Ao assinar decreto facilitando o acesso
da população às armas de fogo — por enquanto, apenas para a posse em
casa e em empresas —, Bolsonaro restitui o direito dos cidadãos de
decidir como se defender. A medida, porém, por si só pode não ser
suficiente para conter a criminalidade
USO DOMÉSTICO Com o decreto, os cidadãos poderão ter até quatro pistolas ou revólveres guardados em casa (Crédito: Divulgação)
Wilson Lima
Em
2017, quando ainda ensaiava os primeiros passos da sua candidatura à
Presidência, o então deputado federal Jair Bolsonaro postou um vídeo nas
redes sociais no qual se apresentava como uma espécie de garoto
propaganda do fuzil modelo T4, da indústria brasileira de armamentos
Taurus. Depois de elogios à arma, ele dizia: “Se eu chegar lá, você
brasileiro de bem em um primeiro momento vai ter isso aqui em casa [e
apontava para um revólver]. E você, produtor rural, vai ter esse aqui
[apontando para o fuzil que propagandeava].” Na quarta-feira 16,
Bolsonaro cumpriu o prometido ao assinar um decreto que flexibiliza a
posse de armas de fogo — e que, na prática, garante a qualquer
brasileiro maior de 25 anos a possibilidade de ter não somente um, mas
até quatro artefatos guardados em seu lar ou estabelecimento
empresarial. O texto é o primeiro passo para a desfiguração completa do
Estatuto do Desarmamento, que virou lei em dezembro de 2003.
Ainda que seja controversa a argumentação do governo de que o cidadão
de posse de uma arma tem melhores condições de proteger sua propriedade
e sua família da violência, Bolsonaro tem razão ao afirmar que esse era
um desejo da sociedade que até então se ignorava. O Estatuto do
Desarmamento previu um referendo, realizado em 2005, que perguntou à
população se a comercialização de armas de fogo e munições deveria ou
não ser vetada. E, embora a intenção do governo do então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva fosse claramente que a consulta confirmasse a
proibição, a população a rechaçou. “Como o povo soberanamente decidiu
por ocasião do referendo de 2005, para lhes garantir esse legítimo
direito à defesa, eu, como presidente, vou usar esta arma”, disse
Bolsonaro, mostrando a caneta esferográfica ao assinar o decreto. Confiança na boa fé dos cidadãos Antes da nova regulamentação, a lei estabelecia que um cidadão
poderia ter uma arma caso atestasse a sua “necessidade”. A
justificativa, então, era verificada pela Polícia Federal, que
autorizava ou não a posse.
Não havia, porém, critérios objetivos para aferir a solicitação. O
decreto estabelece esses requisitos e tira da Polícia Federal a
atribuição de conferir previamente a necessidade da posse de arma. Ela
passa a ser meramente declaratória, seguindo o princípio de que a
palavra do cidadão tem fé. Na prática, para se ter uma arma agora, basta
ser maior de 25 anos, fazer um curso de tiro, apresentar um atestado de
bons antecedentes criminais e psicológicos e viver em uma unidade da
federação com uma taxa de homicídio superior a 10 por 100 mil habitantes
— todos os estados brasileiros se encaixam nesse quesito.
A lei permite que a pessoa tenha até quatro armas. O prazo de
registro do armamento, antes de cinco anos, passou para dez anos. Para
pessoas com filhos (crianças ou adolescentes) e que convivam em casa com
portadores de deficiência mental, será preciso declarar que têm um
cofre ou algum lugar seguro para guardar a arma.
Além disso, o decreto também institui a boa fé no ato do pedido ao
acesso à arma. Em linhas gerais: o cidadão não precisará mais provar que
aquilo que ele alega é verdade. Se passar a valer como regra geral,
poderá ser um avanço importante. Em democracias mais evoluídas, como os
Estados Unidos, esse princípio diminui a burocracia e a necessidade de
documentação para provar o que se declara. Trata-se de um passo
relevante rumo ao desmantelamento da cultura cartorial brasileira. COMO FAZER FRENTE A ISSO? O armamento de organizações criminosas inclui artefatos de uso exclusivo do Exército (Crédito:Divulgação)
Se alguém for flagrado mentindo na declaração estará sujeito à pena
de um a dois anos de prisão, mais multa. “Temos, sim, uma vitória.
Apenas estamos determinando o que já estava previsto no Estatuto do
Desarmamento. Simples assim”, comemorou o deputado Alberto Fraga
(DEM-DF), atual líder da Bancada da Bala no Congresso. Especialistas em
segurança pública preocupam-se, porém, com o fato de que a instituição
do princípio da boa fé se inicie por um tema tão delicado quanto a posse
de armas de fogo. Nenhum integrante de facção que ainda não tenha ficha
suja vai se declarar criminoso diante de um Policial Federal. E não há a
garantia de que não venha a usar um parente ou amigo sem passagem na
polícia para adquirir armas para ele.
