O deputado Jair Bolsonaro, em Curitiba, em 28 de março de 2018 (Crédito: AFP)
Estadão Conteúdo
Por 5 a 1, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta
quinta-feira, 28, rejeitar um recurso do pré-candidato do PSL à
Presidência da República, deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), contra a
cobertura da TV Globo. O parlamentar alegava falta de “tratamento
isonômico” da emissora aos pré-candidatos em sua programação.
Bolsonaro entrou com uma representação no TSE contra a emissora sob a
alegação de que, em 8 de março de 2018, a Globo veiculou reportagens no
“Jornal Nacional” sobre o lançamento dos nomes dos pré-candidatos à
Presidência da República pelo PDT e o DEM, respectivamente Ciro Gomes e
Rodrigo Maia. O telejornal, no entanto, não teria feito menção alguma um
evento semelhante, ocorrido no dia anterior, em que o pré-candidato do
PSL teria anunciado sua intenção de concorrer à Presidência da
República.
Para o advogado André Castro, defensor de Bolsonaro, a Globo fez uma
“opção consciente” ao divulgar o anúncio das pré-candidaturas de Ciro e
Maia, deixando de divulgar a do seu cliente. O pré-candidato do PSL
pediu ao TSE até a concessão de direito de resposta, para que fosse
exibido, no “Jornal Nacional”, um trecho de cinquenta segundos do
discurso em que teria anunciado sua pré-candidatura.
Em 6 de abril, o relator do caso, ministro Carlos Bastide Horbach,
negou seguimento à representação do parlamentar, que entrou com recurso,
analisado nesta quinta-feira pelo plenário da Corte Eleitoral. “O que é
jornalisticamente relevante é definido pelas emissoras”, disse Horbach
durante a sessão do TSE.
Para o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, não cabe à Justiça Eleitoral definir o que deve ou não ser notícia.
“O que o caso atenta é que, assim como a Justiça Eleitoral tem sido
tentada a discutir o que é verdade e o que é mentira por conta da
alcunha das ‘fake news’, este caso provoca a Justiça Eleitoral a decidir
se algo é notícia ou não é notícia. O que faz algo ser notícia é parte
do julgamento soberano da imprensa sobre os fatos que relevam ou não ao
seu público, à sua linha editorial”, disse Jacques.
Além de Horbach, rejeitaram o recurso de Bolsonaro os ministros Edson
Fachin, Jorge Mussi, Admar Gonzaga e a vice-presidente do TSE, ministra
Rosa Weber. O único que se posicionou pelo conhecimento do recurso, mas
sem entrar no mérito, foi o ministro Napoleão Nunes.
General
Joaquim Silva e Luna estava num evento na Zona Portuária, enquanto, do
lado de fora, grupo protestava contra a morte de adolescente na Maré
durante ação policial
Por
ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, durante entrevista coletiva - Wilson Dias / Agência Brasil
Rio - O ministro da
Defesa, general de Exército Joaquim Silva e Luna, defendeu a
continuidade da intervenção no Rio, num momento em que o projeto tem
sofrido críticas por não ter reduzido índices de violência. Em uma feira
de equipamentos de segurança, na Zona Portuária do Rio, no início da
tarde desta quarta-feira, o ministro disse que a redução dos índices
será uma "consequência" do projeto.
Durante o evento, manifestantes chegaram a fazer um
protesto, na entrada da feira, contra a morte de Marcos Vinícius da
Silva, de 14 anos, baleado a caminho da escola, no complexo de favelas
da Maré, durante uma operação policial. O grupo desenhou mãos de tinta
vermelha no chão e escreveu "Estado do RJ". No local, também estava
presente o secretário de Segurança do Rio, Richard Nunes, que não falou
com a imprensa.
O ministro da Defesa disse que "ao invés de ficar
fazendo medidas midiáticas e pirotécnicas", a intervenção pretende
deixar uma polícia "estruturada, motivada e em condições de prestar
serviços" e entregar resultados.
"Essa é uma preocupação do interventor e de quem
participa disso A redução dos índices de criminalidade será consequência
dessa intervenção", afirmou. "É preciso que se entregue o planejamento
que está sendo feito a um ponto de não retorno. A partir daquele ponto,
ele tem que prosseguir", disse.
Segundo dados divulgados em maio pelo serviço Fogo
Cruzado, a intervenção federal na segurança do Rio não reduziu o número
de tiroteios/disparos de armas de fogo na Região Metropolitana do Rio.
De acordo com os números, houve 2.309 tiroteios ou
disparos de arma de fogo na Região Metropolitana nos três meses após a
intervenção. No mesmo período do ano passado, haviam sido 1.239
notificações. Houve, portanto, um aumento de 86% nos registros de
tiroteios/disparos.
José Dirceu, ao se entregar no dia 18 de maio (Crédito: Dida Sampaio)
Estadão Conteúdo
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu por
maioria, nesta terça-feira, 26, mandar soltar o ex-ministro José Dirceu,
preso da Operação Lava Jato. Ele foi levado para cumprir pena em 18 de
maio, após esgotados os recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª
Região (TRF-4), que confirmou a condenação de Dirceu de 30 anos e 9
meses.
A iniciativa foi do relator do caso, Dias Toffoli, acompanhado por
Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Ficou vencido o ministro relator da
Lava Jato, Edson Fachin. O decano Celso de Mello não estava presente na
sessão.
Após o voto do ministro Toffoli, que entendeu que havia problemas na
dosimetria da pena de Dirceu, o ministro Edson Fachin pediu vista (mais
tempo de análise). Com isso, Toffoli sugeriu que a turma votasse um
habeas corpus de ‘ofício’ ao ex-ministro, visto que esta é a última
semana de atividades do judiciário antes do recesso.
Toffoli foi acompanhado por Lewandowski e Gilmar para que Dirceu fique solto até que Fachin devolva a vista do processo.
No julgamento, Fachin criticou a decisão de Toffoli, afirmando que
ela vai contra entendimento do plenário da Corte. Segundo Toffoli, a
liberdade de Dirceu não diz respeito a sua posição sobre prisão em
segunda instância, frisando que não estaria contrariando o entendimento
do STF, que permite prisão após condenação em segundo grau. Toffoli
afirmou que sua decisão foi tomada a partir da argumentação da defesa em
torno de questões de prescrição e dosimetria da pena no processo do
ex-ministro.
