Vice-presidente executivo
da empresa de seguros afirmou que o território colombiano está excluído
como destino no acordo contratual
EFE
La
Paz - O avião da companhia aérea boliviana LaMia, que caiu em novembro
do ano passado enquanto seguia para Medellín com a equipe da
Chapecoense, profissionais de imprensa e convidados a bordo, tinha
seguro, mas este não pôde ser aplicado porque o piloto não informou que o
voo tinha como rumo a Colômbia. Avião da Chapecoense caiu na Colômbia
EFE
A explicação foi dada nesta terça-feira pelo
vice-presidente executivo da BISA Seguros Reaseguros, Alejandro Mac
Lean, que concedeu entrevista coletiva em La Paz e disse que o
território colombiano está excluído como destino no acordo contratual.
O avião da LaMia caiu no dia 29 de novembro do ano
passado perto de Medellín após ficar sem combustível. Na queda, 71 dos
77 ocupantes da aeronave morreram. Apenas três jogadores da Chapecoense -
Follmann, Neto e Alan Ruschel -, dois tripulantes e o jornalista Rafael
Henzel sobreviveram.
Na coletiva, Mac Lean teve a
companhia do novo chefe da Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia
(DGAC), Erick Vargas, e o secretário-geral da instituição, Marcelo
Maldonado. Contudo, a seguradora ratificou que estabeleceu um fundo
humanitário para indenizar as famílias das vítimas e os passageiros que
sobreviveram. O montante a ser pago, entretanto, não foi divulgado.
Maldonado
confirmou que a apólice tinha uma vigência de 10 de abril de 2016 a 10
de abril de 2017 e que o certificado de seguro tinha uma cláusula que
excluía a Colômbia como destino para a cobertura mundial. Ao mesmo
tempo, essa cláusula determina que "todo país excluído poderá ser
coberto se sujeito aos termos estipulados pela seguradora, desde que
haja uma notificação prévia do voo", informou o secretário-geral da
DGAC.
O seguro de responsabilidade civil para
passageiros foi contratado por US$ 25 milhões. Porém, nem o piloto do
voo, Miguel Quiroga, que morreu na tragédia, nem a companhia informaram a
seguradora sobre a viagem. Além disso, a LaMia descumpriu normas
internacionais de navegação aeronáutica com consequências fatais e
estava com atraso no pagamento à BISA, segundo Mac Lean.
A
companhia aérea tinha três apólices contratadas com a BISA: uma de
responsabilidade civil para passageiros, uma para acidentes da
tripulação e uma mais pensada para cumprir a obrigação impositiva caso o
avião fosse nacionalizado pela Bolívia.
O vice-presidente
executivo detalhou também que o fundo alternativo para pagar
indenizações aos familiares da tripulação é administrado pelo escritório
jurídico Clde & Compan, de Londres. "O estabelecimento do fundo
primeiramente responde a uma decisão que a BISA e os seus resseguradores
tomaram. Que destacar a qualidade da resseguradora líder da operação,
que é a Tokio Marine, que tomou uma decisão além do que estabelece a
lei", salientou.
A empresa pagou US$ 150 mil a quase todas as
famílias dos tripulantes mortos e abonou as despesas médicas dos dois
sobreviventes, em US$ 25 mil cada um. "A companhia seguradora está à
espera da documentação das famílias que ainda não foram indenizadas para
poder concluir com o pagamento total da apólice", informou Mac Lean. A
empresa e a DGAC esclareceram os alcances da cobertura do avião depois
que o ministro de Obras Públicas, Milton Claros, esclareceu que os
documentos da aeronave estavam vigentes e que os contratos teriam de ser
cumpridos.
O acordo de delação com os donos da JBS
constituiu um emaranhado de equívocos: um áudio não periciado, um
procurador que se bandeou para o outro lado e dois colaboradores que
foram curtir a doce vida em Nova York, livres de qualquer denúncia. Para
a Lava Jato, não poderia ter sido pior
FALHAS Fachin (foto abaixo) e Rodrigo Janot (acima) permitiram o escândalo dentro do escândalo (Crédito: Pedro Ladeira/Folhapress)
Diante das inescapáveis conseqüências nas esferas política,
econômica e financeira, a delação da JBS bem que poderia ter sido
costurada de maneira mais responsável, com a acuidade necessária e sem o
açodamento típico dos incautos.
Mas os responsáveis por conduzi-la preferiram desprezar o manual que,
em casos delicados como o que abalou a República nos últimos dias, se
impõe às boas práticas jurídicas. O que se viu foi um show de horrores,
ao arrepio da lei. Senão vejamos: em que lugar do mundo uma denúncia
seria divulgada sem a averiguação prévia da principal prova material que
a sustenta, qual seja, o áudio que atingiria pessoal e politicamente um
presidente da República? André Dusek
Em que planeta caberiam aos delatores do escândalo decidir como,
quando e para quem seriam vazados os teores de um diálogo bombástico com
enorme potencial explosivo para o País?
E por que, depois de uma série de crimes confessados, os mesmos
delatores escapariam ilesos de qualquer denúncia, rumo a um exílio
dourado em outro país?
Só na terra de Rodrigo Janot, o procurador-geral da República,
equívocos desta natureza encontram guarida. Para a Lava Jato, tratou-se
de um gol contra, uma vez que foram abertas brechas para que toda a
operação seja questionada mais adiante – o que constituiria uma
catástrofe tanto para os integrantes da força-tarefa, como para o
Brasil.
