua perna. Até hoje a dona Edilma anda com cadeira de rodas", explicou Carvalho.

O advogado afirma que, na época, a igreja chegou a ajudar no tratamento de Edilma, mas quando viu que o estado de saúde da idosa piorou, a atenção foi suspensa.

A igreja recorreu, mas a 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio negou provimento ao recurso e manteve a sentença.

Em sua defesa, a igreja reconheceu que o evento aconteceu em suas dependências, "lugar que se destina a práticas espirituais que deixam, muitas vezes, os fieis fora de si e, portanto, com possíveis comportamentos de violência, movidos pela delirante força para neutralizar atuações pretensamente demoníacas".

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Parceria nos EUA para vender SuperTucano à Força Aérea

Em associação com a americana Sierra Nevada, a Embraer vai disputar contrato para venda de 20 aeronaves turboélice Super Tucano a Força Aérea norte-americana (Usaf). Os aviões serão usados para treinamento avançado de pilotos e em operações de contrainsurgência no Afeganistão, dentro do programa conhecido como LAS (Light Air Support). O contrato está previsto para ser anunciado nos próximos meses e a Embraer concorre com a americana Hawker Beechcraft, fabricante do modelo AT-6, que ainda está em fase de desenvolvimento.
"Se ganharmos, vamos montar os aviões nos EUA e o site preferencial para abrigar a linha de montagem do Super Tucano será Jacksonville, na Flórida, onde já tivemos um contato preliminar para avaliar a viabilidade desse projeto", disse o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado.
Em 2004, a Embraer chegou a anunciar o início da construção de uma fábrica no mesmo local, onde planejava desenvolver programas de defesa e segurança nacional nos EUA. O primeiro projeto da unidade seria o programa Aerial Common Sensor (ACS), do Exército americano, que inicialmente escolheu a plataforma do jato Embraer 145 para implantar um sistema de nova geração para vigilância de batalha. Na época liderado pela Lockheed Martin, no entanto, o projeto não foi adiante.
Na nova concorrência, da qual participa o Super Tucano, a Embraer precisou se associar a uma empresa americana, em atendimento à lei "Buy American Act", que também exige a instalação de uma linha de fabricação das aeronaves no país. "A empresa Sierra Nevada não é um "prime contractor" americano, mas tem muita experiência em logística e em pós-venda e acabou sendo um sócio interessante, porque o programa é muito pequeno", explicou.
O Super Tucano, segundo Curado, é uma aeronave bastante competitiva e que atende bem à especificação técnica do contrato, além de já ter sido testada por cinco Forças Aéreas da América Latina. O executivo acredita, no entanto, que a decisão transcende a questão técnica, pois existem fatores geopolíticos envolvidos e que deverão ser respeitados.
"Outro ponto a nosso favor é o prazo de entrega. Temos capacidade de fabricar e de entregar rapidamente. No caso da Beechcraft, ainda tem um período de desenvolvimento. Essa variável tempo será importante se os EUA quiserem uma coisa muito a curto prazo", comentou.
A aeronave, segundo a Embraer, acumula até o momento um total de 180 encomendas, das quais 152 já entregues. A receita obtida com a venda do modelo até agora, de acordo com a fabricante brasileira, é da ordem de US$ 1,6 bilhão. A Embraer projeta um mercado de US$ 3,5 bilhões para a classe do Super Tucano, algo em torno de 300 aeronaves.
A aeronave já foi vendida para a Colômbia, Equador, Chile, Indonésia, República Dominicana, Guatemala e para dois clientes na África. "Nosso principal foco com o Super Tucano não são os países desenvolvidos, que já têm seus próprios aviões de treinamento. O Sudeste da Ásia, África e América Latina são os nossos mercados alvo", disse. O modelo está configurado para missões de treinamento avançado, vigilância de fronteiras, ataque leve e contrainsurgência. (VS)

Gabinete de Palocci violou sigilo de caseiro, diz Caixa

A Caixa Econômica Federal informou à Justiça Federal que o responsável pela violação dos dados bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa foi o gabinete do então ministro da Fazenda e hoje ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.É a primeira vez que o banco estatal responsabiliza o ex-ministro. Até então, dizia que apenas havia "transferido" os dados sob sigilo para o Ministério da Fazenda, sem acusar Palocci ou seu gabinete pelo vazamento.