Por essa e outras razões, o decreto desagradou ao ministro da
Justiça, Sérgio Moro, que queria menos flexibilidade na liberdade para a
posse de arma. Um dos pontos aos quais Moro se opunha era a licença
para que cada cidadão possa comprar até quatro armas. Ele preferia um
limite de duas armas por pessoa. Até mesmo integrantes da Bancada da
Bala, como Fraga, admitem nos bastidores que a liberação de quatro armas
foi excessiva. Até porque o decreto fala em quatro por pessoa, não por
propriedade. Moro também pretendia incluir no texto a possibilidade de
negar o registro com base em “fundadas suspeitas” de informações falsas
ou de que o requerente fosse ligado ao crime, não apenas no caso de
antecedentes criminais comprovados. Loja de armas em São Paulo (Crédito:MIGUEL SCHINCARIOL)MIGUEL SCHINCARIOL
No campo bolsonarista há também aqueles que consideram o decreto
muito tímido (leia entrevista abaixo). Integrantes da Bancada da Bala já
discutiam na quarta-feira estabelecer em lei uma redução do limite de
idade de 25 para 21 anos. E esperam poder aprovar também maior
flexibilização para o porte, ou seja, a possibilidade dos cidadãos
sairem às ruas armados. O aumento no número de armas nas ruas, porém,
tem o potencial de desagradar outra base de apoio a Bolsonaro: a
polícia, que enfrentaria um aumento no risco na abordagem de suspeitos.
“O porte tem que ser mais restrito”, diz Flávio Werneck, presidente do
Sindicato dos Policiais do Distrito Federal. Clube de tiro no Rio de Janeiro. A procura por licenças de posse de armas aumentou no País (Crédito:MAURO PIMENTEL)
Cidadãos armados podem até se sentir mais seguros diante da crescente
bandidagem, mas o fato é que dificilmente a liberação da posse e mesmo
do porte de armas podem ser vistas como solução para a criminalidade —
assim como o desarmamento também não resolveu o problema. Mas não se
pode negar que, ao cumprir sua primeira promessa de campanha, Bolsonaro
restituiu, na prática, o direito dos cidadãos de decidir como se
defender.
“Foi uma decepção” MILITANTE DA BALA Bene Barbosa, do MVB, considerou o decreto acanhado (Crédito:Divulgação)Por André Vargas
Ativista em prol do uso liberado de armas, o advogado e presidente da
ONG Movimento Viva Brasil (MVB) Benedito Gomes Barbosa Junior,
conhecido como Bene Barbosa, acha que a nova lei é tímida. Para ele, o
cidadão que vive em áreas violentas deveria ter o direito de sair de
casa armado. Ele critica Bolsonaro, que cumpriu uma promessa de sua
campanha apenas em parte ao deixar os aspectos mais delicados de seu
“decreto do armamento” para o Congresso. O que o senhor achou do novo decreto que flexibiliza a posse de armas?
Foi tímido. Não atingiu a expectativa. As pessoas queriam mudanças mais
profundas. Não entramos na questão do porte de armas, ficando só na
posse. Foi uma decepção. Qual o problema com a nova lei?
O Estatuto do Desarmamento descrevia que o cidadão, para comprar uma
arma, precisava declarar a efetiva necessidade. Bolsonaro poderia ter
acabado com a necessidade dessa comprovação, que é declaratória,
mediante decreto.
Em quais situações o cidadão poderia ter porte de arma?
Bolsonaro poderia ter estabelecido regras mais objetivas. A taxa de
homicídios acima de 10 por 100 mil habitantes deveria ser critério para
porte, em vez de apenas posse. É o que muita gente esperava. Na maioria
das vezes, os homicídios não ocorrem dentro de casa, mas nas ruas, onde o
cidadão está mais vulnerável. Sem porte, o cidadão que vive em um
ambiente violento continuará ameaçado. Esse critério deveria ser
modificado. A permissão para civis usarem calibres mais potentes era esperada?
Sim. Seria possível por meio de um simples decreto. Mas seria necessário
negociar com o Exército, que cuida disso desde os tempos de Getúlio
Vargas. Se levarmos em conta que criminosos não têm limitação de
calibre, não vejo razão para o cidadão tê-la. Matar, todos os calibres
matam. Só que usar um calibre “anêmico” em situação de legítima defesa
reduz a chance de parar um criminoso antes que ele atire. O fim do Estatuto do Desarmamento terá novos capítulos?
A discussão está longe de acabar. O presidente cumpriu uma promessa de
campanha, mas jogou para o Congresso um tema incendiário que deve se
acirrar. A sensação é de que não foi feito o suficiente.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/
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