Entre tantos erros primários, o maior deles foi, sem dúvida, o
vazamento dos áudios das conversas entre o presidente da República e o
dono da JBS, na noite no último dia 17, de maneira apressada. Sem
qualquer perícia nas gravações, sem a verificação se foram editadas ou
não e, principalmente, sem ter checado se o que foi atribuído ao
presidente estava realmente nos trechos gravados.
Quando o site do jornal O Globo detonou o escândalo, dizia-se que
Temer tinha dado anuência para a compra do silêncio do ex-deputado
Eduardo Cunha, atribuindo-lhe a frase: “Tem que manter isso, viu?”. Na
verdade, soube-se depois, a declaração de Temer sucedeu a confissão de
Joesley de que estava “bem com o Eduardo”. Mesmo que constrangedora, a
frase não significava o aval à compra de Cunha.
A pressa em divulgar o escândalo revelou precipitação. Afinal, a PGR
recebeu quatro arquivos de áudio sem checar se eles tinham sido
editados. Nem mesmo os dois gravadores foram entregues aos procuradores.
A Associação Nacional de Peritos Criminais Federais (APCF) condenou a
prática. “Ao se ouvir o áudio, percebe-se a presença de eventos
acústicos que precisam passar por análise técnica, sem a qual não é
possível emitir qualquer conclusão acerca da sua autenticidade”, afirmou
a entidade.
Dias depois da queixa dos peritos, o gravador foi enviado à PF. O
segundo gravador só chegou na terça-feira 23 ao Instituto Nacional de
Criminalística. Contratado por Temer, o perito Ricardo Molina usou a
nota da APCF para embasar um laudo feito em menos de cinco dias e
afirmar, categoricamente, que havia edições no áudio e que, portanto, as
gravações deveriam ser desconsideradas como prova. Independentemente da
conclusão do caso, ou mesmo que se conclua pela autenticidade das
gravações, um fato é insofismável: a trapalhada poderia ter sido
evitada. Quarentena
Outro fato grave não tratado com o devido cuidado envolveu o advogado
Marcelo Miller. Ele integrava a PGR até recentemente, mas passou a
advogar para Joesley sem obedecer a qualquer quarentena. Pior: passou a
representar o dono da JBS nas negociações da leniência da empresa com o
MPF.
A condescendência no acordo de delação com Joesley, com aval do
ministro Edson Fachin, do STF, foi outro fato a motivar críticas aos
magistrados. A concessão de benefícios aos delatores foi muito superior
ao que foi dispensado a outros colaboradores da Justiça.
A PGR sequer apresentou uma denúncia. Normalmente, os investigados
conseguem a promessa de que suas penas serão reduzidas em juízo,
cumprindo pelo menos um período de detenção domiciliar, com tornozeleira
eletrônica e entrega de passaportes. Com os irmãos Batista foi
diferente.
Eles seguiram para os Estados Unidos a bordo de um jatinho avaliado
em US$ 50 milhões. Até o iate da dupla foi despachado para Miami. Antes
de deixarem o País, ganharam uma fortuna aplicando R$ 1 bilhão na compra
de dólares, que teve alta expressiva após a denúncia. No final da
semana, circulou a notícia de que Ricardo Saud, executivo da JBS, teria
sido um dos fiadores da nomeação de Fachin ao STF. A quem caberia zelar
pelo rumo da investigação, produziu um escândalo dentro do escândalo. Atentado à Constituição Divulgação
Ao liberar os áudios de conversas entre Andrea Neves, irmã do senador
afastado Aécio Neves (PSDB-MG), e o jornalista Reinaldo Azevedo
(acima), nos quais não havia qualquer vestígio de crime, o Supremo
Tribunal Federal (STF) patrocinou uma ilegalidade que feriu a
Constituição.
A conversa foi gravada pela Polícia Federal a pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR) e estava entre as 2.200 gravações
dos grampos da JBS entregues aos jornalistas na semana passada. A
iniciativa do STF configurou-se como um atentado à liberdade de imprensa
e de desrespeito ao direito do sigilo da fonte, previsto no artigo 5º
da Carta Magna.
“O episódio enche-nos de vergonha, é um ataque à liberdade de
imprensa e ao direito constitucional de sigilo da fonte. Desenha-se no
Brasil um estado policial que sempre foi combatido pelo STF”, sapecou o
ministro do STF, Gilmar Mendes. Com a repercussão negativa, o ministro
Edson Fachin impôs sigilo aos áudios. O recuo veio tarde, pois as
conversas já haviam sido divulgadas por um site. O mal já estava feito. O
Estado Democrático de Direito, violentado.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, que foi escalado pelo
presidente Michel Temer para dar a resposta do governo às manifestações
que acontecem nesta quarta-feira, 24, em Brasília, anunciou nesta tarde
que está decretada uma ação de Garantia da Lei e da Ordem e, com isso,
tropas federais passarão a reforçar a segurança na região da Esplanada
dos Ministérios.
Segundo Jungmann, a decisão de Temer foi tomada após solicitação do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e também por conta da
violência registrada nas manifestações de hoje em Brasília.
