Além do sistema para localizar veículos roubados ou furtados, o
governador apresentou aplicativo para registro de ocorrências via
celular
( FOTO: SAULO ROBERTO )
Um sistema de leitura de placas desenvolvido pela Polícia Rodoviária
Federal (PRF) foi integrado às ações da Secretaria de Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS), por meio de um acordo de cooperação entre os
órgãos. Nos primeiros 40 dias de funcionamento do programa no Ceará, 600
veículos roubados ou furtados foram recuperados. O monitoramento é
feito por meio da utilização de câmeras conectadas a um sistema de
inteligência artificial, que identifica as placas que têm algum registro
de queixa criminal.
O superintendente substituto da PRF-CE, Getúlio Lima, disse que o
programa permite que os veículos sejam localizados com mais celeridade e
que o 'Alerta Brasil' tem se mostrado eficiente em todo o País.
Fortaleza é a primeira Capital em que o sistema funcionará dentro da
Cidade e não só nas rodovias.
O governador Camilo Santana ressaltou a importância de apostar em novas
tecnologias e na modernização das ações voltadas para a Segurança
Pública. "Todas as câmeras de monitoramento serão integradas nesse
projeto, as da SSPDS, Detran, Sefaz, Sejus, AMC e PRF".
Camilo Santana lembrou o problema da Segurança que afeta todo o País.
"Não há um desafio maior que garantir tranquilidade e uma segurança
melhor para a população. Estamos pagando um preço muito caro nesse País
por não ter sido construída uma política nacional de Segurança Pública".
O governador disse também que "é inadmissível como o tráfico de drogas
tomou conta deste País". Aplicativo
A SSPDS, em parceria com o Gabinete da Vice-Governadoria, lançou,
ontem, o aplicativo móvel '190 Ceará'. A plataforma permite que a
população realize o registro de denúncias de crimes direto com a central
da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops).
Com o aplicativo, as ocorrências poderão ser registradas de forma
virtual pelo celular. Além das informações, o sistema também permite que
os usuários enviem fotos e vídeos do local do crime. "Nosso objetivo é
melhorar o serviço prestado às pessoas e unir comodidade e rapidez no
socorro oferecido", declarou André Costa, titular da SSPDS.
O aplicativo também deve diminuir o número de trotes. Por ano, a Ciops
atende cerca de 2,4 milhões telefonemas com comunicações falsas de
crimes.
A partir da
chegada do ofício assinado pelo ministro Marco Aurélio Mello, senadores
decidirão se submetem a ordem da corte a votação no plenário da Casa
Por
Da redação
Senador Aécio Neves fala à imprensa no Palácio do Planalto - 15/08/2017 (Wilson Dias/Agência Brasil)
Um oficial de Justiça do Supremo Tribunal Federal (STF)
entregou na noite desta quarta-feira à Secretaria-Geral da Mesa do
Senado a notificação sobre a decisão da Primeira Turma da Corte de afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do exercício das funções parlamentares.
O ofício é assinado pelo presidente da Primeira Turma do STF, ministro Marco Aurélio Mello,
que votou contra o afastamento do tucano. A partir da notificação, o
senadores decidirão se a ordem do Supremo será submetida a votação no
plenário da Casa, assim como é feito em casos de prisão em flagrante de
parlamentares.
Nesta quarta, ministros do STF divergiram
sobre a possibilidade de o Senado rever o afastamento imposto pelo
tribunal. Enquanto Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes afirmaram que o
Parlamento pode discutir o tema, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso
defenderam o cumprimento da decisão da Primeira Turma.
O colegiado de cinco ministros decidiu na terça, por 3 a 2, afastar
novamente o tucano do exercício das funções parlamentares e colocá-lo em
recolhimento domiciliar noturno. Um dos alvos da Operação Patmos,
deflagrada em maio a partir das delações premiadas de executivos da
JBS, Aécio já havia sido afastado do Senado naquele mês. Ele recuperou o
mandato no final de junho, após decisão liminar de Marco Aurélio.
Além do afastamento e do recolhimento noturno, a decisão impede o
senador mineiro de se ausentar do país e de entrar em contato com
qualquer outro investigado no caso J&F. A decisão não cassa seu
mandato e, por isso, não retira o foro privilegiado nem sua imunidade
parlamentar.
Na sessão de ontem, a Primeira Turma colegiado negou o pedido de
prisão feito pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
que, em junho, denunciou o tucano pelos crimes de corrupção passiva e
obstrução da Justiça.
O terceiro pedido de prisão feito pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi negado
Estadão Conteúdo
Brasília
- A primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, por 3
votos a 2, o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) das funções
parlamentares e de qualquer outra função pública, e também o
recolhimento domiciliar noturno do tucano. O terceiro pedido de prisão
feito pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi negado.
Alvo da Operação Patmos em maio, Aécio Neves foi denunciado em junho
pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo crime de corrupção
passiva e de embaraço a investigações. O tucano é acusado formalmente de
ter aceitado propina de R$ 2 milhões repassados pela J&F a um primo
do senador e a um auxiliar parlamentar.
Supremo afasta Aécio do Senado
Agência Brasil
A decisão não cassa o mandato de Aécio e, por isso, não retira o foro privilegiado nem a imunidade parlamentar.
O voto do ministro Luís Roberto Barroso foi o primeiro pelo afastamento
de Aécio Neves do Senado. Apesar de afirmar que "há indícios bastantes
suficientes da autoria e da materialidade neste caso" e fez um discurso
contundente contra a corrupção no País, afirmando que a Justiça não pode
ser condescendente com práticas que vêm sendo denunciadas pelo
Ministério Público Federal nas investigações desde o Mensalão até a Lava
Jato. Rosa Weber e Luiz Fux o acompanharam.
"Houve
inequivocamente e documentadamente a solicitação de 2 milhões de reais.
Houve, está documentado, conversa com Andrea Neves, a propósito deste
dinheiro, em que se falava que em relação a ele se procederia da mesma
forma como se procedera na campanha em 2014 para mascarar o recebimento
de dinheiro. Houve o depósito de dinheiro e a tentativa de ocultação de
sua origem. Houve igualmente documentado a conversa com Joesley Batista,
o agradecimento e a oferta de uma diretoria da companhia Vale do Rio
Doce. E houve menção a providências para embaraçar o curso da Lava Jato.
Não providências de natureza legislativa, porque essas eu entendo que
estão no âmbito da atuação de qualquer membro do parlamento. Mas
providências para conseguir a indicação de um delegado de confiança de
cada investigado para tocar a investigação", disse Barroso.
Aécio já havia sido afastado em maio por decisão do
relator original do caso, ministro Edson Fachin, mas a medida cautelar
foi revogada no fim de junho por Marco Aurélio Mello, que passou a ser o
relator. No julgamento, Mello votou por rejeitar os recursos da PGR e
manter as atividades parlamentares de Aécio Neves. Ele foi acompanhado
por Alexandre de Moraes.
Barroso, no entanto,
acrescentou no voto a imposição do recolhimento domiciliar noturno, que
já foi determinada pela própria Primeira Turma do STF em relação aos
demais investigados junto com o senador no caso, a irmã Andréa Neves, o
primo Frederico Pacheco e o assessor parlamentar Mendherson Lima.
"Grandeza"
O ministro Luiz Fux, que acompanhou Barroso, afirmou que Aécio Neves
deveria ter tido a grandeza de se licenciar do Senado, após a revelação
do caso da J&F, o áudio da conversa com Joesley Batista e a denúncia
da PGR.
"Imunidade não é sinônimo de impunidade. Um dos
pilares da Constituição é a moralidade no exercício do mandato. Aqui
houve desvio da moralidade no exercício do mandato", afirmou Fux.
"O homem público, quando exerce uma função em nome do povo, precisa
praticar atos de grandeza. Ele se despediu da presidência do partido,
seria muito mais lisonjeado se tivesse se despedido ali do mandato, se
licenciado, porque ali ele está representando a voz do povo. Foi eleito
pelo povo", disse.
"Isso tudo se resume num gesto de grandeza
que o homem público deveria adotar. Já que não teve, vamos auxiliá-lo,
se porte tal como deveria se portar, não só sair da presidência (do
PSDB), pedir licença, sair Senado, para poder comprovar à sociedade a
sua ausência de culpa no episódio que marcou de maneira dramática sua
carreira politica", disse Fux.
Defesa
A defesa de Aécio Neves afirma que "o senador Aécio Neves foi, na
verdade, vítima de uma grande e criminosa armação engendrada pelos
senhores Joesley Batista e Ricardo Saud em busca dos benefícios de uma
generosa delação".
Reunião realizada na surdina com a
presença do Alto Comando do Exército, em que se discutiu a possibilidade
de uma intervenção militar no País, revela que a voz do general Antonio
Hamilton Martins Mourão, com notas extremistas, não é isolada na
caserna. É preciso ficar alerta
EXTREMISMO
Bolsonaro (acima) capitaliza o discurso radical, que insinua intervenção
militar para se contrapor ao caos político, como fez o general Mourão
(abaixo à esq.)
Ilimar Franco, Bárbara Libório e Germano Oliveira
Segunda-feira, 11, às 9h, o ar estava seco e o tempo quente
em Brasília, a despeito de ainda ser inverno no País. Nesse exato
instante, o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, fazia a
abertura formal da 314ª reunião do Alto Comando do Exército, realizada
no Quartel General do Exército, em Brasília. O encontro, de cinco dias
de duração, foi convocado para discutir os problemas que afligem os
militares, entre os quais, a crise política do País e a falta de
recursos para manter soldados nas casernas e garantir as atividades
básicas da força, alvo de um significativo contingenciamento de verbas
do governo federal. Os generais que comandam as tropas nas principais
unidades do Exército demonstravam inquietação. Sentiam a necessidade de
se posicionar sobre a corrupção e a barafunda reinante nos poderes da
República. Mas a pauta, por assim dizer, foi extrapolada, ultrapassando
as fronteiras do razoável. PASTEL SEM RECHEIO Preferido
do militares, Bolsonaro cresce nas pesquisas em meio ao clima
anti-estabilishment, mas falta-lhe substância (Crédito:LINCON ZARBIETTI )
Na surdina, a cúpula do Exército pôs em debate ali o que o general
Antonio Hamilton Martins Mourão ecoaria dias depois, mais precisamente
na sexta-feira 15, durante um evento da Loja Maçônica Grande Oriente:
uma eventual necessidade de uma intervenção militar no País, “diante da
crise ética e político-institucional”. Ou seja, Mourão não falava
sozinho nem havia cometido um arroubo imprevidente, quando defendeu a
solução radical tornada pública na última semana. Ele entabulou um
discurso, com tintas golpistas, respaldado por um encontro prévio do
Alto Comando do Exército. Não se trata de um foro qualquer. O colegiado é
o responsável pelas principais decisões do Exército. Estavam presentes
16 generais quatro estrelas, entre eles Fernando Azevedo e Silva, chefe
do Estado-Maior e Comandante Militar do Leste, cotado para substituir
Villas Bôas, prestes a encerrar seu ciclo no comando do Exército.
