O Ministro-Chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da Presidência da República, General Augusto
Heleno, participa de audiência pública da Comissão de Integração
Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara. (Crédito:
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reagiu ao
comentário do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional,
Augusto Heleno, sobre o Congresso Nacional.
Um dos principais auxiliares do presidente Jair Bolsonaro, Heleno
reclamou de “chantagem” dos parlamentares durante conversa com os
ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de
Governo em cerimônia no Palácio da Alvorada.
“Nenhum ataque à democracia será tolerado pelo Parlamento”, afirmou
Alcolumbre em nota enviada à imprensa. “O Congresso Nacional seguirá
cumprindo com as suas obrigações”, escreveu o parlamentar, defendendo
“democracia, independência e harmonia dos Poderes”.
O comentário de Heleno foi feito em torno da disputa entre Executivo e
Congresso Nacional pelo controle orçamentário neste ano, período
eleitoral.
Uma semana após o governo anunciar um acordo com as cúpulas da Câmara
e do Senado sobre os vetos ao projeto que amplia o orçamento
impositivo, Bolsonaro determinou que seus auxiliares voltassem à mesa de
negociação.
Na noite de terça-feira, 18, os presidentes da Câmara e do Senado se
reuniram com Guedes e Ramos e reforçaram o acordo firmado na semana
anterior, apesar do incômodo de Bolsonaro com a negociação.
Campo de refugiados internos próximo a Hassakeh, nordeste da Síria - AFP
AFP
Dois meses após a retomada de sua ofensiva para recuperar o controle
da região de Idlib, o regime sírio de Bashar al-Assad bombardeia de
forma incessante o último grande reduto de jihadistas e rebeldes, o que
já causou o êxodo de cerca de 1 milhão de pessoas.
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a
chilena Michelle Bachelet, disse nesta terça-feira estar “horrorizada”
com a violência no noroeste da Síria e exigiu “corredores humanitários”
para facilitar a passagem de civis em segurança.
Com os combates e ataques conduzidos pelo regime de Assad e seu
aliado russo, cerca de 900.000 pessoas fugiram da região de Idlib e
arredores desde 1º de dezembro, a grande maioria mulheres e crianças,
informou a ONU na segunda-feira, reiterando seu apelo por um
cessar-fogo.
Esse êxodo é inédito desde o início da devastadora guerra na Síria em
2011, que já deixou mais de 380.000 mortos e milhões de deslocados.
Os civis em fuga “estão traumatizados e são forçados a dormir ao ar
livre com temperaturas congelantes, já que os campos (de refugiados)
estão lotados”, disse o vice-secretário-geral para Assuntos Humanitários
da ONU, Mark Lowcock, em comunicado.
“As mães queimam plástico para aquecer seus filhos. Bebês e crianças pequenas morrem de frio”, lamentou.
As famílias mais sortudas encontram um lugar nos acampamentos
informais para deslocados, onde dezenas de milhares de pessoas tentam
sobreviver em condições insalubres. As outras passam a noite em seu
veículo ou montam uma barraca improvisada no meio dos acampamentos.
Quase diariamente na província de Idlib e arredores, as estradas são
invadidas por caminhões e carros carregados com os pertences daqueles
que fogem para a fronteira com a Turquia, disseram correspondentes da
AFP.
– Escolas e hospitais bombardeados –
“A violência no noroeste da Síria é cega”, disse Lowcock.
“Instalações de saúde, escolas, áreas residenciais, mesquitas e mercados
estão sob ataque”, acrescentou.
Mas o regime não parece disposto a interromper sua ofensiva, apesar
dos pedidos de cessar-fogo, depois que suas forças, ajudadas pela
Rússia, Irã e Hezbollah libanês, recuperaram o controle de 70% do
território.
Assad alertou na segunda-feira que continuará a ofensiva. “A batalha
pela libertação das províncias de Aleppo e Idlib continua”, disse ele.
Os jihadistas do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS, antiga facção síria
da Al-Qaeda) dominam mais da metade de Idlib, bem como áreas nas
províncias de Aleppo, Hama e Lataquia, onde outras facções jihadistas
também operam, além de grupos rebeldes.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), mais de 380 civis morreram desde meados de dezembro na ofensiva.