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Manifestantes e policiais se enfrentaram em protesto contra
Michel Temer na Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira (24), em
Brasília
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Um grupo chegou a incendiar os ministérios da Agricultura e
Planejamento. A Casa Civil mandou esvaziar todos os ministérios
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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A confusão foi iniciada por um grupo pequeno de mascarados, que
tentou furar a barreira policial formada na Avenida das Bandeiras
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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A polícia reagiu no primeiro momento com bombas de efeito moral
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Grupo revidou com garrafas de água e pedaços de madeira
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Depois disso, a polícia avançou contra os manifestantes com
bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Manifestantes se refugiam em estacionamentos dos ministérios
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Os manifestantes também foram revistados pela PM na entrada da
Esplanada para evitar que ingressem no local com objetos cortantes ou
perfurantes
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, o movimento ainda reúne cerca de 25 mil manifestantes
Foto: AFP PHOTO / Andressa Anholete
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A expectativa dos organizadore é de que a manifestação cresça e reúna cerca de 100 mil pessoas
Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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Foto: AFP PHOTO / MATEUS BONOMI
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Demonstrators clash with police during the protest "Occupy
Brasilia" against the labor and social security reforms and the
government of President Michel Temer in Brasilia, on May 24, 2017. / AFP
PHOTO / MATEUS BONOMI
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A demonstrator kneels during clashes in the protest "Occupy
Brasilia" against the labor and social security reforms and the
government of President Michel Temer in Brasilia, on May 24, 2017. / AFP
PHOTO / MATEUS BONOMI
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Após os conflitos, o presidente Michel Temer acionou o Exército
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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No decreto, as Forças Armadas devem ficar no Distrito Federal por uma semana
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
“Atendendo à solicitação do senhor presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, mas também levando em conta fundamentalmente que uma manifestação
que estava prevista como pacífica, ela degringolou na violência, no
vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público, na ameaça
às pessoas – muitas delas servidores que se encontram aterrorizados e
que estamos neste momento garantindo a sua evacuação – o senhor
presidente da República decretou, repito por solicitação do presidente
da Câmara, uma ação de garantia da Lei e da Ordem”, anunciou Jungmann ao
lado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio
Etchegoyen.
Segundo Jungmann, Temer fez questão de ressaltar que “é inaceitável a
baderna e o descontrole”. “Ele não permitirá que atos como este venham a
turbar um processo que se desenvolve de forma democrática e com
desrespeito às instituições”, finalizou.
Jungmann deixou o pronunciamento, feito no Salão Leste do Planalto,
sem responder sobre a ausência do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e
também nem sobre quantos homens serão deslocados para Brasília. Rodrigo Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reiterou em entrevista
que solicitou apenas a ajuda da Força Nacional e não do Exército para
conter os protestos na Esplanada. “De fato o ambiente na Esplanada era
grave e para garantir a segurança tanto dos manifestantes quanto
daqueles que trabalham nos ministérios e na Câmara, eu fui ao presidente
e conversei com ele porque achava que a Força Nacional pudesse
colaborar junto com a Polícia do governo do Distrito Federal”, explicou.
Maia disse que se o governo agiu de outra forma, foi uma decisão
exclusiva do Executivo. “Se o governo encaminhou algo maior, aí é uma
posição do governo”, respondeu. O deputado afirmou que o clima de
conflagração no plenário se deve porque um lado quer obstruir e outro
quer trabalhar. “Acho que o importante é manter a garantia de
segurança”, reforçou.
Neste momento a sessão está suspensa. A oposição está reunida na
liderança do PDT para traçar estratégia para impedir a retomada da
sessão plenária. Já os governistas foram para o gabinete da presidência
da Câmara. Fim das manifestações
Terminou por volta das 18h30 desta quarta-feira, 24, na Esplanada dos
Ministérios, a manifestação contra as reformas e o presidente Michel
Temer, que durou cerca de seis horas. Os últimos militares a deixarem o
gramado foram de um grupo da cavalaria da Polícia Militar do Distrito
Federal. Homens do Corpo de Bombeiros apagavam as últimas fogueiras
acessas pelos manifestantes, que foram acuados em meio a bombas e carros
do choque até a rodoviária da cidade, onde, até o início da noite ainda
havia grupos protestando e polícia em volta. Militares do Exército
fazem, neste momento, a segurança da Esplanada e dos prédios públicos.
A manifestação pode não ter sido a mais violenta da cidade. Em 20 de
julho de 2013, na onda de manifestações que surpreendeu o governo Dilma
Rousseff, a polícia de Brasília deu início à tática de dispersar
multidões com bombas. Na ocasião, o prédio do Ministério das Relações
Exteriores foi invadido e o do Ministério da Saúde depredado pelos
manifestantes. O protesto de hoje pode também não ter sido o maior. Em
16 de março de 2016, cerca de 100 mil manifestantes, segundo números da
Polícia Militar, ocuparam a Esplanada para pedir o impeachment de Dilma.
A manifestação desta quarta-feira, a maior contra Temer, foi marcada,
porém, pela presença da Força Nacional de Segurança, um grupo militar
que costuma não atuar na capital, e por homens do Exército e até da
Marinha, que atuaram nas áreas em volta dos prédios dos ministérios.
Chamou atenção também o aparato e o clima de tensão no Palácio do
Planalto. A segurança da Presidência chegou a colocar 30 homens do
batalhão da guarda presidencial com escudos em cima da rampa, um símbolo
da política e arquitetura da cidade.