Compareceram também os demais seis comandantes militares, entre os quais
o da Amazônia, general Antonio Miotto, e o do Sul, general Edson Leal
Pujol. Fontes ouvidas por ISTOÉ, presentes à reunião, ponderam que não
estavam ali a fim de tramar um golpe militar, mas confirmam que o que os
motivou a realizar o encontro foi a preocupação com o ritmo acelerado
da deterioração do quadro político brasileiro. E, sim, deixam claro que,
se houver necessidade, estarão prontos “para uma intervenção com o
objetivo de colocar ordem na casa”. Ao invés de punir o general Mourão, o Comandante do Exército elogiou o colega: “Grande soldado”
Foi munido desse espírito que Mourão desembarcou na maçonaria. O
encontro teve início às 20h de sexta-feira 15. Lá, ele disparou a
metralhadora giratória sem maior cerimônia. Disse que seus “companheiros
do Alto Comando do Exército entendiam que uma intervenção militar
poderá ser adotada se o Judiciário não solucionar o problema político”,
referindo-se à corrupção. Pediu a “retirada da vida pública desses
elementos envolvidos em todos os ilícitos” e advertiu que “vai chegar um
momento em que os militares terão que impor isso (a intervenção militar
na política)”. E, por fim, acrescentou: “O que interessa é termos a
consciência tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos, de
qualquer maneira, atingir esse objetivo. Então, se tiver que haver,
haverá (ação militar)”, pregou Mourão.
A fala do general provocou o maior alvoroço no País. Apesar disso, em
entrevista na noite de terça-feira 19 ao jornalista Pedro Bial, da TV
Globo, Villas Bôas foi taxativo: “Punição não vai haver. Essa questão já
está resolvida internamente”, disse o comandante, acrescentando: “A
maneira como Mourão se expressou deu margem a interpretações amplas, mas
ele inicia a fala dizendo que segue as diretrizes do comandante”. Ainda
chamou Mourão de “um grande soldado, uma figura fantástica”. E ateou
ainda mais lenha à fogueira ao dizer que “a Constituição concede às
Forças Armadas um mandato para intervir se houver no País a iminência de
um caos”. Não é verdade. De acordo com o artigo 142 da Constituição, as
Forças Armadas podem agir, desde que “sob a autoridade suprema do
presidente da República”. Em nenhum lugar da Carta Magna está escrito
que o caos confere um “mandato” para atuar à revelia do presidente. O
que Villas Bôas deveria ter feito, e não o fez, foi punir o subordinado.
Claro, quando a existência de uma reunião prévia com a participação
do Alto Comando do Exército vem à tona, tudo faz mais sentido. Como é
que o Comandante do Exército, o general Villas Boas, poderia aplicar uma
sanção a um subalterno que tornou público um dos cenários debatidos num
encontro em que ele mesmo estava presente, participou da abertura dos
trabalhos e comandou as discussões? Não poderia, evidente, e, por isso,
não puniu. Em audiência no dia seguinte, o ministro da Defesa, Raul
Jungmann, defendeu ao menos uma reprimenda pública a Mourão, ao que o
comandante do Exército de novo resistiu. Ficou combinado apenas que
Villas Bôas conversaria com o subordinado para deixar claro que a voz
oficial do Exército é a dele e de mais ninguém. Coube aos comandantes
militares da Marinha, Exército e Aeronáutica defender publicamente, por
meio de comunicados, o respeito à Constituição, aos poderes constituídos
e aos princípios democráticos.
Mero formalismo. Embora não lidere nenhum movimento de insurreição
militar, o general Mourão conta com amplo apoio não só do comando do
Exército, como da tropa. No início da semana, o coronel Muniz Costa
distribuiu para um grupo de companheiros de farda uma carta sob o título
“Do que falou o General”. Nela, promoveu uma contundente defesa do
general: “Quando um general de quatro estrelas afirma que o Exército tem
planejamentos para atuar na eventualidade de uma falência das
instituições nacionais, num momento que o País enfrenta a mais grave
crise em mais de cinquenta anos, as cassandras do ‘pseudolegalismo’ se
agitam”, afirmou. O primeiro comandante da Força de Paz no Haiti (2004),
general da reserva Augusto Heleno, seguiu na mesma toada.“Meu apoio
irrestrito ao respeitado chefe militar (Mourão). É preocupante o
descaramento de alguns políticos, integrantes da quadrilha que derreteu o
País, cobrando providências contra um cidadão de reputação intocável”.
Outro que demonstrou estar no mesmo compasso de Mourão foi o general de
Brigada Paulo Chagas. A seu grupo de amigos nas redes sociais afirmou
que num cenário de um caos total, os militares não poderiam ficar
“inertes aguardando ordens”. O presidente da Associação de Oficiais da
Reserva do Distrito Federal, o tenente Rômulo Nogueira, foi além, ao
divagar sobre uma eventual queda de Temer. “Quem assume? O rapazinho lá,
não sei o quê Maia. Será que ele teria pulso forte para dar uma ordem?
Num clamor, numa desordem, alguém tem de tomar conta da casa”.
A população minimamente instruída precisa ficar alerta a
manifestações dessa natureza. Pouco importam os panos quentes manuseados
pelos militares, ao longo dos últimos dias, para abafar o
indisfarçável. É inadmissível qualquer vestígio, rastro ou laivo capaz
de representar uma chance mínima que seja de retrocesso de 53 anos na
história do País. A retrospectiva histórica ensina: militar não tem de
se arvorar a fazer política. Cabe constitucionalmente às Forças Armadas a
garantia da ordem interna e das fronteiras. Quando os militares se
meteram a fazer política, pela última vez, mergulharam o País em 21 anos
de trevas, os quais não podemos esquecer para que jamais novamente
aconteça. FILME REPETIDO
Em 2015, o mesmo Mourão havia sido afastado do Comando Militar do Sul,
em Porto Alegre, depois de tecer críticas a presidente Dilma, dizendo
que seu governo era corrupto e incompetente – o que não constituía uma
mentira, por óbvio. Mas tratava-se de uma insubordinação. Punido, Mourão
foi transferido para Brasília, onde assumiu o cargo de Secretário de
Finanças do Exército, sua atual função, uma das mais importantes na
força. Por isso, as perguntas que mais circulavam em Brasília na última
semana eram: o que aconteceria agora? O general perderia o cargo e seria
preso por pregar uma intervenção militar no País? Seria repreendido?
Nem uma coisa, nem outra.
Pelo sim, pelo não, a ordem unida no Planalto é de baixar a bola. Na
verdade, desde que assumiu o poder, o presidente Michel Temer evitou
criar embaraços às Forças Armadas. Por exemplo, bastou um ranger de
dentes para que os militares fossem retirados da reforma da Previdência.
Depois de uns muxoxos, também ficaram imunes à proposta de congelamento
dos salários dos servidores federais. De outro lado, não convém
desconsiderar que prevalece entre setores da caserna o espírito
corporativista. Apesar de o governo tê-los poupado de eventuais
maldades, há uma espécie de sentimento de sabotagem ao estado de penúria
experimentado pelas Forças Armadas desde 2012 pelo menos. Nos últimos
cinco anos, o Orçamento despencou de R$ 17,5 bilhões para R$ 9,7
bilhões.
Em geral, as insatisfações são ecoadas por militares, da ativa e da
reserva, por ‘WattsApp’. Pelas redes privadas, formam grupos de
comunicação direta, trocam informações e opiniões. É por elas que
circulam as críticas pela falta de verbas, como também todos os passos
do candidato do coração da caserna: o deputado Jair Bolsonaro (PSC). Os
militares constituem a principal base eleitoral do capitão da reserva do
Exército, que já anunciou sua pré-candidatura à presidência da
República em 2018. Pelas recentes pesquisas, ele figura em segundo
lugar. Por frases como “soldado meu que vai à guerra não senta no banco
dos réus”, Bolsonaro frequentemente é ovacionado por seus seguidores
abnegados em discursos pelo País afora. “Não se faz democracia aceitando
a corrupção por governabilidade. Reagir a isso é obrigação de qualquer
civil ou militar”, afirmou o parlamentar, ao comentar o discurso de
Mourão. Assim como o ex-presidente Lula, o deputado desperta amores e
ódios. Fala pouco, e admite parco conhecimento quando o assunto é
economia ou políticas públicas –, o que representa um grave defeito para
quem quer comandar os destinos do País –, mas provoca aplausos na mesma
intensidade das vaias quando discorre sobre direitos humanos, tortura e
comunismo. Constantemente comparado a Donald Trump, Bolsonaro é o
pré-candidato com o qual ninguém sabe como lidar, ao menos por ora. ELE NÃO ESTÁ SÓ
Quando o general Mourão (à esq.) diz que os militares podem fazer uma
intervenção na política, o radicalismo se exacerba (Crédito:Divulgação)
Para manter aquecida sua tropa eleitoral, em suas quase três décadas
na Câmara, o deputado dedicou-se a atender os interesses de militares e à
área de segurança pública. Aprovou apenas dois projetos de lei: um que
estendia o benefício de isenção do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para bens de informática, e outro na área de
saúde, que autorizava o uso da chamada pílula do câncer, a
fosfoetanolamina sintética. Questões que deverão estar no centro dos
debates em 2018, como os rumos da política econômica do País, parecem
não ser uma prioridade para o militar da reserva. “Um País violento não
tem economia. Eu, por exemplo, raramente vou sair para comer uma pizza à
noite na Barra da Tijuca”, afirmou o deputado recentemente, depois de
reclamar da insegurança no Rio, onde mora. Em três décadas na Câmara, o deputado Jair Bolsonaro aprovou apenas dois projetos INDISCIPLINA
Apesar de Bolsonaro ser um proverbial entusiasta da ordem, sua
carreira no Exército não foi isenta de atos de indisciplina. Em 1987,
segundo documentos do Superior Tribunal Militar divulgados pela “Folha
de S.Paulo” recentemente, o então capitão foi acusado por cinco
irregularidades e teve que responder a um Conselho de Justificação
formado por três coronéis: ele escreveu um artigo para a revista “Veja”
pedindo aumento salarial para a tropa, sem consultar seus superiores.
Meses depois, a mesma publicação afirmou que ele e outro oficial haviam
elaborado um plano para explodir bombas-relógio em unidades militares do
Rio. Os superiores de Bolsonaro chegaram a avaliá-lo como dono de uma
“excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”. Isso
porque em 1983, o na época tenente, com 28 anos, “deu mostras de
imaturidade ao ser atraído por empreendimento de ‘garimpo de ouro’”.
