Um homem que usa roupas “puídas e
manchadas” é dono de hotéis e empresas de fachada. A PF o trata como
testa de ferro da família Chater, dona do Posto da Torre, que deu origem
à Operação Lava Jato, e que agora é acusado de movimentar ilegalmente
US$ 2 bilhões
TV DE TUBO Sebastião Corrêa, que aparece como dono de hoteis e empresas, leva vida humilde e suspeita (Crédito: Divulgação)
Eduardo Militão
É uma pessoa muito humilde, sem vaidade e ostentação. Esse é
seu Sebastião Corrêa, segundo seu advogado. De fato, ele é um homem de
idade avançada, que mora num apartamento de um hotel decadente em
Brasília, o Bay Park, no qual a PF encontrou “mobiliários simples e um
tanto desorganizados”, além de “poucas peças de roupas puídas e
manchadas”. Mas foi lá também que os policiais tiveram uma surpresa. Em
meio à bagunça do lugar, a PF apreendeu US$ 25 mil e R$ 129 mil em
dinheiro vivo num cofre, moedas pelo chão e uma caixa com R$ 5 mil em
notas de R$ 2, assim como um revólver 38 com seis balas. Foi com esse
paradoxo que a PF descreveu Sebastião Corrêa em seu relatório de busca e
apreensão realizada em 26 de abril, quando o prendeu em flagrante por
posse irregular de arma de fogo – ele foi solto no mesmo dia após pagar
fiança de R$ 1 mil.
Os agentes da PF foram até o Bay Park, à beira do Lago Paranoá, no
Setor de Hotéis e Turismo Norte em Brasília, como parte da Operação
Perfídia, que investiga a atuação empresarial do genro de Sebastião
Alves Corrêa, Tony Chater, e a irmã dele, Cláudia Chater – ambos são
primos do doleiro Carlos Habib Chater, condenado a dez anos de prisão
pelo juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato. Chater é dono do Posto da
Torre, em Brasília, onde funcionava uma casa de câmbio e um lava jato de
automóveis, que acabou emprestando o nome para a Operação Lava Jato, a
maior devassa ao meio político da história do País. No hotel, os agentes
encontram o empreendimento em situação de “abandono” e “com mais da
metade do complexo desativado”, de acordo com relatório obtido por
ISTOÉ. Apesar disso, nove prédios com total de 810 apartamentos estão em
construção no local.
A Operação Perfídia investiga documentos apreendidos com a família
Chater que apontam que eles “lavaram” mais de U$ 2 bilhões para
políticos de Brasília, cujos nomes ainda estão sendo investigados. E a
PF quer saber porque o Bay Park, que aparece nessa investigação, está em
nome de Sebastião, um homem que ainda usa uma velha TV com tubo em seu
apartamento. Para a PF, ele é “laranja” dos familiares do dono do Posto
da Torre.
Mas, afinal, o que é o Bay Park? A reportagem obteve documentos da PF
revelando que ao menos quatro empresas funcionam no mesmo endereço do
Setor de Hoteis e têm o nome fantasia ou endereço eletrônico indicando
“Bay Park” perante a Receita Federal: Brasil Hospedagens, Correia
Hospedagem, Marina Tour e Lago Paranoá. As duas primeiras estão em nome
de Sebastião e a terceira já esteve em nome dele. A Marina está em nome
de Arolita, a filha de Sebastião, e do marido dela, Tony Chater. A Lago
Paranoá está registrada em nome de Arolita e da prima Raimunda Neves. O
emaranhado de empresas logo foi percebido pela PF. “Foi constatado que a
família possui um estranho hábito de constituir empresas e alternar
seus quadros sociais entre os familiares, encerrando e criando razões
sociais distintas para explorar o mesmo segmento com o mesmo nome
fantasia”, analisa o relatório do delegado Renato Pagotto. Quem é dono do Bay Park?
Segundo a PF, Sebastião “tem ou já teve participação societária na
maioria das empresas do grupo” investigado na Operação Perfídia. A
hipótese dos agentes e delegados é que ele “supostamente participa da
abertura de empresas de fachada e da movimentação financeira do grupo”.
No relatório de busca e apreensão, os policiais afirmam que Sebastião
“controla precariamente a contabilidade da empresa Bay Park Hotel”. No
mesmo dia 26 de abril, houve buscas contra o filho dele, Airam Corrêa.
“Ficou evidente que o padrão de vida ostentado por ambos os alvos de
investigação é infinitamente inferior ao volume de recursos movimentados
pela família e suas empresas”. LAVANDERIA INFLAMÁVEL A operação Lava Jato começou no posto da família Chater, para quem Sebastião estaria se prestando a “laranja”
E quem é o dono do Bay Park? O advogado de Sebastião, Arolita e
Airam, Luiz Philipe Resende, diz que o hotel é da empresa Lago Paranoá,
pertencente à mulher de Tony. Sebastião administra essa firma?
“Diretamente não”, responde o advogado. Segundo ele, o homem leva vida
simples e não tem nenhum sócio ou investidor informal. “Ele trabalha 24
horas, é incansável, tudo o que ganha é reinvestido”, descreve. “Ele não
tem vaidade, tem vontade de trabalhar e fazer patrimônio. É isso que
tem feito a vida toda”. Mas, para a PF, a situação de Sebastião não é
bem essa. Ele é suspeito de ser “laranja” da família Chater e de estar
sendo usado para “lavar” dinheiro de operações fraudulentas, que
encobrem quem mandou para o exterior pelo menos U$ 2 bilhões nos últimos
tempos. O DOLEIRO Carlos Habib Chater foi quem detonou a Lava JatoSebastião é sogro de Tony Chater, acusado de movimentar dinheiro ilegal. PF desconfia que seja laranja
A PF tenta descobrir qual a relação do Bay Park com o resto da
Operação Perfídia. Philipe Resende e o advogado de Tony e Cláudia, Ennio
Bastos, dizem que não há ligação. Na casa de Cláudia, foram encontrados
documentos mencionando o envio de cerca de US$ 5 bilhões da Venezuela
para a Dinamarca. Mas Bastos afirma que aquilo era apenas um “modelo de
contrato” que se encontra na internet. A assessoria da PF afirmou à
ISTOÉ que a Perfídia “é uma investigação em andamento e na qual foram
encontrados documentos que carecem de explicação”. Cláudia Chater foi
solta pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara, em 6 de julho. Segundo
Bastos, ela e o irmão foram envolvidos indevidamente no caso. “É uma
peça de ficção científica”, critica. Por telefone, Tony Chater negou
quaisquer ilegalidades e afirmou que a Operação Perfídia não tem provas
contra ele. A PF diz que este caso da família Chater pode se transformar
numa nova operação, tão importante como foi a Lava Jato. É esperar para
ver. Um patrimônio sob suspeição Polícia Federal está intrigada com as propriedades em nome do humilde de Sebastião Corrêa
• O Bay Park, à beira do Lago Paranoá, fica no Setor de Hotéis e
Turismo Norte e está em situação de “abandono”, “com mais da metade do
complexo desativado”. Apesar disso, nove prédios com total de 810
apartamentos estão em construção
• Ao menos quatro empresas funcionam no mesmo endereço e têm o nome
fantasia ou o endereço eletrônico indicando “Bay Park”: Brasil
Hospedagens, Corrêa Hospedagem, Marina Tour e Lago Paranoá. Duas estão
em nome de Sebastião Corrêa, uma já esteve em nome dele, duas estão em
nome da filha dele, uma está em nome também de seu genro Tony Chater
• No apartamento de Sebastião, a PF encontrou “mobiliários simples e
um tanto desorganizados”, além de “peças de roupas simples, puídas e
manchadas”, um revólver 38 com seis balas, sistema de segurança com
câmeras, US$ 25 mil e R$ 125 mil em dinheiro vivo
• Para a PF, Sebastião “controla precariamente a contabilidade da
empresa Bay Park Hotel, mas “o padrão de vida ostentado” foi considerado
“infinitamente inferior ao volume de recursos movimentados pela família
e suas empresas”
Incapacidade do Estado em garantir a
segurança de alunos da rede pública do Rio de Janeiro ameaça o futuro
de milhares de jovens e provoca alerta até do Fundo das Nações Unidas
para a Infância
Eliane Lobato
A advertência vem da instituição internacional com maior autoridade no assunto: “Interrupções seguidas em ambientes GUERRA Moradora do Complexo da Maré, Kelly Santos da Silva já teve de se jogar no chão com o filho de 3 anos para escapar dos tiros (Crédito:Marcelo Tabach)
violentos afetam negativamente a capacidade de uma criança de se
concentrar e de aprender”. A declaração do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), na quinta-feira 20, é dirigida ao Rio de Janeiro.
