O presidente Jair Bolsonaro afirmou na tarde desta segunda-feira (29)
que o advogado Fernando Santa Cruz, que era militante de esquerda
durante a ditadura militar (1964-1985), foi morto pelos integrantes da
Ação Popular (AP), um grupo de luta armada contra o regime, e não pelas
Forças Armadas. Santa Cruz é pai do presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
“O pai do Santa Cruz integrava a Ação Popular do Recife, era o grupo
terrorista mais sanguinário que tinha. E esse pessoal tinha algumas
ramificações pelo Brasil, tinha uma grande no Rio de Janeiro. O pai
dele, bastante jovem ainda, veio para o Rio de Janeiro. (…) O pessoal da
AP no Rio de Janeiro ficou, primeiro, estupefato: ‘como é que pode
esse cara vir do Recife se encontrar conosco aqui?’ O contato não seria
com ele, seria com a cúpula da Ação Popular de Recife. E eles resolveram
sumir com o pai do Santa Cruz. Essa é a informação que eu tive na época
sobre esse episódio. Por que, qual é a tendência? ‘Se ele sabe, nós não
podemos ser descobertos’. Existia essa guerra naquele momento. Isso que
aconteceu, não foram militares que mataram ele não. É muito fácil
culpar os militares por tudo o que acontece”, disse o presidente durante
uma transmissão ao vivo (live) em sua página no Facebook, na qual ele
apareceu cortando o cabelo.
Pela manhã, em uma entrevista na porta do Palácio do Alvorada,
Bolsonaro disse que sabia como Fernando havia morrido. Ele fez a
revelação ao responder uma pergunta sobre sobre a atuação da OAB na
investigação do caso de Adélio Bispo, autor do atentado à faca contra o
então candidato a presidente, durante as eleições do ano passado.
“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de
um dos caríssimos advogados [de Adélio Bispo]? Qual a intenção da OAB?
Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o
pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai
querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, afirmou a jornalistas.
Bolsonaro ressaltou que não quer “polemizar” com o presidente da OAB e
que apenas expressou uma divergência. “Não quero polemizar com ninguém,
não quero mexer com os sentimentos do senhor Santa Cruz porque não
tenho nada pessoal contra ele. Eu acho que ele está equivocado em
acreditar em uma versão apenas do fato. Ele tem todo direito de me
criticar, mas essa é a versão minha, de quem participou ativamente do
nosso lado, na época”, acrescentou.
OAB
Em nota oficial, a OAB repudiou as declarações de Bolsonaro e prestou
solidariedade à família de Santa Cruz. “Apresentamos nossa
solidariedade a todas as famílias daqueles que foram mortos, torturados
ou desaparecidos, ao longo de nossa história, especialmente durante o
Golpe Militar de 1964, inclusive a família de Fernando Santa Cruz, pai
de Felipe Santa Cruz, atingidos por manifestações excessivas e de
frivolidade extrema do Senhor Presidente da República.” DOI-CODI
O livro-relatório “Direito à Verdade e à Justiça” destaca que um
documento do então Ministério da Aeronáutica informou, em 1978, que
Fernando Santa Cruz tinha desaparecido. Informações de perseguidos
políticos ressaltaram que o desaparecimento ocorreu em 22 de fevereiro
de 1974 e ele teria sido morto pelo DOI-CODI do Rio de Janeiro.
Depois de identificar os quatro hackers
que invadiram os celulares dos ministros Sergio Moro, Paulo Guedes e
até do presidente Bolsonaro, para violar conversas sigilosas divulgadas
pelo site The Intercept, a PF investiga agora quem possa tê-los
financiado – ou seja, o mandante do crime
Wilson Lima
Desde o início de junho, o Brasil vive um clima de instabilidade
institucional em razão do vazamento de mensagens que foram surrupiadas
dos celulares dos procuradores da República de Curitiba. Elas revelaram
conversas sigilosas mantidas entre eles e o ministro da Justiça, Sergio
Moro – o que motivou a Polícia Federal a desenvolver uma profunda
investigação sobre quem as teria hackeado. Pudera. Os policiais
identificaram na violação o propósito de desgastar o então juiz da 13ª
Vara Federal de Curitiba – que condenou o ex-presidente Lula à prisão – e
consequentemente desmoralizar a Lava Jato. Com o desencadeamento da
“Operação Spoofing”, esta semana, levando à prisão quatro hackers de São
Paulo e interior do estado, a PF está bem perto de esclarecer a
motivação do maior crime cibernético já realizado na história do Brasil e
que está tomando proporções de uma ameaça à segurança nacional. Até a
tarde de quinta-feira 25, só faltava saber quem pagou. Há indícios – e
não são poucos – de que quem financiou a quadrilha queria fazer uso
político do material.
O chefe da quadrilha, Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, confessou à
polícia ter hackeado os celulares de Moro e dos procuradores. Não só.
Ele admitiu ter repassado os dados para o jornalista Glenn Greenwald, do
site The Intercept Brasil. Um de seus comparsas, Gustavo Henrique Elias
Santos, também preso, afirmou em depoimento à PF que Walter desejava
vender os dados para o PT. O partido nega. A PF ainda não sabe dizer se a
comercialização foi efetivada ou se era apenas a intenção do criminoso.
O fato é que os hackers movimentaram mais de R$ 700 mil nos últimos
meses, exatamente no período dos vazamentos. Os policiais querem agora
ter provas cabais de quem efetivamente desembolsou o dinheiro.
“Vermelho”, que virou colaborador da PF, é um dos que podem ajudar a
esclarecer, mas os agentes não seguem apenas esse rastro.
Por ora, as conclusões das investigações são por si só alarmantes. A
PF confirma que há fortes indícios de que Walter Delgatti Neto queria
mesmo obter vantagens financeiras com a venda do produto dos vazamentos
dos telefones de Moro. Essa é hoje a principal linha de investigação. Se
ele comercializou, logo alguém bancou. Outros detalhes da organização
criminosa desmantelada na “Operação Spoofing” em São Paulo, Araraquara e
Ribeirão Preto, onde foram presos os hackers, reforçaram as suspeitas
dos agentes federais. Com o casal Gustavo Santos e Suellem Priscila de
Oliveira a PF apreendeu R$ 100 mil em dinheiro vivo. Além disso, o Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) constatou que circulou
R$ 627 mil em suas contas entre abril e junho, exatamente o período que
corresponde às invasões. Ocorre que Gustavo, um DJ, e sua mulher não
poderiam apresentar uma movimentação dessa magnitude. Somadas, suas
rendas mensais não chegam a R$ 5 mil.