As forças do governo estão atualmente concentrando suas operações no
oeste de Aleppo, informou o OSDH, relatando ataques aéreos russos nesta
terça no oeste dessa província e em setores de Idlib.
As forças do regime tentam avançar “na direção da montanha Sheikh
Barakat”, que domina vastas regiões no oeste de Aleppo e norte de Idlib,
perto da fronteira com a Turquia, segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel
Rahman.
Rahman ressalta que, se o regime tomar Sheikh Barakat, “os campos de
deslocados que abrigam dezenas de milhares de pessoas poderão ficar ao
alcance de sua artilharia”.
No domingo, as forças do governo, com o apoio da força aérea russa,
reconquistaram localidades próximas à cidade de Aleppo, repelindo os
ataques de jihadistas e rebeldes, que dispararam foguetes.
Agora, um general chega à Casa Civil
para substituir o desgastado ministro Onyx Lorenzoni: o ex-interventor
na Segurança do Rio de Janeiro em 2018, Walter Souza Braga Netto, será
mais um militar no Palácio do Planalto
DIREITA, VOLVER
Ex-interventor da Segurança no Rio, o general Braga Netto é chefe do
Estado-Maior do Exército e vai militarizar ainda mais
o governo Bolsonaro (Crédito: Alan Santos)
Germano Oliveira
Depois de muito hesitar, o presidente Jair Bolsonaro resolveu esta
semana promover uma grande dança das cadeiras no Ministério. Começou
demitindo o ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil, depois de submetê-lo a
um intenso processo de fritura, colocando em seu lugar o general Walter
Souza Braga Netto, ex-chefe da Intervenção na Segurança Pública no Rio
de Janeiro em 2018, por decisão do então presidente Michel Temer, com o
aval do Congresso. Atualmente ele é chefe do Estado-Maior do Exército,
um dos postos mais altos na hierarquia militar. Com a chegada de um
oficial das Forças Armadas à Casa Civil, o capitão da reserva Jair
Bolsonaro militariza o Palácio do Planalto, onde todos os ministros
agora são oriundos da caserna. Ele quebra, dessa forma, uma tradição da
política brasileira de colocar civis no cargo, sobretudo após a
redemocratização em 1985. Recentemente ocuparam a função os ex-ministros
José Dirceu e a ex-presidente Dilma Rousseff, hoje acusados de graves
crimes de corrupção e desvios éticos. Bolsonaro retoma, assim, a prática
de se colocar militares de quatro estrelas na Casa Civil, como foi o
caso do general Golbery do Couto e Silva, durante a ditadura militar a
partir de 1964.
Onyx já era carta fora do baralho desde o final do ano passado. A
própria ISTOÉ mostrou em outubro do ano 2019 que havia uma reforma
ministerial em curso e que ele seria um dos que Bolsonaro trocaria. O
então ministro da Casa Civil era acusado de negligência no diálogo do
governo com o Congresso. Não fosse a presteza do deputado Rodrigo Maia,
presidente da Câmara, e de Davi Alcolumbre, presidente do Senado,
dificilmente a Reforma da Previdência seria aprovada. Por isso, o
presidente tirou da sua batuta a articulação política, passando-a para o
general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.
Bolsonaro retirou-lhe também a Secretaria de Assuntos Jurídicos e, por
último, deslocou o programa dos PPIs (parcerias público privadas) para a
Economia de Paulo Guedes. Além do esvaziamento de sua pasta, o
presidente demitiu o seu braço direito na Casa Civil, Vicente Santini,
que foi abatido depois de usar um jato da FAB para viajar a Davos, na
Suíça, e, em seguida, até a Índia, para se encontrar com o presidente. O
mandatário ficou furioso com o descaramento do assessor. Para tentar
contornar a situação, Onyx voltou às pressas dos EUA, onde passava as
férias, mas, pelo conjunto da obra, já estava praticamente demitido:
faltava só Bolsonaro encontrar um substituto para ele. Prêmio de consolação Bolsonaro ofereceu uma embaixada para Osmar Terra. Ele ficou de consultar a família sobre o convite (Crédito:Marcos Corrêa/PR)
Como Onyx é amigo de longa data do presidente, coleguismo que
cultivam desde o período em que os dois eram do baixo clero da Câmara,
Bolsonaro achou melhor não humilhá-lo, mandando-o de volta ao Congresso,
já que ele ainda tem mandato de deputado. Considerando que Onyx não
esconde o desejo de ser candidato a governador do Rio Grande do Sul em
2022, o ministro pediu ao presidente que o acomodasse em outro
ministério, no qual pudesse continuar usando a máquina pública para
destinar recursos aos prefeitos gaúchos, consolidando dessa forma sua
estratégia eleitoral. Assim, o mandatário defenestrou Osmar Terra, outro
gaúcho, retirando-o do Ministério da Cidadania, para acomodar no seu
lugar o desgastado Onyx.