A PF investiga um grande esquema
imobiliário do MST. Como área da União invadida virou prioritária para
regularização, o movimento ocupa as propriedades, em troca de dinheiro,
facilitando a criação de prósperos negócios nos locais. Não é o único
caso escabroso envolvendo os sem-terra
Ary Filgueira
Os imóveis da União viraram alvo de toda sorte de cobiça, mas
não só. ISTOÉ havia revelado, em 30 de maio, que um balcão de negócios
foi arquitetado a partir da edição de uma medida provisória destinada a
regularizar terras da União em litígio – sob orientação do senador
Romero Jucá (MDB-RR). O que agora a Polícia Federal descobriu é mais
escabroso. Trata-se da existência de um perigoso conluio entre empresas
interessadas nesses imóveis e o MST. Grupos ligados ao movimento
estariam sendo arregimentados por empreiteiras, fazendeiros e políticos
para invadirem propriedades passíveis de regularização, em troca de
pagamentos em dinheiro. A medida provisória, criada com as bênçãos de
Jucá, é um facilitador para que o esquema possa fluir como mel. Por ela,
terras da União que estiverem invadidas passaram a ter prioridade na
regularização. Segundo as investigações da PF, os sem-terra invadem as
propriedades, criam situações de fato, que, depois, são resolvidas a
partir das regras determinadas pela MP. Feita a regularização, lucram
todos: os especuladores imobiliários e os líderes do movimento. Perímetro
Um dos exemplos desse conluio encontra-se a céu aberto. Fica a cerca
de trinta quilômetros do centro de Brasília. Ali, famílias do MST estão
acampadas numa fazenda de 19,8 mil hectares desde maio. Parte dessa área
é administrada pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU), que cuida
das terras federais. A ocupação foi deflagrada justamente após a edição
da MP. Por trás da invasão, há um interesse imobiliário. A Fazenda
Sálvia, localizada na rodovia DF-440, integra um plano bilionário. Nela,
seria construído um setor para 94 mil habitantes batizado de Taquari 2,
em alusão a uma cidade homônima de Brasília. O empreendimento, estimado
em R$ 30 bilhões, estava pronto para ser realizado pelas empreiteiras
JC Gontijo e OAS, esta última envolvida na Lava Jato. O negócio foi
fechado durante o governo Agnelo Queiroz (PT). E se daria por meio de
parceria público-privada, sem licitação.
A PF investiga a existência de conluio entre empresas interessadas em imóveis da União, políticos, fazendeiros e o MST
Tudo parecia perfeito até que a PF desenvolveu a Operação Perímetro. A
operação identificou a participação do MST no esquema criminoso.
Conforme apurou ISTOÉ, quem coordenou a missão de invasão das terras foi
Acilino Ribeiro. Ele era responsável por capitanear o grupo do Planalto
Central. O líder ocupa hoje a função de subsecretário de Movimentos
Sociais do governo. Antes de assumir cargos públicos e políticos, o
advogado foi guerrilheiro. Preso duas vezes pela ditadura militar de
1964, exilado no exterior, treinado na Rússia e na Líbia, a ponto de se
tornar segurança do ditador Muamar Kadafi. Uma primeira invasão havia
ocorrido ainda no final do governo petista de Agnelo. Mas, aos poucos,
as famílias deixaram a fazenda ao perceberem que a justiça não se
pronunciaria tão cedo a respeito da terra. A 5ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) havia embargado o projeto depois de constatar
que uma grande parte dessa área era de propriedade da União e não do DF.
O processo corre em segredo de justiça, sob o número
0053447.44.2014.4.01.0000. Quando foi editada a MP 759-A, este ano, os
sem-terra de pronto retornaram ao local para ocupar a fazenda. Teia de interesses
Há outros elos e coincidências. Acilino é ligado à superintendente da
Secretaria de Patrimônio da União no Distrito Federal, Fabiana
Torquato. É ela quem administra a propriedade das terras da União. O
nome dela foi apoiado por lideranças do MST. Fabiana, por sua vez, foi
indicada pelo deputado federal Izalci Lucas (PSDB). O controle da SPU-DF
foi uma retribuição do senador Romero Jucá pela lealdade e trabalho de
Izalci, que presidiu a comissão mista que analisou a MP 759-A. A Fazenda
Sálvia não é a única invasão do MST em áreas públicas após a edição do
MP. Ainda no DF, um grupo de sem-terra invadiu uma área de 504 hectares
destinada à criação do Pólo de Cinema de Brasília. Detalhe: quem
escreveu a cartilha de ocupações de terras no DF foi o próprio
secretário do Governo. Tudo veio a público durante uma operação de
retirada de invasores de um hotel abandonado bem no centro de Brasília.
No meio da operação, os policiais encontraram o documento com as
orientações ao MST assinada por Acilino.
Acilino e os sem-terra do DF usam estratégia semelhante a que vem
sendo adotada pelos sem-terra em alguns casos para criar situações de
invasões também em propriedades privadas. Neste caso, os fazendeiros
arregimentam lideranças do MST para invadirem suas terras, gerando a
situação que, amparada na MP, força a desapropriação e a regularização
da propriedade. Após receber o subsídio para demarcação e construção das
casas, os integrantes vendem a propriedade. Às vezes, para o mesmo
fazendeiro. A Polícia Federal está no encalço desse tipo de fraude. Já
detectou casos em Tocantins e Mato Grosso. Mas não pode revelar os
locais para não atrapalhar as investigações. Um fazendeiro de Alexânia,
município de Goiás, que não quis se identificar, desnudou o esquema à
ISTOÉ. Ele contou que seu irmão recebeu uma proposta para vender a terra
para líderes do MST que marchavam para Brasília durante o impeachment
de Dilma Rousseff, em 2016. Após ter cinco hectares da terra invadidos
pelos membros do movimento, o fazendeiro foi abordado por representantes
com a proposta para o negócio. “Isso é um esquema fácil”, teria dito o
líder dos sem-terra ao fazendeiro, segundo relato dele. “Vamos fechar, a
gente divide o dinheiro. Todos ganham”. O pagamento seria à vista. O
fazendeiro não aceitou.
