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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Collor recebeu de Lula "ascendência" sobre a BR Distribuidora, afirma Janot

A influência de Collor na BR Distribuidora foi levantada também pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró

Estadão Conteúdo
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Em denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que em 2009 o senador Fernando Collor (PTB-AL) obteve do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ascendência" sobre a BR Distribuidora. Segundo Janot, naquele ano, parte da subsidiária da Petrobras "foi entregue" a Collor. Loubet é acusado de ter recebido R$ 1 milhão em propina no âmbito da BR Distribuidora.

Fernando Collor foi presidente entre 1990 e 1992, quando sofreu um impeachment. "Após o fim do período de suspensão de direitos políticos, Fernando Affonso Collor de Mello retornou à vida pública. Na condição de senador pelo Partido Trabalhista Brasileiro do Estado de Alagoas - PTB/AL, por volta do ano de 2009, em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional, obteve do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ascendência sobre a Petrobras Distribuidora S/A - BR Distribuidora", afirmou o procurador.

A influência de Collor na BR Distribuidora foi levantada também pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Delator da Operação Lava Jato, Cerveró declarou à Procuradoria-Geral da República que Collor lhe disse, em setembro de 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia garantido ao parlamentar que "estavam à disposição" dele, Collor, a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de 2015, Cerveró relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobras, principalmente na BR Distribuidora.

As declarações de Janot estão em um trecho da denúncia intitulado "Diretorias da Petrobras Distribuidora S/A de indicação de Fernando Affonso Collor de Mello". O procurador afirmou que "o grande agente" do senador era Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor.

"Em nome de Fernando Affonso Collor de Mello, Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos realizou os principais contatos na sociedade de economia mista, operacionalizou negócios em favor de empresas privadas, cobrou vantagens indevidas e adotou estratégias de intermediação e ocultação da origem e do destino da propina relacionada a tais contratos", apontou Janot.

Na denúncia, o procurador-geral cita duas delações premiadas da Operação Lava Jato. Em depoimento, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa citou Fernando Collor. "Ouvia dizer que ele tinha muita influência política na BR Distribuidora", relatou Costa. O ex-diretor, "tratando do 'operador particular' do parlamentar", destacou que "sabe que Pedro Paulo Leoni Ramos também tem bastante influência na BR Distribuidora".

O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, afirmou em sua delação que Fernando Collor e Pedro Paulo Leoni "detinham a indicação política e o consequente controle de duas diretorias da BR Distribuidora". Segundo o empreiteiro, em 2010, o "operador particular" do senador lhe disse: "nós temos uma ou duas diretorias dentro da BR Distribuidora nas quais temos acesso e ascendência".

Procurado, o Instituto Lula informou que não vai comentar.

Já Rogério Marcolini, advogado de Fernando Collor, disse que o senador não é acusado na referida denúncia, não é parte no mencionado processo, e, portanto, não comentará as conjecturas e especulações do Dr. Rodrigo Janot.

A assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni Ramos informou que não vai se manifestar por não ter tido acesso ao teor da denúncia.

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