O que aconteceu até agora na capital fluminense é suficiente para
comprometer todo o ano letivo: quase 130 mil alunos de estabelecimentos
municipais ficaram sem aulas pelo menos um dia e 381 colégios tiveram
que fechar as portas (leia quadro) devido à troca de tiros entre facções
rivais de traficantes, entre bandidos e policiais ou devido ao toque de
recolher determinado pela milícia. Somente em oito dias do primeiro
semestre todas as unidades funcionaram normalmente. Essa aberração não tem encontrado anteparo nos planos da Secretaria
Estadual de Segurança Pública para conter a violência, e o jeito tem
sido tentar sobreviver no clima de terror. O Comitê
Internacional da Cruz Vermelha, por exemplo, concluiu, semana passada,
um treinamento dado a representantes de colégios localizados em áreas de
risco. Eles ensinam “comportamento seguro em meio a balas” — um
absurdo, mas que no Rio de Janeiro poderia ser incluído no rol de
matérias curriculares.
Assim como nas escolas, os pais incluem, entre os deveres de casa,
estratégias para que os filhos consigam fugir dos tiros. “Quando você
ouvir um barulho muito alto, corra para o abraço”, diz Kelly Santos da
Silva, 27 anos para o filho Gael, de 3 anos.
É a maneira lúdica que ela encontrou para estimular o garotinho a
procurar alguém que possa ajudá-lo. “Um dia, voltávamos da escola quando
começou uma guerra. Me joguei no chão com ele enquanto as cápsulas de
balas caíam ao nosso redor”, recorda ela, que é moradora do Complexo da
Maré.
Alguém pode aprender em um lugar assim? A filósofa e escritora Tania
Zagury responde: “Um ser humano só tem condição de se interessar por
aprendizado se suas necessidades básicas estão satisfeitas”. A
sobrevivência, claro, é a primeira delas. “Apenas um milagre faria um
aluno ficar interessado em aula enquanto há uma troca de tiros do lado
de fora da escola”. TOQUE DE RECOLHER
No início de agosto começa o segundo semestre escolar em todo o País.
Quase todo. Pelo menos algumas escolas de Santa Cruz, na zona oeste do
Rio de Janeiro, não sabem se poderão reabrir. Por ordem de milicianos,
as portas devem ser fechadas às 20h30, o que impede a realização de
aulas noturnas e prejudica cerca de mil alunos. “A gente fica sem saber o
que fazer até o momento em que eles mandam avisar se pode ou não dar
aula”, disse um diretor de escola que não quis se identificar.
Na luta para minimizar os efeitos nefastos da violência, os
professores desempenham papel importante. Roberto de Oliveira Ferreira,
que leciona Música no Ciep Roberto Morena, na comunidade de Três Pontes,
em Paciência, tem uma senha combinada com seus pequenos alunos: “Vamos
para o corredor. Vai ter aula diferente.” Ao ouvir a frase, a criançada
senta no chão e começa a cantar ao som do violão do professor, até os
tiros pararem de zunir. “Tentamos minimizar o trauma e acalmá-los, além
de proteger.” “Se tem tiro, meu filho não vai à escola. Prefiro ele sem aula do que morto por bala perdida” Alice da Silva, mãe de Luís Felipe, 8 anos
Um levantamento da Secretaria Municipal de Educação mostra que a
evasão escolar é alarmente em áreas de risco. No ano passado, 821 alunos
de 20 escolas situadas em locais de conflitos abandonaram os estudos.
Segundo estudo da ONG Todos Pela Educação com base nos dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) cerca de 2,5 milhões de
crianças com idade entre 4 e 17 anos estão fora das salas de aula no
Brasil. A violência carioca só faz piorar o quadro. “Quando tem tiro,
meu filho não vai. Prefiro ele sem aula do que morto por bala perdida”,
diz, categórica, Alice da Silva, mãe de Luís Felipe, 8 anos, estudante
da Escola Barão Homem de Mello, no Morro dos Macacos, onde eles moram.
Se o garoto não vai para a aula, a mãe, que é manicure, também não tem
como trabalhar — um ônus extra da violência em comunidades pobres. NO CHÃO Alunos deitados na escola para fugir de tiros, (Crédito:MAURO PIMENTEL)
O presidente da Associação Pró-Melhoramento do Morro dos Macacos,
Marco Aurélio da Cruz Alves, resume: “As crianças crescem vendo tiros e
armas para todos os lados, tendo que faltar às aulas devido a confrontos
armados. Muitas delas acabam se envolvendo com ‘o lado ruim’ por falta
de estudo e oportunidades.” No dia 17 de agosto haverá um ato no Aterro
do Flamengo, na zona sul carioca, reunindo todas as escolas em um apelo à
paz. Para o secretário municipal de Educação, César Benjamin, as
instituições educacionais “são, cada vez mais, espaços de resistência da
civilização contra a barbárie.” Por enquanto, a barbárie está vencendo. Professores são treinados pela Cruz Vermelha (Crédito:Divulgação)
Eles integravam a tropa de choque da
ex-presidente e eram estrelas no PT. Hoje, mergulhados em denúncias,
Mercadante, Erenice Guerra, Cardozo e Ricardo Berzoini fogem dos
holofotes como o diabo da cruz
ALOIZIO MERCADANTE
Aposentado, recebe
R$ 15 mil e complementa a renda prestando consultorias sobre política educacional - JOSÉ EDUARDO CARDOZO
Dedica-se a proferir palestras nos EUA, Inglaterra, Portugal e Espanha -
ERENICE GUERRA
Fechou o escritório de advocacia por falta de clientes e ainda não definiu o que vai fazer da vida - RICARDO BERZOINI
Nos bastidores, trabalha para ser candidato em 2018 no Distrito Federal
Eles haviam alcançado o Olímpo político. Eram figuras do mais
alto escalão na Esplanada dos Ministérios em Brasília e donos de
trajetória ascendente no PT. Hoje, vivem no ostracismo. E, por ora, por
mais contraditório que possa parecer, querem mesmo ficar por lá – de
preferência longe das luzes da ribalta. Alvos da Lava Jato, Aloizio
Mercadante, Ricardo Berzoini, José Eduardo Cardozo e Erenice Guerra
tentam tocar suas vidas de forma reclusa, bem diferente de um passado
recente, quando encarnavam os papéis de principais escudeiros da
ex-presidente Dilma Rousseff.