Então, os sem-terra usaram a propriedade para armazenar pneus e
outros artefatos para bloquear a rodovia BR-060, que dá acesso à capital
federal e por onde passariam as caravanas de apoio ao impeachment.
O dinheiro sumiu
Em Unaí (MG), um outro tipo de fraude está sendo investigada pela PF.
O MST não consegue comprovar em que aplicou os R$ 3 milhões que o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) destinou ao
acampamento denominado Barreirinho. O caso chegou à PF por uma denúncia
de um ex-integrantes do MST: o brasiliense José Carlos Rodrigues
Teixeira, militante no movimento por cinco anos. “Os integrantes do
movimento aproveitaram a ascensão do PT para lucrar com a invasão de
terras”, denunciou. Depois de invadir e ganhar a posse de Barreirinho,
as lideranças do MST recorreram ao governo em busca de subsídios para o
projeto. Segundo Teixeira, a Caixa Econômica Federal pediu que fosse
montada uma cooperativa para a liberação de recursos, já que a
legislação exigia a existência de um CNPJ. “Mas, em vez de o dinheiro
ser destinado para cada família, os líderes do movimento disseram que
seriam eles que administrariam os recursos. Pulei fora, pois eu seria um
simples laranja”, afirmou ele. “O MST é uma quadrilha”, disse. EX-SEM-TERRA denuncia José Carlos Rodrigues Teixeira, ex-integrante do movimento: “O MST é uma quadrilha” (Crédito:Divulgação)
Há ilhas, fazendas e outras propriedades rurais e urbanas alvos da
cobiça dos especuladores. ISTOÉ apurou que, antes da edição da MP, o
senador Romero Jucá solicitou ao ministro do Planejamento uma relação
das propriedades mais preciosas da União. Obteve um pendrive com as 21
áreas de maior valor na Amazônia, no Mato Grosso e no DF. Nos locais a
PF suspeita da repetição de irregularidades, que compõem a tempestade
perfeita: a união de políticos corruptos e empreiteiras criminosas, com o
MST fazendo o jogo das invasões combinadas.
A senadora e presidente do
PT, Gleisi Hoffmann, durante ato em apoio ao ex-presidente preso Luiz
Inácio Lula da Silva, em Contagem, Minas Gerais, em 8 de junho de 2018 -
AFP/Arquivos
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF) decidiu nesta terça-feira, 19, absolver por unanimidade (5 a 0) a
presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e o marido, o
ex-ministro Paulo Bernardo, das acusações de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. A análise do processo dos
petistas marcou o segundo julgamento de uma ação penal da Lava Jato no
STF – no mês passado, a Segunda Turma condenou por unanimidade o
deputado federal Nelson Meurer (PP-PR).
Por 3 a 2, os ministros também absolveram Gleisi da prática de caixa 2
(falsidade ideológica eleitoral), impondo uma derrota ao relator da
Lava Jato, ministro Edson Fachin, que foi acompanhado nesse ponto apenas
pelo ministro Celso de Mello. Para Fachin e Celso, a conduta
caracterizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como corrupção
passiva no caso de Gleisi se enquadrava na verdade como caixa 2.
O caso de Gleisi chegou ao Supremo em março de 2015. Em 27 de
setembro de 2016, a denúncia contra Gleisi, o marido e o empresário
Ernesto Kugler Rodrigues foi recebida por unanimidade pela Segunda Turma
do STF. Eles eram acusados de solicitar e receber R$ 1 milhão oriundos
de um esquema de corrupção instalado diretoria de abastecimento da
Petrobras que teria favorecido a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.
A denúncia foi fundamentada nas delações premiadas do ex-diretor de
abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto
Youssef e o advogado Antonio Pieruccini, alvo de questionamentos pelos
réus.
O ministro Dias Toffoli concordou com a tese da defesa dos réus de
que as declarações dos delatores são contraditórias e insuficientes para
formar um “juízo condenatório”. “Observa-se que toda argumentação tem
como fio condutor o depoimento de delatores. Relatos não encontram
respaldo em elementos de corroboração”, disse Toffoli.
Elementos compreendidos por Fachin e Celso como provas para condenar
Gleisi pelo recebimento de R$ 1 milhão não declarado em 2010 não foram
consideradas no voto de Toffoli. “Há jurisprudência da Corte que exclui
do elemento de corroboração documentos elaborados unilateralmente pelo
próprio colaborador”, ressaltou Toffoli.
O ministro Gilmar Mendes concordou com o colega. “Não há elementos de
corroboração suficientes para autorizar o juízo de condenação. O
reforço por provas materiais, se existe, é raquítico e inconclusivo”,
afirmou Gilmar.
Na avaliação do ministro Ricardo Lewandowski, “são tantas as
incongruências, inconsistências nas delações premiadas que se tornam
completamente imprestáveis para sustentar qualquer condenação”.
Para Fachin, a acusação contra Gleisi não se enquadraria como
corrupção passiva, como pretendia a PGR, e sim como caixa caixa 2, por
não ter declarado na prestação de contas da campanha de 2010 o
recebimento ilícito de R$ 1 milhão, supostamente oriundo do esquema de
corrupção na Petrobras.
“A conduta omissiva da acusada ao deixar de declarar valores
comprovadamente recebidos em sua campanha por ocasião na prestação de
contas violou o Código Eleitoral, revelando-se imperiosa a sua
condenação”, argumentou Fachin.
Apesar de compreender que houve crime na situação, Fachin explicou
que, para condenar por corrupção passiva, é preciso mostrar que a
conduta e o recebimento dos valores está relacionado com o cargo
ocupado. No entanto, Gleisi, à época, não ocupava nenhuma função
pública, apenas almejava a vaga no Senado. O ministro também entendeu
que não ficou provada a suposta influência da senadora para manter Paulo
Roberto Costa na Petrobras.
Fachin votou para absolver de todos os crimes de que foram acusados o
ex-ministro Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler. Nesse ponto,
Fachin foi acompanhado por todos os integrantes da Segunda Turma.
Ao acompanhar na íntegra o voto de Fachin, inclusive na condenação de
Gleisi por caixa 2, Celso de Mello fez um duro discurso de combate à
corrupção.
“Estamos a julgar protagonistas de comportamentos criminosos.