Os suspeitos justificaram a fortuna movimentada alegando, por meio de
seus advogados, que trabalhavam com o mercado de bitcoin, onde
obtiveram elevados lucros. Mesmo assim os ganhos financeiros são
considerados atípicos, segundo a PF. A defesa de Gustavo Santos seguiu
na mesma toada: assegurou que ele amealhou dinheiro com jogos de vídeo
game e investiu os recursos em moedas virtuais. A versão sincronizada
não colou. Pesa contra eles ainda o fato de todos, sem exceção, já terem
experimentado dissabores na polícia. O mais encrencado deles,
“Vermelho” foi preso em 2015 sob a acusação de falsidade ideológica, por
utilizar documentos falsos e portar remédios controlados e receitas em
nome de pacientes. Também responde por crime de estelionato. Isso
reforça a tese da PF de que os hackers presos seriam apenas os
executores do crime e não os mentores intelectuais da violação dos
aparelhos das autoridades.
Para alcançar os idealizadores e possíveis financiadores da operação
ilegal, o Ministério Público Federal (MPF) já solicitou a quebra do
sigilo bancário e fiscal dos quatro hackers detidos no período de
janeiro a julho deste ano. Claro que, hoje, as suspeitas convergem para
Gleen Greenwald, do site The Intercept, que teria recebido o material
das mãos do hacker, segundo o depoimento do próprio, e divulgado o
material. Resta saber se Greenwald pagou pelas mensagens do Telegram e
se foi realmente ele o cabeça da operação criminosa. Quando os diálogos
vieram à tona, o jornalista americano jurou ter recebido o material de
uma “fonte anônima”. Golpe primário
Os criminosos pareciam bem instruídos. Ao todo, os investigadores
detectaram que o grupo realizou 5,6 mil ligações dos aparelhos das
vítimas. Foi o caso de Sergio Moro que recebeu telefonemas do seu
próprio celular. O erro dos hackers, segundo os agentes da PF, foi terem
cometido um “golpe primário”: usaram os computadores nos endereços de
IPs registrados nas companhias de celular deles mesmos. “O Brasil não é
para amadores”, disse um policial. A forma como os criminosos
conseguiram entrar nos celulares das autoridades acendeu a luz de
alerta. Em todos os casos, eles capturaram o código de acesso do
Telegram Web para conseguir acessar as mensagens nos celulares dos
hackeados, com a clonagem pura e simples dos aparelhos. Uma tática
relativamente simples, mas que possibilitou aos hackers alcançarem os
dados das autoridades. A dúvida é: como eles conseguiram os números dos
telefones de Sergio Moro, de Paulo Guedes e até do presidente Bolsonaro?
A resposta para essa pergunta pode ser o ponto-chave dos próximos
passos da investigação. A uma conclusão os agentes já chegaram: houve um
mandante.
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, informou ao presidente do Supremo
Tribunal Federal (sTF), Dias Toffoli, que celulares de ministros da
corte foram alvos de ataque hacker e que houve acesso a dados de SMS e
do aplicativo Telegram destes ministros, de acordo com informações do
G1.
Segundo a reportagem, Moro relatou que ligou pessoalmente para os ministros atacados, mas não revelou os nomes.
Por meio da assessoria, o STF informou que não comentará o episódio.
(Arquivo) O ministro da Justiça brasileiro, Sergio Moro - AFP
Estadão Conteúdo
O ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) postou em sua
página no Twitter, nesta quarta, 24, que ‘pessoas com antecedentes
criminais’ são a ‘fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas
mensagens obtidas por crime’.
1. Moro não citou nomes em sua mensagem. Ao apontar para ‘pessoas com
antecedentes criminais’, o ministro se refere ao grupo aprisionado pela
Polícia Federal na Operação Spoofing, deflagrada nesta terça, 23.
2. Foram presos quatro investigados por suspeita de hackear o
aplicativo Telegram do celular de Moro e também de juízes e delegados da
PF. Um deles, Walter Delgatti Neto, o ‘Vermelho’, que reside em
Araraquara, interior paulista, acumula processos por estelionato,
falsificação de documentos e furto.
3. “Pessoas com antecedentes criminais, a fonte de confiança daqueles
que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime”, escreveu o
ex-juiz da Lava Jato.
4. Desde o início de junho, Moro é alvo da divulgação de diálogos a
ele atribuídos com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.
Ele enalteceu o trabalho dos investigadores e a decisão do juiz
Wallisney Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, que decretou a
prisão temporária dos suspeitos, o bloqueio de bens e a quebra do sigilo
bancário de todos.
“Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers,
assim como o Ministério Público Federal e a Justiça Federal”, ressaltou
Moro.
O ministro também fez uma conta, baseado na decisão de Wallisney.
“Leio, na decisão do juiz, a referência a 5.616 ligações efetuadas pelo
grupo com o mesmo modus operandi e suspeitas, portanto, de serem
hackeamentos. Meu terminal só recebeu três. Preocupante
O ministro da Justiça e
Segurança Pública Sergio Moro gesticula durante audiência na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado em Brasília, 19 de junho de 2019 -
AFP/Arquivos
Estadão Conteúdo
A Polícia Federal abriu Operação Spoofing nesta terça-feira, 23,
contra um hacker que invadiu o celular do ministro da Justiça, Sérgio
Moro. A ação foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília,
Vallisney de Souza Oliveira.
A PF cumpre quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em São Paulo, em Araraquara e Ribeirão Preto.
“As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados”, informou a PF.
Spoofing é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar
uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação
é confiável quando, na realidade, não é. A operação mira uma
‘organização criminosa que praticava crimes cibernéticos’.
Moro teve o aparelho desativado em 4 de junho, após perceber que um
dia antes ele havia sido alvo de ataque virtual. O celular do ministro
foi invadido por volta das 18h da terça-feira, 4. Ele só percebeu após
receber três telefonemas do seu próprio número. O ex-juiz, então,
acionou investigadores da Polícia Federal, informando da suspeita de
clonagem.
O celular do ministro foi invadido por volta das 18h do dia 4. Ele só
percebeu após receber um telefonema do seu próprio número. Ao atender, a
ligação ficou muda. O ex-juiz, então, acionou investigadores da Polícia
Federal que ficam a sua disposição, informando da suspeita de clonagem.
O último acesso de Moro ao aparelho foi registrado no WhatsApp às 18h23
daquele dia.
A diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
aprovou a suspensão da nova tabela de fretes, até que seja resolvido o
“impasse com o setor”. A decisão foi aprovada por unanimidade nesta
tarde de segunda-feira, 22, após o ministro da Infraestrutura, Tarcísio
de Freitas, informar, pela manhã, que ela seria revogada. Com a decisão,
a tabela anterior, referente ao ano passado, volta a vigorar. Uma nova
reunião com os caminhoneiros está prevista para quarta-feira (24).
Publicada na quinta-feira passada (18), a nova tabela para cálculo do
frete mínimo foi criticada pelos caminhoneiros, que ameaçavam iniciar
uma greve – a exemplo do que ocorreu em maio no ano passado. A resolução
revogada tinha entrado em vigor no sábado (20). Ela foi criada em
conjunto com o grupo de pesquisa e extensão em logística agroindustrial
da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de
São Paulo, e estabeleceu regras gerais, metodologia e coeficientes dos
pisos mínimos referentes ao quilômetro rodado, por eixo carregado.
A suspensão da nova tabela, segundo a diretoria da ANTT, considerou
“notícias iminentes de greve de caminhoneiros” e a “insatisfação de
parcela significativa” da categoria. O órgão regulador levou em conta a
necessidade de “evitar dano irreparável ou de difícil reparação”, como
“prejuízos econômicos em paralisações” e a redução da “instabilidade no
setor de cargas”.
“A agência reitera o compromisso com todos os envolvidos de manter um
diálogo constante, a fim de buscar um consenso no setor de transporte
rodoviário de cargas, e pretende ampliar o debate sobre a matéria”,
informou a ANTT.
Suspensão pelo PDT de Tabata Amaral e
de outros sete deputados que votaram a favor da reforma da Previdência
mostra que Ciro continua sendo... Ciro
RUPTURA Ciro
e Tabata, que desde a eleição vinham trocando afagos, agora estão às
turras: pensamento e voto contrários à orientação do partido (Crédito:
Divulgação)
Vicente Vilardaga
O que era uma relação calorosa e de simpatia mútua se encaminha para
um tumultuado divórcio. O vice-presidente do PDT e figura proeminente do
partido, Ciro Gomes, e a jovem estrela em ascensão da política
nacional, Tabata Amaral (PDT-SP), que já estiveram em lua de mel,
entraram em conflito depois que ela contrariou a orientação da legenda
ao votar a favor da reforma da Previdência. Parece ser uma ruptura
definitiva. Ciro defendeu imediatamente a expulsão de Tabata, assim como
a de outros sete deputados pedetistas que votaram como ela. Usou
palavras como “desgosto” e “decepção” para expressar sua contrariedade
específica com a ex-aliada. Deu forte munição para a reunião na
quarta-feira 17, quando a Executiva Nacional do PDT concluiu que os
parlamentares traíram os princípios da legenda e decidiram suspender
provisoriamente os oito deputados. Haverá um processo e, ao final de 60
dias, eles correm o risco de serem expulsos.
Apesar de envolver vários parlamentares, as críticas da liderança se
concentraram em Tabata. Ciro, que participava de um evento do PDT em São
Paulo, na semana passada, defendeu que ela saísse do partido. Disse que
a vida de Tabata tende a se complicar diante da votação de novos temas,
como a reforma tributária, em que possivelmente divergirá da orientação
da legenda. “O partido dela não é esse. Vai ser um inferno a vida dela.
Porque cada um desses embates tem a ver com o tipo de visão de mundo
que você tem”, disse.
A fúria do partido se estendeu também para o novo modelo político que
Tabata representa. Ficou decidido na reunião da cúpula não aceitar nas
próximas eleições candidaturas que tenham como patrocínio grupos
particulares, como o RenovaBR, do qual ela é uma expoente. Para o
presidente do PDT, Carlos Lupi, tratam-se de “grupos clandestinos” que
querem substituir os partidos. “O partido não dará legenda, nem a
vereador, nem a deputado, nem a nenhum filiado que tenha financiamento
clandestino, financiamento patrocinado por organizações pessoais,
privadas, particulares, de gente muito poderosa, que se utiliza de
grupos para financiar e ter o voto de parlamentares dentro da sigla do
PDT”, afirmou. Tabata vem sendo apoiada em sua carreira política pelo
empresário Jorge Paulo Lemann. Durante a campanha foi um dos nomes
defendidos pelo grupo RenovaBR e hoje é uma das líderes do movimento
Acredito. A assessoria da deputada informou que ela não iria se
manifestar sobre a suspensão. Mas o movimento RenovaBR divulgou uma nota
na qual questiona a perseguição à Tabata. “Causa estranheza que oito
deputados federais do PDT tenham votado a favor da reforma e que os
ataques sejam centrados na deputada e nos movimentos cívicos de
renovação política”, disse em nota. Política dogmática
“Mais
forte do que o número de deputados na bancada são as convicções que nos
unem. Nós não somos uma legenda de aluguel, temos tradição e história” Carlos Lupi, presidente do PDT (Crédito:Divulgação)
Em artigo, Tabata criticou a falta de democracia nos partidos e
denunciou a perseguição que está sofrendo. “A boa política não pode ser
dogmática”, escreveu. “Muitas vezes, consensos sobre pautas complexas
não são construídos de baixo para cima, e cartilhas antigas se sobrepõem
aos estudos e evidências”. Segundo ela, “quando algum membro decide
tomar uma decisão que considere responsável e fiel ao que acredita ser
importante para o país, há perseguição política. Ofensas, ataques à
honra e outras tentativas de ferir a imagem tomam o lugar do diálogo.
Exatamente o que vivo agora”, completou.
Foi aberto processo para estabelecer que tipo de punição será
aplicada a cada um dos oito deputados. Até lá, eles não poderão falar
pela sigla no Congresso, nem representar o partido. Além de Tabata, os
outros suspensos são Alex Santana (BA), Flávio Nogueira (PI), Gil Cutrim
(MA), Jesus Sérgio (AC), Marlon Santos (RS), Silvia Cristina (RO) e
Subtenente Gonzaga (MG). Quanto à possibilidade do partido perder oito
parlamentares, Lupi é sucinto. “Mais forte do que o número de deputados
são as convicções que nos unem”, disse. “Não somos uma legenda de
aluguel, temos tradições e história”. Embora critique Tabata, Ciro não
tem motivos para ser tão duro nos seus ataques. Há 15 anos, ele peitou o
PPS, partido ao qual era filiado na época, e decidiu permanecer à
frente do Ministério da Integração Nacional. Contrariou a posição da
legenda, que havia decidido sair da base do governo Lula. Em 2018, nas
vésperas da eleição, ele almoçou com a família de Tabata, na Vila
Missionária, em São Paulo, para o lançamento informal de sua candidatura
a deputada. Na ocasião ele se referiu à ela como “tesouro” e a
classificou como “uma das maiores ativistas da educação no Brasil”. Quem
mudou, Tabata ou Ciro? Nenhum dos dois. Tabata permanece como uma das
maiores promessas da política nacional. E Ciro… é o velho Ciro de
sempre.