Na época, o escândalo derrubou o então ministro da Fazenda do cargo, em março de 2006.

O ministro informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que "desconhece" a ação judicial pela qual o caseiro Francenildo dos Santos Costa pede uma indenização por danos morais na Justiça Federal de Brasília.

Em 2009, o STF (Supremo Tribunal Federal) não aceitou denúncia contra Palocci por falta de provas, por cinco votos a quatro.

O petista, reabilitado por Dilma, agora é alvo de novas suspeitas após a Folha revelar que o ministro multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 e 2010. Ele adquiriu dois imóveis pela empresa Projeto --um apartamento de luxo em São Paulo no valor de R$ 6,6 milhões e um escritório na mesma cidade por R$ 882 mil.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pimenta Neves se entrega à polícia

O jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves se entregou na noite desta terça-feira (24) para policiais civis da Divisão de Capturas. Investigadores e os delegados Pablo Baccin e Waldomiro Pompiani Milanes foram recebidos pelo condenado por volta das 19h30. Ao abrir a porta de sua casa, na Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo, Pimenta Neves sorriu e cumprimentou os policiais.
Meia hora depois, ele entrou em um carro da polícia. Parte das dezenas de pessoas que se aglomeravam em frente à casa bateu palmas no momento em que o carro saiu em direção à sede da Divisão de Capturas, no Centro da cidade. Outras pessoas gritaram “assassino”.O advogado Itagiba Francês, um dos defensores de Pimenta Neves, disse que em nenhum momento seu cliente pensou em fugir. “Ele está ciente. Esperava isso há muito tempo. Não tem esse negócio de fugir.”
De acordo com Francês, o jornalista de 74 anos “está bem, mas debilitado”. “Ele está magoado, triste. É um momento de tristeza.” Ele informou que Pimenta Neves mora sozinho e toma remédio para problemas de saúde, como hipertensão.
Ao chegar à Divisão de Capturas, no Centro de São Paulo, Pimenta Neves disse: "Eu estava esperando". Questionado por jornalistas se estava preparado para ficar 15 anos preso, disse apenas uma palavra: “Claro”.
Malas prontas-O delegado Aldo Galeano, diretor do Departamento de Identificação e Registros Diversos (Dird), contou na noite desta terça-feira (24), que o jornalista Pimenta Neves não ofereceu resistência à prisão e que já tinha deixado pronta uma mala com roupas caso fosse preso.
“Ele já tinha as roupas separadas”, informou Galeano, acrescentando que o jornalista pediu que sua integridade física fosse respeitada. Em frente à casa do jornalista, além de muitos jornalistas, havia vizinhos e curiosos que se aglomeraram no portão esperando a saída de Pimenta Neves.
“Dissemos que não poderíamos escondê-lo. Houve um processo de convencimento por telefone. Ele estava esperando. Essa sentença é irrecorrível e a gente mostrou para ele que haveria desgaste (caso ele resistisse à prisão)”, afirmou Galeano.
Além de roupas e remédios, Pimenta Neves colocou na mala dois livros. A polícia não soube informar quais eram os títulos. “Ele pediu dois livros. Estava muito sereno. Falou que a mala estava arrumada desde a semana passada”, contou um investigador da Divisão de Capturas que não quis se identificar.
Vitória-O advogado da família da jornalista Sandra Gomide comemorou a decisão. Sergei Cobra afirmou que esse é o caso de maior impunidade da história do Brasil. “É uma vitória. Isso mostra que a Justiça dá uma resposta ao maior caso de impunidade que o Brasil já viu, até porque ele [Pimenta Neves] é réu confesso”, disse Cobra.
STF-O Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por unanimidade dos cinco ministros que a integram, o último recurso pendente de Pimenta Neves, condenado em 2006 pela morte da ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide. O relator do caso, ministro Celso de Mello, determinou ao juiz da Comarca de Ibiúna (SP) o cumprimento da pena de 15 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado.
De acordo com o ministro relator, não há mais possibilidade de se recorrer da decisão. “É um fato que se arrasta desde 2000 e é chegado o momento de se por termo a este longo itinerário já percorrido. Realmente esgotaram-se todos os meios recursais, num primeiro momento, perante o Tribunal de Justiça de São Paulo; posteriormente, em diversos instantes, perante o Superior Tribunal de Justiça, e também perante esta Corte”, afirmou Mello durante o julgamento.

