ISTOÉ acompanhou os bastidores dos programas eleitorais dos candidatos ao Planalto, que investirão R$ 200 milhões e mobilizarão 400 pessoas para conquistar o voto do eleitor pela televisão a partir do dia 19
Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br)
Há pelo menos
15 dias, as equipes dos principais candidatos à Presidência da República
se dedicam à produção dos programas de tevê que serão exibidos durante o
horário eleitoral gratuito. Na última semana, a reportagem de ISTOÉ
acompanhou de perto os preparativos para a confecção do material
eletrônico que será exibido a partir do dia 19 para cerca de 190 milhões
de brasileiros. Conversou com marqueteiros, produtores, assistentes de
estúdio e até maquiadores de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e
Eduardo Campos (PSB), que anteciparam qual o tamanho da estrutura
montada para dar suporte às gravações, como serão os primeiros programas
dos presidenciáveis na tevê, seus jingles e de que maneira eles
pretendem se apresentar ao eleitorado.
Para conquistar o voto do eleitor pela
televisão, estão sendo investidos mais de R$ 200 milhões e mobilizadas
cerca de 400 pessoas – incluindo produtores de conteúdo, assistentes e
maquiadores. Embora a internet e as redes sociais tenham assumido um
papel relevante para moldar a opinião do eleitorado, especialistas e
candidatos consideram que a propaganda na televisão é o marco inicial da
guerra eleitoral. Por isso, tudo está sendo minuciosamente preparado
pelas equipes tucanas, petistas e socialistas para a primeira semana de
propaganda. No programa de estreia de Dilma Rousseff na tevê, o locutor
dirá: “Você assistirá agora a um Brasil que mudou para melhor...”. Em
seguida, a candidata à reeleição fará uma prestação de contas das
realizações dos governos petistas, somando os resultados do seu mandato
com os do ex-presidente Lula. Em seu jingle, ao som popular de um xote, a
presidenta Dilma será descrita como uma “mulher de mãos limpas” e que
“nunca desviou o olhar do sofrimento do povo”. A música da petista
também faz referência ao padrinho político da candidata, o ex-presidente
Lula.
Tempo não faltará para passar em revista os
12 anos de gestão petista. A candidata terá 11 minutos e 48 segundos em
cada bloco de 25 minutos da propaganda no rádio e na televisão. Nos
filmetes do PT, programas como o Pronatec, voltado para a capacitação
profissional, e o Mais Médicos serão exaltados. Apesar de elencar as
conquistas de Lula e Dilma, a intenção é que a campanha carregue um tom
propositivo e não fique olhando apenas para o retrovisor.
A candidata à reeleição, Dilma Rousseff, já
gravou algumas cenas no próprio Palácio da Alvorada. Nos próximos dias,
o marqueteiro do PT, João Santana, irá levar a presidenta para gravar
novas inserções no megaestúdio montado em uma casa de 1.200 metros
quadrados no bairro do Lago Sul, região nobre de Brasília. Com a frente
voltada para o Lago Paranoá, o endereço é tratado com discrição pela
equipe do PT. A produção dos programas e tudo o que a envolve custarão
ao partido cerca de R$ 90 milhões, dinheiro que vai custear uma equipe
de 220 pessoas, sendo 45 diretamente ligadas às filmagens, e o restante
com a divulgação pela internet. Aliás, esta será uma das novidades da
campanha eletrônica deste ano de todos os candidatos à Presidência. No
momento das transmissões dos programas, equipes estarão abastecendo as
redes sociais para amplificar a audiência. Também farão, em tempo real,
observações críticas sobre os programas dos adversários. Outra novidade é
que os candidatos poderão gravar seus pronunciamentos em qualquer lugar
e não necessariamente nos estúdios. O material será editado e colocado
sobre um cenário digitalizado.
Esse modelo facilita a agenda e permite a
gravação em estúdios de menor porte, como o que Aécio Neves (PSDB),
principal candidato de oposição, utilizou no Rio de Janeiro na
sexta-feira 1º. O tucano tem gravado por cerca de três horas semanais em
São Paulo, mas já viajou para pelo menos cinco outras cidades. Na
televisão, o tucano terá direito a quatro minutos e 31 segundos em cada
bloco. O senador pretende aproveitar esse tempo para fazer críticas
incisivas ao atual governo e exibir suas realizações à frente do governo
de Minas Gerais. Na telinha, o tucano se apresentará como o mais
capacitado a fazer as mudanças desejadas pela população, sobretudo na
economia, hoje assombrada pelos fantasmas da inflação e da volta do
desemprego. O jingle de Aécio Neves será mais objetivo e curto, usando
as sílabas inicias do nome do candidato para ritmar a música. “É ele
quem vai mudar o País”, dirá o locutor. A equipe de produção do tucano
tem cerca de 30 pessoas, dedicadas a acompanhá-los nas andanças pelo
País. Outras 80 ficarão responsáveis pela divulgação na internet. Os
custos podem chegar a R$ 85 milhões ou cerca de 30% do teto de gastos
informado pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
CASA-ESTÚDIO
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff grava os programas em casa
de 1.200 metros quadrados no Lago Sul, área nobre de Brasília
O candidato do PSB, Eduardo Campos, fará a
campanha de tevê mais modesta, afinal terá apenas um minuto e 49
segundos no horário eleitoral. O principal desafio dos socialistas, num
primeiro momento, será apresentá-lo ao eleitorado, já que Campos ainda é
pouco conhecido nacionalmente. Para isso, vai utilizar um modelo de
filmagem em que o candidato será entrevistado pelos eleitores. Segundo
um dos articulares da campanha de Campos em Pernambuco, a estratégia
assemelha-se à utilizada por Barack Obama, na primeira campanha à
Presidência dos Estados Unidos. Campos tem filmado em São Paulo sempre
acompanhado da vice, Marina Silva, que teve 20 milhões de votos nas
últimas eleições presidenciais. A dobradinha com Marina é uma das
apostas para os primeiros programas na tevê. Inclusive, o jingle que vai
embalar a campanha de Eduardo Campos é o único entre as três que fará
referência ao candidato a vice-presidente. Na canção, a dupla é descrita
como a “cara” e “as cores” do País. A música ainda sugere “coragem para
mudar o Brasil” ao eleitor “que tá na dúvida”.
A equipe do candidato responsável pelo
programa eleitoral terá 100 pessoas, sendo 40 envolvidas diretamente com
as filmagens. Na expectativa dos tesoureiros da campanha, a produção
dos programas não custará mais do que R$ 40 milhões.
Colaborou Alan Rodrigues
Foto: Adriano Machado
Foto: Adriano Machado
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