Segundo seu superior, coronel Carlos Alfredo Pellegrino, Bolsonaro
“tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no
que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo
dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e
equilíbrio na apresentação de seus argumentos”.
Para o cientista político e professor da Unesp, Marco Aurélio
Nogueira, apesar da popularidade atual, “Jair Bolsonaro tem essa força
demonstrada agora porque o caos está instalado, mas quando outros
candidatos se lançarem ele deve perder gordura”, aposta. O fato é que,
independentemente de como marchará Bolsonaro, os militares – sob sua
influência ou não – sacudiram o País nos últimos dias. Se o diabo mora
nos detalhes, ele começou a se insinuar inadvertidamente. E sem ser
admoestado. Faltou pulso firme ao governo, ao mesmo tempo em que sobrou
irresponsabilidade à caserna. Em qualquer democracia do mundo deve haver
espaço para ideais de todos os espectros políticos. E isso é salutar
para o processo democrático. Mas não há dúvida de que o flerte com o
radicalismo – à direita ou à esquerda – é o mais perverso dos caminhos,
ao nos remeter a tempos que acreditamos ter ficado definitivamente para
trás. O Mourão de hoje e o Mourão de ontem Crédito: Jorge Couri
Não é essa a primeira vez que um sobrenome Mourão aparece na história
política brasileira, de farda e com quatro estrelas nos ombros – ou
seja, estamos falando de um general do Exército. Não é essa a primeira
vez que um general Mourão fala mais do que o bom senso tolera, e mais,
muito mais, do que as regras de sua instituição permitem. Trata-se,
aqui, de Antonio Hamilton Martins Mourão e de Olímpio Mourão Filho. O
primeiro é atual, está na ativa e conseguiu ser notícia porque insinuou
na maçonaria que as Forças Armadas podem atropelar a democracia se assim
cismarem. O segundo Mourão foi ideolólogo e hábil operador de um
trágico passado: o golpe de 31 de março de 1964 que rasgou a
Constituição, apeou do poder o presidente João Goulart e mergulhou o
País na noite de vinte e um anos de ditadura militar. Não é essa a
primeira vez que um sobrenome Mourão aparece na história política
brasileira, de farda e com quatro estrelas nos ombros – ou seja, estamos
falando de um general do Exército. Não é essa a primeira vez que um
general Mourão fala mais do que o bom senso tolera, e mais, muito mais,
do que as regras de sua instituição permitem. Trata-se, aqui, de Antonio
Hamilton Martins Mourão e de Olímpio Mourão Filho. O primeiro é atual,
está na ativa e conseguiu ser notícia porque insinuou na maçonaria que
as Forças Armadas podem atropelar a democracia se assim cismarem. O
segundo Mourão foi ideolólogo e hábil operador de um trágico passado: o
golpe de 31 de março de 1964 que rasgou a Constituição, apeou do poder o
presidente João Goulart e mergulhou o País na noite de vinte e um anos
de ditadura militar. Mourão, não o Antonio boquirroto do presente, mas o
Olímpio silencioso e golpista do passado, atravessou a vida
conspirando. A rigor, 1964, para ele, foi a decorrência lógica do que
começou a aprontar na década de 1930. Eis um registro marcante: como
dirigente máximo do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (que
tinha o fascismo enquanto discurso e Plínio Salgado enquanto boca), o
general Mourão Filho arquitetou o mentiroso Plano Cohen, segundo o qual o
Partido Comunista Brasileiro se preparava clandestinamente para golpear
as instituições. A consequência imedata foi a decretação, por Getúlio
Vargas, da ditadura do Estado Novo. Colaborou Eliane Lobato
A uva que produz os vinhos cujo consumo mais cresce no País é também responsável por uma inédita safra de prêmios internacionais
FAMÍLIA UNIDA
Benildo Perini (de chapéu), entre a mulher Maria do Carmo e os filhos
Pablo e Franco: oito produtos derivados de moscatos e uma coleção de
prêmios (Crédito: Eduardo Benini )
Celso Masson, de Farroupilha (RS)
A excelente fase da produção de espumantes no Brasil foi
confirmada em agosto durante o concurso internacional Vinus 2017, em
Mendoza, Argentina. Na avaliação, que integra o “Ranking Mundial Wine
2017”, mais de 450 amostras de 17 países foram degustadas por um grupo
de 42 jurados, dos quais três brasileiros. O resultado não poderia ser
melhor: o Brasil conquistou 51 medalhas, das quais doze na categoria
“Ouro Duplo”, atribuída a bebidas com 92 pontos ou mais. Apenas uma das
amostras brasileiras que atingiram tal pontuação correspondia a um vinho
tinto — o Bueno Paralelo 31, produzido na Campanha Gaúcha pela vinícola
do locutor e apresentador de TV Galvão Bueno. Os demais eram todos
espumantes, seis deles produzidos com uvas moscatéis. O resultado
surpreendeu a crítica especializada, mas não os produtores, que têm
empreendido esforços louváveis para qualificar as bebidas que resultam
das uvas da família dos moscatos — uma das mais populares em todo o
mundo. Cultivada do Oregon, nos EUA, à Austrália, essa casta antes pouco
valorizada no Brasil produz uma ampla variedade de bebidas icônicas, do
clássico frisante Moscato D’Asti, na Itália, ao fortificado Moscatel de
Setúbal, em Portugal.
Responsável por 50% da produção nacional dessa uva, a cidade de
Farroupilha, no Rio Grande do Sul, promove no mês setembro o Festival do
Moscatel, que este ano chegou à sétima edição. O evento faz parte da
estratégia adotada pela atual gestão municipal para tornar a cidade
conhecida por suas uvas. “Estamos aguardando para os próximos 30 a 40
dias a outorga, pelo Governo Federal, do título de capital nacional do
moscatel”, diz o prefeito Claiton Gonçalves (PDT). Investir na promoção
da uva mais identificada com as tradições locais não é apenas marketing —
e nem vem de hoje. Foi em 1875 que os primeiros imigrantes italianos se
estabeleceram em Nova Milano, hoje pertencente a Farroupilha, e deram
início ao cultivo de uvas viníferas europeias. ALTA PRODUÇÃO
A variedade rende em média três vezes mais que as outras viníferas e as
garrafas estocadas em adega: bebida leve e refrescante
(Crédito:Divulgação)Indicação de procedência
A vitivinicultura impulsionou a economia da cidade, reconhecida com a
Indicação de Procedência (IP) para moscatos. “A Indicação de Procedência
envolve uma cultura, uma saber fazer, uma tradição”, diz Jorge
Tonietto, pesquisador de Zoneamento da Embrapa Uva e Vinho. “As
diferentes regiões vitivinícolas têm suas tipicidades, que expressam as
características intrínsecas do produto”, afirma. A IP é o primeiro passo
para a Denominação de Origem (DO), conjunto de práticas de cultivo e
vinificação que garantem a excelência da bebida produzida e o
reconhecimento do mercado. Em busca de qualidade, os produtores da
região criaram em 2005 uma associação, a Afavin, hoje presidida pelo
enólogo João Carlos Taffarel, proprietário da vinícola Cave Antiga.
“Estamos qualificando nossos produtos e trabalhando com a Embrapa para
melhorar as práticas de produção”, diz Taffarel. Além de ter alta
produtividade por hectar plantado (quase o triplo das demais uvas
viníferas), a uva moscatel resulta em bebidas leves e refrescantes. “Com
pouco álcool, naturalmente adocicada e festiva, essa bebida pode
funcionar como uma porta de entrada para quem está se iniciando no mundo
do vinho”, afirma. Tanto quem apesar das dificuldades do setor no
Brasil, o moscatel vem mostrando uma tendência linear de crescimento em
termos de consumo. “Com pouco álcool, naturalmente adocicado e festivo, o espumante moscatel serve como porta de entrada para o vinho” João Carlos Taffarel, presidente da Afavin Divulgação
Enquanto a comercialização total de espumantes pelas vinícolas
brasileiras dobrou nos últimos dez anos, saltando de 8,5 milhões de
litros em 2007 para 16,8 milhões no ano passado, o consumo de espumantes
moscatéis triplicou: de 1,5 milhão para 4,4 milhões de litros. Entre as
vinícolas que lideram essa expansão está a Casa Perini, uma das cinco
maiores do País, com produção anual em torno de 12 milhões de litros.
Fundada em 1929, a empresa hoje produz a maior variedade de uvas da
família moscatel, caso da moscato branco, que hoje só existe no Brasil,
da moscato giallo, e dos moscateis de Alexandria e de Hamburgo. A
matéria-prima gera oito diferentes derivados, desde o suco de uva até o
vinho fortificado Éden, elaborado no estilo do Jerez espanhol a partir
do mosto de uvas que permaneceram 20 anos em barricas. A vinícola também
coleciona prêmios. Desde 2014, o rótulo Casa Perini Moscatel, vendido
na faixa acessivel de R$ 30, já conquistou seis medalhas de ouro, cinco
de prata e três de bronze em concursos dentro e fora do País, além de 90
pontos no prestigiado “Guia Descorchados”, do Chile. Voltado para
exportação, o Macaw Tropical Frisante, campeão da Grande Prova Vinhos do
Brasil em 2016, foi citado pela revista americana “Wine Enthusiast”
como um dos cinco moscatéis do mundo a serem provados por quem quer
conhecer o que de melhor essa uva pode produzir. “Meu pai sempre
enfatizou que o real valor da terra existe quando associado ao trabalho
árduo ao longo dos anos. É um legado que carrego e busco perpetuar”,
afirma o proprietário Benildo Perini, que hoje divide a condução da
vinícola com a mulher Maria do Carmo e os filhos Pablo e Franco.
Juiz Marcelo Bretas, da
7ª Vara Criminal Federal do Rio, impôs pesada punição ao ex-governador
na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato
O Dia
Rio
- A Justiça Federal no Rio condenou, nesta quarta-feira, o
ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) a 45 anos e 2 meses de prisão na
Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato. Cabral já está preso
desde novembro de 2016. Ele tem uma primeira condenação imposta pelo
juiz Sérgio Moro – 14 anos e 2 meses de reclusão, por corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. Ex-governador foi condenado a 45 anos de prisão
Rodrigo Felix Leal / Gazeta do Povo
“Principal idealizador dos esquemas ilícitos
perscrutados nestes autos, o condenado Sérgio Cabral foi o grande fiador
das práticas corruptas imputadas. Em razão da autoridade conquistada
pelo apoio de vários milhões de votos que lhe foram confiados, ofereceu
vantagens em troca de dinheiro. Vendeu a empresários a confiança que lhe
foi depositada pelos cidadãos do Estado do Rio de Janeiro, razão pela
qual a sua culpabilidade, maior do que a de um corrupto qualquer, é
extrema”, afirmou o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do
Rio, na sentença.