Terra era outro que estava com os dias contados desde o ano passado.
Arrumou confusão com meio mundo no governo. Primeiro, seu ministério
mostrava-se ineficiente na condução do programa Bolsa-Família, deixando
milhares de pessoas sem atendimento, causando um grande desgaste a
Bolsonaro, que deseja usar o projeto para reconquistar os eleitores do
Nordeste, onde foi mal em 2018. Por conta da morosidade no atendimento
dos programas sociais, Terra chocou-se até mesmo com Paulo Guedes. E
trombou ainda com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cujo
trabalho o presidente gosta muito. Terra, que é médico, quis impedir a
comercialização de produtos à base de cannabis sativa, enquanto Mandetta
estimulou o debate. O então ministro da Cidadania achou que
enfraquecendo Mandetta poderia pegar seu lugar. Não deu certo. Agora,
Bolsonaro ofereceu-lhe uma embaixada no exterior. Terra ficou de
conversar com a família para responder se aceita. Por enquanto, está
desempregado. A decisão de tirar Onyx da Casa Civil havia sido tomada no final do ano passado, mas faltava encontrar um substituto
Além desse troca-troca, Bolsonaro fez outras mudanças de cadeiras
desde que assumiu o cargo. Já demitiu Gustavo Bebianno
(Secretaria-Geral), Ricardo Vélez (Educação), Floriano Peixoto
(Secretaria-Geral), general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de
Governo) e Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), substituído esta
semana por Rogério Marinho, ex-secretário de Previdência e Trabalho,
ligado a Guedes, o ministro mais poderoso do governo. A maioria dos
ministros degolados era da sua mais estrita confiança, o que serve para
dar luz ao perfil psicológico do presidente. Com o passar do tempo, ele
acaba transformando amigos em inimigos.
Rio - O ministro
Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
homologou a delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio
Cabral, que está preso desde novembro de 2016. A decisão foi assinada
nesta quarta-feira (5).
Após ter sido rejeitado pelo Ministério Público
Federal (MPF) do Rio de Janeiro, o acordo de Cabral foi fechado junto à
Polícia Federal (PF) no fim do ano passado. O teor da colaboração
permanece em sigilo, mas há, por exemplo, citação a juízes. Está
prevista também a devolução de R$ 380 milhões pelo ex-governador, que
comandou o Executivo fluminense entre 2007 e 2014.
Fachin homologou o acordo mesmo após parecer
contrário da Procuradoria-Geral da República (PGR). Com a decisão, os
depoimentos do ex-governador adquirem validade jurídica. Os anexos da
colaboração premiada de Cabral seguem agora para o MPF, que deve
analisar as linhas de investigação.
Cabral acumula, até o momento, 13 condenações no
âmbito da Lava Jato do Rio de Janeiro. Somadas, as penas superam os 280
anos. Ele responde ainda a mais de 30 processos criminais ligados a
casos de corrupção durante o seu governo.
Pela quinta vez seguida, o Banco Central (BC) diminuiu os juros
básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária
(Copom) reduziu a taxa Selic para 4,25% ao ano, com corte de 0,25 ponto
percentual. A decisão era esperada pelos analistas financeiros, segundo a
pesquisa Focus do BC.
Com a decisão de hoje (5), a Selic está no menor nível desde o início
da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a
abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser
reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em
outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia
até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a
ser reduzida em julho de 2019.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob
controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Em 2019, o indicador fechou em 4,31%,
o maior resultado anual desde 2016. A inflação foi impulsionada pela
alta do dólar e pelo preço da carne, mas continua abaixo do teto da
meta. O IPCA de janeiro será divulgado na próxima sexta-feira (7).
