Agora, um general chega à Casa Civil para substituir o desgastado ministro Onyx Lorenzoni: o ex-interventor na Segurança do Rio de Janeiro em 2018, Walter Souza Braga Netto, será mais um militar no Palácio do Planalto

DIREITA, VOLVER
Ex-interventor da Segurança no Rio, o general Braga Netto é chefe do
Estado-Maior do Exército e vai militarizar ainda mais
o governo Bolsonaro (Crédito: Alan Santos)
Depois de muito hesitar, o presidente Jair Bolsonaro resolveu esta
semana promover uma grande dança das cadeiras no Ministério. Começou
demitindo o ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil, depois de submetê-lo a
um intenso processo de fritura, colocando em seu lugar o general Walter
Souza Braga Netto, ex-chefe da Intervenção na Segurança Pública no Rio
de Janeiro em 2018, por decisão do então presidente Michel Temer, com o
aval do Congresso. Atualmente ele é chefe do Estado-Maior do Exército,
um dos postos mais altos na hierarquia militar. Com a chegada de um
oficial das Forças Armadas à Casa Civil, o capitão da reserva Jair
Bolsonaro militariza o Palácio do Planalto, onde todos os ministros
agora são oriundos da caserna. Ele quebra, dessa forma, uma tradição da
política brasileira de colocar civis no cargo, sobretudo após a
redemocratização em 1985. Recentemente ocuparam a função os ex-ministros
José Dirceu e a ex-presidente Dilma Rousseff, hoje acusados de graves
crimes de corrupção e desvios éticos. Bolsonaro retoma, assim, a prática
de se colocar militares de quatro estrelas na Casa Civil, como foi o
caso do general Golbery do Couto e Silva, durante a ditadura militar a
partir de 1964.
Onyx já era carta fora do baralho desde o final do ano passado. A
própria ISTOÉ mostrou em outubro do ano 2019 que havia uma reforma
ministerial em curso e que ele seria um dos que Bolsonaro trocaria. O
então ministro da Casa Civil era acusado de negligência no diálogo do
governo com o Congresso. Não fosse a presteza do deputado Rodrigo Maia,
presidente da Câmara, e de Davi Alcolumbre, presidente do Senado,
dificilmente a Reforma da Previdência seria aprovada. Por isso, o
presidente tirou da sua batuta a articulação política, passando-a para o
general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.
Bolsonaro retirou-lhe também a Secretaria de Assuntos Jurídicos e, por
último, deslocou o programa dos PPIs (parcerias público privadas) para a
Economia de Paulo Guedes. Além do esvaziamento de sua pasta, o
presidente demitiu o seu braço direito na Casa Civil, Vicente Santini,
que foi abatido depois de usar um jato da FAB para viajar a Davos, na
Suíça, e, em seguida, até a Índia, para se encontrar com o presidente. O
mandatário ficou furioso com o descaramento do assessor. Para tentar
contornar a situação, Onyx voltou às pressas dos EUA, onde passava as
férias, mas, pelo conjunto da obra, já estava praticamente demitido:
faltava só Bolsonaro encontrar um substituto para ele.Prêmio de consolação

A decisão de tirar Onyx da Casa Civil havia sido tomada no final do ano passado, mas faltava encontrar um substituto
Além desse troca-troca, Bolsonaro fez outras mudanças de cadeiras desde que assumiu o cargo. Já demitiu Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), Ricardo Vélez (Educação), Floriano Peixoto (Secretaria-Geral), general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), substituído esta semana por Rogério Marinho, ex-secretário de Previdência e Trabalho, ligado a Guedes, o ministro mais poderoso do governo. A maioria dos ministros degolados era da sua mais estrita confiança, o que serve para dar luz ao perfil psicológico do presidente. Com o passar do tempo, ele acaba transformando amigos em inimigos.
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