Adriana Ancelmo foi condenada a 18 anos e três
meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e de pertinência à
organização criminosa.
A nova condenação de Sérgio Cabral foi aplicada
pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio. O
Ministério Público Federal apontou corrupção e lavagem de dinheiro
usando obras do governo do estado que receberam recursos federais a
partir de 2007
A força-tarefa da Lava Jato, no Rio, apontou
fraudes sobre as obras de urbanização em Manguinhos (PAC Favelas),
construção do Arco Metropolitano e reforma do estádio do Maracanã para a
Copa de 2014.
Esta é a segunda condenação de Sérgio Cabral na
Lava Jato. Em junho, o juiz federal Sérgio Moro condenou a 14 anos e 2
meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
O
peemedebista foi acusado por propina de pelo menos R$ 2,7 milhões da
empreiteira Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, referente as obras do
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobrás. Com informações do Estadão Conteúdo
Por MP, empresas teriam ofertado R$ 6 milhões para o ex-presidente e o ex-ministro, Gilberto Carvalho
Estadão Conteúdo
Brasília
- O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília,
aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e colocou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva novamente no banco dos réus. O
petista vai responder pelo crime de corrupção passiva por, supostamente,
ter participado da "venda" da Medida Provisória (MP) 471, de 2009, que
prorrogou os incentivos fiscais para montadoras instalavas nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ex-ministro Gilberto Carvalho após depoimento na Operação Zelotes, onde também é investigado
Agência Brasil
O caso foi revelado em 2015 e investigado na
Operação Zelotes. Lula já é réu em outros cinco processos — sendo 3 na
Lava Jato, 1 na Zelotes e outro decorrente da Operação Janus. Em um
sétimo processo, no caso do triplex do Guarujá, o petista já foi
condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro. O
petista também já foi denunciado em outros dois casos provenientes de
investigações da Lava Jato.
Na denúncia, assinada pelos
procuradores Frederico Paiva e Hebert Mesquita, Lula, o ex-ministro
Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas foram acusadas de envolvimento em
corrupção para aprovação da MP 471, editada no segundo mandato do
ex-presidente A MP, transformada em lei no ano de 2010, prorrogou os
incentivos fiscais de montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste.
Segundo o MPF, a empresa Marcondes e Mautoni
Empreendimentos, do lobista Mauro Marcondes Machado, representava os
interesses da CAOA (Hyundai) e da MMC Automotores (Mitsubishi do Brasil)
e teria ofertado R$ 6 milhões a Lula e Carvalho. O dinheiro seria para
financiar campanhas do PT. Como prova dos repasses indevidos, o MPF
elencou uma série de troca de mensagens e anotações apreendidas com os
alvos da Zelotes.
Além de Lula e Carvalho, vão para o banco de
réus os lobistas Mauro Marcondes e Alexandre Paes dos Santos, o APS, o
ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva e os executivos das
montadoras Carlos Alberto de Oliveira Andrade e Paulo Arantes Ferraz.
Na
decisão, o magistrado argumenta que há elementos suficientes para a
abertura de uma ação penal. Para ele, está "demonstrada a
plausibilidade" das alegações contidas na denúncia em face da
"circunstanciada exposição dos fatos tidos como criminosos" e a
"descrição das condutas em correspondência aos documentos" levantados no
inquérito da Polícia Federal.
O juiz explicou ainda que a peça de
acusação atende aos requisitos do Código do Processo Penal, descrevendo
"de modo claro e objetivo" os fatos imputados aos denunciados.
"Assim,
nesse juízo preliminar, não vislumbro qualquer elemento probatório
cabal capaz de infirmar a acusação, sem prejuízo da análise
particularizada, com a eventual contraprova, quando poderá eventualmente
ocorrer absolvição sumária, se for o caso", escreveu Oliveira. Ele
fixou prazo de dez dias para as defesas apresentarem questões
preliminares e alegarem o que for de seu interesse, além de arrolarem
testemunhas.
Em outra ação penal da Zelotes, Lula responde por
tráfico de influência por, supostamente, ter oferecido seu prestígio a
empresas, com a promessa de viabilizar a compra de caças suecos pelo
governo de Dilma Rousseff e a edição de outra MP, a 627, de 2013, que
também beneficiou montadoras. O "serviço" teria sido pago com um repasse
de R$ 2,5 milhões da Marcondes e Mautoni Empreendimentos à empresa de
um dos filhos do ex-presidente. O pagamento também foi revelado pelo
Estado, em 2015.
Como os donos da JBS gravaram meia
República, se aproximaram do procurador-geral, urdiram um plano quase
perfeito, mas foram abatidos quando ousaram imaginar que estavam acima
da lei
A LEI É PARA TODOS Depois de afirmar que não seria preso, Joesley se entregou à PF ao ter prisão decretada pelo STF (Crédito: Adriano Machado)
Ary Filgueira
A carreira de delator do empresário Joesley Batista, dono da
JBS, um império que chegou a faturar R$ 170 bilhões por ano, é o que
podemos chamar de meteórica. Em apenas três meses, Joesley foi do céu ao
inferno na velocidade de uma flecha – artefato este que ficou na moda
após ser usado simbolicamente nas declarações do procurador-geral
Rodrigo Janot. O plano urdido com a colaboração dos membros graduados da
Procuradoria-Geral da República, como o próprio procurador-geral e seu
braço direito Marcello Miller, acabou fracassando, levando à prisão
Joesley, seu irmão Wesley e o executivo Ricardo Saud. Em maio, eles
posaram de malfeitores arrependidos que gravaram o presidente da
República confessando crimes, um ex-deputado correndo pelas ruas com uma
mala de R$ 500 mil e que delataram mais de 1.800 políticos por terem
recebido dinheiro sujo da empresa que administram. Pretendiam sair como
heróis, mas agora estão atrás das grades como dezenas de outros
empresários réus da Lava Jato. Amargam o encarceramento numa cela com 9
metros quadrados, sem janelas, sem chuveiro quente ou vaso sanitário,
precisando fazer as necessidades num buraco no chão chamado,
ironicamente, de “boi”. Na verdade, a vaca foi para o brejo. SE DEU MAL O empresário Wesley Batista foi preso sob acusação de ter manipulado o mercado financeiro (Crédito:Divulgação)
Durante o tempo em que Joesley permaneceu sob a salvaguarda da
Procuradoria-Geral da República, o País foi sacudido por uma hecatombe.
Munido de um gravador, como se agisse como um araponga, prestou-se a
gravar a República. Os áudios abalaram o governo, e, por último, jogaram
por terra a credibilidade do principal órgão acusador, no caso, a PGR.
No meio do caminho, houve a tentativa de tentar abalar a imagem da
Suprema Corte do país, sugerindo entre um gole e outro de bebida que
tinha na mão ministros do colegiado mais prestigiado do Poder Judiciário
brasileiro. Outro grampeado foi o ex-ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo. Tudo isso porque os Batista foram visitados pelo temor da
prisão. Mas o perigo não o deteve. Numa jogada de mestre, um dia antes
da divulgação da delação, em 16 de maio, vendeu na alta ações de seu
grupo de empresas do ramo de alimentos. O COMPLÔ
Além de Temer, Joesley teria gravado também o ministro do STF Gilmar
Mendes (esq.). Ao gravar o ex-ministro José Eduardo Cardozo (dir.), o
ex-procurador Marcello Miller (no meio) advertiu que isso daria cadeia
A Carne Fraca levou a JBS para dentro da Lava Jato e, por isso, a
irritação de Joesley fica clara no diálogo entre ele e Saud. “Eu queria
estar em frente do Janot e falar: ‘Janot, para. Isso é coisa de menino.
Uma operação idiota dessa”’, desabafou Joesley ao amigo e funcionário.
Fica claro que era uma farsa apresentar sua delação como espontânea.O
diálogo entre Josley e Saud foi gravado no mesmo dia em que a Polícia
Federal colocou na rua a Operação. No meio do tilintar provocado pelo
gelo no copo cheio de bebida, Josley prometia a todo momento a Saud que
ninguém seria preso. Até então, estava certo. Mais tarde se verificou
que sua confiança tinha o respaldo de autoridades do Ministério Público
Federal. O plano de Joesley teve início e consentimento da
Procuradoria-Geral da República. Na última semana, a PF concluiu que
Rodrigo Janot não só sabia que o ex-procurador Marcelo Miller trabalhava
para a JBS como tinha conhecimento que ele atuava no acordo de delação
premiada. Os indícios são mensagens trocadas por Miller com os
principais dirigentes da JBS. O ex-procurador participava de um grupo de
WhatsApp com os Batista e diretores da JBS. Os irmãos Batista amargam o cárcere numa cela com 9 metros quadrados, sem janelas, sem chuveiro quente ou vaso sanitário R$ 4,2 milhões para Miller
Uma das mensagens mais eloquentes foi enviada pelo ex-procurador na
quarta-feira 5 de abril. Aquele era o último dia de Miller no Ministério
Público Federal. Com sua demissão já registrada no Diário Oficial, ele
só precisava cumprir um período de férias atrasadas. Apesar disso, de
acordo com a PF, Miller já estava obedecendo às conveniências da JBS há
tempos. As trocas de mensagens revelam um Miller que ditava o ritmo e a
melhor maneira de os irmãos Batista se moverem nas tratativas com o
gabinete do procurador-geral da República, a fim de celebrar a delação.
Para atrair Marcelo Miller, Joesley lhe ofereceu ganhos que jamais o
procurador da República teria na carreira. Logo de início, a banca de
advogados para a qual Miller trabalharia quando se desligasse do MPF –
após a celebração do acordo de colaboração de Joesley e demais –
ofereceu a ele R$ 4,2 milhões em 36 parcelas de aproximadamente R$ 110
mil. O acordo bem-sucedido da JBS com o Ministério Público Federal
renderia ao escritório de Marcelo Miller R$ 27 milhões. Trench, Rossi e
Watanabe nega que isso tenha ocorrido.
Na segunda-feira 4, o procurador Rodrigo Janot deu o braço a torcer.