Para 2020, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de
inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O
IPCA, portanto, não poderá superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de
2,5%. A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com intervalo de
tolerância de 1,5 ponto percentual.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA continuará abaixo de 4% nos próximos anos, atingindo 3,5% em 2020 e 3,4% em 2021 e 2022. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,4%, mesmo com a alta recente do dólar e da carne.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores
barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de
baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da economia de 2,2% para este ano.
As estimativas estão em linha com as do mercado. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos preveem crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2020.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência
para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o
Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços,
porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao
reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a
produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar
a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir.
Presidente enviou mensagem ao Congresso Nacional na abertura do ano legislativo
Por
ESTADÃO CONTEÚDO
Jair Bolsonaro - AFP
São Paulo - O
presidente da República, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira, em
mensagem enviada ao Congresso Nacional por ocasião da abertura dos
trabalhos legislativos de 2020, que espera a aprovação de alguns "marcos
históricos" este ano. Ele citou a independência do Banco Central, a
reforma tributária, a privatização da Eletrobras e as propostas de
emenda constitucional (PECs) enviadas ao parlamento pelo ministério da
Economia, como a Emergencial e a do Pacto Federativo.
Bolsonaro
comemorou a aprovação da reforma da Previdência no ano passado, mas
destacou que em 2020 há "outros projetos em tramitação que precisam da
devida apreciação e votação".
"Podemos citar o projeto da reforma
tributária, do Contribuinte Legal, do Programa Verde-Amarelo, da
independência do Banco Central, da privatização da Eletrobras, do Plano
de Promoção do Equilíbrio Fiscal, do Novo Marco Legal do Saneamento e do
Plano Mais Brasil, composto pelas PECs Emergencial, do Pacto Federativo
e dos Fundos Públicos", pontuou Bolsonaro.
Potencial econômico do meio ambiente
Na
mensagem, Bolsonaro propôs "fomentar e incentivar o potencial econômico
do meio ambiente, além de promover oportunidades de negócios
sustentáveis".
A declaração de Bolsonaro, lida pela deputada
federal Soraya Santos (PL-RJ), vem em meio à cobranças de investidores
internacionais por uma postura de maior responsabilidade ambiental do
governo.
Bolsonaro também incluiu no discurso trechos de maior apelo social.
O
presidente falou em reduzir desigualdades e promover a sustentabilidade
ambiental. Ele celebrou outras conquistas do primeiro ano de governo,
como a Selic no nível mais baixo da história, a queda do risco-País e os
sucessivos recordes batidos pela Bolsa.
"Em 2020, temos como
objetivo continuar melhorando nossas políticas públicas para todos. É
imperioso garantir educação de qualidade e formação suficiente para a
população brasileira exercer a cidadania e alcançar o pleno potencial de
liberdade. É urgente melhorar o acesso e a qualidade à Saúde e a
eficiência na gestão de serviços e recursos", escreveu o presidente.
O vice-presidente da República,
Hamilton Mourão, andava à margem do centro do poder. Agora retoma um
ativismo sem precedentes e vai coordenar as ações do governo para
resolver a crise ambiental na Amazônia
EM AÇÃO Mourão chega ao Planalto
para mais um
dia de trabalho: prestígio recuperado (Crédito: Antonio Cruz/ Agência Brasil)
Germano Oliveira
ÍNDIA Enquanto Bolsonaro visitava o Taj Mahal, Mourão despachava no Planalto (Crédito:Alan Santos/PR)
Depois de meses desconfiando que Hamilton Mourão não seguia a sua
cartilha política, o presidente Bolsonaro convenceu-se do contrário e
decidiu dar ao vice-presidente um inesperado protagonismo na coordenação
das ações governamentais na área ambiental, que nos últimos meses
tornou-se o calcanhar de Aquiles de seu governo. Ao incumbir o general
de liderar os recém-criados Conselho da Amazônia e Força Nacional
Ambiental, com a missão de resolver a crise na região amazônica —