O juiz federal Luiz Antonio Bonat abriu ação penal contra o
ex-senador Romero Jucá (MDB) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado, no âmbito da Operação Lava Jato, por supostos esquemas de
corrupção na subsidiária da Petrobrás.
Segundo a denúncia, Jucá recebeu pagamentos ilícitos de pelo menos R$
1 milhão em 2010 em razão de quatro contratos e sete aditivos
celebrados entre a Galvão Engenharia e a Transpetro.
“Portanto, presentes indícios suficientes de autoria e materialidade,
evidenciada a justa causa, recebo a denúncia contra José Sérgio de
Oliveira Machado e Romero Jucá Filho”, escreveu Bonat.
De acordo com a força-tarefa, a Galvão Engenharia – em razão de
contratos e aditivos mantidos na Transpetro e ‘com o objetivo de
continuar recebendo convites para participar das licitações da estatal’ –
efetuava o pagamento de propinas de 5 % do valor de todos os contratos
com a subsidiária da Petrobrás ‘a integrantes do MDB que compunham o
núcleo de sustentação de Sérgio Machado’, então presidente da estatal.
A denúncia aponta que Machado foi indicado e mantido no cargo por
Romero Jucá e integrantes do MDB e tinha ‘a função de arrecadar propinas
para seus padrinhos políticos’. Segundo o MPF, em contrapartida ao
pagamento de propinas pelas empresas, Sérgio Machado, ‘garantiria às
empreiteiras a continuidade dos contratos e a expedição de futuros
convites para licitações’.
O pagamento da propina pela Galvão Engenharia teria sido disfarçado
por meio de doação eleitoral oficial de R$ 1 milhão. Segundo a denúncia,
em junho de 2010 a empresa efetuou o repasse das propinas ao Diretório
Estadual do PMDB no Estado de Roraima. O valor teria sido direcionados à
campanha de Jucá ao Senado, de seu filho à deputado estadual e de sua
ex-esposa à deputada federal.
Segundo o Ministério Público Federal, a Galvão Engenharia ‘não tinha
qualquer interesse em Roraima que justificasse a realização da doação
oficial, a não ser o direcionamento de propinas para Romero Jucá’.
A força-tarefa Lava Jato em Curitiba já ofereceu 5 denúncias
relativas ao esquema de corrupção na Transpetro. Segundo o Ministério
Público Federal, o esquema de corrupção investigado perdurou pelo menos
até 2014, favorecendo empresas pagavam vantagens indevidas ao então
presidente da estatal, Sérgio Machado, e políticos responsáveis por sua
manutenção no cargo.
Defesa
de Lula sustentou que as supostas conversas divulgadas pelo site The
Intercept Brasil entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro
revelariam que o julgamento de Lula não foi imparcial
Por
Agência Brasil
Lula está preso desde 7 de abril do ano passado, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Brasília - A
Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou, nesta quarta-feira, ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ), parecer contrário ao pedido da
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anular a
condenação no caso do tríplex do Guarujá (SP). O parecer foi assinado
pelo subprocurador Nívio de Freitas Silva Filho. Lula está preso desde 7
de abril do ano passado, na Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba, pela condenação no caso.
A defesa de Lula sustentou no
STJ que as supostas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil
entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro revelariam que o
julgamento de Lula não foi imparcial.
Ao analisar o caso, o
subprocurador entendeu que a defesa não demonstrou como ocorreu a
suposta imparcialidade no julgamento e limitou-se a fazer referência às
notícias veiculadas na imprensa. Além disso, segundo Nívio de Freitas, o
conteúdo divulgado pelo site é ilegal.
"Em que pese todo o
estrépito causado pela divulgação do suposto conteúdo - cuja veracidade é
contestada e cuja ilegalidade é certa, pois decorrente de ilegal
espionagem perpetrada contra autoridades públicas -, o fato é que nada
há que sinalize tenha havido qualquer conduta do magistrado (Moro) que
possa macular seu proceder no feito, eivando-o de parcial ou ilegal",
disse o subprocurador.
Nívio também disse que as provas que
embasaram a condenação de Lula foram analisadas pelo STJ e pela segunda
instância da Justiça Federal. "O colegiado, ao que se sabe até então,
nada tem a ver com as interceptações realizadas, estando, portanto,
livre de qualquer ilação a respeito de sua função judicante, exercida de
modo imparcial", disse.
O parecer faz parte dos embargos de
declaração, recurso para verificar erros ou contradições na decisão
judicial. Em março, a Quinta Turma do STJ reduziu a pena do
ex-presidente Lula de 12 anos e um mês para 8 anos e 10 meses de prisão
no caso do tríplex.
Eduardo Eugênio Gouveia Vieira
perpetua-se na Firjan há 24 anos, usando e abusando de um orçamento de
R$ 1 bilhão gasto na compra de palacete, viagens a Paris, e no
fretamento de helicópteros e jatinhos
REINADO Gouveia Vieira acumula 8 mandatos consecutivos na Firjan, onde já é conhecido como “monarca” (Crédito: JOÃO LAET)
Germano Oliveira
Escolhido
pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para capitanear a transição
das entidades do Sistema S para tempos mais modernos, o presidente da
Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio
Gouveia Vieira, está longe de ostentar um perfil à altura de sua missão.
O industrial carioca, conhecido como “monarca”, acumula um reinado de
um quarto de século — exatos 24 anos – à frente da entidade, na qual se
eterniza amparado por manobras que lhe permitem ilimitadas reeleições.
Com isso, ele tem mandato assegurado até 2020 e prepara-se para obter
novo período na direção da instituição, o que poderá lhe manter
ditatorialmente no cargo por quase 30 anos. Um absurdo, sobretudo num
momento em que o País clama por transparência e lisura de seus
dirigentes. Afinal, a Firjan administra um orçamento de R$ 1 bilhão,
gasto sem maior rigor pelo mandatário que despacha, literalmente, num
palacete.