Tepco confirma derretimento em mais 2 reatores nucleares no Japão

A operadora da usina nuclear que está no centro da crise de radiação no Japão após o terremoto e tsunami que atingiram o país confirmou nesta terça-feira que houve derretimento de barras de combustível em três de seus reatores.

A Tokyo Electric Power disse que o derretimento das barras de combustível nos três reatores aconteceram no início da crise na usina de Fukushima Daiichi, após o desastre de 11 de março.

O governo e especialistas já haviam informado anteriormente que as barras de combustível em três dos seis reatores nucleares provavelmente teriam derretido no início da crise, mas a operadora, também conhecida como Tepco, só confirmou o derretimento no reator 1.

Autoridades da Tepco disseram que uma revisão dos dados registrados na usina desde o começo de maio concluiu que a mesma coisa aconteceu nos reatores 2 e 3.

A descoberta inicial, que foi informada à agência de segurança nuclear do Japão, representa parte de um esforço inicial para explicar como os eventos em Fukushima saíram do controle no começo da crise.

Também nesta terça-feira, o governo nomeou Yotaro Hatamura, professor de engenharia da Universidade de Tóquio, especialista em falhas de sistemas complexos e projetos, para chefiar uma comissão que irá investigar a causa da crise nuclear e como ela está sendo enfrentada.

As medidas foram tomadas no momento em que investigadores da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) iniciaram uma visita de duas semanas ao Japão para preparar um relatório do acidente, a ser entregue à agência das Nações Unidas em junho.

Alguns analistas acreditam que o atraso em confirmar os derretimentos em Fukushima indica que a operadora temia gerar pânico ao divulgar a gravidade do acidente mais cedo.

"Agora as pessoas estão acostumadas à situação. Nada está resolvido, mas os negócios foram retomados normalmente em lugares como Tóquio", disse Koichi Nakano, professor de ciências políticas da Universidade de Sofia, em Tóquio.

Nakano disse que, ao confirmar os derretimentos só agora, a Tepco pode estar esperando que um impacto menor. A palavra "derretimento" tem uma conotação tão forte que quando a situação estava mais incerta, mais pessoas provavelmente teriam fugido de Tóquio, afirmou.

Jovens Empreendedores da ACIRS participam de treinamento no Exército

Foram 37 jovens e consultores enfrentando desafios e vencendo seus limites nos dois dias de treinamento. “Trabalho em equipe e respeito ao líder foram as lições mais importantes que aprendemos. E é pela equipe que aprendemos a superar. Quando pensamos que não há mais condições de continuar, sempre podemos mais”, avalia João Henrique Facchini, coordenador do Núcleo de Jovens Empreendedores da ACIRS.
O grupo conheceu o Sistema de Excelência do GAC, assistiram às instruções das Técnicas Especiais de Sobrevivência e de Acuidade Visual. Participaram de oficinas de treinamento: orientação com carta e bússola, pista de cordas, técnicas de defesa pessoal e pista de progressão.
“Três pontos me chamaram atenção, o primeiro é que o exército caminha para a excelência através da constância de propósitos. O segundo, trata-se da garra que temos que aplicar diariamente, tirando a conclusão de que “quando o corpo não agüenta, a moral é que sustenta”, e o terceiro foi a evidência de que temos uma visão errada sobre o trabalho do exército”, resume Tiago Pisetta, vice-presidente regional do Conselho do Jovem Empreendedor de Santa Catarina (CEJESC).

Este foi o primeiro grupo de jovens empreendedores a participar junto ao exército do Treinamento de Liderança. Teoria e prática se completaram em uma atividade diferente, demonstrando o valor do trabalho em equipe e a força que um líder deve ter perante os obstáculos diários.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Senadores defendem renuncia de Palocci

Senadores da oposição e integrantes de partidos da base aliada defenderam nesta segunda-feira, 23, o afastamento do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Em discursos na Casa, nomes do PSDB, PMDB e PP dizem que o ministro não tem mais condições de permanecer no governo

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou nesta segunda-feira, da tribuna do Senado, que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, não tem mais condições de continuar no cargo, sob pena de deixar o governo da presidente Dilma Rousseff "exposto, acuado e obrigado a adotar medidas que só pioram a situação". O senador apontou a renúncia do ministro como o melhor caminho para evitar constrangimentos à presidente, já que não conseguiu apresentar explicações convincentes para o seu enriquecimento.