Acusado de obstrução de Justiça e delatado por suposto caixa dois, o
ex-ministro da Casa Civil, da Educação e da Ciência e Tecnologia Aloízio
Mercadante pediu aposentadoria este ano. Recebe R$ 15 mil mensais como
ex-senador, ex-deputado e professor da Unicamp. Para complementar a
renda, se vira como consultor. “Ele está desenvolvendo uma consultoria
sobre política educacional brasileira para um organismo multilateral”,
confirmou sua assessoria. Em setembro, foi hostilizado em Portugal.
Conhecido por seu temperamento difícil, o ex-senador foi vaiado e
xingado de “ladrão” e “corrupto” no Aeroporto de Lisboa, por
supostamente furar a fila do check-in. Ele nega.
Tal como o companheiro de partido, Berzoini, hostilizado recentemente
num restaurante, só que sem furar o lugar de ninguém, também resolveu
submergir. Neste caso, um recuo tático: o petista já trabalha com um
olho nas eleições de 2018. Ex-deputado por São Paulo, ele mudou seu
domicílio eleitoral para Brasília este ano. Petistas ouvidos por ISTOÉ
garantem que ele é um dos cotados para ser candidato a deputado federal
ou mesmo a governador do DF.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Berzoini deixou de
disputar as eleições de 2014 para ajudar na campanha de Dilma Rousseff.
Agora, avaliam, seria a hora de o PT retribuir o esforço. Em Brasília, o
ex-parlamentar disputaria o mesmo nicho de votos da sindicalista Érika
Kokay (PT), uma das principais lideranças da legenda na cidade. Segundo
Érika, ainda não há definição de nomes para a disputa de 2018. “Mas
seria uma honra e um orgulho para o PT ter o ex-deputado Berzoini
disputando qualquer cargo”, disse Érika.
O que representa um orgulho para o PT não necessariamente constitui
um orgulho para a população. Berzoini foi duplamente delatado na Lava
Jato. Em 2016, o executivo da Andrade Gutierrez Flávio Machado contou
que Berzoini pediu 1% de propinas de todas as obras da empresa com o
governo federal. Já o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro envolveu
Berzoini numa trama para enterrar a CPI da Petrobras, potencialmente
constrangedora para o governo Dilma. POSTURA ANUNCIADA
O serviço prestado por Berzoini certamente teria agradado a outro
integrante da tropa de Dilma: o ex-ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo. Linha de frente da ex-presidente deposta, hoje, Cardozo não
aparenta estar preocupado com governos. Abandonou a política. Dedica-se
somente à advocacia e à carreira acadêmica. É sócio de escritórios em
São Paulo e Brasília, cidades onde leciona direito administrativo em
instituições como a PUC-SP.
Em entrevista à ISTOÉ disse que se ocupa a proferir palestras nos
EUA, Inglaterra, Portugal e Espanha. Assegurou que não pretende
lançar-se em 2018. Rechaçou, contudo, que esteja no ostracismo. “Tive
uma postura publicamente anunciada em relação a sair da vida pública,
após muitos anos”, afirmou Cardozo.
Erenice Guerra não fez declaração pública de desistência da política.
O que ela abandonou foi seu escritório de advocacia em Brasília. Desde
que a Lava Jato irrompeu, seus negócios haviam minguado. Até que ela
decidiu fechá-lo. Agora, também quer distância dos holofotes. A
ex-ministra da Casa Civil é uma das investigadas no chamado inquérito do
“quadrilhão” no Supremo. Sem cargo e sem perspectivas de reativar o
trabalho de advogada, ela vai ter que dançar quadrilha em outras plagas.
Ativistas opositores durante protesto em Caracas, em 20 de julho de 2017 - AFP
AFP
Dois jovens – de 23 e 24 anos – morreram e outras nove
pessoas ficaram feridas durante os protestos desta quinta-feira em meio à
greve convocada pela oposição contra o presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, e sua Assembleia Constituinte, informou a Procuradoria.
Uma das vítimas foi identificada como Ronney Tejera, 24, que
participava de uma manifestação no bairro de Los Teques, em Caracas,
quando foi “atingido por arma de fogo, ação que provocou sua morte
imediata”, segundo a Procuradoria, que não identificou os responsáveis.
Na cidade de Valencia (norte), Andrés Uzcátegui, 23 anos, morreu
durante “uma manifestação” na localidade de La Isabelica, em um
confronto que deixou ainda seis feridos, segundo a Procuradoria.
Desde o início da atual onda de protestos contra Maduro, no dia 1º de abril, 99 pessoas morreram e milhares ficaram feridas.
Durante a greve desta quinta-feira, ocorreram confrontos entre
manifestantes que bloqueavam as ruas com barricadas e as forças de
segurança, que utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e tiros de cartucho
para dispersar os protestos.
Em Los Ruices (leste de Caracas), manifestantes atiraram pedras em
funcionários do canal estatal de televisão VTV e queimaram uma cabine da
polícia.
Também ocorreram confrontos nos subúrbios leste e oeste da capital,
assim como nos Estados de Zulia (noroeste), Aragua (centro) e na Ilha
Margarita.
Segundo Alfredo Romero, diretor da ONG Fórum Penal, a greve desta
quinta-feira deixou ao menos 173 detidos em todo o país, mas
principalmente em Caracas e nos Estados de Zulia e Nueva Esparta.
A paralisação de 24 horas começou às 6h locais (7h, horário de
Brasília). Chamada de “hora zero” pela oposição, essa convocação
intensifica as manifestações iniciadas em 1º de abril contra Maduro.
Animada pelos 7,6 milhões de votos do plebiscito simbólico que
realizou no domingo passado (16) contra Maduro e contra sua
Constituinte, a oposição convocou um cessar das atividades formais e
informais, mas de forma ativa.
Várias ruas foram bloqueadas com barricadas e os ônibus não circularam em Caracas e em outras cidades importantes do país.
Dezenas de estabelecimentos comerciais fecharam suas portas hoje, e
muitos trabalhadores tiveram de caminhar por várias quadras debaixo de
chuva, especialmente no leste de Caracas, onde os protestos se
concentraram. O metrô funcionou normalmente.
Mas no centro de Caracas e em bairros com forte presença de chavistas, como Catia (oeste), poucos aderiram à greve.
“Voltamos a triunfar, agora rumo ao domingo, 30 de julho, de vitória
em vitória, moral máxima”, afirmou Maduro ao referir-se à data da
eleição dos membros da Assembleia Constituinte contra a qual a greve foi
convocada.
O presidente assegurou que as indústrias básicas e os setores
petroleiro, energético e a administração pública trabalharam a 100%, e
só reconheceu falhas no serviço de ônibus urbanos que, segundo ele,
funcionaram a 90%.
“Eles que nunca trabalharam que fiquem sem trabalhar; nós vamos é em
frente”, afirmou, durante um comício de campanha pela Constituinte
transmitido pela televisão governamental VTV.
A greve contou com o apoio da cúpula empresarial, de câmaras de
comércio e indústria, de parte dos sindicatos, de estudantes e
funcionários dos transportes. Já o governo controla a estratégica
indústria petroleira e o setor público, com quase três milhões de
empregados.
“A Assembleia Constituinte é apenas uma maneira de disfarçar a
transformação da Venezuela em um Estado comunista”, alertou o presidente
da Fedecámaras, Carlos Larrazábal.
“Essa paralisação é um embate de forca entre um empresariado e uma
população famélica e pauperizada e um governo também quebrado que
controla os poucos recursos de um país petroleiro”, opinou o presidente
do instituto Datanálisis, Luis Vicente León.