É que recentemente, Gouveia Vieira comprou, em nome da Firjan, o
antigo Palacete Guinle-Lineu de Paula Machado, no bairro de Botafogo, no
Rio de Janeiro, onde ele e sua diretoria recebem convidados em eventos
exclusivos para públicos restritos. Uma incoerência gritante para um
gestor escolhido pelo governo para gerir e reformular o Sesi e Senai,
cuja reestruturação foi determinada por Guedes com o objetivo de acabar
com aquisições milionárias de imóveis com recursos do Sistema S. Só na
compra do palacete e do terreno da família Guinle, a Firjan gastou R$
42,2 milhões, além de outros R$ 70 milhões usados na reforma do imóvel.
Enquanto o monarca Gouveia Vieira ocupa o palacete Guinle, o corpo
técnico da Firjan continua operando na antiga sede, localizada na
avenida Graça Aranha, no centro do Rio.
Na verdade, os recursos usados no nababesco palácio da Firjan
deveriam estar sendo aplicados na missão final do Sesi e do Senai, que é
o atendimento dos funcionários das indústrias fluminenses. Apesar de
estar entre as mais ricas federações do país, a Firjan é a que menos
oferece educação básica a seus associados, com 158 vagas escolares
ofertadas em todo o estado em 2018. No ensino médio, por sua vez, as
entidades dirigidas pelo “rei da Firjan” ofereceram apenas 119 vagas em
todo o estado.
Pelas normas do Sistema S, o Sesi é obrigado a destinar um terço de sua
receita líquida para a área de educação, sendo metade em vagas gratuitas
no ensino básico e continuado. Mas os recursos têm sido aplicados em
caprichos pessoais e autopromoção do “déspota” da Firjan. Um
levantamento na prestação de contas da entidade constatou que, em 2013,
foram gastos com o aluguel de jatinhos e helicópteros quase três vezes
mais do que estava previsto, saltando de R$ 191 mil para R$ 489 mil.
Gouveia Vieira costuma fretar helicópteros para reuniões em Niterói ou
jatinhos para suas viagens regionais, sobretudo para idas a Brasília
(ele se recusa a usar aviões de carreira). Gouveia Vieira entrou na mira da Lava
Jato, após delação de Rogério Araújo, executivo da Odebrecht, enrolado
com superfaturamentos
As despesas de publicidade também são astronômicas. A entidade gasta
R$ 28 milhões por ano. O Tribunal de Contas da União (TCU), onde desde
2015 há pendências na prestação de contas do Sesi-RJ, informou que
solicitará explicações sobre a destinação dos recursos. A Firjan também
patrocina as viagens constantes de Gouveia Vieira à Paris. Ele vai à
França pelo menos cinco vezes por ano e fica hospedado no Hotel Plaza
Atheenee, o mais caro da capital francesa, com diárias de até R$ 4 mil,
tudo pago pela entidade. Salários milionários
Numa espécie de pacto com outros diretores e funcionáros mais
graduados da entidade, Gouveia Vieira paga salários milionários, de até
R$ 100 mil mensais para o diretor-geral, muito acima do teto
constitucional de R$ 33 mil. Segundo acórdão do Tribunal de Contas da
União (TCU), publicado em 16 de novembro de 2016, graves denúncias foram
apontadas na gestão de Gouveia Vieira, especialmente no tema de
supersalários. Somente no período de 2008 a 2010, a entidade desviou R$
60,7 milhões em prêmios e salários considerados ilegítimos.
Além de todos esses malfeitos, Gouveia Vieira entrou na mira da
Operação Lava Jato do Rio de Janeiro, após a delação de Rogério Araújo,
executivo da Odebrecht, enrolado nas obras superfaturadas do Complexo
Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). O presidente da
Firjan teria participado de irregularidades nas obras do Comperj ao lado
do ex-governador Sérgio Cabral, preso no Rio por vários crimes de
corrupção. Os investigadores da Lava Jato estão intrigados com as
movimentações patrimoniais atípicas do velho monarca carioca. O rei está
nu.
O presidente Jair Bolsonaro baterá o recorde de todos os governantes do Brasil no alto número de indicações para as Cortes
Antonio Carlos Prado
Se
houvesse troféu para o governante que mais indicações conseguiu
emplacar no Supremo Tribunal Federal, ele já teria passado por diversas
mãos. O marechal Deodoro da Fonseca e seu sucessor, Floriano Peixoto,
ambos regendo (mal) o País na recém-proclamada (decretada) República,
empataram com o placar de quinze nomeações cada um. O tempo andou,
Getúlio Vargas assumiu a Presidência em 1930 e tornou-se o recordista:
vinte e uma. Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff também colocaram
diversos magistrados na Corte, mas perdem feio: treze ao todo. Agora,
Jair Bolsonaro terá a possibilidade de alçar dois nomes, uma vez que os
ministros Celso de Mello (oriundo do Ministério Público e indicado por
José Sarney) e Marco Aurélio Mello (vindo da Justiça do Trabalho e
indicado por Fernando Collor) se aposentarão até 2022. Some-se ao STF,
no entanto, as demais instâncias julgadoras, superiores e inferiores.
Ninguém será tão dono dos tribunais como Bolsonaro: até o último dia de
sua gestão ele poderá indicar ou nomear noventa pessoas (entre juízes,
advogados e promotores) para trinta e cinco vagas. Nomes em segredo
Como já se disse, duas indicações serão para o STF. Número idêntico
ele poderá colocar no Superior Tribunal de Justiça. A partir daí, os
preenchimentos vão aumentando: três para o Tribunal Superior Eleitoral,
três para o Tribunal Superior do Trabalho e três para o Superior
Tribunal Militar. E os números não param. Bolsonaro terá ainda de
colocar dez juizes nos Tribunais Regionais Federais e sessenta e seis
nos Tribunais Regionais Estaduais. Acabou? Não. Dezoito novas vagas
podem surgir se for criado, com sede em Minas Gerais, o sexto Tribunal
Regional Federal. Olhando tudo isso, dá para se perguntar: com tanta
gente atuando, por que no Brasil o Estado de Direito continua a ser
frequentemente arranhado?
Falou-se aqui sobre o STF porque tal Corte é a mais conhecida no
País, e isso foi se tornando um fato a partir do julgamento do
“mensalão”. Mas vale também destacar o STJ. As duas vagas que nele se
abrirão decorrem das aposentadorias dos ministros Napoleão Nunes Maia
Filho e Félix Fischer. Quais os nomes dos que entrarão? Há quem diga que
há pretendentes, mas Bolsonaro os guarda em segredo — assim como não
revelou, até o último minuto, que Carlos Velloso Filho (seu pai, Carlos
Velloso, presidiu o STF) iria mesmo para uma vaga no TSE.