Organizado por diferentes entidades sindicais e políticas, o protesto
foi marcado ainda pela fragmentação dos discursos. Enquanto um carro de
som pedia para manifestantes resistirem às ações da Polícia, outros
faziam apelo para que o público recuasse diante das bombas. A tática da
polícia de dispersar a multidão foi a mesma de protestos passados, houve
lançamento de bombas no grosso da multidão que estava no gramado entre
os prédios do Itamaraty e do Ministério da Justiça, mais acima do
gramado do Congresso. Silêncio
Pela manhã, interlocutores do presidente Michel Temer estavam
pregando o silêncio em relação às manifestações. Auxiliares do
presidente diziam que era preciso esperar para ver a adesão e o
desenrolar dos fatos. No entanto, após os episódios de violência e de
registro de incêndios da Esplanada, auxiliares avaliaram que havia
ficado insustentável o silêncio. E, então, o governo escalou Jungmann e
Etchegoyen para se manifestarem. Serraglio, na última greve geral no fim
de abril, tinha sido o escolhido do Planalto para comentar os
protestos.
ISTOÉ examinou as 820 páginas de
processo em poder do STF. Os documentos incluídos como provas por João
Santana e Mônica Moura mostram que a petista teve despesas pagas com
dinheiro da corrupção, atuou dentro do Palácio do Planalto para obstruir
a Justiça e participou do petrolão
Sérgio Pardellas e Germano Oliveira
A ex-presidente Dilma Rousseff nunca deu ouvidos para aquilo
que o filósofo espanhol José Ortega y Gasset chamava de fundo
insubornável do ser. Ou seja, o mais íntimo pensamento naquela hora em
que o indivíduo encara o seu reflexo no espelho e tenta reconhecer a
própria face. Para alcançar o poder e nele se manter a todo custo,
repetindo uma prática de seu antecessor, Dilma sustentou uma imagem que
nunca lhe pertenceu: a de uma mandatária pudica e incorruptível. Mesmo
depois do impeachment, ela insistia em se apresentar, em andanças pelo
País e palestras além-mar, como uma espécie de vestal desprovida de
mácula, vítima das circunstâncias. Não é possível mais manter a retórica
de pé. ISTOÉ teve acesso às 820 páginas que compõem o processo de
colaboração premiada dos marqueteiros João Santana e de sua mulher,
Mônica Moura. Os documentos anexados como provas vão além da delação – e
a liquidam de vez. Desmontam a tese, alardeada nos últimos dias por
Dilma, de que aquele que atuou durante anos como o seu principal
conselheiro político, bem como sua esposa, mentiram à Justiça em troca
da liberdade. Agenda entregue à Lava Jato por Mônica
Moura com o registro “reunião pessoal tia” e bilhetes de viagem (trecho
Nova York-Brasília) ajudam a comprovar encontro mantido entre a
publicitária e a então presidente Dilma Rousseff em novembro de 2014.
Na reunião, Dilma disse que estava preocupada que a Lava Jato chegasse à
conta na Suíça, que recebeu depósitos de propinas da Odebrecht
A militância costuma preferir narrativas a provas, para dourá-las ao
sabor de suas conveniências. Não é o caso aqui. Reportagem de ISTOÉ tira
o véu da “ex-presidenta inocenta”. A papelada comprova que Dilma
incorreu em toda sorte de crimes ao ter: 1. Despesas pessoais pagas com
dinheiro de corrupção desviado da Petrobras, mesmo quando não estava em
campanha; 2. Atuado dentro do Palácio da Alvorada no sentido de tentar
obstruir a Justiça; 3. Orientado a ocultação de recursos ilícitos no
exterior e 4. Determinado a transferência de dinheiro sabidamente ilegal
para os cofres de sua campanha, por meio de integrantes do primeiro
escalão do governo. Em suma, os documentos atestam que a ex-presidente
da República, durante o exercício do cargo, participou ativa, direta e
pessoalmente do esquema do Petrolão.
Uma das provas vinculadas ao acordo de colaboração premiada mostra
que Mônica Moura bancou despesas privadas da presidente Dilma, como
diárias no Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador, no dia 24 de novembro
de 2009 –portanto fora do período eleitoral e quando a petista não era
nem presidente da República ainda. O dinheiro era oriundo da Polis,
empresa de propriedade de Mônica e João Santana, cujo caixa era
abastecido com dinheiro desviado da Petrobras. Os documentos obtidos por
ISTOÉ comprovam também que os publicitários custearam até os operadores
de teleprompter de Dilma. Eles acompanhavam a petista, já investida no
cargo de presidente, em compromissos oficiais dentro e fora do País. Uma
das faturas somou R$ 95 mil. Na delação, Mônica e Santana ainda relatam
os pagamentos “por fora” ao cabeleireiro Celso Kamura, destacado para
atender Dilma no Planalto antes, durante e depois da campanha. Na
documentação em poder do STF, o casal anexou uma nota de R$ 50 mil e um
bilhete eletrônico para não deixar margem para dúvidas de que pagou
viagens do renomado cabeleireiro a Brasília antes mesmo da eleição. O
material é gravíssimo, pois enquadra Dilma por improbidade
administrativa, o ato de “auferir vantagem patrimonial indevida em razão
do exercício do mandato”. Trata-se do designativo técnico para
conceituar corrupção administrativa. Negócios à parte Mônica (acima) e João Santana, que fizeram as duas campanhas de Dilma, revelaram segredos estarrecedores da ex-presidente (Crédito:Divulgação)Blindagem do dinheiro
De acordo com os marqueteiros, Dilma não só sabia que o casal Santana
recebia dinheiro não contabilizado, das propinas da Odebrecht, como
também orientou Mônica a blindar os recursos ilícitos depositados na
Suíça, transferindo-os para uma conta “mais segura” em Cingapura. A
ex-presidente demonstrava preocupação com o desenrolar da Lava Jato. Em
novembro de 2014, determinou que Edinho Silva, então tesoureiro,
convocasse Mônica para uma importante conversa. A mulher de João Santana
estava de férias em Nova York com o marido, mas diante do chamado da
presidente pegou o primeiro avião para Brasília. Ao desembarcar no
Palácio da Alvorada, Dilma a levou para um passeio pelos jardins, como
se quisesse contar um segredo, sem testemunhas. Insistiu que estava
preocupada com a conta na Suíça, pois sabia do depósito das propinas.