“São dias importantes para o governo entender que uma saída
democrática e pacífica para a crise, para os trabalhadores, significa
retirar a Constituinte”, declarou à AFP o líder sindical Froilán
Barrios.
O líder opositor Henrique Capriles declarou que “o governo quer tapar
o sol com um dedo, mas hoje parece (o feriado) 1º de janeiro em grande
parte do país”.
“É uma queda de braço entre um empresariado e uma população famélica e
pauperizada contra um governo também quebrado, mas que controla os
poucos recursos” do país, opinou o analista Luis Vicente León.
A Polícia Federal (PF) confirmou hoje (19) que o publicitário Marcos
Valério assinou um acordo de delação premiada. Para ter validade, o
acordo ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os termos negociados estão sob sigilo, por envolver agentes políticos
com foro privilegiado.
As negociações em torno de um acordo de delação premiada do
publicitário vinham se arrastando desde o ano passado. Em junho de 2016,
seus advogados apresentaram ao Ministério Público de Minas Gerais
(MPMG) uma proposta de colaboração para revelar informações relacionadas com a Ação Penal 536, do qual é um dos réus.
O publicitário Marcos Valério assinou acordo de colaboração com a PFAgencia Brasil/Arquivo
Nesta ação, é investigado o esquema que ficou conhecido como mensalão
mineiro, que envolve benefícios ilegais obtidos com a participação de
Valério para a campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em
1998. Um dos fundadores do PSDB e ex-presidente da legenda, Azeredo já
foi condenado em primeira instância à pena de 20 anos e 10 meses de
prisão. Ele entrou com recurso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(TJMG) e aguarda o julgamento em liberdade.
De acordo com a PF, o acordo com Marcos Valério foi assinado no dia 6
de julho com base em uma vasta documentação. Devido ao sigilo, não foi
informado se o acordo costurado está ligado somente aos delitos
investigados na Ação Penal 536 ou se também envolve outros esquemas
criminosos.
Atualmente, Marcos Valério cumpre pena de 37 anos pelos crimes
julgados na Ação Penal 470, o processo do mensalão, no qual foram
condenados políticos do PT, PMDB, PP, PTB e do extinto PL. Ele teria
atuado como um operador dos esquemas e foi preso pelos crimes de
corrupção ativa, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha. Transferência prisional
Há dois dias, Marcos Valério foi transferido para a Associação de
Proteção e Assistências ao Condenado (Apac), de Sete Lagoas, na região
metropolitana de Belo Horizonte. Esta transferência era uma das
reivindicações do publicitário para assinar o acordo de delação. Desde
2013, ele estava preso na Penitenciária Nelson Hungria, de Contagem,
também na região metropolitana. Antes, ele também ficou um período no
Presídio da Papuda, no Distrito Federal.
A transferência para a Apac foi determinada em decisão judicial
assinada pelo juiz Wagner de Oliveira Cavalieri, do Tribunal de Justiça
de Minas Gerais (TJMG). Em seu despacho, ele explicou que atendeu um
pedido da PF e mencionou que o acordo de colaboração premiada estava
sendo concluído. O magistrado destacou ainda que Valério teve prioridade
para a transferência de presídio por ter informações de interesse da
Justiça e da sociedade brasileira. “Em que pese a existência de
formalidades e fila para a transferência de presos para o sistema Apac,
no caso em contento, o interesse público se sobrepõe aos interesses
individuais”.
Com uma realidade distinta do sistema carcerário comum, a Apac possui
uma metodologia de trabalho específica para permitir a recuperação e
ressocialização do preso. Em um ambiente mais humanizado, eles têm
assistência espiritual, social, médica, psicológica e jurídica prestada
por voluntários da comunidade. Também são ofertados cursos educacionais e
profissionalizantes.
Além da transferência de unidade prisional, Marcos Valério pleiteia a redução de suas penas. A Agência Brasil
tentou contato com o advogado Jean Robert Kobayashi Júnior, responsável
pelo pedido de Marcos Valério, mas seu celular estava desligado. * Colaborou Felipe Pontes, repórter da Agência Brasil
Entre
os principais eventos de música do País, o Fortal chega à 26ª edição
com novidades. Além dos trios, um palco traz artistas locais entre os
intervalos
No corredor da folia grandes nomes do cenário nacional da música
com trios que trazem o melhor do axé, forró, sertanejo e funk
( Foto: Fernanda Siebra )
De amanhã até domingo (23), Fortaleza se transforma na capital da micareta indoor com a apresentação de três blocos por dia.
A folia começa com o Pirraça que destaca sucessos da dupla sertaneja
Jorge e Mateus. No repertório, hits como "Se o Amor Tiver Lugar" e
"Medida Certa".
Depois o Fortal inova com bloco Bagunça que promove uma mistura de
ritmos. De um lado o swing contagiante do axé, do outro a batida
envolvente do funk carioca com É o Tchan e MC Kevinho. No fim da noite, a
atração mais esperada acontece no encontro dos trios do Vumbora com
Bell Marques e seus filhos, Rafa e Pipo. Na sexta, Claudia Leitte
comanda o Largadinho que destaca o hit "Taquitá". Seguida pelo bloco Eh
Loco que traz Saulo com canções que passeiam do axé às letras mais
calmas e emocionantes. E encerrando a noite Bell Marques é o anfitrião
do Sirigüella.
No sábado (22) o bloco Eh Loco abre a noite, desta vez com a dupla
Simone e Simaria e Gabriel Diniz. A segunda apresentação traz novamente
Bell Marques no Sirigüella. Para encerrar a noite com muita alegria o
"Rei da Folia", Durval Lélys, no Me Abraça. Na última volta a Banda Eva
também sobe no trio.
No domingo, Bell faz sua última apresentação. Ivete Sangalo chega com o
Coruja e para encerrar Wesley Safadão contagia com o "Vai Safadão". Mais informações
Fortal
De 20 a 23 de julho, quinta-feira e sábado das às 20h, sexta-feira às 20h30 e domingo às 19h30. (3261.4050). www.fortal.com.br
Fortal 2017
Programação Quinta (20/07)
20h - Pirraça
(Jorge e Mateus)
20h45 - Bagunça
(É o Tchan e MC Kevinho)
21h30 - Vumbora
(Bell, Rafa e Pipo Marques) Sexta (21/07)
20h30 - Largadinho
(Claudia Leitte)
21h15 - Eh Loco
(Saulo)
22h - Sirigüella
(Bell Marques) Sábado (22/07)
20h - Eh Loco (Simone e Simaria e Gabriel Diniz)
20h45 - Sirigüella
(Bell Marques)
21h30 - Me Abraça
(Durval Lélys/Banda Eva) Domingo (23/07)
19h30 - Sirigüella
(Bell Marques)
20h15 - Coruja (Ivete Sangalo)
21h - Vai Safadão (Wesley Safadão)
Esse modelo
pode dificultar a renovação da Câmara e favorecer a permanência dos
deputados que já estão no poder, por serem mais conhecidos
Por
Da redação
Maioria da Câmara se mostra a favor de
sistema de votação e que apenas os mais votados de cada estado são
eleitos (Mateus Bonomi/Agif/Folhapress)
Deputados de PMDB, PSDB e ao menos oito partidos do centrão fizeram acordo para incluir na proposta de reforma política – a ser analisada em agosto na Câmara – artigo que cria o “distritão”. A informação foi divulgada na edição desta terça-feira do jornal O Estado de S.Paulo.