Processam-se não atores ou dirigentes partidários, mas sim autores de
crimes. Ninguém tem legitimidade para transgredir e vilipendiar as leis e
a Constituição de nosso País. Ninguém está acima do ordenamento
jurídico do Estado brasileiro”, concluiu Celso de Mello.
Em nota, o advogado de Gleisi, Rodrigo Mudrovitsch, disse que desde o
início da ação penal “a defesa da senadora apontava a fragilidade da
acusação” e que o STF reconheceu no julgamento “que não havia qualquer
prova contra a senadora”, estabelecendo “um marco importante acerca da
impossibilidade de condenação de indivíduos apenas com base na palavra
de colaboradores premiados”.
Gleisi também é alvo de outras duas denúncias da PGR: uma envolvendo o
núcleo político do PT, sob a acusação de que a sigla recebeu propina
por meio da utilização da Petrobras, do BNDES e o Ministério do
Planejamento; e outra que trata de uma linha de crédito entre Brasil e
Angola que teria servido de base financeira à corrupção na campanha da
senadora ao governo do Paraná em 2014, de acordo com a PGR.
A Operação Bastilha, desencadeada pela Polícia Civil do
Distrito Federal na tarde de domingo, 17, em celas da Penitenciária da
Papuda, em Brasília, apreendeu um manuscrito em poder do ex-ministro
José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula). Na mensagem, o petista fala em
“visita fora do horário”.
“Chamou atenção que o caderno do José Dirceu tinha um manuscrito em
que ele escreveu que teria que pedir autorização para o Luiz Estevão
para ter acesso de um visitante. Ele anotou, não me lembro a frase
especificamente: ‘pedir para o Luiz Estevão conseguir a visita de um
menor fora do horário’. Algo neste teor, mais ou menos”, afirmou o
delegado Fernando Cesar Costa, da Operação Bastilha.
Dirceu está na Papuda desde maio, quando o Tribunal Regional Federal
da 4ª Região (TRF-4) negou seu recurso derradeiro e abriu caminho para a
execução da pena imposta a ele na Operação Lava Jato – 30 anos de
reclusão.
Os agentes da Operação Bastilha fizeram buscas nas celas onde estão
presos o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-senador Luiz Estevão, que
divide a cela com Dirceu.
Estevão foi condenado a 26 anos de reclusão por desvios de recursos
públicos nas obras do Fórum Trabalhista de São Paulo. Geddel foi preso
no ano passado depois que a Polícia Federal descobriu um bunker
atribuído a ele, em Salvador, com R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
As investigações sobre supostas regalias na Papuda começaram há
quatro meses. “A suspeita é essa (que Luiz Estevão tenha influência na
Papuda), reforçada pela cela dele que só estão ele e o Dirceu. Se a
gente for ver, por exemplo, o Geddel divide a cela com mais dez presos.
Ele está só com o Dirceu na cela”, relatou o delegado. “Surgiram
indícios de várias regalias, acesso a itens não permitidos e informações
de que ele seria o ‘dono da cadeia’, que ele seria o mandachuva.”
Defesas
O criminalista Roberto Podval, que defende Dirceu, disse que ainda
não foi informado sobre o resultado das buscas na cela do ex-ministro na
Papuda. “Ainda não sei efetivamente o que foi apreendido. Prefiro
aguardar para depois me manifestar”, declarou.
O criminalista Marcelo Bessa, defensor do ex-senador Luiz Estevão,
disse que ainda não teve acesso aos autos da Operação Bastilha. Bessa
esclareceu que também não teve contato pessoal com o ex-senador. “Não
consegui acesso aos autos da investigação e sequer pude conversar
pessoalmente com o meu cliente. Assim, no momento, nada tenho a
declarar.”
A reportagem está tentando contato com a defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima. O espaço está aberto para sua manifestação.
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria,
nesta quinta-feira, 14, para derrubar a condução coercitiva de
investigados para interrogatórios. A posição do decano da Corte,
ministro Celso de Mello, formou o sexto voto favorável aos pedidos do
Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), que contestam a medida. A presidente da
Corte, ministra Cármen Lúcia, votou pela legalidade da condução, com
intimação prévia.
A condução coercitiva de investigados para interrogatórios está
vetada desde o final de 2017, quando o ministro Gilmar Mendes a proibiu
através de uma decisão liminar. Desde então, conforme revelou o jornal O
Estado de S. Paulo em maio deste ano, as prisões temporárias cumpridas
pela Polícia Federal cresceram 31,75% nos primeiros quatro meses de 2018
em relação ao mesmo período do ano anterior.
Cinco ministros da Corte defendem a legalidade da medida, mas mesmo
entre eles há divergência sobre a abrangência da utilização desse
instrumento, considerado um dos pilares da Operação Lava Jato.
Somente três destes ministros defendem a possibilidade de haver
condução coercitiva sem intimação prévia, quando o procedimento
substitui medidas mais graves, como a prisão temporária. É o caso de
Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, relator da Operação Lava
Jato na Corte.
Ao votar, Celso de Mello defendeu as garantias constitucionais dos
investigados e ressaltou o direito ao silêncio e da não
autoincriminação. “Se revela inadmissível sob a perspectiva
constitucional a condução coercitiva do investigado, do suspeito ou do
réu, especialmente se se analisar a questão da garantia do processo
legal e da prerrogativa contra a autoincriminação”, afirmou o decano.
“O procedimento estatal não pode transformar-se em instrumento de
prepotência. Os fins não justificam os meios. Há parâmetros éticos e
jurídicos que não podem e não devem ser transpostos”, continuou Celso.
Divergência
Na última quarta-feira, 13, ao votarem a favor da condução
coercitiva, os ministros Fachin e Barroso criticaram uma tradição de
aplicação “injusta” do sistema penal, que beneficia “poderosos”.
“Eu arrisco um palpite (sobre a súbita indignação). É que o direito
penal vai chegando, aos poucos, com atraso, mas não tarde demais, ao
andar de cima, aos que sempre se imaginaram imunes e impunes. Gente que
paga tudo com dinheiro vivo, desconhece o sistema bancário. Gente que
vive de dinheiro fácil, com dinheiro dos outros, dinheiro desviado”,
comentou Barroso.