Para registrar essa reunião, Mônica escreveu em sua agenda particular
“reunião pessoal tia”. A cópia da agenda, que ISTOÉ apresenta nesta
edição, consta do material sigiloso remetido ao STF. Confere
verossimilhança ao relato de mulher de Santana e enterra o argumento de
Dilma de que o casal mentiu à Justiça a respeito do encontro. Dos R$ 105 milhões que Santana recebeu da campanha de Dilma em 2014, R$ 35 milhões foram “por fora”
Na mesma conversa, a ex-presidente propôs que as duas se falassem com
mais freqüência, sempre sob total sigilo. A própria Dilma, então
presidente da República, se encarregou de arrumar um modo de repassar a
Mônica as informações privilegiadas: por meio de uma conta de email
(2606iolanda@gmail.com) em que ambas teriam a senha de acesso. As
mensagens seriam cifradas e salvas na pasta “rascunho”. As cópias das
mensagens eletrônicas integram o material hoje nas mãos da Justiça. São
evidências indiscutíveis de obstrução de Justiça, com potencial para
condenar a ex-presidente à prisão. Numa das mensagens, a publicitária
escreve: “Vamos visitar nosso amigo querido amanhã. Espero não ter
nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?”.
Mônica referia-se à intenção do casal de publicitários de evitar que
fossem presos tão logo desembarcassem no Brasil no dia 23 de fevereiro
de 2016, advindos da Republica Dominicana. Além da mensagem, a
marqueteira incluiu entre os documentos da delação senhas e cópia do
wifi do Alvorada no dia da criação do email. O dinheiro sujo da Odebrecht
Antes da campanha de 2014, ficou acertado que o marketing custaria R$
105 milhões, dos quais R$ 70 milhões seriam pagos “por dentro”,
resultado de arrecadações oficiais, e outros R$ 35 milhões “por fora”,
dinheiro de caixa dois, que Dilma arrecadaria com empreiteiras. A
determinação da presidente era no sentido de que Mônica procurasse Giles
Azevedo, assessor de confiança, para acertar os detalhes do pagamento
por fora, classificado por ela de “tradicional”. Foi então que Giles,
orientado por Dilma, recomendou à Mônica que se entendesse com o
ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nas conversas mantidas com Mantega,
Mônica se referia ao ministro como “laticínio”, numa alusão à
“manteiga”, fato que ela comprovou abrindo sua agenda aos
investigadores. Uma das páginas exibe o manuscrito: reunião com
“laticínio”, constituindo mais uma evidência de que, ao contrário do que
afirmou Dilma, Mônica e Santana estavam bem calçados em seu acordo de
delação.
A petista demonstra que sempre desprezou as lições políticas de
Maquiavel. A principal delas: “quando um governante deixa tudo por conta
da sorte, do acaso, ele se arruína logo que ela muda”. Dilma contou
muito com a sorte, até ser bafejada por ventos desfavoráveis. Depois de
apeada do Planalto, a ex-presidente foi citada em 38 fatos de
irregularidades na delação da Odebrecht, muitos dos quais se configuram
crimes, como o uso de dinheiro sujo da corrupção na Petrobras. Por isso,
a petista deverá responder a vários inquéritos por corrupção quando as
delações chegarem ao juiz Sergio Moro, como já decidiu o ministro do
STF, Edson Fachin. Hoje, ela já responde a um inquérito criminal por
obstrução de Justiça ao tentar nomear Lula ministro da Casa Civil. Coragem
Juristas ouvidos por ISTOÉ destacam que o material encalacra Dilma.
Criminalista com 20 anos de experiência e especialista em direito penal
pela Fundação Getúlio Vargas e Universidade Coimbra, Jair Jaloreto
destaca que os fatos narrados indicam embaraço às investigações. “Em
tese, qualquer pessoa que saiba que vai haver diligência e faz algo para
impedir que essa ação seja exitosa, pratica obstrução da Justiça. Vinga
o princípio de que todos são inocentes até que se prove o contrário,
mas, se há provas suficientes, ela pode ser investigada, processada e
condenada.” Professor de direito penal da Universidade Estácio de Sá,
Rafael Faria diz que as delações e os documentos são fortes o suficiente
para embasar o indiciamento da ex-presidente. Já o professor de direito
e de temas anticorrupção na Universidade de Brasília, Thiago Sombra,
destaca que as provas, em seu conjunto, formam um cenário devastador
para a petista. “Isoladamente, seriam provas indiciárias, mas, quando
consideradas no todo, têm um grau de consistência elevado”, avalia.