Pelo sistema, seriam eleitos os candidatos mais votados em cada estado.
Hoje, no sistema proporcional, soma-se o número de votos de todos os
candidatos e na legenda e, a partir daí, define-se quantos assentos o
partido terá direito – daí a importância dos candidatos que “puxam”
votos, como Tiririca (PR-SP), que podem ajudar a eleger parlamentares
com poucos eleitores.
A ideia é apresentar a sugestão de emenda durante as discussões do
texto do relator da reforma política, Vicente Cândido (PT-SP). Como o
petista sugere um sistema “transitório” para as eleições de 2018, os
parlamentares articulam o “distritão” como sistema permanente. A
proposta foi tema de debate em uma reunião na casa do presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na quarta-feira passada. Estavam
presentes parlamentares do Centrão, do PMDB, da oposição e do PT, que
discorda da medida.
O “distritão” é visto pelos atuais deputados como forma de tentar
assegurar a própria reeleição. Esse modelo pode dificultar a renovação
da Câmara e favorecer a permanência dos deputados no poder, uma vez que
eles são conhecidos por maior parcela do eleitorado pela participação em
eleições passadas, visibilidade midiática e máquina administrativa,
como acesso a emendas que garantem verbas para obras em redutos
eleitorais.
A emenda será apresentada pelo deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) e vai
transformar os estados em distritos. O parlamentar, porém, negou que a
proposta tenha a finalidade de garantir a renovação dos mandatos. “Isso
quem vai decidir é o povo. O ‘distritão’ garante a representação das
minorias.”
A bancada do PMDB deverá votar majoritariamente a favor desse
sistema, segundo o jornal. “Há uma maioria na Câmara a favor da
proposta, apenas existe uma discordância se o sistema deve ser
transitório ou permanente”, afirmou o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA),
que não estava presente no encontro. “Só não há consenso porque a
oposição é contra”, disse.
O sistema defendido por Cândido em relatório é o distrital misto.
Pela regra, o eleitor votaria duas vezes: uma no candidato e outra no
partido de preferência.
Arquiteto da "emenda Lula", o deputado Vicente Cândido sugere fundo público de campanha de R$ 5,9 bilhões.
Por
Dora Kramer
Cândido, relator da reforma política quer "blindar" Lula (Ailton de Freitas/Ag.Globo/VEJA)
O deputado Vicente Cândido (PT-SP) não faz jus ao
sobrenome. De ingênuo só tem as asas que o levam a voar na criatividade
malévola. É o relator da proposta de reforma política em tramitação na
Câmara, cujo ponto central é a criação de um fundo público para
financiamento de campanhas eleitorais a 0,5% da receita líquida da
União. Coisa para R$5,9 bilhões, mantidas as previsões do ministério do
Planejamento. Ao deputado _ note-se, com apoio da maioria dos líderes
partidários _ não ocorre melhor ideia para reformar a política que não a
de onerar o Orçamento pátrio. Assim: os partidos fazem besteira e o
cidadão paga a conta.
Pois o mesmo deputado teve outra ideia: sugerir uma emenda
constitucional proibindo a prisão de candidatos a eleições nos oito
meses antecedentes ao pleito. Hoje essa proibição, excetuado o crime em
flagrante, limita-se a 15 dias. A proposta tem intenção assumida pelo
autor: impedir que políticos sejam presos ao longo da campanha, dentro
os quais o seu chefe partidário, Luiz Inácio da Silva. Em princípio,
seus colegas reagiram contra. Afinal, o tema posto assim com essa
explicitação de defesa com endereço certo e por todos sabido, não cabe
ao figurino oficial de defesa das investigações doa em quem doer.
Mas, nunca se sabe. Quando se tem alguém para assumir a defesa do
indefensável, tudo é possível. Aprovada proposta de emenda
constitucional, vários seriam os beneficiários. Inclusive os chamados
criminosos comuns que poderiam se registrar como candidatos para
conquistar imunidade. Uma espécie de foro privilegiado por via torta.
Primeiro presidente do regime militar governou entre 1964 e 1967, em um período de grave crise econômica
Antes da chegada dos militares ao poder, Humberto Castello
Branco teve como maior destaque em sua carreira a participação na 2ª
Guerra Mundial
Avião em que o ex-presidente sofreu o desastre fatal está
exposto em um espaço no 23º Batalhão de Caçadores, na av. 13 de Maio, no
bairro Benfica, em Fortaleza
Na próxima terça (18), completam-se 50 anos da morte de Humberto de
Alencar Castello Branco, primeiro presidente do regime militar
(1964-1985).
O cearense voltava de uma viagem a Quixadá, onde visitou a amiga, a
imortal escritora Rachel de Queiroz (1910-2003), primeira mulher a
ingressar na Academia Brasileira de Letras, autora do romance "O
Quinze".
A bordo de um avião bimotor, ele pediu ao piloto para sobrevoar a lagoa
de sua infância, onde costumava brincar, a lagoa de Messejana. A
alteração da rota prevista, a fim de atender ao desejo nostálgico do
então ex-presidente, terminou em um acidente aéreo, como narra a
biografia escrita pelo jornalista e escritor cearense Lira Neto, em
2004.
A aeronave foi atingida por um caça da FAB em voo teste e caiu em um terreno entre os bairros do Mondubim e Messejana.
"Castello ainda é muito reverenciado por sua dedicação integral às
Forças Armadas, caráter forte e talento intelectual. Saiu do Ceará e
teve uma trajetória brilhante", diz o general da reserva Júlio Lima
Verde, hoje assessor para assuntos históricos e culturais do Exército.
O reconhecimento militar a Castello está em denominações oficiais de
quartéis, além de nomes de instituições de ensino e vias de tráfego
importantes. Por exemplo, o 23º Batalhão de Caçadores (BC), na avenida
13 de Maio, também é chamado de Batalhão Marechal Castello Branco, onde
há um espaço em sua homenagem, com exibição de objetos históricos, com
destaque para o avião do fatídico acidente. No quarteirão do Palácio da
Abolição, na avenida Barão de Studart, fica seu mausoléu.
"Ele ganhou respeito na Segunda Guerra Mundial, passou 300 dias na
Itália chefiando a seção de operações da 1ª divisão de infantaria da
Força Expedicionária Brasileira (FEB), montando os planos de operações",
destaca o general Lima Verde. Filho de pai militar, ele deixou o Ceará e
foi estudar na Escola Militar de Porto Alegre (RS), onde se tornou alvo
de trotes dos alunos. As descrições pejorativas eram frequentes também
ao longo da carreira, segundo seu biógrafo.
"Ele se irritava demais com os apelidos que teve de colecionar ao longo de sua vida", citou Lira. Rivalidade com Lacerda
Um dos seus maiores desafetos era o jornalista Carlos Lacerda, líder da
UDN (partido de orientação conservadora), que publicava até ofensas
pessoais.
Apesar disso, o biógrafo de Castello Branco relata que "nos anos de
governo de Castello, em nenhum momento a imprensa foi censurada",
relatou o biógrafo. Na presidência (1964-1967), ele enfrentou uma grave
crise econômica, com inflação elevada. Também criou a Zona Franca de
Manaus, que impulsionou o desenvolvimento da região.
Castello Branco também teve um papel na educação militar, comandando a escola de formação de oficiais.
"Ele construiu os alicerces, organizou a casa. Ele criou o Banco
Central, a Polícia Federal, a Embratur, o FGTS e tantas outras coisas",
lembrou o general. Guerra fria
Sua biografia cita que Castello tinha a "ilusão de entregar o governo
aos civis" após normalizar o cenário político, mas a situação saiu de
seu controle, e o regime militar endureceu em seguida com medidas
autoritárias.