De forma comedida e econômica nas explicações, apresentou em coletiva os
motivos de mandar investigar se havia indícios de omissão de
informações dos irmãos Batista. Ao fazer isso, Janot se antecedeu à
Polícia Federal, que detinha em seu acervo de provas a gravação do
diálogo regado à bebida entre Joesley e Ricardo Saud, chamado
carinhosamente de Ricardinho, em que Joesley relata que Janot sabia da
armação orquestrada por seu companheiro de MPF Marcelo Miller. Janot
sentiu na pele o significado da frase bíblica: maldito é o homem que
confia no outro. Os movimentos de Joesley 1 Ao perceber que a
ameaça de cadeia era real, Joesley Batista faz contatos com o procurador
Marcello Miller para orientá-lo sobre como seduzir Rodrigo Janot a
fechar o acordo de delação 2 Com um gravador
escondido, Joesley grava o presidente Michel Temer em conversa no
Palácio do Jaburu na noite do dia 17 de março 3 Joesley vende ações da
JBS um dia antes da divulgação do áudio e do conhecimento público do
fechamento de sua delação, quando a cotação dos papéis da empresa
estavam em alta. As gravações foram tornadas públicas no dia 18 de maio.
No dia seguinte, as ações desabaram. Paralelamente, ele compra US$ 1
bilhão no mercado e lucra 9% da noite para o dia 4 Em outra frente, o
empresário grava a entrega de uma mala com R$ 500 mil para o assessor da
Presidência da República, Rodrigo Rocha Loures. O dinheiro seria para
Temer. Mas nunca chegou ao presidente 5 Joesley implicou o
presidente do PSDB, senador Aécio Neves, ao gravá-lo lhe pedindo R$ 2
milhões. O dinheiro foi entregue a um primo do senador, numa cena
filmada pela PF. A grana foi depositada numa empresa do senador Zezé
Perrella
Lula tentou agir com o juiz Sergio Moro
como se ainda estivesse em caravana pelo Nordeste, mas saiu como alguém
que caminha a passos céleres rumo a uma nova condenação
A CARAVANA DESGOVERNADA Réu em seis ações por corrupção, Lula especializou-se em jogar para a platéia (Crédito: Ricardo Stuckert )
Tábata Viapiana e Ilimar Franco
O ex-presidente Lula deve achar que o banco dos réus é um
puxadinho do sítio de Atibaia. Só pode. A caminho da segunda condenação
da Lava Jato, o petista entrou na nova audiência com o juiz Sergio Moro,
realizada na última quarta-feira 13, em Curitiba, a destilar
fanfarronices, como quem se sentisse em casa e jogasse para a plateia – a
dele, claro. Faltou colocar os pés sobre a mesa. Foi agressivo com o
juiz, a quem desafiou, questionando sua imparcialidade, chamou uma
procuradora de “querida”, como se fosse alguém que privasse de sua
intimidade, e quis discutir com Moro a condenação a nove anos e meio de
prisão no caso do tríplex do Guarujá. “Posso olhar na cara dos meus
filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz
imparcial?”, indagou. Moro afirmou que não cabia a Lula fazer aquele
tipo de pergunta, “mas de todo modo, sim”. “Não foi isso que aconteceu
na outra ação”, retrucou o petista, ao que Moro respondeu: “Não vou
discutir a outra ação. A minha convicção é que o senhor era culpado”.
Lula chegou a elevar o tom de voz, mas não conseguiu dar explicações
sobre os fatos pelos quais é acusado, numa ação por corrupção e lavagem
de dinheiro: receber da Odebrecht um terreno para o Instituto Lula e
ganhar de presente uma cobertura ao lado da sua em São Bernardo do
Campo. Ao fim, atacou seu ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em
2005, quando Palocci era ministro da Fazenda, o petista chegou a
compará-lo a Ronaldinho, então astro do Barcelona.
Como sempre, Lula terceirizou responsabilidades. Ao dizer que a
cobertura não é sua, e que pagava aluguel por ela, o ex-presidente não
soube explicar por que não tinha pago os alugueis. De novo, jogou nas
costas da mulher Marisa Letícia, morta em fevereiro, a culpa por ela não
ter pago os alugueis. Disse que o apartamento foi alugado por sua
falecida esposa e que era ela quem cuidava desse tipo de coisa. “Em 76,
abri uma conta conjunta com a dona Marisa para ela administrar a casa.
Passei quase 30 anos sem assinar um cheque, porque a dona Marisa fazia
tudo. Foi ela que fez esse contrato”, disse Lula. Quanto à compra do
terreno, afirmou que era tarefa de Paulo Okamotto, presidente do
Instituto Lula. Pressionado por acusações de delatores e colegas de
partido de peso, como seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, Lula
partiu para o confronto aberto. “Se o Palocci não fosse um ser humano,
seria um simulador. É frio e calculista”. O ex-presidente foi acusado
por seu antigo braço direito de agir, ao lado da ex-mandatária Dilma
Rousseff, para frear a Lava Jato, além de fazer um pacto de sangue com
Emílio Odebrecht para o recebimento de propinas. TRAMA Lula e Dilma fizeram conluio para frear a Lava Jato (Crédito:Ueslei Marcelino/Reuters)Lula divide a esquerda
À medida que as ações da Lava Jato avançam, menores são as
possibilidades de Lula disputar as próximas eleições presidenciais. Com o
ex-presidente cada vez mais isolado, os petistas se preparam para
enfrentar o eleitorado sem pai nem mãe. O próprio Lula acredita que pode
ser carta fora do baralho e, na sua recente caravana pelo Nordeste,
levou à tiracolo o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, “plano B”
do PT. “Sem o Lula, a eleição será menos passional”, aposta Basileo
Margarido, da REDE.
Marina Silva, em 2014, já atraiu para si parcela do eleitorado da
antipolítica, agora espera canalizar ainda mais o voto do inconformismo.
Quem também aposta em ocupar parcela do espaço que seria de Lula é o
candidato do PDT, Ciro Gomes. Os trabalhistas acreditam que há uma
tendência natural de unidade do Nordeste com Ciro.
Já a esquerda radical acredita que herdará parcela do eleitorado que
ficou desencantado com o caminho adotado pelos petistas. Esse é o caso
de Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), que pode ser candidato pelo PSTU. “O projeto lulista se
esgotou”, sentencia o deputado do PSOL, Chico Alencar, que trabalha para
construir uma candidatura alternativa. Uma prova cabal e irrefutável do
isolamento petista é que o PCdoB, um apêndice do PT desde 1989, pode
até lançar candidatura própria. Cogita nomes como o do ex-ministro Aldo
Rebelo. Que fase. Uma prova inegável
Documentos encontrados pelo Ministério Público no sistema Drousys da
Odebrecht indicam que pelo menos R$ 3,1 milhões dos R$ 12,4 milhões
pagos por um imóvel para o Instituto Lula saíram do “departamento de
propinas” da empreiteira. Os pagamentos foram feitos no exterior,
através de empresas offshores ligadas a um ex-diretor da construtora. O
sistema Drousys é um dos servidores usados pela Odebrecht para efetuar
os pagamentos ilícitos.
No Drousys, os repasses aparecem registrados como “Prédio IL”, que
seria uma referência ao Instituto Lula. Essa anotação é uma ligação
direta do ex-presidente com as contas da Odebrecht fora do país. A
partir disso, será possível rastrear eventuais pagamentos de propina a
Lula. O Drousys, servidor localizado em Estocolmo, na Suécia, tem
1.781.624 arquivos, totalizando 2,67 terabytes de dados distribuídos em
quatro discos rígidos. São e-mails, planilhas, comprovantes de
pagamentos e outros arquivos e documentos que atestam os ilícitos
praticados pela Odebrecht, e acima de tudo, os beneficiários das
propinas milionárias.
Após o interrogatório do ex-presidente, o juiz passou a ouvir Branislav Kontic, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci
Estadão Conteúdo
Curitiba
- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não respondeu a todas as
perguntas durante audiência nesta quarta-feira, frente a frente com o
juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O petista foi
interrogado em ação penal sobre supostas propinas da Odebrecht.
A
audiência de Lula durou mais de duas horas. O primeiro a questionar o
ex-presidente foi Moro. Em seguida, vieram o Ministério Público Federal e
as perguntas da defesa.
Ex-presidente Lula chega em Curitiba para prestar depoimento a Sérgio Moro
AFP
Após o interrogatório do ex-presidente, Moro
passou a ouvir Branislav Kontic, ex-assessor do ex-ministro Antonio
Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma).
Lula é réu
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a
empreiteira e a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal os
repasses ilícitos da Odebrecht chegaram a R$ 75 milhões em oito
contratos com a estatal. O montante, segundo a força-tarefa da Lava
Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e
cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo de R$
504 mil.
Na semana passada, Palocci rompeu o silêncio, fez um
relato devastador e entregou o ex-presidente, a quem atribuiu
envolvimento com o que chamou de "pacto de sangue" com a empreiteira
Odebrecht que previa repasse de R$ 300 milhões para o governo petista e
para Lula.
Além do ex-presidente e de Branislav Kontic,
ex-assessor de Palocci, também respondem ao processo o próprio
ex-ministro, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula - que será
interrogado na quarta-feira, 20 -, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e
outros três investigados.
Lula já foi condenado na Lava Jato. Em
julho, Sérgio Moro aplicou uma pena de 9 anos e seis meses de prisão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao petista no caso tríplex.
Há
ainda, sob a tutela da Lava Jato no Paraná uma terceira ação penal. O
ex-presidente é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em
obras do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. Este processo
poderá colocar Lula e Moro frente a frente pela terceira vez na Lava
Jato.
Esquema de propinas para liberação de licenças foi revelado nesta terça
Bruna Fantti
Rio
- O secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), coronel Ronaldo
Alcântara, em reunião com o governador Luiz Fernando Pezão pediu
exoneração do cargo no fim da tarde desta terça-feira, após a operação
Ingenium.
O atual subcomandante-geral e chefe do Estado-Maior
Geral, coronel Roberto Robadey, responderá pelo comando da corporação,
bem como pela secretaria de Estado de Defesa Civil, por determinação do
governador. O coronel Ronaldo Alcântara, comandante dos bombeiros e secretário de Defesa Civil, pediu exoneração após escândalo de propinas
Divulgação
Nesta terça-feira, 34 bombeiros, incluindo
oficiais, foram alvo de operação com base em escutas telefônicas que
comprou esquema de propinas para liberação de estabelecimentos para
eventos. O Estádio Giulite Coutinho, em Edson Passos, na Baixada
Fluminense, teria sido envolvido no esquema. O estádio pertence ao
America, mas foi usado pelo Fluminense.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança, os
acusados de participar do esquema de corrupção se aproveitavam da
autoridade de bombeiro militar para fiscalizar os estabelecimentos. A
intenção era levar os proprietários a negociar pagamento de propina em
troca de não serem notificados e multados.
Os bombeiros emitiam um
laudo de exigências citando todos os requisitos de segurança para
incêndio e pânico. Em troca de propina, os bombeiros emitiam o documento
que atestava o cumprimento exigências, apesar de não serem cumpridas.