“O Brasil tem sido marcado ao longo de sua história por um sistema de
justiça criminal notadamente injusto, com tratamento desigual entre o
segmento mais abastado e o cidadão desprovido de poder econômico e
político”, afirmou Fachin.
Família da vereadora morta cobrou resolução do assassinato, que fez três meses sem indiciamento
( FOTO: AG. GLOBO )
Rio de Janeiro. O general interventor da Segurança do
Rio, Walter Braga Netto, afirmou, ontem, que as investigações da morte
de Marielle e Anderson estão na fase de "busca de provas". O crime é
considerado um dos mais complexos já investigados pela Divisão de
Homicídios do Rio.
"O caso da Marielle é um caso complicado, que está sendo muito bem
investigado. A investigação está indo bem. Tivemos um prejuízo com um
vazamento. Isso prejudica o caso, mas não impede de chegar à solução.
Todo mundo que estava no entorno passou a tomar precaução. Isso nos
prejudica na confecção de provas. O que estamos buscando no caso são as
provas", afirmou.
A polícia continua acreditando que o crime teve motivação política.
Alguns vereadores já foram ouvidos pela DH. O conselheiro afastado do
Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, e um técnico da
Corte foram intimados para prestar depoimento sobre o caso. Família
Num ato realizado pela Anistia Internacional na porta do prédio do
Ministério Publico, para marcar os três meses do assassinato da
vereadora, o pai dela, Antonio Francisco Silva, se disse angustiado com a
falta de informações sobre as investigações.
"Queremos uma resposta à altura do crime. O silêncio nos deixa muito
angustiado. O delegado diz ser necessário. É ineficiência da polícia?
Todas as informações que recebemos são através da imprensa", lamentou o
pai. Ontem, o ministro extraordinário da Segurança, Raul Jungmann,
afirmou que o assassinato da vereadora está levando o mesmo tempo para
ser solucionado que outros crimes de grande repercussão no Rio, como o
desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, em 2013.
"É do interesse de todos que seja esclarecido", diz o ministro.
Já a transição do comando da intervenção federal no Rio para as
corporações e secretarias do estado da área de segurança já está
planejada. Segundo o interventor, general Walter Braga Netto, a partir
de outubro começa o trabalho de transição, com a aquisição de
equipamentos terminando em dezembro, e a desmobilização programada de
janeiro a junho de 2019.
Neymar em amistoso contra a Croácia (Crédito: Oli SCARFF / AFP)
Ansa
Às vésperas da Copa do Mundo na Rússia, o desinteresse dos
brasileiros pela competição bateu recorde ao atingir 53%, segundo
pesquisa divulgada nesta terça-feira (12) pelo DataFolha.
O levantamento foi realizado na semana passada e, em comparação com a
última pesquisa, feita no final de janeiro, o número de brasileiros que
afirmaram não ter nenhum interesse pelo Mundial aumentou 11%.
Ainda segundo dados do DataFolha, a marca é a pior desde às vésperas
da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, quando o instituto
realizou pela primeira vez o levantamento de desinteresse pelo Mundial.
O desinteresse pela Copa do Mundo é maior entre as mulheres (61%),
pessoas de 35 a 44 anos (57%), moradores da região sul (59%) e com renda
familiar de até dois salários mínimos (54%).
A pesquisa apontou que somente 18% dos entrevistados estão muito
interessados no torneio, mesma marca dos que afirmaram ter médio
interesse. Os que declararam ter pouco interesse somam 9%.
De 1994 até hoje, o interesse pela Copa despencou de 56% dos
brasileiros para apenas 18%. A Copa do Mundo começa nesta próxima
quinta-feira (14) com a partida entre Rússia e Arábia Saudita, em
Moscou. O Brasil, por sua vez, estreia na competição no domingo (17),
diante da Suíça, em Rostov.
O acordo também diz que os dois países se comprometem à "paz e prosperidade" na região
Para Trump, a reunião foi "melhor do que todos poderiam esperar",
já o líder norte-coreano afirmou que "o mundo verá uma grande mudança"
após o encontro desta terça
( Foto: SAUL LOEB / AFP )
O presidente americano, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram nesta terça-feira (12), em Singapura, um documento que prevê a desnuclearização da península Coreana. O acordo também diz que os dois países se comprometem à "paz e prosperidade" na região.
Não há detalhes ou prazos para o processo de desnuclearização. Para
Sung Kim, embaixador dos EUA nas Filipinas que participou das
negociações, "ainda há muito trabalho a ser feito". > Donald Trump e Kim Jong-un trocam aperto de mãos histórico
Antes de assinar e divulgar o documento, os líderes almoçaram juntos
e falaram à imprensa. Para Trump, a reunião foi "melhor do que todos
poderiam esperar", já o líder norte-coreano afirmou que "o mundo verá
uma grande mudança" após o encontro desta terça. Ele também disse que
"muitas pessoas no mundo pensarão que isso é uma fantasia de um filme de ficção científica".
O presidente dos EUA contou que irá convidar Kim para uma visita à Casa Branca.
A ANP poderia ter aproveitado a
oportunidade para acabar com o conluio das distribuidoras de
combustível. Preferiu manter a farra das empresas que ditam as regras do
mercado
Ary Filgueira
Vencida a greve dos caminhoneiros, tudo voltou ao normal. O
abastecimento de combustíveis foi restabelecido, mas há algo, porém, que
não deverá retornar ao estágio anterior ao movimento: o preço nas
bombas dos postos. Isso porque tudo retornou ao estado de antes: a
lentidão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em combater o cartel das
distribuidoras que dominam o mercado. Tão logo a greve se encerrou, a
agência recuou e revogou a medida excepcional que suspendia a vinculação
de marca para vendas de distribuidoras do produto líquido.