sobretudo com a redução do desmatamento e queimadas das florestas
nativas —, Bolsonaro quer passar ao mundo a ideia de que está,
efetivamente, tomando medidas para conter o avanço das motosserras na
derrubada das árvores, tentando amenizar o aquecimento global. Afinal, o
trabalho de preservação feito pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, foi duramente criticado pela comunidade internacional, ao ponto
de ter levado investidores estrangeiros a ameaçarem com o corte de
aplicações financeiras no País, em retaliação ao descuido com a
floresta. Assim, o nome de Mourão para resolver a crise calçou feito uma
luva para o presidente. Mais que isso, Mourão recuperou, assim, o
prestígio dentro do governo. “Bolsonaro foi eleito para mudar o País e está fazendo isso pela via constitucional, legal e democrática”
Considerado grande estrategista militar e político respeitado por sua
moderação e abertura ao diálogo, Mourão é profundo conhecedor da
Amazônia — já trabalhou na região durante seis anos como militar — e é
visto como um dos poucos integrantes do governo com capacidade para
representar as Forças Armadas nos trabalhos desenvolvidos por diversos
ministérios, estados e municípios nessa área. Em entrevista exclusiva à
ISTOÉ, ainda no exercício da Presidência, Mourão reconhece que a região
tem problemas a serem enfrentados, mas não concorda com “a narrativa
catastrófica desencadeada contra o Brasil no ano passado, interna e
externamente”. Ele diz que o aumento no desmatamento de 30% entre 2018 e
2019 “não está distante dos índices observados entre o que ocorreu na
região desde 2014”. Para ele, portanto,“o Brasil não é um vilão
ambiental”, lembrando que a matriz energética brasileira “é muito mais
limpa do que a dos países desenvolvidos”.
O fato de ter recebido de Bolsonaro novas atribuições, mostra que
Mourão está definitivamente de volta ao jogo político do Planalto.
Afinal, desde abril, quando os filhos do presidente lhe fizeram duras
críticas, atribuindo-lhe intenções de tramar contra o presidente,
desejando ocupar seu lugar, o general vinha sendo mantido na geladeira.
Ele, no entanto, nega que tenha tido uma crise no relacionamento com
Bolsonaro, desmentindo, inclusive, que precisou se recolher para evitar
maiores desentendimentos. Segundo ele, nesse período “houve inferências e
interpretações sobre o meu relacionamento com o presidente, nitidamente
destinadas a atingir o governo”. Para provar que não ficou “recolhido”,
mostra que, no ano passado, concedeu 130 entrevistas à imprensa, 74 das
quais no período do suposto recolhimento. Como demonstração de que os
dois nunca estiveram tão bem, Mourão explica que se Bolsonaro for
realmente candidato à reeleição, o presidente pode contar com ele para
repetir a dobradinha de 2018. “Estou à sua disposição”.
CRIME Mourão foi chamado por Bolsonaro para resolver a crise na Amazônia (Crédito:Luoman)Papel de bombeiro
A realidade é que Mourão mostra-se realmente mais aliviado com a
reviravolta ocorrida em sua posição. Em outros períodos em que sucedeu
Bolsonaro, o general mantinha-se isolado em seu gabinete. Agora, ao
permanecer como presidente em exercício por uma semana, em razão da
viagem de Bolsonaro à Índia, o general participou ativamente da
administração e até atuou como bombeiro para acalmar o ministro da
Justiça, Sergio Moro, que ameaçou deixar o cargo caso o presidente
desmembrasse o Ministério da Segurança Pública. Mourão chamou Sergio
Moro para conversar no Palácio Planalto, e, em seguida, Bolsonaro voltou
atrás.
A interinidade também foi marcada por uma saia justa provocada pelo
governador do Rio, Wilson Witzel, que divulgou o teor de uma conversa
que os dois tiveram, ao celular, no domingo 26. Mourão chegou a dizer
que ele havia se esquecido da “ética e da moral” que aprendeu quando foi
fuzileiro naval. Na ligação gravada sem seu conhecimento, Witzel pedia
ajuda do governo federal para o fornecimento de água potável às vítimas
da enchente no norte fluminense. Apesar do mal-estar, Mourão mandou
ajuda para o Rio e, na entrevista concedida à ISTOÉ três dias depois do
episódio, garante que as portas de seu gabinete continuam abertas para
Witzel. Um estilo que empresta uma face democrática a um governo que até
aqui prima-se por posturas intolerantes. “Nada justifica a narrativa catastrófica desencadeada contra o Brasil na questão ambiental”
Entrevista O senhor queixou-se da conduta ética do governador Wilson
Witzel ao divulgar o teor da conversa que tiveram. As portas se fecharam
para ele?