Em discurso de posse da primeira eleição em 2010, Dilma invocou um
trecho da obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. “O correr da
vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é
coragem”. Não faltou coragem para Dilma. De fato é preciso coragem para,
na condição de presidente da República, bolar dentro das fronteiras do
Palácio da Alvorada uma estratégia sorrateira de comunicação eletrônica,
a partir da criação de um email secreto, a fim de alertar subordinados
sobre a iminência de suas prisões – o que configura obstrução clara e
manifesta de Justiça. Do mesmo modo, é preciso muita coragem para
ordenar, do alto do cargo de presidente da República, que terceiros
bancassem suas despesas pessoais – e com o dinheiro sujo da corrupção.
Como também são necessárias doses cavalares de coragem, além da certeza
da impunidade, para sugerir a transferência de uma conta-paralela da
Suíça para Cingapura destinada a acobertar ilegalidades das quais foi
cúmplice. Para Dilma, o excesso de coragem pode sair caro. A
ex-presidente quebrou um País, atentou contra os preceitos republicanos,
e, se não roubou, foi no mínimo conivente. As barras da Justiça a
aguardam. Colaborou Eduardo Militão
Delação dos donos da JBS mostra que a
Lava Jato não escolhe partidos. Nela, estão implicados o presidente
Michel Temer, os petistas Lula e Dilma Rousseff, além dos tucanos Aécio
Neves e José Serra. O Brasil não vivenciava uma crise política tão
grave desde a morte de Getúlio em 1954. Qual a saída para o caos?
Ary Filgueira
Desde o início da Lava Jato, há três anos, os petistas tentam
emplacar uma narrativa não correspondente aos fatos: a de que a
operação foi forjada para exterminar o PT e colocar atrás das grades o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedindo-o de concorrer
novamente à Presidência. Igualmente envolvidos em escândalos de
corrupção, cabeças coroadas de PMDB e PSDB, segundo a mesma tese da
vitimização, receberiam a condescendência de uma Justiça que se
apresentaria de olhos vendados para suas práticas nada republicanas. Na
última semana, prevaleceu na Lava Jato a chamada “erga omnes”, um
latinismo utilizado no meio jurídico para designar que a lei e a Justiça
valem para todos, sem distinção: o presidente da República, Michel
Temer, do PMDB, e os tucanos Aécio Neves e José Serra – bem como os
petistas Lula e Dilma, figuras carimbadas de outros escândalos – foram
severamente atingidos pela delação dos empresários Joesley e Wesley
Bastista, donos da empresa global JBS.
O roteiro obedeceu ao script de casos anteriores que implicaram
apenas os integrantes do PT: vazamento pela imprensa dita (por eles)
“golpista”, alguma imprecisão nas informações divulgadas e gravações às
escondidas em que o delator induz diálogos a fim de flagrar a autoridade
em situações embaraçosas. Só que pelo menos num primeiro momento,
calculadamente, não se ouviu da militância organizada um reparo sequer à
atuação do Ministério Público que solicitou – e conseguiu – autorização
do Supremo Tribunal Federal para investigar o presidente da República,
justamente no momento em que o País demonstrava fôlego econômico.
Residem aí duas faces antagônicas de uma importante constatação: a
deletéria ao País é que, sim, ainda há uma parcela da sociedade
suscetível a discursos rasos, demagógicos e sem conexão com a realidade,
cujo único propósito é o de guindar de volta ao Palácio do Planalto
aqueles que por 13 anos institucionalizaram a corrupção no País, não só
para se perpetuarem no poder como para enriquecimento próprio. A
principal delas, e fundamental para a consolidação das instituições, é
que a tarefa de limpeza moral e ética da qual se imbuiu os membros da
força-tarefa da Lava Jato não deve mesmo ser interrompida, mesmo diante
de pressões de toda ordem. Conspiração?
A maior prova disso foi dada nos últimos dias. Na quarta-feira 17, o
jornal OGLOBO antecipou trechos da colaboração premiada dos donos da JBS
que implicam Temer. O inteiro teor de áudios, em que o presidente
aparece em conversas constrangedoras com Joesley, foi conhecido no dia
seguinte. Nele, Joesley narra a Temer, em conversa mantida no Palácio do
Jaburu no dia 7 de março, o cometimento de vários crimes: entre eles, o
pagamento de mesadas ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como
forma de comprar seu silêncio e a cooptação de juízes e procuradores da
República, com objetivo de limpar a barra da empresa no âmbito da Lava
Jato. No diálogo, Temer denota atitude incompatível com o cargo de
presidente da República. Num dado momento, Joesley diz que está tentando
trocar um procurador da República, que o estava investigando. O
presidente ouviu e nada fez. Diante da divulgação dos áudios, o País foi
incendiado. O Palácio do Planalto, o Legislativo e o mercado financeiro
ficaram absolutamente aturdidos. Correu no País o rumor de que ele
pediria renúncia do cargo. Ao fim do dia, Temer reuniu a imprensa e
disse de maneira taxativa: “Não renunciarei. Repito, não renunciarei”. E
acrescentou: “sei o que fiz e sei a correção dos meus atos”.