Ou seja, tudo ficou como antes. O posto que tiver as cores da
Raízen/Shell, Ipiranga ou BR Distribuidora fica impedido de comprar
combustível em uma bandeira branca. Mesmo que o preço do litro seja mais
baixo que o fixado pelas três gigantes do setor. Agindo assim, a ANP
perde a oportunidade de livrar os empresários de postos das amarras
impostas por essas empresas, que já duram uma década. Em 2008, a ANP
sucumbiu ao lobby pesado do Sindicato Nacional das Empresas de
Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Na ocasião, o presidente da
agência era Haroldo Borges Rodrigues Lima, nomeado pelo então presidente
Lula. Consumidor paga mais
Naquele ano, a ANP modificou uma resolução do Ministério de Minas e
Energia que garantia aos postos escolher de qual distribuidora comprar
combustível. Bastava apenas informar a origem na bomba. O resultado era
imediato: ao comprar mais barato, a economia era repassada ao
consumidor. Com a edição da nova regra, ficou vedada essa prática. Ou
seja, o posto tinha de comprar combustível somente com a marca da
distribuidora que estampava na fachada. Detentoras de 70% dos postos no
País, a Raízen/Shell, Ipiranga ou BR Distribuidora passaram a ditar as
regras – e os preços do litro dos combustíveis. O resultado foi
imediato. Em dez anos, o faturamento dessas empresas saltou de R$ 78
bilhões (2007) para R$ 219 bilhões (2017).
Com a deflagração da greve, a ANP suspendeu a modificação na
resolução do Ministério de Minas e Energia. Numa iniciativa de bom
senso, a agência suspendeu essa vinculação entre postos e
distribuidoras. A medida temporária suavizou as conseqüências do
movimento grevista. Mas, como diz o ditado popular, o que é bom dura
pouco: na terça-feira 5, a ANP cassou seu próprio ato, perdendo, assim, a
oportunidade de fazer história. Tudo como antes A agência controladora da política de preços dos combustíveis retrocedeu à norma anterior:
O mercado dos combustíveis distribuídos nos 40 mil postos brasileiros
é dominado por três grandes empresas: Raizen/Shell, Ipiranga e BR
Distribuidora, que detêm 70% do comércio de derivados de petróleo
Em 2008, diante de lobby das três companhias, a ANP, então dirigida
por Haroldo Borges, determinou que os postos estavam impedidos de
comprar combustíveis de uma distribuidor de bandeira branca, mesmo que
os preços fossem mais baixos
Em meio à greve dos caminhoneiros, que provocou grande crise de
desabastecimento, a ANP suspendeu temporariamente, e em caráter
excepcional, que os postos pudessem comprar das distribuidoras que
melhor lhes atendessem, inclusive de bandeira branca, o que provocaria
redução de preços
Mas foi apenas o abastecimento se regularizar, que a ANP voltou atrás e tornou a manter os efeitos nocivos do cartel
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou hoje (7) 62
pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e
corrupção contra o sistema financeiro internacional. Entre eles, está o
ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB). Também é acusado
Dario Messer, que foi apontado como o “doleiro dos doleiros”, que está
foragido desde a deflagração da Operação Câmbio, Desligo.
As acusações são baseadas nas investigações conduzidas pela operação,
um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro. Também foram
levadas em conta declarações e documentos apresentados por Juca Bala,
apontado como doleiro de Cabral, e por seu sócio Cláudio Barboza,
conhecido como Tony. Os dois estão entre os denunciados, mas fizeram
acordos de delação premiada que podem aliviar suas penas. A denúncia
contém 816 páginas e cabe agora ao juiz federal Marcelo Bretas decidir
pela abertura de processo penal, aceitando a denúncia e transformando os
acusados em réus.
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (Tomaz Silva/Agência Brasil)
A Operação Câmbio, Desligo foi deflagrada no início do mês passado
com o objetivo de desarticular uma rede de doleiros que lavava dinheiro
para diversas organizações criminosas, entre elas a que seria liderada
por Sérgio Cabral. Na ocasião, haviam sido emitidos 49 mandados de
prisão preventiva. Nem todos foram cumpridos e algumas pessoas são
consideradas foragidas.
Na denúncia, o MPF registra que os delatores Juca Bala e Tony
revelaram sofisticados esquemas de movimentação de recursos no Brasil e
no exterior, que teriam sido desenvolvidos com intuito de driblar a
fiscalização. As operações seriam realizadas na modalidade dólar cabo,
uma forma de transação paralela que não passa pelo sistema bancário e
que envolve entrega de dinheiro em espécie, pagamento de boletos,
liquidações por meio de cheques do comércio e compra e venda de dólares.
“Agentes públicos corruptos são grandes compradores de dólares, pois
recebem reais em espécie no Brasil, fruto de propina, e precisam enviar
ao exterior por meio do sistema paralelo acima descrito para suas contas
ocultas. Sérgio Cabral é um exemplo dessa tipologia, tendo enviado ao
exterior, pelo menos, mais de US$ 101 milhões pelo sistema de dólar
cabo”, registra a denúncia.
Três mil offshores
Os doleiros operavam com programas que contavam com criptografia para
evitar a interceptação das autoridades e usavam um sistema
informatizado próprio, que ganhou o nome de Bankdrop, entregue ao MPF
por Juca Bala e Tony. Nele, estão registradas transações internacionais
com dados sobre as contas, bancos, beneficiários, datas e valores. São
relacionadas operações envolvendo 3 mil offshores, distribuídas em 52
países. As transações somam mais US$ 1,65 bilhão.
Juca Bala e Tony atuavam a partir do Uruguai e funcionavam como
verdadeira instituição financeira. Eles tinha contas-correntes com cada
um dos outros doleiros da rede, por meio das quais faziam as
compensações de transações. No entanto, a maior parte dos lucros da
atividade ficava com Dario Messer, que respaldava as operações com seu
nome e ficava responsável pela captação de clientes.
“Era o sócio capitalista do negócio, aportando recursos e dando
lastro às operações de câmbio realizadas por seus sócios minoritários”,
registra a denúncia. Para o MPF, Messer criou uma gigantesca rede de
lavagem de dinheiro, essencial para a prática de crimes como corrupção,
sonegação tributária e evasão de divisas. Por isso, acabou tratado como o
“doleiro dos doleiros”.
Queiroz Galvão
As investigações revelam ainda a possível existência de pagamentos de
propinas no valor de R$ 23,9 milhões da construtora Queiroz Galvão a
Sérgio Cabral, entre 2011 e 2014. Os doleiros Raul Davies e Jorge Davies
teriam ajudado o ex-governador em 33 ocasiões a receber parcelas desse
montante. Segundo o MPF, os recursos tinham relação com, pelo menos,
três obras custeadas com verbas federais do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC): as construções do Arco Metropolitano e da Linha 4 do
metrô e as ações de urbanização na comunidade da Rocinha.