De maneira alguma. Limitei-me a desaprovar um comportamento inadequado.
Todos nós, autoridades públicas, temos que tomar muito cuidado em como
expomos nossas figuras, e de outrem. Esse é um incidente superado. No
trato do interesse do estado do Rio de Janeiro, as portas do gabinete da
vice-presidência continuam abertas para ele. O episódio serviu de lição
para todos nós, sobre a responsabilidade que compartilhamos no trato do
interesse público. O governador também já tinha dificuldades de diálogo com o presidente Bolsonaro, certo?
A discordância, a diferença de pontos de vista e a competição fazem
parte da política. Porém, no âmbito de uma federação, as relações são
institucionais. Seria absurdo, diante dos desafios e dificuldades que o
País enfrenta, abandonarmos os canais de interlocução entre União,
estados e municípios. Diria mesmo que é impossível. Desde o começo da gestão, o senhor tem se mostrado disposto
ao diálogo. Qual a importância disso no momento em que o governo é
acusado de ser intransigente?
Diálogo exige disposição recíproca. E aceitação. Aceitação do outro e
das circunstâncias. Cabe perguntar se os setores que mais criticam
Bolsonaro e o seu governo aceitaram a vontade da sociedade brasileira
expressa nas urnas em 2018. Para algumas dessas pessoas, diálogo
significa que as coisas continuem como estavam, sob o seu controle, com
elas nos cargos que ocupavam, por vezes impondo seus pontos de vista,
sem o diálogo pelo qual agora clamam. Obviamente, o País dispensa
revanches. Mas é preciso boas intenções, até na crítica.
O governo tem sido acusado de adotar posturas extremamente
conservadoras e até antidemocráticas, sobretudo na educação, cultura e
direitos humanos. O presidente precisa mudar seu comportamento?
Esse é um governo conservador, democraticamente eleito. Suas posturas
não são extremas e tampouco antidemocráticas. Tanto uma coisa como a
outra são inaceitáveis. Na verdade, a atuação desse governo reflete a
atitude da maioria da população que professa uma religião, valoriza a
família, respeita a lei e se vê como naturalmente miscigenada e
tolerante. Em 2018, a sociedade brasileira rejeitou os exageros e os
fracassos das políticas dos governos anteriores na educação, na cultura e
nos direitos humanos. Foram elas que geraram déficits de aprendizado e
caos nas escolas, que agrediram a moral e os costumes da população e que
levaram à maior e mais grave violação dos direitos humanos, a
violência. O presidente Bolsonaro foi eleito para mudar isso, e é o que o
seu governo está fazendo, pela via constitucional, legal e democrática. O episódio com o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim foi
um caso isolado ou o governo deve impor mesmo um novo modelo cultural
para o Brasil?
Nenhum governo democrático impõe cultura. Só o Estado totalitário o faz.
No Brasil, durante o Estado Novo, houve tentativas nesse sentido, mas a
própria força de nossa cultura repeliu esse projeto. Lembremo-nos do
papel de Gilberto Freyre, nosso intelectual de maior prestígio
internacional, na resistência à ditadura de Getúlio. Um governo
democrático promove, não impõe, cultura. Acredita que a indicação da atriz Regina Duarte pode pacificar o meio cultural?
Sem dúvida. Sua imagem é cara à população brasileira, como uma atriz de
sucesso que encarnou personagens típicos da nossa realidade. Acredito
que, bem assessorada, ela terá condições de realizar um bom trabalho,
promovendo um reencontro da cultura brasileira consigo mesma.
O senhor entende que a cultura brasileira está dominada pela esquerda?
Durante muitos anos, nas administrações dos governos anteriores, pessoas
assumidamente de esquerda tiveram posições de destaque na cultura
nacional, sem esconder a agenda dita progressista que implementavam com
dinheiro público e o apoio de parte da intelligentsia. Isso é fato, não
uma suposição. E não poderia deixar de causar um efeito profundo e
duradouro no pensamento brasileiro. As teses de alguns pensadores
marxistas são facilmente identificadas nos programas e projetos de
governos anteriores e de organizações não-governamentais, com destaque
para Antonio Gramsci e Herbert Marcuse. O que estamos assistindo é uma
reação da sociedade a esquemas conceituais e psicológicos que não se
encaixam em sua realidade. A sua indicação para presidir o Conselho da Amazônia implica
reconhecer que a atuação do ministro Ricardo Salles era insuficiente
para resolver os graves problemas enfrentados na região?