"Amealhar R$ 7 milhões em quatro anos não é tarefa fácil, ainda mais quando essa façanha foi executada paralelamente ao trabalho de deputado federal", afirmou. "Não estou falando de um simples parlamentar, mas de um dos mais importantes quadros do PT no Congresso, envolvido diretamente nos projetos e propostas mais estratégicas para o governo Lula."

Jarbas reconheceu que será difícil obter no Senado as 27 assinaturas para criar uma CPI. Ainda assim, acha que a oposição deve insistir na busca de apoio para a investigação, em vez de se acomodar na "declaração infeliz" do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de que o caso está encerrado.

"Palocci perdeu todas as condições de ocupar o cargo. Ele deve sair, até porque é quem desde o dia 1º de janeiro exerce a tarefa de indicar, de vetar, ocupantes para cargos públicos", reiterou.

O senador lembrou que, há pouco mais de cinco anos, Palocci foi obrigado a renunciar ao cargo de ministro da Fazenda para não comprometer ainda mais o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E disse que ainda assim, "foi premiado com uma segunda chance para fazer a coisa certa, mas que, em vez disso, "incorreu novamente no erro".

Ele lembrou que o caseiro Francenildo dos Santos Costa - que revelou ao Grupo Estado transações realizadas na mansão frequentada pelo então ministro e seus amigos de Ribeirão Preto (SP) - teve de expor aspecto de sua vida privada para provar a origem legal do dinheiro encontrado na sua conta da Caixa Econômica Federal. E que, agora, resta ao ministro Palocci fazer mesma coisa, "se é que isso é possível".

Militares participam da Operação Amazônia 2011

Cerca de 4,5 mil militares participam de hoje (23) a 3 de junho da Operação Conjunta Amazônia 2011. O objetivo é prestar apoio às comunidades ribeirinhas por meio de ações cívico-sociais, aprimorar o adestramento das três forças para atuar de forma coordenada e eficaz em conflitos convencionais no ambiente de selva, além de manter a capacidade operativa das tropas na região. Este é o nono exercício realizado na área desde 2002.A operação será desenvolvida nos municípios de Manaus, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Coari, Japurá, Fonte Boa, Jutaí e Yauaretê, onde estima-se que pelo menos 2 mil pessoas serão atendidas. As ações incluem atendimento médico e odontológico.De acordo com o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, a iniciativa ajuda os militares a desenvolverem novos métodos nas áreas de logística e comunicações. “Essa operação vai sedimentar doutrinas operacionais vitais para o emprego das Forças Armadas,” disse. Além da operação na Amazônia, haverá até dezembro de 2011 operações conjuntas em áreas de fronteira nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste.

Barco que afundou no DF estava superlotado, dizem bombeiros

O barco "Imagination", que naufragou na noite deste domingo (22) no lago Paranoá, em Brasília, estava com o número de ocupantes acima da capacidade permitida, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Ao menos dois morreram no acidente e ainda há desaparecidos. Segundo a major Vanessa Signale, o barco tinha autorização para navegar com 90 passageiros e dois tripulantes, mas ao menos 104 pessoas estavam a bordo.
A última vistoria feita na embarcação ocorreu em novembro, e foi atestado que ele estava em boas condições e tinha todos os itens de segurança, como boias e coletes salva-vidas. Passageiros relataram, porém, que ninguém usava os coletes na embarcação na noite de ontem.
Bombeiros da unidade de busca e salvamento encontraram um papel com a lista de passageiros entre os destroços do barco, que afundou e está em uma profundidade de 17 metros. Os bombeiros não informaram se a lista está legível e se poderá ser usada para confirmar o número de desaparecidos.
As buscas por vítimas devem continuar até o início da noite, mas os trabalhos são prejudicados pela baixa visibilidade no lago, que hoje está em menos de um metro. As buscas estão concentradas no local do acidente e no trajeto que ele faria, sentido Lago Norte.
Ao menos 25 mergulhadores foram mobilizados. Também são feitos mergulhos no naufrágio para o recolhimento de materiais. VÍTIMAS
Os bombeiros localizaram na manhã de hoje o primeiro corpo de vítima do naufrágio. É uma mulher, ainda não identificada, e o corpo estava preso na embarcação. Além dela, morreu um bebê de sete meses não resistiu e também morreu.
As famílias que estavam na beira do lago foram orientadas a ir para o IML de Brasília para aguardar informações.
A mãe do bebê morto no naufrágio foi identificada apenas como Valdelice e permanece desaparecida. "Não temos mais esperança de encontrá-la viva", disse o cunhado, Joeci. O enterro do corpo do bebê só deverá ocorrer quando a mulher for encontrada.
Segundo Joeci, o marido de Valdelice e outra filha do casal estavam na embarcação, mas sobreviveram e estão fisicamente bem.