Internamente, no Planalto foi disseminada a tese de um complô para
apear Temer do poder e frear reformas importantes para o País, como a da
Previdência. “Fui vítima de uma conspiração”, disse o presidente a
interlocutores na quinta-feira 18. Independentemente de o Planalto estar
correto ou não quanto à existência de uma armação contra o governo, há
elementos capazes de conferir verossimilhança às alegações. Claro, a
crise é grave e o presidente da República será instado a responder pelos
seus atos. Nas gravações, há evidências de prevaricação, no mínimo, e
se incorreu em crime, Temer como qualquer outro cidadão deste País deve
estar sujeito aos rigores da lei. Mas é importante ter em mente também
que o vazamento da delação do empresário Joesley Batista não foi
acidental. Tratou-se de algo muito bem calculado por todos atores
envolvidos, muitos dos quais, seguramente interessados em provocar
instabilidade ao governo, no momento em que a economia dava sinais de
recuperação. Por exemplo, o modus operandi do vazamento foi todo montado
para que o fato político se impusesse, antes mesmo do conhecimento dos
áudios. Inicialmente, consolidou-se na praça a versão de que Temer havia
concedido o aval a Joesley para a compra do silêncio do ex-presidente
da Câmara, com a fatídica frase “tem que manter isso, viu?”. Ou seja, o
impacto político já era irreversível. A lentidão em dar publicidade à
gravação acabou deixando o presidente emparedado.
Quando foram divulgados os trechos, em áudio, ficou clara a
imprecisão na edição das conversas. Embora estivesse no contexto da
compra de Cunha, a frase “tem que manter isso, viu?” não sucedia outra
que versasse literalmente sobre o pagamento do silêncio do peemedebista
preso. Ou seja, não há a anuência à propina, como se quis vender no
início. Ademais, havia trechos inaudíveis, a gravação continha picotes,
que lembram uma edição mal feita. Essa hipótese ainda poderá vir a ser
comprovada por meio de perícia na gravação, solicitada pelo presidente.
Em declaração à imprensa, Temer disse: “A montanha pariu um rato”,
redimensionando o que se achava que teria nas gravações e o que de fato
havia nelas. Outros trechos, sim, sugerem prevaricação, discussão sobre
obstrução de justiça e ciência sobre negociação de vantagem indevida. E o
presidente se fragiliza politicamente por isso. Mas o caldo já estava
entornado de antemão.
O fato é que o áudio é inconclusivo sobre a culpabilidade de Temer.
Analisando mais profundamente o material, é possível notar outro
aspecto. Por exemplo, o enredo é de um empresário que narra crimes em
série e tenta induzir o presidente da República a falar o que ele queria
ouvir. PROTESTOS
Manifestantes em todo o país, sobretudo, em São Paulo e Rio, fizeram
manifestações contra o governo (Crédito:Cris Faga / Fox Press Photo)
Quem se apresenta indiscutivelmente como o partícipe do esquema é o
deputado Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB). O parlamentar foi filmado pela
Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil entregue por Joesley
Batista. As cédulas tinham seus números de série informados aos
procuradores e as malas e mochilas continham rastreadores. A reação do
Supremo Tribunal Federal foi imediata. Logo após a divulgação da
conversa, o ministro Edson Fachin, que conduz os processos da Operação
Lava Jato no STF, determinou que fosse aberto inquérito para investigar
as denúncias contra o Temer. Fachin atendeu a um pedido do
procurador-geral da República Rodrigo Janot. É a segunda vez que um
presidente do País é investigado durante exercício do mandato. O
primeiro foi o ex-presidente Fernando Collor, hoje senador, em 1991.
Comprovadas as suspeitas, o procurador oferece denúncia ao STF, que
analisa se torna o presidente réu ou não. A reversão de expectativas em
relação aos áudios, no entanto, arrefeceu a pressão no Congresso. O PSDB
e o PPS que ameaçaram desertar, recuaram aos 45 minutos do segundo
tempo, mostrando serenidade na hora de examinar os fatos, que é o que o
Brasil precisa no momento. Outras agremiações não tomaram o mesmo
caminho. FIADOR DO CRESCIMENTO
Sob a batuta do ministro Meirelles, a economia vinha dando sinais
recuperação, com o fim da recessão (Crédito:Estéphane lavoué; Pedro
Ladeira/folhapress; Dida Sampaio/Estadão conteúdo)
O PSB saiu em retirada. A legenda já vinha demonstrando um
desconforto com as reformas encaminhadas ao Congresso. Embora houvesse
orientação para que sua bancada votasse contra os projetos, a sigla
estava dividida. Dos 30 deputados, apenas 14 se mantinham fiéis ao
Palácio do Planalto. Mas, na quinta-feira 18, um dia após a divulgação
do conteúdo da gravação, a relação azedou. O presidente Carlos Siqueira
determinou que o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho,
entregasse o cargo e reforçasse a bancada do partido na Câmara. Cunha, o pivôO
empresário Joesley Batista diz a Temer que segue pagando propinas ao
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba na Lava Jato,
“todo mês, também”. Os pagamentos estariam sendo feitos a Altair Alves
Pinto, homem de confiança de Cunha, mas não fala valores. A PF filmou
Roberta, irmã do doleiro Lúcio Funaro, ligado a Cunha, recebendo uma
mala com R$ 400 mil de um diretor da JBS (Crédito:Mateus Bonomi/AGIF;
STF)
Mesmo com popularidade baixa, o presidente Michel Temer sempre gozou
de prestígio no parlamento. Diferentemente de sua antecessora Dilma
Rousseff, Temer contabilizava uma base ampla na Câmara e no Senado. O
apoio tem sido fundamental para a aprovação de medidas importantes, como
a contenção dos gastos públicos. E seria importante para as futuras
batalhas travadas em torno de reformas da Previdência e Trabalhista.