Esta é a 24ª denúncia contra o ex-governador Sérgio Cabral formulada a
partir de investigações derivadas da Operação Lava Jato. Em cinco
processos, ele já foi condenado em primeira instância a penas que somam
100 anos de prisão. No mês passado, uma dessas condenações, de 14 anos e
2 meses, foi mantida em segunda instância.
O ex-governador está cumprindo pena no Complexo Penitenciário de
Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. Procurada pela
Agência Brasil, a defesa de Sérgio Cabral ainda não deu retorno.
Queda de braço
A Operação Câmbio, Desligo revela ainda uma queda de braço entre
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o juiz
federal Marcelo Bretas, responsável por julgar em primeira instância os
processos no Rio de Janeiro que se desdobram da Lava Jato. Desde maio,
mais de 15 pessoas presas por determinação de Bretas foram colocadas em
liberdade por ordem judicial assinada por Gilmar Mendes.
Na semana passada, o ministro determinou a soltura de quatro investigados na Operação Câmbio, Desligo
que cumpriam prisão preventiva: Rony Hamoui, Paulo Sérgio Vaz de
Arruda, Athos Roberto Albernaz Cordeiro e Oswaldo Prado Sanches. Todos
eles constam na lista dos 62 denunciados hoje pelo MPF. Eles são
apontados como doleiros que atuaram na rede criminosa.
Segundo Gilmar Mendes, não havia justificativa para manter as prisões
porque não houve violência ou grave ameaça nas supostas condutas
criminosas. Ontem (7), ele mandou soltar Antônio Claudio Albernaz Cordeiro,
que também foi denunciado, proibindo-o porém de deixar o país e de
manter contato com outros investigados. “O perigo que a liberdade do
paciente representa à ordem pública ou à aplicação da lei penal pode ser
mitigado por medidas cautelares menos gravosas do que a prisão”,
argumentou o ministro.
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso
há quase dois meses em Curitiba (PR), entrou com novo pedido de
liberdade nos tribunais superiores, Supremo Tribunal Federal (STF) e
Superior Tribunal de Justiça (STJ). A petição é para que as Cortes
suspendam os efeitos da condenação no caso do triplex no Guarujá até que
julguem no mérito os recursos extraordinário (analisado no STF) e
especial (do STJ).
Os recursos, contra a condenação que resultou na prisão de Lula,
ainda precisam ser admitidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), que, no início do mês, rejeitou a concessão de efeito
suspensivo no caso.
“A matéria posta à apreciação do Supremo Tribunal clama pela
concessão do efeito suspensivo, haja vista que o cumprimento provisório
da decisão recorrida que, inquestionavelmente, viola um dos direitos
mais basilares do requerente (e também de qualquer cidadão brasileiro) –
seu direito à liberdade”, afirma a petição ao Supremo, assinada, entre
outros, pelo ex-ministro da Corte e advogado de defesa de Lula,
Sepúlveda Pertence, e Cristiano Zanin.
Segundo os advogados, como pré-candidato à presidência da República,
Lula corre “sérios riscos” de ter seus “direitos políticos”
indevidamente cerceados, o que é “gravíssimo e irreversível” frente ao
processo eleitoral em curso.
A defesa do ex-presidente volta a reclamar de execução antecipada da
pena de Lula, chamando-a de ilegal e inconstitucional. Para os
advogados, ao autorizar a prisão após condenação em segunda instância, o
STF não estabeleceu o encarceramento automático, o que teria ocorrido
no caso do ex-presidente, de acordo com os advogados.
A argumentação de que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal de
Curitiba, responsável pela condenação de Lula na primeira instância, não
deveria conduzir o processo do petista também volta a aparecer na
documentação entregue ao Supremo. Segundo os advogados, houve usurpação
de competência no caso e imparcialidade do magistrado durante a
tramitação de sua ação penal.
“No caso, consoante exaustivamente demonstrado, a imagem que a
sociedade possui da relação entre o magistrado de primeira instância e o
Requerente, é de que se trata de rivais. São vistos como inimigos,
ocupando polos opostos”, dizem os advogados.
Entre outros pontos, a defesa do petista fala em violação à ampla
defesa, ao princípio da não culpabilidade, e ao princípio da legalidade.
Para a defesa de Lula, a justiça de Curitiba foi escolhida pelos
Procuradores da Lava Jato para julgar a ação penal proposta contra o
ex-presidente sem nenhuma comprovação de que recursos da Petrobras
teriam sido direcionados ao ex-presidente.
“A impossibilidade de aguardar o julgamento do mérito do recurso
extraordinário fica evidente no caso concreto, visto que o ilegal
recolhimento do Requerente ao cárcere restou consumado na data apontada e
a situação violadora ao seu status libertatis, à sua honra, imagem,
nome, dignidade e bem estar, se agrava a cada dia”, reforça a defesa.
Lula, preso no dia 7 de abril, foi condenado pelo TRF-4 a 12 anos e
um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. O ex-presidente havia recorrido à 2ª instância contra a
condenação de 9 anos e 6 meses determinada por Moro, mas, ao julgar o
recurso, o TRF-4 resolveu aumentar a pena do ex-presidente.
(Arquivo) Foto tirada em 4 de junho de 2018 mostra chanceleres durante assembleia geral da OEA, em Washington DC - AFP/Arquivos
AFP
Sete países americanos propuseram nesta segunda-feira (4)
iniciar o processo para suspender a Venezuela da Organização dos Estados
Americanos (OEA) por ruptura da ordem democrática, segundo um documento
debatido na 48ª Assembleia Nacional do organismo em Washington.
O texto apresentado por Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Estados
Unidos, México e Peru, que esperam que seja votado no plenário da
assembleia, foi repudiado pela Venezuela como “um ato ingerencista”.
O “projeto de resolução sobre a situação na Venezuela”, apresentado
pelas missões permanentes desses países na OEA propõe aplicar os
mecanismos previstos na Carta Democrática Interamericana quando ocorre
uma “alteração da ordem constitucional que afete gravemente a ordem
democrática” de um Estado-membro.
O ponto 10 do projeto pede especificamente a aplicação do estipulado
nos artigos 20 e 21 da Carta para “promover a normalização da
institucionalidade democrática”.