Documentos obtidos por ISTOÉ comprovam
que a mobilização petista iniciada em abril do ano passado em favor da
libertação de Lula é paga com recursos do Fundo Partidário. Valores
podem chegar a R$ 1 milhão
VERBA MASCARADA Prestação de contas do PT ao TSE derruba o principal argumento que sustentava o movimento Lula Livre (Crédito: MAURO PIMENTEL)
Wilson Lima
O PT sempre cantarolou que o movimento “Lula Livre” era uma
iniciativa intrinsecamente popular — bancada pelo militante abnegado ou
no máximo pelos cofres de sindicatos devotos ao petismo — visando
pressionar o Poder Judiciário a libertar o ex-presidente Lula, que
cumpre pena por corrupção desde abril do ano passado, na sede da Polícia
Federal em Curitiba. Contudo, documentos obtidos por ISTOÉ mostram que o
movimento dificilmente ficaria em pé e sua voz ecoaria Brasil afora se
não houvesse farta utilização de recursos públicos. Prestações de contas
da Executiva Nacional petista ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
sobre o montante destinado ao partido pelo Fundo Partidário comprovam
que o PT usou dinheiro da União — ou seja, público — na compra de
passagens aéreas, diárias de hotéis e alimentação para os petistas irem a
Curitiba pedir a soltura do ex-presidente, no pagamento de locação de
veículos, no aluguel de salas para reuniões e, até mesmo, no custeio do
trabalho de seguranças privados em atos registrados em favor do “Lula
Livre”. Em especial, no acampamento erguido próximo à sede da PF de
Curitiba.
Do bolso do petista que ostentava estrelinha no peito e faixa rubra
na cabeça saiu muito pouco ou quase nada. Já do Fundo Partidário (uma
verba pública) foi utilizado em 2018 quase R$ 1 milhão.
Independentemente do valor, o importante é que princípio da lei que rege
a utilização do recurso público foi quebrado. Advogados eleitorais
ouvidos por ISTOÉ afirmam que o partido contrariou frontalmente o que
determina a Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos), já que o Fundo
Partidário destina-se a sustentar as atividades de organização meramente
partidárias, não iniciativas de promoção pessoal de seus filiados, como
se verifica clara, expressa e indiscutivelmente no movimento pela
libertação do ex-presidente. A farra das passagens
As planilhas às quais ISTOÉ teve acesso somam aproximadamente 10 mil
páginas. Elas revelam que a legenda bancou com a verba despesas de boa
parte de seus dirigentes para que eles estivessem presentes em São
Bernardo do Campo durante o ato de resistência à prisão de Lula, na sede
do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entre os dias 6 e 7 de abril de
2018, ou nos dias seguintes em Curitiba, para onde o petista foi levado
preso. Os gastos se estenderam a eventos que pediam a libertação do
petista nos meses de maio e começo de junho. Muitas das viagens de
parlamentares do PT a Curitiba para visitar Lula na cadeia, como as dos
senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, também foram custeadas
pela União. Do mesmo modo que as despesas com deslocamentos de Fernando
Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e da ex-presidente Dilma Rousseff,
entraram na cota do dinheiro meu, seu e nosso. Um verdadeiro acinte,
para dizer o mínimo.
Os maiores gastos, sem dúvida alguma, foram com passagens aéreas para
esses militantes e dirigentes. No período de abril a junho, quando o
movimento “Lula Livre” se intensificou e ganhou capilaridade , o partido
torrou em torno de R$ 230 mil só com as viagens. Entre os beneficiados
pelas passagens aéreas estavam, além da ex-presidente Dilma Rousseff, e
do ex-prefeito e candidato a presidente derrotado Fernando Haddad, o
ex-presidente da executiva estadual do PT em São Paulo, Emídio de Souza.
O Fundo Partidário petista foi generoso ainda com integrantes de
executivas estaduais, como da Bahia e Maranhão.
Não houve pudores no gasto com a verba do contribuinte. Por exemplo,
para que ela pudesse acompanhar o ato de resistência à prisão de Lula
nos dias 6 e 7 de abril, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, na
época senadora, não coçou o bolso. Preferiu, claro, ter despesas pagas
no Novotel Jaraguá em São Paulo com recursos extraídos pelo PT do fundo
público. Na farra com dinheiro da União, outra figura carimbada do PT
não poderia faltar: trata-se do sempre histriônico Lindbergh Faria. Para
o hoje “Youtuber”, a hospedagem no Astron Saint Moritz, de São Bernardo
do Campo, foi inteiramente quitada pelos cofres públicos. “A utilização
de recursos do fundo partidário para a promoção pessoal de um de seus
filiados, não se enquadra nas premissas legais estabelecidas no Artigo
44 da Lei dos Partidos Políticos. Assim, ao utilizar-se de recursos
públicos, provenientes do fundo partidário, para a promoção de filiado, o
partido pode ser obrigado a ressarcir a União”, afirma o advogado
especialista em Direito Eleitoral, Francisco Emerenciano Advogados consultados por ISTOÉ afirmam que o PT contrariou o que determina a Lei dos Partidos Políticos
No caso específico de Dilma Rousseff, o PT pagou com recurso público
suas passagens de Porto Alegre a São Paulo no dia 7 de abril para que
ela pudesse acompanhar a resistência de Lula à prisão em São Bernardo do
Campo. O custo foi de R$ 701. Depois, no dia 23 de abril, Dilma teve a
passagem de Porto Alegre a Curitiba novamente custeada, no valor de R$
2.294, para que ela fosse à PF visitar Lula e também participar do
evento “Lula Livre” na porta da cadeia. Por ironia do destino, a
tentativa de Dilma de ver seu mentor naufragou. A Polícia Federal não
permitiu o ingresso da ex-presidente na cela do petista. Na época, a
juíza Carolina Lebbos barrou 23 pedidos de visitas ao petista. Além de
Dilma, na lista de pessoas que foram visitar Lula com passagens
compradas com dinheiro público constavam o ex-prefeito de São Bernardo
do Campo, Luiz Marinho, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, o
ex-secretário de movimentos sociais do PT, Renato Simões e Alberto
Cantalice, ex-presidente do PT do Rio de Janeiro. Todos foram a Curitiba
no dia 9 de abril
Na prestação de contas da legenda entregue ao Tribunal Superior
Eleitoral ainda são listados como gastos diretos do partido em prol dos
eventos em favor de Lula R$ 11,9 mil em segurança privada e outros R$
32,5 mil com a locação de veículos e vans para o deslocamento de
militantes em Curitiba nos dias seguintes à prisão do ex-presidente. As
despesas informadas ao TSE contabilizam ainda R$ 8,2 mil com o aluguel
de uma sala no hotel Dan Inn Curitiba para a realização de reuniões dos
petistas na capital paranaense. Foi incluído no montante gastos com
água, café e pães de queijo disponíveis para os militantes. Pelo visto,
não faltou comida (de graça). Gratuita para quem participou, claro, não
para quem pagou — você, o leitor que arca regiamente com seu imposto. É
que na lista de despesas com dinheiro público consta a locação de uma
outra sala de encontros no hotel Petras Flat, no valor de R$ 3,5 mil,
com a disponibilização de 16 cafés completos e 28 almoços, conforme
notas fiscais obtidas por ISTOÉ. AEROLULA
Mais de 100 integrantes da juventude petista foram a Curitiba com
passagens aéreas pagas com recursos do governo federal
(Crédito:Divulgação)
Se houvesse conflito com militantes adversários, o PT estava
preparado, segundo revelam as planilhas. Para escoltar os filiados,
foram gastos cerca de R$ 11 mil com a contratação extra de 32
seguranças, em um total de 353 horas de trabalho entre os dias 4, 5, 6,
13 e 14 de abril do ano passado. Tudo com dinheiro do Fundo Partidário,
cujo uso se mostra totalmente desvirtuado. Já em Curitiba, nos dias que
seguiram à prisão de Lula, os mortadelas, como ficaram conhecidos os
petistas habituês das manifestações, não tiveram problemas de locomoção.