Absolutamente. A criação do Conselho da Amazônia deve ser entendida como
a primeira iniciativa tomada no Brasil para a implementação de uma
política de Estado para a região. Note que o Conselho da Amazônia foi
criado para integrar as ações dos ministérios em prol da proteção,
preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia. A região é objeto
da ação de ministérios e órgãos do governo federal, e de estados e
municípios. Por outro lado, a questão ambiental que está evidente é
transversal, envolvendo áreas de atuação tão diversas quanto complexas,
que vão da ciência climatológica, geologia, botânica e biodiversidade —
para dizer algumas —, até a utilização do solo, exploração agropecuária,
policiamento e fiscalização ambiental, para tocar nos aspectos mais
evidentes. Não é, nunca foi e não pode ser missão de apenas um
ministério. O senhor já morou na Amazônia e conhece profundamente seus
problemas. O que precisa ser atacado de pronto para reduzir a crise na
região?
A primeira lacuna a preencher é de informação e controle. Precisamos
saber, com segurança, o que está acontecendo na região. Nossos
mecanismos de gerenciamento da cobertura vegetal da região não nos
oferecem isso no momento. Necessitamos da integração de nossos
mecanismos de monitoramento para termos uma ferramenta confiável que
subsidie as decisões e ações do governo, sem protagonismos, vieses
ideológicos e interesses corporativistas. O Brasil tem um compromisso
natural com a preservação do meio ambiente.
O Inpe diz que o desmatamento na Amazônia aumentou 30% de agosto de 2018 a julho de 2019. O senhor acha isso alarmante?
É preciso colocar esses números em um contexto mais abrangente, como a
política de Estado que se vislumbra, além de governos, fora de palanques
e sem ativismo. O Brasil logrou, até 2013, diminuir a taxa de
desmatamento na Amazônia. A partir desse ano, como resultado da
crescente escassez de recursos públicos, reduziram-se as ações de
fiscalização e combate ao desmatamento, o que levou ao aumento desses
números. Ao observarmos a série histórica, verificamos que houve aumento
da taxa de desmatamento da Amazônia em 24% entre 2014 e 2015; de 27%
entre 2015 e 2016; uma redução de 25% entre 2016 e 2017; um aumento de
8% entre 2017 e 2018; e novamente um aumento de 30% entre 2018 e 2019,
que não está distante dos índices observados entre 2014 e 2016. Temos um
problema, mas nada que possa ser atribuído ao governo ou que justifique
a narrativa catastrófica contra o Brasil, interna e externamente. O governo pretende autorizar o uso comercial de terras
indígenas, inclusive com a exploração mineral, de petróleo e até
hidrelétricas. Isso pode aumentar o desmatamento na Amazônia? É importante frisar que cabe ao Congresso regulamentar o que
está previsto na Constituição: a possibilidade de exploração mineral de
terras indígenas. Tenho recebido delegações indígenas com posições
distintas, contra e a favor dessa exploração em suas terras. É preciso
analisar a questão sem maniqueísmos. E, é claro, caso regulamentada,
sempre em obediência a nossa avançada legislação ambiental. No Fórum de Davos, o Brasil foi criticado pelo combate pouco
eficiente ao desmatamento e às queimadas na região. Corremos o risco de
ficar sem investimentos internacionais por conta do meio ambiente?
O Brasil já dispõe de mecanismos modernos que envolvem empresas e
governo no controle das emissões de gases de efeito estufa, tendo
aderido ao protocolo internacional correspondente. Nossa matriz
energética é muito mais “limpa” do que as congêneres dos países
desenvolvidos. Não há, portanto, justificativas lógicas para tornar o
Brasil um vilão ambiental. Ademais, o Brasil é atualmente um dos poucos
países com oportunidades atraentes de investimentos. Não há esse risco
de afastamento de investimentos e o mundo está percebendo que guerras
comerciais e barreiras tarifárias disfarçadas não são um bom negócio.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/