Agora, Temer procura reconstruir esse apoio. Prevista para ser analisada
na quinta-feira 18, a Reforma Trabalhista foi tirada da pauta do Senado
pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Na rede social, o senador
capixaba justificou o gesto: “diante da gravidade que vive o País, o bom
senso diz que é necessário priorizar a solução da crise institucional
para depois darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma
tributária”. Votação no TSE
Com o novo cenário, Temer corre o risco não apenas de ser derrotado em
votações importantes no Congresso, como também ter seu mandato ameaçado
na Casa. Ao todo, foram encaminhados oito requerimentos de impeachment
na Câmara. Cabe ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
aceitá-los ou não. Por ora, no entanto, a tendência é pelo não
encaminhamento dos pedidos. Ou seja, esse não é o caminho mais provável.
Mas a panela pode ferver para Temer no TSE. O julgamento está previsto
para ser retomado em 6 de junho. Serão julgadas quatro ações do PSDB por
abuso de poder econômico e político da chapa Dilma-Temer. Com a
cassação da chapa, abre-se chance para que ocorram eleições indiretas.
Nesse caso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ficaria encarregado
de convocar o Congresso para eleger o sucessor de Temer em 30 dias.
Outra hipótese, é Temer optar por renunciar ao mandato, possibilidade
que está afastada nesse momento. “Não renunciarei” Presidente Michel Temer, em pronunciamento na quinta-feira 18 (Crédito:Mateus Bonomi/AGIF; STF)
Pesa contra essa modalidade o fato de ele não ter mais direito ao
foro especial. O caso seguiria para a Justiça de primeira instância.
Ficaria mais fácil de ele ser processado e ter até um mandado de prisão
decretado, pois não dependeria da composição do plenário do STF. O
ministro do STF Edson Fachin abriu inquérito contra Michel Temer para
investigar se o presidente cometeu irregularidades ao ouvir Joesley
Batista confessar crimes e ele nada fez (Crédito:Mateus Bonomi/AGIF;
STF)
Tanto nesse caso quanto na possibilidade de impeachment, o Congresso
escolhe novo presidente para governar até 2018 em eleição indireta.
Ocorre que, no meio desse caldeirão, grupos interessados no retorno de
Lula ao poder já articulam a volta das “Diretas Já”. Só há possibilidade
de eleição direta se o Congresso aprovar uma PEC. O portador dessa
proposta indecente, na semana passda, foi o deputado Miro Teixeira
(Rede-RJ), que ressuscitou uma proposta antiga de sua autoria. O texto
prevê a realização do pleito até seis meses antes do final do mandato,
caso a Presidência fique vaga.
Desde 1954, quando Getúlio disparou um tiro no peito e deixou a vida
para entrar na história, o Brasil não enfrentava uma crise tão grave. O
destino do País é incerto. As portas de saídas permanecem obscuras. O
certo é que as investigações devem continuar. A recuperação da economia precisa continuar
Nos últimos meses, o noticiário econômico deu ao mercado financeiro
muito pouco do que se queixar. A inflação e a taxa básica de juros, a
Selic, tiveram consecutivas quedas. O PIB do primeiro trimestre foi
positivo. O país voltou a gerar empregos e abriu quase 60 mil vagas em
abril. A recuperação da economia, comandada pela política do ministro da
Fazenda Henrique Meirelles, caminhava satisfatoriamente, mas ainda
dependia da consolidação das reformas trabalhista e previdenciária para
continuar avançando. E isso precisa ser mantido, para a criação do
ambiente de segurança jurídica e econômica que Temer prometeu aos
empresários no ano passado.
Por isso, o mercado financeiro entrou em pânico na manhã de
quinta-feira 18, com o surgimento de detalhes da delação da JBS. A
perspectiva de ver essa recuperação ameaçada, levou a Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa) a interromper os negócios durante trinta minutos
para controlar a queda de 10,47%. As ações da Petrobras e papéis do
setor financeiro recuaram quase 20% e o dólar chegou a ser cotado a R$
3,40, obrigando o Banco Central a vender US$ 2 bilhões para conter a
queda. Na sexta-feira 19, contudo, após Michel Temer dizer que não
renunciaria, o mercado começou a reagir, com o dólar caindo e a Bovespa
se valorizando. (Barbara Libório) Os cenários para superar a crise REFORMAS
Manutenção da atual política do governo Temer de realizar as reformas da
Previdência, Trabalhista, Tributária e Política, o que seria a saída
menos turbulenta RENÚNCIA
A renúncia é uma das possibilidades, mas depende de um gesto individual de Temer, que tem dito que não pretende renunciar TSE
A chapa Dilma/Temer pode ser cassada no próximo dia 6 de junho ELEIÇÃO INDIRETA
Se Temer renunciar ou for cassado pelo TSE, o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia, assume por 30 dias e convoca eleição indireta no
Congresso. O problema é que quase todos os congressistas estão
envolvidos em denúncias de corrupção. A solução seria alguém de fora, de
reputação ilibada, como a ministra do STF Cárrnen Lúcia IMPEACHMENT
Caso Temer não renuncie ou não seja cassado pelo TSE, pode sofrer
processo de impeachment, mas esse processo é mais demorado e o País não
agüenta mais um longo período de indefinição política ELEIÇÃO DIRETA
Para que aconteça eleição direta para presidente, o Congresso precisa
aprovar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) estabelecendo
eleições gerais já, conforme propõe o deputado Miro Teixeira. Esse
processo também é demorado e deixaria um vazio no poder enquanto não se
escolheria o novo presidente
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/