Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos coordenadores da Lava Jato em Curitiba, acredita que tentativas de anistia no Congresso serão "inúteis"

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima (Vagner Rosario/VEJA)
Santos Lima diz que os relatos da Odebrecht ampliam as investigações para muito além das expectativas e que irão envolver membros de destaque do Executivo e do Legislativo, entre outros políticos, como governadores de estado.
Na terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de 83 novas investigações contra políticos baseadas nos depoimentos, ainda sigilosos. Janot ainda solicitou que outros 211 casos em potencial sejam encaminhados a instâncias inferiores.
“Eu diria que, entre os casos que vão ao Supremo e os que ficam aqui em Curitiba, eu calcularia que em torno de até 350 novas investigações vão começar”, estima Santos Lima.
O procurador prevê que as novas investigações irão contemplar vários outros países que ainda não investigam a Odebrecht e que os depoimentos dos ex-executivos do conglomerado vão mostrar como a corrupção é endêmica em todos os níveis de governo, do municipal ao federal.
“Agora vai ficar sem nenhuma dúvida o grau de extensão da corrupção no sistema político brasileiro em todos os níveis, isso vai ser colocado à vista de todos”, observa.
“A Lava Jato em si não vai mudar nada, ela vai revelar a extensão do que acontece, o que tem que mudar é a própria democracia”, afirma Santos Lima. “A população brasileira tem que decidir se vamos continuar sendo enganados, ou realmente nós vamos atrás de alguma coisa maior que é mudar”, completa.
Lista de Janot
Sobre a lista encaminhada por Rodrigo Janot ao Supremo, o procurador afirma que os congressistas vêm trabalhando há meses para minar a Lava Jato, tentando aprovar medidas de anistia. Para Santos Lima, a reação deve sofrer um baque após a revelação dos nomes que o procurador-geral quer investigar.“Assim que se souber quem não está envolvido, o clima entre aqueles que não estão sob investigação ficará mais positivo, e acredito que verão que é inútil tentar aprovar anistias ou outras medidas para permitir que aqueles que são corruptos escapem da Justiça”, afirma.
(com Reuters)
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