Inquérito policial citou que o presidente tinha o poder de comando no grupo batizado de "quadrilhão do PMDB"
Em nota, Michel Temer lamentou "insinuações descabidas" que tentam "denegrir a honra e a imagem"
Brasília. A Polícia Federal concluiu, ontem, um
inquérito instaurado sobre integrantes do PMDB e considerou que há
indícios de crimes cometidos pelo presidente Michel Temer e outros
membros do partido. Também foram implicados no relatório os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da
Presidência) e os ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e
Henrique Eduardo Alves -os três últimos estão presos em decorrência de
diferentes investigações da PF. O alvo do inquérito são políticos do
PMDB da Câmara dos Deputados.
Para a Polícia Federal, os integrantes da cúpula do partido se
organizaram com o objetivo de obter "vantagens indevidas" na
administração pública direta e indireta. Entre os crimes atribuídos ao
grupo, estão corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em
licitação e evasão de divisas.
O relatório afirma que Temer tinha poder de comando no grupo e utilizou terceiros para executar tarefas sob seu controle.
"Ao lado de Eduardo Cunha, os elementos analisados nos autos demonstram
que o presidente Michel Temer possui poder de decisão nas ações do
grupo do 'PMDB da Câmara', tanto para indicações em cargos estratégicos
quanto na articulação com empresários beneficiados nos esquemas, para
recebimento de valores, sob justificativa de doações eleitorais", diz a
PF. 'Divisão de tarefas'
O relatório afirmou que, como toda organização criminosa, há "divisão
de tarefas", e Temer tem em Padilha, Moreira Geddel prepostos, em
situações como a "captação de recursos da Odebrecht e OAS (concessão dos
aeroportos)". "De forma consistente, foi apontado como uma das figuras
centrais beneficiadas em pagamentos pelo grupo JBS, inclusive com
possível recebimento", afirma o relatório. A PGR (Procuradoria-Geral da
República) deve apresentar nova denúncia contra Temer ainda nesta
semana, que é a última de Rodrigo Janot à frente da instituição.
O inquérito, apelidado de "quadrilhão do PMDB", deve oferecer subsídios para essa nova peça de acusação.
Ele teve origem em investigações da Operação Lava-Jato sobre supostas
irregularidades na Petrobras, mas apontou também influência do grupo
sobre a Caixa Econômica Federal.
Em julho passado, Janot pediu para ampliar o rol de investigados no
caso e citou suspeitas relacionadas a Temer. O ministro Edson Fachin, do
STF, respondeu, duas semanas depois, que a inclusão formal de
investigados era desnecessária.
O operador Lúcio Funaro, que se tornou delator, foi ouvido em junho e
fez acusações contra os peemedebistas. Disse, por exemplo, ter pago
"comissões", por empréstimos concedidos pela Caixa, a Geddel, que ocupou
uma vice-presidência do banco até 2013. Em junho, Temer foi denunciado
pela primeira vez por Janot, sob acusação de corrupção envolvendo a JBS,
mas a Câmara decidiu suspender o trâmite no dia 2 de agosto.
Na semana passada, a PGR denunciou cinco senadores do grupo conhecido como PMDB do Senado. Geddel
A PF relaciona, em relatório concluído ontem (11), o "bunker" do
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) com a atuação do grupo do PMDB na
Câmara.
Funaro havia afirmado em depoimento em junho que repassou R$ 20 milhões
de propina ao peemedebista em troca de aprovação de empréstimos na
Caixa Econômica Federal. A PF disse, então, que como os valores
encontrados no "bunker" superam a cifra citada por Funaro "faz inferir
que o saldo remanescente pode ter se originado de outros esquemas
ilícitos destacados ao longo do relatório, relacionados com a atuação do
grupo do PMDB na Câmara", diz trecho do documento.
"Inclusive envolvendo a ciência e participação do irmão de Geddel, o deputado Lucio Vieira Lima", completa.
Após a divulgação sobre as conclusões do inquérito policial , a
Presidência da República divulgou um comunicado, dizendo que Michel
Temer "não participou e nem participa de nenhuma quadrilha".
O ex-ministro jogou uma pá de cal sobre
o ex-presidente. Disse que ele fez um “pacto de sangue” com Emilio
Odebrecht para o recebimento de propinas: o sítio de Atibaia, um terreno
para o Instituto Lula, palestras a R$ 200 mil e uma conta com R$ 300
milhões
FIM DA LINHA Os crimes revelados por Palocci podem colocar Lula atrás das grades (Crédito: Bruno Santos/Folhapress)
Germano Oliveira
O mito Lula foi, definitivamente, destruído. Primeiro petista
a delatar o ex-presidente, o ex-ministro Antonio Palocci revelou que
Lula fez um “pacto de sangue” com o empreiteiro Emilio Odebrecht para
continuar a receber propinas da empreiteira mesmo depois de deixar o
governo. Em depoimento de duas horas ao juiz Sergio Moro, Palocci foi
demolidor ao revelar que no dia 30 de dezembro de 2010, no apagar das
luzes de seu governo, Emílio pediu que Lula garantisse que Dilma
Rousseff manteria as benesses para sua empresa no novo governo petista.
“Emílio Odebrecht abordou Lula no final de 2010. Não foi para oferecer
alguma coisa. Foi para fazer um pacto, que eu chamei de pacto de sangue,
que envolvia um presente pessoal, que era o sítio de Atibaia. Envolvia o
prédio do Instituto Lula pago pela empresa. Envolvia palestras pagas a
R$ 200 mil, fora impostos. E envolvia mais R$ 300 milhões à disposição
do ex-presidente para atividades futuras. E poderia ser até mais se
fosse preciso”, afirmou Palocci. Até petistas que tiveram acesso ao
depoimento de Palocci comentaram estupefatos: foi a pá de cal sobre
Lula. Crimes em série
Palocci, que está preso em Curitiba desde setembro do ano passado, foi
intimado por Moro para depor no caso em que ele e Lula são réus pelo
recebimento de R$ 75 milhões da Odebrecht em oito contratos com a
Petrobras. Nesse valor, segundo a Força Tarefa da Lava Jato, estão
incluídos R$ 12,5 milhões gastos na compra do terreno para o Instituto
Lula na Vila Mariana, em São Paulo, e R$ 504 mil usados na aquisição de
uma cobertura para Lula em São Bernardo do Campo, localizada ao lado de
sua atual residência. O ex-ministro chegou à audiência com Moro disposto
a entregar Lula e suas relações ilícitas com a Odebrecht. Falando
pausadamente e aparentando calma, Palocci detonou o ex-presidente já ao
responder a primeira pergunta feita por Moro sobre a compra do terreno
para o Instituto Lula. “As acusações são verdadeiras doutor Moro”. Ele
disse que chegou a alertar Lula de que esse negócio daria dor de cabeça.
Confirmou que ele foi o intermediário de uma doação de R$ 4 milhões da
Odebrecht para o Instituto Lula entre em 2013 e 2014, “para cobrir um
buraco nas contas do instituto”. RÉU CONFESSO Palocci confessou a Moro que ajudou Lula a cometer vários crimes (Crédito:Divulgação)
O ex-ministro confessou ter participado dos crimes atribuídos a Lula e
detalhou a relação ilícita existente entre a Odebrecht e os governos
Lula e Dilma. O ex-ministro se colocou como um interlocutor dos
interesses da empresa junto ao governo, tratando de todos os temas,
inclusive ilícitos. “A relação da Odebrecht com os Governos Lula e Dilma
sempre foi intensa, movida a vantagens e propinas”, disse. “Os fatos
narrados nesta denúncia dizem respeito a um capítulo de um livro um
pouco maior do relacionamento da Odebrecht com o governo do presidente
Lula e da presidente Dilma. Foi uma relação bastante intensa, bastantes
vantagens dirigidas à empresa, propinas pagas em forma de doação de
campanha, caixa 1 e 2, benefícios pessoais”, relatou Palocci. Pela
primeira vez, o ex-ministro reconheceu que a alcunha “italiano” nas
planilhas da Odebrecht se referia a ele. Por meio da conta “italiano”,
Palocci movimentou R$ 128 milhões. Ele garantiu, também, que Lula era o
“amigo” das planilhas, que chegaram a registrar, em 2012, um saldo de R$
40 milhões em nome do ex-presidente.
Em fase de negociação de acordo de delação premiada, Palocci
confessou também outro crime: que ele e Lula tramaram para obstruir as
investigações da Lava Jato. “Em algumas oportunidades, eu me reuni com o
ex-presidente Lula no sentido de buscar, vamos dizer, criar obstáculos à
evolução da Lava Jato”. O homem que sabe demais Palocci está preparando delação premiada e vai contar que:
> Ele é o “italiano” das planilhas da Odebrecht, que atribuíram a ele um total de R$ 128 milhões
> Lula é o “amigo” citado nas planilhas e chegou a ter uma conta
corrente no departamento de propinas da empreiteira com R$ 300 milhões
> Em 2012, o saldo dessa conta de Lula era de R$ 40 milhões
> Em 2009, a Odebrecht deu R$ 50 milhões em propinas para o PT em
troca de benefícios fiscais para a Brasken, pertencente ao grupo
> Em 2010, com a criação da Sete Brasil, destinada a fabricar as
sondas para a exploração de petróleo, Lula ganhou R$ 51 milhões
> A Projeto, empresa de consultoria de sua propriedade, foi usada
para o recebimento de propinas das empreiteiras. De 2006 a 2015, a
empresa movimentou R$ 107 milhões
Às vésperas de deixar o cargo, o
procurador-geral da República protagoniza um dos maiores vexames da
história e gravação feita por Joesley Batista mostra como foi armada a
delação premiada da JBS
Mário Simas Filho
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, passou os
últimos dois meses ameaçando ferir com flechas o governo de Michel Temer
e alvejar o próprio presidente. Às vésperas de entregar o cargo, porém,
na segunda-feira 4 Janot disparou aquela que poderá ser sua última
lança. O problema é que desta vez a flecha atingiu o arqueiro. Em
entrevista coletiva, o ainda procurador-geral comunicou que as delações
de Joesley Batista e de outros diretores da JBS, que paralisaram o País e
serviram de base para sua denúncia contra o presidente Michel Temer,
poderão ser anuladas, uma vez que foram resultado de uma armação entre
delatores e membros de seu próprio gabinete. Assim, o procurador que
esperava encerrar sua gestão como espécie de salvador da pátria,
implacável guerreiro no combate contra a corrupção e responsável por
denunciar mais de uma vez um presidente da República no exercício do
mandato, encerra seu ciclo à frente do Ministério Público de forma
melancólica e vexatória.
