Para conter superlotação, autoridades de Amsterdã querem acabar com a venda de maconha para turistas e limitar visitas ao bairro da Luz Vermelha

VITRINES Prostitutas reclamam de turistas tirando fotos sem autorização (Crédito: Horacio Villalobos)
De tempos em tempos, as autoridades de Amsterdã, capital da Holanda,
demonstram seu incômodo com duas das principais atrações turísticas da
cidade: o bairro da Luz Vermelha, onde as prostitutas se exibem nas
vitrines, e as famosas cafeterias em que se vende maconha. Os dois
cenários, que estão entre os principais atrativos que levam os
estrangeiros a visitar Amsterdã, enfrentam uma crítica permanente de
grupos conservadores. Agora, a atual prefeita Femke Halsema, nomeada
para o cargo em 2018, tem planos para mudar a realidade local. Seu
argumento é que a cidade sofre pesadamente com o turismo de massa, que
precisa ser contido a todo custo. Em relação à maconha, a proposta de
Femke é que o consumo seja proibido para os estrangeiros e que o acesso
aos coffee shops seja liberado apenas para os residentes. Quanto à
prostituição, a Prefeitura já aprovou a suspensão das visitas guiadas ao
bairro da Luz Vermelha. O alto número de visitantes, segundo a
prefeita, incomoda moradores e perturba as mulheres que ganham a vida
nas vitrines.
Menos estrangeirosConter a superlotação virou um grande desafio em Amsterdã. A cidade, que tem cerca de 850 mil habitantes, recebe 17 milhões de visitantes por ano, que estão, em sua maioria, interessados em fumar a erva tranquilamente sem qualquer repressão policial e em passear pela área de prostituição, na região de Singel. A Prefeitura diz que recebe reclamações frequentes das prostitutas, que se incomodam com os turistas tirando fotos sem autorização. Os planos para a área incluem acabar com as vitrines de rua e fechar bordéis no centro da cidade, transferindo-os para outros locais. Já a possível proibição da venda de maconha para estrangeiros foi sugerida depois que um relatório encomendado pela Prefeitura condenou a cidade por não controlar a criminalidade relacionada às drogas.
As mudanças pretendidas por Femke podem, porém, causar mais problemas do que trazer soluções para Amsterdã. Apesar de perturbador, o turismo de massa resulta em muito dinheiro e contribui para a incrível vitalidade da cidade, que tem um ar liberal e cosmopolita. Uma pesquisa encomendada pela prefeita com 1100 estrangeiros de 18 a 35 anos mostrou que 57% dos turistas que visitam a capital têm como principal objetivo frequentar as cafeterias que vendem maconha. Um terço dos entrevistados declarou que iriam menos à Amsterdã se não houvesse cafeterias e 11% disseram que desistiriam de ir à cidade caso a maconha seja proibida para os estrangeiros.
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