Esses mecanismos vão desde gestões diplomáticas até a convocação a
uma assembleia geral extraordinária que, por dois terços dos votos, pode
decidir suspender o Estado-membro de sua participação no fórum
regional.
Em entrevista coletiva, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza,
insultou o “cartel organizado contra a Venezuela” e disse que esse
projeto é mais uma das coisas feitas pelo “‘pistoleiro-geral’ da OEA”,
em alusão ao secretário-geral Luis Almagro, duro crítico do governo de
Nicolás Maduro.
“Interpretamos como um ato ingerencista”, disse, considerando essa ação da OEA como “desesperada”.
“Como vão nos suspender se já saímos?”, questionou, destacando que,
em abril de 2017, a Venezuela solicitou sua saída da OEA, processo que
levará dois anos. “Nós já saímos”, insistiu.
Explicou que a sua presença nesta assembleia responde à necessidade
de defender o modelo venezuelano “que foi eleito por 68% dos eleitores”,
e que a OEA pretende desconhecer.
“Existe uma perseguição criminosa contra a Venezuela”, disse.
Fontes diplomáticas disseram à AFP que o projeto de resolução deve ser discutido nesta segunda e votado na terça-feira.
Para aprovar uma resolução na OEA, é necessário contar com maioria
simples, ou seja, 18 votos. A OEA conta com 35 membros, embora somente
34 estejam ativos, posto que Cuba não participa.
Por trás dos exorbitantes preços dos
combustíveis há um conluio entre as três maiores distribuidoras, donas
de 70% do mercado, que impede o alívio no bolso do consumidor. Agora, a
Agência Nacional do Petróleo tem a oportunidade histórica de acabar com
a farra
JOGO COMBINADO
A BR Distribuidora,
a Raízen/Shell e a
Ipiranga pressionam
para que a ANP
retome resolução
que os beneficiam (Crédito: Felipe Dana)
Ary Filgueira
A greve dos caminhoneiros mudou a rotina do brasileiro nas
últimas semanas, que passou boa parte do dia em fila, com galão na mão à
procura de algum posto para lhe vender uns míseros litros de gasolina. O
governo, por sua vez, para convencer a categoria a retornar o trabalho,
ofereceu descontos generosos na forma de tributação sobre o óleo diesel
e, até mesmo, na isenção total de impostos que incidem sobre o produto.
Mas as medidas para conter a alta do preço do combustível serão inócuas
se não for atacado um problema que corre a céu aberto e à vista da
fiscalização: o cartel composto pelas três grandes distribuidoras que
dominam o mercado. São elas, a BR Distribuidora, a Raízen/Shell e a
Ipiranga. Enquanto elas ditarem o valor cobrado pelo litro que irriga as
bombas dos postos, tão cedo o consumidor não sentirá um alívio no
bolso. A questão é como mudar essa lógica deletéria se a própria Agência
Nacional do Petróleo (ANP), em determinados momentos, tem transigido
com o conluio que deu carta branca para as três bandeiras operarem ao
sabor de suas conveniências.
A pressão contra o livre mercado
Em 2008, um lobby pesado do Sindicato Nacional das Empresas de
Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) junto ao então diretor da ANP,
Haroldo Borges Rodrigues Lima, nomeado pelo ex-presidente Lula, hoje
preso, fez uma modificação numa estratégica resolução do Ministério de
Minas e Energia. Até então, ela garantia aos postos de gasolina escolher
de qual distribuidora comprar combustível. Cabia a eles apenas informar
na bomba o fornecedor do produto. Assim, poderiam comprar da
distribuidora que oferecesse o menor preço, o que barateava o valor
final para o consumidor. Com o cavalo de pau na regra, ficou vedada a
comercialização de combustíveis automotivos com revendedor varejista,
que optou por exibir a marca comercial de outro distribuidor. Na
prática, passou a funcionar assim: um posto com o slogan da BR
Distribuidora, Raízen/Shell e Ipiranga ficou impedido de comprar
combustível de uma distribuidora de bandeira branca. Somente da marca
que estampa em sua fachada. Mesmo que o preço do litro dos fornecedores
de bandeira branca seja bem mais barato. Com a medida, as grandes
distribuidoras, detentoras de 70% de todo o combustível comercializado
no País, conseguiram fidelizar 24 mil postos. Dessa forma, mais que
dobraram seu faturamento em dez anos, saltando de R$ 78 bilhões em 2007
para R$ 219 bilhões no ano passado. Pior para você, consumidor.
Bom senso da ANP
Com a greve dos caminhoneiros, foi dado o primeiro passo para livrar
os empresários do setor de postos das amarras impostas pelas três
gigantes do setor de distribuição de diesel e gasolina. Numa iniciativa
de raro bom senso, a ANP resolveu suspender em caráter excepcional, ou
seja, temporário, a vinculação de marca para vendas de distribuidoras de
combustíveis líquidos. O despacho foi assinado pelo diretor-geral
substituto da agência, José Cesário Cecchi. Agora, a ANP tem em mãos a
oportunidade histórica de corrigir um equívoco de uma década, ou seja, a
partir da retomada e da normalização do abastecimento de combustível no
País, tornar permanente uma medida que jamais deveria se constituir uma
exceção. Em nota enviada à ISTOÉ, a agência se esforça para
descaracterizar o “conluio”, o qual com veemência diz não existir, mas
admite que os postos bandeirados de fato se comprometem em contrato a
comprar combustíveis apenas da distribuidora a que se vincularem. A ANP
admite ainda “estudar” a possibilidade de permitir, de maneira
definitiva, que os postos de gasolina escolham de qual distribuidora
comprar combustível. As três grandes distribuidoras do produto, a BR
Distribuidora, Raízen/Shell e Ipiranga, agora reunidas na Associação
Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e
Conveniência (Plural), ameaçam reagir. Há até canelada muito abaixo da
linha da cintura: representantes das empresas espalham que podem até
processar diretores da ANP envolvidos na decisão de alterar a regra que
os beneficiam. Jogo baixo, muito baixo. Que a Agência Nacional do
Petróleo não repita 2008 e – de novo – dobre os joelhos, em detrimento
do consumidor. A sociedade está atenta.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/