A prova da armação é uma gravação com diálogos entre o empresário
Joesley Batista e Ricardo Saud, executivo da JBS. Em aproximadamente
quatro horas de conversas debochadas, gravadas por eles mesmos, ambos
anunciam que vão dissolver o Supremo Tribunal Federal, comemoram a
impunidade que lhes fora outorgada a pedido da Procuradoria Geral da
República, revelam como as delações foram dirigidas pelo ex-procurador e
ex-braço direito de Janot, Marcelo Miller, e, finalmente, demonstram
que Janot sabia de tudo o que estava ocorrendo (leia os diálogos
gravados ao longo dessa reportagem). Para que não viesse a ser
denunciado por sua sucessora nas próximas semanas, o procurador-geral
foi obrigado a tornar pública a própria farsa. O PIVÔ DA ARMAÇÃO Alex Lanza/MPMG
A troca do Ministério Público Federal (MPF) pelo escritório de
advocacia Trench, Rossi & Watanabe proporcionou um salto astronômico
no orçamento do ex-procurador da República Marcelo Miller, que durante
três anos foi um dos principais assessores do procurador-geral Rodrigo
Janot. A transferência de Miller foi parecida com a de um jogador de
futebol. A banca de advogados ofereceu a ele R$ 4,2 milhões em 36
parcelas de aproximadamente R$ 110 mil — na PGR ganhava R$ 28,9 mil por
mês.
Com a divulgação dos novos áudios de uma conversa entre o dono da
JBS, Joesley Batista, e o diretor do grupo Ricardo Saud explica-se por
que o braço direito de Rodrigo Janot foi contratado a peso de ouro.
Miller foi escalado para influenciar Janot a fechar delação premiada dos
executivos da empresa. É o que afirmam os dois executivos da JBS nas
gravações feitas no dia 7 de março, quando Miller ainda era assessor de
Janot.
Antes de se desligar do MPF, em 5 de abril, Miller integrava o grupo
de trabalho recrutado por Janot para auxiliar nos trabalhos da Lava
Jato. Entre suas atribuições importantes, ajudou a fechar os acordos de
delação premiada do ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado e do
ex-senador Delcídio do Amaral — ambas questionadas e que podem ser
anuladas. Seus antigos pares no MPF já desconfiavam da sua dupla
jornada. Em um dos encontros com os membros do MPF que integravam a
Força-Tarefa e que antecederam o fechamento do acordo de delação dos
executivos da JBS, ele foi impedido de participar.
O acordo bem-sucedido da JBS com o Ministério Público Federal teria
rendido R$ 27 milhões ao escritório em que Marcelo Miller foi trabalhar
depois que largou a PGR. A Trench, Rossi e Watanabe nega que seja esse o
valor do contrato.
Em nota, Miller disse que não “cometeu qualquer crime ou ato de improbidade administrativa”. A DERRADEIRA ARMAÇÃO FALASTRÕES Joesley (foto) e o parceiro Saud: deboche contra o País derruba a inadequada impunidade que Janot ofereceu aos dois
Janot procurou se colocar diante dos brasileiros como uma espécie de
vítima, alguém que fora traído por um auxiliar que gozava de sua
absoluta confiança. Não é o caso. Janot, na verdade, foi mentor de toda a
farsa. De dezembro de 2014 até a penúltima semana, ISTOÉ publicou uma
série de reportagens (leia quadro na pág. 33) que demonstra como o
procurador-geral vinha operando no comando do Ministério Público de
forma nem um pouco republicana, em geral agindo em benefício do PT. O
ainda procurador-geral sabia que poderia ser desmascarado e agora ISTOÉ
revela como nas duas últimas semanas Janot tentou uma derradeira
armação. “Agride-se,
de maneira inédita na história do País, a dignidade institucional deste
Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes” Cármen
Lúcia, presidente do STFDesde que
o Senado aprovou a indicação da procuradora Raquel Dodge para comandar o
MP, as atividades do ainda procurador-geral — que têm desagradado a
Polícia Federal e parte da força tarefa da Lava Jato — vêm sendo
observadas com lupa pela equipe da futura procuradora- geral. Há cerca
de 20 dias, auxiliares diretos de Janot e advogados do grupo JBS fizeram
um espúrio acordo para tentar excluir a equipe da procuradora Raquel
Dodge da análise dos documentos que seriam entregues por Joesley. “Janot
preparou uma armadilha e acabou sendo vítima dela”, disse uma
procuradora próxima de Dodge na manhã da terça-feira 5. Foi uma
armadilha infantil. O prazo para a entrega dos documentos da JBS se
encerraria na quinta-feira 31 de agosto. Mas, como marotamente
combinado, os advogados da JBS pediram novo prazo e Janot concedeu mais
algumas semanas. Uma encenação para que a equipe de Dodge relaxasse a
“vigilância”. Os documentos, no entanto, foram entregues na noite da
própria quinta, quando Brasília já estava vazia, e os aliados de Janot
passaram o fim de semana analisando tudo, sem que os assessores de Dodge
estivessem por perto. A ideia era surpreender apresentando as “provas”
já editadas, criando uma saia justa para o presidente Michel Temer em
sua volta da China e pautando o noticiário durante do feriado. A
estratégia previa ainda que logo depois do feriado fosse encaminhada ao
Congresso e ao STF uma nova denúncia contra o presidente. Os trapalhões —
como tem sido chamado o grupo de Janot na PGR desde a semana passada —
só não contavam que as gravações contendo as inconfidências de Joesley
estivessem ali. “No domingo de manhã pensaram em dispensar as gravações,
mas a Polícia Federal já tinha o mesmo conteúdo”, lembrou um dos
procuradores ligados a Dodge. De fato, segundo um dos advogados que atua
para o grupo JBS, a gravação foi entregue porque a PF já tinha uma
cópia dela. REVIGORADOO presidente Michel temer ganha novo fôlego político com a trapalhada de Janot“Isso
tudo nos mostra que estão usando a delação premiada para outra
finalidade, para vingança política” Gilmar Mendes, ministro do STFREVIRAVOLTA
Ainda na China, o presidente Michel Temer e sua comitiva comemoraram a
flechada que Janot disparou contra o próprio peito. O advogado de Temer,
Antônio Claudio Mariz de Oliveira, foi ligeiro. Na quarta-feira 6
entrou com um pedido no STF solicitando que o ministro Edson Facchin,
relator da Lava Jato, determine a suspensão de nova denúncia ou de
outros inquéritos que Janot venha a pedir contra o presidente até que o
caso da delação armada seja esclarecido. “No presente caso, ou nos
demais que eventualmente possam surgir, a atuação parcial, conflitante e
passional de autoridades e o descrédito de colaboradores comprometerão a
higidez de qualquer processo, em verdadeira afronta ao Estado
Democrático de Direito”, escreveu Mariz. O criminalista voltou a pedir a
suspeição de Janot para atuar em processos contra o presidente.
No Congresso, a base aliada do Planalto avalia que o procurador-geral
sai extremamente enfraquecido depois da trapalhada de segunda-feira. A
animação é tamanha que muitos parlamentares e até ministros palacianos
entendem que será possível retomar o projeto de reforma da Previdência
ainda em 2017. “O Janot vacilou. Perdeu o passo. Entrou na curva a 120
KM por hora, quando deveria estar a 80. Agora não há a menor
possibilidade de ser aceita uma denúncia contra o presidente”, afirmou o
líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES). A hipótese
de a delação de Joesley vir a ser cancelada também foi muito bem vinda
entre os tucanos. “Isso tudo facilita a manutenção de nossa aliança e de
nossa participação no governo”, afirmou à ISTOÉ na manhã da
quinta-feira 7 um ministro do PSDB. Até mesmo na oposição, há a
convicção de que os ventos passam a soprar a favor do governo. “Não
sabemos dizer qual será o tamanho dos votos a favor do governo, mas
certamente o Planalto está muito mais forte depois dessa trapalhada do
Janot”, disse um senador petista. Fortalecida, a base aliada planeja
retomar a CPMI da JBS. O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) deverá ainda
essa semana apresentar uma série de requerimentos para que sejam feitos
depoimentos rapidamente. O primeiro a ser convocado deverá ser o
procurador-geral, Rodrigo Janot. “Janot
vacilou. Agora não há a menor hipótese de ser aceita nova denúncia
contra o presidente” Lelo Coimbra (PMDB-ES), líder da maioria na Câmara
A última flechada do ainda procurador-geral da República também
mobilizou o Judiciário, particularmente o STF, corte que o falastrão
Joesley Batista afirmou que iria dissolver. Segundo a presidente do
Supremo Tribunal Federal, ministra Carmén Lúcia, a revelação feita pelo
empresário “agride de maneira inédita a história do País”. Na noite da
terça-feira 5, a ministra determinou que o caso fosse investigado com
transparência e rapidez, para que não pairem dúvidas à sociedade sobre a
idoneidade da suprema corte. Na mesma noite, o empresário Joesley
Batista disse que a gravação, no que se refere aos ministros do STF não
passava de bravata. Os ministros do STF Gilmar Mendes e Luiz Fux também
foram enfáticos. “Isso tudo nos mostra que estão usando a delação
premiada para outra finalidade, para perseguição política”, afirmou
Mendes. Segundo o ministro, Janot “é o mais incompetente
procurador-geral a ocupar o cargo”. Na tribuna do STF na tarde da
quarta-feira 6, o ministro Fux foi incisivo: “Defendo que eles (Joesley e
Saud) troquem o exílio de Nova York por um exílio na Papuda”, afirmou.
Qualquer que venha a ser o resultado da investigação pedida pela
ministra Cármen Lúcia, juristas ouvidos por ISTOÉ na última semana são
praticamente unânimes ao afirmar que a delação da JBS deve ser cancelada
o mais rápido possível. Com isso, os empresários que na conversa
gravada zombam dos brasileiros ao afirmar que “nunca seriam presos”, que
deram o que Janot queria e assim salvaram a empresa, perderão os
privilégios obtidos. Até o fechamento desta edição na quinta-feira 7,
Joesley estava depondo na PGR. Havia a expectativa de que ele pudesse
ser preso ainda essa semana. A provável prisão dos delatores fanfarrões
certamente será aplaudida pela sociedade, que desde maio repudia os
benefícios dados a quem se locupletou com dinheiro público. Isso, no
entanto, não será capaz de repor os enormes prejuízos que o País teve
devido à armação de Janot. Na quarta-feira, o presidente Temer comentou
com um ministro palaciano: “Essa traquinagem do Janot atrasou o País em
quase um ano”. A amigos próximos, o presidente tem tratado o caso com
alguma ironia. “Ele (Janot) dizia que eu deveria conhecer o que fazia
meu assessor, o Loures. E elenão precisava controlar o Marcelo Miller?”