O historiador Airton de Farias mencionou o contexto histórico
enfrentada pela gestão de Castello na presidência. "O Castello vai ter
um papel importante, mais legalista, no começo dos anos 1960, quando o
jogo político no Brasil está cada vez mais radicalizado entre o governo
de João Goulart, entre as esquerdas e grupos conservadores", disse
Airton, citando o contexto da Guerra Fria, o embate entre capitalistas e
comunistas. "Os militares conservadores viam João Goulart como um
governo comunista e defendiam um regime de força", descreveu o
historiador.
Castello também estudou nos EUA e na França no curso superior de guerra
e tinha a reputação de ter lutado na Segunda Guerra Mundial. "O
Exército brasileiro tinha forte ligação com os EUA. Não só com os EUA,
mas também com a França, onde os militares brasileiros aprenderam
técnicas de tortura usadas na guerra na Argélia", ressaltou.
"Você pega a história dos militares no Brasil e percebe que, desde o
final do século XIX, após a Guerra do Paraguai, há duas posturas, duas
visões: o militar profissional, que vai cumprir as ordens, independente
de quem governa, e o chamado militar cidadão, mais ativo em termos
políticos. Castello fez parte da geração de militares com atuação
política, algo que marca toda sua trajetória", disse Airton.
No dia
seguinte à condenação na Lava Jato, ex-presidente reuniu líderes
petistas e de movimentos sociais na sede do PT, em São Paulo
Por
João Pedroso de Campos
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
convoca entrevista coletiva a jornalistas na sede do Partido dos
Trabalhadores, em São Paulo - 13/07/2017 (Miguel Schincariol/AFP)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quinta-feira seu primeiro pronunciamento como condenado na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Cercado de líderes petistas e de movimentos sociais na sede do PT, em
São Paulo, Lula reiterou sua candidatura à Presidência da República em
2018 para reagir à sentença de nove anos e seis meses de prisão aplicada
a ele pelo juiz federal Sergio Moro.
“Se alguém pensa que, com essa sentença, me tirou do jogo, podem
saber que eu estou no jogo. Até agora, eu não tinha reivindicado, mas
agora eu reivindico do meu partido o direito de ser candidato a
presidente”, afirmou, antes de declarar que lutará em três frentes para
garantir seu nome na urna: “a briga jurídica, para poder ser candidato; a
briga política, para ter o apoio do PT; e a briga das ruas”.
Lula discursou em pé durante trinta minutos, postado entre a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), ré em um processo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro, e o escritor Raduan Nassar, vencedor do Prêmio Camões de Literatura.
Além de Gleisi e Nassar, acompanharam a fala do ex-presidente na sede
do PT líderes do partido no Congresso, como os deputados Carlos
Zarattini (SP) e José Guimarães (PT-CE), o senador Lindbergh Farias (RJ)
e o presidente da sigla em São Paulo e ex-prefeito de São Bernardo do
Campo, Luiz Marinho.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner
Freitas, a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna
Dias, e o diretor da Liga do Funk Bruno Ramos, representaram os
movimentos sociais alinhados ao PT.
Veja abaixo quem é quem na foto do primeiro discurso de Lula após a condenação:
(Miguel Schincariol/VEJA)
1. Deputado Leo de Brito (PT-AC) 2. Deputado Carlos Zarattini (PT-SP) 3. Deputada Benedita da Silva (PT-RJ) 4. Bruno Ramos (diretor da Liga do Funk) 5. Marianna Dias (presidente do UNE) 6. Vagner Freitas (presidente da CUT) 7. Senador Lindbergh Farias (PT-RJ) 8. Deputado José Guimarães (PT-CE) 9. Márcio Macêdo (vice presidente nacional do PT) 10. Luiz Marinho (presidente do PT paulista) 11. Senador José Pimentel (PT-CE) 12. Ex-ministra Eleonora Menicucci (PT) 13. Deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) 14. Senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann (PR) 15. Raduan Nassar (escritor) 16. Cristiano Zanin Martins (advogado de Lula) 17. Senador Paulo Rocha (PT-PA) 18. Ex-ministro Manoel Dias (PDT)
Petista terá
de pagar R$ 699.700 de multa e reparar erário em R$ 16 milhões, junto
com outros réus; decisões dependem de confirmação em segunda instância
Por
Da Redação
Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 13/03/2017 (Evaristo Sá/AFP)
Além de condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o juiz Sergio Moro determinou outras punições no processo envolvendo o tríplex do Guarujá: confiscou o imóvel, fixou multas e reparação de danos e determinou a interdição do petista para ocupar cargos públicos.
Foram aplicadas duas multas a Lula, que somam
699.700 reais, sendo uma para o crime de corrupção passiva (543.000
reais) e outra, para o crime de lavagem de dinheiro (126.700 reais). As
autuações foram calculadas com base na renda do ex-presidente, que foi
de 952.814 reais no ano passado, apenas com lucros e dividendos
recebidos da LILS Palestras.
Além da multa, o juiz também determinou a reparação dos danos causados ao erário pelos condenados – Lula e ex-diretores da OAS
– e fixou este valor em 16 milhões de reais, que seria o montante
destinado pela empreiteira a uma conta corrente reservada ao PT – o
valor terá de ser corrigido e acrescido de juros de 0,5% ao mês a partir
de dezembro de 2009.
Outra determinação de Moro foi o confisco do apartamento 164-A,
tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, que seria destinado a Lula
como parte de propina paga pela OAS em contratos da Petrobras.
“Considerando que o apartamento (…) é produto de crime de corrupção e
de lavagem de dinheiro, decreto o confisco (…). A fim de assegurar o
confisco, decreto o sequestro sobre o referido bem”, escreveu o juiz,
esclarecendo que o imóvel não pode nem “mais ser considerado como
garantia em processos cíveis”.
Na sentença, o magistrado ainda determinou a “interdição para o exercício de cargo ou função pública”
do ex-presidente e do empreiteiro Léo Pinheiro por 19 anos. A medida
imposta por Moro não afeta, contudo, os direitos políticos do petista e a
possibilidade de uma candidatura dele nas eleições de 2018.
O advogado criminalista Gustavo Badaró afirma que a eficácia da
interdição será suspensa a partir do recurso da defesa de Lula ao TRF4
e, assim como a pena determinada por Moro, só entrará em vigor caso a
segunda instância a confirme. Neste caso, Lula se tornaria inelegível
pela Lei da Ficha Limpa, poderia ser preso e estaria afastado das
funções públicas pelo período estipulado pelo magistrado.
“[A medida] não inclui a questão do mandato eletivo. Lula não
poderia, por essa restrição, por exemplo, exercer a função de ministro
ou prestar concurso público, mas se candidatar ele pode”, explica
Badaró.
Moro negou de pronto o pedido; sentença deve sair ainda esta semana
Por
Laryssa Borges
O ex-presidente Lula durante a posse do
Diretório Nacional do PT, no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília
- 05/07/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Na tentativa de atrasar a iminente sentença a ser proferida pelo juiz Sergio Moro, a defesa do ex-presidente Lula
tentou uma última cartada na 13ª Vara Federal de Curitiba e pediu na
noite de ontem a inclusão de 11 depoimentos para serem utilizados como
“prova emprestada” na ação em que o petista é acusado de ter recebido,
apenas no caso relacionado ao tríplex,
benesses de 3,7 milhões de reais “oriundas do caixa geral de propinas
da OAS com o PT”. Entre os depoimentos que Lula queria anexar ao
processo do tríplex está o do empresário Jorge Gerdau.