Uma verdadeira frota de veículos encontrava-se à inteira disposição dos
filiados. Nas notas às quais ISTOÉ teve acesso, foram contabilizados
sete veículos executivos (com motoristas inclusos) e nove vans locadas
por meio da empresa One Eventos. Os automóveis não estavam a passeio:
foram utilizados no deslocamento de dirigentes do PT em Curitiba.
Na festança com dinheiro público, há nas prestações de contas do PT
ao TSE dois dados que chamam a atenção. Um deles refere-se à realização
do Congresso da Juventude Petista, nos dias 6 e 7 de junho, em Curitiba,
utilizado pelos jovens para promover o “Lula Livre”. Nos documentos
apresentados, o PT relaciona as despesas de R$ 465,8 mil com o encontro
para justificar pagamentos feitos com os recursos do Fundo Partidário.
Só com as passagens aéreas para 100 militantes irem a Curitiba, o
partido gastou R$ 202,6 mil. À infraestrutura do Congresso, o partido
destinou R$ 117,8 mil. Para a edição de um mero informativo, foram
gastos R$ 47,5 mil, além de outros R$ 25 mil consumidos na distribuição
de camisetas vermelhas. O outro dado que causa espécie – pela ousadia
dos dirigentes petistas — é o pagamento de despesas com a defesa do
ex-presidente Lula após a expedição do mandado de prisão. Com verba
pública. De acordo com a papelada ao qual ISTOÉ teve acesso, o advogado
de Lula Cristiano Zanin teve passagens aéreas custeadas pela Executiva
Nacional do PT em pelo menos uma das idas a Curitiba para encontros com o
cliente. No dia 14 de junho, Zanin foi a Curitiba às custas do recurso a
que o PT recorre do Fundo Partidário. Quem também se valeu da verba foi
o escritório Aragão e Ferraro Advogados, que atuou em Curitiba para
defender a ocupação de um espaço público por militantes do “Lula Livre”
durante uma ação de reintegração de posse impetrada pela Prefeitura de
Curitiba. Os militantes ocupavam uma área perto da PF. Documentos
relacionados ao escritório Aragão e Ferraro Advogados, que tem o
ex-ministro da Justiça de Dilma, Eugênio Aragão, como um de seus sócios,
mostram que foram gastos R$ 130 mil por mês na defesa das causas do PT.
Assim como as mobilizações do “Lula Livre”, as despesas com os
advogados podem caracterizar desvio de finalidade dos recursos do Fundo
Partidário, com o partido sujeito à rejeição de contas. Durante as manifestações por “Lula
Livre” em Curitiba, militantes se deslocaram pela cidade a bordo de vans
luxuosas pagas pela União
Está mais do que evidente, portanto, que o PT quer “Lula Livre”, mas
sem nos livrar de arcar com a infraestrutura para a manutenção e
sustentação dos atos em favor do ex-presidente considerado criminoso
pela Justiça. Como sempre se desconfiou, mas o PT se esmerava em negar,
nem uma tenda sequer foi erguida com vaquinhas dos filiados, mas sim com
o dinheiro do contribuinte. Pelo visto, a confusão entre o público e o
privado não só fora consagrada quando o partido desfrutava das delícias
do poder. Permanece impregnada como um amálgama até hoje nas cinco
pontas da estrela da sigla.
O advogado Carlos Alexandre Klomfahs, que defende o sargento da FAB
Manuel Silva Rodrigues, preso com 39 kg de cocaína na Espanha, afirmou à
Corregedoria do Ministério Público Militar brasileiro que há evidências
de “ações clandestinas e sem autorização da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin), para imputar crimes ao comissário de bordo”.
Segundo o advogado, o objetivo seria “prejudicar a imagem do Brasil e do
governo do presidente Jair Bolsonaro”.
Rodrigues, que é comissário de bordo, fazia parte da comitiva de 21
militares que acompanhava a viagem de Bolsonaro ao Japão, onde o
presidente participou da reunião do G-20.
O avião da FAB em que estava o militar é usado como reserva da
aeronave presidencial. Esta comitiva não fazia parte do mesmo voo que
transportou o presidente. A droga foi encontrada na bagagem do sargento
ao desembarcar em Sevilha, primeira etapa da viagem.
Klomfahs assumiu a defesa de Rodrigues há poucos dias, e afirma haver uma “armação” contra o militar.
“Do exposto, requer desta Ilustre Corregedoria o acompanhamento e a
disponibilização à Defesa dos números dos processos Adm. ou do inquérito
policial militar de toda prova produzida (filmagem, oitivas e
diligência coligidas e ou já efetivadas ou concluídas) contra o acusado,
bem como o devido requerimento pelo Parquet Militar ao juízo militar
competente da Extradição Ativa para fins de instrução e julgamento do
processo penal junto ao Governo da Espanha pelo Ministério da Justiça ao
Ministério das Relações Exteriores, à luz do disposto no Tratado
Brasil-Espanha e da Lei de Migração. Por cautela nos lê em cópia a
Procuradora Geral da República”, requer o advogado.