A armação feita em torno a delação da JBS deverá desencadear um
efeito cascata em anulação de delações, fazendo delatores perderem
benefícios e provas serem anuladas. Já estão sob questionamento as
delações de Sérgio Machado e Nestor Cerveró, ambas conduzidas de maneira
similar à de Joesley. Três anos de armações Reportagens
de ISTOÉ foram importantes para revelar as falcatruas de Janot. Desde
dezembro de 2014, a revista vem mostrando como o procurador-geral da
República conduz o Ministério Público Federal, tomando decisões de
acordo com seus próprios interesses. As reportagens revelam que para
ajudar o PT e atacar o presidente Michel Temer e sua base aliada, Janot
usou as delações premiadas com dois pesos e duas medidas, desagradando
boa parte da Força Tarefa da Lato Jato e seus próprios pares. Os
leitores mais assíduos da revista não ficaram tão surpresos que a
condução da delação da JBS não tenha passado de uma farsa. DELAÇÃO ARMADA
Na conversa gravada, Ricardo Saub e Joesley Batista revelam como a
delação da JBS estava sendo dirigida pela Procuradoria-Geral da
República Ricardo: O Marcelo (Marcelo Miller, ex-braço direito
de Janot na PGR) tem uma tarefa pra nós… O top é o Temer (presidente
Michel Temer). Acho que ele quer o Temer… Joesley: Vamos lá, vamos dar um passo atrás, na
minha cabeça, é assim: O Marcelo é do MPF. O Marcelo tem linha direta
com o Janot. Quando eu falo Janot, é Janot, Pelella (Eduardo Pelella,
chefe de gabinete de Janot)… Ricardo interrompe (inaudível) Joesley: É tudo a mesma coisa. É MPF. Como é o nome daquele outro? Cara… Ricardo: Janot, Pelella e aquele outro lá. Joesley: Ricardo, nós somos a joia da coroa deles
(Ministério Público). O Marcelo já descobriu e já falou para o Janot:
“Janot, nós temos o cara, nós temos o pessoal que vai dar todas as
provas que nós precisamos”. Ele já entendeu isso. A Fernanda (Fernanda
Tórtima, advogada) surtou porque a Fernanda entendeu que nós somos muito
mais e nós podemos muito mais. E aí até a Fernanda perdeu o controle.
Ela falou: ‘Nossa senhora, peraí, calma, o Supremo não, peraí, calma,
vai foder meus amigos’. Ricardinho, eu não vou conseguir te explicar e
te falar assim… Ricardinho, confia ni mim. É o seguinte: vamos
conversando tudo, nós vamos tocar esse negócio. Nós vamos sair lá na
frente, nós vamos sair amigo de todo mundo e nós não vamos ser presos.
Pronto. E nós vamos salvar a empresa”… “O JANOT SABE DE TUDO” Joesley diz para Ricardo que o procurador-geral sabia das
negociações feitas com seus auxiliares e das gravações que vinham sendo
dirigidas pela PGR Joesley: Eu acho que eu sei o que o Ministério
Público tá fazendo, o que o Anselmo (Anselmo Lopes, procurador da
República) está fazendo.. eu olho pra ele e digo “chefe, eu to
entendendo” … nós não vamos ser presos, sabe por que eu tenho certeza? Ricardo: Você entende pelo lado positivo de que vamos ter uma gravação… Joesley: Nada disso me surpreende, eu acho que estou
entendendo exatamente o que eles estão fazendo, e para mim, está tudo
normal… Eu, pra mim, estou entendendo o jogo.. vamos pensar: no dia que
eu liguei pro Anselmo, toda semana teve um bum bum bum básico.. tamo,
mas não tamo.. não teve nada contra nós, olha que engraçado.. Ricardo: Indireto. Joesley: Indireto, mas conosco não teve nada… Eu
posso estar completamente enganado, e eu não acho que eles estão fazendo
isso orquestradamente, mas eles estão fazendo isso achando que nós não
estamos entendendo, mas eu estou entendendo… quem não está entendendo,
tem pânico, eu estou entendendo e não tenho pânico. Posso estar num
LaLaLand, mas eu to vendo tudo e estou em paz, to achando que está tudo
certinho.
(Ruídos) Joesley: Pensa você no lugar do Janot, senta na
cadeira do Janot.. o Janot sabe tudo, a turma já falou com o Janot… não o
Marcelo, mas falaram para o Anselmo, que falou para o Pelella, que
falou pra não sei quem e o Janot está sabendo… aí o que o Janot fez?
Espertão, falou ‘bota pra fuder, põe pressão neles pra eles entregar
tudo, dá pânico neles, mas não mexe com eles”. MINISTROS DO STF Joesley e Ricardo planejam como usar o
ex-ministro José Eduardo Cardozo para gravar conversas que comprometam
ministros do Supremo Tribunal Federal Joesley: Pra chegar ao Supremo, a gente tem que
pegar o Zé (José Eduardo Cardozo). Eu falei isso para o Marcelo, tem que
pegar o Zé que o Zé entrega tudo. Ricardo: O cara falou que tem cinco… cinco…
ministros do Supremo na mão dele… Inclusive muitos conversados e outros,
não é só palavreado não, escrito tal… ele falou “cinco ele não tem não…
ele tem… ah só se eles, só se eles contam Lewandowski até hoje”… ele
falou, falei ah “daí eu não sei, não deu nome não”… Mas se contar
Lewandowski pode ser sim… (inaudível) falou assim lá pra mim “mas ele
tinha essa intimidade com a Dilma?”… “intimidade? eu vou te contar, eu
achei que os três tavam fazendo suruba” … porque ele falou da Carmen
Lúcia, (inaudível) da Carmen Lúcia que vai lá falar do (inaudível) com a
Dilma e tal, os três juntos, tal tal tal…. “ah então ele tem mesmo essa
intimidade?” Falei “não é mentira não”. Contei pra ele, falamos do
escritório, falamos da conta… Joesley: Que escritório? Que escritório? Ricardo: do Marco Aurélio… “VAMOS ENTREGAR O EXECUTIVO E O JUDICIÁRIO” Na gravação, Joesley e Ricardo traçam planos para entregar a
Janot gravações que comprometam o Planalto e o STF e citam o senador
Aécio Neves (PSDB-MG). Joesley: Eles (MPF) vão dissolver o Supremo. Eu vou
entregar o Executivo e você vai entregar o Zé (José Eduardo Cardozo) e o
Zé vai entregar o.. com o Zé, tem que ser na miúda, não tem que falar
mais nada com o Zé. Eu vou ligar direto pro Zé, chamar o Zé aqui e dizer
“você precisa trabalhar conosco, a gente tem que organizar o Supremo,
quem a gente tem no Supremo? Como é cada um?” Ricardo: Gravando? Joesley: Lógico, gravando. “Qual a influência que
você tem nesse e nesse? Esse filho da puta como que é? Como a gente
grampeia?”. O Zé vai entregar tudo. Porque a gente vai entregar dois, o
Judiciário e o Executivo só. O Legislativo já se fodeu, a Odebrecht já
moeu o Legislativo, nós vamos moer…” Ricardo: A não ser que o Zé entregue o Supremo inteiro. Joesley: O Zé vai entregar o Supremo…
Ricardo inaudível Joesley: Eu vou chamar o Zé, dizer “Zé, porra, a
casa caiu, eu preciso de você, vamos montar nossa tática de guerra aqui,
quem é quem aqui? O A é isso, o B é isso, o C é isso, por onde a gente
chega”… e a gente bota tudo na conta do Zé… nós só vamos precisar falar
de duas coisas”. Ricardo: Entrega o Temer, entrega o Zé, o Marco Aurélio. Joesley: E aí é tchau. Ricardo: Mas aí vamos pegar o Aécio né? Joesley: Mas esse já virou pequenas causas..
Ricardo: Virou lambari… (inaudível) partido das pequenas causas (inaudível) partido mais corrupto da República. “VAMOS SER A TAMPA DO CAIXÃO” Joesley e Ricardo combinam que devem ser os últimos a fazer
delação na Lava Jato. Ambicionam ser os responsáveis por colocar um
ponto final na história Joesley: Por isso eu quero nós dois 100% alinhados
com o Marcelo. Nós dois temos que operar o Marcelo direitinho pra chegar
no Janot. Eu acho.. é o que falei com a Fernanda, nós nunca podemos ser
o primeiro, nós temos que ser o último. Ricardo: Tampa do caixão. Joesley: Nós temos que ser a tampa do caixão. Falei.
“Fernanda, nós nunca vamos ser quem vai dar o primeiro tiro, nós vamos o
último tiro, quem vai bater o prego da tampa”. Ricardo: Vamos pegar o Aécio. Joesley: Mas aí ele ficou pequenininho (risos) não, nós vamos, falei só porque ele é bandidão mesmo. “A VERDADE NÃO OFENDE”
Joesley e Ricardo tentam se convencer de que os delatados não ficarão com raiva deles Joesley: Eu já aprendi na vida que a verdade dói, mas não ofende, sabia? Sabia que a verdade não ofende? Ricardo: inaudível. Joesley: A verdade, Ricardinho, a verdade dói, dói, o
cara fica puto, mas no fundo, no fundo, ele sabe o que ele fez. É
igualzinho eu. Eu não tenho raiva de nenhum desses caras. Se você falar
pra mim ‘você tem raiva do Cleto?’ Sabia que eu não tenho raiva do
Cleto? Juro pra você. O que ele falou é tudo verdade. Ricardo: Eu sei. Joesley: Ele falou, ele tava lá. Eu juro pra você
que não sinto raiva dele. O Cleto.. ele falou a verdade. A verdade dói,
mas não ofende… O cara mesmo vai cair a ficha, a culpa é minha, não é
dele não, fui eu que fiz. Ricardo, pega o Sérgio Machado. O Renan
esbraveja, todo mundo esbraveja, mas no final você acha que alguém tem
genuinamente raiva dele? Não tem. Ricardo: inaudível Joesley: O que eu to falando é o seguinte. A minha
aposta é a seguinte: nego vai espernear, e ficar preso, mas no final do
dia, coloca a cabeça no travesseiro. É igual o Lúcio que tá preso lá,
porque ele não delatou? Porque ele sabe o que ele fez, ele sabe. Ricardo: A única brecha que ele pegou é essa (inaudível) o único dinheiro que entrou foi esse, vai desmentir como? “CHANCE ZERO DE EU SER PRESO’ Joesley: Ricardo, não tem nenhuma chance. Nenhuma
chance. Sabe qual a chance de eu ser preso? Nenhuma. Zero. Não precisa
dar explicação nenhuma. Por que? Porque não vai. Não tem nenhuma chance.
Ta no Jornal Nacional. Zero. Porque no final, a realidade é essa. Nós
não vai ser preso (sic). Nós sabemos que nós não vai (sic). Vamo fazer
tudo, menos ser preso (sic)”
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/