A iniciativa da defesa do ex-presidente
tinha a alegação jurídica de que “a prova emprestada pode ser utilizada
para subsidiar o entendimento do Juízo quando tenha sido colhida
originariamente com a participação da defesa técnica do acusado e não
configure único elemento a embasar a motivação da decisão judicial”. O
juiz Sergio Moro, porém, negou de pronto o pedido, informando que “a
instrução já se encerrou faz tempo, as alegações finais foram
apresentadas e o processo está concluso para sentença”. “Descabe o
pretendido nessa fase e os depoimentos referidos sequer são relevantes
para o julgamento da presente”, afirmou Moro.
A defesa de Lula ainda precisa ser
intimada da decisão de Moro antes de o ex-presidente Lula receber a
primeira sentença na Operação Lava-Jato.
Imagem de felicidade que sempre esteve
associada ao brasileiro contrasta com a apatia e desencanto do momento
atual, em que o País se sente órfão de lideranças. Como essa inevitável
travessia pode construir uma nação melhor
Bárbara Libório
Houve um tempo, não muito distante, em que o brasileiro era
conhecido pela alegria e pelo otimismo, apesar das adversidades. O
Carnaval, o futebol, as belezas naturais, ainda que formassem um clichê
até certo ponto irreal do País, eram motivos suficientes para manter a
autoestima nacional nas alturas. A imagem de um povo feliz e
irreverente, no entanto, ficou para trás. Se em 2002 84% dos brasileiros
afirmavam sentir mais orgulho do que vergonha do país, hoje os
ufanistas são apenas 50% da população. Uma pesquisa recente do Instituto
Datafolha revela que 47%, quase a metade dos brasileiros, têm mais
vergonha do que orgulho do Brasil. A escalada da corrupção, da violência
e a crise política e econômica deixam a “luz no fim do túnel” cada vez
mais fora do campo de visão. Pouco mais de um ano antes das eleições
presidenciais de 2018, os brasileiros se sentem órfãos de lideranças —
um sintoma de que ainda estamos longe de recuperar a confiança de tempos
atrás. Se há uma boa notícia nesse cenário sombrio, é que ele tem tudo
para ser passageiro. Seu desfecho inevitável será uma nação mais justa e
menos corrupta — e certamente mais feliz, como nos velhos tempos.
A onda de descrença nos políticos avança desde 2005, com a revelação
do escândalo do Mensalão, e se acentuou em 2014, com o início da
operação Lava Jato. O esquema de corrupção, lavagem e desvio de dinheiro
para campanhas eleitorais envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e
políticos pode chegar ao valor estratosférico de R$ 42 bilhões, ao
mesmo tempo em que a oferta de serviços públicos, como segurança, saúde e
educação, que constitucionalmente cabem ao Estado, beira o caos. Fora
de controle, a violência no Brasil mata mais que a guerra na Síria. No
ranking global da felicidade, divulgado pelas Nações Unidas em março, o
Brasil caiu cinco posições e passou para o 22º lugar. A queda foi a
segunda consecutiva: no período de 2013 a 2015, o País passou de 16º
para 17º. Até o Carnaval do Rio de Janeiro, símbolo máximo da alegria
nacional no exterior, esteve ameaçado: a liga das escolas de samba
suspendeu os desfiles de 2018 assim que o prefeito Marcelo Crivella
reduzir pela metade a verba para a entidade. Depois de muita discussão,
as escolas irão para a avenida, dessa vez sem a costumeira euforia.
Os cortes nos orçamentos de municípios, estados e governo federal são
resultado direto da queda na arrecadação, após mais de três anos de
recessão na economia. Essa é a face da crise que mais impacta na falta
de perspectiva da população brasileira. ADEUS, BRASIL
Osmair Fernandes Victor (à esq.), a esposa Cristiane e o filho Felipe
embarcaram para Chicago em busca de mais qualidade de vida
Ainda que a inflação tenha dado trégua, o desemprego recorde assusta:
são mais de 14 milhões de desempregados no País, muitos sem renda há
meses. Até quem já construiu bons currículos profissionais e acadêmicos
se viu obrigado a mudar de área ou buscar novos caminhos. A publicitária
Adriana Galante, 29, trabalhou durante três anos no setor comercial de
uma grande empresa de comunicação. Há um ano e meio, foi demitida. Desde
então ela paga as contas como pode: faz eventos, busca trabalho em
outras áreas e passou a vender acessórios femininos. “A gente sente a
ansiedade de não saber como vai ser no mês seguinte, bate um desespero”,
conta. O jeito, segundo ela, é se reinventar. “Quem tem veia
empreendedora vai atrás disso ainda que seja informalmente. Quem tem
formação em uma área busca novos nichos.”
Até o jeito de consumir do brasileiro mudou. A demanda por crédito,
por exemplo, diminuiu com o medo do desemprego e da crise. O
deslumbramento do auge do crescimento econômico acabou, e a mudança
parece ter vindo para ficar. “Hoje o consumidor radicalizou mais a
relação custo e benefício. Eles pensam melhor se de fato precisam
daquele produto”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto
Locomotiva, de pesquisas de opinião. O processo de compra também está
diferente. “Estamos assistindo ao crescimento de economia compartilhada e
dos produtos de segunda mão”, diz Meirelles. “Antes você usava o carro
usado na entrada do carro novo, agora as pessoas fazem isso até com o
celular”. SEM EMPREGO A publicitária Adriana Galante está desempregada há um ano e meio e decidiu empreender para sobreviver à criseAssalto e sequestro
O desencanto tem levado muita gente a tentar a vida em outro país. O
número de declarações de saídas definitivas do Brasil, segundo a Receita
Federal, já bateu recordes em 2017: são mais de 20,4 mil até junho,
enquanto em todo o ano passado foram 20,3 mil. Osmair Fernandes Victor,
49, é um dos que optaram pela mudança. Ele embarcou rumo a Chicago, nos
Estados Unidos, na segunda-feira 3, acompanhado da mulher e do filho de
13 anos. “O principal motivo é a possibilidade de uma qualidade de vida
melhor”, diz. “Aqui, me sinto inseguro em deixar o meu filho sair da
rua, já passei por mais de uma situação de assalto e sequestro
relâmpago”. Victor, que até então era consultor empresarial, vendeu seu
apartamento no Brasil e há dois anos vem planejando a mudança e a
abertura de uma franquia em Chicago. “Por mais que aqui eu tenha uma
situação econômica boa, eu não saio mais de casa, não consigo usufruir
do dinheiro.” “É importante criarmos um movimento unificado para acabar com os políticos profissionais” Modesto Carvalhosa, jurista brasileiro (Crédito:Ernesto Rodrigues)
Diante desse cenário, fica a sensação de que o momento da mudança é
inadiável. “Não dá mais para as pessoas fingirem que está tudo bem ou
que os problemas são poucos”, afirma Renato Janine Ribeiro, filósofo e
professor da Universidade de São Paulo. “A prisão dos empresários de
ônibus no Rio de Janeiro, por exemplo, mostra que em 2013, quando as
pessoas lutaram pelos R$ 0,20, brigaram contra um sistema em que muitas
vezes o aumento da passagem está ligado diretamente à corrupção de
empresários e políticos.” Talvez por isso, ambos — empresários e
políticos — estejam tão em baixa entre os brasileiros: segundo dados do
Instituto Locomotiva, 84% da população não sabe dizer o nome de alguém
que possa tirar o País da crise, e 78% não sabem citar o nome de alguma
empresa que esteja ao seu lado nesse momento. “O legislativo e o executivo estão muito desvalorizados e a democracia depende desesperadamente deles” Renato Janine Ribeiro, filósofo e professor da USP (Crédito:Gustavo Epifanio / AG. ISTOE)
Boa parte da desesperança brasileira reflete o que se vê no
Congresso. Na Câmara dos Deputados, dos 513 parlamentares que ocupam
cadeiras, 144 devem explicações ao Supremo Tribunal Federal — 13 deles
acumulam 100 inquéritos e ações penais no STF. Desde 1988, quase todos
os presidentes da Câmara estiveram envolvidos em escândalos de
corrupção. O atual presidente, o peemedebista Rodrigo Maia, responde a
dois inquéritos por ter recebido dinheiro da Odebrecht. Os dois
antecessores de Maia, Eduardo Cunha e Eduardo Henrique Alves, ambos do
PMDB, estão presos, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro. No
Senado, a situação não é melhor: em maio de 2016, um terço dos senadores
respondia a alguma acusação tribunal. O caso mais recente é o do tucano
Aécio Neves. Aécio, que chegou a ser afastado do Senado, mas já voltou a
ocupar seu cargo, foi envolvido na mesma delação (a do empresário
Joesley Batista, dono do frigorífico JBS) que ameaça o presidente Michel
Temer. O presidente foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República
por corrupção, mas também é investigado por obstrução de Justiça e
formação de organização criminosa — cabe à Câmara dos Deputados aceitar
ou não a denúncia do procurador Rodrigo Janot.