domingo, 22 de maio de 2011

Carla, a primeira brasileira a pilotar um caça a jato

De todos os pilotos de combate de primeira linha da Força Aérea Brasileira (FAB), a tenente-aviadora Carla Alexandre Borges é a única que ajeita os brincos e prende o cabelo ao tirar o capacete depois de um voo. No início do mês, aos 28 anos, a paulista de Jundiaí se tornou a primeira mulher brasileira a assumir o comando de um caça a jato, realizando um sonho que tinha desde a infância, quando pedia que a família a levasse para ver os aviões no aeroclube da cidade.
"Minha tia me levava para feiras de aviação desde que eu tinha cinco anos e eu pedia para ver os aviões no aeroporto nos fins de semana", conta ao retornar de um voo de instrução de combate na Base Aérea de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. "Meu quarto era cheio de pôsteres e miniaturas de aviões. Quando eu pilotei sozinha um caça a jato pela primeira vez, realizei um sonho."
Até o início de outubro, Carla deve concluir o curso de aviação de caça de primeira linha, como são classificadas as aeronaves A-1 - especializadas em ataques a alvos em solo, com velocidades de até 900 km/h e capazes de carregar mísseis e munição 30 mm. Com uma preparação de oito anos em quatro cidades, conquistou a função de líder de esquadrão de caça.
"Os únicos tratamentos diferentes que ela recebe são um vestiário e um banheiro próprios", declara o Major Martire, subcomandante do esquadrão de que Carla faz parte. A piloto confirma que recebe a mesma cobrança que seus colegas homens, apesar dos brincos de brilhantes que usa debaixo do capacete.
"Mesmo sendo um ambiente masculino, eu não perco a feminilidade", diz, rindo. "Eu recebo um tratamento profissional tanto no voo como no solo e me sinto como qualquer outro piloto em formação." Carla fez parte da primeira turma da Academia da Força Aérea que passou a aceitar mulheres entre seus integrantes. Em 2002, desistiu de tentar ingressar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), passou no concurso da Academia da Força Aérea (AFA) e mudou-se para Pirassununga, a 160 km de Jundiaí.
"Eu fazia cursinho para entrar no ITA porque eu queria fazer engenharia aeronáutica, mas quando abriram concurso para mulheres na AFA, prestei e passei para a primeira turma", conta. "Foram 20 mulheres na minha turma. Onze se formaram e três escolheram pilotar caças."

Solo.
Cerca de 100 aviadores se formam por ano na AFA. Carla passou quatro anos em Pirassununga, onde pilotou o Neiva T-25 e o T-27. Das três mulheres que pilotam caças na FAB, Carla foi a primeira a realizar voos solo com aeronaves a jato, "considerados aviões de primeira linha". As outras duas pilotos comandam turboélices Super Tucanos, em Campo Grande.
"Voar em um caça a jato dá uma sensação enorme de liberdade. Eu estava muito ansiosa, porque batalhei muito, me preparei e me dediquei para chegar até lá", diz Carla.
Pilotos de aeronaves de primeira linha participam de treinamentos intensos e constantes, com o objetivo de aperfeiçoar manobras, reflexos e rotas. Aviões potentes, como o A-1, exigem planejamento detalhado antes de cada voo, pois a velocidade exige decisões rápidas de seus comandantes, que são inundados por adrenalina durante os voos e chegam a enfrentar uma força G (provocada pela aceleração da aeronave) que chega a 6 vezes o peso do próprio corpo.

Obama diz que Palestina será criada por acordo e em fronteiras diferentes de 67

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez neste domingo um grande esforço diplomático para acalmar a tensão com Israel.

Em discurso diante da Aipac, grupo de lobby israelense, Obama se dedicou a explicar melhor seu discurso de quinta (19), dizendo que seu plano para a criação de um Estado palestino em terras ocupadas por Israel inclui uma troca de territórios mutuamente acordada e não seguirá exatamente a fronteira de antes da guerra de 1967.