Ele pediu acesso ao Inquérito Policial Militar (IPM). A defesa também
prepara um requerimento ao Ministério da Justiça e Segurança Pública
para que peça a extradição de Rodrigues.
Depois de seis anos de investigações, o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) condenou 11 empresas e 42 pessoas físicas por
participação no chamado “cartel do metrô de São Paulo”. No total, elas
pagarão multas que somam R$ 535,11 milhões.
O maior valor será pago pela CAF Brasil, de R$ 167 milhões, seguida
pela Alstom, de R$ 128,6 milhões, e Bombardier, de R$ 85,6 milhões. Como
antecipou o Broadcast, as três empresas formavam o “núcleo duro”
do cartel e receberam maior punição. A Alstom também ficou proibida de
participar de licitações por cinco anos.
O valor ficou abaixo do sugerido pelo relator do processo, João Paulo
de Resende, que votou por multas que somavam R$ 991,1 milhões. Apenas
para a Alstom, Resende sugeriu multa de R$ 530,7 milhões.
As demais empresas pagarão as seguintes multas: Mitsui, R$ 600 mil; Tejofran,
R$ 23 milhões; Iesa, R$ 927 mil; MGE, R$ 80 milhões; MPE, R$ 35,2
milhões; TC/BR, R$ 17,7 milhões; Temoinsa, R$ 17,7 milhões; e Trans
Sistemas, R$ 20,230 milhões.
Foram arquivadas as denúncias contra a Serveng, RHA, Caterpillar e
Hiunday-Rotem por falta de provas e por prescrição contra a Procint e
Constech. Voto
Em seu voto, o relator, João Paulo de Resende, disse que foi montado
um esquema nacional para fraudar licitações para fornecimento de trens e
material rodante, manutenção de equipamentos e sistemas auxiliares e
obras de construção civil.
Segundo Resende, as empresas dividiam o mercado e combinavam preços,
coordenando as apresentações de propostas em cada certame e criando um
esquema de subcontratação dos perdedores pelos vencedores das
concorrências. “Resta-se comprovado que houve acordo para diversas
licitações por mais de dez anos”, afirmou.
O relator apresentou provas, como documentos cedidos pela Siemens,
que delatou o acordo, e apreendidas em operações de busca e apreensão
nas empresas investigadas. Ele citou relatórios, tabelas, apresentações,
e-mails e outros documentos que mostram a atuação conjunta das
empresas, com discussão de estratégias e resultado de licitações antes
da data das concorrências. “Há indícios de que as empresas atuavam para
influenciar a elaboração de editais”, completou.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias
Toffoli, disse nesta segunda-feira, 1º, ser “possível” que as ações que
tratam da prisão após condenação em segunda instância sejam pautadas no
segundo semestre do ano para julgamento. “À princípio não (está
pautada), mas tem janelas (no calendário) colocadas”, disse a
jornalistas, em café para divulgação do balanço do primeiro semestre no
tribunal.
“Tem de dialogar com os colegas, verificar o melhor momento. É
questão de ver o melhor momento para se colocar (em pauta)”, disse
Toffoli.
No início de junho, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu a
Toffoli a “imediata” inclusão do assunto na pauta do tribunal. Em abril,
o tema seria julgado pelo plenário, mas a programação acabou cancelada
pelo presidente da Corte, responsável pela decisão de quais processos
são analisados no colegiado. Oficialmente, isso ocorreu após um pedido
feito pela própria OAB, sob a alegação de que a nova diretoria da
entidade, recém-empossada, precisava se “inteirar” do processo.
Ao longo dos últimos anos, o Supremo firmou o entendimento favorável à
execução antecipada de pena três vezes, mas ainda não analisou o mérito
de três ações – da OAB, do Patriota e do PCdoB – que abordam o tema.
Na época em que tema foi retirado da pauta, em abril, integrantes do
STF avaliaram que o momento não era o melhor para a Corte julgar o
assunto, já que havia um recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva contra sua condenação no caso do triplex no Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que funciona como uma “terceira instância”. O STJ, no
entanto, já manteve a condenação de Lula, o que pode afastar agora a
“fulanização” da discussão, avaliam integrantes do STF.
As Forças Armadas estão para ganhar artefatos de última geração, o que cria expectativas de exportações
André Vargas
A
indústria brasileira quer lançar quatro mísseis que vão reduzir a
dependência do País das compras internacionais. Se der certo, talvez
surja um novo período de exportações militares, como ocorreu entre o
final dos anos 1970 e a década de 1980 — só que dessa vez com
equipamentos mais caros. O primeiro míssil a entrar em operação deve ser
o A-Darter, desenvolvido com a África do Sul. É uma arma antiaérea de
curto alcance lançada de um caça, como o sueco Gripen, que o Brasil
pretende comprar e que os sul-africanos já utilizam. Ágil e capaz de
travar um alvo a vinte quilômetros, o A-Darter vai permitir que dois
países em desenvolvimento concorram com EUA, Rússia, China, Israel e
consórcios europeus. O investimento brasileiro foi de US$ 130 milhões ao
longo de treze anos.
O projeto que mais atrasou é o do MSS 1.2 AC, um míssil anticarro
para o Exército. Solicitado em 1986, foi prejudicado pela falência de
empresas envolvidas e será incorporado a partir de 2020 . O equipamento é
carregado por dois soldados e pode “neutralizar” qualquer veículo
blindado. Não que vá pulverizar tanques russos ou americanos. “Basta um
tiro na esteira para tirar de combate”, informa o Exército. O MTC-300
Matador é um míssil pesado disparado de caminhões Astro. O armamento
segue em testes em Barreira do Inferno (RN). A ser incorporado pelo
Exército, foi planejado para destruir pontes e instalações. Para evitar
sanções, o Brasil limitou seu alcance a 300 quilômetros.
Há também o Mansup, um míssil antinavio que equipará as fragatas e
corvetas brasileiras a partir de 2021. Seu desenvolvimento teria custado
US$ 100 milhões e demorou onze anos. Guiado por radar e com alcance de
70 quilômetros, é uma versão do Exocet francês, modernizado desde a
Guerra das Malvinas, em 1982. Os preços unitários das novas armas não
estão definidos — e talvez jamais sejam. “Vendas militares sofisticadas
sempre incluem peso político”, explicou à ISTOÉ um oficial aviador da
reserva.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/