Para muitos, a operação Lava Jato, que já efetuou mais de 198 prisões
em três anos, é a principal esperança para garantir que a corrupção
sistêmica no Brasil não permaneça impune. Mas a operação parece agora
estar sob ataque.
INSPIRAÇÃO
Denise Curi (à esq.), Carla Mayumi e Beatriz Pedreira são idealizadoras
do Jogo da Política, que aproxima jovens dos três poderes do País
(Crédito:ANDRE LESSA/ISTOE.)Um Congresso de acusados É A REGRA
Quase todosos presidentes da Câmara nos últimos vinte anos estiveram
envolvidos em denúncias de corrupção (Crédito:Wilson Dias/Agência
Brasil) De cada três integrantes da Câmara dos Deputados, um é alvo de inquérito ou ações penais
Desde a nomeação do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, havia o
medo de interferência na investigação. Em um primeiro momento, Jardim
não descartou a troca de Leandro Daiello no comando da Polícia Federal. A
mudança não ocorreu, mas, na quinta-feira 6, a direção da PF adotou uma
medida que enfraquece a força-tarefa no Paraná: decidiu integrar os
grupos de trabalho dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca. Isso
significa que delegados que antes eram exclusivos da operação referente à
Petrobras agora passarão a trabalhar em outros casos. A PF garante que o
atual efetivo está adequado à demanda e será reforçado em caso de
necessidade. A medida ocorre depois da transferência para outros estados
de três dos principais delegados da força-tarefa: Érika Malena, Márcio
Anselmo e Luciano Flores.
A corrupção não é um problema exclusivamente brasileiro. “No ranking
global de transparência ficamos na 79ª posição, mas em relação aos BRICS
temos a mesma pontuação de China e Índia, ficamos acima da Rússia e só
perdemos para a África do Sul”, afirma o cientista político Antonio
Lavareda. “Nos Estados Unidos, projeções dizem que os crimes de
colarinho branco significam algo entre US$ 250 bilhões e US$ 1 trilhão
por ano, o que é muito dinheiro para um país que já teve uma série de
iniciativas ao longo do tempo para reduzir a corrupção.”
Os especialistas concordam que a crise pode ser para o Brasil o
momento de virada de página. Na política, é hora de pensar no novo.
“Essa crise é benéfica para a alteração das estruturas de poder no
Brasil”, afirma o jurista Modesto Carvalhosa. “Nós temos a chance de
criar um movimento unido e indicar novos quadros para o preenchimento
das assembleias legislativas, do Congresso, do quadro de governadores e
da própria presidência com nomes inteiramente diferentes”. A França, que
recentemente empossou Emmanuel Macron como presidente e reelegeu apenas
140 dos 345 deputados que tentavam um novo mandato, pode ser uma
inspiração. “Devemos ser capazes de eleger gente nova e desconhecida, o
que vem ao encontro de uma tendência mundial, a de acabar com o
profissionalismo político.” R$ 2.023.949,28 é o valor que cada deputado custou aos contribuintes em 2016 “Somos corruptos”
Para os brasileiros, a redenção tampouco está fora da política. Dados do
Instituto Datafolha mostram que entre os jovens a percepção sobre o
País é negativa: 90% dos brasileiros de 14 a 24 anos avaliam a sociedade
como pouco ou nada ética. Nem mesmo amigos ou familiares se salvam: 74%
e 54% os acham pouco ou nada éticos, respectivamente. “Os brasileiros
reconhecem que, como sociedade e indivíduo, somos corruptos”, afirma
Lavareda. “A sociedade sonega, corrompe os agentes públicos no dia a dia
e tem uma absoluta compulsão por levar vantagem nas mais diversas
situações, então é importante que nesse momento de crise seja feita
também uma reforma de valores.” BRIGA Com escândalos e intolerância, Congresso Nacional está desmoralizado (Crédito:Alessandro Dantas)155 dos 513 deputados devem explicações ao Supremo Tribunal Federal
Um bom sinal de que as mudanças estão por vir é o crescente número de
brasileiros que acredita e trabalha pela renovação da política
brasileira. Beatriz Pedreira, 31, faz parte de dois projetos nessa
direção. Em um deles, o Update Politics, ela mapeia iniciativas de
inovação política na América Latina. Em uma das ações, ela e seus três
sócios querem acompanhar as eleições no México e na Colômbia e trazer ao
Brasil ideais edificantes. “Nós olhamos os movimentos da América Latina
como inspiração”, afirma. “Queremos aproximar essas iniciativas e fazer
as pessoas verem que as coisas não dão certo só porque acontecem na
Dinamarca, por exemplo”. O outro projeto, o Jogo da Política, é voltado
para a educação cívica. O conjunto de três jogos que simulam os poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário leva os jovens a vivenciarem
situações cotidianas das três áreas. “As pessoas querem fazer diferente
mas não sabem como chegar a isso”, diz Beatriz. “Existe o despertar, mas
precisamos fazer um esforço maior para divulgar as iniciativas nesse
sentido”.
Para os especialistas, o importante é não permitir que o cinismo se
enraíze. Caso contrário, o País pode se deparar com dois cenários: a
alienação e o afastamento cada vez maior da população das atividades
políticas — o nível de abstenção nas eleições de 2014 já foi o maior
desde 1998 -, ou o embarque em discursos extremistas com forte teor
emocional. Ambos passam ao largo da imagem de nação feliz que o
brasileiro sempre se orgulhou de ostentar. Fazer o Brasil voltar a
sorrir como sempre só depende de nós, de como iremos votar e cobrar quem
elegermos. 13 deputados acumulam 100 inquéritos e ações penais no STF R$ 1 bilhão por ano é o custo da remuneração dos 513 deputados federais somados 19 dos 26 partidos políticos com assento na Câmara são alvo de
323 inquéritos e ações penais 34 senadores são acusados de crimes Com reportagem de Thais Skodowski
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/