Na quinta-feira, o presidente Obama causou furor em Israel ao defender que "as fronteiras de Israel e do Estado palestino deveriam basear-se nas linhas de 1967 com trocas [de terras] acertadas de comum acordo".

Apesar de Obama já ter feito a ressalva da troca de terras, a comunidade internacional viu o discurso como a defesa da Palestina em terras antes da ocupação israelense de 1967, que incluem Cisjordânia, faixa de Gaza e a disputada Jerusalém Oriental (que os palestinos querem como capital e Israel diz ser indivisível de sua capital).

Israel reagiu em poucas horas e disse que Israel não poderia aceitar a proposta, pois ficaria com fronteiras indefensáveis. Na sexta-feira, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, foi a Washington e, ao lado de Obama, ressaltou que Israel não aceitará este mapa. "

Teremos que aceitar alguns fatos, não podemos aceitar a volta às fronteiras antes de 1967. Elas não são realistas, não levam em conta as mudanças demográficas que que ocorreram desde então. Os palestinos precisam aceitar essa realidade", afirmou o premiê israelense.

Diante do mais importante grupo israelense nos EUA, um grupo de grande influência na política americana e que votou em peso (80%) em Obama em 2008, o presidente rejeitou a controvérsia.

"Deixe-me repetir o que falei e não o que foi reportado", começou a explicar Obama, colocando um tom mais forte para "as trocas acertadas de comum acordo".

"As partes, israelenses e palestinos, vão negociar uma fronteira que é diferente da que existia em junho de 1967. É isso que significa troca mútua. Permite que as duas partes reconheçam as mudanças que ocorreram nos últimos anos. Permite às partes desenhar os dois Estados pensando nas novas realidades demográficas e as suas necessidades", disse Obama.

"O que fiz na quinta-feira foi dizer em publico o que já era conhecimento no âmbito privado", garantiu Obama.

ESFORÇO

Sob fortes aplausos, Obama repetiu ainda tudo que os israelenses queriam ouvir. Ressaltou que a segurança de Israel é prioridade para os EUA, condenou o acordo de reconciliação palestino, rejeitou o esforço dos palestinos de buscar reconhecimento na ONU (Organização das Nações Unidas) e pediu ao grupo palestino Hamas que liberte o soldado Gilad Shalit.

"No sábado, encontrei o premiê Netanyahu e reafirmamos a verdade fundamental que guia nossas relações nos últimos 60 anos. Embora discordemos, como amigos fazem, os laços são inquebráveis e o comprometimento dos EUA com a segurança de Israel é rígido como ferro", disse o democrata.

Ele ressaltou ainda que entende como a busca por segurança pode ser difícil para um estado pequeno como Israel e cercado por uma vizinhança pouco amistosa e disse que, por isso, seu governo elevou a cooperação com o país judeu em níveis sem precedentes.

Obama citou ainda que os EUA vão ser uma oposição firme a qualquer tentativa de deslegitimar a existência de Israel, em citação ao esforço diplomático palestino de aprovar seu Estado na ONU (Organização das Nações Unidas), em debate em setembro.

"A existência de Israel não deve ser tema de debate e qualquer tentativa de deslegitimá-lo terá oposição firme dos EUA", disse, sob aplausos.

Obama condenou ainda o recente acordo de reconciliação entre as facções rivais palestinas Fatah e Hamas. Ele disse, em tom duro, que os EUA vão continuar a pressionar o Hamas a aceitar a existência de Israel e abrir mão da violência.

NÃO HÁ TEMPO

Obama não poupou Israel de uma alfinetada. Em meio ao apoio amplo, Obama pediu que Israel se dedique às negociações de paz e disse que não há tempo para procrastinação.

"Não podemos esperar uma década, duas décadas, três décadas", disse o presidente americano. "Não importa quão difíceis sejam as negociações. Precisamos reconhecer que o fracasso em tentar não é uma opção. O status quo não é sustentável", garantiu.

Obama alertou ainda os israelenses de que a impaciência com a estagnação do diálogo está crescendo e que a causa palestina ganha força com a falta de esforço israelense.

"Será cada vez mais difícil manter um Estado judeu e democrático em Israel. A tecnologia vai tornar difícil Israel se defender sem uma paz genuína", alertou, pedindo por negociações diretas.